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LEISHMANIOSE Supergrupo Excavata Grupo Euglenozoa Subgrupo Kinetoplastea Gênero Leishmania Características Gerais • Zoonose • Ciclo heteroxênico: hospedeiros Mamífero e inseto. • Não apresenta reprodução sexuada • doença ataca sistema fagocítico mononuclear (SFM) – células fagocíticas • Hospedeiro mamífero: cão, roedores e o homem (acidental). • Hospedeiro inseto: Lutzomya e Phlebotumus (adaptação a ambientes urbanos) Características Gerais • Formas clínicas: - Tegumentar : - cutânea - cutânea difusa - mucocutânea- lesões mutilantes na mucosa oro-nasal - Visceral (calazar) – letal quando não tratada • Peru: ocorre desde incas • América do Sul: europeus/ século XVII Brasil - Principais Espécies do Parasita Cutânea e mucocutânea - L.(Vianna) braziliensis - L. (Vianna) guyanensis - L. (Leishmania) amazonensis VISCERAL - L. (Infantum)chagasi Hospedeiros e vetores Hospedeiro invertebrado (vetor) • insetos (fêmeas hematófagas) • Flebotomíneo do gênero Lutzomyia e Phlebotomus. • Fácil de ser reconhecido pelo seu comportamento, ao voar em pequenos saltos e pousar com as asas entreabertas. • Os flebotomíneos medem de dois a três milímetros de comprimento e apresentam o corpo densamente revestido por cerdas e escamas, propriedades que lhes confere um aspecto piloso e amarelado sob luz incidente. • Quando em repouso, as asas dos flebotomíneos permanecem eretas, divergentes e afastadas do corpo . • Vulgarmente conhecidos como “mosquito-palha”, “cangalhinha” ou “asa dura”. Hospedeiros e vetores Hospedeiro vertebrado Reservatório L. tegumentar - Roedores, preguiça, tamanduá, cão, equinos e mulas. Reservatório L. Visceral - Cão, marsupiais, Raposa (Cerdocion tolos), que agem como mantenedores do ciclo da doença. Atualmente, questiona-se se o homem também pode ser fonte de infecção. Morfologia Leishmania Formas promastigota e amastigota. Figura esquemática mostrando o núcleo, cinetoplasto, flagelo. • AMASTIGOTAS: - ovóides/ intracelular - flagelo intracelular - 2,0-6,0 µm/ 1,5-3,0 µm - FORMA INFECTANTE – homem → vetor • PROMASTIGOTAS: - alongados - flagelados (extremidade anterior) - 14-20 µm/ 1,5-3,0 µm - FORMA INFECTANTE – vetor →homem Ciclo Biológico Ciclo Biológico do parasita No Homem • período de incubação - 2 semanas a 3 meses • Lutzomyia é a fêmea Parasitada com a forma promastigota na faringe e proventrículo. Pica o homem e libera a forma promastigota de Leishmania na derme do homem. Células do Sistema fagocitário (macrófagos, neutrófilos, células dendríticas) realizam fagocitose. O protozoário na forma promastigota se transforma em amastigota e se multiplica por reprodução assexuada. A célula fagocitária se rompe e outras células fagocitam. Pode ocorrer disseminação, por via hematogênica. No Inseto • Inseto não infectado – durante o repasto sanguíneo ingere forma amastigota do parasita. No aparelho digestivo do inseto, transforma em promastigota e se multiplica (reprodução assexuada) - locomove-se para faringe e proventrículo reiniciando o ciclo. Quadros Clínicos CUTÂNEA MUCOCUTÂNEA VISCERAL CUTÂNEA DIFUSA CANINA • resistência a T °C determina localização (33-37 °C) Descrição da doença – Mucosa e cutânea • Doença parasitária da pele e mucosas, de caráter pleomórfico. • A doença cutânea apresenta- se classicamente por pápulas, que evoluem para úlceras com fundo granuloso e bordas infiltradas em moldura, que podem ser únicas ou múltiplas, mas indolores. • Também pode manifestar-se como placas verrucosas, papulosas, nodulares, localizadas ou difusas. • A forma mucosa, secundária, caracteriza-se por infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe. • Quando a destruição dos tecidos é importante, podem ocorrer perfurações do septo nasal e/ou palato. Leishmaniose cutânea • Indolor, única ou poucas lesões. • Ocorre no local da picada Lesão • Forma arredondada a ovóide • Tamanho - milímetros a alguns centímetros • Base infiltrada e endurecida, bem delimitada elevada e eritematosa • Fundo granuloso e avermelhado. • Quando não tratado - cura espontânea após alguns meses ou poucos anos, podendo evoluir para Leishmanioses cutânea diseminada Leishmanioses cutânea disseminada • Disseminação hematogênica ou linfática do parasito. • As lesões cutâneas são numerosas e distantes do local da picada. • Tratamento normalmente é eficiente. Leishmaniose mucosa tardia ou mucocutânea • Ocorre a partir da L. cutânea. • Processo lento de curso crônico • 90% dos casos ocorrem até 10 anos depois da L.C. ter cicatrizado. • Localização mais comum é Vias aéreas superiores ( nariz, faringe, boca, laringe) • Normalmente ocorre em pessoas com tratamento inadequado da lesão cutânea inicial ou que não realizou tratamento. • Atualmente, nas áreas endêmicas - 3% de L. cutânea torna-se L. mucosa tardia. Leishmaniose mucosa tardia Provoca: • Obstrução nasal, formação e eliminação de crosta pela mucosa nasal, dispnéia ( dificuldade de respirar). • Acometimento do septo nasal, palato, lábios, faringe. • Destruição completa do nariz e áreas vizinhas • Mutilação da face • Não há cura espontânea e pode deixar sequelas quando tratado. • Existe casos onde não se consegue verificar que ocorreu a Leishmaniose cutânea Apresenta lesões ulcerocrostosa, com áreas de infiltração e edema inflamatório gigante no nariz e lábio lesão de mucosa nasal com ulceração das asas do nariz e diversas lesões nódulo infiltrativa, algumas com crostas na face edema nasal com áreas de ulceração – crostas no local e edema no lábio superior Leishmaniose mucosa tardia Leishmaniose cutânea difusa • Raro e grave • Ocorre em indivíduo com deficiência na resposta imune celular • Início é localizada e não responde ao tratamento • Formam -se múltiplas nodulações cutâneas • Não ocorre lesão, mas formação de nódulos • Tratamento difícil e as vezes ineficaz 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 n ú m e ro d e c a s o s Ano Leshimaniose tegumentar Epidemiologia – L. Cutânea No período de 1996 a 2015 a L. Cutânea apresentou uma média anual de 28.233 novos casos /ano. Medidas Preventivas • Uso de repelentes quando exposto a ambientes onde os vetores habitualmente possam ser encontrados; • Uso de mosquiteiros de malha fina e tela de portas e janelas; • Manejo ambiental por meio de limpeza de quintais e terrenos, a fim de alterar as condições do meio que propiciem o estabelecimento de criadouros para formas imaturas do vetor; • Destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir a aproximação de mamíferos comensais, como gamba e roedores, prováveis fontes de infecção para os flebotomíneos; • Limpeza periódica dos abrigos de animais domésticos; • Manutenção de animais domésticos distantes do intradomicílio durante a noite, de modo a reduzir a atração dos flebotomíneos para esse ambiente; • Em áreas rurais com alto potencial de transmissão, sugere-se uma faixa de segurança de 400 a 500 metros entre as residências e a mata Tratamento Antimoniato N-metilglucamina (Antimonial Pentavalente Sb+5), Distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde, é a droga de primeira escolha Todas as reações adversas graves ou potencialmente graves, devem ser informadas à vigilância epidemiológica do município,que, posteriormente, deverá notificar no site: ww.anvisa.gov.br • Arritmias cardíacas e/ou outrasmanifestações de cardiotoxicidade; • Insuficiência renal aguda ou elevação dos níveis séricos de ureia e creatinina e/ou outras manifestações de nefrotoxicidade; • Icterícia e/ou elevação de enzimas hepáticas e/ou manifestações de hepatotoxicidade; • Pancreatite aguda Diagnóstico •Parasitológico – observação direto do parasita (Fase aguda) • biópsia (aspirado com agulha fina, raspagem da lesão) e observação microscópica do parasita na forma amastigota • Imunológico – observação de Ig (Fase Crônica) - Reação de Montenegro: solução contendo parasitas mortos é aplicada no antebraço – 2-3 dias leitura – pápula eritematosa (95% sensibilidade) - Imunofluorescência indireta com observação de presença Ig específica. • Não é a tegumentar ou mucocutânea..... • Agora a Leishmania ataca os órgãos. • A doença é conhecida como leishmaniose visceral e a espécie que provoca é a L. (Infantum) chagasi Leishmaniose Visceral - Calazar • Calazar é uma infecção generalizada, crônica, do sistema fagocitário mononuclear (SFM) - sistema de defesa celular, causada por Leishmania (Infantum) chagasi, atacando órgãos como fígado e baço. • Sintomas: - febre irregular, e de longa duração - hepatoesplenomegalia - micropoliadenia (gânglios linfáticos) - Anemia com leucopenia - Estado de debilidade levando a óbito se não tratado Condições Clínicas • As manifestações clínicas da leishmaniose visceral (LV) refletem o desequilíbrio entre a multiplicação dos parasitos nas células do sistema fagocítico mononuclear (SFM), a resposta imunitária do indivíduo e o processo inflamatório subjacente. • Observa-se que muitos infectados apresentam a forma inaparente ou assintomática da doença. • O espectro clínico da LV pode variar desde manifestações clínicas discretas até as graves, que se não tratadas podem levar a óbito. • O Baço cresce consideravelmente devido a hipertrofia e hiperplasia das células do SFM, com alto grau de parasitismo. • O Fígado também aumenta de volume, porém em menor proporção que o baço, observando fenômenos degenerativos, fibrose interlobular. • Na medula óssea ocorre o bloqueio de maturação da série granulocítica, inibição da plaquetogênese e intenso parasitismo das células do sistema macrofágico. • Outros sistemas atingidos são tubo digestivo, pulmões, pele, vasos, rins. • Devido a resposta do sistema imune, ocorre uma destruição do eritrócito (glóbulo vermelho) com consequente anemia, além de uma leucopenia (diminuição dos leucócitos). Formas clínicas da Leishmaniose Visceral - Calazar Forma Aguda Caracteriza-se pelo início da sintomatologia, podendo variar para cada paciente, mas na maioria dos casos inclui febre com duração inferior a quatro semanas, palidez cutâneo-mucosa e hepatoesplenomegalia. Os exames sorológicos são invariavelmente reativos. Nos exames complementares, o hemograma revela anemia, geralmente pouco expressiva. O aspirado de medula pode ou não mostrar a presença de Leishmania. Formas clínicas da Leishmaniose Visceral - Calazar Fase Crônica Período de estado - Caracteriza-se por febre irregular, associada ao emagrecimento progressivo, palidez cutâneo-mucosa e hepatoesplenomegalia. Apresenta quadro clínico arrastado, com mais de dois meses de evolução e, muitas vezes, com comprometimento do estado geral. Os exames complementares estão alterados e no exame sorológico os títulos de anticorpos específicos antiLeishmania são elevados; Período final - Febre contínua e comprometimento intenso do estado geral. Instala-se a desnutrição, edema dos membros inferiores, hemorragias, icterícia e ascite. Nestes pacientes, o óbito é determinado por infecções bacterianas e/ou sangramentos. Os exames complementares estão alterados e no exame sorológico os títulos de anticorpos específicos antiLeishmania são elevados. Formas clínicas da Leishmaniose Visceral - Calazar c) Forma sintomática crônica ou Calazar clássico • Evolução prolongada, que pode durar anos, com desnutrição proteíca- calórica, presença de edema generalizado, abdomem aumentado devido a hepatoesplenomegalia. • O emagrecimento é progressivo com aumento de capacidade de infecções secundárias. – Pneumonia, broncopneumonia e tuberculose – Diarréia e disenteria devido a Amebíase e/ou Shigelose • Responde bem ao tratamento, mas em pacientes não tratados - mortalidade de 90% Transmissão • Vetor – picada da fêmea do Lutzomyia • Transfusão sanguinea –parasita no sangue periférico – poucos casos descritos • Uso de drogas injetáveis • Congenita – somente 6 casos descritos no mundo. • Observação: Cães e raposas – parasitismo cutâneo intenso, inclusive no sangue, sendo excelente fonte de infecção do flebotimíneos, mantendo o ciclo domiciliar e silvestre. Diagnóstico • Imunológico: -Sangue – plasma detecção de Ig G -Imunofluorescência Indireta – presença de Ig -Reação de Montenegro: solução contendo parasitas mortos é aplicada no antebraço – 2-3 dias leitura – pápula eritematosa (95% sensibilidade) •Parasitológico (não é comum ser realizado): Punção medula óssea, fígado ou baço e: -Observação no microscópio do parasita, - Semeadura em meio de cultura Tratamento - Antimoniato N-metilglucamina (Antimonial Pentavalente Sb+5) – droga de primeira escolha - Droga de segunda escolha - lominide e Anfotericina B • As drogas não podem ser administradas em portadores de cardiopatias, nefropatias, hepatopatias, doença de Chagas. Em gestantes recomenda-se não utilizar o antimoniato de N-metil glucamina. - Drogas muito tóxicas, tratamento complexo e desenvolvimento de resistência Leishmaniose no Cão Região de Araçatuba – endêmica Cão – reservatório importante, gato – talvez. Sintomas mais comuns: -perda de peso, emagrecimento e conjuntivite. Outros sintomas: - descamação seca da pele, pelos quebradiços. - nódulos na pele, úlceras, febre. - atrofia muscular, fraqueza, anorexia, falta de apetite, vômito, diarréia e sangramentos. Distribuição mundial casos humanos WHO 2012 Brasil, Sudão, Etiópia, Nepal, Índia, Bangladesch= 90% Leishmaniose visceral humana- Calazar Situação mundial atual Inicialmente ambiente rural (pobreza), atualmente ambiente urbano 66 países da Europa e Ásia; 22 países África e Américas, ... • 500.000 casos novos humanos por ano, 15 milhões infectados Doença de elevada morbidade e letalidade (10% dos casos humanos morrem, 50 mil óbitos/ano) Epidemiologia humana- Brasil – Incidência 3 a 4 mil casos/ano, – Letalidade 7,1% (diagnóstico tardio). – Relacionado: Desnutrição, imunossupressão (HIV), mudanças climáticas e expansão territorial do vetor Fonte: COSTA, 2011 Controle • Tratamento de humanos doentes; • Controle de cães vadios / controle das importações de cães; •Diagnóstico com tratamento ou eutanásia dos cães positivos; •Precauções ecológicas com desmatamentos; • Controle do vetor nos meios urbanos e rurais; •Uso de proteção individual; • Casas a 500 metros da Mata.
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