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Educação, Corpo e Arte
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Educação, Corpo e Arte
Consuelo Alcioni Borba Duarte Schlichta
Isis Moura Tavares
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-3610-3
Educação, Corpo e Arte
Consuelo Alcioni Borba Duarte Schlichta
Isis Moura Tavares
IESDE BRASIL S.A
Curitiba
2013
2.ª edição
Edição revisada
Capa: IESDE BRASIL S/A
Imagem da capa: Shutterstock
IESDE BRASIL S/A
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
© 2006-2008 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do 
detentor dos direitos autorais.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 
________________________________________________________________________________
S37e
 
Schlichta, Consuelo A. B. D. (Consuelo Alcioni Borba Duarte)
 Educação, corpo e arte / Consuelo Alcione Borba Duarte Schlichta, Isis Moura Tava-
res. - 2 .ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE BRASIL, 2013. 
 208 p. : 28 cm
 
 Inclui bibliografia
 ISBN 978-85-387-3610-3
 
 1. Arte na educação 2. Arte - Estudo e ensino. 3. Dança na educação. I. Tavares, Isis 
Moura, 1970-. II. Título. 
 
13-1067. CDD: 707
 CDU: 7(07)
19.02.13 21.02.13 042902 
________________________________________________________________________________
Sumário
Ensinar Arte. Por quê? ...........................................................................................................5
A função dos objetos ..................................................................................................................................6
A necessidade da arte ...............................................................................................................................12
Linguagens artísticas ...............................................................................................................................13
Retomando algumas questões importantes ..............................................................................................15
Fazer e apreciar arte .............................................................................................................17
Objetivos do ensino de Arte .....................................................................................................................17
Organização dos conteúdos de dança e teatro .........................................................................................30
Vários jeitos de dançar .........................................................................................................35
Conteúdos de dança .................................................................................................................................35
Criar e seguir passos ................................................................................................................................39
Frevo ........................................................................................................................................................47
Salsa .........................................................................................................................................................48
Danças da moda ......................................................................................................................................49
O corpo em movimento .......................................................................................................51
Tipos de movimento ................................................................................................................................51
O movimento expressivo na dança ..........................................................................................................54
A música e a dança ..................................................................................................................................55
Corpo .......................................................................................................................................................56
Como podemos expressar determinada emoção por intermédio dos movimentos? ................................67
O movimento e o espaço .....................................................................................................69
O espaço na dança ...................................................................................................................................69
Formação e posição inicial ......................................................................................................................69
Dança solo ...............................................................................................................................................73
Salto e queda ............................................................................................................................................74
Rotação ....................................................................................................................................................76
Deslocamento ..........................................................................................................................................77
Caminho reto, curvo e angular .................................................................................................................79
Espaço alto, médio e baixo ......................................................................................................................80
Capoeira ...................................................................................................................................................80
O movimento e o tempo .......................................................................................................83
Todo mundo junto – andamento e sincronia ............................................................................................83
Dança de salão – sincronia a dois ............................................................................................................84
Movimento – sequência, repetição e simultaneidade ..............................................................................88
Dança étnica ou ritual – transe .................................................................................................................89
Islã – dervishes e o sufismo .....................................................................................................................91
Movimento contínuo e interrompido .......................................................................................................92
Danças com materiais ..............................................................................................................................92
A história da dança: a dança que conta uma história ...................................................................101
História da dança .....................................................................................................................................101
Dança artística ou de espetáculo ..............................................................................................................103
Balé – a dança que conta uma história ...................................................................................................104
A avaliação em dança/arte .......................................................................................................................114
Hora de representar ..............................................................................................................119
O teatro ....................................................................................................................................................119Conteúdos do teatro .................................................................................................................................120
Personagem ..............................................................................................................................................125
Diversos lugares para representar ........................................................................................137
Destinação ambiental ...............................................................................................................................137
Cenário/palco ...........................................................................................................................................138
Iluminação ...............................................................................................................................................142
Sonoplastia ...............................................................................................................................................143
Marcação ..................................................................................................................................................144
Profissionais do teatro ..............................................................................................................................144
Ação – improvisação ............................................................................................................151
Ação .........................................................................................................................................................151
Narração ...................................................................................................................................................153
Atos e cenas .............................................................................................................................................158
Improvisação ...........................................................................................................................................160
Ação – texto dramático e gêneros teatrais ...........................................................................169
Texto dramático .......................................................................................................................................169
Gêneros teatrais .......................................................................................................................................176
Fantoches, máscaras e sombras ............................................................................................185
Teatro direto e teatro indireto...................................................................................................................185
A história do teatro indireto .....................................................................................................................185
Máscaras ..................................................................................................................................................188
Fantoches e marionetes ............................................................................................................................190
Teatro de sombras ....................................................................................................................................193
História do teatro .....................................................................................................................................194
Referências ...........................................................................................................................199
Referências das imagens ......................................................................................................201
Anotações.............................................................................................................................207
Ensinar Arte. Por quê?
L embre-se do seu tempo de escola primária... Qual o número de aulas de Português e Mate-mática por semana? E de História, Geografia e 
Ciências? E quantas de Educação Artística e Edu-
cação Física? Pois é...além disso, quando se fala em 
outras áreas do conhecimento ninguém pergunta:
 Mas por que estudar Português? Por que 
tantas aulas de Português na semana?
 Por que estudar Matemática, História ou 
Geografia?
Parece que esses “porquês” são de fácil resposta: 
precisamos desses conhecimentos para concluir a es-
colaridade, passar no vestibular, trabalhar e viver.
Mas, e a arte? Quando se fala em arte e no seu 
ensino na escola sempre se tem que justificar, ex-
plicar ou provar seu valor. E isso ocorre justamente 
porque as pessoas não percebem a presença da arte 
em suas vidas e, muitas vezes, nem percebem que necessitam dela para viver.
Observe as imagens a seguir:
Imagem 2: Dança da quadrilha.
Imagem 1: Crianças japonesas em uma aula de violino.
Ensinar Arte. Por quê?
6
Imagem 3: Cena do filme Homem-Aranha. Imagem 4: Os Muppets em Sesame Street.
O que essas imagens estão nos mostrando? Você já presenciou um espetá-
culo, filme ou teatro semelhantes aos mostrados nas imagens? Analisando essas 
imagens e estabelecendo relações com o nosso dia a dia podemos chegar à conclu-
são que a arte pode estar mais presente em nossas vidas do que imaginamos.
Para entender melhor qual a função da arte em nossa vida vamos pensar um 
pouco sobre os objetos que o homem constrói.
A função dos objetos
Inicialmente, observe a imagem do espetá-
culo de dança EJM1-EJM2 e escreva, dando a sua 
opinião sobre qual a função do bule que a bailarina 
equilibra na cabeça.
Agora, olhe com atenção ao seu redor. Liste os objetos que você está vendo, 
podem ser canetas, cadeiras, calendários, fotos, qualquer objeto feito pelo homem. 
Mesmo que pareça óbvio, escreva, a seguir, ao lado do nome do objeto, a sua fun-
ção, isto é, por que foi criado.
Ex.: caneta – escrever, desenhar, registrar símbolos graficamente.
Imagem 5: Cena do espetáculo de dança EJM1-EJM2, 
de Fréderic Flamand.
Ensinar Arte. Por quê?
7
O homem cria objetos para satisfazer suas necessidades. Por isso criou ar-
mas, instrumentos musicais, recipientes, casas, roupas, sinais, sons, movimentos, 
tintas, computadores etc. Podemos analisar todos esses objetos de acordo com 
suas funções, como fizemos anteriormente, e classificá-los em diversos grupos: 
usados em casa, usados para comer, usados para escrever etc.
Neste material, analisaremos os objetos de acordo com sua função, classifi-
cando-os em quatro grandes grupos: objetos com função utilitária, com função de 
documento histórico, com função decorativa e com função artística.
Função utilitária
O bule da imagem anterior é um objeto utilitário: nós o 
usamos para colocar café, chá ou outro líquido. E o bule do es-
petáculo EJM1-EJM2, qual a sua função em um espetáculo de 
dança? Sua função é utilitária?
Um objeto com função utilitária é feito com a intenção 
de ser usado, tendo uma utilidade prática. Um sofá, uma cane-
ta, um som de uma campainha ou de uma buzina, o gesto de 
“tchau” ou de “OK”, uma xícara etc., são exemplos de objetos 
com função utilitária.
Já que estamos falando em arte, escolha, em revistas, vá-
rias figuras de um mesmo objeto utilitário, por exemplo, vários 
relógios. Monte com essas figuras uma composição em uma fo-
lha de papel. Pense em que lugar você vai colar cada relógio, se 
vai colar um por cima do outro etc. Nesse caso, estará trabalhando com a imagem 
de relógios como recursos utilizados para criar uma composição visual.
Função de documento histórico
Imagem 7: Utensílios da época renascentista.
Imagem 6: Bule.
Ensinar Arte. Por quê?
8
Muitas vezes, alguns objetos que foram feitos para serem usados com uma 
função meramente utilitária, ou até artística, podem, com o passar do tempo, ser-
vir como testemunho de uma época ou lugar. Se pensarmos no exemplodo reló-
gio, teremos como documentos históricos o primeiro relógio de pulso inventado, 
um relógio usado por uma grande personalidade mundial etc. O sino da primeira 
Maria Fumaça, a primeira roupa do balé clássico ou o chapéu que Chaplin usou 
no seu primeiro filme, também são exemplos de objetos usados como documentos 
históricos. Esses objetos já não são mais vistos de acordo com a sua funcionalida-
de, mas como uma fonte de investigação de uma época, pessoa ou lugar.
E na sua família? Existe algum objeto que pode ser considerado docu-
mento histórico? Fotos, a primeira meia do seu avô, um grampo de cabelo da 
sua tataravó?
Lembre-se da casa da sua mãe ou de pessoas mais velhas, quem sabe, da sua 
própria casa! Você ou essas pessoas possuem objetos com a função de documento 
histórico? Escreva sobre um desses objetos e o que ele representa para você ou 
sua família.
Função decorativa
Também existem aqueles obje-
tos que são feitos ou utilizados para 
enfeitar e deixar um ambiente mais 
agradável. Podem ser objetos antigos, 
que até têm uma função de docu-
mento histórico, mas são colocados 
no armário de vidro da sala para en-
feitar. Taças de cristal, por exemplo, 
já não são mais usadas para tomar 
vinho e na verdade ninguém sabe de 
que época são ou a quem pertenceu, 
mas estão na cristaleira, arrumadas 
e enfileiradas, só para enfeitar. Ca-
lendários, ímãs de geladeira, vasinhos, e até o próprio relógio. Aquele relógio 
cuco, que nem funciona mais, mas está na parede para enfeitar, pois suas formas 
são consideradas bonitas. Algumas vezes os objetos decorativos também têm uma 
função utilitária, mas são usados com o intuito de embelezar o ambiente.
Faça uma lista de objetos que você tem em casa com a finalidade de enfeitar 
e deixar o ambiente mais agradável.
Imagem 8: Enfeite para porta de recém-nascido.
Ensinar Arte. Por quê?
9
Agora você deve estar confuso! Mas esses não seriam os objetos artísti-
cos? Vamos ver o que consideramos objetos artísticos para que você tire suas 
próprias conclusões.
Função artística
Lembram da imagem ao lado?
O bule, no espetáculo de dança é um exem-
plo de um objeto que não cumpre uma função 
imediata: servir café. Ele, nesse caso, traduz ele-
mentos fundamentais na dança: equilíbrio, movi-
mento e simetria.
Agora a coisa está complicando, não é? Pois 
normalmente, quando pensamos em arte, pensa-
mos em beleza. Veja esse comentário de Kant so-
bre o belo e a arte e reflita: “a beleza natural é uma 
coisa que é bela; a beleza artística é a bela repre-
sentação de uma coisa.”
O que você pensa sobre esse conceito de beleza? O que é o belo para você? 
 Escreva um pouco sobre o que você considera belo.
A arte pode ter muitas funções: questionar, homenagear, criticar, sensi-
bilizar, mostrar a realidade e, inclusive, embelezar etc. Mas para cumprir essas 
funções, os objetos não precisam necessariamente serem “bonitos”. No caso da 
imagem do espetáculo em que aparece a dançarina com o bule na cabeça, o objeto 
é um elemento usado para mostrar as relações entre o movimento e o equilíbrio, 
pois esse espetáculo foi criado para homenagear um dos primeiros fotógrafos que 
trabalhou com o registro de movimentos.
Pense um pouco sobre as músicas, quadros, fotografias, danças ou peças de 
teatro que você conhece. Tudo o que você já viu de arte é “bonito”, de acordo com 
o sentido que usamos essa palavra no dia a dia?
Imagem 9: Cena do espetáculo de dança EJM1-EJM2, 
de Fréderic Flamand.
Ensinar Arte. Por quê?
10
Cite um exemplo de uma manifestação artística que você viu e considerou 
bonita.
Cite um exemplo de uma manifestação artística que você viu e não consi-
derou bonita.
Os objetos artísticos nos fazem refletir sobre nós mesmos, nos mostram 
a realidade humana e, de uma certa forma, nos fazem questionar ou analisar a 
nossa própria realidade. Cada objeto artístico pode conter todas essas funções 
ou priorizar uma delas. Mas o importante é que nós só entenderemos essas fun-
ções se apreciarmos os objetos artísticos, compreendermos seus significados e 
códigos e entendermos o que o artista quis nos dizer com ele. Quando temos essa 
 compreensão, o prazer que sentimos com esse entendimento é o que costumamos 
chamar de satisfação estética.
Tudo isso está parecendo complicado demais? Vamos explicar melhor. É 
importante ressaltar, nessa análise, que um gesto, uma canção, um vaso ou até um 
som são considerados como objetos.
Por exemplo, o gesto de acenar que fazemos com as mãos, representando o 
“tchau” na nossa cultura, é um movimento convencional, feito, normalmente, com 
a intenção de nos despedir de alguém ou para sermos avistados.
Um exemplo de gesto como documento histórico pode ser o sinal que faze-
mos com a mão conhecido como “paz e amor”. Esse gesto mostra toda a filosofia 
do movimento hippie na década de 1960.
Os movimentos das chamadas “chacretes” ou outras dançarinas de progra-
mas de auditório, podem ser considerados movimentos decorativos, pois sua fun-
ção é acompanhar a música e animar o programa para os telespectadores.
Já os movimentos e gestos feitos em uma apresentação de balé clássico, 
por exemplo, são movimentos que refletem a realidade dos homens por meio de 
gestos que nada têm de utilitários. Esses movimentos podem ser considerados 
como documentos históricos atualmente, mostrando a forma como as pessoas 
da época concebiam os movimentos na dança. Mas a intenção original desse 
movimento é transcender o mero utilitarismo e expressar com o corpo uma rea-
lidade que, para os dançarinos ou coreógrafos, não poderia ser expressa de outra 
forma. Esses movimentos, assim como os de diversas danças, são movimentos 
artísticos ou estéticos.
Ensinar Arte. Por quê?
11
Na verdade, se pararmos para pensar um pouquinho, podemos nos pergun-
tar: por que o homem sempre fez e faz arte? Justamente porque existem coisas que 
só a arte parece poder expressar. O homem, realmente, tem uma necessidade esté-
tica, sente necessidade de fazer e apreciar arte porque tem coisas que sente, gosta, 
não gosta, admira ou quer mudar, quer mostrar ou esconder, que só por meio dos 
sons, dos gestos, das cores e formas, consegue.
Leia um trecho de uma música chamada “Porque sim não é resposta”, de 
Hélio Ziskind.
Porque sim não é resposta
Helio Ziskind
(...) 
Eu quero saber por quê
que a gente grita
Eu quero saber por quê
Tem grito de chamar,
Tem grito de avisar,
Tem grito de bravo
E grito de contente
Tem grito de rock,
Tem grito de ópera
Tem grito de guerra
Grito de gol,
Tem grito de menina,
Quando vê barata 
Aaaiii
Grito de horror
Quero saber por quê
Quero saber
Por que o galo grita,
Araponga também grita,
Ganso, macaco, elefante, baleia,
Todo mundo grita
Desde a idade da pedra
Com os dinossauros uhhhrrauuuuu
Quero saber por quê
Quero saber por quê
Quero saber por quê
Tem grito de Tarzan,
Tem grito karatê,
Tem grito de mãe e grito de bebê
Tem grito de dom Pedro no Ipiranga
 E tem grito de assustar
Quero saber por quê
Quero saber por quê
Quero saber por quê
A gente grita porque tem coisas 
que só o grito consegue dizer... en-
tenderam o porquê?
Você não acha que analisando o sentido que Ziskind dá ao grito poderíamos 
estabelecer um paralelo com a arte em nossas vidas?
A gente faz e aprecia arte porque tem coisas que só por meio da arte se 
consegue dizer.
Ensinar Arte. Por quê?
12
A necessidade da arte
Imagem 10: Madonna, fenômeno musical dos 
anos 1980.
Imagem 11: Pintura egípcia que mostra instru-
mentos musicais usados na Antiguidade.
Na verdade, esse é um dos pontos em que queríamos chegar, na necessidade 
estética e, consequentemente, na importância que a arte tem na vida das pessoas.
Com certeza, você já disse para alguém “eu te amo”! Pois é, muitas pessoas 
já disseram essa frase, mas parece que ela nem sempre dá conta de expressar, real-
mente, o amor que sentem. A resposta a esse anseio e a essa vontade do homem de 
dizer o que sente de um jeito diferente está na arte. Quantas músicas você conheceque falam de amor? Quantos artistas pintaram quadros de suas amadas? Quantas 
danças ou peças de teatro falam do amor entre as pessoas?
Roberto Carlos com suas músicas românticas; Picasso com os vários retra-
tos de suas diversas esposas; Shakespeare, com Romeu e Julieta; e o maravilhoso 
balé Daphnis et Chloé, de Maurice Ravel, são exemplos de obras de arte cujo tema 
é o amor.
Podemos dizer que, essa necessidade existiu em todas as épocas, após o 
surgimento do homem na Terra e em todos os lugares do planeta. Desde o antigo 
Egito, e mesmo antes, o homem fez e faz arte, sente necessidade de fazê-la, de 
muitas maneiras, com muitos materiais. Fazer e apreciar arte, para o ser humano, 
é vital.
Será que depois de toda essa explicação você vai considerar importante a 
luta dos artistas, apreciadores de arte e arte-educadores, para justificar a arte nos 
currículos escolares e fora deles?
Ensinar Arte. Por quê?
13
Linguagens artísticas
Inicialmente, vamos sistematizar e classificar todas 
as manifestações artísticas que conhecemos nas diferentes 
linguagens.
O homem produz objetos artísticos usando inúmeras téc-
nicas materiais e suportes, com um objetivo final que pode ser a 
elaboração de uma música, uma coreografia, um fantoche, uma 
pintura, uma fotografia etc. Para elaborar cada uma dessas com-
posições ele vai trabalhar com determinadas linguagens: músi-
ca, dança, teatro e artes visuais. Cada uma delas tem um objeto 
de estudo.
Música
Imagine um compositor ou intérprete. O que ele pro-
duz? Música. Muito bem. Para elaborar música ele vai tra-
balhar com os sons; portanto, o som é o objeto de estudo da 
música, é a matéria-prima básica com a qual o compositor 
trabalha. Pode ser que ele escolha o som de vozes, sons da 
natureza, de instrumentos musicais ou de todos esses elemen-
tos juntos, mas seu objeto de estudo é sempre o som. Dessa 
forma, quando compomos ou analisamos uma música com 
nossos alunos, devemos ter como ponto de partida o som.
A música e seu objeto → som.
Pense nas músicas que você gosta de ouvir. Que tipo 
de sons são mais executados nessas músicas? Quais os ins-
trumentos que você mais gosta de ouvir? Existe algum som 
que você não gosta? Por quê?
Dança
Já um coreógrafo ou dançarino terá como objeto 
de estudo, como matéria-prima básica, o movimento, 
mas não é qualquer movimento. Os movimentos expres-
sivos ou estéticos são aqueles que são considerados ar-
tísticos, lembra? Movimentos que transcendam o mero 
utilitarismo e expressem a realidade humana. Quando 
dançamos ou analisamos uma dança com nossos alunos, 
devemos prestar atenção nos aspectos que envolvem a 
elaboração dos movimentos expressivos.
A dança e seu objeto → movimento expressivo.
Imagem 12: Abstrato 235. Luiz Sacilotto – 
guache sobre papel.
Imagem 13: Música da Nigéria (África).
Imagem 14: Cena do balé A Bela Adormecida.
Ensinar Arte. Por quê?
14
Teatro
E em uma peça de teatro? O ator ou dramaturgo tem 
como objeto de estudo a representação, isto é, o momento em 
que deixamos de ser nós mesmos e representamos um perso-
nagem. Essa representação, esse “ser outro ser” é o objeto do 
teatro, seja com fantoches ou máscaras, no Japão ou no Brasil.
O teatro e seu objeto → representação.
Você já viu alguma peça de teatro? O que mais chamou a 
sua atenção? Você já fez alguma encenação teatral? Quando? 
Que personagem representou?
Artes visuais
Nas artes visuais, os artistas lidam 
com a imagem, esta entendida como a re-
presentação gráfica, fotográfica, pictórica 
de uma pessoa ou um objeto.
As artes visuais e seu objeto → 
imagem.
Você tem alguma pintura, desenho, 
fotografia ou quadro em casa? Qual? 
O que você gosta nele? O que não gosta?
Composição artística
Já vimos o que diferencia os objetos utilitários dos 
artísticos e quais as linguagens artísticas trabalhadas no 
ensino de Arte. As composições artísticas são o resultado 
das combinações e elaborações feitas com os objetos de es-
tudo. Vamos entender isso melhor: por exemplo, o som de 
um apito, por si só, não é uma composição artística, pode 
ser um som utilitário ou apenas um som. No momento em 
que alguém utilizar esse som, trabalhá-lo, juntá-lo, ou não, 
a outros sons, repeti-lo e organizá-lo de alguma forma com 
a intenção de fazer música, criará uma composição artísti-
ca. São essas composições, feitas nas diferentes linguagens 
artísticas, que vamos estudar com nossos alunos na escola. 
Nosso interesse é o som, o movimento, a representação e a 
imagem usados com a intenção de criar composições artís-
ticas, e consequentemente, objetos artísticos.
Imagem 15: Ator Ricardo Sawaya, em cena, 
na peça Las Muchachas, do grupo Folias D’Arte.
Imagem 16: Artista carioca Ernesto Neto – escultura com blocos de espuma.
Imagem 17: Pintura medieval, Minnesinger Heinrich 
von Meissen.
Ensinar Arte. Por quê?
15
Retomando algumas questões importantes
Depois de tantas informações sobre a arte, dividam-se em equipes e reto-
mem essa primeira aula. Cada equipe deverá, dando exemplos, justificar as afir-
mações colocadas a seguir. Vocês podem justificar as afirmações por meio de 
desenhos, rimas, músicas, representações, danças etc. Usem a criatividade!
 A arte faz parte da nossa vida.
 Um objeto utilitário tem como principal finalidade ser útil para alguma 
coisa, ser usado.
 Os objetos artísticos nem sempre são bonitos no sentido como usamos 
essa palavra normalmente.
 A música trabalha com o som, a dança com o movimento, o teatro com a 
representação e as artes visuais com a imagem.
 Existem alguns gestos que são o documento histórico de uma época ou 
lugar.
Ensinar Arte. Por quê?
16
 
Fazer e apreciar arte
V imos que a arte é importante e conhecemos um pouco das qua-tro grandes linguagens artísticas. 
Agora vamos analisar o ensino de Arte, 
seus objetivos e algumas propostas de 
como trabalhar com a arte na escola, 
isto é, propostas de encaminhamento 
metodológico.
Objetivos do ensino de Arte
Os objetivos do ensino da Arte podem ser muitos. Com certeza você, como educador(a), já tem 
ideia de quais são os seus objetivos ao dar aula de Arte. Vamos ver se são os mesmos que nos mostra 
o texto abaixo.
Imagem 18: Teatro na escola.
Objetivos do ensino da Arte
(TAVARES, SCHLICHTA, 1988, p. 166-169)
Os objetivos do ensino de Arte se sustentam sobre três pilares: formação dos sentidos, conhe-
cimento artístico, atividade de apreciação e produção artística. 
A proposta de formação dos sentidos, de domínio do conhecimento artístico aliado à atividade 
de apreciação e produção artística, se constitui no núcleo central do ensino da Arte. A questão 
reside em trabalhar simultaneamente os três eixos. No entanto, em função da necessidade de ex-
plicitar os pressupostos básicos de cada um, vamos abordá-los separadamente. 
 Formação dos sentidos 
 Nosso modo de ver e ouvir nos permite ordenar, transpor e interpretar por meio das di-
ferentes linguagens nossa visão sobre a realidade. A experiência visual ou sonora não se 
reduz à experimentação de puras qualidades sensoriais, mas num meio de compreensão 
do nosso entorno, com o objetivo de que este se constitua num espaço familiar para quem 
aí está inserido. Queremos dizer com isso que, aprender a ver e ouvir se constitui no pon-
to de partida do trabalho e deve incluir, além da observação da aparência e da função dos 
objetos, a percepção dos aspectos que traduzem os seus significados na vida cotidiana. 
 Assim, a leitura das formas, dos sons, do modo como as pessoas se relacionam e se 
movimentam no espaço, é um meio indispensável para a compreensão do que acontece 
ao nosso redor. Isso porque nos permite perceber os objetos de acordo com sua forma, 
estrutura e significado, e não apenas de acordo com sua função prática. As linguagens 
artísticas – dança, artes visuais, teatro, música – são um meio indispensável de expressão 
e interpretação da realidade. Além da formação dos sentidos, o domínio do conhecimen-
to artístico e a atividade de apreciação e produçãoartística são instrumentos importantes 
Fazer e apreciar arte
18
no processo de familiarização cultural. 
Dessa forma, o primeiro objetivo do ensino da Arte é formar e am-
pliar os sentidos para uma efetiva compreensão da cultura visual, sonora, 
cênica e da dança, mediante o domínio do conhecimento artístico neces-
sário para interpretar o significado dos objetos. 
 Conhecimento artístico 
 O segundo eixo se constitui no estudo dos diferentes modos de com-
por com os elementos formais de cada linguagem, sem perder de vis-
ta o contato com a cultura visual, sonora, cênica e da dança. Conside-
ramos como cultura não apenas o conhecimento da história da arte, 
das técnicas artísticas e o contato com os objetos consagrados como 
obras de arte. Também consideramos fundamental ao aluno explorar 
o universo de imagens, sons e movimentos que fazem parte do nosso 
entorno: as imagens veiculadas pelos meios de comunicação, um jin-
gle, um cartaz, um programa de rádio, um filme, uma ilustração, arte-
fatos, a arquitetura, a fachada das casas, o desenho das cidades etc. É 
importante, também, o contato com a cultura de outros grupos, esta-
belecendo relações entre o significado que possui para aquele grupo 
e para nós: as danças rituais ou folclóricas, as máscaras africanas, o 
teatro Nô, a pintura corporal indígena etc. 
 As diferentes formas de expressão artística se constituem em lingua-
gens que se organizam a partir de elementos formais específicos. 
 No que se refere ao conhecimento artístico podemos tomar como 
ponto de partida as seguintes questões: 
 O que é? 
 Esta questão se refere às diferentes formas artísticas: uma pintura, 
uma canção, uma comédia, um balé etc. Num sentido mais amplo 
podemos empregar o termo gênero para designar um ramo ou uma 
categoria particular de forma artística. 
 Quem fez? Quando? Onde?
 Este aspecto diz respeito a um período ou a um momento da história 
que reflete algumas características em comum. Por exemplo: arte da 
Pré-História, da Idade Média, Arte Moderna, Arte Contemporânea 
etc. Podemos também, nos referir a alguns movimentos: Barroco, 
Impressionista, Expressionista, Dodecafônico. Os períodos e movi-
mentos estão inseridos num determinado contexto, assim podemos 
analisá-los tomando como referência o lugar: música da Mongólia, 
Expressionismo Alemão, arte Africana, teatro Nô japonês. 
 Como? 
 Esta questão se refere ao modo de expressão de um determinado ar-
tista ou de um grupo em qualquer forma de arte, isto é, ao estilo. A 
compreensão do estilo inclui o conhecimento: da técnica de compo-
sição, do material utilizado e do modo como os artistas organizam os 
elementos formais na composição, tendo em vista a função da arte. 
Fazer e apreciar arte
19
Nas artes visuais organizamos uma composição a partir da forma 
ou superfície, linha, cor e luz, e volume. Na música nos utilizamos 
dos seguintes elementos: timbre, intensidade, densidade, duração e 
altura. No teatro, a representação é estruturada a partir da ação, do 
personagem e do espaço cênico. Na dança, o movimento expressivo é 
trabalhado tendo como base o corpo, o tempo e o espaço. 
 Por quê?
 Este ponto está relacionado com a função desse objeto, isto é, com o 
sentido da arte na vida humana. De fato, quanto mais amplo for o do-
mínio dos conteúdos da arte por parte do aluno maior será a sua capa-
cidade de compartilhar de toda a riqueza humana presente nas obras. 
 Portanto, temos como segundo objetivo do ensino da Arte: possibilitar ao 
aluno, tomando como referência o seu olhar e o seu conhecimento, o do-
mínio de diferentes formas de interpretação do significado dos objetos. 
 Atividade de apreciação e produção artística 
 A atividade artística inclui tanto a produção de desenhos, músicas, 
pinturas, coreografias, mímicas, gravuras, fantoches etc., quanto a 
apreciação da produção cultural. 
 O trabalho do aluno inclui também a produção e apreciação de uma 
pintura a partir de um tema, um estilo, da própria técnica, da combi-
nação de elementos formais, da utilização de diferentes materiais etc. 
O domínio prático sobre os elementos formais e sobre os diferentes 
modos de compor permite ao aluno perceber a técnica do artista, as 
convenções que usou, se rompeu com estilos já conhecidos, e se che-
gou a um novo. Isso também permitirá ao aluno, tanto compreender 
quanto utilizar os sistemas de representação como meios de interpre-
tação da realidade. A atividade artística exige tanto do aluno quanto 
do professor um exercício constante de pesquisa sobre as possibili-
dades expressivas dos elementos formais de representação e de com-
posição. É necessário experimentar diferentes formas de expressão 
com o objetivo de alcançar um bom domínio técnico e dos códigos 
das linguagens. 
 O progresso não se dá isento de esforço e disciplina, porque a ati-
vidade artística está fundamentada tanto no trabalho sistemático de 
formação dos sentidos quanto no domínio do conhecimento artístico. 
Neste sentido, educar esteticamente pressupõe uma metodologia que 
possibilite ao professor ensinar o aluno a ver, ouvir, criticar e inter-
pretar a realidade a fim de ampliar suas possibilidades de apreciação 
e expressão artística. 
 Desta forma, o terceiro objetivo do ensino de Arte é: possibilitar ao 
aluno, mediante a formação dos sentidos e do domínio do conhe-
cimento artístico, construir estratégias de produção e apreciação 
(compreensão e interpretação) dos objetos que constituem a produ-
ção cultural.
Fazer e apreciar arte
20
 Você concorda com esses três objetivos do ensino de Arte? Vamos analisar um pouquinho 
mais esse texto, respondendo as seguintes questões:
1. Pense um pouco mais e explique, com as suas palavras, o seguinte parágrafo: 
 “A experiência visual ou sonora não se reduz à experimentação de puras qualidades sensoriais, 
mas num meio de compreensão do nosso entorno, com o objetivo de que este se constitua num 
espaço familiar para quem aí está inserido”.
2. Dê um exemplo de trabalho com a arte na escola, que você tenha feito, no qual a experiência 
visual ou sonora serviu como meio de compreensão do entorno do aluno.
3. Na sua opinião, o que significa perceber os objetos não apenas de acordo com sua função prática?
4. Você concorda que, no trabalho com arte, devemos incluir também as manifestações do nosso 
cotidiano e não apenas as obras consideradas “obras de arte”. Por quê?
5. Baseando-se no segundo objetivo colocado no texto anterior, imagine-se trabalhando com seus 
alunos e analisando uma peça de teatro qualquer. Além das perguntas colocadas no texto, quais 
você poderia fazer para levá-los a uma maior compreensão da linguagem teatral?
Fazer e apreciar arte
21
6. Depois de ler novamente o terceiro objetivo do ensino de Arte 
colocado no texto, pense na sua história escolar e justifique 
a seguinte frase: “O progresso não se dá isento de esforço e 
disciplina”. Você concorda com essa afirmação? Por quê? Já 
teve alguma experiência na área de arte que comprova essa 
afirmação?
Imagem 19: Criança brincando com más-
cara.
As composições artísticas na sala de aula
Para compreender e trabalhar com as composições artísticas como forma 
de conhecer, compreender e representar a realidade humana e social e cumprir 
com os três grandes objetivos do ensino de Arte, temos um caminho complexo e 
cheio de detalhes. Para simplificar um pouco essa questão, vamos destacar em três 
pontos importantes: 
– a relação entre a atividade de apreciação e produção artística;
– a realidade cultural da escola como ponto de partida do trabalho; 
– a articulação entre os conteúdos dos diversos grupos.
A relação entre atividade de apreciação e produção 
artística
Na apreciação artística pressupomos que o aluno deve ter acesso a diversas 
manifestações artísticas, como forma de se familiarizar com a arte e compreender 
que ela nos mostra a realidade e o modo de ver dos indivíduos em determinado 
contexto. 
Mas não podemos ter ideia errada de que basta o aluno ouvir uma música ouver um quadro para que o trabalho com arte esteja garantido. A ideia é outra! 
Nessa apreciação deve-se garantir que o aluno ouça uma música, por exem-
plo, mas também que analise, obtenha informações, discuta sobre ela, goste ou não, 
identifique a qual período da história da música pertence, quais os instrumentos 
musicais executados etc. É um contato “regado” a conhecimentos, sensações, inda-
gações, busca de significados. Uma apreciação que permite um diálogo entre o que 
o aluno está vendo ou ouvindo, sua vida e os conhecimentos específicos sobre arte. 
A partir desse trabalho de apreciação, o aluno pode perceber o significado 
dos objetos artísticos, mas essa percepção depende do quanto sabemos sobre o 
que apreciamos. 
Fazer e apreciar arte
22
Conhecer o significado do que se aprecia é fundamental, mas não podemos 
perder de vista o ato de apreciar a arte como prazer estético. Magnani afirma so-
bre isso:
É lógico, portanto, que a razão se sinta impelida a refletir em torno do fato estético, fixan-
do limites e criando normas. Quando isto se dá, ao ato estético per se se sobrepõe uma 
atitude filosófica, nobre e, ao mesmo tempo delicada; de fato, pode ela potenciar o ato 
estético, fazendo com que este invada – por assim dizer- todos os componentes da perso-
nalidade e todas as atividades do espírito; mas pode também viciar a fruição estética com 
indevidas interferências, turvando as águas do irrepetível milagre que a obra de arte sus-
cita em nosso espírito. O objetivo de uma bem orientada reflexão estética é, justamente, o 
de levar a razão a potenciar a emoção estética. (MAGNANI, 1996, p. 19)
Forquin e Gagnard também ressaltam a importância do conhecimento para 
a fruição artística e complementam a afirmação de Magnani. Para Forquin:
Desmentindo a ilusão do gozo estético puro, despojado de qualquer escória de conhecimen-
to histórico ou técnico, cabe precisar, com efeito, que essa atitude de deleite absoluto e pseu-
dodistinto nunca se manifesta em pessoas que não possuem referenciais histórico-culturais, 
mas sim, frequentemente, em pessoas que interiorizaram esses referenciais a tal ponto que 
podem fazer como se os tivessem esquecido, investindo-o de modo perfeitamente integrado 
e homogêneo no seu gozo estético.(FORQUIN; GAGNARD in PORCHER, 1977, p. 80)
 Leia novamente esses dois trechos de textos, pense um pouco sobre o assunto, volte à unidade 
“A necessidade da arte”, e faça as seguintes reflexões:
1. Explique com suas palavras: “O objetivo de uma bem orientada reflexão estética é, justamente, 
o de levar a razão a potenciar a emoção estética”. 
2. Você acha que alguém que não tem conhecimento nenhum sobre arte pode, realmente, sentir o 
prazer estético a que se referem Forquin e Gagnard?
Fazer e apreciar arte
23
3. Você concorda com a afirmação de Forquin e Gagnard de que é possível que os indivíduos na 
apreciação incorporem a tal ponto seus conhecimentos sobre a arte que “podem fazer como se 
os tivessem esquecido, investindo-o de modo perfeitamente integrado e homogêneo no seu gozo 
estético”? Por quê? 
Para conseguir trabalhar com a apreciação, 
o professor que vai dar aula de Arte deve estar 
munido de sons, imagens, vídeos etc., e conhe-
cimentos, no mínimo básicos, sobre tudo isso. 
Sabemos que nem sempre esses materiais estão 
disponíveis, mas aí vale a pesquisa, a busca de 
novos conhecimentos e também a criatividade.
Revistas, jornais, programas de rádio gra-
vados em fitas cassete, folders de divulgação 
de peças teatrais, aqueles CDs que se ouve em 
casa...tudo pode fazer parte do seu kit de arte. 
Além disso, a escola pode ter uma caixa coletiva 
com diversos materiais. Com a colaboração de 
todos vai ficar mais fácil proporcionar esse con-
tato efetivo com as produções artísticas.
A produção artística é considerada o fazer: pintar, cantar, dançar, represen-
tar, confeccionar fantoches, desenhar, modelar. Na realidade, a produção inclui 
tudo aquilo que se costuma chamar de atividade de artes. Dentro dessa nossa 
proposta, não podemos esquecer que a apreciação também é considerada uma ati-
vidade de arte, e que a produção também é uma forma do indivíduo conhecer e se 
familiarizar, cada vez mais, com a arte. Um dos pontos importantes do trabalho é 
ressaltar a relação direta entre as atividades de produção e apreciação artística.
O trabalho com arte na escola, muitas vezes, é reduzido a “fazer atividades 
de pintura”, ou, ainda, dançar, cantar, desenhar, tocar etc. Esse, como vimos no 
texto sobre os objetivos do ensino de Arte, é só um lado da moeda. Outras vezes, 
principalmente com as crianças maiores, o trabalho com arte resume-se a ler so-
bre a história da arte ou ver obras de pintores famosos. A atividade de apreciação 
que propomos neste material não se resume a isso, dentro desta proposta, apreciar 
é mais do que ver, é ver ou ouvir, analisando, compreendendo, questionando. 
Na verdade, o fazer e o apreciar estão presentes em qualquer trabalho com 
arte na escola e um deve ter relação com o outro. Por exemplo, dentro dessa pro-
posta não teria nexo o professor apreciar uma imagem de um bailarino clássico, 
dando as informações sobre essa forma de dança, seu figurino, a época em que 
surgiu, os tipos de movimentos característicos dessa época, e depois dançar “Ci-
randa, cirandinha”. É claro que, com maior domínio do conteúdo de dança, o 
professor poderá estabelecer relações entre, praticamente, qualquer apreciação e 
Imagem 20: Dança das Três Raparigas da Bretanha, 1888. Gauguin.
Fazer e apreciar arte
24
qualquer produção em dança, mas a ideia é que essa relação seja clara, direta e 
perceptível à criança. 
Dessa forma, fazendo e apreciando a arte, o indivíduo tem a possibilidade 
de compreender o significado humano contido nos objetos artísticos e se expres-
sar por meio das linguagens artísticas. Cada vez que nossos alunos apreciam uma 
música, uma imagem, uma dança ou uma representação, analisando, sentindo, 
buscando informações, justificando suas opiniões, entendendo as questões técni-
cas e estilísticas da composição artística, estão se alimentando, conhecendo mais e 
ampliando suas possibilidades de se expressar, por meio das linguagens de forma 
coerente com o que foi apreciado. Por outro lado, cada vez que pintam, cantam, 
dançam, estão utilizando tudo aquilo que analisaram nas atividades de apreciação 
e, dessa forma também compreenderão melhor o trabalho do artista. 
Quantas pessoas você conhece que aprenderam a cozinhar “olhando suas 
mães cozinharem”? E outras que aprenderam a costurar, tocar ou até dirigir 
“olhando” os outros executarem essas ações? O princípio é o mesmo. Mas, como 
podemos encaminhar esse trabalho de apreciação e produção?
Algumas dicas para o trabalho de apreciação e produção
Muitos autores já escreveram sobre esse assunto, dando dicas sobre o pro-
cesso de apreciação, principalmente de pinturas, entre eles Michael J. Parsons, 
dos Estados Unidos, que em seu livro, Compreender a Arte, analisa a maneira 
como as pessoas entendem as obras de arte. 
Neste material colocamos alguns exemplos de indagações que podem fa-
cilitar e garantir que a apreciação seja, realmente, coerente com nossa proposta 
de trabalho, lembrando que temos que abordar aspectos relacionados ao conheci-
mento artístico e a relação do objeto apreciado com a experiência e vida do alu-
no. As indagações estão divididas por algumas das turmas da Educação Infantil, 
faixa etária que desperta mais dúvidas em relação ao trabalho de apreciação, mas 
nada impede que as perguntas sugeridas possam ser usadas no trabalho com alu-
nos de outras idades.
Apreciação de imagens no maternal
Fazer e apreciar arte
25
Imagem 21: Fandango paranaense, Grupo Fogaça, Maringá (PR).
As imagens devem estar, preferencialmente, coladas em papelão duro e 
plastificadas com papel contact transparente ou com cola, para que as crianças 
possam manuseá-las.
Apreciando as imagens que mostra o fandango paranaense, por exemplo, 
podemos levantar asseguintes questões com uma turma de maternal:
– Olhem essas figuras. O que estas pessoas estão fazendo? Elas estão dan-
çando? 
O que elas estão fazendo com as mãos? Vejam, elas estão batendo palmas! 
Quem sabe bater palmas? Vamos bater palmas? Todo mundo junto. Agora só os 
meninos. Agora só as meninas... 
Vamos bater palmas andando? 
Quem consegue bater palmas bem rápido como eu!! Vamos bater palmas 
bem fraquinho? Não, mais fraquinho ainda... E agora, bem forte!
– O que esses homens estão usando no pescoço? É um lenço, isso mesmo! Por 
que será que eles estão com lenços no pescoço? Será que estão resfriados?! Quando é 
que usamos lenço? Vocês já viram alguém com lenço no pescoço? Quem era? 
E as moças, por que elas estão com lenço no cabelo? Acho que nessa dança 
as pessoas se vestem um pouco diferente para ficarem mais bonitas. Será?
Vamos colocar uns lenços no pescoço ou no cabelo (podem ser faixas de 
tecido ou até de papel crepom). E agora, vamos dançar como eles, com lenços e 
batendo palmas? Vamos dançar ouvindo uma música? (de preferência uma música 
de fandango).
Foi possível perceber que o trabalho de produção está intimamente ligado 
ao de apreciação? Quanto menor a faixa etária da turma, menor será o tempo de 
apreciação, pois as crianças não conseguem ficar paradas, sentadas, só olhando. 
A criança observa, questiona, recebe informações e produz, muitas vezes, sem 
nem se dar conta. Obviamente, muitas das perguntas que o professor faz não terão 
respostas, mas são feitas para direcionar o olhar do aluno para a imagem, na ver-
dade as respostas serão dadas pelo próprio professor como fonte de informações 
relevantes para os alunos. 
Fazer e apreciar arte
26
Agora, observando a imagem a seguir, faça uma sequência de perguntas, respostas e propostas 
de atividades para as crianças de uma turma que você dá aula. Siga o exemplo da dança do fandango, 
mas crie sua forma de encaminhar esse trabalho.
Imagem 22: Espetáculo Borandá, da Fraternal Com-
panhia de Artes e Malas-Artes.
A realidade cultural da escola e o interesse do 
aluno como ponto de partida do trabalho
Todas as crianças e todos os professores têm uma vivência em arte que deve 
ser considerada e que pode ser o ponto de partida para o trabalho. 
Quando pensamos na quantidade de conteúdos e na infinidade de manifes-
tações artísticas com as quais podemos e devemos trabalhar na escola, nos colo-
camos diante de um impasse: mas por onde vou começar o trabalho? Por quais 
conteúdos? Por qual período da história da arte? Essa é uma pergunta difícil de ser 
respondida. Na verdade, o problema maior não reside em por onde começar, mas 
em como continuar. Mas, vamos por partes.
Uma das saídas para responder à primeira pergunta (Por onde começar?) 
é justamente levar a realidade, a cultura primeira do aluno em consideração, e a 
partir dela iniciar o trabalho.
Leia a seguir o trecho de um texto de Snyders (1992, p. 23-24) sobre os vá-
rios tipos de cultura e sua importância: 
Há formas de cultura que são adquiridas fora da escola, fora de toda autoformação metódica 
e teorizada, que não são o fruto do trabalho, do esforço, nem de nenhum plano: nascem da 
experiência direta da vida, nós a absorvemos sem perceber; vamos em direção a elas seguin-
do a inclinação da curiosidade e dos desejos; eis o que chamarei de cultura primeira.
Fazer e apreciar arte
27
[...] Queria evocar alegrias da vida quotidiana, alegrias da cultura de massa: essas são 
verdadeiras alegrias; não tenho absolutamente a intenção de enfraquecê-las, mas tentarei 
dizer no que elas me parecem insuficientes e isso em relação às suas próprias promessas. 
Sustentarei que é a cultura elaborada que pode, melhor que a cultura primeira, atingir seus 
objetivos, isto é, finalmente as satisfações da cultura primeira. A cultura primeira visa a 
valores reais, fundamentais: em parte, ela os atinge, em parte, não o consegue: a cultura 
elaborada é uma chance muito maior de viver esses mesmos valores com plenitude [...].
Poderíamos discutir e analisar muitas questões referentes ao texto de 
Snyders, mas nesse caso vamos apenas salientar que essa cultura primeira na 
qual o aluno está inserido é importante, deve ser trabalhada e compreendida, 
mas não é suficiente. Pode ser o ponto de partida, mas não deve acabar em si 
mesma. Por exemplo, muitos alunos do Ensino Fundamental adoram axé, ou-
vem, dançam e cantam axé. Estudar o axé, conhecer os diferentes grupos da 
cidade e do Brasil, analisar os instrumentos musicais, os passos da dança e seus 
significados de acordo com as letras, é um ótimo início de trabalho. Mas será 
suficiente? A partir daí poderemos buscar a origem do axé em outras formas 
musicais brasileiras, estabelecer paralelos entre os passos do axé e de outras 
danças folclóricas, o balé e as danças étnicas. E então chegar ao que Snyders 
chama de “cultura elaborada”.
Também temos que pensar diretamente no interesse do aluno. Na Educa-
ção Infantil é muito mais fácil envolver os alunos. Se bem direcionado, qualquer 
conteúdo, com recortes acessíveis à faixa etária, será bem aceito e facilmente 
trabalhado. No Ensino Fundamental, nem sempre as coisas são tão simples, e com 
adolescentes o trabalho se torna ainda mais difícil. O professor pode, por exemplo, 
chegar com um trecho do texto de Shakespeare, Romeu e Julieta, para trabalhar 
em uma turma de segunda ou terceira série. Provavelmente, a turma vai rir e 
resistir ao trabalho, mas se os alunos assistem filmes atuais baseados em Romeu 
e Julieta, que mostram a contemporaneidade do tema, com certeza o texto será 
apreciado e “descoberto” pelas crianças. 
Em relação ao interesse do aluno, também podemos dar o seguinte exem-
plo: o professor quer trabalhar com máscaras de teatro e tem um circo famoso 
na cidade. As crianças querem ir ao circo, veem outdoors sobre o circo e pro-
pagandas na TV. Nesse caso, por que “remar contra a maré”? Conversem sobre 
o circo, estudem a sua origem e suas manifestações artísticas. Trabalhem com 
os inúmeros conteúdos de teatro, dança e música contidos em um espetáculo de 
circo que,“o conteúdo a máscara” terá seu lugar nesse mesmo trabalho. Isso não 
quer dizer que o professor de Arte sempre deverá partir das músicas de massa 
ou do cotidiano do aluno, mas essa é uma opção. O que queremos deixar claro 
é que de nada adianta escolher um conteúdo e deixá-lo “cair de paraquedas” na 
sala de aula.
Na verdade, é importante que o conteúdo seja escolhido de acordo com a 
faixa etária, interesse e cultura do grupo, e que seja explorado e articulado com 
outros conteúdos dentro de cada uma das linguagens, e, se possível, entre as qua-
tro linguagens artísticas, como analisaremos a seguir. 
Fazer e apreciar arte
28
Articulação entre os conteúdos 
dos diversos grupos
Os conteúdos básicos de Educação Artística, a serem trabalhados na escola, 
em teatro e dança, estão organizados a partir de grupos: elementos formais, técnicas, 
gêneros e movimentos ou períodos da história da arte e formas de composição.
Esses conteúdos deverão ser detalhados e aprofundados gradualmente de 
acordo com cada faixa etária ou série. Ao organizar seu planejamento, o professor 
poderá partir de qualquer um dos grupos de conteúdos (elementos formais, técni-
cas, gêneros, movimentos ou períodos ou formas), como falamos na unidade ante-
rior, e abarcar todos os outros no desenvolvimento de uma etapa do trabalho. Por 
exemplo, um trabalho pode ser iniciado a partir de um período da dança. Nesse 
período, o professor irá escolher determinado gênero para estudar e priorizar uma 
técnica para aprofundar o trabalho com esse gênero e esse período. Obviamente, 
dentro desse período e desse gênero e com essa técnica irá trabalhar com deter-
minado princípio de composição ressaltando um dos elementos formais do mo-
vimento que caracterize determinada forma de composição em dança. Portanto, 
qualquer um dos conteúdos de qualquer grupo pode ser o início do trabalho, mas 
para garantir um mínimo de continuidadee profundidade no trabalho é importan-
te que todos os outros grupos sejam abordados.
Conhecendo um pouco da história da arte e compreendendo com mais pro-
fundidade os grupos de conteúdos das quatro linguagens, o professor fará recortes 
desses conteúdos coerentes com a faixa etária de sua turma e usará técnicas mais 
condizentes com o desenvolvimento das crianças.
Nada impede que qualquer período, gênero, técnica, elemento formal ou 
forma de composição sejam trabalhados com qualquer faixa etária. A quantidade 
de informações sobre os conteúdos, os recortes da história da arte e as técnicas é 
que irão variar de acordo com a turma em questão. Por exemplo, confeccionar ins-
trumentos musicais como chocalhos de latinhas pode ser monótono para alunos 
de 4.a série, no entanto, para uma turma de 1.a série será uma atividade bastante 
interessante e com muitas possibilidades de aprofundamento. Porém, a confecção 
de instrumentos musicais pode ser desenvolvida em qualquer faixa etária.
Apenas o estudo dos conteúdos e das atividades de produção da apreciação 
artística poderão subsidiar o professor para que ele faça as escolhas mais adequa-
das às faixas etárias. O que não podemos é correr o risco que apenas um grupo 
de conteúdos seja trabalhado durante todo o ano, ou que um conteúdo nunca seja 
visto durante um ano de trabalho com arte. Passando por todos os grupos, o pro-
fessor poderá garantir um trabalho mais uniforme e organizado.
 Se você não entendeu nada sobre essa história de grupos de conteúdos se acalme, essa aula 
Fazer e apreciar arte
29
está pertinho de você. Releia os textos sobre o encaminhamento metodológico, justifique as afirma-
ções e responda as questões:
1. “Não podemos ter uma ideia errada de que basta que o aluno ouça uma música ou veja um qua-
dro que nosso trabalho estará garantido. A ideia é outra.” 
Por quê?
2. O trabalho com arte na escola muitas vezes é confundido com o “fazer atividades de pintura”, 
ou ainda com dançar, cantar, desenhar, tocar etc.
 Você concorda com essa firmação? Por quê? Já vivenciou alguma situação em que essa afirma-
ção foi comprovada?
3. “Queria evocar alegrias da vida quotidiana, alegrias da cultura de massa: essas são verdadeiras ale-
grias; não tenho absolutamente a intenção de enfraquecê-las, mas tentarei dizer no que elas me pare-
cem insuficientes e isso em relação às suas próprias promessas. Sustentarei que é a cultura elaborada 
que pode, melhor que a cultura primeira, atingir seus objetivos, isto é, finalmente as satisfações da 
cultura primeira. A cultura primeira visa a valores reais, fundamentais: em parte, ela os atinge, em 
parte, não o consegue: a cultura elaborada é uma chance muito maior de viver esses mesmos valores 
com plenitude”.
 Mesmo sem fazer análises mais profundas sobre esse autor, na sua opinião, qual a diferença 
entre a cultura primeira e a cultura elaborada que ele nos coloca? Discuta com outros colegas 
sobre esse assunto e comente esse trecho do texto.
Fazer e apreciar arte
30
4. Dê um exemplo que confirme a seguinte afirmação: O que queremos deixar claro é que de nada 
adianta escolher um conteúdo e deixá-lo “cair de paraquedas” na sala de aula.
5. Dê um exemplo que confirme a seguinte informação: a quantidade de informações sobre os 
conteúdos, os recortes da história da arte e as técnicas é que irão variar de acordo com a turma 
em questão.
Organização dos conteúdos 
de dança e teatro
Cada uma das linguagens artísticas possui um grande número de conteúdos 
para serem trabalhados. Imagine uma dança qualquer. Na sua criação e execução 
estão envolvidos uma série de aspectos: Quem vai dançar? Que movimentos vai 
utilizar? Que roupas vai usar para dançar? Em que local essa dança poderá ser 
executada? Que passos irão ser repetidos na dança? Várias pessoas vão dançar 
juntas? Que tipo de música vai ser o estímulo para essa dança? São muitas ques-
tões, não? 
E são exatamente as respostas a essas questões, e muitas outras, os conteúdos 
de dança para serem trabalhados na escola. Como são muitos e cheios de detalhes, 
assim como os das outras linguagens artísticas, nós organizamos esses conteúdos 
em blocos, isto é, em grupo de conteúdos. A maioria deles será aprofundado nas 
próximas aulas. Obviamente, todos são trabalhados conjuntamente na escola, mas 
podemos elaborar um planejamento em que alguns conteúdos sejam priorizados 
em determinada aula e outros em outras, para que não esqueçamos de trabalhar 
com uma gama bem variada de manifestações artísticas.
É como se organizássemos uma cozinha: na gaveta do “grupo de talheres” 
temos o subgrupo das facas, o subgrupo dos garfos, das colheres de sopa, de so-
Fazer e apreciar arte
31
bremesa, de café. Na prateleira do “grupo de pratos” colocaremos o subgrupo dos 
pratos fundos, o subgrupo dos pratos rasos, dos pratos de sobremesa, dos pratos 
de crianças etc. Essa mesma organização foi feita com os conteúdos de teatro e 
dança neste material: grupos e subgrupos.
Portanto, os conteúdos de dança e teatro estão divididos para facilitar a 
compreensão e o planejamento do professor, em seis grandes grupos, sendo que 
cada um desses grupos possui alguns subgrupos: gêneros da dança e do teatro, 
história da dança e do teatro, elementos formadores e princípios de composição 
da dança e do teatro, técnicas de execução em dança e teatro e formas de dança 
e teatro. 
Não existe um muro de concreto separando esses grupos e subgrupos. 
Poderemos encontrar manifestações artísticas que fazem parte de mais de um 
gênero ou formas de dança que estiveram presentes em vários períodos da his-
tória da arte.
Esses nomes parecem um pouco complicados, mas vamos analisar um a 
um, e vocês verão que fazem parte das nossas vidas. 
 Gêneros – os gêneros constituem a primeira grande classificação das 
manifestações artísticas. Se analisarmos todas as danças e represen-
tações que existem e começarmos a separá-las em grupos, de acordo 
com quem as executa e por que elas são executadas, chegaremos nos 
seus gêneros.
 História – a história da dança e do teatro deve ser trabalhada para que o 
aluno perceba que a arte tem relação com o contexto no qual é produzida 
e apreciada. A história da arte não precisa ser trabalhada de forma crono-
lógica e linear, mas por meio de comparações entre estilos com diferen-
ças marcantes, pois a criança de Educação Infantil e Ensino Fundamental 
ainda está construindo sua noção de tempo. Nada impede que os movi-
mentos e períodos da história sejam citados para que ela se familiarize 
com os termos, mas não podemos cobrar datas de início e fim dos perío-
dos, nomes importantes etc. Essas informações são relevantes, mas não 
apropriadas para a faixa etária em questão. 
 Elementos formadores – como vimos, cada linguagem artística possui 
seus objetos de estudo. Esses objetos de estudo são constituídos de alguns 
elementos, isto é, todo movimento expressivo, por exemplo, é constituí-
do de três elementos que o forma, que ao serem unidos e organizados de 
acordo com alguns princípios caracterizarão o movimento expressivo e, 
consequentemente, a forma de dança. 
 Técnicas de execução – as técnicas de execução são as maneiras pelas 
quais pode-se produzir nas linguagens artísticas.
 Forma de composição – são os vários tipos de dança e teatro: rock, val-
sa, mímica, comédia, balé etc. 
Fazer e apreciar arte
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1. Quais são as linguagens artísticas e seus objetos de estudo?
2. Quais os grupos de conteúdos de teatro e dança?
Fazer e apreciar arte
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3. Escolha um desses grupos e explique com suas palavras aquela que entender ser a melhor 
definição.
Preparados para continuar a conhecer mais dos conteúdos sobre dança e teatro? Você já tinha ima-
ginado que na arte existiam tantos conteúdos para se trabalhar com as crianças? Então, mãos à obra!
Fazer e apreciar arte
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Vários jeitos de dançar
C omo vimos anteriormente, os conteúdos de dança e teatro estão estruturados em grupos. 
 Começaremos a analisar, primeiramen-te, os conteúdos de dança. 
Conteúdos de dança
Dança – movimento expressivo
Grupo de conteúdos:
 Gêneros.
 Religioso – danças ligadas a qualquer religião.
 Profano – danças sem ligação com religião.
 História da dança.
 Elementos formadores.
 Técnicas.
 Composição em dança.
 Dança pura – apenas a composição do movimento é importante.
 Dança descritiva – dança que descreve uma imagem ou poesia, conta uma história etc.
Vamos analisar esses grupos de conteúdos:
 Gêneros.
 Dança étnica – dança de raiz, feita há séculos da mesma forma, normalmente com um 
sentido ritual. Ligada aos deuses e à religiosidade de povos primitivos. Algumas vezes 
também são executadas por divertimento. Frequentemente são dirigidas por um mentor 
espiritual do grupo, como um pajé ou xamã.
 Exemplo: dança dos índios, de povos africanos e povos primitivos. 
Imagem 23: Cena do espetáculo Le Jardin Io Io Ito Ito, do coreógrafo José 
Montalvo.
Vários jeitos de dançar
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 Dança folclórica – executada pelas comunidades rurais, litorâneas ou 
interioranas. São criadas e dançadas pelo povo, normalmente em fes-
tas importantes para essas comunidades. Originalmente não têm um 
criador e todos podem aprender e dançar juntos.
 Exemplo: cirandas, fandango, tarantela, chula, quadrilha etc.
 Dança de salão – também conhecida como dança social. É uma dan-
ça para ser executada, normalmente, por casais, em lugares fechados 
(salões). Possui passos específicos.
 Exemplo: valsa, rumba, salsa, merengue, tango etc. 
 Danças criadas pela indústria cultural – são danças que têm o apoio 
da mídia e são características dos centros urbanos. Muitas vezes, são 
passageiras e consideradas de massa, isto é, de consumo alienado da 
população. Outras vezes se consolidam e passam a fazer parte da cul-
tura do povo.
 Exemplo: algumas coreografias de grupos de axé e pagode, street 
dance, rap etc.
 Dança de espetáculo – dança que apresenta uma clara e rígida dis-
tinção entre o público e os dançarinos. Normalmente, profissionais 
treinam para apresentar para um público.
 Exemplo: balé, ópera chinesa, jazz etc.
 História da dança.
 Vários são os períodos e movimentos da história da dança que podem 
ser trabalhados: dança primitiva, dança egípcia, dança medieval, balé 
clássico, balé moderno etc.
 Exemplo: balé, saltarelo (dança medieval), minueto (dança barroca), is-
tanpitta (dança renascentista) etc.
 Elementos formadores.
 Corpo – é o corpo que se movimenta para realizar o movimento ex-
pressivo. Não existe dança sem um corpo em movimento.
 Exemplo: – simetria/assimetria corporal;
 – força e fluência;
 – pontos e superfícies do corpo;
 – estabilidade/instabilidade;
 – flexibilidade;
 – ponto de apoio;
 – descanso;
 – oscilação/equilíbrio.
 Espaço – o corpo em movimento utiliza o espaço de forma expressiva 
e o espaço influencia no movimento.
Vários jeitos de dançar
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 Exemplo: – espaços alto, médio e baixo;
 – utilização parcial e/ou total do espaço;
 – direção/sentido;
 – alinhamento;
 – deslocamento;
 – lateralidade;
 – movimentos paralelo e oposto;
 – linhas reta e curva;
 – salto e queda;
 – rotação;
 – formação.
 Tempo – todo movimento expressivo tem um ritmo e se dá de acordo 
com organizações temporais.
 Exemplo: – movimento contínuo e/ou interrompido;
 – andamentos – acelerando/retardando;
 – simultaneidade;
 – sequência;
 – estímulo sonoro.
 Técnicas.
 Improvisação – pode-se dançar de improviso, isto é, criando esponta-
neamente os movimentos no momento da execução.
 Exemplo: – improvisação livre;
 – improvisação dirigida – com ou sem materiais.
 Coreografia – uma coreografia é uma sequência de movimentos de 
uma dança, organizada previamente à sua execução. Também se cha-
ma de coreografia a escrita dos movimentos de uma dança. Muitas 
danças possuem coreografias que devem ser seguidas: balé, tango, 
fandango, danças indígenas etc.
 Exemplo: – coreografia verbal;
 – coreografia grafada ou escrita.
 Formas de composição em dança.
 Dependendo da época, do gênero, da organização dos elementos for-
mais etc., teremos diferentes formas de dança, que recebem nomes 
específicos.
 Exemplo: rock, salsa, balé, jazz, street dance, capoeira etc.
E agora? Depois de tantas informações sobre a dança você ainda não teve 
Vários jeitos de dançar
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vontade de dançar? Levante-se da sua cadeira, estique seu corpo, movimente seus 
braços, espreguice-se...
Podemos continuar? Antes de passarmos para um maior aprofundamento de 
alguns conteúdos de dança, que tal revisarmos os conteúdos apresentados?
1. Complete as frases abaixo com os conteúdos correspondentes.
a) A dança indígena pertence ao gênero da dança _______.
b) Quando o dançarino cria, no momento de suas execuções, os movimentos, ele está traba-
lhando com a técnica da ______________.
c) Se eu trabalhar com uma dança medieval em sala de aula, estarei trabalhando com a 
_______________.
d) Sequência de passos preestabelecidos para uma dança _____________.
e) ___________________ são os elementos formadores do movimento.
f) O balé é uma dança ______________________, ele conta uma história por meio dos movi-
mentos. 
g) Ao se trabalhar com a flexibilidade corporal, o professor estará enfatizando qual elemento 
formador? ________________.
h) O ritmo de um movimento está relacionado ao elemento formador ___________.
i) O salto e a queda fazem parte especificamente do trabalho com o ___________.
j) O gênero de dança que é passageiro, ou seja, fica na moda por um tempo e depois desaparece 
é o gênero: _____________________________.
2. Com certeza você já trabalhou dança com seus alunos. Formem equipes de três pessoas, esco-
lham uma das atividades de dança que vocês já fizeram em sala, descrevam-na para o resto do 
grupo e tentem relacionar os conteúdos trabalhados nessas atividades.
3. Leia esse pequeno trecho de um texto de Paulina Ossona (1988, p. 22) e responda as questões.
“A arte do dançarino vê-se limitada às possibilidades de seu corpo, ao lugar que este ocupa no 
espaço, ao tempo do desenvolvimento de sua obra e às leis da física”.
a) A que grupo de conteúdos Ossona está se referindo nesse texto?
Vários jeitos de dançar
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b) Se você tivesse que escolher um dos elementos formadores do movimento como o principal, 
qual seria? Por quê?
c) Mesmo que nós não tenhamos comentado nada sobre as leis da física, por que você acha que 
Ossona colocou essa questão como parte do movimento expressivo? Conversem um pouco 
em grupo sobre esse assunto e justifiquem a conclusão a que vocês chegaram.
Criar e seguir passos
Vimos anteriormente uma lista detalhada dos conteúdos de dança que po-
dem ser trabalhados na escola. Com certeza, você já imaginou muitas atividades 
para fazer com seus alunos. Como já foi visto, existem duas técnicas de execução 
no trabalho com dança, a improvisação e a coreografia. Obviamente, muitas vezes 
as duas estão juntas em muitas formas de dança, mas em outras pode-se valorizar 
mais a improvisação do que a coreografia.
Imagem 24: Desenho, da época do Renascimento, mostrando passos de dança.
Normalmente, quando se trabalha com dança na escola, ou se prioriza radi-
calmente a improvisação, deixando as crianças brincarem e dançarem livremente 
as músicas infantis da moda, ou se criam coreografias com movimentos estere-
otipados para que as crianças executem nas festas de datas comemorativas. Os 
dois exemplos de atividades podem ser aproveitados em um bom planejamento de 
dança, desde que organizados de forma coerente com nossa proposta.
Vários jeitos de dançar
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Coreografia
A coreografia1 é a arte de compor os movimentos e os passos de uma dança. 
Imagem 25: Passos do samba para o homem.
O termo coreografia também pode ser usado para designar a representação 
gráfica de movimentos e passos de várias formas de dança. A origem dessa pa-
lavra vem do termo grego khoros, que quer dizer dança, e grapho, que significa 
escrita, pois no início do séculoXVIII o coreógrafo era a pessoa responsável por 
“anotar” a dança.
Uma coreografia pode ser escrita por meio de palavras, símbolos e dese-
nhos. No ano de 1468, em manuscritos catalães, encontrou-se registros de passos 
de dança. Esses desenhos são uma complicada combinação de traços verticais e 
horizontais, unidos a símbolos que parecem os números 3 e 9. Desses manuscri-
tos, foi possível identificar cinco passos específicos e direções do movimento. A 
partir desse exemplo percebemos como é importante para o ser humano deixar 
registrada sua dança para que ela transcenda os limites de espaço e tempo.
O coreógrafo é aquele que, além de criar as sequências dos movimentos e 
grafá-las, se for o caso, coordena a dança, escolhe os figurinos e o cenário, sele-
ciona os dançarinos, podendo trabalhar em conjunto com o compositor musical, 
figurinista, cenógrafo, roteirista etc., para desenvolver suas funções.
Tanto por profissionais como pelo povo, que dança músicas folclóricas, de 
salão ou criadas por grupos da moda, as coreografias de danças são decoradas 
pelos executantes. Você já viu algum dançarino com um papelzinho na mão, “co-
lando” os movimentos que deve fazer? A repetição dos movimentos e de suas se-
quências, iniciadas de acordo com momentos facilmente identificáveis na música 
e a marcação rítmica, são os elementos que garantem o trabalho dos dançarinos 
para decorar as coreografias. 
1 “Coreografia. 1. A arte de compor bailados. 2. 
A arte de anotar, sobre pa-
pel, os passos e as figuras dos 
bailados. 3. A arte da dança”. 
(Novo Dicionário Básico da 
Língua Portuguesa – Folha/
Aurélio – Editora Nova Fron-
teira – p. 179).
Vários jeitos de dançar
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Normalmente, uma coreografia é criada a partir do número de dançarinos, 
do espaço do palco, da música, da emoção que se deseja passar com o espetáculo 
etc. Na verdade, qualquer um desses elementos pode ser o norteador ou pode se 
adaptar ao desejo do coreógrafo, e tudo vai depender da forma de dança que ele 
vai estar coreografando. 
A utilização de letras e palavras nas coreografias é bastante difundida 
atualmente. Veja um exemplo:
 Posição inicial da dança.
– em roda – R
– em fila única – FU
– em duas filas, uma de homens e uma de mulheres frente a frente – DF
 Tipo de deslocamento.
– passos – PAS
– corrida – COR
– saltos – SAL
 Direção do deslocamento.
– direita – D
– esquerda – E
– trás – T
– frente – F
– diagonal direita frente – DDF
– diagonal direita trás – DDT
– diagonal esquerda frente – DEF
– diagonal esquerda trás – DET
 Partes do corpo.
– pé direito – PD
– pé esquerdo – PE
Tendo essas abreviaturas como referência, é possível criar uma série de 
coreografias. Procure desenvolver a pequena sequência de movimentos descrita 
abaixo e depois crie outra, usando essas abreviaturas. 
ER/ PD F/ PD T/PD F/PD T/ 5PAS F / 2 SAL T
Também existem outras formas de grafia de dança, como a usada normal-
mente no ensino de danças de salão. De acordo com regras desse gênero de dança, 
PE significa pé esquerdo e PD, pé direito.
Vários jeitos de dançar
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Imagem 27: Passos de valsa para homens.
.
Com essas fotos e as indicações escritas, você acha que é possível realizar 
os passos dessa dança? Por quê? 
Analise, agora, uma outra forma de grafia de coreografia, com desenhos, 
flechas, abreviações e números. 
Imagem 28: Posição inicial para a prática da valsa.
Vários jeitos de dançar
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Imagem 28 (continuação): Posição inicial para a prática da valsa.
.
Você conseguiria dançar uma coreografia grafada dessa maneira? Por quê? 
Na sua opinião, qual a melhor forma de ensinar uma coreografia para alguém? Por 
quê? Justifique sua resposta.
Agora que você já sabe mais profundamente o que é uma coreografia, pense 
um pouco em como ela é trabalhada na escola. Você já criou uma coreografia com 
seus alunos? Para que situação? Como eram os passos dessa coreografia? Como 
você ensinou-a aos seus alunos? 
Para se trabalhar com a coreografia na escola, o professor deve estar atento 
a uma série de questões. Inicialmente, é preciso ressaltar que a necessidade da 
coreografia deve ser real, isto é, tanto o professor como as crianças devem sentir 
necessidade de a organizar os movimentos e repeti-los sempre da mesma forma. 
Essa necessidade, normalmente, surge quando a turma vai fazer uma apresenta-
ção ou quando todas as crianças querem dançar, juntas, a mesma sequência de 
movimentos. No caso de a necessidade vir diretamente da turma, o trabalho terá 
um maior significado e a organização dos movimentos será feita, em grande parte, 
pelas próprias crianças, pois a necessidade é delas e isso facilitará a organização. 
Nesse caso, o professor atuará auxiliando e relembrando a sequência dos movi-
mentos para as crianças. 
Sentir-se parte de um grupo, dançar junto com outros, experimentar a sen-
sação da sincronia e vivenciar o mesmo ritmo é uma atividade encantadora para 
as crianças. Quanto menor a faixa etária, mais simples devem ser as sequências 
dos passos e, até pelo nível de desenvolvimento motor da criança, apenas alguns 
trechos da música podem ser coreografados. As danças e brincadeiras folclóricas 
são um ótimo exercício para o trabalho com a coreografia, pois todos devem rea-
lizar os movimentos sugeridos na brincadeira.
Vários jeitos de dançar
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No caso de a necessidade de coreografar uma dança surgir por uma apre-
sentação na escola, o cuidado do professor deve ser ainda maior. Muitas vezes, 
essa situação ocorre em virtude das festas comemorativas: Dia das Mães, Dia dos 
Pais, Páscoa, Festa Junina etc. O comum é que o professor escolha a música, crie 
os passos e que as crianças, muitas vezes vestidas de forma pouco confortável, 
depois de exaustivos ensaios, apresentem-se os familiares.
Nesses casos, os passos e gestos acabam apenas reforçando a letra e são 
estereotipados, não tendo significado nenhum para as crianças, que por falta de 
opção acabam até gostando da atividade.
Imaginem, por exemplo, o gesto de colocar as mãos na altura do coração no 
momento da música que diz: “Mamãe eu te amo”. Será que a criança faz a relação 
de que naquela altura do seu peito está o coração, que o coração é considerado o 
órgão do corpo humano que manifesta o amor e que por isso está com as mão-
zinhas fechadas, daquela maneira? Esse é um típico exemplo de movimento que 
não faz sentido para ela. Se deixássemos que elas escolhessem um movimento 
que expressasse o amor por suas mães, talvez abraçassem-se, mandassem beijos 
ou gritassem euforicamente.
Para que esse trabalho seja uma atividade de arte na escola é necessário que 
as crianças participem da escolha das músicas e criem os movimentos, mesmo 
que o professor considere esses movimentos sem graça ou sem sentido de acordo 
com a letra da música. É claro que o professor estará presente, dando sugestões 
e organizando o trabalho, pois as turmas de Educação Infantil, por exemplo, não 
têm autonomia para trabalhar sozinhas.
Improvisação
Improvisar em dança significa fazer os mo-
vimentos de forma espontânea, sem planejá-los 
anteriormente. A improvisação pode ser uma 
parte de um espetáculo, ou uma dança em si, 
uma dança livre. Na maioria das vezes, quando 
se dança livremente em boates, festas e dancete-
rias, se está improvisando. A improvisação pode 
ser realizada livremente, sobre um tema ou com 
alguns materiais. Nos dois últimos casos, existe 
um limite imposto pelo tema ou pelas possibili-
dades de manipulação ou de movimento que os 
materiais sugerem.
Além disso, a improvisação pode ser de forma dependente, isto é, quando 
não se improvisa sozinho e o grupo tem que estar integrado mesmo que executan-
do movimentos de forma improvisada. Quando os passos não são improvisados 
obedecem a uma coreografia, como já vimos anteriormente.
Você já viu alguém dançando de improviso? Quando? Em que situações 
você dança de improviso?
Imagem 29: Festa junina – quadrilha.
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Nos momentos em que as crianças dançam livremente,

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