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CONTABILIDADE Aplicada ao Setor Público DESPESAS PÚBLICAS • Despesa pública é o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos a fim de saldar gastos fixados na lei do orçamento ou em lei especial, visando à realização e ao funcionamento dos serviços públicos. A despesa faz parte do orçamento e corresponde às autorizações para gastos com as várias atribuições governamentais (JUND, 2008). • Despesa pública também pode ser definida como o conjunto de gastos realizados pelos entes públicos para custear os serviços públicos (despesas correntes) prestados à sociedade ou para a realização de investimentos (despesas de capital). • As despesas públicas devem ser autorizadas pelo Poder legislativo, através do ato administrativo chamado orçamento público. Exceção são as chamadas despesas extra orçamentarias. CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS • Quanto à natureza • Quanto à categoria econômica • Quanto à afetação patrimonial • Quanto à regularidade • Quanto à competência Institucional QUANTO À NATUREZA • Despesas orçamentárias: correspondem ao desembolso de recursos que não possuem correspondência com ingressos anteriores, fixados na lei orçamentária e que serão utilizados para pagamento dos gastos públicos (JUND, 2008). • Em outras palavras, são fixadas e especificadas na lei do orçamento e/ou na lei de créditos adicionais. QUANTO À NATUREZA • Despesas extra orçamentárias: saída de recursos transitórios anteriormente obtidos sob a forma de receitas-extra-orçamentárias. • Exemplo: restituição de depósitos, restituição de cauções, pagamento de restos a pagar, resgate de operações de crédito por Antecipação da Receita Orçamentária (ARO), entre outros. • Estas despesas não precisam de autorização orçamentária para se efetivarem, pois não pertencem ao órgão público, mas caracterizam-se por serem uma devolução de recursos financeiros pertencentes a terceiros. QUANTO À CATEGORIA ECONÔMICA Despesas Correntes • Despesas de custeio: dotações destinadas à manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive para atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis (Art. 12, Lei 4.320). Jund (2008) complementa com mais exemplos: pagamento de serviços terceiros, pagamento de pessoal e encargos, aquisição de material de consumo, entre outras. • Transferências correntes: dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. Exemplos: transferências de assistência e previdência social, pagamento de salário-família, juros da dívida pública. QUANTO À CATEGORIA ECONÔMICA Despesas de capital • Investimentos: dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro (Art. 12,§ 4º, Lei 4.320)). QUANTO À CATEGORIA ECONÔMICA Despesas de capital • Inversões financeiras: Conforme Art. 12,§ 5º, Lei 4.320, são as dotações destinadas para: • I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização; • II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; • III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros. QUANTO À CATEGORIA ECONÔMICA Despesas de capital • Transferências de capital: dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública. QUANTO À AFETAÇÃO PATRIMONIAL • Despesa efetiva: reduzem a situação líquida patrimonial (SLP) do Estado, provocando um fato contábil modificativo diminutivo. Exemplos: pessoal e encargos; juros e encargos da dívida interna e externa; outras despesas correntes, salvo aquelas de material de consumo para estoque. • Despesa não efetiva (ou por mudança patrimonial): não provocam alteração na Situação Líquida Patrimonial (SLP) do Estado. Exemplo: investimentos, inversões financeiras, amortização da dívida interna e externa, outras despesas de capital, salvo aquelas destinadas a auxílios e contribuições de capital bem como os investimentos em bens de uso comum do povo; despesa corrente para formação de estoque de material de consumo. QUANTO À REGULARIDADE • Ordinárias: destinadas à manutenção contínua dos serviços públicos. Se repetem em todos os exercícios. • Extraordinárias: de caráter esporádico ou excepcional, provocadas por circunstâncias especiais e inconstantes. Não aparecem todos os anos nas dotações orçamentarias. QUANTO À COMPETÊNCIA INSTITUCIONAL • A competência institucional da despesa pública pode ser Federal, Estadual ou Municipal. • Federal: competência da União. Atende demandas de dispositivo constitucional, leis ou contratos. • Estadual: competência dos Estados. • Municipal: competência dos Municípios. ETAPAS E ESTÁGIOS DA DESPESA PÚBLICA ETAPAS E ESTÁGIOS DA DESPESA PÚBLICA • As despesas públicas possuem etapas e estágios. • Inicialmente cabe destacar que os termos "etapas" e "estágios", quando relacionados com as despesas públicas, não são tratados como sinônimos. • O Manual da Despesa Nacional afirma que as etapas da despesa orçamentária são três: – planejamento; – execução; e – controle e avaliação ETAPAS E ESTÁGIOS DA DESPESA PÚBLICA • Os estágios, por sua vez, fazem parte da etapa de execução e, conforme a Lei 4.320/64, incluem o empenho, a liquidação e o pagamento. Os estágios da despesa são: – fixação; – empenho; – liquidação; e – pagamento. ETAPA 1 - PLANEJAMENTO • A etapa do planejamento e contratação abrange, de modo geral: • a fixação da despesa orçamentária; • a descentralização/movimentação de créditos; • a programação orçamentária e financeira; • e o processo de licitação. ETAPA 1 - PLANEJAMENTO Fixação da Despesa • Compreende a adoção de medidas em direção a uma situação idealizada, tendo em vista os recursos disponíveis e observando as diretrizes e prioridades traçadas pelo governo. A criação ou expansão da despesa requer adequação orçamentária e compatibilidade com a LDO e o PPA. • O processo da fixação da despesa orçamentária é concluído com a autorização dada pelo poder legislativo por meio da lei orçamentária anual. ETAPA 1 - PLANEJAMENTO Descentralização de créditos orçamentários • Ocorrem quando for efetuada movimentação de parte do orçamento, mantidas as classificações institucional, funcional, programática e econômica, para que outras unidades administrativas possam executar a despesa orçamentária. • As descentralizações de créditos orçamentários não se confundem com transferências e transposição. ETAPA 1 - PLANEJAMENTO Programação orçamentária e financeira • Consiste na compatibilização do fluxo dos pagamentos com o fluxo dos recebimentos, visando o ajuste da despesa fixada às novas projeções de resultados e da arrecadação. ETAPA 1 - PLANEJAMENTO Processo de licitação • Compreende um conjunto de procedimentos administrativos que objetivam adquirir materiais, contratar obras e serviços, alienar ou ceder bens a terceiros, bem como fazer concessõesde serviços públicos com as melhores condições para o Estado. • Conforme artigo 165 da Constituição Federal de 1988, os instrumentos de planejamento compreendem o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual. ETAPA 2 - EXECUÇÃO Após a publicação da Lei Orçamentária, do quadro de detalhamento da despesa e observadas as normas de execução orçamentária e de programação financeira do exercício, já existem condições para que as unidades orçamentárias iniciem a execução orçamentária. Após a fixação, os demais estágios da despesa são: ETAPA 2 - EXECUÇÃO Empenho É o ato que cria a obrigação de pagamento para o Estado, pendente ou não do implemento de condição. O empenho precede a realização da despesa e está restrito ao limite de crédito orçamentário. Além disso, é vedada a realização de despesa sem o prévio empenho. "Empenhar deduz o valor da dotação orçamentária, tonando a quantia empenhada indisponível para nova aplicação"(JUND, 2008, p. 208). ETAPA 2 - EXECUÇÃO O estágio do empenho está sujeito a três etapas: - autorização; - indicação da modalidade licitatória, sua dispensa ou inexigibilidade; - formalização, comprovada pela emissão da nota de empenho e a respectiva dedução do valor da despesa. ETAPA 2 - EXECUÇÃO O empenho ainda, conforme sua natureza e finalidade, pode ser emitido em uma das seguintes formas: empenho ordinário: o montante é conhecido e o pagamento deve ocorrer em uma única vez; ETAPA 2 - EXECUÇÃO empenho global: o montante também é conhecido, mas o pagamento será parcelado. Exemplos: aluguéis, contrato de prestação de serviços por terceiros, vencimentos, salários, proventos e pensões, inclusive as obrigações patronais decorrentes, entre outros. ETAPA 2 - EXECUÇÃO empenho por estimativa: o montante não pode ser previamente determinado e a base é periodicamente não homogênea. Exemplos: serviços de abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica e telefone, gratificações, diárias e reprodução de documentos, entre outras. ETAPA 2 - EXECUÇÃO Liquidação Conforme dispõe o artigo 63 da Lei 4.320/64, a liquidação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem por objetivo apurar: I. A origem e o objeto do que se deve pagar; II. A importância exata a pagar; e III. A quem se deve pagar a importância para extinguir a obrigação. ETAPA 2 - EXECUÇÃO Pagamento É o último estágio da realização da despesa. Consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque nominativo, ordens de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser efetuado após a regular liquidação da despesa. ETAPA 3 – CONTROLE E AVALIÇÃO Esta etapa compreende a fiscalização realizada pelos órgãos de controle e pela sociedade. O Sistema de Controle visa à avaliação da ação governamental, da gestão dos administradores públicos e da aplicação de recursos públicos por entidades de Direito Privado, por intermédio da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, com finalidade de: ETAPA 3 – CONTROLE E AVALIÇÃO a) avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; e b) comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e à eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da Administração Pública, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado.
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