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POSTAGEM_2_PEID

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LICENCIATURA ARTES VISUAIS
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA (PE:ID)
POSTAGEM 2: ATIVIDADE 2; REFLEXÕES REFERENTES AO TEXTO SELECIONADO
Fernanda Aires Lisboa Ferreira RA: 1642546
Polo FACSUL 
Campo Grande – MS
Novembro/2019
SUMÁRIO
1. TEXTO SELECIONADO..................................................................................1 2. REFLEXÕES REFERENTES AO TEXTO SELECIONADO...................................................................................................3
3. REFERÊNCIAS...............................................................................................4
TEXTO SELECIONADO1
O aluno computador
Há perguntas para as quais a memória perfeita não consegue responder.
 Rubem Alves, 10 de Setembro 2011.
Era uma vez um jovem casal muito feliz. Ela estava grávida e eles esperavam com grande ansiedade o filho que nasceria. Transcorridos os nove meses de gravidez, ela deu à luz um lindo computador! Que felicidade ter um computador como filho! Era o filho que desejavam! Por isso eles haviam rezado muito, durante toda a gravidez. O batizado foi uma festança. Deram-lhe o nome de Memorioso, porque julgavam que uma memória perfeita é o essencial para uma boa educação. Educação é memorização. Crianças com memória perfeita vão bem na escola e não têm problemas para passar no vestibular.
E foi isso mesmo que aconteceu. Memorioso memorizava tudo o que os professores ensinavam. E não reclamava. Seus companheiros reclamavam, diziam que aquelas coisas que lhes eram ensinadas não faziam sentido. Não aprendiam. Tiravam notas ruins. Ficavam de recuperação, o que não acontecia com Memorioso.
Ele memorizava com a mesma facilidade a maneira de extrair raiz quadrada, reações químicas, fórmulas de física, acidentes geográficos, datas de eventos históricos, regras de gramática, livros inteiros. A memória de Memorioso era perfeita. Ele só tirava dez. E isso era motivo de grande orgulho para os seus pais. Os outros casais, pais e mães dos colegas de Memorioso, morriam de inveja. Quando seus filhos chegavam em casa trazendo boletins com notas vermelhas, eles gritavam: “Por que você não é como o Memorioso?”.
Memorioso foi o primeiro no vestibular. O cursinho que ele frequentara publicou sua fotografia em outdoors. Apareceu na televisão como exemplo a ser seguido por todos os jovens. Na universidade, foi a mesma coisa. Só tirava dez. Chegou, finalmente, o dia tão esperado: a formatura.2
Memorioso foi o grande herói, elogiado pelos professores. Ganhou medalhas e mesmo uma bolsa para doutoramento no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Depois da cerimônia acadêmica, estavam todos felizes no jantar. Até que uma linda moça se aproximou de Memorioso: “Eu gostaria de lhe fazer uma pergunta”, disse a jovem. “Pode fazer”, respondeu Memorioso, confiante.
Ele sabia todas as respostas. Aí ela fez a pergunta: “De tudo o que você tem memorizado o que mais te comove?”. Memorioso ficou em silêncio. Aquela pergunta nunca lhe havia sido feita. Os circuitos de sua memória funcionavam com a velocidade da luz procurando a resposta. Mas ela não estava registrada em sua memória. Onde poderia estar? Seu rosto ficou vermelho. Começou a suar. Sua temperatura subiu. E, de repente, seus olhos ficaram muito abertos, parados, e se ouviu um chiado estranho dentro de sua cabeça, enquanto a fumaça saía por suas orelhas.
Memorioso primeiro travou. Deixou de responder a estímulos. Depois apagou, entrou em coma. Levado às pressas para o hospital de computadores, verificaram que o seu disco rígido estava irreparavelmente danificado. Há perguntas para as quais a memória perfeita não consegue responder. É preciso coração.
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REFLEXÕES REFERENTES AO TEXTO SELECIONADO
É possível analisarmos atualmente que o padrão contemporâneo da educação brasileira busca a eficiência no ensino e desempenho objetivo em provas. No qual torna este estilo de educação muito desumano. Os pais investem financeiramente de forma pesada em instituições de ensino que prometem método de ensino eficaz para garantir vagas em vestibulares e cobram um retorno de seus filhos em relação a resultados satisfatórios para estas aprovações. 
No Brasil ainda temos uma prova denominada de ENEM, que para muitos adolescentes, pais e professores podem levar à beira da loucura. O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) o qual unificou uma prova permite o passe de entrada em muitas das universidades do país. A entrada nestas universidades nos parece simples e justa, tendo como um único critério objetivo o desempenho na prova. O que podemos imaginar de errado nisto Isso nos faz pensar então que os melhores alunos são aqueles que mais extraíram do conteúdo programático, são os alunos com melhor capacidade de responder corretamente mais questões objetivas em tempo hábil. Para muitas famílias um excelente desempenho no ENEM torna-se o ápice do que um aluno deve almejar tornando-se assim a preparação para a prova o foco principal e o objetivo central da vida daquele aluno. 
Muitas escolas anunciam o desempenho de seus alunos em outdoors. Projetos educacionais se vangloriam de alunos fazendo simulados cada vez mais cedo. Os materiais didáticos cada vez mais recheados de atividades, exercícios, questões, tabelas e textos. Os professores cada vez mais doutrinados a ensinar macetes e truques. A escola passa a ser um centro de treinamento, condicionamento e capacitação de alunos cada vez mais treinados em responder provas.
Podemos observar ainda que grosso modo, o ensino básico se tornou, ao longo do tempo, uma grande preparação para o ingresso no ensino superior. A prova que deveria ser um dos vários recursos possíveis como processo avaliativo, tornou-se uma medida de comparação na absorção de potencial de memória entre alunos. 
Cada vez mais provas são inseridas mais cedo na vida escolar da criança, sendo mais frequentes e formuladas a simular questões do ENEM/vestibulares. Os simulados se tornam grandes eventos educacionais, com divulgação e premiação. Contudo o que era para ser educação vira condicionamento  tornando muitas vezes o aluno uma máquina de marcar X e escrever redações padrões. O conteúdo do ENEM ou do vestibular determina o que é importante estudar e muitas vezes estabelece o currículo das salas de aula. Qualquer atividade ou disciplina que não tenha conteúdo teórico ou passível de cobrança na prova é deixada em segundo plano. Atividades que antes tinham grande valor educacional como esporte, artes, conteúdo crítico, social, discussões éticas, filosóficas, morais e cívicas, as quais eram pautas como fundamentais no desenvolvimento de seres humanos e de cidadãos perdem cada vez mais espaço no cotidiano escolar de muitos alunos. Atualmente o cenário da educação no Brasil concentra-se em escolas que propõem pedagogicamente o desenvolvimento de alunos/ máquinas. Pais que cada vez menos participam de forma integral e significativa na educação de seus filhos, transferem muitas vezes a responsabilidade para a instituição. 4
Por fim podemos afirmar que humanizar a educação envolve pensar no desenvolvimento de crianças e adolescentes de forma integral, em conjunto escola e família. Se a situação das escolas hoje levou a uma ênfase nos resultados das provas, a educação humana aborda que há mais a se explorar quanto ao desenvolvimento cognitivo, trabalhando mais os aspectos sócios emocionais e psicológicos. A escola é o espaço mais importante na vida de crianças e adolescentes. É o ambiente onde muitos passam quase todo tempo do seu dia, tornando-se principal ponto de socialização. Na escola alunos vivenciam momentos de alegria, conflitos e frustrações. Desta forma, o aluno não vai apenas para extrair conhecimento. Ele vai ao encontro de um espaço em que irá desenvolver suas habilidades sociais.
REFERÊNCIAS5
ALVES, Rubem. O aluno computador. Disponível em: https://www.revistaeducacao.com.br/o-aluno-computador/. Acesso em: 7 de Novembro de 2019.

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