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TCC EDUCAO FISICA 2019

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TREINAMENTO DE FORÇA NO TRATAMENTO DA CONDROMALÁCIA PATELAR
Diogenis Lima 
Edcarlos Vaz
Liliane ramos 
Marcelo Galvão
Luciano Ferreira
 
Tutor: 
Matheus Dionísio 
RESUMO
Paper apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Prática Interdisciplinar Aptidão Física e Saúde, no curso de Bacharelado em Educação Física, da Faculdade Uniasselvi, que tem como tema Treinamento de Força no tratamento da Condromalácia Patelar. O objetivo geral é analisar como o treinamento de força pode auxiliar no tratamento da condromalácia patelar, tendo como objetivos específicos conhecer as bases teóricas do treinamento de força e da condromalácia patelar, compreender como o treinamento de força pode colaborar no tratamento da condromalácia patelar e analisar as possibilidades e limites de intervenção do treinamento de força na condromalácia patelar. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica a partir de materiais já elaborados, constituídos principalmente de artigos e livros, sendo realizada uma análise qualitativa visando compreender e interpretar a realidade, que comprovam que o treinamento de força pode trazer resultados positivos no tratamento da condromalácia desde que realizado de maneira eficiente de acordo ao preconizado pelos estudos científicos.
Palavras-chave: Treinamento de Força; Condromalácia; Reabilitação.
INTRODUÇÃO
A condromalácia é uma patologia crônica e degenerativa que ocorre na cartilagem articular da patela causando o seu amolecimento em resposta ao atrito excessivo entre o fêmur e a patela. As causas dessa síndrome são multifatoriais e podem variar desde o desequilíbrio do líquido sinovial, ao mau alinhamento da patela, o encurtamento dos isquiotibiais, semitendinoso, semimembranoso e bíceps femoral, alterações ilíacas e até a lesões esportivas. Trata-se de uma lesão que possui diferentes níveis ou graus, muito comum nos dias atuais, sendo bastante comum entre mulheres e obesos, não quer dizer que homens não possam vim adquirir essa patologia. Para que o indivíduo não venha obter essa limitação na sua capsula articular do joelho é fundamental a prática de atividades ou exercícios físicos onde será liberado o líquido sinovial que ajudará na lubrificação da mesma.
O treinamento de força no tratamento da condromalácia vem sendo bastante pesquisado devido ao número expressivo de indivíduos que desencadeiam essa patologia.
Normalmente o tratamento para condromalácia é o treinamento moderado e dificilmente reverterá o quadro de lesão da cartilagem. No entanto, ocorrerá diminuição das dores devido ao fortalecimento dos músculos durante a prática do treinamento de força ocasionando melhoras do joelho. O tratamento conservador consiste na correção do “mau alinhamento” da patela através de programas de fortalecimento para os estabilizadores dinâmicos da patela. Muitos pesquisadores buscam o recrutamento seletivo do vasto medial oblíquo, com o intuito de otimizar o tratamento (MONNERAT et al, 2010).
O objetivo principal desta pesquisa é analisar como o treinamento de força pode auxiliar no tratamento da condromalácia patelar, tendo como objetivos específicos conhecer as bases teóricas do treinamento de força e da condromalácia patelar; compreender como o treinamento de força pode colaborar no tratamento da condromalácia patelar e analisar as possibilidades e limites de intervenção do treinamento de força na condromalácia patelar.
A realização deste trabalho é em vista de apontar os fatores comuns identificados em vários estudos dessa análise, objetivando com isso pontuar os principais fatores que confirmam a eficácia do treinamento de força no tratamento de pessoas com condromalácia.
Este estudo se justifica pelo crescente número de indivíduos acometidos por condromalácia patelar e com isso a necessidade de aprofundar reflexões quanto à aplicabilidade do treinamento de força no tratamento da condromalácia em consonância com o grau da lesão. Além disso, avaliar e compreender a importância do profissional de Educação Física nesse contexto, sendo ele o
responsável por elaborar o protocolo de treino mais adequado à necessidade do aluno de acordo a uma anamnese prévia, diagnóstico específico e o que preconiza a literatura científica.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O treinamento de força também conhecido como treinamento resistido, treinamento com pesos ou musculação, no decorrer do tempo tornou-se umas das atividades mais populares na busca pela melhora da aptidão física. Por este motivo, vem crescendo cada vez mais o número de salas de treino resistido em academias e condomínios.
 Segundo Fleck et al (2014, p1), os termos treinamento de força, treinamento com pesos e treinamento resistido são todos utilizados para descrever um tipo de exercício que exige que a musculatura corporal se movimente (ou tente se movimentar) contra uma força oposta, geralmente exercida por algum tipo de equipamento.
Para Correa et al (2011, p44), o treinamento de força tradicional (TFT) é o tipo de treinamento que utiliza máquinas e pesos livre com velocidade controlada de contração tanto excêntrica quanto concêntrica. Tem como objetivo aumentar a força máxima e espessura muscular.
Observa-se que o treinamento de força abrange uma ampla variedade de modalidades de treinamento, incluindo exercícios corporais com pesos, uso de tiras elásticas, pliométricos, etc.
O treinamento de força requer que o organismo seja exposto a uma carga de treino ou estresse de trabalho com intensidade, duração e frequência suficientes para atingir o efeito desejado (ASTRAND et al, 2006, p.281). Para tanto, existem alguns princípios que devem ser levados em consideração.
Gentil (2008, p.13) lista os princípios aplicados ao treinamento de força como sendo o da adaptação, continuidade, especificidade, individualidade e sobrecarga. Todos estes são fundamentais para o alcance do resultado, porém os que envolvem diretamente a elaboração de um treinamento de força é a adaptação, ligada ao princípio da sobrecarga e respeitando a individualidade da pessoa a ser treinada.
O treinamento de força vem sendo muito utilizado no tratamento da condromalácia patelar, tendo como objetivo o fortalecimento muscular do joelho e melhora da sua função.
Condromalácia, também chamada de condropatia patelar, é um desgaste da articulação do joelho que geralmente tem cura e manifesta-se através de sintomas como dor profunda no joelho e à
volta da rótula ao realizar determinados movimentos, cujo tratamento é feito com anti- inflamatórios, exercícios, fisioterapia e em alguns casos, cirurgia (PINHEIRO, 2018).
PINHEIRO (2018) destaca que a condromalácia patelar é causada especialmente pelo enfraquecimento do músculo quadríceps, localizado na parte da frente da coxa e pelo formato do joelho do indivíduo ou pelo posicionamento do seu pé. Estas condições quando associadas ao excesso de peso e ao esforço repetitivo são os maiores causadores da doença.
[...] As causas de condromalácia incluem instabilidade, trauma direto, fratura, subluxação patelar, aumento do ângulo do quadríceps (ângulo Q), músculo vasto medial ineficiente, mau alinhamento pós-traumático, síndrome da pressão lateral excessiva e lesão do ligamento cruzado posterior (FREIRE et al, 2006).
Os estudos apontam que não há consenso sobre as possíveis causa da condromalácia patelar, mas acreditam que certas atitudes, como estresse repetitivo das articulações do joelho (quando se pratica esportes de corrida ou saltos, por exemplo), podem favorecer o seu aparecimento. Também pode estar relacionada a uma condição muscular fraca na região do joelho e quadril, ou a um trauma no local, como uma fratura ou deslocação.
Campos e Silva (2010) evidenciaram a melhora de pacientes com instabilidade, através da utilização da técnica de exercícios terapêuticos, considerando a força muscular, a amplitude de movimento, a diminuição dos sinais e sintomas e melhora do estado funcional
do paciente uma vez realizado o fortalecimento de toda musculatura do quadríceps femoral.
O fortalecimento muscular, associado aos alongamentos estáticos incluídos no protocolo de exercícios, é caracterizado como uma associação segura ao fortalecimento e estabilização articular. No alongamento estático uma força relativamente constante é aplicada vagarosa e gradualmente até um ponto tolerado pelo paciente, de modo que evite o estiramento muscular (KISNER; COLBY, 2010).
Para a conduta com as técnicas de exercícios terapêuticos, propõe-se a utilização de alongamentos dos músculos dos membros inferiores (tríceps sural, quadríceps femoral, isquiotibiais, adutores e abdutores). Já que ocorre o encurtamento destes, tende a aumentar a pressão sobre a femoropatelar, podendo causar dor, e, no caso dos isquiotibiais e gastrocnêmicos, tracionam mecanicamente a tíbia pela porção posterior que exerce contra o fêmur (DELIBERATO, 2007). 
Evidências clínicas demonstram que os músculos do quadríceps, ao serem submetidos aos exercícios específicos, provocam o alinhamento da patela. Quando realizados de forma regular e contínua, produzirão efeitos que são benéficos e duradouros. O tratamento pode ser aplicado sobre vasto medial oblíquo durante o programa de exercícios para melhorar inicialmente seu tempo de tensionamento e mais tarde a duração de sua tensão (RIBEIRO et al, 2010).
MATERIAIS E MÉTODOS
O desenvolvimento deste trabalho se deu através de revisão bibliográfica como ferramenta que possibilita a credibilidade para a análise dos dados encontrados a favor do assunto pesquisado, por sua importância e pelo embasamento em livros e artigos validando o trabalho na área da saúde sobre o treinamento de força no tratamento da condromalácia patelar, esta revisão foi feita por meio de pesquisas em meio eletrônico digital e de livros impressos.
O método utilizado foi o da abordagem qualitativa no trabalho, desenvolvido na perspectiva da pesquisa exploratória que, segundo Gil (1999), “parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas” e descritiva, porém, com predominância na pesquisa exploratória que, em sua característica “[...] são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato (GIL, 1999).
A pesquisa qualitativa [...] se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (DESLANDES, 1997).
Cada integrante desta pesquisa ficou responsável por buscar artigos e livros, fazer a leitura e análise dos mesmos, realizando um fichamento de cada, a fim de facilitar o uso das referências na produção deste paper.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados encontrados nas pesquisas apontam que o treinamento de força é efetivo e traz benefícios no tratamento da condromalácia. Mello (2006) afirma que o objetivo a ser alcançado é a diminuição da dor, causado pelo contato entre a patela e o fêmur, que varia entre os exercícios de cadeia cinética aberta e fechada. Torna-se, assim, imprescindível o conhecimento desta variação para o tratamento ser eficiente. A cadeia cinética aberta tem característicos exercícios visando trabalhar um determinado músculo com o segmento distal livre. O exercício de cadeia cinética fechada existe quando o segmento distal está fixo, como levantar de uma cadeira, subir e descer escadas que, por sua vez, torna-se mais funcional para as pessoas.
Em exercícios de cadeia cinética aberta, a força é maior na flexão de 90 graus até 0 grau na extensão, porque o centro de gravidade fica à frente do joelho e, nestes ângulos, a área de contato entre a patela e o fêmur diminui. Até 30 graus o ângulo de força é muito pequeno e não gera estresse alto na articulação femoropatelar. Portanto, para indivíduos com condromalácia, deve ser utilizado exercícios em cadeia cinética aberta entre 0 e 15 graus e 50 e 90 graus. A pressão máxima está em torno de 35 a 45 graus, onde a angulação é maior (ANDREWS, 2000).
Haupenthal (2006) afirma que no exercício de cadeia cinética fechada, a força aumenta de 0 a 90 graus, pois o centro de gravidade está atrás do joelho. O aumento da força é aumentado de acordo com a área de contato até 60 graus e, a partir deste ângulo, a área de contato aumenta bastante, mas não trás prejuízos em joelhos saudáveis. Nesse tipo de exercício ocorre co-contração dos ísquios tibiais.
Segundo Eisenhart (2004), a partir do ângulo de 60 graus, a co-contração faz com que a tíbia movimente-se posteriormente e rode para a parte lateral, aumentando a pressão na patela. Os exercícios de cadeia cinética fechada, para quem tem este tipo de lesão, devem ser feitos até próximo de 50 graus, para evitar as alterações citadas. Belleman (2003) diz que o joelho sem lesão é adaptado para a pressão máxima entre a patela e o fêmur em 90 graus, pois é a partir deste ponto que a cartilagem é mais espessa.
Entre os vários benefícios gerados pelo treinamento de força por indivíduos portadores de condromalácia, pode-se destacar uma melhora no tônus muscular, no controle motor e amplitude de movimentos das articulações bem como um resultante fortalecimento das mesmas, o que contribui para minimização dos sintomas.
Vale também lembrar que para que os resultados sejam positivos, o indivíduo deve concentrar seus esforços no fortalecimento da musculatura envolvida e ter disciplina com o tratamento. É importante lembrar que a condromalácia é um processo degenerativo, ou seja, não há
possibilidade de reversão, porém é fundamental dosar os estímulos e realizar o treinamento adequado supervisionado por um profissional habilitado.
CONCLUSÃO
Por meio desta revisão crítica foi possível evidenciar que o treinamento de força visa um grau a mais no tratamento do indivíduo que possui a condromalácia, buscando uma diminuição nas dores por meio de exercícios que visem fortalecer os músculos entorno da patela, com aumento gradual dos estímulos musculares, utilizando de exercícios em candeia cinética tanto aberta, quanto fechada de acordo ao grau da patologia.
Também deveremos trabalhar com exercícios para fortalecimento de quadríceps e vasto medial, de forma a melhorar mobilidade e flexibilidade de membros inferiores; o fortalecimento de glúteo médio e mínimo também se faz necessário; alongamento de isquiotibiais e exercícios de propriocepção. Exercícios voltados para essas características devem diminuir o estresse e pressão exercidos sobre a patela. É uma ótima maneira de evitar que o quadro de dor se repita e ajudar o indivíduo a recuperar seus movimentos funcionais.
A condromalácia é uma patologia complexa que afeta membros inferiores, devemos entender muito bem como ela funciona e como compromete a funcionalidade de cada aluno. Prescrever exercícios físicos para o aluno com condromalácia patelar é um desafio, em especial porque sabemos que ele precisa fortalecer as musculaturas estabilizadoras do joelho e que possivelmente estará com quadro de dor e limitações na amplitude de movimento. Dessa forma devemos respeitar a individualidade de cada aluno e usar técnicas e métodos de treinamentos que proporcionem o alívio da dor e também fortalecimento muscular.
Por fim, concluímos que o treinamento de força é fundamental na reabilitação de indivíduos com condromalácia, pois traz benefícios que aumentam sua capacidade funcional e com isso melhorias na qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
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