Buscar

Recurso-ordinário-LOAS-exclusão-do-benefício-de-valor-mínimo-do-cálculo-da-renda-per-capita

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

À
JUNTA DE RECURSOS DO CONSELHO DE RECURSO DO SEGURO SOCIAL
Ref.: NB 
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, idosa, casada, portadora do RG xxxxxxxxxxxxxxxxx, inscrita no CPF xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, por intermédio de seu procurador e advogado que ao final subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Senhoria, com fundamento no artigo 56 da Lei 9.784/99, c.c artigo 305 do Decreto 3.048/99 e artigo 537 da Instrução Normativa 77/2015 e artigo 29 da portaria 116/2017, que aprova o regimento interno do CRPS, apresentar
RECURSO ORDINÁRIO
contra decisão do Instituto Nacional do Seguro Social que indeferiu o pedido de benefício de Amparo Assistencial ao Idoso, pelos motivos de fato e direito abaixo aduzidos:
PRELIMINARMENTE
DA ADMISSÃO DO RECURSO
Em que pese o protocolo do Recurso ser realizado na Agência da Previdência Social, a mesma não tem competência para falar sobre seu cabimento, uma vez que é PRERROGATIVA do CRSS admitir ou não o Recurso.
Aliás, vale trazer à baila o disposto na IN 77/2015:
Art. 537. Das decisões proferidas pelo INSS poderão os interessados, quando não conformados, interpor recurso ordinário às Juntas de Recursos do CRPS.
(...) 
§ 4º Admitir, ou não, o recurso é prerrogativa do CRPS, sendo vedado ao INSS recusar o seu recebimento ou sustar-lhe o andamento, exceto nas hipóteses expressamente disciplinadas no Regimento Interno do CRPS, aprovado pela Portaria MPS nº 548, de 13 de setembro de 2011.
Portanto, nesta fase processual administrativa, o INSS deixa de ser órgão concessor do benefício, passando ser parte interessada no processo administrativo, por essa razão o único procedimento permitido pela Lei é, se quiser, responder ao Recurso no prazo de 30 dias e, OBRIGADO, a encaminhar o processo ao CRSS para julgamento do Recurso. 
DA TEMPESTIVIDADE RECURSAL
O presente Recurso é tempestivo, veja-se:
Nos termos do parágrafo 1ª do artigo 305 do Decreto 3048/99, o prazo para interposição dos recursos é de 30 (trinta) dias, contados do recebimento da notificação. 
Como é cediço, o INSS RECUSA o protocolo de qualquer solicitação sem o prévio agendamento, inclusive o protocolo dos Recursos.
Ademais, o artigo 12 da Resolução transcreve que a data DER do benefício ou serviço será a data da solicitação do agendamento, aplicando-se o mesmo para os requerimentos de recursos e revisão.
Cumpre esclarecer que a Recorrente não fora notificada da decisão denegatória do benefício, tomando ciência pela consulta ao sitio do INSS.
Na esteira, considerando que a Recorrente teve seu atendimento pessoal na APS-xxxxxxxx/xxx em xx/xx/xxxx, agendando o Recurso Ordinário em xx/xx/xxxxx (código de agendamento zxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx). 
Ainda, considerando que no item 2 – prazos e comunicações- do manual de Recursos da Previdência Social, o agendamento eletrônico será considerado como data de apresentação do recurso, demonstrado está a tempestividade Recursal.
DO PRAZO PARA CONTRARRAZÕES E ENVIO DO PROCESSO AO CRPS
Dispõe o artigo 541 da Instrução Normativa 77/2015:
Art. 541. O prazo para interposição de recurso ordinário e especial, bem como para o oferecimento de contrarrazões, é de trinta dias, contados de forma contínua, excluindo-se da contagem o dia do início e incluindo-se o do vencimento.
 
§ 1º  O prazo previsto no caput inicia-se:
 
I -  para apresentação de contrarrazões por parte do INSS, a partir do protocolo do recurso, ou, quando encaminhado por via postal, da data de recebimento na Unidade que proferiu a decisão;
Na esteira, cabe lembrar que o prazo para envio do processo de Recursos para o CRPS é de 30 dias, mesmo sem contrarrazões, confira o que determina o artigo 542 da Instrução Normativa 77/2015.
 
Art. 542. Expirado o prazo de trinta dias da data em que foi interposto o recurso sem que haja contrarrazões, os autos serão imediatamente encaminhados para julgamento pelas Juntas de Recursos ou Câmara de Julgamento do CRPS, conforme o caso, sendo considerados como contrarrazões do INSS os motivos do indeferimento.
Assim sendo, em respeito ao princípio constitucional da legalidade, a Recorrente requer observação dos prazos legais, sob pena de responsabilização funcional do servidor nos termos da Lei 8.112/90.
DOS FATOS
A Recorrente é idosa, eis que possui mais de 65 (sessenta e cinco) anos, não tendo condições de sua manutenção, requereu o benefício de amparo assistencial ao Idoso, configurado como:
NB xxxxxxxxxxxxxx
DER xx/xx/xxxxx
 
O pleito da Recorrente foi indevidamente indeferido, sob o argumento da extrapolação do requisito objetivo de miserabilidade de renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo nacional.
Ocorre que, de forma errada, o Recorrido incluiu no cálculo da renda per capita o benefício previdenciário no valor de 01 (um) salário mínimo auferido por idoso do mesmo grupo familiar, sendo este esposo da Recorrente.
O grupo familiar da Recorrente é composto por ela e pelo seu esposo, o qual é beneficiário do benefício previdenciário de aposentadoria, percebido no valor de 01 salário mínimo.
Todavia, o indeferimento do benefício assistencial à Recorrente é ato atentatório contra a dignidade da pessoa humana, haja vista que a jurisprudência pátria dos tribunais dispõe que o benefício previdenciário no valor mínimo deve ser excluído co cálculo da renda per capita, nos termos do artigo 34, parágrafo único do estatuto do idoso.
Aliás, a própria PROCURADORIA do INSS, que a defende em juízo, editou a Instrução Normativa n.º 2 de 09 de julho de 2014, reconhecendo que é correto excluir do cálculo da renda per capita o benefício previdenciário no valor do salário mínimo, recebido por outro idoso que faça parte do mesmo grupo familiar, veja-se:
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 2, DE 9 DE JULHO DE 2014 – DA AGU
Art. 1º Fica autorizada a desistência e a não interposição de recursos das decisões judiciais que, conferindo interpretação extensiva ao parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003, determinem a concessão do benefício previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/93, nos seguintes casos:
I) quando requerido por idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, não for considerado na aferição da renda per capita prevista no artigo 20, § 3º, da Lei n. 8.742/93:
a) o benefício assistencial, no valor de um salário mínimo, recebido por outro idoso com 65 anos ou mais, que faça parte do mesmo núcleo familiar;
b) o benefício assistencial, no valor de um salário mínimo, recebido por pessoa com deficiência, que faça parte do mesmo núcleo familiar;
c) o benefício previdenciário consistente em aposentadoria ou pensão por morte instituída por idoso, no valor de um salário mínimo, recebido por outro idoso com 65 anos ou mais, que faça parte do mesmo núcleo familiar.
 
Destarte, não resta alternativa para Recorrente a não ser socorrer-se do Conselho de Recursos da Previdência Social a fim de ver resguardado seu direito ao benefício de amparo assistencial ao idoso.
DO MÉRITO RECURSAL
Antes de adentrarmos ao mérito recursal, se faz necessário tecer alguns comentários sobre a forma de atuação da administração perante os administrados.
A Lei 9.784/99, que regulamenta o processo administrativo federal, no seu artigo 1º dispõe que é dever da administração proteger o administrado.
No mesmo sentido, prescreve o inciso VI do artigo 659 da IN 77/2015, in verbis:
Art. 659. Nos processos administrativos previdenciários serão observados, entre outros, os seguintes preceitos:
(...)
VI – condução do processo administrativo com a finalidade de resguardar os direitos subjetivos dos segurados e demais interessados da Previdência Social (...);
Assim sendo, como visto, o objetivo da administração é proteger administrado, resguardando seus direitos subjetivos.
Outrossim, insta consignar que a atuação da administração deve se pautar na LEI e no DIREITO, confira o disposto na Lei 9.784/99:
Art. 2o A Administração Pública obedecerá,
dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
Igualmente, em obediência ao princípio da legalidade administrativa, a atuação da administração, neste caso o CRPS, deve observar o disposto na Lei, ou seja, deve atuar conforme a Lei e o Direito.
No aspecto de atuação conforme o Direito, se faz necessário destacar que uma das fontes de Direito é a jurisprudência, portanto, levando-se em consideração o princípio da legalidade, requer-se observância quanto o disposto no inciso I do parágrafo único do artigo 2º da Lei 9.784/99, atuando conforme o Direito.
DO DIREITO AO BENEFÍCIO DE AMPARO AO IDOSO
Nos termos da Lei 8.742/93, o benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-lo provida por sua família.
Segundo a Lei 8.742/93, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.
Para que a pessoa idosa tenha direito ao benefício, deverá ostentar 65 anos ou mais, não dispor de condições de ser prover ou de ser provida pela família.
Pois bem, a Recorrente preenche o requisito idade, eis que na DER já detinha mais de 65 anos.
No que tange ao requisito socioeconômico, reside com a Recorrente seu cônjuge. Logo, a família é composta pela Recorrente e pelo seu cônjuge, beneficiário de aposentadoria previdenciária no valor de 1 salário mínimo.
A renda familiar é oriunda apenas do benefício previdenciário no valor de 01 salário mínimo percebido pelo cônjuge da Recorrente, uma vez que a Recorrente não aufere nenhum rendimento.
Nesse diapasão, como alhures, o benefício previdenciário no valor de 01 (um) salário mínimo recebido pelo idoso pertencente ao grupo familiar deve ser excluído do cálculo da renda per capita, em obediência ao comando constitucional da dignidade da pessoa humana.
A Constituição Federal garante o mínimo para que a pessoa possa ter uma vida digna, respeitada e protegida.
Neste caso, o indeferimento do benefício de amparo ao idoso à Recorrente é violar sua dignidade humana.
Vale destacar, ademais, que a Recorrente, em razão da sua idade, faz uso de diversos medicamentos para manutenção de sua saúde.
O risco social da Recorrente é visível, mormente pelo fato de ser idosa, bem como pela inópia a que ela e seu grupo familiar estão submetidos, sendo necessária a presença do Estado a fim de lhe garantir um mínimo de dignidade, com a concessão do benefício que a faz jus.
Outrossim, excluindo do cálculo da renda per capita o valor da aposentadoria auferido pelo cônjuge da Recorrente, que é de 01 salário mínimo, ou seja, R$ 788,00 (setecentos e oitenta e oito reais), a renda familiar será reduzida a ZERO, porquanto não há outra fonte de renda.
O benefício perseguido pela Recorrente é garantido constitucionalmente. O artigo 203 da Constituição Federal de 1.988, ensina que a “assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem objetivos: (...) – V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meio de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (...)”.
Como visto, a família da Recorrente é composta por ela e por seu cônjuge, beneficiário de aposentadoria no valor de 01 (um) salário mínimo.
Nesse sentido, o benefício de amparo ao idoso, também é previsto no Estatuto do Idoso, in verbis:
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 01 (um) salário mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS.
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS.
In casu ilustre Relator, chama-se atenção para o valor do benefício previdenciário auferido pelo cônjuge da Recorrente.
Consignemos que o cônjuge da Recorrente percebesse o benefício de Amparo ao Idoso, o qual é pago no valor de um salário mínimo. Assim, a Recorrente teria direito ao benefício, eis que o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso ressalva que o valor percebido não será computado na renda familiar.
Agora, em razão do cônjuge da Recorrente receber, o mesmo valor, salário mínimo, só que ao invés de ser benefício de Amparo ao Idoso é benefício previdenciário, a Recorrente não tem direito ao benefício? Em que pese o entendimento da Recorrida, tal fato é negar vigência ao princípio da igualdade. Qual é diferença, uma vez que o valor é o mesmo?
Em razão disso, o Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento da Reclamação 4374, declarou inconstitucional o critério de objetivo da renda familiar per capita ser inferior ao ¼ do salário mínimo, devendo prevalecer o grau de miserabilidade.
A jurisprudência dos tribunais é uníssona no sentido de que o critério a ser aplicado é de miserabilidade e não da renda per capita ser inferior a ¼ do salário mínimo.
Aliás, além do grau de miséria, a jurisprudência, inclusive administrativa – CRPS, vai no sentido de que o valor auferido por membros do grupo familiar decorrente de benefício previdenciário no valor do salário mínimo deve ser excluído do cálculo. Veja-se o entendimento dos tribunais:
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. AUSÊNCIA DE CONTRARIEDADE ENTRE A DECISÃO DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO E A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. INADMISSIBILIDADE DO INCIDENTE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O Incidente de Uniformização de Jurisprudência é cabível quando a orientação acolhida pela Turma Nacional de Uniformização - TNU contrariar súmula ou jurisprudência dominante neste Tribunal Superior (art. 14, § 4º, da Lei n. 10.259/2001 e art. 36 da Resolução/CJF n. 22/2008), o que não ocorreu na espécie. 2. De fato, a decisão da TNU não destoa do entendimento firmado por esta Corte no julgamento da Pet 7.203/PE, no sentido de que "deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso" (3ª Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 11/10/2011). 3. Não subsiste a pretensão de suspensão do presente feito até o julgamento de recurso submetido ao rito do art. 543-C do CPC, pois a norma inserta nesse preceito legal dirige-se aos feitos a serem processados nos tribunais de segunda instância. Precedentes da Corte Especial e desta Terceira Seção. 4. Agravo Regimental desprovido.
(STJ , Relator: Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), Data de Julgamento: 11/12/2013, S3 - TERCEIRA SEÇÃO)
Ademais, além da exclusão do valor do benefício de um salário mínimo do cálculo da renda per capita, o INSS deve levar em consideração o grau de miséria e não apenas o critério objetivo.
Como se observa do processo administrativo, o indeferimento do benefício para a Recorrente se fundamenta apenas no critério objetivo da renda per capita, sem levar em consideração o grau de miséria, como tem decido os tribunais, veja-se: 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. POSSIBILIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE DO BENEFICIÁRIO
POR OUTROS MEIOS DE PROVA, QUANDO A RENDA PER CAPITA DO NÚCLEO FAMILIAR FOR SUPERIOR A 1/4 DO SALÁRIO-MÍNIMO. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC. COMPROVAÇÃO DA DEFICIÊNCIA E DA HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. A jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de que a limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada a única forma de provar que a pessoa não possui outros meios para prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolutamente a miserabilidade quando demonstrada a renda per capita inferior a 1/4 do salário-mínimo. Orientação reafirmada no julgamento do REsp 1.112.557/MG, sob o rito dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC).
2. Hipótese em que o Tribunal de origem concluiu, com base na prova dos autos, que a agravante não preenche os requisitos legais, no que tange à comprovação da hipossuficiência econômica. A revisão desse entendimento implica reexame de fatos e provas, obstado pelo teor da Súmula 7/STJ.
3. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no AgRg no AREsp 617.901/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 21/05/2015)
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 105, III, ALÍNEA C DA CF. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. POSSIBILIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE DO BENEFICIÁRIO POR OUTROS MEIOS DE PROVA, QUANDO A RENDA PER CAPITA DO NÚCLEO FAMILIAR FOR SUPERIOR A 1/4 DO SALÁRIO MÍNIMO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. A CF/88 prevê em seu art. 203, caput e inciso V, a garantia de um salário mínimo de benefício mensal, independente de contribuição à Seguridade Social, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. 2. Regulamentando o comando constitucional, a Lei 8.742/93, alterada pela Lei 9.720/98, dispõe que será devida a concessão de benefício assistencial aos idosos e às pessoas portadoras de deficiência que não possuam meios de prover a própria manutenção, ou cuja família possua renda mensal per capita inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. 3. O egrégio Supremo Tribunal Federal já declarou, por maioria de votos, a constitucionalidade dessa limitação legal relativa ao requisito econômico, no julgamento da ADI 1.232/DF (Rel. para o acórdão Min. NELSON JOBIM, DJU 1.6.2001). 4. Entretanto, diante do compromisso constitucional com a dignidade da pessoa humana, especialmente no que se refere à garantia das condições básicas de subsistência física, esse dispositivo deve ser interpretado de modo a amparar irrestritamente o cidadão social e economicamente vulnerável. 5. A limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não possui outros meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo. 6. Além disso, em âmbito judicial vige o princípio do livre convencimento motivado do Juiz (art. 131 do CPC) e não o sistema de tarifação legal de provas, motivo pelo qual essa delimitação do valor da renda familiar per capita não deve ser tida como único meio de prova da condição de miserabilidade do beneficiado. De fato, não se pode admitir a vinculação do Magistrado a determinado elemento probatório, sob pena de cercear o seu direito de julgar. 7. Recurso Especial provido. RECURSO ESPECIAL Nº 1.112.557 - MG (2009/0040999-9). RELATOR: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO. RECORRENTE: Y G P S (MENOR). REPR. POR: CÍNTIA DÉBORA PEREIRA SOUZA. ADVOGADO: JULLYO CEZZAR DE SOUZA. RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS. PROCURADOR : MIGUEL DOS SANTOS FONSECA NETO E OUTRO(S). Data do julgamento: 28/10/2009.
Destarte, excluindo o valor do benefício previdenciário recebido pelo cônjuge idoso da Recorrente, não há extrapolação da renda per capita, como alhures demonstrado.
Por conseguinte, a Recorrente preenche todos os requisitos autorizadores para concessão do benefício de amparo assistencial ao idoso.
DO REQUERIMENTO
 Em face de todo o exposto, a Recorrente requer a Vossas Senhorias que se dignem de conhecerem do Recurso Ordinário, para no mérito dar-lhe regular provimento, reformando o ato recorrido, determinando a concessão do benefício de Amparo Assistencial ao Idoso à Recorrente desde a DER, pois assim agindo, estarão Vossas Senhorias convictas de estarem patrocinando a mais lidima e irretorquível JUSTIÇA.
Nesses termos,
pede deferimento.
Localidade
Nome do segurado
Nome do advogado
OAB/SP

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando