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DIRECIONADORES JURÃ_DICOS - 09.2019

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 DIRECIONADORES JURÍDICOS 
 
 
 
 
 
 
Seguradora Líder do Consórcio do Seguro DPVAT S.A. 
Tel.: (21) 3861-4600 – www.seguradoralider.com.br 
Rua da Assembleia, 100 / 26º andar – Edifício City Tower 
Centro, Rio de Janeiro/RJ – CEP 20011-904 
 
 
 
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SUMÁRIO 
1. PROPÓSITO ...................................................................................................................................... 4 
2. CONCEITUAÇÃO DE SEGURO ........................................................................................................... 4 
3. SEGURO DPVAT ............................................................................................................................... 5 
3.1. FUNÇÃO SOCIAL .......................................................................................................................... 5 
4. TEMAS RELEVANTES ........................................................................................................................ 7 
4.1. ATO ILÍCITO .................................................................................................................................. 7 
4.1.1. ESPÉCIES DE ATO ILÍCITO ......................................................................................................... 7 
4.1.1.1. EMBRIAGUEZ ....................................................................................................................... 7 
4.1.1.1.1. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ........................................................................................ 10 
4.1.1.2. RACHA ............................................................................................................................... 11 
4.1.1.2.1. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ........................................................................................ 11 
4.1.1.3. FURTO/ROUBO .................................................................................................................. 12 
4.1.1.3.1. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ........................................................................................ 13 
4.1.1.4. DIRIGIR SEM HABILITAÇÃO CAUSANDO PERIGO DE DANO .............................................. 13 
4.1.1.4.1. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ........................................................................................ 15 
4.2. PROPRIETÁRIO INADIMPLENTE ................................................................................................. 15 
4.2.1. IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO ...................................................................................... 15 
4.2.2. DA INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR ............................................................................... 16 
4.2.3. ENUNCIADO Nº 257, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ...................................................... 17 
4.2.3.1 TEORIA CONSTITUCIONAL DO DISTINGUISHING ....................................................................... 18 
4.2.4. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ............................................................................................ 19 
4.3. PRESCRIÇÃO .............................................................................................................................. 20 
4.3.1. CAUSAS INTERRUPTIVAS E SUSPENSIVAS DO PRAZO PRESCRICIONAL ................................. 20 
4.3.2. MARCO INICIAL NOS SINISTROS DE INVALIDEZ PERMANENTE ............................................. 21 
4.3.3. PRESCRIÇÃO DO INCAPAZ ..................................................................................................... 23 
4.3.4. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ............................................................................................ 25 
4.4. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA ............................................................................................. 25 
4.4.1. INOBSERVÂNCIA DO ART. 85 §2º .......................................................................................... 25 
4.4.2. IMPERTINÊNCIA DA CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS NAS AÇÕES DE 
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS .................................................................................................. 28 
4.4.3. ARTIGO 99, §5º, DO CPC – INTERESSE EXCLUSIVO DO ADVOGADO E GRATUIDADE DE JUSTIÇA
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4.4.4. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ............................................................................................ 31 
4.5. REEMBOLSO DE DAMS .............................................................................................................. 32 
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4.5.1. PREVISÃO LEGAL E LIMITE MÁXIMO INDENIZÁVEL............................................................... 32 
4.5.2. ANÁLISE SEMÂNTICA DA EXPRESSÃO “REEMBOLSO” ........................................................... 33 
4.5.3. INTERPRETAÇÃO EQUIVOCADA DA LEI ................................................................................. 33 
4.5.4. DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS PARA REEMBOLSO .............................................................. 34 
4.5.5. DESPESAS NÃO COBERTAS .................................................................................................... 35 
4.5.6. VEDAÇÃO DA CESSÃO DE DIREITOS ...................................................................................... 36 
4.5.7. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ............................................................................................ 36 
4.6. CORREÇÃO MONETÁRIA ........................................................................................................... 37 
4.6.1. DA NÃO INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA ................................................................ 38 
4.6.2. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ............................................................................................ 39 
4.7. AUSÊNCIA DE COBERTURA ........................................................................................................ 40 
4.7.1 ACIDENTE SEM PARTICIPAÇÃO ATIVA DO VEÍCULO .............................................................. 40 
4.7.1.1 ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ............................................................................................ 41 
4.7.2 VEÍCULOS NÃO SUJEITOS AO LICENCIAMENTO .................................................................... 41 
4.7.3 VEÍCULO ESTRANGEIRO ......................................................................................................... 42 
4.7.3.1 ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ............................................................................................ 42 
4.7.4 TRATOR/COLHEITADEIRA/CARRO DE RALLY ......................................................................... 43 
4.7.4.1 ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ............................................................................................ 43 
4.7.5 CICLOMOTOR/BICICLETA ELÉTRICA/SIMILARES .................................................................... 44 
4.7.5.1 ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ............................................................................................ 44 
4.8 FALTA DE INTERESSE DE AGIR ...................................................................................................44 
4.8.1 ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO ............................................................................................ 46 
5. Matérias com entendimentos favoráveis ..................................................................................... 47 
5.1 APLICAÇÃO DA TABELA ................................................................................................................... 47 
5.2 INCIDÊNCIA DE JUROS A PARTIR DA CITAÇÃO ................................................................................ 47 
5.3 INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ...................................................... 47 
 
 
 
 
 
 
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1. PROPÓSITO 
O presente estudo foi elaborado em parceria entre os escritórios prestadores de serviço 
e as Gerências Jurídicas do Contencioso e Corporativa com o escopo de possibilitar a 
atuação unificada, estabelecendo uma identidade em assuntos estratégicos para o Seguro 
DPVAT, e consolidar os entendimentos no judiciário acerca das matérias contidas nos 
Direcionadores Jurídicos. 
2. CONCEITUAÇÃO DE SEGURO 
O conceito de seguro pode ser analisado por dois vieses: o jurídico e o técnico. Do ponto 
de vista jurídico, o seguro é um contrato oneroso, uma vez que há transferência do risco de um 
agente a outro. Do ponto de vista técnico, a atividade do seguro é regida por mutualismo, ou 
seja, a divisão dos efeitos danosos causados por um são suportados dentro de um grupo de 
pessoas. 
A conceituação técnica do seguro pode ser observada na definição de seguro de Manes 
apud Ferreira (1985) “mútuo auxílio financeiro, em caso de possíveis e fortuitas necessidades, 
avaliáveis num grande número de existências econômicas ameaças por análogos casos. ”. 
Pedro Alvim, por sua vez, conceitua o seguro por numa mescla desses vieses: 
 “ O seguro é uma operação pela qual a seguradora recebe dos segurados uma 
prestação, chamada prêmio, para a formação de um fundo comum por ele 
administrado e que tem por objetivo garantir o pagamento de uma soma em dinheiro 
àqueles que foram afetados por um dos riscos previstos. ” (ALVIM, Pedro. O contrato 
de seguro. Ed. Forense. Rio de Janeiro. 1ª edição, p.64, 2001) 
Alvim aborda o viés jurídico do seguro ao mencionar o prêmio. Por definição do artigo 
757 do Código Civil de 2002, o seguro é um contrato no qual o segurado paga o prêmio e 
garante que o segurador garanta seu interesse legítimo contra riscos determinados. O 
estabelecimento de uma relação contratual subentende a obrigação de fazer ou prestar um 
serviço. O objeto contratual do seguro é a garantia de que eventuais prejuízos serão ressarcidos 
monetariamente. 
 Há de se pontuar em quais hipóteses o segurador responderá pelos prejuízos oriundos 
do dano sofrido. Sabe-se que o seguro obrigatório contém regras específicas para cobertura e 
se faz necessário interpretá-lo sistematicamente com as normas gerais. Não deve ser aplicado 
de forma isolada, pois funciona como sistema: ordenado e com certa sincronia das 
características do contrato de um seguro facultativo. As regras gerais devem ser aplicadas – 
também – ao seguro obrigatório DPVAT. 
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 O princípio da boa-fé objetiva norteia todo sistema jurídico e deve orientar a 
interpretação dos contratos. As relações jurídicas devem cingir-se de comportamentos éticos, 
honestos e leais. Como disposto no artigo 765 do Código Civil, “o segurado e o segurador são 
obrigados a guardar na conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, 
tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele concernentes ”. 
 Notadamente, a função social está fortemente ligada a esta expectativa de confiança. O 
objetivo é equilibrar o contrato para que não haja uso indevido ou subtração de direitos. Aliado 
à premissa da função social, temos que o Seguro DPVAT foi criado para auxiliar vítimas e 
garantir a segurança jurídica na sociedade como um todo. A lei 6.194/74 dispõe sobre a 
cobertura de acidentes causados por veículos e/ou sua carga, a pessoas transportadas ou não. 
 Resta claro que, a institucionalização deste conceito é objetivo da sua própria atividade. 
Pela relevância na dinâmica social, o âmbito de sua atuação é ampliado de forma a ajustar-se 
com os demais princípios. 
3. SEGURO DPVAT 
O Seguro DPVAT é reconhecido como um relevante instrumento de proteção social, 
pois oferece cobertura abrangente para todas as vítimas de acidentes de trânsito registrados em 
território nacional. A Lei 6.194/74 regulamenta o Seguro DPVAT e estabelece as diretrizes para 
o pagamento das indenizações de sinistros de morte, invalidez permanente e reembolso de 
despesas médicas e suplementares (DAMS), causados por veículos automotores de via terrestre. 
Em seu artigo 12, determina a competência do Conselho Nacional de Seguros Privados para 
expedir normas e disciplinar a matéria. Nesse sentido, a principal regulamentação 
complementar a ser observada no Seguro DPVAT é a Resolução CNSP nº 332, de 2015. 
3.1. FUNÇÃO SOCIAL 
Os riscos gerados pela circulação de veículos motivaram o legislador a estabelecer uma 
espécie de seguro, cuja finalidade seria garantir uma indenização mínima às vítimas de 
acidentes automobilísticos, independente de perquirição acerca de culpa. A Lei 6.194/1974 
instituiu no sistema jurídico brasileiro o Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por 
Veículos Automotores de Via Terrestre – DPVAT. 
Na lição de Sergio Cavalieri Filho, o seguro obrigatório deixou de ser caracterizado 
como um seguro de responsabilidade civil do proprietário para se transformar em um seguro 
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social em que o segurado é indeterminado, só se tornando conhecido quando da ocorrência do 
sinistro, ou seja, quando assumir a condição de vítima de um acidente automobilístico. Segundo 
o autor, o proprietário do automóvel, ao contrário do que ocorre no seguro de responsabilidade 
civil, não é o segurado, mas sim o estipulante em favor de terceiro. 
Sob esta interpretação, pode-se dizer ainda, conforme o precitado autor, que não há um 
contrato de seguro propriamente dito, mas uma obrigação legal. Um seguro de responsabilidade 
social imposto por lei para cobrir os riscos da circulação dos veículos em geral. 
O seguro obrigatório tem uma conotação social muito elevada, em razão de fazer frente 
as despesas urgentes das vítimas de acidentes de trânsito. É o seguro que ampara todas as 
vítimas de acidentes de trânsito ocorridos no Brasil, sejam pedestres, passageiros ou motoristas. 
O benefício funciona como uma espécie de ajuda para as vítimas de acidentes de trânsito 
retomarem o curso de suas vidas, o que dá um forte viés social a este seguro. 
O Seguro DPVAT também é uma importante fonte de custeio do Sistema Único de 
Saúde (SUS), correspondente a 45% do volume de prêmios apurado pela Seguradora Líder-
DPVAT. Essa soma é repassadapor instituição financeira diretamente para o Fundo Nacional 
de Saúde após o pagamento do seguro pelos proprietários de veículos. Reafirma-se nesse ato 
que a relevante função social que o Seguro DPVAT cumpre, visto que tais repasses são 
essenciais para o atendimento às vítimas de acidentes no trânsito nos hospitais públicos ou em 
unidades privadas que têm convênio com o SUS. De 2008 a 2018 foram repassados ao SUS a 
quantia expressiva de R$33.370.836.743 (trinta e três bilhões trezentos e setenta milhões 
oitocentos e trinta e seis mil setecentos e quarenta e três reais). 
Além disso, 5% da receita do Seguro DPVAT também é repassada pelos bancos 
diretamente para o Denatran, que por determinação legal deve investir tais valores em 
campanhas de prevenção de acidentes. Essas campanhas são de extrema importância para 
conscientização sobre acidentes. Na prática, apenas 50% do valor pago pelos donos de veículos 
fica com a seguradora para a gestão do seguro e pagamento de indenizações. 
Pode-se concluir, portanto, que o pagamento do prêmio é fundamental para possibilitar 
o funcionamento do Seguro DPVAT, auxiliar o tão precário Sistema de Saúde público e realizar 
estudos e campanhas a fim de evitar novos acidentes de trânsito. 
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4. TEMAS RELEVANTES 
4.1. ATO ILÍCITO 
A prática de ato que apresenta atitude contrária ao dever legal de conduta, exonera ao 
titular do direito violado o dever de indenizar, pois não se mostra razoável que a prática 
delituosa seja geradora do pagamento da indenização. Como disposto no art. 762 do Código 
Civil: 
Art. 762 “ Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso do 
segurado, do beneficiário, ou de representante de um ou de outro”. 
A resolução nª 332/2015 do Conselho Nacional de Seguros Privados, aborda esta 
exclusão ao trazer a regra em seu art.2 §3ª: 
Art. 2º “Os danos pessoais cobertos compreendem as indenizações por morte e por 
invalidez permanente e o reembolso de Despesas de Assistência Médica e 
Suplementares – DAMS, observados os valores máximos das Importâncias Seguradas 
(IS) estabelecidas em Lei. 
(...) 
 “§ 3º As coberturas a que se refere o caput não incluem danos pessoais causados ao 
motorista do veículo quando constatada a existência de dolo”. (CONSELHO 
NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS, Resolução SUSEP nº332/2015) 
Como qualquer seguro, o DPVAT só ampara riscos lícitos e não decorrentes de atos 
dolosos, pois o causador do dano não poderá se beneficiar da própria torpeza. 
4.1.1. ESPÉCIES DE ATO ILÍCITO 
4.1.1.1. EMBRIAGUEZ 
O art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro contempla o crime denominado 
“embriaguez ao volante”. A tipificação passou por diversas alterações em detrimento da não 
aceitação da combinação direção x ingestão de bebida alcóolica. 
A norma legal tem amparo no rol do Capítulo XIX- Dos Crimes de Trânsito: 
Art. 306. “Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em 
razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine 
dependência: 
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter 
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”. (BRASIL. Lei n. 10.406, 
10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 
11 jan. 2002.) 
A tipificação do crime passou a ocorrer pela condução de veículo automotor com 
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância 
psicoativa, pouco importando a quantidade no organismo. A tolerância passou a ser zero para 
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este tipo de conduta. O assunto vem sendo amplamente divulgado pelas autoridades através de 
políticas em combate e conscientização da população. 
Em levantamento divulgado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, ficou 
demonstrado que o Brasil é considerado o 4ª país com mais mortes no trânsito no mundo. Desta 
forma, o descumprimento desta norma legal afronta diretamente a segurança jurídica, o direito 
à vida e a segurança da coletividade, não podendo o Poder Judiciário ratificar e ser omisso 
quanto a esta prática ilícita. 
Neste contexto, não há como dissociar a embriaguez ao volante da função social do 
Seguro DPVAT, que visa minimizar os danos experimentados por vítimas de acidentes. A 
sociedade não poderá ser lesada diante dos reflexos da prática de um crime. O Superior Tribunal 
de Justiça tem entendimento majoritário no sentido da presunção do agravamento do risco 
quando o condutor do veículo estiver sob a influência de álcool, exceto nos casos em que a 
vítima comprovar que o sinistro ocorreria independentemente do estado de embriaguez. A 
jurisprudência: 
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. SEGURO DE AUTOMÓVEL. EMBRIAGUEZ AO 
VOLANTE. TERCEIRO CONDUTOR (PREPOSTO). AGRAVAMENTO DO 
RISCO. EFEITOS DO ÁLCOOL NO ORGANISMO HUMANO. CAUSA 
DIRETA OU INDIRETA DO SINISTRO. PERDA DA GARANTIA 
SECURITÁRIA. CULPA GRAVE DA EMPRESA SEGURADA. CULPA IN 
ELIGENDO E CULPA IN VIGILANDO. PRINCÍPIO DO ABSENTEÍSMO. BOA-
FÉ OBJETIVA E FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO DE SEGURO. 
1. Cinge-se a controvérsia a definir se é devida indenização securitária decorrente de 
contrato de seguro de automóvel quando o causador do sinistro foi terceiro condutor 
(preposto da empresa segurada) que estava em estado de embriaguez. 
2. Consoante o art. 768 do Código Civil, "o segurado perderá o direito à garantia se 
agravar intencionalmente o risco objeto do contrato". Logo, somente uma conduta 
imputada ao segurado, que, por dolo ou culpa grave, incremente o risco contratado, 
dá azo à perda da indenização securitária. 
3. A configuração do risco agravado não se dá somente quando o próprio segurado se 
encontra alcoolizado na direção do veículo, mas abrange também os condutores 
principais (familiares, empregados e prepostos). O agravamento intencional de que 
trata o art. 768 do CC envolve tanto o dolo quanto a culpa grave do segurado, que tem 
o dever de vigilância (culpa in vigilando) e o dever de escolha adequada daquele a 
quem confia a prática do ato (culpa in eligendo). 
4. A direção do veículo por um condutor alcoolizado já representa agravamento 
essencial do risco avençado, sendo lícita a cláusula do contrato de seguro de 
automóvel que preveja, nessa situação, a exclusão da cobertura securitária. A bebida 
alcoólica é capaz de alterar as condições físicas e psíquicas do motorista, que, 
combalido por sua influência, acaba por aumentar a probabilidade de produção de 
acidentes e danos no trânsito. Comprovação científica e estatística. 
5. O seguro de automóvel não pode servir de estímulo para a assunção de riscos 
imoderados que, muitas vezes, beiram o abuso de direito, a exemplo da embriaguez 
ao volante. A função social desse tipo contratual torna-o instrumento de valorização 
da segurança viária, colocando-o em posição de harmonia com as leis penais e 
administrativas que criaram ilícitos justamente para proteger a incolumidade pública 
no trânsito. 
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6. O segurado deve se portar como se não houvesse seguro em relação ao interesse 
segurado (princípio do absenteísmo), isto é, deve abster-se de tudo que possa 
incrementar, de forma desarrazoada, o risco contratual, sobretudo se confiar o 
automóvel a outrem, sob pena de haver, no Direito Securitário, salvo-conduto para 
terceiros que queiram dirigir embriagados, o que feriria a função social do contrato de 
seguro, por estimular comportamentos danosos à sociedade. 
7. Sob o prisma da boa-fé, é possível concluir que o segurado, quando ingere bebida 
alcoólica e assume a direção do veículo ou empresta-o a alguém desidioso, que irá, 
por exemplo, embriagar-se (culpa in eligendo ou in vigilando), frustra a justa 
expectativa das partes contratantes na execução do seguro, pois rompe-se com os 
deveres anexos do contrato, como os de fidelidade e de cooperação. 
8. Constatado que o condutor do veículo estava sob influência do álcool (causa direta 
ou indireta) quando se envolveu em acidente de trânsito - fato esse que compete à 
seguradora comprovar -, há presunção relativa de que o risco da sinistralidade foi 
agravado, a ensejar a aplicação da pena do art. 768 do CC. Por outro lado, a 
indenização securitária deverá ser paga se o segurado demonstrar que o infortúnio 
ocorreria independentemente do estado de embriaguez (como culpa do outro 
motorista, falha do próprio automóvel, imperfeições na pista, animal na estrada, entre 
outros). 
9. Recurso especial não provido.1 
 
 Na mesma linha de raciocínio, a Ministra Nancy Andrighi se posicionou da 
seguinte maneira: 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE 
COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. 
DENUNCIAÇÃO DA LIDE À SEGURADORA. LITISCONSÓRCIO 
PASSIVO. AUSÊNCIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 
AUSÊNCIA. MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. 
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. JUROS DE MORA. MARCO INICIAL. 
SÚMULA 54/STJ. SEGURADORA. RESPONSABILIDADE. CLÁUSULA DE 
EXCLUSÃO. 
O propósito recursal é julgar acerca da eficácia da cláusula de exclusão da cobertura 
securitária na hipótese de o acidente de trânsito ser causado pelo segurado em estado 
de embriaguez e, ainda, da possibilidade de condenar a seguradora direta e 
solidariamente ao pagamento da indenização. Tem-se nesse julgamento duas lides 
distintas: a principal, onde se deve decidir acerca da responsabilidade do autor em 
reparar a vítima pelo dano causado e a lide secundária, decorrente da denunciação do 
réu, para decidir sobre a existência de direito de regresso do segurado em face da 
seguradora. Diante da denunciação da lide à seguradora por parte do segurado, pode 
a denunciada: (i) aceitar a denunciação e contestar o pedido autoral ou (2) se contrapor 
à própria existência de direito de regresso do segurado. A aceitação da denunciação 
da lide e a contestação dos pedidos autorais por parte da seguradora fazem com que 
esta assuma posição de litisconsorte passivo na demanda principal, podendo ser 
condenada direta e solidariamente a pagar os prejuízos, nos limites contratados na 
apólice para a cobertura de danos causados a terceiros. O mesmo raciocínio não se 
aplica, entretanto, quando a seguradora contesta a existência de direito de regresso do 
segurado. Nesse contexto, deve o Tribunal julgar a questão em lide secundária. Na 
espécie se conclui por não ser possível a cobrança direta e solidária da seguradora. É 
legítima a cláusula que exclui cobertura securitária na hipótese de dano causado por 
segurado dirigir em estado de embriaguez. A ingestão de álcool conjugada à direção 
viola a moralidade do contrato de seguro, por ser manifesta ofensa à boa-fé contratual, 
necessária para devida administração do mutualismo, manutenção do equilíbrio 
econômico do contrato e, ainda, para que o seguro atinja sua finalidade precípua de 
minimizar os riscos aos quais estão sujeitos todos os segurados do fundo mutual. A 
 
1 REsp 1485717/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 
22/11/2016, DJe 14/12/2016 
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nocividade da conduta do segurado se intensifica quando há também violação da 
própria literalidade do contrato, em manifesto descumprimento à pacta sunt servanda, 
imprescindível para a sustentabilidade do sistema securitário. Contratos de seguro tem 
impactos amplos em face da sociedade e acabam influenciando o comportamento 
humano. Por isso mesmo, o objeto de um seguro não pode ser incompatível com a lei. 
Não é possível que um seguro proteja uma prática socialmente nociva, porque esse 
fato pode servir de estímulo para a assunção de riscos imoderados, o que contraria o 
princípio do absenteísmo, também basilar ao direito securitário. A revisão da 
compensação por danos morais só é viável em recurso especial quando o valor fixado 
for exorbitante ou ínfimo. Há incidência da Súmula 7/STJ, impedindo o acolhimento 
do pedido. Parcial provimento.2 
Sendo assim, há exclusão da cobertura para o próprio segurado quando restar 
configurado o estado de embriaguez atestado pela autoridade policial. No entanto, tal isenção 
não atinge o terceiro prejudicado envolvido no sinistro. 
4.1.1.1.1. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO 
 Demonstrar que, por mais específico seja o Seguro DPVAT, é necessário interpretá-
lo em consonância com os demais princípios gerais do Seguro ressaltando a 
importância da boa-fé objetiva; 
 Ratificar a importância no combate às práticas incompatíveis quando do 
descumprimento de regras normativas e sociais, e que, de maneira geral, os atos 
dolosos não podem ser fatos geradores do pagamento do Seguro DPVAT; 
 Chamar atenção para as políticas públicas de tolerância zero na combinação direção 
x álcool; 
 Ressaltar a função social do Seguro DPVAT; 
 Alegar a tese somente quando a conduta for tipificada no boletim de ocorrência pela 
autoridade policial; 
 Evidenciar a conduta tipificada no art. 306 do CTB; 
 Destacar o posicionamento do STJ; 
 Fundamentar a impossibilidade de cobertura de acordo com o art. 762 do Código 
Civil; 
 Corroborar ausência de cobertura para o condutor do veículo e afirmar que a 
indenização somente é devida para terceiros prejudicados. 
 
2 REsp 1441620/ES, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY 
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 23/10/2017 
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11 
 
4.1.1.2. RACHA 
Prevê o artigo 308 do CTB que participar em via pública de corrida, disputa ou 
competição na direção de veículo automotor constituiu ato ilícito: 
Art. 308. “Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de 
corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou 
demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela 
autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada: 
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de 
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. ”Por se tratar de ato ilícito doloso, a prática de “rachas” afasta a cobertura do Seguro 
DPVAT conforme decisão exarada pela 5ª Câmara Cível do Tribunal do TJ/RS: 
“AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DPVAT. INVALIDEZ PERMANENTE. 
ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO OCORRIDO DURANTE A PRÁTICA DE ATO 
ILÍCITO. RACHA. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. I. O seguro obrigatório DPVAT 
foi criado pela Lei n° 6.194/74 com o fim de ressarcir as vítimas de acidentes de 
trânsito, sejam elas motoristas, passageiros ou pedestres. No entanto, embora o art. 5°, 
caput, da aludida lei preveja que a indenização será devida independentemente da 
apuração de culpa, o seguro DPVAT não alcança as situações em que o acidente 
decorre da prática de um ato ilícito doloso pela própria vítima. II. No caso concreto, 
não é devida a indenização do seguro DPVAT, uma vez que o acidente 
automobilístico do qual resultaram as supostas lesões permanentes ocorreu durante a 
prática de um racha (disputa automotiva), situação que é considerada crime pelo 
Código de Transito Brasileiro (art. 308). Aliás, tal alegação sequer foi refutada pelo 
autor na réplica e nas contrarrazões de apelação. III. Consequentemente, deve ser 
julgada improcedente a ação, com a inversão do ônus sucumbenciais. APELAÇÃO 
PROVIDA”. 3 
Desta forma, indevida a indenização. Entretanto, a exclusão é ineficaz quanto ao terceiro 
prejudicado. 
4.1.1.2.1. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO 
 Demonstrar que por mais específico seja o Seguro DPVAT, é necessário interpretá-
lo em consonância com os demais princípios gerais do Seguro, ressaltando a 
importância da boa-fé objetiva; 
 Ratificar a importância no combate às práticas incompatíveis quando do 
descumprimento de regras normativas e sociais, e que, de maneira geral, os atos 
dolosos não podem ser fatos geradores do pagamento do Seguro DPVAT; 
 
3 Apelação Cível Nº 70078801412, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge André Pereira 
Gailhard, Julgado em 26/09/2018 
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12 
 
 Alegar a tese somente quando a conduta for tipificada no boletim de ocorrência pela 
autoridade policial; 
 Evidenciar a conduta tipificada no art. 308 do CTB; 
 Colacionar decisão do Tribunal local ou afim; 
 Corroborar ausência de cobertura para o condutor do veículo e afirmar que a 
indenização somente é devida para terceiros prejudicados. 
4.1.1.3. FURTO/ROUBO 
Preceituam sobre os atos ilícitos, respectivamente, os artigos 155 e 157 do Código Penal 
Brasileiro. O art. 155 define o furto em seu caput: 
Art. 155 “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa”. 
O art. 157 define o roubo, quando há maior potencial ofensivo, também em seu caput: 
Art.157 “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça 
ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à 
impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa”. 
 
De acordo com entendimento do STJ, a prática de ato doloso exclui a cobertura do 
Seguro DPVAT: 
CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. INDENIZAÇÃO 
SECURTIÁRIA. SEGURO OBRIGATÓRIO – DPVAT. FILHOS MENORES DA 
VÍTIMA QUE PLEITEAM O RECEBIMENTO DA INDENIZAÇÃO. VÍTIMA 
QUE SE ENVOLVEU EM ACIDENTE DE TRÂNSITO NO MOMENTO DA 
PRÁTICA DE ILÍCITO PENAL. TENTATIVA DE ROUBO A CARRO-FORTE. 1. 
Ação ajuizada em 08/04/2011. Recurso especial concluso ao gabinete em 26/08/2016. 
Julgamento: CPC/73. 2. O propósito recursal é determinar se os recorrentes fazem jus 
ao recebimento da indenização relativa ao seguro obrigatório – DPVAT, em virtude 
de acidente de trânsito – ocorrido no momento de prática de ilícito penal (tentativa de 
roubo a carro-forte) – que teria vitimado seu pai. 3. Não é obstáculo ao conhecimento 
do recurso o fato de o recorrente ter interposto o recurso especial com fundamento na 
alínea “c”, e fundamentado a insurgência na ofensa à lei federal, demonstrando ter 
apenas se equivocado na indicação da alínea fundamentadora do recurso. Precedentes. 
4. Embora a Lei 6.194/74 preveja que a indenização será devida independentemente 
da apuração de culpa, é forçoso convir que a lei não alcança situações em que o 
acidente provocado decorre da prática de um ato doloso (como, na hipótese, em que 
o acidente de trânsito ocorreu em meio a tentativa de roubo a carro-forte). 5. Recurso 
especial conhecido e não provido.4 
 
4 RECURSO ESPECIAL Nº 1.661.120 – RS, Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, Relator: Ministra 
Nancy Andrighi, j: 09/05/2017 
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13 
 
Portanto, resta excluída a indenização para os envolvidos no furto/roubo, sendo certo 
que a exclusão é ineficaz quanto ao terceiro prejudicado. 
4.1.1.3.1. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO 
 Demonstrar que, por mais específico seja o Seguro DPVAT, é necessário interpretá-
lo em consonância com os demais princípios gerais do Seguro, ressaltando a 
importância da boa-fé objetiva; 
 Ratificar a importância no combate às práticas incompatíveis quando do 
descumprimento de regras normativas e sociais, e que de maneira geral, os atos 
dolosos não podem ser fatos geradores do pagamento do Seguro DPVAT; 
 Alegar a tese somente quando a conduta for tipificada no boletim de ocorrência pela 
autoridade policial; 
 Evidenciar a conduta tipificada nos arts. 155 ou 157 do CP; 
 Colacionar decisão do Tribunal local ou do STJ; 
 Corroborar ausência de cobertura para os envolvidos no furto/roubo e afirmar que 
a indenização somente é devida para terceiros prejudicados, exceto o carona, caso 
também tenha participado do ilícito. 
4.1.1.4. DIRIGIR SEM HABILITAÇÃO CAUSANDO PERIGO DE 
DANO 
A conduta de dirigir sem habilitação possui duas previsões no Código de Trânsito 
Brasileiro. A tipificação varia de acordo com o risco oferecido por consequência dessa conduta. 
Se o comportamento do motorista não oferece risco a terceiros, trata-se de infração meramente 
administrativa prevista no art.162, I do CTB. Quando esse comportamento oferece risco 
concreto à própria segurança ou a segurança alheia, sendo esse risco evidenciado no boletim de 
ocorrência, torna-se fato típico a constituir infração de trânsito conforme preceitua o art. 309 
do CTB: 
Art. 309. “Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para 
Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Penas 
- detenção, de seis meses a um ano, ou multa”. 
O Superior Tribunal de Justiça se manifestou quanto ao tema: 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FALTA DE 
HABILITAÇÃO. MERA INFRAÇÃO. COBERTURA SECURITÁRIA. 
OBRIGATORIEDADE. TRANSFERÊNCIA DOS SALVADOS. 
CONSEQUÊNCIA LÓGICA. PARCIAL PROVIMENTO. 
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14 
 
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, a falta de habilitaçãopara dirigir veículos 
caracteriza-se como mera infração administrativa não configurando, por si só, o 
agravamento intencional do risco por parte do segurado apto a afastar a obrigação de 
indenizar da seguradora. Precedentes.5 
 
No XXI Encontro do FONAJE foi aprovado o Enunciado 98, segundo o qual “os crimes 
previstos nos artigos 309 e 310 da Lei 9.503/1997 são de perigo concreto”. Neste sentido 
seguem os Tribunais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina: 
 
AÇÃO DE COBRANÇA. COMPLEMENTAÇÃO DE SEGURO OBRIGATÓRIO 
(DPVAT) POR ACIDENTE DE TRÂNSITO. INVALIDEZ PERMANENTE. 
RECURSO PRINCIPAL. PRELIMINARES. I - CERCEAMENTO DE DEFESA. 
AUSÊNCIA DE PROVA SOLICITADA PELA RÉ. DESNECESSIDADE. II - 
ACIDENTE DE TRÂNSITO. AUSÊNCIA DE HABILITAÇÃO (CNH) DO 
SEGURADO. FALTA DE LIAME CAUSAL ENTRE A FALTA DE 
DOCUMENTO AUTORIZADO E O SINISTRO EM QUESTÃO. 
AGRAVAMENTO DO RISCO. NÃO CONFIGURAÇÃO. INDENIZAÇÃO 
DEVIDA. III - RECURSO COM INTUITO PROTELATÓRIO. CONDENAÇÃO 
DA APELANTE ÀS PENAS DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. SENTENÇA 
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. I - Não importa cerceamento de defesa o 
julgamento antecipado da lide, quando o feito, apesar versar sobre matéria de fato e 
de direito, está satisfatoriamente instruído, para quantificação da invalidez 
permanente nas causas de complementação do seguro obrigatório por acidente de 
trânsito. II - O fato de o segurado conduzir veículo automotor sem a habilitação 
necessária prevista pela legislação de trânsito (Lei n. 9.503/97, art. 140) não 
constitui, por si só, fundamento para ensejar a negativa de repasse do capital 
previsto na apólice quando não restar cabalmente comprovado o nexo causal 
entre a ausência do documento e o evento danoso. III - Manifesto o caráter 
meramente protelatório do recurso, deve a apelante ser condenada às penas da 
litigância de má-fé, ante sua conduta temerária. Providência tomada de ofício, em 
atenção ao disposto no art. 18 do CP.6 
 
“Apelação cível. Seguros. DPVAT. Ação de cobrança. Não cobertura securitária, em 
razão da falta de habilitação para dirigir. Descabimento. O fato do motorista não 
possuir habilitação constitui infração administrativa, não podendo se presumir 
em absoluto culpa do condutor. Dever de indenizar configurado. Veículo não 
licenciado. Descabimento. Súmula 257 do STJ. À unanimidade, negaram provimento 
ao apelo”.7 
 
 
5 STJ – AgRg no AREsp 1193207, 4ª t., rel. Min Maria Isabel Galloti, j. em 
1.9.2015, DJe 9.9.2015 
6 TJSC, Apelação Cível n. 2009.056456-3, de Brusque, rel. Des. Henry Petry Junior, Terceira Câmara de Direito 
Civil, j. 13-10-2009. 
7 Apelação Cível Nº 70078215530, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luís Augusto Coelho 
Braga, Julgado em 25/10/2018 
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15 
 
Sem dúvida, o simples fato do autor conduzir veículo automotor sem a devida 
habilitação não é elemento suficiente para atribuir responsabilidade pela ocorrência do acidente 
de trânsito. Por este motivo, somente haverá exclusão da cobertura quando a conduta for 
tipificada no art.309 do CTB. Ficando esclarecido que a ausência da cobertura não atinge 
terceiros. 
4.1.1.4.1. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO 
 Demonstrar que, por mais específico seja o Seguro DPVAT, é necessário interpretá-
lo em consonância com os demais princípios gerais do Seguro ressaltando a 
importância da boa-fé objetiva; 
 Ratificar a importância no combate a práticas incompatíveis quando do 
descumprimento de regras normativas e sociais, e que de maneira geral, os atos 
dolosos não podem ser fatos geradores do pagamento do Seguro DPVAT; 
 Explicar a diferença entre a infração administrativa prevista no art. 162, I e o crime 
de trânsito tipificado no art. 309 do CTB; 
 Alegar a tese somente quando a conduta do art. 309 do CTB for tipificada pela 
autoridade policial através do boletim de ocorrência; 
 Colacionar decisão favorável do Tribunal local ou afim; 
 Corroborar ausência de cobertura para o condutor do veículo e afirmar que a 
indenização somente é devida para terceiros prejudicados. 
4.2. PROPRIETÁRIO INADIMPLENTE 
4.2.1. IDENTIFICAÇÃO DO PROPRIETÁRIO 
Para identificação da condição de inadimplência do proprietário, devem ser observadas 
as seguintes regras: 
 Acessar o site do Seguro DPVAT (https://www.seguradoralider.com.br); 
 Clicar no link “consulta a pagamentos efetuados” 
(https://www.seguradoralider.com.br/Pages/Consulta-a-Pagamentos-
Efetuados.aspx); 
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16 
 
 Verificar calendário de pagamento para que seja observado a data do adimplemento 
(https://www.seguradoralider.com.br/Seguro-DPVAT/Calendario-de-Pagamento); 
 Conferir o banco de dados e verificar se o prêmio relativo à época do sinistro 
encontra-se quitado. 
Constatado que o proprietário deixou de liquidar o prêmio do Seguro DPVAT, deve ser 
utilizada a tabela abaixo: 
1- PAGOU ATÉ O VENCIMENTO Independentemente da data do sinistro Cobertura integral 
2- NÃO PAGOU DURANTE 
TODO ANO CIVIL, logo foi 
reclamado no(s) ano(s) seguinte(s) 
Independentemente da data do sinistro 
Indenização compensada (proprietário não 
recebe indenização) 
3- PAGOU APÓS O 
VENCIMENTO, mas dentro do ano 
civil 
3.1 - Sinistro anterior ao vencimento Cobertura integral 
3.2 - Sinistro após o vencimento e após o 
pagamento do prêmio 
Cobertura integral 
3.3 - Sinistro após o vencimento, mas 
ANTERIOR ao pagamento do prêmio 
Indenização compensada (proprietário não 
recebe indenização) 
4- NÃO PAGOU, COM 
EXERCÍCIO EM CURSO 
4.1 - Sinistro anterior ou igual ao 
vencimento 
Cobertura integral 
4.2 - Sinistro após o vencimento 
Indenização compensada (proprietário não 
recebe indenização) 
 
4.2.2. DA INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR 
O seguro obrigatório, apesar de regido por legislação específica, possui relação 
contratual e figuras comuns ao instituto do seguro, tais como beneficiário, apólice, pagamento 
de prêmio e etc. Nessa linha, é totalmente inadmissível que aquele que deveria contratar e pagar 
pelo seguro o deixe de fazer e continue sendo beneficiado por ele. O artigo 763 preceitua 
expressamente que “não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no 
pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação”. 
Por sua vez, o artigo o art. 7º, §1º da Lei 6194/74, estabelece que a cobertura securitária 
somente é possível mediante pagamento do prêmio do seguro DPVAT pelo proprietário do 
veículo: 
Art. 7. “A indenização por pessoa vitimada por veículo não identificado, com 
seguradora não identificada, seguro não realizado ou vencido, será paga nos mesmos 
valores, condições e prazos dos demais casos por um consórcio constituído, 
obrigatoriamente, por todas as sociedades seguradoras que operem no seguro objeto 
desta lei. 
§ 1. O consórcio de que trata este artigo poderá haver regressivamente do proprietário 
do veículo os valores que desembolsar, ficando o veículo, desde logo, como garantia 
da obrigação, ainda que vinculada a contrato de alienação fiduciária, reserva de 
domínio, leasing ou qualquer outro”88 Redação dada pela Lei nº 8.441, de 1992. 
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17 
 
O dispositivo é expresso ao afirmar que a Seguradora pode cobrar diretamente do 
proprietário inadimplente o valor que pagar pela indenização nesses casos. Logo, não faria 
sentido efetuar pagamento ao proprietário inadimplente e posteriormente ajuizar ação de 
regresso para reaver o referido valor. Importante ressaltar que o pagamento das indenizações 
deve observar as regras estabelecidas pelo CNSP, conforme preconiza o art. 7º, §2º da Lei 
6194/74: 
§ 2º “O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) estabelecerá normas para 
atender ao pagamento das indenizações previstas neste artigo, bem como a forma de sua 
distribuição pelas Seguradoras participantes do Consórcio”. 
Em sua função regulamentadora, o CNSP, por meio do art. 17, §2º da Resolução nº 
332/2015 ratifica a necessidade de recolhimento do prêmio para o pagamento da indenização 
ao proprietário do veículo: 
§2º. “Se o proprietário do veículo causador do sinistro não estiver com prêmio do Seguro 
DPVAT pago no próprio exercício civil, e a ocorrência do sinistro for posterior ao vencimento 
do Seguro DPVAT, não terá direito à indenização”. 
Ademais, conceder indenização para o proprietário inadimplente é o mesmo que retirar 
o caráter obrigatório do instituto, bem como estimular a inadimplência do prêmio do seguro 
DPVAT. Tal conduta poderia, ainda, comprometer futuramente a arrecadação dos prêmios e a 
finalidade social do Seguro DPVAT, pois tornaria seu pagamento desnecessário, beneficiando 
o inadimplente em detrimento de toda a coletividade. 
Repisa-se que, nas hipóteses de inadimplência com o prêmio do Seguro DPVAT, apenas 
o proprietário do veículo não fará jus ao recebimento da indenização, uma vez que os terceiros 
que tenham sido vítimas não serão prejudicados e receberão as indenizações, caso preencham 
todos os requisitos previstos na Lei 6.194/74. 
4.2.3. ENUNCIADO Nº 257, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
Nota-se que o enunciado vago da súmula 257 não pode ser aplicado à hipótese aqui 
tratada, pois a referida súmula não foi editada para abarcar os casos onde o proprietário 
inadimplente é a própria vítima a ser indenizada. Pelo contrário, a Súmula acima transcrita foi 
editada após o julgamento de três recursos especiais em que as ações foram propostas por 
terceiros que não eram proprietários dos veículos envolvidos nos acidentes de trânsito, hipótese 
diversa do presente caso. 
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18 
 
A simples leitura dos acórdãos que originaram a referida súmula não deixa dúvidas a 
respeito do tema. No REsp 200838/GO e no REsp 67763/RJ, a demanda foi ajuizada por 
terceiros envolvidos no acidente e não proprietários do veículo, enquanto que no REsp 
144583/SP a ação foi proposta pela beneficiária de indenização por morte, que também não era 
proprietária do veículo. Portanto, levando em consideração a distinção dos precedentes citados 
com o caso dos autos, resta evidente a inaplicabilidade do verbete sumular. 
A esse respeito, confiram-se os precedentes do TJDFT e TJRN, respectivamente: 
PROCESSO CIVIL. DIREITO CIVIL. APELAÇÃO. SEGURO OBRIGATÓRIO. 
DPVAT. VÍTIMA - CONDUTOR. INADIMPLENTE. EXCEÇÃO AO ENUNCIADO 
257 DA SÚMULA DO STJ. INDENIZAÇÃO INCABÍVEL. SENTENÇA 
REFORMADA. 
1. Nos termos do enunciado no 257 da súmula do STJ, a falta de pagamento do prêmio 
do seguro obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias 
Terrestres (DPVAT) não é motivo para a recusa ao pagamento da indenização. 2. 
Depreende-se do inteiro teor dos precedentes relacionados ao enunciado sumular que 
em nenhum dos casos o proprietário inadimplente foi a vítima e o postulante da ação de 
reparação. 3. Necessário adotar a técnica de distinção (distinguinshing) para estabelecer 
a tese de que, se o postulante da ação de reparação for o próprio condutor do veículo, 
em caso de falta de pagamento do prêmio do seguro obrigatório, não lhe será devido o 
pagamento da indenização. 4. Se a falta de pagamento do prêmio nunca for obstáculo 
ao recebimento de indenização, o DPVAT perderá seu caráter obrigatório, pois não 
haverá motivo para pagá-lo. 5. Apelação conhecida e provida.9 
DIREITO CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DPVAT. (...) NÃO 
PAGAMENTO DO PRÊMIO. INADIMPLÊNCIA. BENEFICIÁRIO 
PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO CAUSADOR DO SINISTRO. SÚMULA 257/STJ. 
RESTRIÇÃO AOS CASOS EM QUE A VÍTIMA É TERCEIRO NÃO 
RESPONSÁVEL PELO PAGAMENTO DO PRÊMIO. INAPLICABILIDADE À 
HIPÓTESE DOS AUTOS. CONTEXTO FÁTICO NÃO COINCIDENTE. 
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 7º, CAPUT E § 1º DA LEI Nº. 6.194/74. 
IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. PROVIMENTO DO RECURSO10 
Pelo exposto, conclui-se que a Súmula 257/STJ NÃO é aplicável nas hipóteses em que 
a vítima for o proprietário e se encontrar inadimplente com o pagamento do prêmio. 
4.2.3.1 TEORIA CONSTITUCIONAL DO DISTINGUISHING 
O Código de Processo Civil de 2015, em seus artigos 926 e 927, trata sobre a 
uniformização de jurisprudência, por meio da teoria dos precedentes. Dentre as técnicas 
aplicadas na Teoria dos Precedentes, encontra-se o dintinguishing, que tem previsão expressa 
 
9 Acórdão n.1164690, 0738775-78.2017.8.07.0001APC, Relator: SEBASTIÃO COELHO, 5ª TURMA CÍVEL 
10 APC 0852029-04.2017.8.20.5001, Relator Des. Ibanez Monteiro, 2ª Câmara Civel 
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19 
 
nos arts.489, §1º, artigo 1037, §§ 9º e seguintes, artigo 1042, §1º, II, artigo 1029, §§ 1º e 2º do 
Código de Processo Civil. 
A Teoria Constitucional do Distinguishing é conceituada por Fredie Didier Jr. da 
seguinte maneira: 
“Fala-se em distinguishing (ou distinguish) quando houver distinção entre o caso 
concreto (em julgamento) e o paradigma, seja porque não há coincidência entre os 
fatos fundamentais discutidos e aqueles que serviram de base à ratio decidendi (tese 
jurídica) constante no precedente, seja porque, a despeito de existir uma aproximação 
entre eles, algumas peculiaridades no caso em julgamento afasta a aplicação do 
precedente”. 
 
Nesse sentido, inclusive, temos a lição de Marinoni (Fls. 325), ao afirmar em sua obra 
que “O distinguishing expressa a distinção entre casos para o efeito de se subordinar, ou não, o 
caso sob julgamento a um precedente.”11 
É de incumbência da parte cotejar os fundamentos determinantes dos julgados 
apontados como precedente em confronto com sua adequação ao caso concreto e, ao julgador, 
cabe fundamentar sua decisão para afastar o procedente aplicando o distinguishing. Desta 
forma, através da aplicação do distinguishing, deve-se buscar a interpretação correta da súmula 
257 do STJ, ressaltando que não resta configurado o dever de indenizar o proprietário 
inadimplente. 
4.2.4. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO 
 Destacar que além da especificidade do Seguro DPVAT, aplicam-se as regras e 
princípios gerais dos Seguros; 
 Informar que o DPVAT é um segurosocial, e como social, o não pagamento do 
prêmio, gera impactos nos repasses para o FNS, DENATRAN e nas reservas para 
liquidação das indenizações e, indenizar o proprietário inadimplente, acaba 
indiretamente fomentando a inadimplência; 
 Demonstrar que o pagamento do seguro ao proprietário inadimplente viola as 
normas editadas pelo CNSP, que, por determinação legal, é o órgão regulador do 
Seguro DPVAT; 
 
11 MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 3ª ed. Ver. Atual. E ampliada – São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2013 
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20 
 
 Fundamentar a necessidade de pagamento do prêmio de acordo com a legislação 
vigente: art. 763 do CC, art. 7º, §1º da Lei 6.194,74 e art. 17, §2º da Resolução 
CNSP nº 332/2015 (esclarecendo a função regulamentadora do CNSP) 
 Demonstrar que os precedentes utilizados para a edição da súmula 257/STJ não 
envolvem o proprietário do veículo, e sim, a terceiros prejudicados, abordando a 
teoria do distinguishing; 
 Abordar que a negativa da cobertura é relativa apenas ao proprietário do veículo; 
 Colacionar decisões favoráveis. 
4.3. PRESCRIÇÃO 
A prescrição pode ser definida como a perda de pretensão da reparação do direito 
violado por inércia do titular do direito no prazo legal. O prazo prescricional das ações de 
cobrança de seguro de responsabilidade civil obrigatório é trienal, e está previsto no art. 206 do 
Código Civil. Importante observar a regra de transição prevista no art. 2028 do Código Civil: 
Art. 2.028 “Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, 
na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido 
na lei revogada”. 
O marco inicial da contagem do prazo prescricional varia de acordo com a natureza do 
acidente, conforme quadro abaixo: 
Natureza Termo inicial 
Morte 
Data do óbito – desde que haja nexo de causalidade entre o 
acidente e o óbito 
DAMS Data do acidente 
Invalidez permanente notória Data do acidente 
Invalidez permanente de difícil percepção 
Data de elaboração do laudo do IML ou de laudo médico 
particular 
 
4.3.1. CAUSAS INTERRUPTIVAS E SUSPENSIVAS DO PRAZO 
PRESCRICIONAL 
O aviso de sinistro suspende o prazo prescricional, que volta a correr no momento da 
negativa/cancelamento do sinistro. Ressalta-se que a cada novo pedido administrativo haverá 
um novo marco de suspensão. O entendimento sobre a suspensão do prazo prescricional em 
razão do pedido administrativo está consolidado no STJ conforme súmula 229: 
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21 
 
Súmula 229. “O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de 
prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão”. 
A interrupção da prescrição ocorre em duas hipóteses: havendo citação válida ou 
pagamento administrativo da indenização. Importante destacar que, diferentemente da 
suspensão, essa somente pode ocorrer uma vez de acordo com o disposto no art. 202 do Código 
Civil: 
“Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-
á: 
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado 
a promover no prazo e na forma da lei processual; 
(...) 
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento 
do direito pelo devedor”. 
Cabe destacar o posicionamento do STJ, no recurso especial n º 1.418.347 
representativo de controvérsia: 
RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. AÇÃO DE 
COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. COMPLEMENTAÇÃO DE 
VALOR. PRESCRIÇÃO. PRAZO TRIENAL. SÚMULA Nº 405/STJ. TERMO 
INICIAL. PAGAMENTO PARCIAL. 1. A pretensão de cobrança e a pretensão a 
diferenças de valores do seguro obrigatório (DPVAT) prescrevem em três anos, sendo 
o termo inicial, no último caso, o pagamento administrativo considerado a menor. 2. 
Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da 
Resolução/STJ nº 8/2008.12 
 
4.3.2. MARCO INICIAL NOS SINISTROS DE INVALIDEZ 
PERMANENTE 
O entendimento acerca prazo prescricional nos pedidos de indenização por invalidez 
permanente deve ser analisado em conformidade com o entendimento da súmula 573 do STJ: 
“Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência inequívoca do 
caráter permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo prescricional, 
depende de laudo médico, exceto nos casos de invalidez permanente notória ou 
naqueles em que o conhecimento anterior resulte comprovado na fase de instrução”. 
A súmula em análise abrange duas situações distintas: invalidez que depende de laudo 
médico e invalidez notória. Na primeira hipótese, para fins de contagem de prazo deve ser 
considerado o laudo (particular/IML) que constatou a lesão permanente. Em laudos elaborados 
 
12 STJ – REsp 1.418347/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado 
em 08/04/2015, DJe 15/04/2015. 
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22 
 
após o prazo prescricional, a vítima deve comprovar que esteve em tratamento médico, 
conforme julgados a seguir: 
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - DPVAT - PRESCRIÇÃO - 
OCORRÊNCIA - SENTENÇA CASSADA - PROCESSO EXTINTO COM 
RESOLUÇÃO DE MÉRITO - RECURSO PROVIDO. Não sendo demonstrado nos 
autos que o autor esteve em tratamento médico após o acidente, não deve ser 
considerado como termo inicial para fluência do prazo prescricional a data do laudo 
pericial do IML.13 
 
SEGURO DPVAT. INVALIDEZ PERMANENTE. PRESCRIÇÃO. TERMO 
INICIAL. DATA DA CIÊNCIA INEQUÍVOCA. SÚMULA 278 DO STJ. 
LAUDO DO IML. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE TRATAMENTO 
APÓS ACIDENTE. I - O prazo prescricional para pleitear o pagamento do seguro 
obrigatório DPVAT é de 03 anos, consignado no art. 206, § 3º, IX do Código Civil de 
2002, iniciando-se a fluência da prescrição a partir da data da ciência inequívoca da 
invalidez permanente, constatada por perícia médica. II - Não sendo demonstrado nos 
autos que a autora esteve em tratamento médico após o acidente, não deve ser 
considerado como termo inicial para fluência do prazo prescricional a data do laudo 
pericial do IML, que atestou a invalidez, pois não é crível que a parte somente tenha 
tomado ciência da invalidez quase 05 anos após o acidente.14 
Na ausência dos documentos comprovando a continuidade do tratamento médico, a 
prescrição deve ser contada da data do sinistro, pois não se pode permitir que o instituto da 
prescrição fique à mercê da parte autora elaborar o respectivo laudo. 
Na hipótese de invalidez notória, o prazo prescricional começa a fluir no momento de 
sua constatação, que, via de regra, ocorre no momento do sinistro ou logo após, a exemplo da 
amputação de membro. O entendimento da jurisprudência é pacífico quanto a esta tese, como 
se pode observar em diversos julgados,a exemplo do Agravo em REsp Nº 1.621.021: 
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. SEGURO DPVAT. AÇÃO DE 
COBRANÇA. 1. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. INVALIDEZ PERMANENTE 
NOTÓRIA. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA. 2. TERMO INICIAL DA 
PRESCRIÇÃO. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DO CARÁTER DA INVALIDEZ 
PERMANENTE QUE DEPENDE DE LAUDO MÉDICO, EXCETO SE A 
INVALIDEZ FOR NOTÓRIA 3. ALTERAÇÃO DA DECISÃO A QUE CHEGOU 
O TRIBUNAL ESTADUAL QUANTO AO CASO DOS AUTOS SER DE 
INVALIDEZ NOTÓRIA. SÚMULA N. 7 DO STJ. 4. AGRAVO INTERNO 
IMPROVIDO. 
1. afasta-se a violação do art. 535 do CPC/73 quando o decisório está claro e 
suficientemente fundamentado, decidindo integralmente a controvérsia. 2. A 
jurisprudência deste Tribunal Superior, inclusive firmada em Recurso especial 
representativo de controvérsia (REsp n.1.388.030/MG), é no sentido de que o termo 
inicial do praz prescricional, na ação de indenização fundada no Seguro de Danos 
Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), é a data em 
que o segurado teve ciência inequívoca do caráter Permanente da invalidez. 3. Exceto 
nos casos de invalidez permanente notória, ou naqueles em que o conhecimento 
 
13AC 0010.11.707890-6/RR, Rel. Des. MAURO CAMPELLO, Câmara Única, j:17/03/2015, DJe 24/03/2015, p. 
23-24 
14AC: 10338130065240001/MG, Relator: João Câncio, j: 29/04/2014, Câmaras Cíveis/18ª CÂMARA CÍVEL, 
Data de Publicação: 07/05/2014 
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23 
 
anterior resulte comprovado na fase de instrução, a ciência inequívoca do caráter 
permanente da invalidez depende de laudo médico. 4. A reforma do julgado 
demandaria o reexame do contexto fático-probatório, procedimento vedado na estreita 
via do recurso especial, a teor da Súmula n. 7 do STJ. 5. Agravo interno improvido.15 
 
As regras acima devem ser observadas para resguardar a finalidade do instituto da 
prescrição, qual seja, manter a segurança jurídica. 
4.3.3. PRESCRIÇÃO DO INCAPAZ 
O Código Civil, no art. 198, impede a ocorrência de prescrição contra os absolutamente 
incapazes: 
“Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I - Contra os incapazes de que trata o art. 3º” 
Nesse sentido, importante ressaltar que, após as alterações trazidas pela Lei nº 13.146, de 
2015 apenas os menores de 16 anos são considerados absolutamente incapazes. A alteração 
legislativa traz relevante impacto para as ações de indenização por invalidez permanente no que 
se refere ao prazo prescricional, pois os incisos II e III foram revogados. 
Art. 3o “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil 
os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
III - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
Portanto, não há causa impeditiva de prazo prescricional para as seguintes pessoas: os 
que por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a 
prática desses atos; e, os que mesmo por causa transitória não puderem exprimir sua vontade. 
Desta forma, as regras de prescrição devem ser aplicadas sem ressalvas. 
Uma particularidade a se observar é a situação do menor que era absolutamente incapaz 
à época do sinistro – quando o prazo prescricional era vintenário - e se tornou relativamente 
incapaz após transcorridos mais da metade do prazo – passando a ser trienal. Nesse sentido, o 
STJ reviu seu posicionamento e considera que deve ser observado o prazo vigente à época do 
sinistro, conforme julgado do STJ: 
 
 
15 STJ – REsp 1728771/MT 2018/0054092-7, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 22/03/2018, DJe 18/04/2018. 
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RECURSO ESPECIAL. CIVIL. SEGURO DPVAT. BENEFICIÁRIO. MENOR 
IMPÚBERE. ÉPOCA DO SINISTRO. PRESCRIÇÃO. CONTAGEM. NOVO 
CÓDIGO CIVIL. PRAZO. REDUÇÃO. REGRA DE TRANSIÇÃO. DIREITO 
INTERTEMPORAL. TERMO INICIAL. REGRA PROTETIVA. 
MENORIDADE ABSOLUTA. PREJUÍZO. INAPLICABILIDADE. 
FINALIDADE DA NORMA. PRESERVAÇÃO. INCOERÊNCIA JURÍDICA. 
AFASTAMENTO. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na 
vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 
3/STJ). 2. A questão controvertida na presente via recursal consiste em saber se 
ocorreu a prescrição da ação de cobrança de indenização securitária advinda de seguro 
obrigatório (DPVAT), considerando a situação do autor, menor impúbere à época do 
sinistro, ocorrido sob a égide do CC/1916, e as novas regras de prescrição surgidas 
com a aprovação do CC/2002. 3. Na vigência do Código Civil de 1916, o prazo 
prescricional para a propositura de ação objetivando a cobrança do seguro obrigatório 
DPVAT era de 20 (vinte) anos, pois, tratando-se de pretensão de natureza pessoal, 
aplicava-se o prazo do art. 177 do CC/1916 (Súmula nº 124/TFR). A partir da entrada 
em vigor do novo Código Civil, o prazo passou a ser trienal, nos termos do art. 206, 
§ 3º, IX, do CC/2002 (Súmula nº 405/STJ). Como houve diminuição do lapso atinente 
à prescrição, para efeitos de cálculo, deve ser observada a regra de transição de que 
trata o art. 2.028 do CC/2002 (Enunciado nº 299 da IV Jornada de Direito Civil). 4. 
Na hipótese, o autor era menor impúbere quando sucedeu o sinistro (acidente de 
trânsito de seu genitor), de modo que a prescrição não poderia correr em seu desfavor 
até que completasse a idade de 16 (dezesseis) anos, já que era absolutamente incapaz 
(art. 169 do CC/1916 e art. 198 do CC/2002). Em outras palavras, seria, em tese, 
beneficiado com tal norma que prevê uma causa impeditiva do prazo prescricional. 5. 
Ocorre que, no caso, a aplicação do art. 169 do CC/1916 (art. 198 do CC/2002), norma 
criada para proteger o menor impúbere, no lugar de lhe beneficiar, vai, na realidade, 
ser-lhe nociva. Como sabido, a finalidade de tal dispositivo legal é amparar, em 
matéria de prescrição, os absolutamente incapazes, visto que não podem exercer, por 
si próprios, ante a tenra idade, os atos da vida civil. 6. O intérprete não deve se apegar 
simplesmente à letra da lei, mas deve perseguir o espírito da norma, inserindo-a no 
sistema como um todo, para extrair, assim, o seu sentido mais harmônico e coerente 
com o ordenamento jurídico. Além disso, nunca se pode perder de vista a finalidade 
da lei (ratio essendi), isto é, a razão pela qual foi elaborada e os resultados ao bem 
jurídico que visa proteger (art. 5º da LINDB). De fato, a exegese não pode resultar em 
um sentido contraditório com o fim colimado pelo legislador. 7. A norma impeditiva 
do curso do prazo de prescrição aos menores impúberes deve ser interpretada 
consoante sua finalidade para não gerar contradições ou incoerências jurídicas. É 
dizer, o intuito protetivo da norma relacionada aos absolutamente incapazes não 
poderá acarretar situação que acabe por lhes prejudicar, fulminando o exercício de 
suas pretensões, sobretudo se isso resulta em desvantagem quando comparados com 
os considerados maiores civilmente. 8. Não pode o autor, menor impúbere àépoca do 
sinistro, ser prejudicado por uma norma criada justamente com o intuito de protegê-
lo, sendo de rigor o afastamento, no caso concreto, do art. 169, I, do CC/1916 (art. 
198 do CC/2002), sob pena de as suas disposições irem de encontro à própria mens 
legis. Precedente da Quarta Turma. 9. Recurso especial não provido.16 
Desta forma, considerando a natureza social do Seguro DPVAT e a o intuito protetivo 
da norma que visa resguardar os interesses do menor, a prescrição não deve ser alegada nesta 
hipótese. 
 
16 STJ – REsp 1.458694/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado 
em 05/02/2019, DJe 15/02/2019. 
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4.3.4. ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO 
 Verificar o prazo prescricional de acordo com a natureza do sinistro; 
 Destacar a data em que a vítima teve ciência inequívoca da invalidez alegada; 
 Caso o lapso temporal entre o laudo e o acidente seja extenso, verificar ser o autor 
conseguiu comprovar a continuidade tratamento médico; 
 Verificar as causas suspensivas e interruptivas do prazo prescricional; 
 Fundamentar as alegações de acordo com as jurisprudências favoráveis aplicáveis 
ao caso. 
4.4. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA 
Os honorários sucumbenciais constituem o montante devido pela parte vencida em ação 
judicial ao procurador de seu oponente. O arbitramento dos honorários sucumbenciais pauta-se 
pela justa remuneração dos serviços de advocacia prestados em cada caso específico, e pela 
garantia da dignidade da profissão, observados os critérios determinados pela legislação 
processual civil vigente. 
4.4.1. INOBSERVÂNCIA DO ART. 85 §2º 
A matéria referente aos honorários advocatícios sucumbenciais está regulamentada nos 
artigos 85 e 86 do CPC. 
O Código de Processo Civil, no art. 85, estabelece que “a sentença condenará o vencido 
a pagar honorários ao advogado do vencedor” e a regra geral para fixação, entre 10% e 20% 
sobre o valor da condenação está prevista no § 2º do referido artigo: 
Art. 85. “§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte 
por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo 
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: 
I - o grau de zelo do profissional; 
II - o lugar de prestação do serviço; 
III - a natureza e a importância da causa; 
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço”. 
O Código de Processo Civil de 1973 previa a fixação dos honorários apenas com base 
no valor da condenação, mas o Novo Código previu outras bases de cálculo para a fixação dos 
honorários. Além da “condenação”, deve ser observado, ainda, o proveito econômico ou o valor 
da causa atualizado, se imensurável. 
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 Assim, deparando-se com uma condenação liquida, o magistrado deverá se valer do 
próprio valor da condenação para fixação dos honorários, utilizando a regra geral. Não sendo o 
caso, deverá o juiz observar o proveito econômico obtido pela parte vencedora. 
Subsidiariamente, caso as hipóteses acima sejam inviáveis, deverá ser fixado pelo valor 
atualizado da causa, observados sempre os valores mínimos e máximo (10% e 20%). 
Por sua vez, o §6º indica que os parâmetros do artigo 85, §2º, devem ser observados 
independentemente do conteúdo da decisão, consignando, expressamente, as hipóteses de 
improcedência ou de sentença de extinção, sem resolução de mérito. 
Ademais, o §8º do artigo 85, permite o arbitramento dos honorários advocatícios pelo 
critério da equidade, a partir de três hipóteses: causa de proveito econômico inestimável, causa 
de proveito econômico irrisório ou valor da causa muito baixo. Assim, significa dizer que o 
instituto da atribuição equitativa (§8º), é restrito apenas as hipóteses verdadeiramente 
excepcionais, devendo ser aplicado apenas na ausência de qualquer das hipóteses do §2º. 
Importante lembrar que conforme previsto no rol dos direitos, deveres e 
responsabilidades do juiz, somente é permitido a aplicação da equidade quando expressamente 
prevista no Código de Processo Civil: 
Art. 140 “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do 
ordenamento jurídico. 
Parágraf0o único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”. 
Em que pese a aplicação do §8º, do artigo 85, do CPC, em ações de cobrança de 
indenização do seguro obrigatório DPVAT, a fixação equitativa dos honorários sucumbenciais 
trata-se de regra subsidiária, tendo cabimento apenas nas hipóteses nas quais a regra do §2º não 
seja observada. Também há de ser observada a norma prevista no artigo 86 do CPC: 
“Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente 
distribuídas entre eles as despesas. 
Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro 
responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos honorários”. 
Nesse sentido, há reiterado entendimento jurisprudencial, inclusive do STJ: 
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“Configurada a sucumbência recíproca (art. 86 do CPC/2015), as despesas e o valor total dos 
honorários devidos aos advogados deverão ser suportados na proporção do decaimento das 
partes, apurando-se os respectivos valores em liquidação”.17 
Trata-se, portanto, de correta aplicação do princípio da sucumbência, imputando-se a 
cada parte sua responsabilidade por arcar com os ônus sucumbenciais, inclusive os honorários 
advocatícios, na proporção em que sucumbiu na pretensão deduzida. 
O STJ já confirmou o entendimento de que os honorários advocatícios só podem ser 
fixados com base na equidade de forma subsidiária, quando não for possível o arbitramento 
pela regra geral ou quando inestimável ou irrisório o valor da causa, conforme REsp - 
1.746.072: 
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
DE 2015. JUÍZO DE EQUIDADE NA FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS 
ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA. NOVAS REGRAS: CPC/2015, ART. 85, 
§§ 2º E 8º. REGRA GERAL OBRIGATÓRIA (ART. 85, § 2º). REGRA 
SUBSIDIÁRIA (ART. 85, § 8º). PRIMEIRO RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
SEGUNDO RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. O novo Código de Processo 
Civil - CPC/2015 promoveu expressivas mudanças na disciplina da fixação dos 
honorários advocatícios sucumbenciais na sentença de condenação do vencido. 2. 
Dentre as alterações, reduziu, visivelmente, a subjetividade do julgador, restringindo 
as hipóteses nas quais cabe a fixação dos honorários de sucumbência por equidade, 
pois: a) enquanto, no CPC/1973, a atribuição equitativa era possível: (a.I) nas causas 
de pequeno valor; (a.II) nas de valor inestimável; (a.III) naquelas em que não 
houvesse condenação ou fosse vencida a Fazenda Pública; e (a.IV) nas execuções, 
embargadas ou não (art. 20, § 4º); b) no CPC/2015 tais hipóteses são restritas às 
causas: (b.I) em que o proveito econômico for inestimável ou

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