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Ciências Criminais Integradas

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS GRADUAÇÃO DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL
Resenha Crítica de Caso “Droga e Crime – Algumas das diversas interfaces”
Trabalho da disciplina: Ciências Criminais Integradas
 		 Tutor: Profª. Daniela Bastos Soares
Florianópolis
2019
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CASO: DROGA E CRIME – ALGUMAS DAS DIVERSAS INTERFACES
Referência: ESTÁCIO DE SÁ. Droga e Crime – Algumas das diversas interfaces. Ciências Criminais Integradas Pós-Graduação em Direito Penal e Processo Penal, 11/2019.
INTRODUÇÃO
	O presente caso nos traz a triste realidade sobre os males que a droga causa no comportamento dos usuários, atitudes ilícitas e uso de violência.
Estudaremos também a necessidade de tratamento do dependente químico, assim como a ineficácia do sistema prisional quanto a prevenção ou o tratamento dos dependentes.
Exploraremos também quais as diferenças jurídicas entre usuário de drogas e dependente químico e as formas de responsabilização do agente pela prática do crime ou a exclusão da culpabilidade.
DESENVOLVIMENTO
 
Inicialmente vamos entender sobre os motivos do uso de violência para se conseguir a droga nos casos de abstinência ou ainda uso de violência quando já se está sob efeito desta.
O que já é sabido por todos é que o uso das substancias ou a falta delas, geram diversos transtornos nos dependentes como mentais, emocionais, comportamentais e tudo isso faz com que este fique alterado da sua forma normal, podendo inclusive agir com violência aos outros ou até a si mesmo, como em tantos casos noticiados diariamente, onde pessoas sob o efeito de drogas cometeram diversos crimes ou até casos de suicídios.
Quanto a necessidade de tratamento do dependente químico, a triste realidade é que o dependente não quer ser tratado, pois, como o próprio nome diz está “dependente”, “viciado” e vidrado no uso contínuo da droga, além do mais muitas vezes a família já desacreditada não busca mais por ajuda, e ainda o nosso sistema único de saúde é precário com pouquíssimas clínicas de reabilitação, diríamos ainda que o Estado não está focado em ajudar os dependentes químicos, pois está longe da realidade vivida por ele, Estado na forma dos governantes.
Uma das formas mais eficientes de dar um primeiro passo na busca pela desintoxicação de inúmeros dependentes são os tratamentos para os marginalizados e presos, onde nas penitenciárias há a real necessidade de tratar os dependentes para que quando reintegrados a sociedade possam serem de fato livres não apenas da prisão, mas também deste vício terrível.
Na Lei de Drogas 11343/2006 estabelece em seu Art, 28 § 7º:
“O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado”
Mais uma vez a lei não é cumprida conforme informações do Ministério Público de Minas Gerais:
O promotor destaca que o tratamento dos presos esbarra em dificuldades técnicas e estruturais, seja do sistema de saúde, seja do sistema penitenciário. Para ele, a falta de pessoal devidamente capacitado, dentro dos presídios, para prestar esse tipo de serviço aos presos impossibilita o tratamento no próprio local, e o deslocamento desses dependentes químicos para as unidades dos CAPS do município, que possuem profissionais especializados, aumenta a sensação de insegurança da população, na medida em que potencializa as chances de fuga. (...) Assim, busca a ação que o Judiciário atenda os anseios da comunidade Araguarina e aplique o que a nova Lei de Drogas trouxe em seu artigo 28, § 7º: a possibilidade/dever do juiz de, no caso concreto, determinar (...) ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. (MINISTÉRIO PÚBLICO, Estado de Minas Gerais, Presos dependentes químicos. Disponível em: https://ibccrim.jusbrasil.com.br/noticias/2901389/presos-dependentes-quimicos. Acesso em 03 nov. 2019).
Tendo em vista o despreparo do governo em atendimento aos dependentes químicos presos, a população continua sendo vítima destes, quando libertos, para imediatamente voltarem a cometer os crimes ligados as drogas.
Quando pensamos em dependente químico ou usuário de droga, sempre existe uma dúvida se há de fato alguma diferença nestes dois termos. 
(...) a principal característica de usuários de drogas é a capacidade de manter um equilíbrio quando se trata do consumo das substâncias ilícitas. Desse modo, a diferença se estabelece pelo controle da vontade de utilizar alucinógenos, fator ausente no dependente químico. (HOSPITAL SANTA MONICA. Entenda de uma vez por todas a diferença entre usuário e dependente em drogas. Disponível em: https://hospitalsantamonica.com.br/entenda-de-uma-vez-por-todas-a-diferenca-entre-usuario-e-dependente-em-drogas/. Acesso em 03 nov.2019).
Para exemplificar vamos imaginar o usuário como alguém que faz o uso esporádico e não fica dependente mantendo uma vida normal e o dependente químico, são consegue mais viver sem o uso contínuo da droga.
Importante estudar se este agente usuário ou dependente será responsabilizado pela prática dos crimes que cometer e até que ponto pode-se excluir a sua culpabilidade.
Para que um fato seja considerável crime ele precisa ser típico, antijurídico e culpável, a nível de reflexão, até que ponto um crime cometido por um dependente químico é culpável?
Do Código Penal: Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Redução de pena parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
[...]
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Tendo em vista que o Código Penal trata apenas de Embriaguez trazemos também a Lei 11.343/2006: Art. 45.  É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Art. 46: As penas podem ser reduzidas podem ser reduzidas de um terço a dois se, por força das circunstâncias previstas no artigo 45 deste lei, o agente não possuía ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A doutrina traz formas esclarecedoras na lição de REIS e SOUSA (2007):
Se o usuário de drogas, em razão da dependência, ou sob o efeito de drogas, consumida por força maior ou caso fortuito, cometer qualquer infração penal, será isento de pena, caso, no momento da ação ou da omissão, seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar conforme este entendimento (artigo 45, da Lei Antidrogas). Entretanto, se sua capacidade de entendimento e de autodeterminação eram somente reduzidas, no mesmo sentido será sua pena, com decréscimo
de 1 a dois terços (artigo 46, do mesmo Diploma Legal). 
A jurisprudência entende:
HABEAS CORPUS. LEI Nº 11.343/06. DROGAS. ART. 33. TRÁFICO. INCIDENTE DE INSANIDADE L.11.343 Presença de elementos suficientes, nos autos, a apontar para a possibilidade de inimputabilidade ou semi-imputabilidade, seja em razão da dependência, ou doença mental. E tanto, no dizer da lei, é causa de isenção ou redução de pena. Deferimento do incidente. ORDEM CONCEDIDA. MAIORIA.  (RIO GRANDE DO SUL, 2011) 
Diante do exposto fica claro que há a necessidade de um exame toxicólogo no agente para determinar se este estava sob o efeito da droga sendo incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Se em caso positivo, estava incapaz no momento do ato criminoso o Juiz fará a aplicação do Parágrafo Único do Art. 45 da lei de drogas e encaminhará o agente para tratamento médico.
Em se tratando de exame que demostre apenas a dependência química, o agente fará jus ao Art. 46 da Lei de drogas onde terá direito a redução da pena.
Conduto de uma forma ou de outra há a necessidade de realização de perícia por exame para determinar em qual artigo o agente dependente químico ou até mesmo o usuário de drogas será encaixado.
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