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TEXTO KONDZILLA NEGO DO BOREL

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KONDZILLA, NEGO DO BOREL E A ALIENAÇÃO
Eis um primeiro quadro.
Em 2016 tínhamos em torno de 6 milhões de estudantes matriculados nas universidades particulares e outros quase 2 milhões nas instituições públicas. O ensino médio com 7,9 milhões de estudantes. O ensino fundamental com 48,6 milhões de matriculados. Total de mais de 66 milhões de estudantes em 2016. Em 2018 tivemos 1,3 milhão de matrículas a menos do que em 2014 na educação básica. Em 2019, com 5 milhões de estudantes o Enem teve o menor número de inscritos desde 2010.
Um segundo quadro.
Discursos políticos envelhecidos pela demagogia e hipocrisia, independente de cores partidárias. Analfabetismo funcional é pratica nacional. O ‘normal’ é a Apatia no seio da população diante de seus direitos constitucionais. Registros de crescente incidência da Violência e da Intolerância similares de cães raivosos. Milícias dentro e fora dos presídios fazem a lei. A grade mídia descaradamente tomando partido, sob desprezo do descrédito. Os ‘zumbis’, usuários dos celulares tornando-se viciados/dependentes. As milícias das cargas roubadas e as do tráfico de armas, de drogas e outras tantas de conotação política. Então constata-se a falta de esperança quanto a mudanças saudáveis, desejáveis e necessárias.
Em uma breve análise comparativa já podemos concluir que estamos em um cenário nacional dramático, contrastante e extremamente claro do que podemos chamar de ‘derrota nacional’ quando as visões do desenvolvimento integral da população. Os discursos políticos não atingem a grande massa. A TV não traz momentos de reflexões a não ser em raríssimas ocasiões como na TV Cultura, com pouca audiência nacional. A leitura com plena excelência é produto elitizado, pois a maioria dos leitores só leem manchetes e as contas dos boletos.
Uma provocação nada louvável. 
A origem desta reflexão realmente não é digna de méritos. Foi me apresentada por um estudante do nível médio. De escola pública? Não! De escola da capital? Também não! Mas sim de uma escola particular de nossa cidade. Este ‘estudante’ quando consultado sobre mídias de mais impacto na internet me ‘lascou’ logo de imediato: “É o Youtube”.
Complementou com um convite expresso: “Entra lá no Conde Zila e vai ver só!”
Eu, em vítima da minha própria ignorância achei que era algum Conde com o nome de Zila e agradeci. 
Eu e o Conde Zila.
Passada algumas horas o tal Conde ‘martelava’ na memória e então entrei na net para conhecê-lo. Quanta frustração. Sim com o resultado, pois o dito cujo Conde Zila só tinha 16 visualizações. Sim só 16 pessoas viram seu vídeo. Eu em uma edição ‘caseira’ há uns meses atrás, já dava de goleada no Conde, pois registrei de 1.200 visualizações em um vídeo do Projeto “Uma Mensagem Pra Você”. Mas a curiosidade é como pimenta malagueta: arde por muito tempo.
E então em novas pesquisas eis que encontro-me diante do Kondezilla, um potente canal de funk com mais de 57 milhões de inscritos. Sim, 57.000.000 de pessoas que se inscreveram no canal só para curtir funk da pior qualidade que se possa imaginar. Eu vi e senti a tragédia.
Quer provar? Quer prova? Vejam um pedacinho de uma destas obras de arte que diz: 
“Todas menina vai flexionando/Jogando a bundinha pra trás e pra frente, ahn/Booty shake, c'mon, c'mon, lady/Joga essa bunda encostando na tropa/Vai, joga essa bunda encostando na gente, porra...”
O quadro da tragédia anunciada.
Kondzilla, canal do Youtube com mais de 57 milhões de inscritos. Kondizilla é o maior canal de funk do mundo. Canal de Jogos (on line) com mais de 83 milhões de inscritos. Vídeo de Lipao Gamer com mais de 8 milhões de inscritos. Canal Gamer com 5 milhões de visualizações. Produtores e editores de games preocupados com a invasão de rackers e sabotadores, pois requerem gastos com segurança na net. O funkeiro Mc Bruninho com 17 milhões de visualizações e o Nego do Borel com outros milhões. A audiência da TV Globo não passa de 4 milhões de expectadores (Ibope).
Este é um quadro silencioso, com certa invisibilidade, mas com uma audiência gigantesca que derrota todos os canais de tv, as mídias impressas, as editoras de livros, as aulas expositivas nas escolas e programas educacionais formais.
E tem gente que inventa.
Sob o incômodo de estar diante de tantas frentes de combate, a ousadia de enfrentá-las surge mediante propostas simples, porém de gradual impacto no meio estudantil. Trata-se de um projeto de lei proposto pelos autores do Projeto Gente UrGente, psicólogos Diego Segala e Tito, que apresentaram junto á Câmara Municipal de Amparo.
A proposta em questão trata da criação da “Câmara Municipal dos Jovens de Amparo”, com metodologia psicopedagógica oferecida voluntariamente pelos autores do Gente UrGente, vem justamente gerar a criação de cenários para debates, reflexões e a participação responsiva de estudantes do ensino médio. 
Uma outra proposta foi submetida a apreciação da Promotoria de Justiça, ao expor a sugestão da constituição de um projeto denominado: “Fórum Permanente da Cidadania & Juventude”. Esta iniciativa também prevê o protagonismo de estudantes do nível médio, com procedimentos sob a monitoria do Ministério Público, apoio do Conselho Tutelar e a participação efetiva e voluntária do Projeto Gente UrGente.
Dois pilares, duas utopias.
Tanto a “Câmara Municipal dos Jovens de Amparo”, como o “Fórum Permanente da Cidadania & Juventude” devem ter funcionamentos independentes, autônomos e não são concorrentes, mas sim complementares em seus objetivos e focos.
A abertura destas ‘portas’ para a informação e sensibilização com relação aos conceitos da cidadania plena é foco essencial para o enfrentamento dos ‘quadros’ negativos que no rondam. É só rever os quadros anteriormente expostos.
Nas propostas, ainda sob análise da Câmara Municipal e da Promotoria de Justiça, o estudante haverá de ser o protagonista de ações proativas e no estabelecimento de redes de conexões com outros grupos de jovens.
Em ambos projetos o celular não será tratado como adversário, mas sim como ferramenta de sensibilização. A escola não será vista como distante dos processos, mas sim com conexões presenciais e de influência proativa. A comunidade não-estudantil não terá papel de platéia assistente, mas sim será incentivada para a proatividade e cooperação.
Os autores do Projeto Gente UrGente, que contam com o apoio da Fundação São Pedro, submetem suas expectativas tanto junto á Câmara Municipal, como junto á Promotoria de Justiça, para a busca de mudanças comportamentais, graduais e permanentes de quadros comportamentais nada aceitáveis nos dias de hoje.
Esta ousadia não tem base no amadorismo, nem na auto-promoção individual e muito menos aprisionada por viés ideológicos mesquinhos; mas sim tem sustentação no altruísmo responsável.
Aguardemos os próximos lances deste game!
Amparo, 11 nov 2019
Tito, psicólogo CRP 06-1631-3

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