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Culpabilidade ou Imputabilidade ou Punibilidade

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LEGISLAÇÃO 
PENAL 
APLICADA
Mariana Gloria de Assis
Revisão técnica:
Gustavo da Silva Santanna
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Ambiental Nacional 
e Internacional e em Direito Público
Mestre em Direito
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB -10/2147
L514 Legislação penal aplicada / Mariana Gloria de Assis... [et al.] ; 
[revisão técnica: Gustavo da Silva Santanna]. – Porto 
Alegre: SAGAH, 2018.
418 p. : il. ; 22,5 cm
ISBN 978-85-9502-433-5
1. Direito penal. I. Assis, Mariana Gloria de.
CDU 343
A imputabilidade no 
ordenamento brasileiro
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Explicar o que é imputabilidade.
  Analisar as causas de inimputabilidade.
  Explorar a jurisprudência dos tribunais superiores acerca da imputa-
bilidade penal.
Introdução
A capacidade de ser responsabilizado penalmente não se limita à simples 
condição de ser maior de 18 anos, como você verá neste capítulo. Quando 
da ocorrência de um crime, é preciso analisar o nexo de causalidade e a 
culpabilidade do agente com relação ao ato.
Para imputar ao agente as consequências do delito, é preciso que 
este tenha condições físicas, psicológicas, morais e mentais de discernir 
que está praticando uma conduta penalmente relevante. Se o agente 
pratica uma ação tipificada sem ter controle de sua vontade, não se pode 
dizer que há culpabilidade, por falta do aspecto intelectivo ou volitivo.
Essa capacidade de responsabilização penal é apresentada pela Cons-
tituição Federal, sendo referendada pelo Código Penal e, no âmbito dos 
menores de 18 anos, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Neste capítulo, você vai aprender o que é imputabilidade e quais as 
suas causas. Além disso, você vai explorar os critérios de aferição da inim-
putabilidade e vai conhecer um pouco da jurisprudência dos Tribunais 
Superiores acerca do tema.
C13_Imputabilidade_ordenamento_brasileiro.indd 1 15/05/2018 08:37:53
A imputabilidade penal
Para fi ns de compreensão da imputabilidade para o Direito Penal, Capez (2012, 
p. 85) disserta sobre o momento de auferir a capacidade do agente dentro da 
teoria do delito, com relação à culpabilidade:
Culpabilidade: é o juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre 
alguém que praticou um fato típico e ilícito. Verifica-se, em primeiro lugar, 
se o fato é típico ou não; em seguida, em caso afirmativo, a sua ilicitude; só a 
partir de então, constatada a prática de um delito (fato típico e ilícito), é que 
se passa ao exame da possibilidade de responsabilização do autor. Três são 
seus elementos: (a) imputabilidade; (b) potencial de consciência da ilicitude; 
(c) exigibilidade de conduta adversa.
Para Welzel, autor da teoria finalista da ação, a imputabilidade compõe 
a culpabilidade. A capacidade de culpa tem dois momentos: o intelectual e 
o da vontade (ABREU, 1976). A capacidade de compreensão do injusto e a 
determinação da vontade e dos sentidos formam a potencial culpabilidade. 
Por isso, conforme Zaffaroni e Pietangeli (2006), a capacidade do agente do 
fato deve ser medida no momento do delito, já que depende de um estado 
específico do sujeito ativo.
Jesus (1999, p. 467) apresenta o conceito de imputabilidade penal como 
“o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser 
juridicamente imputada a prática de um fato punível”.
Resumidamente, de acordo com Capez (2012), imputabilidade é a capa-
cidade de o agente entender o caráter ilícito do fato praticado e ser responsa-
bilizado pelo seu cometimento. O agente, supostamente autor do fato ilícito, 
deve estar em suas plenas condições físicas, psicológicas, morais e mentais 
para ter consciência de que está praticando um ilícito penal.
Antes de estudar sobre o que leva à imputação de responsabilidade de acordo 
com o Código Penal, é fundamental compreender a hipótese de exclusão da 
responsabilidade apresentada pela Constituição Federal, que servirá como 
base para a compreensão da capacidade ativa do agente em âmbito penal. 
O art. 228 da CF estabelece que “são penalmente inimputáveis os menores 
de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial” (BRASIL, 1988, 
documento on-line).
Para além das condições físicas, psicológicas e etc., o autor do fato deverá 
ter controle sobre seus atos – ter motivação e vontade. Não basta ter capacidade 
de intelecção sobre a conduta; é preciso ter a mesma compreensão para agir 
na expressão de sua própria vontade.
A imputabilidade no ordenamento brasileiro2
C13_Imputabilidade_ordenamento_brasileiro.indd 2 15/05/2018 08:37:53
Nesse sentido, com relação à capacidade de responsabilização penal em 
geral, o CP apresenta as condições de inimputabilidade dos agentes maiores 
de 18 anos em seu Título III — Da Imputabilidade Penal:
Inimputáveis
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, intei-
ramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(BRASIL, 1984, documento on-line).
Observe que a imputabilidade está relacionada com a capacidade mental 
do agente do fato, não apenas com a sua idade – que tem previsão específica. 
Aqueles que possuem algum tipo de limitação (decorrente de doença ou mal 
desenvolvimento mental), via de regra, não possuem entendimento sobre as 
consequências dos atos penais e, muitas vezes, nem mesmo de sua ilicitude.
Para, além disso, o art. 28 do CP também traz outra hipótese de inimputa-
bilidade, que deixa ainda mais cristalino o entendimento de que o objetivo do 
legislador foi resguardar aquele que não dispõe de capacidade de discernimento 
sobre seus atos, pois, possivelmente se pudesse discerni-los, não os praticaria:
Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984)
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos 
análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente 
de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, intei-
ramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embria-
guez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da 
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (BRASIL, 1984, documento on-line).
Cabe alertar que, diferentemente do que se propaga pela sabedoria popular, 
situações movidas por emoção ou paixão não têm o poder de afastar a impu-
tabilidade, como apresentado no inciso I do art. 28 do CP. O que pode ocorrer, 
como bem ressalta Capez (2012), é a utilização dessas emoções como causa 
3A imputabilidade no ordenamento brasileiro
C13_Imputabilidade_ordenamento_brasileiro.indd 3 15/05/2018 08:37:53
específica de diminuição de pena (redução de 1/6 a 1/3), desde que estejam 
presentes alguns requisitos: a ação deve ser violenta; o agente deve estar sob o 
domínio da emoção – não pode ser mera influência; a emoção deve ser provocada 
por ato injusto da vítima; a reação deve ser imediata a esta provocação.
Exemplo comumente utilizado pela doutrina nos casos de inimputabilidade é o 
do dependente químico que, por mais capacidade que tenha de compreender a 
ilicitude do furto que comete para saciar seu vício, não consegue controlar seus 
ímpetos, sendo inteiramente incapaz de determinar-se conforme tal entendimento. 
Sendo dolo a intenção de praticar o crime, ele está presente no caso do dependentequímico. Contudo, estaria ausente a autoderminação em razão do vício, o que impede 
um juízo de reprovação. Assim, o fato seria típico, ilícito, porém não seria culpável, por 
estar ausente a imputabilidade, pois o agente não possuiria autodeterminação sobre 
a conduta. É isso que se extrai do artigo 45 da Lei nº 11.343/2006:
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou 
sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, 
ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração 
penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do 
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (BRASIL, 
2006, documento online).
Uma mulher sob influência do estado puerperal (após trabalho de parto) 
que comete infanticídio, ao ser avaliada meses depois, poderá estar em sua 
plena capacidade física e mental, o que não quer dizer que no momento do 
ato ilícito se encontrava da mesma forma.
O CP descreve e prevê a pena para o infanticídio:
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto 
ou logo após:
Pena – detenção, de dois a seis anos. (BRASIL, 1940, documento on-line). 
A imputabilidade no ordenamento brasileiro4
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Dentre as situações que podem gerar a inimputabilidade está aquela em 
que o agente comete o crime sob a condição de embriaguez completa – decor-
rente de situação imprevisível ou inevitável –, seja por álcool ou outra droga 
semelhante que lhe retire totalmente a capacidade de entendimento.
Porque se fala em embriaguez completa? Porque para isentar a pena – seja 
por hipótese de doença mental ou de embriaguez – é preciso que a incapacidade 
de compreensão seja completa; sendo parcial, a pessoa é penalizada, ainda 
que possa vir a ter a pena reduzida.
Responsabilidade é a capacidade de o agente ser punido por seus atos; exige três 
requisitos: imputabilidade, consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta.
Critérios de aferição da inimputabilidade
Os sistemas ou critérios de aferição da inimputabilidade são defi nidos com 
base nos fatores biológico, psicológico e biopsicológico, conforme mostra o 
Quadro 1. Esse último é o adotado pelo sistema penal brasileiro.
Biológico Alguma deficiência corpórea (ou da condição 
corpórea) é utilizada para justificar o ilícito. Ex.: 
idade (por causa do desenvolvimento mental)
Psicológico Analisa se havia vontade livre e consciente, bem como 
entendimento dos resultados do crime. Ex.: doença mental
Biopsicológico Mescla os dois casos. Admite excludentes 
biológicas e psicológicas
Quadro 1. Critérios de aferição da inimputabilidade.
O sistema biológico é o que fundamenta a inimputabilidade do menor de 
18 anos, uma vez que seu desenvolvimento mental é incompleto.
Por sua vez, o sistema psicológico analisa se, no momento da ação (ou 
omissão), o agente possuía condições de compreender as consequências do 
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ato delitivo e de sua ilicitude. Cabe referir que a forte emoção por si só não é 
capaz de afastar a imputabilidade.
O método utilizado pelo direito brasileiro é o biopsicológico, tendo 
como pressuposto que a hipótese de afastamento da imputabilidade esteja 
prevista em lei; mas é preciso comprovar que o agente se encontrava nessa 
condição durante o ato. A intenção do método é demonstrar que o agente 
não possuía capacidade de entendimento e vontade sobre o agir (ainda que 
se trate de um não agir).
Os requisitos da inimputabilidade no sistema biopsicológico são:
  causal: doença mental ou de desenvolvimento incompleto ou retardado;
  cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão delituosa;
  consequencial: perda total da capacidade de entender ou da capacidade 
de querer.
Zaffaroni e Pierangeli, ao versarem sobre a imputabilidade, fazem uma 
coerente observação que leva a uma crítica pontual sobre o sistema adotado 
pelo Direito Penal brasileiro:
Imputabilidade, em sentido muito amplo, é a imputação física e psíquica, mas 
nem a lei nem a doutrina a utiliza com tamanha amplitude. Em geral, com ela 
se pretende designar a capacidade psíquica de culpabilidade (ZAFFARONI; 
PIERANGELI, 2006, p. 535).
Por isso, a imputabilidade é demonstrada quando a condição biológica do 
agente é afastada, analisando-se somente o entendimento sobre o caráter ilícito 
do fato. A forma de provar a inimputabilidade de um acusado é a realização 
de exame pericial – com profissionais técnicos e habilitados – nos termos 
dos arts. 149 a 154 do Código de Processo Penal.
Segundo Capez (2012), incidente de insanidade mental é o ato pelo 
qual – havendo dúvidas sobre a integridade mental do réu – o juiz determina 
que o acusado seja submetido a um exame médico-legal, suspendendo-se 
o processo até a expedição e seu resultado. Nesse sentido, cabe a seguinte 
jurisprudência:
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. ALE-
GAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL DECORRENTE DA DE-
TERMINAÇÃO DE EXAME DE INSANIDADE MENTAL. LIBERDADE 
DE LOCOMOÇÃO. ORDEM CONCEDIDA.
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1. No Código Penal Militar, assim como no Código Penal, adotou-se o critério 
biopsicológico para a análise da inimputabilidade do acusado.
2. A circunstância de o agente ter doença mental provisória ou definitiva, ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado (critério biológico), não é 
suficiente para ser considerado penalmente inimputável sem análise específica 
dessa condição para aplicação da legislação penal.
3. Havendo dúvida sobre a imputabilidade, é indispensável verificar-se, por 
procedimento médico realizado no incidente de insanidade mental, se, ao 
tempo da ação ou da omissão, o agente era totalmente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento 
(critério psicológico).
4. O incidente de insanidade mental, que subsidiará o juiz na decisão sobre a 
culpabilidade ou não do réu, é prova pericial constituída em favor da defesa, 
não sendo possível determiná-la compulsoriamente quando a defesa se opõe.
5. Ordem concedida.
(HC 133078, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado 
em 06/09/2016) (BRASIL, 2016, documento 0n-line).
Causas de inimputabilidade 
As excludentes de imputabilidade são quatro, como mostra a Figura 1, somadas 
ao critério do sistema biológico – adotado pelo CP e pela CF – que presume a 
incapacidade de entendimento e vontade, quando se trata de menores de 18 anos.
Figura 1. Excludentes de imputabilidade. 
Excludentes
Doença
mental
Desenvolvimento
mental incompleto
Desenvolvimento
mental retardado
Embriaguez
completa
(caso fortuito
ou força
maior)
Doença mental é a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, capaz 
de eliminar ou afetar a capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou a 
de comandar à vontade de acordo com esse entendimento. Isso ocorre somente 
7A imputabilidade no ordenamento brasileiro
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quando a patologia é capaz de retirar do agente a capacidade de discernimento dos 
fatos. São exemplos de doença mental: epilepsia, psicose, neurose, esquizofrenia, 
paranoia, psicopatia, epilepsia, etc. Conforme Zaffaroni e Pierangeli (2006, p. 
540): “[...] se a saúde é um estado de equilíbrio biopsíquico (definição da Or-
ganização Mundial de Saúde), a enfermidade será um estado de desequilíbrio 
biopsíquico, que pode ser mais ou menos duradouro, ou inclusive transitório”. 
A dependência patológica de substâncias psicotrópicas (álcool, entorpe-
centes, estimulantes e alucinógenos) merece atenção. O alcoolismo, enquanto 
doença, não se confunde com a embriaguez habitual. Por isso, não é qualquer 
doença mental ou a sua simples alegação que afastarão a imputabilidade, comoexemplificado pela jurisprudência a seguir:
HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO TENTADO. ROUBO DUPLA-
MENTE MAJORADO (2X). ROUBO MAJORADO. PRISÃO PREVENTIVA. 
REQUISITOS. AUSÊNCIA DE HIPÓTESE DE CONSTRANGIMENTO 
ILEGAL. ORDEM DENEGADA. - REQUISITOS DA PRISÃO PREVEN-
TIVA. [...] INIMPUTABILIDADE. Não há elementos suficientes a revelar 
eventual comprometimento da capacidade de entendimento do réu, capaz de 
descaracterizar sua imputabilidade, o que deve ser demonstrado por meio de 
prova pericial específica, durante a instrução processual. A alegação de que 
o acusado estava sob efeito de drogas quando do cometimento dos delitos, 
não faz com que se reconheça a sua inimputabilidade. Isso porque, conforme 
dispõe o inciso II do artigo 28 do Código Penal, a embriaguez, voluntária 
ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, não excluem a 
imputabilidade penal (teoria da actio libera in causa). [...] Ordem denegada
(Habeas Corpus Nº 70076811595, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de 
Justiça do RS, Relator: Dálvio Leite Dias Teixeira, Julgado em 28/03/2018) 
(RIO GRANDE DO SUL, 2018b, documento on-line).
Capez, ao explicitar o transtorno mental provisório e o estado de incons-
ciência enquanto hipótese de doença mental, utiliza-se dos ensinamentos de 
Nelson Hungria:
Nelson Hungria sustenta ser possível equipararem-se à doença mental o delírio 
febril, o sonambulismo e as perturbações de atividade mental que se ligam a 
certos estados somáticos ou fisiológicos mórbidos, de caráter transitório (CA-
PEZ, 2012, p. 81). 
A imputabilidade no ordenamento brasileiro8
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No que tange à emoção e à paixão, previstas como causas não excludentes de impu-
tabilidade, cabe transcrever a observação feita por Capez (2012, p. 87):
Se a emoção ou paixão tiverem caráter patológico, a hipótese enquadrar-
-se-á no art. 26, caput, (doença mental). [...] assim, somente a paixão que 
transforme o agente em um doente mental, retirando-lhe a capacidade 
de compreensão, pode influir na culpabilidade. Mesmo nas hipóteses 
de ciúme doentio e desespero, se não há doença mental, não se pode 
criar uma nova causa excludente de imputabilidade. 
Tem desenvolvimento mental incompleto ou retardado o agente que 
não possui discernimento sobre os fatos (assim como o doente mental). Po-
rém, essa situação pode ser transitória, como no caso do menor de 18 anos. 
Este possui desenvolvimento mental incompleto porque ainda não atingiu o 
amadurecimento da fase adulta, que com o tempo ocorrerá.
Capez (2012) frisa que a perda parcial de compreensão, entendimento e 
autodeterminação leva à semi-imputabilidade, que alcança os indivíduos em 
que as perturbações psíquicas tornam menor o poder de autodeterminação e 
mais fraca a resistência interior em relação à prática do crime. 
Pontualmente, sobre a menoridade penal e o desenvolvimento mental 
incompleto, a previsão constitucional apresentada anteriormente (art. 228 
do CF) deriva de um movimento de avanço na proteção da criança e do 
adolescente em razão da compreensão de seu desenvolvimento mental estar 
incompleto.
Conforme explicita Lenza (2014), o Relatório da Comissão de Consti-
tuição e Justiça do Senado Federal, no Parecer nº. 297/2009, versou sobre a 
necessidade de proteção dessa parcela da população, pois nela “se encontra 
a parte da população nacional atingida pelos piores índices de desemprego, 
evasão escolar e morte por homicídio, sem falar dos problemas relativos à 
sexualidade, ao abuso de drogas, ao envolvimento com a criminalidade”. 
(LENZA, 2014, p. 1350). 
9A imputabilidade no ordenamento brasileiro
C13_Imputabilidade_ordenamento_brasileiro.indd 9 15/05/2018 08:37:54
Comumente nos casos de inimputabilidade em razão de doença mental, é reco-
nhecida a semi-imputabilidade do réu. Com isso, o juiz poderá aplicar medidas de 
segurança, conforme previsão do art. 97 do CP. A aplicação dessas penas alternativas 
é um método interessante para não excluir a total responsabilidade do agente. Saiba 
mais no link a seguir:
https://goo.gl/2AodGa 
Com base no dispositivo supracitado é possível considerar como inim-
putáveis os agentes menores de 18 anos; todavia, isso não quer dizer que 
estes estão liberados de qualquer responsabilidade sobre seus atos, pois serão 
processados e, se for o caso, penalizados nos termos do Estatuto da Criança 
e do Adolescente, Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990. A jurisprudência a 
seguir exemplifica essa temática:
EMENTA: HABEAS CORPUS. ADOLESCENTE. INFRAÇÃO AOS ARTS. 
12 E 14, DA LEI 6.368/76, E 16, DA LEI 10.826/03. INTERNAÇÃO. PRO-
GRESSÃO PARA O REGIME DE SEMILIBERDADE. ATINGIMENTO DA 
MAIORIDADE. MANUTENÇÃO DA MEDIDA. POSSIBILIDADE. OFENSA 
AO ART. 121, § 5o, DO ECA NÃO CARACTERIZADA. ALEGAÇÃO DE 
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA OU ANALÓGICA IN PEJUS. INOCOR-
RÊNCIA. I - A aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente rege-se 
pela idade do infrator à época dos fatos. II - O atingimento da maioridade não 
impede a permanência do infrator em regime de semiliberdade, visto que se 
trata de medida mais branda do que a internação. III - Alegação de interpretação 
extensiva e analógica in pejus que não pode ser acolhida. IV - Ordem denegada. 
[...] mas, a questão que ora se enfrenta diz respeito ao efeito da superveniência 
da maioridade penal do sócio-educando no curso da medida sócio-educativa 
que lhe foi imposta. É evidente que a aplicação do ECA será sempre dependente 
da idade do agente no momento do fato (art. 104, parágrafo único).
(HC 90129, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, 
julgado em 10/04/2007) (BRASIL, 2007, documento on-line). 
Segundos conceitos combinados do ECA e do Estatuto da Juventude, a 
classificação etária considerada é:
  criança: pessoa até 12 anos de idade incompletos (BRASIL, 1990);
  adolescente: pessoa entre 12 e 18 anos de idade (BRASIL, 1990);
  jovem: pessoa entre 15 e 29 anos de idade (BRASIL, 2013). 
A imputabilidade no ordenamento brasileiro10
C13_Imputabilidade_ordenamento_brasileiro.indd 10 15/05/2018 08:37:54
https://goo.gl/2AodGa
Diz-se que os menores de 18 anos são incapazes ou relativamente incapazes 
juridicamente. Assim, o ECA define as condutas puníveis como infrações 
e não crimes, bem como traz a nomenclatura “medidas socioeducativas” 
no lugar de “penas” enquanto sanções pelo cometimento de atos tipificados 
(CAPEZ, 2012).
A atenuante genérica do art. 65, inciso I, §1º, do CP (BRASIL, 1940), que dispõe sobre o 
menor de 21 anos na data do fato, não pode ser considerada como uma excludente 
de imputabilidade, porque a sanção será aplicada; porém, em proporção menor, 
em decorrência do entendimento de que o jovem está iniciando na sua vida civil, 
o que requer um benefício, em razão da sua pouca idade perante a sociedade. É o 
desenvolvimento que ainda não se concluiu, devido à recente idade cronológica 
do agente ou à falta de convivência na sociedade, ocasionando imaturidade mental 
e emocional.
Porém, essa atenuante tem uma limitação para ser aplicada, nos termos da Súmula 
231 do STJ. Diante de hipótese de crime permanente em que a ação delitiva se iniciou 
enquanto o sujeito ativo era menor de idade, e não cessada a permanência quando 
da maior idade, será possível a prisão em flagrante e a aplicação da lei penal vigente 
quando do encerramento do ato. Para saber mais, acesse o link abaixo e leia a Súmula 
231 do STJ.
https://goo.gl/DRBDnG
O doutrinador Julio Fabbrini Mirabete fez uma inteligente observação ao 
relacionar a opção do legislador processual penal à incapacidade civil dos 
menores de 18 anos, ressaltando que:
[...] essa exigência prende-se à circunstância de serem eles relativamente 
incapazes na esfera civil, pessoas de menor discernimento e experiência 
que os absolutamente capazes. Presume a lei que o indiciado, nessa idade, 
necessita de aconselhamento de pessoa que possa, também, resguardar seus 
direitos, ou, ao menos, informá-lo convenientementedeles (MIRABETE, 
2001, p. 113).
11A imputabilidade no ordenamento brasileiro
C13_Imputabilidade_ordenamento_brasileiro.indd 11 15/05/2018 08:37:55
https://goo.gl/DRBDnG
Maioridade penal e maioridade civil são coisas diferentes. Atualmente elas estão no 
mesmo patamar (18 anos), mas os artigos do CP que falam em 21 anos permanecem 
vigentes. A emancipação civil não repercute na esfera penal. A Súmula 74 do Supremo 
Tribunal de Justiça estabelece que “para efeitos penais, o reconhecimento da meno-
ridade do réu requer prova por documento hábil” (BRASIL, 1993).
Zaffaroni e Pierangeli (2006, p. 533) ressaltam a impossibilidade de exi-
gir de todos o mesmo grau de compreensão da antijuridicidade. Os autores 
afirmam que essa impossibilidade está diretamente ligada ao esforço que o 
sujeito deve fazer para compreender a norma. E, para finalizar, apresentam 
três itens que pontuam a compreensão da antijuridicidade e sua ligação com 
os quesitos de imputabilidade:
I – Compreender ou entender a antijuridicidade’ significa ‘conhecê-la e 
internalizá-la;
II – A culpabilidade se conforma como uma possibilidade exigível de compre-
ensão da antijuricidade, não requerendo uma efetiva compreensão do injusto, 
que, na maioria dos casos, não existe ou é imperfeita;
III – O grau de esforço que o sujeito devia ter feito para internalizar os valores 
jurídicos e motivar-se neles é inverso ao grau de exigibilidade e, em conse-
quência, ao de reprovabilidade (culpabilidade) (ZAFFARONI, 2006, p. 533).
Os determinantes da impossibilidade de compreensão da antijuridicidade 
apontados por Zaffaroni e Pierangeli (2006, p. 533) se diferenciam dos aspectos 
do desenvolvimento mental retardado, pois, no caso apontado pelos autores, 
a evolução não acontecerá em razão de limitação pessoal para progredir. 
Nesses casos, a compreensão mental é incompatível com o estágio de vida 
em que se encontra a pessoa, estando abaixo do desenvolvimento normal para 
aquela idade cronológica. Sua capacidade não corresponde às experiências 
para aquele momento de vida, o que significa que a plena potencialidade 
jamais será atingida.
Os oligofrênicos são pessoas com reduzidíssimo coeficiente intelectual, 
dispostos em uma escala patológica de inteligência como débeis mentais, 
imbecis e idiotas.
A imputabilidade no ordenamento brasileiro12
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Sobre a redução da maioridade penal, cabe transcrever os ensinamentos de Lenza 
(2014, p. 1357):
Muito se cogita a respeito da redução da maioridade penal, de 18 para 
16 anos. Para tanto, o instrumento necessário seria uma emenda à 
Constituição e, portanto, manifestação do poder constituinte derivado 
reformador, limitado juridicamente.
Neste ponto, resta saber: eventual EC que reduzisse, por exemplo, de 
18 para 16 anos, a maioridade penal violaria a cláusula pétrea do direito 
e garantia individual (art. 60, §4º, IV)?
Embora parte da doutrina assim entenda, para nós é possível a redução 
de 18 para 16 aos, uma vez que apenas não se admite a proposta de 
emenda (PEC) tendente a abolir direito e garantia individual. Isso 
não significa, como já interpretou o STF, que a matéria não possa ser 
modificada. 
Cabe referir que no Código Civil de 1916 as pessoas com deficiência mental 
ou intelectual eram consideradas absolutamente incapazes, nominadas como 
“loucos de todo o gênero”, o que as impedia de praticar atos da vida civil. 
Isso foi alterado por meio da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência – Decreto Legislativo nº. 186, de 2008, com promulgação pelo 
Decreto Executivo 6.949, de 2009, vindo a ensejar a Lei 13.146, de 6 de julho 
de 2015, chamada Estatuto da Pessoa com Deficiência.
O art. 12 da Convenção estabelece que as pessoas com deficiência “gozam 
de capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas em 
todos os aspectos da vida” (BRASIL, 2009); essa capacidade legal é mais 
ampla que a capacidade civil em geral, mas não altera substancialmente o CP.
Por sua vez, a embriaguez, enquanto hipótese de exclusão da imputabili-
dade, apresenta-se como uma intoxicação aguda e transitória causada por álcool 
ou outra substância de efeitos psicotrópicos, como morfina, ópio, cocaína, entre 
outras. No âmbito da medicina legal, os psicotrópicos são assim divididos:
  psicolépticos: tranquilizantes (morfina, ópio, calmante);
  psicoanalépticos: estimulantes (cocaína);
  psicodislépticos: causam alucinações (ácido lisérgico, heroína e álcool).
13A imputabilidade no ordenamento brasileiro
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Para além da divisão dos elementos influenciadores, a embriaguez possui 
fases de ação:
  excitação: início da ação química, marcado pela inibição dos mecanis-
mos de autocensura; perda da intensidade visual e equilíbrio afetado;
  depressão: estado de confusão mental e irritabilidade que geram 
agressividade;
  sono: a ingestão de grandes doses pode gerar dormência profunda, 
levando à perda do controle das funções fisiológicas.
Assim, a chamada embriaguez completa é distinta do estado de sono-
lência – independentemente de ser voluntária ou acidental – porque, como 
bem apontado por Zaffaroni e Pierangeli, nos casos de inconsciência não há 
vontade, e, portanto, não há conduta (ZAFFARONI; PIERANGELI, 2006).
Quando se tratar de embriaguez não acidental, esta poderá ser voluntária (dolosa) 
ou culposa. Na primeira, o agente ingere a substância na intenção de embriagar-se, 
projetando o estado psíquico alterado. Na segunda, não há intenção de que o consumo 
leve ao estado de torpor, que ocorre pela imprudência no manejo do item, levando 
ao consumo excessivo.
É consolidado na doutrina que essa embriaguez não acidental não tem o poder de 
afastar ou excluir a imputabilidade, independentemente de seu nível (completa ou 
incompleta), porque no momento da ingestão da substância o sujeito ativo possuía 
total condição de compreender a extensão de sua conduta.
Observe que o texto do diploma legal versa sobre embriaguez completa, 
porque este é considerado o estado em que o agente perde a capacidade de 
discernimento de seus atos; não há entendimento ou vontade. A embriaguez 
incompleta, por sua vez, é a perda parcial da autodeterminação. Esses conceitos 
são aplicáveis tanto para a embriaguez voluntária quanto para a causada por 
caso fortuito ou força maior.
A chamada embriaguez acidental, apontada pelo legislador, pode decorrer 
de caso fortuito ou força maior. Somente nessas circunstâncias é excluída a 
imputabilidade, porque compreende-se que o sujeito ativo não detinha con-
dições de compreender o ato ilícito.
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Os exemplos apresentados pela doutrina como hipótese de embriaguez 
por caso fortuito demonstram o quão difícil é a caracterização e a própria 
ocorrência desta. A embriaguez por força maior deriva de uma ação externa 
que leva o agente à essa condição (ser injetado por uma agulha de substância 
alucinógena ou obrigado a ingerir álcool por coação física ou moral irresistível), 
fazendo com que a perda de controle das suas ações não tenha sido causada 
pelo sujeito.
Segundo Marques (apud CAPEZ, 2012, p. 87), “na embriaguez fortuita, 
a alcoolização decorre de fatores imprevistos, enquanto na derivada de força 
maior a intoxicação provém de força externa que opera contra a vontade de 
uma pessoa, compelindo-a a ingerir a bebida”.
A pessoa tropeça, caindo em um tonel de vinho e embriagando-se; toma em larga escala 
determinado líquido que desconhece ter conteúdo alcoólico ou os efeitos psicotrópicos 
resultantes. Não se embriagou porque quis, nem mesmo agiu com culpa para tanto.
O alcoolismo e a dependência química, enquanto doenças, são reconhecidas 
por embriaguez patológica: os sujeitos colocam-se no estado de embriaguez 
(que pode chegar ao torpor, à prostração) por conta de umavontade invencível.
Há, também, a hipótese de embriaguez preordenada, em que o sujeito ativo 
ingere substâncias que lhe alteram a psique justamente no intuito de cometer 
um ato ilícito, fazendo com que esse ato seja considerado um agravante para 
fins de majoração de pena.
Sobre a embriaguez, versa a doutrina:
APELAÇÃO-CRIME. INCÊNDIO MAJORADO. ART. 250, § 1º, INC. 
II, ALÍNEA A, DO CP. CASA HABITADA. PRELIMINARES. USO IN-
JUSTIFICADO DE ALGEMAS. AFASTADO. AUSÊNCIA DO RÉU NAS 
OITIVAS. SEM PREJUÍZO À DEFESA. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. 
EMBRIAGUEZ. CAUSA DE INIMPUTABILIDADE NÃO VERIFICADA. 
DESCLASSIFICAÇÃO. NÃO CONFIGURADO. REDUÇÃO DA PENA. 
ISENÇÃO DA PENA DE MULTA. INVIÁVEL. DIREITO DE APELAR EM 
LIBERDADE. [...] IV - Não demonstrado que o réu, no dia do fato, encontrava-
-se em estado de embriaguez completa, que lhe impedisse de entender o caráter 
ilícito de sua conduta. Outrossim, mesmo que presentes elementos neste 
sentido, a situação não se enquadraria em causa de exclusão de culpabilidade, 
pois o caso não retrataria a embriaguez involuntária ou proveniente de caso 
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fortuito ou força maior. A embriaguez voluntária (ingestão de álcool por ato 
de plena capacidade e vontade do agente) não exclui a imputabilidade penal, 
consoante o disposto no art. 28, inc. II, do Código Penal.
V- O dolo foi direto e o fogo foi intenso, colocando em risco a incolumidade 
pública, não prosperando o pedido de desclassificação para o delito de incêndio 
culposo. [...] PRELIMINARES AFASTADAS. APELAÇÃO DA DEFESA 
PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Crime Nº 70076408111, Quarta 
Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rogerio Gesta Leal, 
Julgado em 05/04/2018) (RIO GRANDE DO SUL, 2018a, documento on-line).
A prova da embriaguez deve ser feita mediante exame químico de dosagem 
alcoólica, mas, considerando o princípio constitucional da não incriminação, a 
jurisprudência tem aceitado essa comprovação por meio de prova testemunhal.
PENAL E PROCESSUAL. SERVIDOR PÚBLICO. NOTIFICAÇÃO PRE-
LIMINAR. ART. 514 DO CPP. INQUÉRITO. CONDUÇÃO DE VEÍCULO 
SOB INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL. ART. 306 DA LEI Nº 9.503/97. PROVA. 
INSUFICIÊNCIA. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. TESTE 
DE BAFÔMETRO. DIREITO A RECUSA. RESISTÊNCIA. DESACATO. 
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS. PERSONALIDADE.
[...] 2. Preponderando, quando do recebimento da denúncia, o interesse da 
sociedade em apurar a ocorrência de infração penal, basta a prova da materia-
lidade e indícios da autoria; contudo, para o julgamento, deve se ter a certeza 
acerca do autor da infração e da realização do delito, no caso condução de 
veículo sob influência de álcool, pois, caso contrário, com base no princípio 
constitucional da presunção de inocência, a prevalência da absolvição se impõe.
3. Não há obrigatoriedade de algum indivíduo submeter-se ao teste de ba-
fômetro, pois apresenta-se como direito público subjetivo a não-realização 
de provas contra si, ou seja, autoincriminação, consubstanciado no art. 5º, 
incisos LV, LVII e LXIII, da CF/88, representando uma limitação ao Poder 
Estatal, inclusive quanto à persecução penal.
4. Apresentada oposição à execução de ato legal, mediante o uso de violência 
contra funcionário público competente para realizá-lo, resta caracterizado o 
crime de resistência, previsto no art. 329 do CP. [...]
6. A personalidade deve ser valorada por uma análise psicológica do agente, 
caso presentes elementos nos autos. Não deve ser considerada como desviada 
da retidão comum pelo fato de praticar delito com consciência da ilicitude, 
pois tal circunstância já se encontra censurada no próprio tipo penal ou, no 
máximo, quando da análise da culpabilidade.
7. Apelo parcialmente provido.
(TRF4, ACR 2001.72.00.002341-2, 8º TURMA, Relator LUIZ FERNANDO 
WOWK PENTEADO, DJ 19/05/2004) (BRASIL, 2004, documento on-line). 
A imputabilidade no ordenamento brasileiro16
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Ao longo do texto, falamos muitas vezes em consciência dos atos. Para maiores infor-
mações sobre culpabilidade, acesse o vídeo abaixo.
https://goo.gl/nesL6Q
1. Considerando a inimputabilidade, 
selecione a alternativa correta sobre 
o(s) critério(s) de aferição utilizado(s) 
no sistema penal brasileiro:
a) Biopsicológico.
b) Psicológico e psiquiátrico.
c) Exame clínico por médico legista.
d) Biológico e psicológico.
e) Biológico, psicológico 
e biopsicológico.
2. Sobre o conceito de imputabilidade, 
assinale a alternativa correta:
a) Imputabilidade é a 
possibilidade de ser culpado.
b) Imputabilidade é quando 
o agente comete o crime 
de forma dolosa.
c) Imputabilidade ocorre somente 
se presentes o dolo e a culpa.
d) Imputabilidade só ocorre 
no caso de menores de 18 
anos e doentes mentais.
e) Imputabilidade é a capacidade 
de o agente compreender a 
ilicitude do ato cometido.
3. Escolha a alternativa que 
apresenta as causas excludentes 
de imputabilidade:
a) Doença mental.
b) Doença mental, desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado 
e embriaguez completa.
c) Menoridade, doença mental, 
emoção e paixão.
d) Menoridade, doença mental, 
emoção e paixão e embriaguez.
e) Embriaguez completa 
por caso fortuito ou força 
maior, menoridade.
4. Considerando o disposto no 
art. 28 do CP, identifique o 
tipo de embriaguez que é 
causa de inimputabilidade:
a) Embriaguez patológica.
b) Embriaguez acidental.
c) Embriaguez voluntária.
d) Embriaguez culposa.
e) Embriaguez completa por caso 
fortuito ou força maior. 
5. João foi diagnosticado com 
sonambulismo, sendo acometido 
por episódios esporadicamente. 
Em uma dessas situações, gritava 
como se estivesse sendo atacado. 
Seu vizinho, na intenção de 
auxiliar, tentou contê-lo, sendo 
17A imputabilidade no ordenamento brasileiro
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https://goo.gl/nesL6Q
atingido por uma facada, vindo 
a óbito. Segundo o relato, a 
doença de João seria capaz de 
torná-lo inimputável. Identifique 
qual a excludente aplicável:
a) Doença mental.
b) Patologia mental voluntária.
c) Desenvolvimento 
mental retardado.
d) Desenvolvimento 
mental incompleto.
e) Doença mental por 
desenvolvimento 
mental incompleto.
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Brasília, p. 179-198, jul./set. 1976. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/
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maio 2018.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm
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%29%2ENORV%2E+OU+%28C%C1RMEN+L%DACIA%29%2ENORA%2E+OU+%28C
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Disponível em: <http://www.tjrs.jus.br/busca/search?q=Habeas+Corpus+N%C2%BA+ 
70076811595&proxystylesheet=tjrs_index&client=tjrs_index&filter=0&getfield
s=*&aba=juris&entsp=a__politica-site&wc=200&wc_mc=1&oe=UTF-8&ie=UTF-
-8&ud=1&sort=date%3AD%3AS% 3Ad1&as_qj=&site=ementario&as_epq=&as_
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ZAFFARONI, E. R.; PIERANGELI, J. H. Manual de direito penal brasileiro: parte geral. 6. ed. 
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19A imputabilidade no ordenamento brasileiro
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http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14729060/habeas-corpus-hc-90129-rj
http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listar
tps://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-2009_5_cap-
https://trf-4.jusbrasil.com.br/jurispruden-
https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/569303963/apelacao-
http://www.tjrs.jus.br/busca/search?q=Habeas+Corpus+N%C2%BA+
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