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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 20 19 Prof.ª Dr.ª Telma Mafra Texto 1: HIERARQUIA (Millôr Fernandes) Diz que um leão enorme ia andando chateado, não muito rei dos animais, porque tinha acabado de brigar com a mulher e esta lhe dissera poucas e boas.(1) Ainda com as palavras da mulher o aborrecendo, o leão subitamente se defrontou com um pequeno rato, o ratinho mais menos que ele já tinha visto. Pisou-lhe a cauda e, enquanto o rato forçava inutilmente para fugir, o leão gritou: "Miserável criatura estúpida, ínfima, vil , torpe: não conheço na criação nada mais insignificante e nojento. Vou te deixar com vida apenas para que você possa sofrer toda a humilhação do que lhe disse, você, desgraçado, inferior, mesquinho, rato!" E soltou-o. O rato correu o mais que pôde, mas quando já estava a salvo, gritou pro leão: “- Será que Vossa Excelência poderia escrever isso para mim? Vou me encontrar agora mesmo com uma lesma que eu conheço e quero repetir isso para ela com as mesmas palavras." (2) MORAL: Afinal, ninguém é tão inferior assim. SUBMORAL: Nem tão superior, por falar nisso. Notas do autor: (1) Quer dizer: muitas e más. (2) Na grande hora psicanalítica, que soa para todos nós, a precisão da linguagem é fundamental. Texto 2: O REI DOS ANIMAIS (Millôr Fernandes) Saiu o leão a fazer sua pesquisa estatística, para verificar se ainda era o Rei das Selvas. Os tempos tinham mudado muito, as condições do progresso alterado a psicologia e os métodos de combate das feras, as relações de respeito entre os animais já não eram as mesmas, de modo que seria bom indagar. Não que restasse ao Leão qualquer dúvida quanto à sua realeza. Mas assegurar-se é uma das constantes do espírito humano, e, por extensão, do espírito animal. Ouvir da boca dos outros a consagração do nosso valor, saber o sabido, quando ele nos é favorável, eis um prazer dos deuses. Assim o Leão encontrou o Macaco e perguntou: "Hei, você aí, macaco - quem é o rei dos animais?" O Macaco, surpreendido pelo rugir indagatório, deu um salto de pavor e, quando respondeu, já estava no mais alto galho da mais alta árvore da floresta: "Claro que é você, Leão, claro que é você!". 1 Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao papagaio: "Currupaco, papagaio. Quem é, segundo seu conceito, o Senhor da Floresta, não é o Leão?" E como aos papagaios não é dado o dom de improvisar, mas apenas o de repetir, lá repetiu o papagaio: "Currupaco... não é o Leão? Não é o Leão? Currupaco, não é o Leão?". Cheio de si, prosseguiu o Leão pela floresta em busca de novas afirmações de sua personalidade. Encontrou a coruja e perguntou: "Coruja, não sou eu o maioral da mata?" "Sim, és tu", disse a coruja. Mas disse de sábia, não de crente. E lá se foi o Leão, mais firme no passo, mais alto de cabeça. Encontrou o tigre. "Tigre, - disse em voz de estentor -eu sou o rei da floresta. Certo?" O tigre rugiu, hesitou, tentou não responder, mas sentiu o barulho do olhar do Leão fixo em si, e disse, rugindo contrafeito: "Sim". E rugiu ainda mais mal humorado e já arrependido, quando o leão se afastou. Três quilômetros adiante, numa grande clareira, o Leão encontrou o elefante. Perguntou: "Elefante, quem manda na floresta, quem é Rei, Imperador, Presidente da República, dono e senhor de árvores e de seres, dentro da mata?" O elefante pegou-o pela tromba, deu três voltas com ele pelo ar, atirou-o contra o tronco de uma árvore e desapareceu floresta adentro. O Leão caiu no chão, tonto e ensanguentado, levantou- se lambendo uma das patas, e murmurou: "Que diabo, só porque não sabia a resposta não era preciso ficar tão zangado". MORAL: CADA UM TIRA DOS ACONTECIMENTOS A CONCLUSÃO QUE BEM ENTENDE. Texto 3: O ADEUZ (Carlos Castelo Branco) Buritis, novembro de 2002 Seu Fernando: Eztas má trassadas linha são as úrtima qui inscrevo pru sinhô. Acabô seu disgoverno. Acabô, si Deus quizé, o tár do neoliberalismu no Brazí. Acabô meu emprego (seu Oswardo, o da fasenda defronte à vossa, me ademitiu eu, Dagildo, Domiciano e Borges). Acabô minha paizciênça. Por isso, tamo ganhano mundo, seu Fernando. Chega de bancá o besta! Se assente numa portrona qui eu tenho uma nutíça pá lhe dá: aconvencidos pelo Dagildo, Domiciano e Borges, Nena e eu entremo na filêra dos cigano sem-terra. Tamo acampado e tudo. Já aprendemo o hino do Messetê e tamo seno fabetizado pelas cartilha do Paulo Freire. Quano o sinhô arrescebê essa carta, taremos – junto maiz mír famílha aqui de Buritis – dentro de sua porpriedade. 2 Eu sei qui isso vai lhe trazê dezgosto. E o qui Voz Celença já passô de nelvoso esse 2002 foi dimais da conta, nóis tem cunciênssa diço. O Antóim Carlos lhe apedrejô. O Peagá lhe intristeceu. O Serra lhe deixô desacorçoado. Mas teve geito não. A porprósta dos cigano sem-terra foi a mió pá nóis. Cum tanto chão aqui em Minaz, Goiaz, Spríto Santo – sem falá na Mazônia e nus Maranhão, pra que nóis vai se privá de fazê o qui nóis tem direito, que é trabaiá a mó de butá pulenta na boca dus nossos fí? Asseite minhas condolenssa, seu Fernando. Maiz fique sabeno tamém qui, ninguém mió qui nóis, pá tocá u pedacim de terra qui foi de Voz Celença ( e agora é di quem trabaia a mó di fazê o Brazí sê o qui é). Os boi brangu vão tê uma atenssão redobrada. As prantassão toda vai vicejá como o quê. Os saláro num vai trazá maiz. Resumino: mió que isso, só duaz veiz isso. Mande lembranssa pá Nhã Ruth. Diga qui o carramanchão dela vai ficá uma belezura di bem cuidado. Adeuz, rapaz-ex-prisidente. E se alembre sempre duma couza: nóis pode até sê caipira, maiz neobobo nóis nunca fumo não. Que Deus lhe portreja dos Procuradô da Rimpúbrica, amém! Alencarino, Nena, Cleoso, Juberto, Fatinha, Neninha, Dagildo, Domiciano e Borges. Texto 4: CUIDADO COM OS CANIBAIS (Simon M. Franco) Se você sumisse da empresa, alguém notaria? Depois de um extensivo processo de recrutamento com entrevistas, testes e dinâmicas, uma grande empresa contratou um grupo de canibais. "Agora vocês fazem parte de uma grande equipe", disse o diretor de RH, na cerimônia de boas-vindas. "Vocês vão desfrutar de todos os benefícios da empresa. Por exemplo, podem ir à lanchonete quando quiserem comer alguma coisa. Só peço que não comam os outros empregados." Quatro semanas mais tarde, o diretor de RH os chamou. "Vocês estão trabalhando duro e eu estou satisfeito, mas a senhora do cafezinho desapareceu. Algum de vocês sabe o que pode ter acontecido?" Todos os canibais negaram. Depois que o diretor foi embora, o líder canibal pergunta: "Quem foi o idiota que comeu a senhora do café?" Um deles, timidamente, ergue a mão. O líder segue: "Mas você é um asno! Quatro semanas comendo gerentes e ninguém percebeu nada. Você tinha de comer justo a senhora do café!" Essa historinha, que recebi de um amigo por e-mail, faz um retrato engraçado e cruel do mundo corporativo. Ela nos leva a uma reflexão urgente: você faz falta na sua 3 empresa? Não basta dizer que você faz tudo certo, é um bom profissional, que os diretores gostam de você. Pergunte-se: se eu saísse da empresa, ela teria problemas com a minha ausência? Ou, de modo mais imediato, no seu dia-a-dia: o que fiz hoje que só eu poderia fazer, qual foi minha contribuição indispensável para os negócios? Parece megalomania, mas de fato esse é o ambiente da verdadeira competitividade. Ele não significa "deixar os outros para trás", mas estar sempre na frente e tornar-se indispensável, sob o risco de ser engolido, desaparecer da empresa e ninguém dar por sua falta. Na história, a senhora do cafezinho, ao desaparecer, colocou em risco o banquete farto dos canibais. Por quê? Ela era requisitada e fornecia um produto que atendia a necessidades reais da organização. A falta do café seria imediatamente notada por todos.Diferentemente do trabalho de muitos gerentes dessa empresa, cuja ausência ninguém percebeu. Esses canibais funcionaram como agentes de downsizing, praticaram uma reengenharia antropofágica. Não acredite que seja absurdo um gerente parecer menos indispensável do que a senhora do cafezinho. Há muitos gerentes que não "entregam" nada. É claro que pode haver uma grande injustiça aqui: muitas funções, por suas próprias características, consistem em manter a máquina funcionando, zelar pelas rotinas, processos e procedimentos. O "produto" é não haver problemas. Isso é verdade, e é uma armadilha que pode colocá-lo na mesa dos canibais corporativos. Trate de mostrar resultados, sirva "um cafezinho" todos os dias, seja qual for o caráter de sua função. Você precisa agir e tornar visíveis suas ações -- vale aqui o ditado de que a pessoa precisa ser técnica e também pirotécnica. Não fique tranquilo achando que está fazendo tudo direito. Uma das lições da historinha acima é que a percepção dos outros é fundamental para sua sobrevivência: ser notado e considerado indispensável. Sua função é de "rotinas"? Proponha inovações, encontre meios mais rápidos e eficazes de desempenhar as tarefas, gere economia e produtividade. Você já faz isso? Zele para que os resultados alcançados sejam creditados a você, não tenha medo de se expor. Aja sempre como se houvesse um canibal interessado em você. Porque provavelmente já há. Texto 5: AS DUAS PULGAS (Max Gehringer) Duas pulgas diretoras estavam conversando e então uma comentou com a outra: - Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas. Elas então decidiram contratar uma mosca para treinar todas as pulgas a voar e entraram num programa de treinamento de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra: - Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente. 4 Elas então contrataram uma abelha para lhes ensinar a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu. A primeira pulga explicou por quê: - Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez. E então um pernilongo lhes prestou treinamento para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos. Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar. Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha, que lhes perguntou: - Ué, vocês estão enormes! Fizeram plásticas? - Não, entramos num longo programa de treinamento. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento. - E por que é que estão com cara de famintas? - Isso é temporário. Já estamos fazendo treinamento com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar de modo a perceber, com antecedência, a vinda da pata do cachorro. E você? - Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia. Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer, e perguntaram à pulguinha: - Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em um programa de treinamento, em uma reengenharia? - Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora. - Mas o que as lesmas têm a ver com pulgas, quiseram saber as pulgonas. - Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali , quietinha, só observando o cachorro e então ela me disse: "Não mude nada. Apenas sente na nuca do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança." (Max Gehringer) Texto 6: MAIS AFETO NAS EMPRESAS (Simon M. Franco) Um ambiente agradável e de respeito às pessoas é fundamental para o bom desempenho de nossas atividades profissionais. Com a diminuição de níveis hierárquicos nas organizações, a redução do número de cargos de chefia e a necessidade de promoção de trabalho em equipe, as relações humanas passaram a ser cada vez mais valorizadas no mundo do trabalho. A hierarquia rígida está sendo substituída pela cooperação e pela colaboração. Há, com isso, mais "calor humano" dentro das organizações. O resultado dessa mudança, mesmo com todo o avanço existente, é uma armadilha: a confusão entre a esfera das relações privadas e a esfera do relacionamento profissional. Percebi isso na conversa com um executivo recém-demitido. "Eu não entendi o que aconteceu. O dono da empresa gostava de mim, os funcionários também gostavam de mim. Éramos quase uma família." Achar que formamos no trabalho quase uma família é o enunciado mais claro da confusão que mencionei. As necessidades da organização, as avaliações de desempenho, as metas ou mesmo a necessidade de renovação para oxigenar a empresa estão acima desses supostos vínculos quase familiares. 5 É um erro acreditar que o afeto e as ligações que regem a vida íntima possam valer para a vida profissional. Quando isso acontece, aliás, caímos numa falha ética, na forma de favorecimento a parentes ou a amigos. Bem, pesadas as coisas, conseguir um emprego ou um cargo em razão de ligações afetivas é algo tão problemático quanto acreditar que os vínculos afetivos que criamos com os companheiros de trabalho ou com nossos chefes é suficiente para garantir nosso emprego. A confusão entre essas esferas pode levar também - e frequentemente leva - ao pólo contrário: a transformação da vida íntima numa espécie de continuação da vida profissional. Isso acontece muito na relação com os filhos, por exemplo. O profissional que exige do filho que se torne um espelho do seu sucesso, ou que faz de tudo para o filho seguir os passos que ele mesmo seguiu, está tentando fazer da vida do filho um plano de carreira. Ora, filhos não são para ser promovidos, eles devem ser amados. E se pensarmos um pouco, veremos o quanto de atitudes empresariais acaba contaminando grande parte de nossas relações afetivas, que para muitos passam a ser vistas na forma de contratos com exigências recíprocas. Como disse no início, um ambiente agradável e humano é fundamental para o bom desempenho de nossas atividades profissionais, mas ele não perde nunca as características próprias. O executivo que me levou a essas reflexões não conseguia mais fazer essa distinção. Após conversarmos, ele foi aos poucos identificando as questões objetivas que o haviam levado à demissão -- entre elas, o acomodamento gerado pela sensação de estar em casa. A empresa não é uma família. A empresa não é um círculo de grandes amigos, embora possamos fazer muitas amizades verdadeiras no ambiente de trabalho. A empresa não é nossa casa. O clima mais humano do mundo do trabalho não deve nunca ser tomado por aquilo que ele não é, pois se fizermos isso o risco de decepção e mesmo de perda de foco profissional será muito grande. (Simon M. Franco, Edição 807 da Revista Exame) Texto 7: NÃO SEJA ADEQUADO (Simon Franco) A cena se repete. O profissional está num processo de seleção, no qual são exigidas diversas qualificações. Ele é aprovado, começa a trabalhar na empresa e descobre que nada do que foi exigido antes será usado no seu dia-a-dia. O exemplo clássico é o conhecimento delínguas estrangeiras. Muitas organizações exigem que o candidato a uma vaga saiba inglês ou espanhol, mas esses idiomas nunca são necessários na atividade para a qual ele é contratado. Esse tipo de situação gera desconforto. As empresas parecem querer pessoas superqualificadas para desempenhar funções que não requerem grandes qualificações. Esse desconforto atinge todos os tipos de profissional. Os que têm as qualificações exigidas podem ficar frustrados ao perceber, após a contratação, que elas não eram indispensáveis. Os que não as têm reclamam do excesso de exigências. Afirmam que têm as competências necessárias para a vaga em disputa, mas são injustamente afastados de qualquer chance. Para desfazer essa ambiguidade, é preciso que tenhamos consciência de que a 6 avaliação de um candidato não se restringe mais às habilidades específicas do cargo ocupado. Um profissional que domina uma língua estrangeira, tem pós-graduação ou possui especializações é sempre mais valorizado, mesmo que essa língua, pós-graduação ou especialização não tenham relação direta com seu trabalho. Isso porque esses conhecimentos, aparentemente excedentes, indicam que se trata de alguém com capacidade de aprendizado, interesse no autodesenvolvimento e maior amplitude de visão. O mesmo vale para quem já está empregado. É comum a queixa de subaproveitamento por parte de profissionais que sabem muitas coisas que não usam diretamente em seu trabalho. No entanto, se não possuíssem esse excedente de saber, essas pessoas provavelmente não estariam ocupando aquele cargo. É por saberem mais do que o necessário que elas se mantêm empregadas. Uma organização moderna precisa desses excedentes de saber. O profissional também. Essas reservas de conhecimento constituem uma energia potencial acumulada. É isso que permite à empresa reagir prontamente a novos cenários e a novos desafios, que surgem cada vez com mais frequência. Essa reflexão nos propõe um desafio. Qual é nosso tamanho, em relação ao cargo que ocupamos? Em quanto nós conseguimos exceder as exigências de nossa função atual? Ao contrário do que parece, se nós somos perfeitamente adequados, se preenchemos exatamente aquilo que é necessário, sem nenhuma sobra, já entramos perigosamente na região da insuficiência. Buscar a excelência - e, antes disso, a competitividade no mercado - significa possuir sempre mais habilidades do que o necessário, saber sempre mais do que o suficiente. Em outras palavras, ser sempre melhor do que o cargo que ocupamos, seja qual for o nível dentro da estrutura empresarial, pois os profissionais perfeitamente adequados nunca são lembrados para subir na carreira. São, também, mais facilmente substituíveis por outros profissionais igualmente conformados com os limites de seus cargos. (Revista EXAME, Edição 812) 7 CONTEÚDO E ATIVIDADES Um leitor proficiente é aquele que lê não só palavras, mas os sentidos veiculados por trás delas, nas camadas mais profundas do texto. Há vários tipos de palavras com esse tipo de "poder". Identificá-las é de suma importância para que se apreenda as "intenções" do dito. Eis alguns tipos: a) Verbos que indiquem: mudança, continuidade ou término b) Advérbios c) Uso do pronome “que” em orações subordinadas adjetivas 1. Observe a charge a seguir e interprete-a, considerando as informações implícitas: I) IMPLÍCITOS E SUBENTENDIDOS 8 2. Identifique as informações pressupostas nas frases abaixo: a) “Capital da Líbia volta a ser bombardeada”. b) “Estado do Rio registra primeiro caso de dengue tipo 4”. c) “Para Ronaldinho Gaúcho, proposta do Flamengo foi a melhor”. d) “Botafogo ainda não definiu treinador”. e) “Abel Braga volta a treinar o Fluminense”. f) “Vasco busca título inédito da Copa do Brasil”. 3. Identifique as informações subentendidas nas frases abaixo: a) “Você gostaria de ir ao cinema comigo qualquer dia?” (rapaz abordando uma moça numa festa) b) “Filho, leve o guarda-chuva” (mãe falando ao filho) 4. Sobre a frase “isso é tão simples que até uma mulher faz” responda: a) Qual a palavra que dá sentido machista à frase? b) É possível ter certeza de que a direção argumentativa do enunciador dessa frase é desfavorável às mulheres? 5. (ITA-2002) Leia o seguinte trecho com atenção: Iniciamos a jornada, uma jornada sentimental, seguindo as regras estabelecidas. Os cavalos pisavam tão macio, tão macio que parecia estarem calçados de sapatilhas. A rigor não pisavam. Faziam cafuné com as patas delicadas ao longo do caminho. O confronto das frases "Os cavalos pisavam" e "A rigor não pisavam" concretiza: a) um desmentido. b) uma indecisão. c) uma ironia. d) uma contradição. e) um reforço. 6: “Beber é mal, mas é muito bom.” (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.) a) O ponto de vista do autor sobre o ato de beber (álcool) está implícito no texto. Explique qual é esse ponto de vista. b) O ponto de vista do autor é expresso por um pressuposto ou por um subentendido? Explique. 7. A frase “a engenharia brasileira está agindo rápido para combater a crise de energia”, pode ser entendida literalmente? Justifique sua resposta. 9 8. (ITA-2002) Assinale a interpretação sugerida pelo seguinte trecho publicitário: Fotografe os bons momentos agora, porque depois vem o casamento. a) O casamento não merece fotografias. b) A felicidade após o casamento dispensa fotografias. c) Os compromissos assumidos no casamento limitam os momentos dignos de fotografia. d) O casamento é uma segunda etapa da vida que também deve ser registrada. e) O casamento é uma cerimônia que exige fotografias exclusivas. II) COESÃO A coesão nominal consiste na retomada ou na antecipação de palavras, expressões ou frases de um texto, evitando-se as repetições. Exemplo: Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito? E que assunto mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei. (In: Confissões, de Santo Agostinho) Principais mecanismos de coesão nominal a) Retomada ou antecipação por uma palavra gramatical (pronomes, verbos, numerais, advérbios) São muitos os mecanismos de coesão de nossa língua. Veja alguns: * pronomes demonstrativos (esse, aquele, esta...); * pronomes pessoais (ele/ela, o/a, lhe...); * pronomes possessivos (seu, sua, dele...); * pronomes relativos (que, cujo, onde...); * certos advérbios e locuções adverbiais (então, nesse momento, lá); * verbo fazer combinado com o pronome o. b) Retomada por uma palavra lexical (substantivos, verbos, adjetivos) Nesse caso, pode-se retomar um termo substituindo-o por um sinônimo ou por um hiperônimo. Observe o texto a seguir: 10 Aos 19 anos e com poucos meses como titular, Paulo Henrique Ganso tornou-se referência no Santos. Hoje, não dá para imaginar o time em campo sem a presença do meia. [...] Os números do jogador mostram o quanto ele é importante para o Peixe. (Trecho extraído de A Tribuna, 06/09/09) c) Elipse A elipse, ou apagamento de um termo da frase, que pode ser recuperado pelo contexto, é também um expediente de coesão. 1. Leia o parágrafo abaixo. Pareciauma miragem, mas o pescador africano Tomé Tavares, 59 anos, distinguiu no horizonte a silhueta de uma embarcação. Fazia 48 dias que o pescador africano Tomé Tavares [1] e o sobrinho do pescador africano Tomé Tavares [2], chamado Eusébio, de 23 anos, estavam à deriva no Oceano Atlântico, a bordo de um pequeno barco danificado (o nome do barco danificado que estava à deriva no Oceano Atlântico com o pescador africano Tomé Tavares e o sobrinho do pescador africano Tomé Tavares de nome Eusébio [3] era Celina), alimentando-se de carne de peixe e tomando água da chuva. Quando o pescador africano Tomé Tavares [4] distinguiu no horizonte a silhueta de um navio, o pescador africano Tomé Tavares [5] reuniu as forças que restavam ao pescador africano Tomé Tavares [6] e o pescador africano Tomé Tavares [7] quis dar um grito de socorro, mas não precisou dar um grito de socorro [8], porque o sobrinho do pescador africano Tomé Tavares [9] já gritava na direção do navio [10]. Reescreva o parágrafo evitando a repetição de cada uma das 10 expressões em negrito. A seguir, aparecem os recursos coesivos que você deverá utilizar para cada um dos itens destacados. [1] – pronome pessoal [6] – pronome pessoal oblíquo [2] – pronome possessivo [7] – elipse [3] – pronome relativo [8] – verbo “fazer” + pronome [4] – sobrenome do pescador [9] – nome do sobrinho [5] – elipse [10] – hiperônimo 2. Junte cada grupo de orações abaixo em um só período, eliminando redundâncias. a) A dramática aventura começou no dia 20 de dezembro. No dia 20 de dezembro os pescadores deixaram a aldeia. Os pescadores vivem numa aldeia situada em Cabo Verde. b) A Capitania dos Portos mobilizou uma campanha de auxílio aos visitantes. A Capitania dos Portos conseguiu roupas e sapatos para os visitantes. 11 c) Há duas correntes marítimas na região. Uma corrente marítima é a corrente marítima da Guiné. A corrente marítima da Guiné passa por Cabo Verde rumo ao sul. Outra corrente marítima é a corrente marítima Equatorial. A corrente marítima Equatorial cruza o oceano em direção ao litoral do Nordeste brasileiro. 3. Leia o texto a seguir e analise os elementos coesivos utilizados: O PORTUGUÊS PRECISA SER TREINADO O assunto de hoje é treinamento. Uma das preocupações das empresas – ou pelo menos das boas empresas – é garantir que seus funcionários estejam sempre atualizados. E uma das maiores consultorias do mundo, a PricewaterhouseCoopers, é um belo exemplo dessa preocupação com a atualização. Em seus escritórios no Brasil, Price constatou que seus novos contratados precisavam se aperfeiçoar em um idioma... o português. Do total de horas de treinamento por que passavam os novos contratados da Price, quase 10% são dedicadas a aulas de português. Pode parecer surpreendente, mas naquelas avaliações iniciais da Price tem ficado claro que os jovens brasileiros estão muito mais preocupados em aprender inglês – o que é bom – do que em aprender português – o que é uma obrigação. Com a chegada do correio eletrônico nas empresas, e com ele a necessidade dos profissionais se comunicarem uns com os outros diretamente e sem interferência da secretária que, antes, redigia os memorandos em papel, a deficiência em escrever corretamente em português ficou mais evidente. E não é aquele português erudito, que só os bacharéis entendem. São as coisas bem básicas, dos tempos do Ensino Fundamental, como concordância verbal, grafia e acentuação. Eu conheço muitas empresas que estão pagando curso de inglês ou espanhol para seus funcionários. Mas são raríssimas as que pagam cursos de português. Aí, acontece o que aconteceu num recente teste escrito de uma empresa. Nele, foi constatado que, de cada dez candidatos com curso superior que discorreram sobre o tema “ascensão profissional”, nove não sabiam soletrar a palavra “ascensão”. E cinco responderam à questão “como você pretende ascender na sua vida profissional?” mencionando fósforos e isqueiros. (Gehringuer, Max. O melhor de Max Geheringuer na CBN vol 1. São Paulo, Globo, 2006, p. 137.) 12 III) PRODUÇÃO TEXTUAL 1. As orações abaixo foram retiradas de redações construídas por alunos e apresentam graves inadequações, quanto ao sentido. Reorganize os fragmentos, de modo a formar períodos coesos, coerentes e sem repetições. a) No Brasil há uma grande diferença social. Os negros são mais afetados. b) Devido a essa dependência da máquina. Havendo a necessidade de libertar-se da mesma. c) O preconceito racial há muito faz parte de nosso cotidiano. Sendo que os donos do dinheiro são brancos até hoje. d) Há quem se importe tanto com a vida alheia. Onde se esquece da próxima. e) O fato do homem moderno voltar-se exclusivamente ao acúmulo de bens materiais. Esquecendo-se do que alimenta o espírito. 2. Leia os trechos abaixo com atenção e redija mais dois períodos em cada um deles. Atente para não fugir do assunto, dando um caráter de continuidade à ideia já iniciada. a) Ao contrário de algumas teses predominantes até bem pouco tempo, a maioria das sociedades de hoje já começam a reconhecer a não existência de distinção alguma entre homens e mulheres. Não há diferença de caráter intelectual ou de qualquer outro tipo que permita considerar aqueles superiores a estas. b) Grave problema presente no Brasil é o baixo nível cultural da população devido à falta de leitura de boa qualidade. Segundo o Pisa (Programa internacional de avaliação de alunos), que verifica a capacidade de leitura do jovem, dentre os 32 países envolvidos na pesquisa de 2001, o nosso ficou com a última colocação. Um dos fatores que provocam a falta de domínio da leitura na avaliação brasileira é a escassez de livrarias: apenas uma para cada 84,4 mil habitantes. Porém, essa não é a única razão: c) É consenso que o Brasil é um país com muitas leis, algumas das quais de reconhecido mérito, mesmo se comparadas às do Primeiro Mundo. Assim, a causa de muitos problemas não é a falta de leis, mas a resistência às normas, que são facilmente dribladas com o famoso jeitinho brasileiro. d) O desperdício é apontado por órgãos das Nações Unidas como um dos principais inimigos a serem combatidos. A maioria da população não dá o mínimo valor para o líquido da vida. 13 3. Encontre uma causa e uma consequência relacionadas a cada proposição abaixo. Com essas ideias, construa parágrafos dissertativos: a) O Brasil tem enfrentado graves problemas na área de saúde e previdência públicas. b) A campanha contra a miséria e a fome está mobilizando toda a nação. c) A precariedade do sistema de transportes, nos grandes centros urbanos, atinge a camada mais carente da população. d) O alto índice de mortalidade infantil ainda é notável em regiões de seca e de miséria, especialmente no nordeste brasileiro. 4. Atentando à coerência do texto, organize os parágrafos na sequência correta. Na linguagem oral o falante tem claro com quem fala e em que contexto. O conhecimento da situação facilita a produção oral. Nela o interlocutor, presente fisicamente, é ativo, tendo possibilidade de intervir, de pedir esclarecimentos, ou até de mudar o curso da conversação. O falante pode ainda recorrer a recursos que não são propriamente linguísticos, como gestos ou expressões faciais. Na linguagem escrita a falta desses elementos extratextuais precisa ser suprimida pelo texto, que se deve organizar de forma a garantir a sua inteligibilidade. (___ parágrafo) Para que esse discurso seja bem-sucedido deve constituir um todo significativo e não fragmentos isolados justapostos. No interior de um texto devem existirelementos que estabeleçam uma ligação entre as partes, isto é, elos significativos que confiram coesão ao discurso. Considera-se coeso o texto que as partes referem-se mutuamente, só fazendo sentido quando consideradas em relação umas com as outras. (___ parágrafo) Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos. O fato de um texto escrito não ser satisfatório não significa que seu produtor tenha dificuldades quanto ao manejo da linguagem cotidiana e sim que não domina os recursos específicos da modalidade escrita. (___ parágrafo) A luta que os alunos enfrentam com relação à produção de textos escritos é muito especial. Em geral, eles não apresentam dificuldades em se expressar através da fala coloquial. Os problemas começam a surgir quando esse aluno tem necessidade de se expressar formalmente e se agravam no momento de produzir um texto escrito. Nesta última situação, ele deve ter claro que há diferenças marcantes entre falar e escrever. (___ parágrafo) 14 A escrita tem normas próprias, tais como regras de ortografia – que evidentemente, não é marcada na fala -, de pontuação, de concordância, de uso de tempos verbais. Entretanto, a simples utilização de tais regras e de outros recursos da norma culta não garante o sucesso de um texto escrito. Não basta, também saber que escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se com a constituição de um discurso, entendido aqui como um ato de linguagem que representa uma intenção entre o produtor do texto e o seu receptor; além disso, é preciso ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade para a qual o texto foi produzido. (___ parágrafo) 5. Na coluna “O que eles estão lendo” (Caderno Idéias, 21/08/99), entrevistam-se profissionais de diversas áreas, pedindo-se que indiquem suas últimas leituras. Ao ser entrevistada recentemente, a coreógrafa Regina Miranda forneceu informações que podem ser resumidas nos seguintes itens: * Está preparando um novo trabalho com a sua companhia * Em função do novo trabalho, está lendo poemas de Jalaleddin Rumi * Jalaleddin Rumi é um poeta persa que viveu no século XIII * Jalaleddin Rumi é considerado o maior poeta místico de toda a tradição muçulmana * Jalaleddin Rumi pode ser comparado com Shakespeare e Dante * Está lendo não só poemas de Jalaleddin, mas também todo o material que conseguiu sobre ele. Articule todas essas informações em um texto de, no máximo, três períodos. Atente à coesão. 6. O trecho abaixo, extraído da seção de Esportes, apresenta problemas de estruturação. Reescreva-o de modo a eliminar tais problemas. O técnico Carlinhos admira Fábio Baiano, a quem conhece-o desde garoto que o treinou nas categorias de base. (31/08/99) 7. Na coluna Língua Viva (22/08/99), o professor Sérgio Duarte chama nossa atenção para a possibilidade de variação interpretativa de enunciados em função do uso do acento grave. Explique como isso se dá nos enunciados abaixo. - Veio à noite de mansinho e encontrou-o dormindo. - Veio a noite de mansinho e encontrou-o dormindo. 15 1. Use, nas orações abaixo, o acento grave, quando necessário. a) O plano dos bandidos saiu [as] avessas. b) Não chegaram [a] saber quem era [a] autoridade. c) Encontramos os barcos [as] margens da lagoa. d) Não fui [aquela] farmácia. e) Encontrei-o [a] porta de minha casa. f) [A] noite, se reuniam para ouvi-lo. g) Sua aversão [a] estrangeiros era censurada. h) [As] dez e meia todos dormiam. i) Você vai [a] aula hoje? j) Não desobedeça [a] ninguém. k) Os meninos chegaram [a] uma hora. l) Ela foi [a] Paraíba. m) A meia-noite, os fantasmas aparecem. n) Ele não se prendia [a] nenhuma garota. o) Iremos [a] Porto Alegre. p) As notas já foram devolvidas [a] gerência. q) Compareceu [a] prova indisposto. r) Fez [a] prova indisposto. s) Sua atitude agradou [a] maioria. t) Permaneço fiel [a] minhas amizades. u) Aderi logo [a] proposta que me fez. v) Tomou o remédio gota [a] gota. x) Ele chegou [a] essa região há anos. z) Remeti [a] senhorita o lenço. 2. Complete as orações abaixo com POR QUE, POR QUÊ, PORQUE ou PORQUÊ: a) Quero saber ** estou assim. b) Só eu sei as esquinas ** passei. c) ** você está tão aborrecida? d) Não vais à aula **? e) Reagi à ofensa ** não sou covarde. f) Ignora-se o ** da sua renúncia. IV) ASPECTOS GRAMATICAIS 16 g) São ásperos os caminhos ** passei. h) Não saí de casa, ** estava doente. i) Não foi ao baile, ** não tinha roupa. j) Quero saber ** não me disse a verdade. k) Quero saber ** foste reprovado. l) ** os países vivem em guerra? m) Quero saber o ** de sua decisão. n) **sinais o reconheceram? o) Não sei ** motivo ele deixou o emprego. p) Ele não viajou**? q) Ester é a mulher ** vivo. r) Eis ** o trânsito está congestionado. s) Ele viajou ** foi chamado para a reunião. t) Ele deve estar em casa ** a luz está acesa. u) ** você não vai ao cinema? v) Aquele é o moço ** ela se apaixonou. x) A professora quer um ** para tudo isso. y) Você é a favor ou contra? **? w) A chance ** esperava é essa. z) Paulo não veio à aula ** não tem caderno. 3. Complete as lacunas com MAU ou MAL, corretamente: a) O aluno ……......... vai …............ na prova. b) Mas que sapato .........…… feito! c) O lobo ......….. foi ….......… educado. d) Ela foi …........ em todas as provas. e) Procure nunca fazer o …....…., para não se tornar um ....….. homem. 4. Complete com A ou HÁ: a) O livro chegou ….... um mês? b) ….... dias ele está viajando? c) Partirei daqui ….... uma semana. d) Não tiro férias ........... muito tempo. e) Daqui ...….. três dias, verei um amigo que conheço …..... vinte anos. 17 5. Utilize ONDE ou AONDE, nas orações abaixo: a) Não sei mais ….....…. te procurar. b) Já fui diversas vezes ao lugar ….......…. você irá. c) …........… estou? d) .......…… você quer chegar? e) …........… você estava? f) ….........… você irá? g) ….......… você mora? h) ….....… você reside? i) Esta é a casa ……....... moro. j) Aquela é a escola …........… irei. 6. Faça a concordância correta, selecionando um dos termos entre parênteses: a) Tenho [bastante / bastantes] razões para julgá-lo. b) Viveram situações [bastante / bastantes] tensas. c) Estavam [bastante / bastantes] preocupados. d) Acolheu-me com palavras [meio / meias] tortas. e) Seguem [anexa /anexas] as faturas. f) É [proibido / proibida] conversas no recinto. g) Hoje temos [menas / menos] lições. h) Água é [boa / bom] para rejuvenescer. i) Ela caiu e ficou [meio / meia] tonta. j) As duplicatas [anexa / anexas] já foram resgatadas. k) Quando cheguei era meio-dia e [meia / meio]. l) A lealdade é [necessária / necessário]. m) As meninas me disseram [obrigada / obrigadas]. n) A porta ficou [meia / meio] aberta. o) É [permitido / permitida] entrada de crianças. p) É [necessário / necessária] muita fé. q) É [necessário / necessária] a ação da polícia. r) É [necessário / necessária] a ação da polícia. s) A maçã é [boa / bom] para os dentes. t) A sala tinha [bastante / bastantes] carteiras. 18 1. Leia os fragmentos abaixo e identifique que função da linguagem cada um deles apresenta. a) “Eu nunca sonhei com você Nunca fui ao cinema Não gosto de samba Não vou a Ipanema Não gosto de chuva Nem gosto de sol” (Tom Jobim) b) Prevenção contra assaltos - Como os assaltos crescem dia a dia, não podendo contê- los, a PM, sabiamente, dá conselhos aos cidadãos para serem menos assaltados: I. Não demonstre que carrega muito dinheiro. II. Jamais deixe objetos á vista, dentro do carro. III. Levante todos os vidros, mesmo em movimento. IV. Não deixe documentos no veículo (...) Depois de ler com extrema atenção estas instruções oficiais, acrescento as minhas, ou melhor, resumo: I. Não saia de casa. II. Se possível, não saia do quarto. III. De preferência não saia do cofre. (MillôrFernandes) c) “Comunicação – Uma das principais funções da linguagem humana pela qual os homens entram em contato entre si, para mútua compreensão. Há vários códigos de comunicação, pois tudo a que se pode atribuir significações (cores, gestos, desenhos, etc.) pode ser usado para comunicação. A linguagem é apenas um desses códigos.” (Francisco da Silva Borba) d) “Anuncie nas listas telefônicas oficiais.” e) “ – Bem – disse o rapaz. - Bem – respondeu ela. - Bem, cá estamos – disse ele. - Cá estamos – confirmou ela, não estamos? - Pois estamos mesmo – disse ele. Cá estamos.” (Roman Jakobson) V) FUNÇÕES DA LINGUAGEM 19 f) “Escrever é uma técnica e, como tal, pode ser ensinada e, claro, pode ser apreendida por quem quiser. Também é uma arte, mas isto é outra história. Há vários métodos de ensinar a técnica de escrever. O mais comum, ou o mais aceito é o que elimina qualquer noção de gramática. Não há razão para impor regra, nem lei. Tudo se pode ignorar. Ninguém precisa saber análise léxica ou sintática.” (Otto Lara Resende) g) “Algumas pesquisas de sociólogos americanos, realizadas desde a década de 50, confirmam que, mesmo nos Estados Unidos, o filho do operário estuda para ser o operário que acaba sendo, e o filho do médico para ser médico ou engenheiro.” (Carlos Rodrigues Brandão) h) “Para os governantes, as crianças e os jovens são preocupação de campanhas eleitorais. Sistematicamente, os candidatos são ferozes na crítica e pródigos nas promessas. Mas depois de eleitos, com raras exceções, desembocam em irrecorríveis fracassos.” (Antônio Ermírio de Moraes) i) “Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras Á sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!” (Casimiro de Abreu) j) "O risco maior que as instituições republicanas hoje correm não é o de se romperem, ou serem rompidas, mas o de não funcionarem e de desmoralizarem de vez, paralisadas pela sem-vergonhice, pelo hábito covarde de acomodação e da complacência. Diante do povo, diante do mundo e diante de nós mesmos (...)." (O Estado de São Paulo) k) Para fins de linguagem, a humanidade se serve, desde os tempos pré-históricos, de sons a que se dá o nome genérico de voz, determinados pela corrente de ar expelida dos pulmões no fenômeno vital da respiração, quando, de uma ou outra maneira, é modificada no seu trajeto até a parte exterior da boca." (Matoso C. Jr.) l) "Fique afinado com seu tempo. Mude para Col. Ultra Lights." 20 m) "Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo desejava que um grito me anunciasse qualquer acontecimento extraordinário. Aquele silêncio, aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui-me, desci os degraus e fui espalhar no quintal os fios da gravata. Seria tudo ilusão?... Estava doente, ia piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o pensamento embaralhar-se longe daquelas porcarias. Senti uma sede horrível... Quis ver-me no espelho. Tive preguiça, fiquei pregado à janela, olhando as pernas dos transeuntes." (Graciliano Ramos) n) " - Que quer dizer pitosga? - Pitosga significa míope. - E o que é míope? - Míope é o que vê pouco." o) "O homem letrado e a criança eletrônica não mais têm linguagem comum." (Rose-Marie Muraro) p) Com Natal próximo, importações batem recorde em setembro. Média diária de importações de US$ 844 milhões é a maior desde 2003. Saldo comercial soma US$ 1,09 bi em setembro e US$ 12,77 bi no ano. q) "Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.” r) Às vezes a saudade deita ao meu lado na cama, e eu sinto o seu peso no meu ombro. Às vezes ela caminha comigo ao meu lado, sorri para mim quando passo em frente de determinados lugares. Ela sempre, sempre, puxa a manga da minha camisa e me aponta o outro lado da rua quando estou indo para o trabalho, indo para o futebol, indo para o shopping ler – há uma rua onde a saudade está sempre na esquina, me pedindo carona. Tentando fugir, fui à praia caminhar, final de tarde. A saudade sentou ao meu lado, estendeu uma toalha branca, me serviu uma taça de vinho e deitou a cabeça no meu colo. (Steller de Paula) 21 1. (UNICAMP-90) — A notícia e o comentário a seguir deixam claro que nem sempre podemos nos limitar à interpretação literal (isto é, “ao pé da letra”) das palavras: Demora O Ministério da Saúde calcula que em janeiro já poderá deflagrar o programa emergencial de saúde para os ianomanis, em Rondônia. Até lá os mosquitos transmissores da malária estão proibidos de picar os índios. (Folha de S. Paulo, “Painel”) a) Identifique e transcreva a passagem que, no texto, não deve ser interpretada literalmente. b) Explique por que a inclusão dessa passagem deixa clara a posição crítica e irônica do jornal com relação aos prazos propostos pelo Ministério da Saúde para começar a resolver o problema da malária entre os índios. 2. Observe a frase que segue: “Ministro falará da crise no Canal 17”. A frase é ambígua. Responda: a) Qual termo produz a ambiguidade do trecho? b) Reescreva duas interpretações possíveis para o trecho. 3. É correto afirmar que os textos “a” e “b”, a seguir, podem ser entendidos de maneira diferente da que pretendiam seus redatores? Justifique sua resposta separadamente para cada um dos textos. Texto a: Alguns sonhos não mudam. Quer dizer, só de tamanho. (Propaganda de uma instituição bancária) Texto b: A chuva tirou tudo o que eles tinham. Agora vamos dar o mínimo que eles precisam. (Campanha feita por estabelecimentos comerciais em prol de vítimas de enchente) 4. UNICAMP- O comentário a seguir faz parte de uma reportagem sobre o decreto assinado pelo presidente José Sarney, tornado eliminatórios, no vestibular, os exames de língua portuguesa e de redação: Os estudantes que pretendem ingressar na Unicamp, no próximo vestibular, concordam com o decreto do governo. Estão reclamando, apenas, que a Universidade de Campinas está exigindo a leitura de um livro que entrará no exame inexistente no Brasil: A confissão de Lúcio, Mário de Sá Carneiro. (Isto É, nº 991, 14/9/88) VI) INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 22 Conforme redigido, o texto contém uma passagem ambígua (que pode ter mais de uma interpretação). Identifique essa passagem, transcreva-a e explique por que ela é ambígua. Em seguida, reescreva-a, de forma a tornar clara a interpretação pretendida pela revista. 5. ( UEL PR Adaptada ) Os textos das disciplinas escolares são redigidos, na sua maioria, em linguagem referencial: predominantemente textos informativos. Assim, saber interpretá-los é condição para se ter acesso a informações importantes da cultura em geral. Leia atentamente o texto abaixo e, em seguida, escreva qual é a idéia central, em no máximo quatro linhas. “No século V a.C., o grego Hipócrates, considerado o pai da Medicina, refutou seus pares, que preconizavam os benefícios do ópio e da mandrágora para aliviar a dor de cabeça ou reduzir a febre. Convidou-os a tomar uma infusão até então desconhecida: o chá de casca de salgueiro branco ( Salix alba). Com a decadência da Grécia Clássica, o conhecimento das propriedades curativas daquela planta perdeu-se no tempo. Os romanos combatiam suas enxaquecas com sangrias e sanguessugas; na América pré- colombiana, os incas e os astecas colocavam rodelas de batata crua na testa. A humanidade teve de aguardar até 1763, quando o pastor inglês Howard Stone redescobriu que o extrato de casca de salgueiroreduzia a febre. Realizou testes com 50 de seus fiéis e apresentou um relatório detalhado à sociedade medicina britânica. Entre as contra-indicações do novo medicamento, Stone destacava sua elevada agressividade: o ácido salicílico atacava os fluidos gástricos, provocando ardor estomacal e até úlceras.” 6. Leia o texto abaixo e, a seguir, identifique e explique os elementos que causam humor. BICHO GRAMÁTICO Vicente Matheus (1908-1997) foi um dos personagens mais controversos do futebol brasileiro. Esteve à frente do paulista Corinthians em várias ocasiões entre 1959 e 1990. Voluntarioso e falastrão, o uso que fazia da língua portuguesa nem sempre era aquele reconhecido pelos livros. Uma vez, querendo deixar bem claro que o craque do Timão não seria vendido ou emprestado para outro clube, afirmou que “o Sócrates é invendável e imprestável”. Em outro momento, exaltando a versatilidade dos atletas, criou uma pérola da linguística e da zoologia: “Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático”. (Adaptado de Revista de História da Biblioteca Nacional, jul. 2011, p. 85. 23 VII) PARÁFRASE, RESUMO E RESENHA * descrever * narrar * relatar * explicar * expor * comprovar * provar * defender a tese * argumentar * dar argumentos * justificar * dar justificativa * apresentar * mostrar * tratar de * abordar * discorrer * esclarecer * convidar * sugerir * incitar * levar a RESUMO Lista de verbos utilizados para indicar diferentes atos do autor do texto resumido. * apontar * definir * descrever * elencar * enumerar * classificar * caracterizar * dar características * exemplificar * dar exemplos * contrapor * confrontar * comparar * opor * diferenciar * começar * iniciar * introduzir * desenvolver * finalizar * terminar * concluir * acreditar * pensar * julgar * afirmar * negar * questionar * criticar 24 Exemplo: Texto original: Um amigo me disse: - Não guarde nada para uma ocasião especial. Cada dia que se vive é uma ocasião especial. Ainda estou pensando nestas palavras... já mudaram minha vida. Agora estou lendo mais e limpando menos. Sento-me no terraço e admiro a vista sem preocupar-me com as pragas. Passo mais tempo com minha família e menostempo no trabalho. Compreendi que a vida deve ser uma fonte de experiências a desfrutar, não para sobreviver. Já não guardo nada. Uso meus copos de cristal todos os dias. Coloco uma roupa nova para ir ao supermercado, se me dá vontade. Já não guardo meu melhor perfume para ocasiões especiais, uso-o quando tenho vontade. Resumo: O autor relata o que um amigo lhe disse, sobre todos os dias serem circunstâncias singulares e mostra como as palavras desse amigo influenciaram sua vida, elencando diversas ações de seu cotidiano que ele realiza de forma diferente, aproveitando mais sua existência e usufruindo das coisas ao seu redor. 1) Utilizando alguns dos verbos sugeridos na lista anterior, resuma o texto a seguir: Em 1948 e em 1976, as Nações Unidas proclamaram extensas listas de direitos humanos, mas a imensa maioria da humanidade só tem o direito de ver, ouvir e calar. Que tal começarmos a exercer o jamais proclamado direito de sonhar? Que tal delirarmos um pouquinho? Vamos fixar o olhar num ponto além da infâmia para adivinhar outro mundo possível: - o ar estará livre do veneno que não vier dos medos humanos e das humanas paixões; - nas ruas, os automóveis serão esmagados pelos cães; -as pessoas não serão dirigidas pelos automóveis, nem programadas pelo computador, nem compradas pelo supermercado e nem olhadas pelo televisor. (Eduardo Galeano, Fórum Social Mundial 2001. Caros Amigos 01/2000) 25 2) Leia a resenha a seguir, sobre o documentário “Lixo Extraordinário” e perceba os elementos que a compõe. Direção: Lucy Walker, Codireção: João Jardim, Karen Harley Produção: Angus Aynsley, Hank Levine Coprodução: Peter Martin Produção Executiva: Fernando Meirelles, Miel de Botton Aynsley, Andrea Barata Ribeiro, Jackie de Botton Música: Moby Edição: Pedro Kos Direção de Fotografia: Dudu Miranda Codireção de Fotografia: Heloisa Passos, Aaron Phillips Mixagem de Som: Aloysio Compasso, José Lozeiro Duração: 99 minutos Classificação: Livre Filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo inicial de retratá-los. No entanto, o trabalho com esses personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugeridos a reimaginar suas vidas fora daquele ambiente. A equipe tem acesso a todo o processo e, no final, revela o poder transformador da arte e da alquimia do espírito humano. É um documentário tocante. A sensibilidade do artista em expressar sua arte, mas sobretudo em expressar humanidade através dela, sem dúvida alguma é o marco do sucesso dessa história. Vick Muniz, hoje um respeitadíssimo artista plástico, conta sua saga e mostra-se um homem digno de todo o sucesso adquirido. A repercussão de Lixo Extraordinário é fruto do choque de classes e de cultura que se pode encontrar em meio a um aterro. Os personagens nos levam das lágrimas ao riso, da admiração à estaticidade. Embora o resultado final desse trabalho que perdurou por mais de dois anos seja fantástico, mais fantástica ainda foi a construção de tudo isso. O fato de essas pessoas juntarem todo o material com outro olhar, de produzir cada centímetro do gigantesco quadro por fim fotografado pelo artista, demonstra que eles também o são, e à medida que construíam sua marca, reconstruíam-se como gente. 26 Os depoimentos emocionam, assim como a condição de cada um e as palavras de sabedoria com que proferem seu destino. Um dos fatos marcantes, entre tantos outros, é o impasse que surge entre deixar ou não que as pessoas saíssem daquele lugar, pois seria algo temporário, uma vez que depois voltariam para o lixo. O artista Vick Muniz questiona essa negação e diz que, se ele estivesse naquele lugar e lhe propusessem uma viagem, ainda que temporária, para um lugar melhor, que o fizesse vislumbrar algo diferente, ele iria. Recomendo a todos que acreditam que a natureza se transforma, que a arte é bela, que o ser humano é capaz de ser bonito, sim. Recomendo a todos, pois a sensibilidade é linda, e saber o que fazer com ela, mais lindo ainda. (Disponível em: <http://aresenhadofilme.blogspot.com/2012/03/lixo-extraordinario.html.>) 27
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