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1 Prof° Newton Chwartzmann newtonc@ufrgs.br CONSTRUÇÃO CIVIL I – AIM0216 Introdução as estudo dos aglomerantes - cimento 2019 INTRODUÇÃO Argamassas de assentamento, revestimento ou para concretos são compostas de: Meio aglomerante: cimento hidráulico, cal e água; Agregados: material granular como areia, pedregulho, pedra britada ou escória de alto forno; Em casos especiais pode-se adicionar aditivos, corantes ou fibras para alterar as características do material. INTRODUÇÃO AGLOMERANTE Material ligante, geralmente pulverulento, que promove a união entre os grãos dos agregados. Os aglomerantes são utilizados na obtenção de pastas, argamassas, e concretos. INTRODUÇÃO AGREGADOS São composto por grãos (naturais ou artificiais) de minerais duros, compactos, duráveis, estáveis, limpos e que não interfiram no endurecimento e hidratação de cimentos e argamassas. Os agregados são considerados materiais inertes e constituem 60 a 80% de um concreto. (+ baratos). Os principais aglomerantes são: Cimento; Cal; Gesso; Betumes; Argila. INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Os aglomerantes podem ser: Materiais quimicamente inertes: Endurecem por simples secagem. Exemplo: argilas e betumes. Materiais quimicamente ativos: Endurecem devido a reações químicas. Exemplo: cimento, cal e gesso. Em concretos, se emprega cimento portland como aglomerante, que reage com a água e endurece com o tempo. INTRODUÇÃO Aéreos; Hidráulico Simples; Hidráulico Composto; Misto. CLASSIFICAÇÃO DOS AGLOMERANTES Necessitam de presença de ar para endurecer. Não resistem bem a água. Endurecem pela ação química ao CO² do ar. Exemplo: Cal. AGLOMERANTES AÉREOS HIDRÁULICO SIMPLES São aglomerantes que reagem em presença de água. Constituídos de um único aglomerante, podendo ser misturados a outras substâncias, em pequenas quantidades, com a finalidade de regular sua pega. Exemplo: Cimento Portland Comum, Cal Hidráulica. HIDRÁULICO COMPOSTO São aglomerantes simples, com adição de materiais com propriedades cimentícias, tais como a Pozolana, Escórias, etc. Exemplo: CPZ - Cimento Portlan Pozolânico CLASSIFICAÇÃO DOS AGLOMERANTES Misto É a mistura de dois ou mais aglomerantes simples. Exemplo: Cimento + cal 13 CIMENTO Cimento Portland é a denominação técnica do material usualmente conhecido como cimento. Criado e patenteado em 1824, por um construtor inglês Joseph Aspdin. Aglomerante hidráulico, que endurece pela ação da agua e depois de endurecido, resiste bem a água. INTRODUÇÃO O cimento é produzido pela moagem do clínquer, (silicatos de cálcio hidráulicos), podendo ter adições para alterar suas propriedades. Características: Aglomerante: aglomera partículas, ou seja, tem a propriedade de unir outros materiais; Hidráulico: porque reage (se hidrata) ao se misturar com a água e depois de endurecido ganha resistência. INTRODUÇÃO CONSTITUIÇÃO DO CIMENTO a) Calcário O calcário é o carbonato de cálcio (CaCO3) que se apresenta na natureza com impurezas, como óxidos de magnésio (MgO). Carbonato de cálcio puro ou calcita, sob ação do calor, decompõe-se do seguinte modo: CaCO3 100% CaO + CO2 56% 44% CONSTITUIÇÃO DO CIMENTO b) Argila A argila empregada na fabricação do cimento é constituída de um silicato de alumíno hidratado, geralmente contendo ferro e outros minerais, em menores proporções. Ela fornece SiO2 (sílica), Al2O3 (alumina) e Fe2O3 (óxido de ferro) necessários ao processo de fabricação do cimento. CONSTITUIÇÃO DO CIMENTO CONSTITUIÇÃO DO CIMENTO c) Gesso (gipsita) É o tipo estrutural de gesso mais consumido na indústria cimenteira. É o produto de adição final no processo de fabricação do cimento portland. Tem a função de regular o tempo de pega. CONSTITUIÇÃO DO CIMENTO Os clínqueres são “bolotas” de 5 a 25mm de diâmetro obtido pela calcinação de uma mistura calcário-argilosa (minério de ferro e sílica). MATÉRIAS-PRIMAS Mina de calcário Mina de argila Ainda é adicionada certa proporção de magnésia (MgO) e uma pequena porcentagem de anidrido sulfúrico (SO3), (para retardar o tempo de pega do produto final). Tem ainda, em menor proporção, impurezas como: o óxido de sódio (Na2O), óxido de potássio (K2O) e óxido de titânio (TiO2). Os óxidos de potássio e sódio são os denominados álcalis do cimento. MATÉRIAS-PRIMAS A fabricação do cimento consiste na moagem da matéria-prima, em determinadas proporções e na queima, onde o material é sintetizado e parcialmente fundido, tomando a forma de esferas conhecidas como clínqueres. FABRICAÇÃO O clínquer e ́ resfriado e recebe a adição de um pequeno teor de sulfato de cálcio, sendo então moído até se tornar um pó́ bastante fino. O material resultante é o cimento Portland, utilizado em todo o mundo. Dois métodos são utilizados: via seca e a via úmida. Nos dois métodos produz-se clínquer e o cimento final é idêntico. FABRICAÇÃO A matéria prima é moída e homogeneizada dentro da água. Processo mais antigo e mais eficaz para obter homogeneização de materiais sólidos. Está em desuso pois requer maior consumo de energia e está sendo substituída por via seca. FABRICAÇÃO – VIA ÚMIDA O processo seco tem a vantagem determinante de economizar combustível (não tem água para evaporar no forno). O processo por via seca é mais curto que por via úmida, porém suas instalações de são muito mais complexas. Um forno de via úmida consome cerca de 1250 kcal por kg de clínquer contra 750 kcal de um forno por via seca. FABRICAÇÃO – VIA SECA Extração da matéria-prima Britagem Pré-homogeneização e Dosagem Moagem do cru Homogeneização Pré-aquecimento Clinquerização Resfriamento Moagem e adições Embalagem e Expedição ETAPAS DE FABRICAÇÃO O primeiro passo na produção de cimento é extrair as matérias-primas, calcário e argila, das pedreiras. A exploração de pedreiras é feita normalmente a céu aberto e a extração da pedra pode ser mecânico ou com explosivos. Quase metade da matéria-prima se perde no processo. EXTRAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA Extração do calcário – Caçapava do Sul/RS O material, após extração, apresenta-se em blocos, sendo necessário reduzir o seu tamanho a uma granulometria adequada. BRITAGEM O material britado é transportado para a fábrica e armazenado em silos verticais ou armazéns horizontais. Essa armazenagem pode ser combinada com uma função de pré-homogeneização que consiste em colocar por camadas o calcário e a argila. As matérias-primas selecionadas são depois dosificadas (qualidade do produto). PRÉ-HOMOGENEIZAÇÃO E DOSAGEM Essa dosagem é efetuada com base em parâmetros químicos pré-estabelecidos. A composição do Clínquer pode variar: 20-25% de argila; 75-80% de calcário. PRÉ-HOMOGENEIZAÇÃO E DOSAGEM Definida a proporção das matérias-primas, elas são transportadas para moinhos onde se produz o chamado “cru” (mistura finamente moída). Simultaneamente à moagem ocorre um processo de adição de outros materiais: sílica (SiO2), cinzas de pirite (Fe2O3) e bauxite (Al2O3), de forma a obter os compostos: cálcio, sílica, alumínio e ferro, essenciais na fabricação do cimento. MOAGEM DO CRU Moinhos de CRU, onde a mistura é moída e se transforma em farinha de cimento. A mistura de cru, devidamente dosada e com a finura adequada, deve ter a sua homogeneização assegurada para permitir uma perfeita combinaçãodos elementos formadores do Clínquer. A homogeneização é executada em silos verticais de grande porte, através de processos pneumáticos e por gravidade. HOMOGENEIZAÇÃO Silo de homogeneização do CRU. Antes do cru entrar no forno, este será pré-aquecido ao passar pela torre de ciclones, onde é iniciado a fase de pré- aquecimento (850-900ºC). A torre é composta de vários cilindros e cones que criam vários “ciclones”, liberando gases (90-100°C) na parte superior que são encaminhados para filtros. PRÉ-AQUECIMENTO TORRE DE CICLONES Com as transformações físico-químicas ocorridas na torre de ciclones devido às variações térmicas, o cru dá lugar à farinha pronta para entrar no forno. Ao entrar no forno, a farinha desloca-se lentamente até ao fim deste passando por um processo de clinquerização (1300- 1500ºC), resultando no clinquer, produto com aspecto de bolotas escuras. CLINQUERIZAÇÃO Estima-se que para cada tonelada de clínquer são emitidos entre 800 e 1.000 quilos de gás carbônico (CO²). O uso de adições na produção do cimento é uma forma de reduzir poluição ambiental, pois além liberar menos gases na natureza são aproveitados os subprodutos de outras indústrias (pozolanas, escórias e fíller). CLINQUERIZAÇÃO FORNO ROTATIVO Uma vez cozido, o clínquer sai do forno e segue para o arrefecedor onde sofre uma diminuição brusca de temperatura que fornece características importantes ao cimento. Como consequência macroscópica, o clinquer se modifica criando tons acinzentados. RESFRIAMENTO Contribuição de cada fase: C3S (silicato tricálcico): É o maior responsável pela resistência em todas as idades; C2S (silicato dicálcico): É o mais importante no processo de endurecimento em idades mais avançadas (principalmente depois de 1 ano ou mais); FASES DO CLÍNQUER Contribuição de cada fase: C3A (aluminato tricálcico): Contribui para a resistência do concreto no primeiro dia, além de ser a fase responsável pela pega; C4AF (ferroaluminato tetracálcico): É responsável pela coloração cinzenta do clínquer. Não contribui para a resistência a compressão. FASES DO CLÍNQUER É a fase final do processo de fabricação. O resultado da moagem do Clínquer, gesso e aditivos (cinzas volantes, escórias de alto forno, filler calcário) irão dar as características ao cimento. Após a moagem, o cimento é transportado por via pneumática ou mecânica e armazenado em silos ou armazéns horizontais. MOAGEM E ADIÇÕES MOAGEM DO CLÍNQUER Agora, o cimento está habilitado para ser distribuído a granel ou ensacado para chegar ao consumidor final. O cimento é um produto perecível Necessita cuidados durante o seu transporte e armazenamento (conservação de suas propriedades, pelo maior tempo possível). EMBALAGEM E EXPEDIÇÃO EMBALAGEM E EXPEDIÇÃO O cimento é embalado em sacos de papel kraft de múltiplas folhas. O papel não impede a ação direta da água. Trata-se de uma embalagem usada no mundo inteiro e é o único que permite o preenchimento com o material ainda bastante aquecido, por ensacadeiras automáticas. ARMAZENAMENTO Deve ser estocado em local seco, coberto (com lona), bem como afastado do chão, do piso e das paredes externas ou úmidas, longe de tanques, torneiras, etc. ARMAZENAMENTO Nas regiões de clima frio, a temperatura ambiente pode ser tão baixa que ocasionará um retardamento da pega (estocar o cimento em locais protegidos de temperaturas abaixo de 12ºC). O cimento é próprio para uso por três meses, no máximo, a partir da data de sua fabricação (verificar embalagem). ARMAZENAMENTO Para a fabricação de 1 tonelada de Clínquer é necessário aproximadamente: 1.250 kg de Calcário; 300 kg de Argila; 14 kg de Minério de Ferro; Combustível e Energia. FABRICAÇÃO Dentre as adições minerais que alteram as propriedades do cimento pode-se citar: Fíller calcário (f); Escória de alto forno (e); Pozolanas (z). ADIÇÕES MINERAIS As adições minerais são duplamente importantes: 1. Durante a produção do clínquer existe a liberação de gás carbônico (CO²). Menos clínquer = menos poluição. 2. As adições que são subprodutos de outras indústrias deixam de ser descartadas na natureza. ADIÇÕES MINERAIS Características gerais: material finamente dividido, que tem um efeito benéfico sobre as propriedades do concreto, como a trabalhabilidade. Possuem baixo custo. Origem: É um subproduto da fabricação de agregado artificial. Atuação física: Tem menor efeito de densificação da matriz cimentícia, quando comparada com as pozolanas e a escória de alto forno. Usos: CP II-F e CP V ARI FÍLLER CALCÁRIO (F) Características gerais: É um aglomerante que em contato com a água reage formando compostos hidratados. Precisam do contato com o cimento para acelerar as reações. Origem: É um subproduto da fabricação de ferro gusa. Atuação física e química: Reduz o tamanho dos poros deixados pelo cimento, densificando a matriz cimentícia. Usos: CP II-E e CP III ESCÓRIA DE ALTO FORNO (E) Características gerais: somente quando finamente divididas (e com água), reagem, formando compostos com propriedades aglomerantes (ex: cinza volante – mais utilizada em cimentos, sílica ativa, metacaulim, cinza de casca de arroz). Origem: É um subproduto da queima de carvão mineral nas usinas termoelétricas. Atuação física e química: Reduz o tamanho dos poros deixados pelo cimento, densificando a matriz cimentícia. Uso: CP II-Z E CP IV POZOLANAS (Z) Durante a produção do cimento, a sílica, a alumina, o óxido de ferro e a cal reagem dando origem ao clínquer, cujos compostos principais são os seguintes: C3S (silicato tricálcico); C2S (silicato dicálcico); C3A (aluminato tricálcico); C4AF (ferroaluminato tetracálcico). Esses compostos no momento, da produção do concreto, reagem com a água, dando origem a compostos hidratados. HIDRATAÇÃO DO CIMENTO Silicato de cálcio hidratado (C-S-H) Representa de 50 a 60% dos sólidos formados de uma pasta de cimento completamente hidratada. Fornece resistência a compressão e durabilidade a longo prazo. Por isso, é a fase mais importante. PRODUTOS DA HIDRATAÇÃO Hidróxido de cálcio (CH) Também chamado de Portlandita (Ca(OH)2). Representa de 20 a 25% dos sólidos formados, normalmente, na forma de grandes cristais. Baixa contribuição a resistência. É o único que é solúvel na água, sendo essa a principal causa de manifestações patológicas (redução do PH e despasivação da armadura). PRODUTOS DA HIDRATAÇÃO Hidróxido de cálcio (C-A-S-H) Representa de 15 a 20% dos sólidos formados. Baixa contribuição a resistência. Tem um papel secundário nas propriedades do cimento hidratado. PRODUTOS DA HIDRATAÇÃO HIDRATAÇÃO HIDRATAÇÃO 1 2 3 4 Cimento + água Não iniciou a reação. Início da formação do C-S-H e cristais. Evolução da hidratação / diminuição das partículas de cimento. Pasta hidratada. HIDRATAÇÃO 68 BIBLIOGRAFIA BAUER, L. A. F., Materiais de Construção. Rio de Janeiro, LTC. 5ª Ed, 2000. CALLISTER, W. D., Ciência e Engenharia de Materiais - Uma Introdução São Paulo, LTC - 5ª Ed., 2002. ISAIA, G. Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. 2 ed. São Paulo: IBRACON, 2010. 69 BIBLIOGRAFIA SILVA, Moema Ribas. Materiais de Construção. São Paulo: PINI, 1991. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7211: Agregados para concreto. Rio de Janeiro: 2009. Associação Brasileira deNormas Técnicas. NBR 7225: Materiais de pedra e agregados naturais. Rio de Janeiro: 1993. Aulas da Profª Paula Salum – Uniritter 2018.
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