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Processo de desenvolvimento motor
1
Processo de 
desenvolvimento motor
Professora Priscilla Ferronato
Processo de desenvolvimento motor
2
SUMÁRIO
Desenvolvimento 3
As definições 3
Área de Pesquisa 3
O Estudo do Desenvolvimento no Brasil 5
O fenômeno “desenvolvimento motor 6
Abordagens Metodológicas para o Estudo do Desenvolvimento 8
Periodo Precursor (1787-1928) 8
Periodo Maturacional (1928-1946) 9
Período Normativo/Descritivo (1946-1970) 10
Período Orientado ao Processo (1970 até os dias atuais) 12
Abordagens teóricas para o desenvolvimento 15
Abordagem Maturacionista 15
Abordagem Cognitivista 17
Fase 1 : A concepção de realidade da criança mediada através da linguagem e 
interação social 17
Fase 2: Estágios no Desenvolvimento Sensório-Motor. A Teoria da Adaptação 18
1.4.2.3 Fase 3: O Período Estruturalista. Modelo lógico matemáticos e operações 
concretas e formais. 19
Fase 4. Retorno ao Funcionalismo. Pensamento Pré Operacional, Estratégias, Lógica 
Intencional e Teoria do Significado. 20
1.4.3 Abordagem dos Sistemas Dinâmicos 21
Os Graus de Liberdade 21
A Multicausalidade do Desenvolvimento 23
Atratores 25
Exploração e Seleção 26
Percepção-Ação 27
Abordagem dos Sistemas de Acão 29
Sistema de Orientação Básica 31
Sistema Investigativo 31
Sistema Locomotor 31
Sistema de Alimentação 31
Sistema Performático 31
Sistema Expressivo 31
Sistema Semântico 31
Sistema de Jogo 31
Abordagem da Neurosciência 32
Teoria da Seleção de Grupos Neurais 33
Desenvolvimento da Ação 35
Do Movimento para a Ação 36
Seleção das Ações 39
Desenvolvimento Motor x Desenvolvimento da Ação 39
O Futuro dos Estudos em Desenvolvimento 40
Referências 42
Processo de desenvolvimento motor
3
DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento definido como um processo de 
mudança ao longo de um período de tempo, trata-se de 
um fenômeno, popularmente conhecido e comentado 
mas ao mesmo tempo, nebuloso. Nebuloso, porque esta 
definição se trata de um termo amplo, que não apresenta 
de forma clara e precisa, o fenômeno abordado.
As mudanças estão presente no dia-dia de todos os 
seres. Tratando dos humanos, é possivel observar estas 
mudanças desde os fetos, bebês, crianças adultos, até nos 
idosos, também em profissionais de diversas áreas como 
educadores físicos, fisioterapeutas, médicos, enfim, todos. 
Onde sua presença fica mais evidente e onde ele é mais 
popular, claramente é durante a infância.
Desde a concepção, os pais e familiares acompanham 
passo a passo do processo de desenvolvimento pelo 
qual a criança passa.Essa atenção fica tão evidente 
durante a gestação, quando o tamanho e peso do feto 
são minuciosamente acompanhados, quanto depois do 
nascimento, onde cada nova habilidade que o bebê é 
capaz de fazer é vista como mais uma conqueista ao longo 
do ciclo da vida. E assim, pouco a pouco cada indivíduo se 
transforma em um ser social, com uma vida em conjunto 
que se torna cada vez mais ativa.
Talvez por isso, a importância que o comportamento 
tem sobre os eventos ao longo da vida de um indivíduo, 
tempos atrás a psicologia voltou seu interesse para o 
estudo do desenvolvimento.
O termo desenvolvimento e suas variações serão 
tratados adiante, bem como a evolução acadêmica 
da área, as abordagens utilizadas nos estudos e as 
novas perspectivas.
As definições
Muitas são as definições para o termo desenvolvimento, 
também em igual quantidade são as definições do que é 
desenvolvimento motor. Alguns exemplos são:
Mudanças no comportamento motor relacionadas com 
a idade (Willians, 1989).
Processo de aumento de idade ao longo da vida 
relacionado com mudanças no comportamento motor 
(VanSant, 1989).
Desenvolvimento motor representa as mudanças no 
comportamento motor reflexo da interacao entre maturação, 
organismo e ambiente (Thomas & Thomas, 1989).
Contínua alteração no comportamento ao longo do ciclo 
da vida, realizado pela interação entre as necessidades da 
tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente 
(Gallahue, 2001)
Essas poucas definições estão longe de exemplificar 
de maneira completa todas as formas das quais este 
termo foi apresentado. Muitos foram os pesquisadores 
que produziram trabalhos de relevância para a área em 
diferentes momentos da historia destes estudos.
Cada autor que ousou cunhar uma definição para 
desenvolvimento, o fez baseado em sua perspectiva 
teórica da época mas, essencialmente, todas elas tocam 
no ponto principal: as mudanças.
As mudanças, alteração de um estado para outro são 
uma constante na vidade seres vivos. Estas mudanças 
foram estudas de muitas formas, sob perspectivas 
diferentes, metodos diferentes, sujeitos distintos, mas 
ainda assim, todos os olhares votados para as mudanças
Área de Pesquisa
Toda a confusão em classificar o campo de pesquisa 
do desenvolvimento motor está vinculado ao uso de 
diferentes abordagens para a interpretação dos estudos. 
Ao longo da história, vários conceitos foram cunhados 
para esse campo de pesquisa que já foi classificado como 
sinônimo de educação física quando Gallahue (1989) 
disse que as crianças precisam participar de “programas 
de desenvolvimento motor”. Também descrito como uma 
das três sub áreas que compõem o campo comportamento 
motor juntamento com o controle e aprendizagem motora 
(Seefeldt, 1989); uma sub área dentro da aprendizagem 
Processo de desenvolvimento motor
4
e controle motor (Schmidt, 1988), subdisciplina própria 
(Roberton, 1989; Smoll, 1982), ou ainda, o desenvolvimento 
motor foi considerado como uma subdisciplina única que 
abarca todas as outras áreas, como fisiologia, educação, 
biomechanica etc (Thomas, 1989).
Enquanto cada grupo de pesquisador adota sua 
abordagem, cada vez mais há uma dicotomia entre as 
áreas. Tendo em vista que a definição de desenvolvimento 
motor tem sido praticamente a mesma para todas as áreas 
desde que o conceito passou a ser visto como um processo 
ao longo da vida, ou seja, a definição da Academia de 
Desenvolvimento Motor em 1980 : “desenvolvimento 
motor são as mudanças no comportamento motor ao 
longo do ciclo da vida e os processos que delineiam 
essa mudanças” foi adotada pela grande maioria da 
comunidade acadêmica. Porém, quais são as disciplinas 
ou subdisciplinas que cuidam de estudar esse fenômeno?
Para responder essa pergunta podemos começar 
olhando para as áreas em que estas pesquisas surgiram: 
a psicologia e a educação física. Inicialmente, a psicologia 
contribuiu imensamente para o avanço nas pesquisas, 
depois disso, houve um afastamento dos psicologos nos 
estudos do desenvolvimento a educação física foi quem 
apresentou maior contribuição para o crescimento do 
conhecimento na área neste período.
Fazendo uma comparação simplificada entre estes 
dois grupos, a educação física parece ter oferecido uma 
contribuição maior, pois vem ofecerendo graduação e pos 
graduação nesta área por muitos anos.
No entanto, desde que os psicólogos retomaram o 
interesse pelos estudos do desenvolvimento, uma certa 
confusão começa a crescer entre os pesquisadores 
da educação fisica no que cerca o debate “o que o 
desenvolvimento motor realmente é?” subdisciplina ou 
uma área de especialização única, ou ainda sob um outra 
perspectiva onde juntamente com outras subdisciplinas 
formam um campo de estudo. Enterder e responder 
a estas questões sobre o que é realmente essa área é 
fundamental para entender o que significa e para que 
estudar o desenvolvimento motor.
Para compreender o processo de desenvolvimento 
é essencial o conhecimento sobre os processos de 
aprendizagem e controle. O conhecimento sobre o 
controle é essencial pois diz respeito ao papel do sistema 
neuromuscular na produção do movimento, aspecto 
essencial do comportamento.
A aprendizagem é outro aspecto que faz parte do 
processo de desenvolvimento, portanto, não pode 
ser tratada isoladamente. Sendo assim, as mudanças 
observadas no comportamento motor, são fruto da 
interação entre os fatores biológicos (sendo estes a 
maturação de todos os sistemas, e nao somente do sistema 
nervoso central) e ambientais (como a aprendizagem).
A maturação dos sistemas e a aprendizagem são os dois 
lados que compõem a moeda, ambos são os responsáveis 
pelas mudanças e pela adaptação que cada indivíduo sofre 
ao longo da vida. Por isso, o comportamento, ou as ações 
produzidas, são mutuamente dependentes destes fatores 
A aprendizagem não cabe em um sistema que ainda não 
esteja preparado para aprender, e ao mesmo tempo, a 
maturação sofre influências de várias experiências de 
aprendizagem do indivíduo.
Na realidade, as pesquisas mais efetivas para o 
desenvolvimento deveriam alinhavar o conhecimento e 
as abordagens tanto da aprendizagem quanto do controle 
sob uma perspectiva desenvolvimental.
Um dos conceitos mais coerentes sobre o desenvolvimento 
aponta que desenvolvimento motor não é nem uma disciplina, 
nem subdisciplina de alguma grande área de conhecimento, 
é uma perspectiva, uma forma de analisar o desenvolvimento 
e suas mudanças em qualquer área.
O desenvolvimento é na verdade uma forma de 
analisar os processos de mudanças, sejam eles processos 
de aprendizagem ou processos de coordenação e controle. 
Este é um argumento poderoso, porque a lacuna de 
comunicação que existe entre os estudos em cada uma 
destas áreas, aprendizagem e controle, tem contribuído 
cada vez mais para aumentar a confusão sobre o que se 
deve ainda estudar, e sob quais perspectivas.
Processo de desenvolvimento motor
5
O estudo apenas sob a perspectiva do controle corre o risco 
de perder a contribuição da maturação e da aprendizagem 
para o processo. Assim como apenas o estudo sobre os 
aspectos da aprendizagem também podem correr o risco de 
ignorar as contribuições da maturação e, consequentemente 
do controle, no desenvolvimento como um todo.
Assim, o desenvolvimento per se é mais do que uma 
mera comparação sobre o controle ou aprendizagem em 
diferentes idades. Na verdade o que cada uma destas 
partes tenta fazer é elucidar os processos particulares que 
ocorrem ao longo da vida.
Assim como estudar apenas os processos perceptivos 
ou cognitivos não é suficiente para entender o todo 
dentro do processo de desenvolvimento, cada uma destas 
partes pode trazer muito mais contribuições se forem 
interelacionadas nos estudos, pois essa associação é o 
processo de desenvolvimento em si.
Há muitas formas de se organizar o conhecimento 
em desenvolvimento motor: conhecimento produzido, 
a aplicação do conhecimento produzido, organização de 
cursos de graduação e pós graduação e possivelmente, 
outras que não foram aqui citadas.
O que um pesquisador do desenvolvimento motor 
precisa ter é o foco desenvolvimental associado ao 
conhecimento sobre o comportameto motor em geral 
(aprendizagem, controle e maturação). Justamente 
como a psicologia desenvolvimental está separada da 
experimental, ou a bioquímica esta separada da química, o 
desenvimento motor é separado do comportamento motor 
em virtude do foco.
No entanto, é preciso entender que alguns destes 
aspectos são únicos e precisam ser estudados nos cursos 
de desenvolvimento motor (sejam na educação física, 
fisioterapia, terapia ocupacional, neurociencia ou medicina) 
separadamente por uma questão didática.
Como por exemplo, é preciso que as disciplinas sejam 
tratadas separadamente nos cursos de graduação e pós 
graduação, como controle motor, crescimento físico, 
neuroanatomia e tantas outras. Porém, é importante que 
fique explícitamente claro a relação de interdependência 
entre elas, pois quando forem ser analisadas as mudanças, 
e esta analise for adotar uma perspectiva desenvolvimental, 
cada uma delas deve trazer sua contribuição para o 
entendimento do processo como um todo.
Assim, um termo mais amplo seria o desenvolvimento 
do comportamento motor, e este termo abarcaria tudo que 
é adjacente a este proceso (aprendizagem, maturação, 
crescimento e controle).
O Estudo do Desenvolvimento no Brasil
Os estudos sobre o comportamento motor no Brasil 
tiveram um início mais acalorado com a volta de muitos 
estudantes de doutorado que foramrealizar seus curso fora 
do pais na década de 80. Nesta época aproximadamente 
10 professores doutores regressaram para o Brasil e 
na década que compreendeu os anos 90 e assim, esse 
numero vem crescendo cada vez mais.
O crescimento é tão claro que o governo tem freado 
suas agências de fomento a incentivarem os estudantes 
de doutorado a fazerem seus cursos integralmente fora 
do país, uma vez que hoje em dia, o Brasil possui diversas 
universidades com Programas de Pós Graduação em 
nível de Doutorado. No entanto, o incentivo continua no 
sentido de fomentar pequenos estágios fora do país para 
aquisição de expertise em pesquisa e na formação teórica 
dos estudantes de doutorado e doutores interessados em 
seguir com cursos de Pós Doutorado.
Então, a partir da década de 80 as pesquisasa em 
comportamento motor começaram a ser realizadas 
no Brasil, no entanto, ainda timidamente. Algumas 
universidades tinham seus Laboratórios de Pesquisa em 
Comportamento Motor, porém, ainda não havia algum 
evento nesta área específica que fosse realizado no pais.
O primeiro evento oficial sobre o tema foi organizado 
em 1998 para comemorar os 10 anos de existência de 
um dos laboratórios preocupados com as questões do 
comportamento. Desde então, este evento, e outros 
Processo de desenvolvimento motor
6
mais recentes, tradicionalmente acontecem atraindo 
profissionais de varias áreas como educação física, 
fisioterapia e terapia ocupacional. No entanto, é bem 
possivel que outras áreas que não tem participado destes 
eventos em particular, também tenhan seu foco no 
comportamento motor e tem apresentado seus achados 
em eventos dde outras áreas como a psicologia, pediatria, 
gerontologia, neurosciencia entre outras.
O fato é que a área tem se esforçado para se fortalecer 
no Brasil e para isso nao tem medido esforços em trazer 
pesquisadores de renome para debates e palestras. 
Estes esforços tem refletido em um aumento no numero 
de trabalhos apresentados em congressos e ainda de 
publicações, no entanto é preciso avaliar estes dados com 
cuidado, pois números nao são referencial de qualidade.
As pesquisas que começaram a se destacar na área 
da aprendizagem motora hoje em dia apresentam um 
domínio do controle motor e um crescimento nos estudos 
sobre o desenvolvimento motor. Porém há ainda um 
caminho longo a ser percorrido no sentido de contribuir 
efetivamente para o desenvolvimento e crescimento das 
pesquisas neste campo.
Possivelmente, o ponto de partida deve ser despertar 
o interesse dos estudantes de graduação para a pesquisa 
acadêmica. Esse despertar é a peça fundamental para a 
evolução da área, deve ser certeiro e cuidadoso. Oferecer 
ao estudante a oportunidade de fazer pesquisa em 
comportamento motor nao é entregar em suas mão um 
projeto de pesquisa e deixá-lo executar.
É preciso mais do que isso, é preciso que o estudante 
descubra por exatamente o que é a pesquisa científica, 
passando por todas as etapas de maneira plena, desde 
a formação e solidificação do conhecimento teórico até a 
elaboração do problema de pesquisa.
A partir de então é que a parte experimental entra 
em cena e os pensamentos e discussões devem se voltar 
para o planejamento e aplicação dos procedimentos 
metodológicos.Feito isso, a analise e discussão dos 
resultados, bem como a finalização do trabalho são 
conseqüências, pois com a formação teórica sólida, boa 
parte da pesquisa acadêmica está garantida.
A partir dos esforços em aumentar com qualidade o 
numero de pesquisadores na área os frutos que serão 
colhidos a partir deste trabalho com certeza será o 
crescimento da área como um todo. O investimento em 
uma formação sólida, com uma visão abrangente, onde 
todos os aspectos do comportamento são levados em 
consideração é um ivestimento promissor para os estudos 
do comportamento motor no Brasil.
O fenômeno “desenvolvimento motor
Os primeiros estudos sobre o desenvolvimento motor 
começaram com a descrição do comportamento das 
crianças, que foram chamados de “biografia dos bebês”. 
Darwin, em 1877, depois do nascimento de seus filhos, foi 
talvez, um dos pioneros nesta tarefa. Seus estudos eram 
relatos minuciosos que descreviam todo o comportamento 
apresentado pelos bebês em todas as situaçãoes possíveis. 
As descrições comtemplavam atividades de alimentação, 
manipulação perceptivas, emocionais entre tantas outras.
Já no século XX os pesquisadores que trouxeram grandes 
contribuições para o estudo do desenvolvimento foram os 
psicólogos infantis da Clinica de Desenvolvimento Infantil de 
Yale, Arnold Gessel e Henry Halverson, na Universidade da 
California estava Nancy Bayley, na Universidade de Columbia 
Shirley Mc Graw, e na Universidade de Minessota Mary Shirley.
Os estudos desta época eram em sua maioria 
observaçãoes longitudinais com cescrições cheias de 
detalhes,e ainda, atraziam alguma explicação sobre o 
processo que estava por trás oferecendo condições para 
que tais comportamentos se manifestassem. Em suas 
explicações, cada um dos pesquisadores defendiam seus 
pontos de vista, normalmente baseados uma teoria ou 
outra, maturacional ou ambiental.
Historicamente o estudo do desenvolvimento motor 
através das observações e descrições se focou nas repostas 
periféricas para interpretar o estado do sistema, onde o 
foco estava nas funcões cognitivas. Assim, a idéia principal 
Processo de desenvolvimento motor
7
era observar o comportamento motor para verificar o 
quão intacto estavam as funcões cognitivas. Os estudos 
descritivos dos pesquisadores pioneiros Gessel e McGraw, 
foram importantes para a elaboração futuramente, 
da proposta de Piaget sobre o desenvolvimento do 
funcionamento cognitivo.
Estes relatos também incentivaram muitos outros 
pesquisadores, hoje tidos como seminais da aráea do 
desenvolvimento, entre as décadas de 60 e 70 como: 
Eckert com varios artigos nos anos 60 e 70 e um livro em 
1976; Halverson e Roberton com estudos sobre habilidades 
fundamentais nos anos 60, 70 e 80; Keogh com estudos 
em performance motora e aquisição de habilidades para 
deficientes nos anos 60, 70 e 80; Malina e seus estudos 
relacionando o crescimento e performance motora e livros 
sobre o crescimento e desenvolvimento nas mesmas 3 
décadas; Newel nas décadas de 70 e 80 com estudos 
sobre o desenvolvimento e aquisição de habilidades e 
controle motor; Seefeldt também nas decadas de 70 e 
80 com estudos de habilidades fundamentais; Rarick com 
seus livros de 1961 e 1973 e estudos sobre performance 
motora e fitness nas décadas de 50, 60, 70 e 80; Thomas 
com estudos sobre aquisição de habilidades nas décadas 
de 70 e 80 e Wade e seus estudos em aquisicão de 
habilidades em deficientes nas décadas de 70 e 80.
Alguns destes pesquisadores ainda estão vivos e 
academicamente ativos, outros infelizmente faleceram, no 
entanto deixaram seu legado que vem sendo bem aproveitado 
e replicado por novos pesquisadores do desenvolvimento.
A formação destes novos pesquisadores está baseadas 
em alguns livros textos que apresentavam os estudos e as 
abordagens mais relevantes de cada um em sua época, 
como por exemplo: alguns dos livros mais atuais a respeito 
do desenvolvimento sao Eckert (1987); Gallahue (1982); 
Haywood (1986); Keogh & Sugden (1985); Wicstrom 
(1983); Williams (1983) e Thomas (1984). Todos eles 
estão de alguma maneira baseaddos nas ideias de grandes 
nomes do desenvolvimento como: Connolly (1970); Rarick 
(1973); Malina (1975); Kelso & Clark (1982).
Dentro da psicologia desenvolvimental os grandes 
nomes foram Kevin Connolly, Herb Pick e Claes von Hofstentodos associados com pesquisas sobre o desenvolvimento 
infantil e aquisição de habilidades sob uma perspectiva 
desenvolvimental.
Depois da Segunda Guerra Mundial (anos 50 e 60) 
estudos transversais aplicados para a escola, sem uma 
fundamentação teórica de pano de fundo. Nesta epoca 
Anna Espenschade e G. Lawrence Rarick fizeram uma 
série de estudos, tanto longitudinais como transversais, 
investigando o desenvolvimento motor aplicado para a 
área da educacao fisica.
No começo dos anos 60 os pesquisadores começaram 
a notar que o comportamento apresentava mudanças 
dramáticas depois da infância, e passaram então a estudar 
todo o ciclo da vida, se importando mais com avida adulta e o 
envelhecimento. Assim a bordagem do ciclo vital teve início. 
A teoria do ciclo da vida aborda as mudanças na 
organização do sistema neuromotor acompanhadas de 
mudanças dramáticas no tamanho e na forma do corpo 
durante a infância e a adolescência. Também passam a 
ser consideradas súbitas mudanças no estilo de vida que 
começam e terminam durante a fase adulta e a velhice, 
relacionadas ao estilo de vida, ao período escolar, trabalho, 
família e responsabilidades que acompanham estas etapas.
Do ponto de vista de VanSant (1989), a maturidade, 
que tradicionalmente é vista como a finalidade 
do desenvolvimento, é apenas um dos momentos 
(instantâneos) processo do desenvolvimento.
Por todas essas diferenças, nao faz sentido comparar 
adultos e crianças, pois ambos estão em momentos 
diferentes da vida e cada um destes momentos tem 
finalidades e funções diferentes. Em cada um destes 
momentos há algo a se ensinar ou se aprender sobre o 
desenvovimento, e assim, apesar de muitos estudos sobre 
o desenvolvimento se focarem na infância, todas as outras 
etapas da vida apresentam mudanças importantes a serem 
analisadas sob a perspectiva desenvolvimental.
Processo de desenvolvimento motor
8
Nesta época os Institudos de Desenvolvimento 
da Criança mudaram seus nomes para Institudos do 
Desenvolvimento Humano.
O artigo de Nancy Bayley “O ciclo da vida como um 
quadro de referência na pesquica psicológica” foi rotulado 
como o precursosr da perspectiva do ciclo da vida e 
muitos pesquisadores de peso na área como Clark (1982), 
Halverson, Roberton & Harper (1986), Haywood (1986), 
Roberton & Halverson (1977, 1984) passaram a adotar a 
perspectiva do ciclo da vida.
Em resumo, a história do desenvolvimento motor pode ser 
traçada da seguinte forma: o desenvolvimento motor começou 
como o estudo da infância, depois do desenvovimento infantil 
e passou a fazer parte da psicologia desenvolvimental, que 
foi definida como os estudo das mudanças ao longo do ciclo 
da vida no comportamento motor.
Em suma, estudar a criança nao é necessariamente um 
estudo desenvolvimental, pois desenvolvimento refere-se 
a um processo ao longo da vida, e a infância é apenas 
uma parte deste processo, como qualquer outra fase da 
vida é. Outra questão a se pensar é para onde segue o 
desenvolvimento, pois é comum dizer que ele segue para 
a maturidade, no entanto, o curso da vida segue para a 
vida adulta e, por fim, para o envelhecimento e a morte.
Será mesmo que a finalidade do desenvolvimento 
é a maturidade? Será que o comportamento maduro é 
aos 20 ou aos 80 anos de idade? Nesta perspectiva ao 
longo da vida, o quanto a maturação pode ser igualada ao 
desenvolvimento?
Até entao, os pesquisadores do desenvolvimento ou se 
pautavam na causalidade, onde a maturação era atribuída 
a forças internas que guiadas pelos genes levavam ao 
desenvolvimento, ou entao, assumiam a influência do 
ambiente sobre o desenvolvimento humano.
Neste caso, apontando a influência do ambiente sobre 
os genes, e até mesmo a influência de um grupo de genes 
sobre outro grupo de genes, e neste sentido o objetivo 
do desenvolvimento ainda seria a maturidade. Porém, o 
conceito do ciclo da vida muda bojo destas concepções, pois 
força o reconhecimento de múltiplos fatores interferindo 
no desenvolvimento causadores das mudanças. 
Abordagens Metodológicas para o 
Estudo do Desenvolvimento 
Ao longo da história do desenvolvimento as pesquisaram 
foram passando por modificações importantes. E 
possivelmente, ainda passarão por muitas mudanças dos 
tempos de hoje até os tempos futuros.
Analisar estas mudanças é uma parte importante para 
uma boa formação acadêmica, pois, olhar para a história 
é essencial para que se possa entender com clareza o 
estado atual da arte.
A história dos estudos em desenvolvimento, foi dividida, 
pelo menos até agora, em 4 periodos: Período Precursor (1787-
1928), Período Maturacional (1928-1946), Período Descritivo 
(1946-1970) e Período Orientado ao Processo (1970 até a 
data atual). Essa divisão deixa bem marcado os diferentes 
momentos e as diferentes perspectivas dos estudos.
Periodo Precursor (1787-1928)
Este foi o primeiro período, portanto, onde as bases 
foram fundadas e estabelecidas. Esse período estabeleceu 
os métodos de observação descritiva como métodos 
críticos para o estudo do desenvolvimento. Nesta época, os 
pesquisadores costumavam descrever longitudinalmente 
o comportamento de seus próprios filhos enquanto 
bebês em anotações ricas de detalhes. Darwin foi um 
dos que contribuiu com suas observações a respeito do 
desenvolvimento de seu filho.
Nesta época descrições minuciosas sobre a transição 
do “reflexo de preensão palmar” para a pegada voluntária 
foi feita por Tiedemann em 1977 (citado por Borstelmann, 
1983). Além disso, as descrições de Tiedemann 
forneceram evidências para o papel da experiência na 
alimentacão, uma observação que antecedeu em mais 
de um século o debate entre inato e adquirido que foi 
central a partir dos anos 1930.
Processo de desenvolvimento motor
9
Estas descrições, chamadas dê “biografias dos bebes” 
que tiveram início com Tiedemann, foram seguidas das 
descrições de Preyer quase 100 anos depois com a 
publicação de um texto clássico: “A Mente da Criança” em 
1981-1982 e depois em 1909-1909b.
Sendo um embriologista Preyer através de um estudo de 
caso, descreveu cuidadosamente, com a habilidade de um 
biólogo o desenvolvimento de uma criança. Trabalho de grande 
contribuição para a evolução de outros estudos na área.
Todas a biografias dos bebês foram bons exemplos 
de estudos focados no produto do desenvolvimento. 
Diferentemente de todos, Galton (1876) apresenta um 
exemplo de estudo focado no processo. Usando gêmeos 
para ter o controle sobre as caracteristicas hereditárias dos 
indivíduos, Galton apontou que o papel da hereditariedade 
e do ambiente deveriam ser revistos para poder explicar as 
diferenças individuais entre gêmeos idênticos.
Seguindo este raciocínio, onde a importância do 
ambiente deveria ser considerada, os descritos de Darwin 
foi marcantes para a época. A noção de Darwin sobre 
o papel do ambiente na forma do animal, a adaptação 
do animal ao ambiente, e a continuidade de espécie de 
acordo com o ambiente eram, claramente teorias sobre os 
processos desenvolvimetais.
Enfim, o Período Precursor, estabeleceu as bases para 
as pesquisasa em desenvolvimento. Indicando o cuidado 
e a acurácia que o método de observaçã exigia. Alem 
de expor as fundamentações teóricas onde os debates 
deveriam transcorrer nas questões sobre o papel da 
genética e do ambiente no processo de desenvolvimento.
Periodo Maturacional (1928-1946)
Seguindo o legado dos pesquisadores do periodo 
anterior, através do método observacional, nos anos 30 
a pesquisa em desenvolvimento motor apresentou um 
dos seus períodos mais férteis. Inspirados nos exemplos 
da biografiados bebês, neste período, muitos foram os 
estudos de caso, com acompanhamento longitudinal e 
descrições de individuos. Arnold Gesell e Myrtle McGraw 
foram as estrelas desta época, e pioneiros nos estudos 
com ricos detalhes sobre diversos comportamento infantis. 
Ambos apresentaram uma visão que levantou questões 
sobre os behavioristas, pois apontaram a importância 
dos processos biológicos, como a maturação, para o 
comportamento do indivíduo.
Em seus descritos, Gesell e McGraw apontaram as 
regularidades no comportamento dos bebês e concluíram 
que estar regularidades refletiam regularidades na 
maturação cerebral, um processo comum geneticamente 
conduzido em todas as crianças. Fizeram relatos que 
documentaram a sequência de comportamentos pelos 
quais os bebês passavam, essa sequência foi entitulada 
“sequencia universal”.
A sequencia universal era um argumento para a 
presença importante das características biológicas 
permeando o processo desenvolvimental.
Apesar das detalhadas descrições sobre o 
comportamento apresentado pelos bebês, a idéia 
dos estudos destes pioneiros era entender o que 
causavam estas mudanças no comportamento. Estavam 
interessados na compreensão do processo que norteava o 
desenvolvimento observado.
Apesar de atribuir o papel fundamental da maturação 
do sistema nervoso central para as mudanças 
desenvolvimentais relatadas, McGraw também considerava 
o processo de ensino e aprendizagem como importante 
para o desenvolvimento. E, explicitamente, escreveu 
que entendia que a aprendizagem e a maturação não se 
tratavam de procesos diferentes, eram apenas diferentes 
facetas do mesmo processo, que era o desenvolvimento.
Em diversos estudos McGraw constatou o efeito do 
processo de aprendizagem ensinando habilidades motoras 
a apenas uma criança que tinha um irmão gêmeo. Assim, 
o outro irmão “apenas apresentaria o comportamento que 
estivesse unicamente relacionado com a maturação”. Com 
isso, ela mostrava que o comportamento motor era fruto 
tanto da maturação dos sistema nervoso central como 
também das experiências especificas de cada criança.
Processo de desenvolvimento motor
10
Figura 1. Mirtle McGraw em sessão de testes com os Gêmeos Jhonny 
e Jimmy.
Fonte da imagen: http://psicologiasolta.webnode.com.pt/
experiência%20precoce/myrtle-mcgraw/
Apesar de Gesell e McGraw serem ambos rotulados 
como maturacionistas, suas idéias eram divergentes 
em vários aspectos. No entanto, o avanço que ambos 
proporcionaram para os estudos do desenvolvimento são 
inegáveis. Gesell enfatizou seus estudos na morfologia do 
desenvolvimento, entendendo o comportamento como a 
forma do desenvolvimento.
Em suas observações sobre as crianças, postulou 
alguns princípios norteadores do desenvolvimento, como 
por exemplo o princípio da direção desenvolvimental 
(céfalo-caudal e próximo-distal). Estes princípios, 
nascidos a partir da observação do comportamento, 
foram proposições teóricas que explicavam todos os 
comportamento apresentados pelas crianças, e foram 
tão válidos que ainda são são capazes de explicar muitos 
comportamentos até os dias atuais.
O Período Maturacional teve muitas outras publicações 
importantes. Mary Shirley apresentou uma cronologia do 
desenvolvimento mental e motor em 25 bebês durante 
2 anos (Shirley, 1931) com descrições dos estágios do 
processo de aquisição da postura e do andar.
Halverson (1931) descreveu o desenvolvimento da 
preensão que teve fundamental importância para entender 
as habilidades motoras finas. Nancy Bayley desenvolveu 
uma escala normativa de desenvolvimento motor 
baseada nas suas observações sobre o aparecimento das 
habilidades motoras durante os primeiros 3 anos apos o 
nascimento (Bayley, 1935;1936). Esta escala é utilizada 
até hoje, sendo feitas algumas adaptações para cada caso, 
ou cada grupo de crianças. Além destes, a publicação da 
dissertação de Monica Wild em 1938 sobre as mudanças 
no padrões de coordenação do arremesso de ombro 
praticamente encerrava a era Maturacional e antecedia as 
descrições das habilidades motoras grossas que estavam 
por vir no próximo período (Normativo/Descritivo).
Período Normativo/Descritivo (1946-1970)
A reemergência dos estudos em desenvolvimento motor 
depois da II Guerra Mundial foram basicamente devido aos 
esforços de Anna Espenschade, Ruth Glassow e G. Lawrence 
Rarick. Estes autores haviam sido fortemente influenciados 
pelos maturacionistas, porém, se diferenciavam deles em 
muitos aspectos. Eram educadores físicos, com foco das 
pesquisas voltados para área escolar. A intenção com os 
estudos, além de melhorar a performance, principalmente 
esportiva, utilizar o comportamento motor para entender 
os processos cognitivos.
As investigações do comportamento eram feitas 
através de medidas antropométricas e de crescimento, 
e estes dados eram amplamente utilizados para elaborar 
testes de avaliação escolar e esportiva, e na construção de 
programas para melhora da perfrmance motora.
O Periodo Normativo/Descritivo não foi um período 
de crescimento fulminante como o anterior, aliás foi 
o contrário, no entanto, foi também um período de 
crescimento importante para a área de pesquisa, que 
agora estava separada da psicologia, e quem estava a 
frente das pesquisas eram as áreas da educação fisica, da 
fisioterapia e da medicina.
O foco das pesquisas na década de 50 estavam 
em entender o papel do crescimento físico e da força 
na performance motora das crianças. Estes estudos 
refletiram o foco desta época não somente na area da 
educação física, como também na educacao de maneira 
geral, e assim, foram desenvolvidos vários testes apara 
avaliação de escolares.
Processo de desenvolvimento motor
11
Espenschade reportou o em seus estudos 
medidas antropométricas das crianças, indicando 
quão rápido as crianças podiam correr e os padrões 
de coordenação usados na corrida. Estes estudos 
foram originados na Universidade de Wiscosin sob a 
orientação de Glassow. Suas análises biomecânicas 
das descrições dos padrões de coordenação para 
algumas habilidades fundamentais como o saltar por 
exemplo eram meticulosas.
O período entre 1946 e 1960 foi caracterizadao 
como período dormente, pois foi nesta época que 
a confusão entre os termos produto e processo1 
começou a surgir. Na verdade, nem as medidas de 
crescimento e performance relacionadas ao produto, 
nem as medidas de coordenação (asociadas aos 
processos) eram acompanhadas de debates sérios 
para a compreensão dos mecanismos que delineavam 
as mudanças desenvolvimentais.
Como estavam focados nas idades escolares, os 
estudos eram descrições do crescimento e da performance 
motoras destes indivíduos.
Durante a ultima década deste período nos anos 
de 1960 foi possível observar algumas mudanças no 
delineamento das pesquisas. Descrições biomecânicas dos 
movimentos das crianças continuaram a crescer. Um bom 
exemplo foi o estudo longitudial de Lolas Halverson com 7 
crianças que levou 15 anos.
O estudo era para descrever exatamente o que as 
crianças podiam fazer e quando podiam fazer. Entender 
o processo desenvolvimental era o ultimo objetivo da 
pesquisadora.
No entato, é importante mencionar que neste estudo 
Halverson examinou também o papel do ambiente e 
da aprendizagem como fatores determinantes para 
o aparecimento de alguns padrões particulares de 
coordenação. Claramente, Halverson assim como McGraw, 
1 - Os termos produto e processos foram muito utilizados, e ainda são ate hoje 
em dia. Produto refere-se ao resultado de um processo, neste caso, resultado do 
desenvolvimento,portanto o produto era o movimento. Processo eram os eventos 
internos que ocorriam, os mecanismos que levavam ao funcionamento.
eram mais interacionistas2 do que maturacionistas nos 
moldes iniciais da psicologia desenvolvimetal. A década 
de 60 marcou o início do interesse no desenvolvimento 
perceptivo-motor. Apoiados nas especulações de 
psicólogos, de que crianças com atrasos desenvolvimentais 
os tinham devido a problemas perceptivos-motores, as 
pesquisas na área da psicologia se voltaram para o campo 
do desenvolvimento.
Na verdade, muitas pesquisas nesta época falharam 
em identificar alguma ligação entre o desenvolvimento 
motor e o pensamento, no entanto, ofereceu oportunidade 
para uma nova visão emergir: a relação entre percepção e 
cognição e suas interações com o movimento, que foram 
essenciais para o próximo período.
O periodo Normativo/Descritivo trouxe contribuições 
importantes no aumento do conhecimento orientado 
ao produto, os estudos descritivos sobre o crescimento 
e performance motora ainda hoje são referencias. O 
fato é que este período foi fruto do período anterior 
(Maturacionista) os pesquisadores deste periodo se 
espelharam nos maturacionistas, por isso a lacuna nos 
estudos sobre o processo.
Outro fator importante para o foco no produto é que, 
diferentemente dos psicólogos, que estavam interessados 
em entender o funcionamento do sistema nervoso central 
através do comportamento motor, os educadores físicos 
estavam preocupados em saber como melhorar suas 
instruções para aumentar a performance. Tinha ainda um 
terceiro grupo, os pesquisadores da área de aprendizagem 
motora (grande parte dele profissionais da área da educação 
física) que estavam preocupados apenas em entender os 
principios gerais do processo de aprendizagem.
Um trabalho importante para esta literature qu usou 
esse referencial foi a descrição do desenvolvimento das 
sequências dos padrões fundamentais de saltos por 
Hellebrandt, Rarick, Glassow & Carns (1961), também 
houveram descrições do arremesso de ombro por 
2 - Interacionista é praticamente o oposto de maturacionista. Enquanto o 
maturacionismo aponta apenas o Sistema Nervoso Central como responsável pelas 
mudanças comportamentais, o Interacionismo aceita que diversos fatores podem 
ser responsáveis pelas alterações. Interacionismo vem da palavra integrar.
Processo de desenvolvimento motor
12
Roberton (1978) e dos padrões motores fundamentais por 
Wickstrom (1977).
Depois dos estudos sobre padrões de comportamento, 
como por exemplo o levantar a partir do chao, onde cada 
grupo de individuos apresentava estratégias diferentes 
dos outros grupos3, a autora chegou a conclusão de que 
o processo de desenvolvimento não é necessariamente 
hierárquico, pois ele pode partir dos comportamentos mais 
simples para o mais complexo, mas também pode partir 
do complexo para o mais simples.
Sendo assim, é um processo que apresenta uma 
organização e reorganização dinamica de acordo com 
cada contexto.
Período Orientado ao Processo (1970 até os 
dias atuais)
Esse período é caracerizado pelo aumento do interesse 
pelo desenvolvimento motor e o foco novamente retorna aos 
processos que permeiam o desenvolvimento. Apesar deste 
período inicialmete seguir até os dias atuais, é preciso cautela 
nesta observação, pois o avanço nas pesquisas nos dias de 
hoje tem apresentado uma velocidade bem maior, e colocar 
tudo em uma mesma categoria pode ser preocupante. No 
entanto, vamos considerar cada década com cuidado.
O início deste período foi marcado pela publicação 
de Kevin Connolly “Mecanismos de Desenvolvimento das 
Habilidades Motoras” em 1970 como resultado de um 
encontro de cientistas (sendo maioria deles psicólogos) 
marcando a volta do interesse dos psicólogos pelo 
desenvolvimento motor.
Trabalhos de psicólogos reconhecidos como Gerome 
Bruner e Jean Piaget tinham o foco no desenvolvimento das 
habilidades durante a infância, tendo as habilidades motoras 
recebido uma atenção especial. Além disso, a emergência da 
abordagem de Processamento de Informação intensificou o 
debate e as pesquisas entre os psicologos experimentais e 
desenvolvimentais na elaboração de suas hipótese sobre o 
processo por trás do desenvolvimento.
3 - Estratégias como uso das mãos como apoio ou não.
Ao mesmo tempo que todas estas mudanças apareciam 
no campo do desenvolvimento, na aprendizagem motora as 
ideias da teoria de Processamento de Informação também 
estavam tomando conta das pesquisas sobre as habilidades 
motoras em adultos (Fitts & Posner, 1967; Keele, 1973; 
Marteniuk, 1976; Schmidt, 1975).
Assim, com as mudanças atingindo tanto os estudos 
na area da aprendizagem motora com a abordagem do 
Processamento de Informação pelos educadores físicos e 
psicologos experimentais e a abordagem do Periodo Orientado 
ao Processo adotado pelos psicólogos desenvolvimentais, dois 
grupos contrários foram criados na area de desenvolvimento 
motor na decada de 70, favorecendo a confusão entre os 
termos aprendizagem e desenvolvimento.
No grupo que seguia a abordagem do Processamento 
de informação estudos sobre memoria, atenção e 
percepção em adultos foram exaustivamente estudados 
e muitas comparações com a performance infantile foi 
e vem sido feita.
Os pesquisadores da aprendizagem motora embasavam 
seus estudos em uma abordagem teórica que também 
trazia resquícios da era maturacional, a Teoria do 
Processamento de Informação.
Esta teoria apontava que o cérebro funcionava de 
maneira semelhante a um computador, onde informações 
entravam no sistema (input) enquanto que os movimentos 
eram a resposta (output) do sistema nervoso central. 
Desta forma, sugeria que os movimentos eram o produto 
de unidades chamadas de programas motores.
O Programa Motor era como um bloco pré-programado de 
um comportamento. O Programa Motor era a unidade básica 
na organização neuromotora, podendo ser auto-acionado pelo 
indivíduo ou ainda, ser acionado por um estímulo externo. A 
ideia do Programa Motor foi extensivamente explorado pela 
comunidade científica da época, principalmente em estudos 
de casos de disfunções neurológicas.
No entanto, no começo dos anos 70, os estudos sobre 
percepção começaram a emergir. Estes novos estudos 
Processo de desenvolvimento motor
13
foram oriundos dos estudos de psicólogos da década de 
60 mencionados anteriormente, sobre desenvolvimento 
das capacidades perceptivo-motoras em crianças com 
comprometimentos mental e motor.
Nesta época duas correntes de pesquisa se formaram, 
uma delas investigando as mudanças sensório-motoras 
utilizando da teoria de Processamento de Informação 
como base. Enquanto isso, outro pequeno grupo de 
psicólogos ambasava seus trabalhos na proposta ecológica 
de percepção direta de James Gibson.
O quadro de referência de Gibson se fundamentava na 
questão de que o processo perceptivo não era passivo e 
sim uma busca ativa por parte do indivíduo, que direciona 
sua atenção para as informações julgava relevantes. Neste 
momento as questões levantadas que guiavam a nova 
tendência nas pesquisas mudaram e passaram a ser: o que 
muda com a experiência? com quais capacidades nascemos?
Nos anos 80 uma nova tendência passa a tomar conta 
do cenário científico a partir da publicação de Kugler, Kelso 
& Turvey em 1982. A sugestão de uma nova perspectiva 
teórica para o estudo do controle e coordenação do 
movimento, embasada em uma princípios da física, 
biologia e ecologia.
Inspirado as idéias de Bernstein (1967) estes autores 
argumetavam que o movimento era controlado por 
inputs não específicos aosistema nervoso central, e sim 
pela periferia (músculo) que a posteriori utilizavam uma 
coordenação por parte do funcionamento especifico do 
SNC. Estes apontamentos vinham na contra mão das 
propostas da Teoria de Processamento de Informacão, que 
posicionavam o comando do sistema nervoso central como 
inicial e prevalente no processo de produção de movimentos.
Além disso, a nova perspectiva apontava princípios da 
termodinâmica para explicar os processos de continuidade 
e descontinuidade do desenvolvimento. Bernstein (1967) 
sugeriu que o indivíduo atua no meio através de um 
sistema de ação, e não simplesmente através de um 
sistema motor. Ou seja, para ele, o movimento não é fruto 
de reações do sistema muscular dependente de comandos 
do sistema nervoso central (SNC), e sim de uma relação 
de constante troca de informações entre estes sistemas, 
o que caracterizaria uma ação. Assim, o controle do 
comportamento não caberia apenas ao sistema nervoso 
central, mas à interação entre ele e o sistema muscular.
Esta perspectiva inovou no sentido de tratar a interação 
do indivíduo com o meio como um processo equilibrado e 
ativo, baseado na ontogenia, na evolução e na ecologia.
Alinhadas a este ponto de vista (de Bernstein) estão 
as idéias de James Gibson, que propunha o uso de uma 
psicologia que levasse em conta a ecologia, ou seja, o 
meio no qual o indivíduo está inserido e sua interação 
com ele, para explicar a percepção de maneira geral. Para 
Gibson (1966) a percepção é um processo ativo que não 
pode ser separado ação, pois perceber implica em agir e 
agir implica em perceber.
Neste sentido sua teoria para o desenvolvimento da 
percepção passou a ser expandida para a psicologia da 
ação e tem exercido grande influência nos trabalhos 
sobre o desenvolvimento de maneira geral. Esse processo 
perceptivo ativo parece ser filogeneticamente adaptado 
para o indivíduo identificar as informações relevantes e 
interagir com o ambiente.
Assim, o indivíduo vê, ouve, sente e se move em atividades 
de exploração conduzidas pelos canais perceptivos dentro 
de um ambiente em busca de informações para organizar 
suas ações de maneira integrada (Gibson, 1966 e 1979).
Aproveitando os conceitos da teoria da percepção de 
James Gibson, Eleanor Gibson trata do desenvolvimento 
do indivíduo no meio travando uma ligação entre o ato 
de perceber o conceito de affordances4 (traduzido aqui 
como “potencialidades”) sugerindo que o agente, busca 
ativamente informações no ambiente que ofereçam 
possibilidades de desempenhar alguma ação.
4 - Apesar da apresentação da tradução do termo affordance, as traduções deste 
termos parecem nao ter ainda encontrado uma palavra que faça jus ao significado 
em inglês. Por isso, o termo em inglês ainda é muito usado nos docimentos 
acadêmicos brasileiros.
Processo de desenvolvimento motor
14
Assim, o desenvolvimento não acontece isoladamente, 
e sim, a partir de uma intrincada interação entre sujeitos, 
objetos, ambiente (Gibson & Pick, 2000). Essa rotina 
cíclica em que o processo de perceber tem o poder de 
influenciar e guiar as ações, que por sua vez, podem gerar 
novas percepções se estabelece ao longo do processo do 
desenvolvimento, e foi chamado de ciclo percepção-ação 
(Gibson & Pick, 2000; Lockman & Thelen, 1993).
Tambéma partir das idéais ecológicas de Gibson, 
eles argumentavam que a informação era uma variável 
física única e específica às mudanças dinâmicas do 
sistema. E assim, um grupo adepto destes princípios 
fez diversos trabalhos baseados nesta perspectiva 
Bernsteiniana e Gibsoniana também chamada de teoria 
dos sistemas dinâmicos.
Para os pesquisadores do desenvolvimento motor, essa 
nova contextualização do controle e desenvolvimento 
do comportamento motor levou a reaplicação de muitos 
tipos de estudos que já haviam sido elaborados, porém 
agora com essa nova abordagem teórica. Um dos mais 
importantes trabalhos desta época foi realizado por Esther 
Thelen, que investigou os precursores do andar infantil.
Um destes estudos de Thelen se preocupou em 
investigar o desaparecimento do reflexo da marcha nos 
bebês quando estes estão com aproximadamente 7 
meses de idade. Através de manipulações morfológicas no 
aparato experimental, Thelen e seus colegas mudaram a 
visão tradicional sobre o papel da maturação do sistema 
nervoso central a quem foi atribuída a responsabilidade 
pela inibição deste reflexo nesta idade.
Até então, as explicações para o desaparecimento do 
reflexo e tempos depois surgimento do comportamento 
voluntário eram atribuídas a um período onde o sistema 
nervoso central estava se reorganizando para a emergência 
do comportamento voluntário. Thelen mostrou que os 
bebes nesta idade podiam apresentar o comportamento 
da marcha se colocados em um andador, ou ainda se 
colocados na água.
Com isso, apresentou uma justificativa física para 
o desaparecimento do comportamento: os bebês nao 
tinham força muscular suficiente para manifestar o 
comportamento, uma vez que essa restrição do organismo 
era eliminada, colocando-os no andador ou com as pernas 
submersas, o comportamento voltava a aparecer (Thelen, 
1986a, 1986b, 1988).
Juntamento com seus novos trabalhos experimentais, 
Thelen também se dedicou na introdução da perspectiva 
de sistemas para o desenvolvimento motor. Apontando 
a importância de todos os processos maturacionais do 
organismo, e não a penas do sistema nervoso central, que 
havia sido o foco dos maturacionistas e dos teóricos do 
Processamento de Informação.
Outros pesquisadores que contribuíram para a perspectiva 
dos sistemas dinamicos em estudo do desenvolvimento 
motor foram Jane Clark e seus colegas, que estudaram o 
desenvolvimento das habilidades locomotoras em bebês 
(Clark, Phillips & Petersen, 1989; Clark & Whitall, 1989; 
Clark, Whitall & Phillips, 1988), Roberton que investigou o 
galopar (Getchell & Roberton, 1989; Roberton & Halverson, 
1988) e Newell com seus estudos a partir da abordagem 
da percepção-ação para a preensão infantil (Newell, Scully, 
Tenenbaum & Hardiman, 1989).
Usando os princípios da teoria dos sistemas dinâmicos 
os pesquisadores voltaram o foco das pesquisas para o 
processo de desenvolvimento motor. O mesmo pôde ser 
observado no campo da psicologia desenvolvimental 
(Gunnar & Thelen, 1988) onde a teoria dos sistemas 
dinâmicos e a perspectiva da percepção-ação surgiram 
como alternativas para a abordagem do Processamento 
de Informação nas pesquisas em desenvolvimento.
Podem ser incluídos neste grupo de estudos baseados 
na nova abordagem dinâmica do desenvolvimento os 
achados de von Hofsten no desenvolvimento do alcançar 
(Hofsten, 1982, 1984) os estudos de Campos, Bertenthal e 
Benson no engatinhar (Benson & Uzgiris, 1985; Bertenthal, 
Campos & Barret, 1984) e os trabalhos de Pick e Palmer 
(1986) e Gibson e Schmuckler (1989) na manutenção da 
postura ereta, locomoção e percepção.
Processo de desenvolvimento motor
15
Em suma, o começo do Periodo Orientado ao Processo 
mostrou pesquisas em desenvolvimento motor que 
primeiramente consistiam em apresentar descrições 
da performance motora em crianças. No entanto, 20 
anos depois dentro deste período, as pesquisas em 
desenvolvimento motor passaram para a descrição da 
performance motora para a explicação de suas causas.
Dentro deste período duas abordagems foram 
utilizadas: Procesamento de Informação e Teoria dos 
Sistemas Dinâmicos. Ambas, hoje em dia são paradigmas 
viáveis para explicar o desenvolvimento das habilidades 
motoras. No entanto, cada uma delas apresenta diferentes 
interpretações dofenômeno desenvolvimento.
Enquanto a abordagem do Processamento de Informação 
procura responder as questões desenvolvimentais através 
dos processos de controle e coordenação dos movimentos 
e suas mudanças ao longo do tempo; a Teoria dos 
Sistemas Dinâmicos também está voltada para responder 
as questões de coordenação e controle, além das questões 
sobre os processos de desenvolvimento.
Essas diferentes abordagens, como já mencionado 
anteriormente, são adotados por grupos diferentes de 
pesquisadores. Tradicionalmente a psicologia experimental 
e da aprendizagem, assim como alguns pesquisadores 
da áreas da educação física, tem voltado seus estudos 
apoiados na abordagem do Processamento de Informação.
Ao contrario disso, a psicologia desenvolvimental, bem 
como alguns profissionais da educação física, fisioterapia 
e terapia ocupacional, tem adotado a Teoria dos Sistemas 
Dinâmicos como escopo para seus estudos. Essa dicotomia 
acaba por contribuir ainda mais para a impressão de 
que desenvolvimento e aprendizagem são fenômenos 
diferentes, quando na verdade não são.
Abordagens teóricas para o 
desenvolvimento
Abordagem Maturacionista
Um dos maiores nomes da abordagem maturacionista 
foi Arnold Lucius Gesell (1880-1961), um gigante no 
campo da psicologia desenvolvimental.
Ele foi pioneiro em suas observações científicas em bebês e 
crianças através de técnicas e métodos inivadores contribuindo 
para um vasto conhecimento sobre o comportamento desta 
população. Publicou ativamente por 4 décadas sendo muito 
respeitado em vários campos da ciência, como educação, 
psicologia, medicina e outros ramos da ciência social.
Gesell popularizou a pratica dos testes desenvolvimentais 
utilizados em consultórios médicos e clínicas escolares. 
Seus escritos definitivamente o consumaram como um 
teórico do desenvolvimento. Sua teoria era compreensível, 
coerente e usava o que as ciências biológicas tinham de 
melhor em seu tempo.
Fig 2. Arnold Gesell.
Fonte da imagem: http://psicologia12h.wordpress.com/2010/12/03/
gesell-4-links-importantes/
Como Piaget, Gesell mergulhou profundamente nas trilhas 
das ciências biológicas, e olhou para todo comportamento e 
atividade mental como inseparáveis um do outro, incluindo a 
engenharia que dava forma física ao organismo.
Inspirado nos métodos e achados de Darwin, Gesell 
assumiu que as forças da seleção natural atuavam com 
igual poder sobre os aspectos funcionais do organismo, 
levando Gesell a descrever ordenadamente a progressão 
do desenvolvimento motor durante a infância com igual 
detalhamento através de descrições do comportamento 
intelectual, da personalidade e dos estágios sociais durante 
toda a infância e adolescência.
A visão de Gesel sobre as características individuais, 
sobre o papel da família, escola e cultura sobre um indivíduo 
nunca foi muito claro pois apresentava contradições. Ele 
enfatizava que a sociedade e a família podem oferecer a 
criança um ambientecom potencial para o crescimento 
Processo de desenvolvimento motor
16
de cada um, fazendo com que a criança possa alcançar 
patamares ótimos. No entanto, como atribuía todo o 
proceso desenvolvimental apenas à maturação do sistema 
nervoso central, esa afirmação era um tanto quanto 
contraditória, pois assumia, mesmo que em níveis mínimos 
a influência do ambiente.
Os estudos observacionais de Gesel identificaram 
detalhadamente cada marco do desenvolvimento motor 
infantil. O propósito geral do conhecimento dos marcos 
desenvolvimentais era identificar o estado individual de cada 
criança para guiá-la para um crescimento ótimo. Crianças que 
apresentavam atrasos poderiam ser munidas com ambientes 
favoráveis para nao atrapalhar o programa genético.
 
Fig 3. Arnold Gesell em procedimento experimental com bebê.
Fone da imagem: http://psicologia12h.files.wordpress.
com/2010/12/50768662.jpg
A maioria de suas pesquisas foram conduzidas com 
o intuito de descrever e compreender as normas/marcos 
desenvolvimentais. Esses marcos foram apresentadas em 
publicações sobre os movimentos posturais, de preensão, 
adaptativos, social e lingüístico da infância ate a adolescência.
Algumas crianças foram observadas transversalmente e 
outras longitudinalmente em intervalos de meses ou anos. 
Mais de 500 criancas foram observadas, 50 a cada faixa de 
10 anos, contribuindo para as a detreminação dos marcos 
originais do desenvolvimento utilizados ate hoje em dia.
 Em geral os estudos foram concentrados mais 
aprofundadamente no primeiro ano de vida. As observações 
eram feitas mensalmente e novos dados eram coletados a cada 
sessão de testes. Durante este primeiro ano Gesell procurava 
identificar os padrões pré-formados do comportamento.
De fato, a bateria de testes contemplava ítens e situações 
comportamentais organizadas de acordo com a premissa 
da maturação das formas do comportamento. Além disso, 
desde o início Gesell manteve o foco nas competências 
perceptivo motoras e sociais, mas posteriormente sua 
forma de abordar o tema pareceu incompleta.
Definitivamente o maior legado de Gesel foram as 
normas, ou etapas do crescimento/desenvolvimento infantil. 
Atualmente muitos livros texto sobre o desenvolvimento 
trazem quase que obrigatoriamente uma tabela com os 
marcos descritos por Gesell em um capítulo a parte.
Estes estágios de desenvolvimento motor ainda são 
usados hoje em dia como exemplos para fundamentar 
estudos apoiados em teorias maturacionais, ou até mesmo 
para dar credibilidade a teorias maturacionais que aidam 
surgem. Essa tendência do uso da maturação neural para 
explicar as mudanças comportamentais com certeza é 
um legado de Coghill (pesquisador que exerceu muita 
influencia nos trabalhos de Gesell) e continua sendo usada 
ate os dias de hoje.
A forma e sequência do desenvolvimento cerebral e 
das manifestações comportamentais eram definitivamente 
atribuídas aos códigos genéticos. Para Gesell a sequência 
de desenvolvimento motor era totalmente geneticamente 
programada. Negando alguma variabilidade cultural a 
consistência dos marcos através das populações era 
interpretada como especifica da espécie.
Outro tema recorrente nos escritos de Gesell era 
sobre o conhecimento inato, para ele a mente humana 
era um conjunto de conhecimento inato especfico qur 
facilitavam a compreensão sobre pessoas, objetos, espaço, 
números, linguagem e relações de causa e efeito. Sempre 
apoiado na genética como determinista para explicar o 
desenvolvimento. No entanto, também demonstrou muitas 
Processo de desenvolvimento motor
17
contradições, por exemplo, acreditava na individualidade 
da criança mas escolheu o ditado dos genes para eliminar 
a presença do ambiente. Procurou libertar e tranqüilizar os 
pais mas dizia que poderiam ter culpa em alguns processos. 
Estava preocupado com o bem estar das crianças, mas na 
sua classificação por idades, a criança era vista como algo 
passivo e até mesmo inerte.
Abordagem Cognitivista
O clima intelectual nos anos de 1920 era dominado 
pela Psicologia da Gestalt5 e pelo Behaviorismo quando 
Jean Piaget começou seus trabalhos. Perturbado com 
a visão de que o funcionamento humano era o mesmo 
do ambiente em que estava inserido (Gestalt) ou que o 
comportamento humano era meramente resultado da 
influência do ambiente (Behaviorismo), Piaget procurou 
descrever o comportamento como uma tendência humana 
em se adaptar ao ambiente. Essa proposta contraria as 
propostas vigentes foi a primeira expressão da reação de 
Piaget ao teste de Stanford-Binet6 muito utilizado na época 
para avaliar crianças. 
Fig 4. Jean Piaget
Fonte da imagem: http://www.essaseoutras.com.br/jean-piaget-–-construtivismo-fundamentos-da-educacao/
Piaget reconhecia que a consideração das respostas 
das crianças no teste simplismente como certas ou erradas 
sem um foco em como eles alcançaram as respostas não 
podia informar nada sobre como a criança construía o 
conhecimento e adaptava seus pensamentos. A partir de 
5 - Ramo da psicologia conhecido pela psicologia da forma. Essa doutrina dizia que 
nao se pode conhecer o todo olhando para as suas partes, pois o todo é mais do 
que a soma das partes.
6 - Um dos primeiros testes de QI criado para avaliar o grau de inteligência do indivíduo.
então Piaget começou a explorar a estrutura e o conteúdo 
do pensamento durante a infância.
Sua teoria foi contruída em duas formas de explanação 
sobre o curso do desenvolvimento: estrutura e função. 
Uma teoria sobre o desenvolvimento não pode deixar 
de contemplar estes dois aspectos e Piaget fez isso para 
explicar o desenvolvimento cognitivo das crianças.
Suas primeiras publicações, de 1920 a 1930, 
apresentavam uma observação detalhada e sua 
interpretação do desenvolvimento cognitivo de seus 
3 filhos. Durante a II Guerra Mundial Piaget foi para a 
Suíssa onde esteve em segurança para continuar suas 
pesquisas, e depois do fim da guerra, quando suas idéias 
foram publicadas, a teoria de Piaget entrou em cena. Com 
uma visão estrutulalista e cognitivista Piaget chocou a 
comunidade de psicólogos na época.
A era da Teoria Cognitivista dominou o cenário ate o 
final dos anos 70, quando a influência das experiências de 
Piaget passaram a declinar a partir de 1980. O programa 
de Piaget foi dividido em 4 fases que dão conta de abarcar 
todo o desenvolvimento cognitivo.
Fase 1 : A concepção de realidade da criança 
mediada através da linguagem e interação social
A questão inicialmente investigada era sobre a função, 
para que servia e qual a necessidade do uso da linguagem. 
A perspectiva de Piaget era descritiva e classificatória 
mas não sem a explicação da função. Ele classificou essa 
função em duas categorias: egocentrismo e socialização. 
O egocentrismo foi aplicado a várias categorias de falas e 
refletiam o ponto devista da criança sobre os eventos, sem 
levar em consideração o que viam ou ouviam.
A fala socializada reflete a intenção de interação social, 
foram detalhados 3 estágios nesta função, ele relatou que 
até os 6 anos de idade 45% das crianças apresentavam a 
fala egocêntrica. Entretanto, a fala egocêntrica, não era 
absolutamente associal, pois a criança interagia com uma 
pessoa contando uma história por exemplo, porém não 
levava em consideração o ponto de vista do outro (a fala 
Processo de desenvolvimento motor
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do outro). Piaget se interessou pelo estudo da linguagem, 
pois para ele,a linguagem era uma janela para entender 
o processo do pensamento, o aspecto da linguagem era 
apenas uma questão secundária.
O primeiro grande trabalho de Piaget foi elucidar sobre 
a forma e função do pensamento infantil, principalmente 
o pensamento para a linguagem. Descrevendo os estágios 
primeiro com uma classificação descritiva até certo 
ponto simplista e uma explicação funcional apurada das 
mudanças nas propriedades destas diferentes formas de 
fala. Ele continuou a usar a descrição dos estágios até o 
fim de sua carreira, característica esta também das fases 2 
e 3, com ênfase na descrição funcional e descrição o que 
era típico na Psicologia da época.
O estudo dos questionamentos espontâneos das 
crianças forneceu base para atribuir a forma do pensamento 
pré-causal da criança, caracterizando a diferença entre a 
explicação causal e explicação intencional. As relações 
entre a linguagem e o pensamento foram atribuídas às 
conexões de justaposição, que era a tendência em ligar 
um pensamento ao outro sucessivamente quando havia 
uma relação de causa ou lógica entre eles.
Piaget também investigou sobre o julgamento e 
raciocínio e suas relações dentro do contexto verbal, 
usando as perguntas do teste de Stanford-Binet para 
explicar como funcionava o raciocínio das crianças. 
Por exemplo, uma das perguntas do teste era: “Eu 
tenho 3 irmãos: Paul, Ernest e eu. O que há de errado 
nesta sentença?”.
Com pequenas variações disso, o teste era aplicado em 
crianças de 4 a 12 anos. Piaget apontou que as crianças 
mais jovens são incapazes de diferenciar dois pontos de 
vista, o dele e do outro, por isso seriam incapazes de 
acertar a questão.
Nos estudos de raciocínio aritmético ele reformulou 
questões, pois as anteriormes, mesmo quando as crianças 
acertavam a resposta não sabiam explicar o porque. E 
assim outras questões importantes foram investigadas 
como: assimilação e imitação da realidade, o realismo, a 
concepção de causalidade e o julgamento moral da criança.
Em suma, o primeiro período da pesquisa de Piaget foi 
marcado pela teoria do desenvolvimento na trasferência 
do egocentrismo para o pensamento social com uma 
teoria da social de causalidade em que o egocentrismo 
é conseqüência da pobre interação de trocas entre 
pensamento e ação.
Foi um período muito fecundo, em que o estudo da 
linguagem e das concepções de realidade, causalidade e 
julgamento moral afetaram o curso de muitas pesquisas 
desenvolvimentais ao redor do mundo e introduziu 
uma orientação teórica que futuramente resultou em 
algumas controvérsias.
Também foi um período em que a introdução de 
uma definitiva orientação cognitiva para o trabalhho 
de desenvolvimento com crianças, com a descoberta 
de procedimentos úteis em detalhar o curso do 
desenvolvimento cognitivo. Também ofereceu o início para 
uma teoria do conhecimento que deixou muito significado 
para a psicologia desenvolvimental.
Fase 2: Estágios no Desenvolvimento Sensório-
Motor. A Teoria da Adaptação
 Os anos de 1930 apresentaram uma mudança decisiva 
na pesquisa e na teoria de Piaget. Esta época foi marcada 
pela apurada observação dos seus 3 filhos que nasceram 
em 1925, 1927 e 1931.
Enquanto que as primeiras pesquisas foram 
focadas exclusivamente nas mudanças verbais entre 
o experimentador e as crianças ou, somente entre 
as crianças, o estudo nesse segundo período foi uma 
apurada observação das ações das crianças com objetos. 
Foram estabelecidos 6 estágios para esta parte do 
desenvolvimento cognitivo.
Ele apontava que a linguagem e o pensamento eram 
precedentes e preparatório para a fase da ação lógica, 
representada pelo desenvolvimento de esquemas de 
coordenação e ação sensório-motora. A ação era a cena 
e a fonte fundamental de conhecimento para entender e 
definir os aspectos da percepção e linguagem.
Processo de desenvolvimento motor
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Piaget adotou da teoria biológica o processo de 
assimilação e acomodação como funções invariantes. Na 
assimilação estruturas já existentes na mente incorporavam 
propriedades abstradas da ação com objetos.
Na acomodação, a mente modificava as estruturas 
existentes para a variabilidade das propriedades dos 
objetos. Enquanto a assimilação tratava da identidade 
funcional da ações para com os objetos, a acomodação 
tratava das diferenças funcionais entre os objetos.
Assim, a organização provinha de um mecanismo 
auto regulado para as relações dentre as resultantes da 
estrutura. O balanço compensatório entre assimilação 
e acomodação feito através da auto organização, 
tornava possivel a adaptação do organismo ao 
ambiente físico e social.
Através da teoria da adaptação era enfatizado a 
importancia da repetição das ações em uma reação 
circular. O aumento da intencionalidade e as variações 
entre assimilação e a acomodação eram evidentes no 
desenvolvimento do repertório.Parte da teoria também se concentrou em definir o 
desenvolvimento do conceito de objeto (onde desenvolveu 
o conhecido experimento A não B) onde a criança olha 
para onde um objeto estava originalmente e foi escondido 
ao invés de olhar para o lugar onde ela viu que ele foi 
colocado depois de ter sido escondido.
Link para vídeo experimento clássico Erro A not B:
http://www.youtube.com/watch?v=lhHkJ3InQOE
 
Os protocolos de observação de Piaget neste período 
foram fatos essenciais para a descrição do comportamento 
infantil com a sua interpretação para a significância 
funcional de tudo.
Piaget mapeou seu modelo de adaptação biológica para 
explicar um fenômeno local. O modelo era basicamente 
funcional. No próximo periodo o foco seria a explanação.
1.4.2.3 Fase 3: O Período Estruturalista. 
Modelo lógico matemáticos e operações 
concretas e formais.
No final dos anos 30 e início da década de 40 livros 
sobre números e física marcaram a retomada a teoria de 
Piaget. Esse inicio em uma fase estruturalista durou ate os 
anos 60 e 70 e foi marcado pelo uso de análises estruturais 
e explanações tão boas quanto a introdução dos modelos 
adaptados para a lógica e matemática.
Começando com uma intensiva analise de um domínio 
particular do conhecimento, os números, uma variedade 
de experimentos foram realizados apresentando o jeito da 
crianças em lidar com os conceitos destes elementos, suas 
complexidades e também suas limitações.
Os estudos de crianças de diferentes idades rendeu 
informações sobre as características funcionais do pensamento 
das crianças, mas no estudo de crianças mais jovens nos 
estágios formativos do desenvolvimento, Piaget enfatizou os 
elementos construtivos do processo de formação.
Foi muito criticado nesta época por outros pesquisadores 
(como Bruner, Flavell e Gelman) que achavam que seu 
ponto de vista caracterizava o desenvolvimento de uma 
maneira negativa, pois em descrever um estágio particular, 
ele detalhava o que faltava na criança em relação aos 
estágios seguintes.
Nesta época Piaget definiu os estágios de operação 
concreta e operações formais. O primeiro com início entre 
6-7 anos e o segundo entre 11-12 anos. Os componentes 
desta teoria se desenvolveram e a certo ponto foram 
considerados como uma versão expandida da teoria 
geral de desenvolvimento cognitivo. O conceito central 
onde a arquitetura lógica da teoria foi construída foram 
as operações lógicas, interpretadas como a interiorizacao 
mental da ação física.
Nesta época, depois da II Guerra, com o progressivo 
desaparecimento do behaviorismo e os escritos sobre 
construtos mentais, houve um aumento na aceitabilidade 
das idéias cognitivistas de Piaget, que foi muito cuidadoso 
Processo de desenvolvimento motor
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em apenas posicionar suas idéia em fatos observados, 
geralmente de padrões que se repetiam de forma particular, 
e que implicavam na existência de uma estrutura mental.
A ação mental de combinar em classes os objetos e 
suas propriedades era um indicativo de adição lógica, 
onde ações mentais de subtração e multiplicação também 
estavam envolvidas. Mas o conceito central era a estrutura 
de grupos, baseados em grupamentos matemáticos, 
apesar do conceito de grupos usdos ate então pela da 
psicologia terem outras propriedades, como classes lógicas 
ou relações lógicas. Também foram estudadas a noção de 
permanência de quantidade, considerando números, peso, 
massa, cumprimento, área etc.
O período estruturalista foi rodeado por estudos de imagem 
mental, percepção, memória e caracterização de coletivos 
(formação de grupos). Estes componentes apresentam 
estruturas que são complementares para todas as operações 
do pensamento onde as estruturas operativas agem. Este 
periodo não acabou abruptamente, mas a insatisfaçao com 
vários aspectos da teoria levaram a mudanças tanto no corpo 
quanto na direção das pesquisas de Piaget.
Fase 4. Retorno ao Funcionalismo. Pensamento 
Pré Operacional, Estratégias, Lógica Intencional 
e Teoria do Significado.
Na descrição de Piaget da progressão da inteligência 
sensório motora para as operações formais, o periodo 
pré-operacional, dos 2 aos 7 anos foi relativamente 
negligenciado. Piaget então voltou a este estágio e com 
uma continuacão da analise da estrutura definiu a natureza 
do pensamento em termos de funções e correspondências.
No novo trabalho Piaget apontou que o pensamento 
das crianças também é reflexo de pensamentos 
invariantes, que se formam através do estabelecimento de 
correspondências por meio de comparação de ações. 
O último periodo das pesquisas de Piaget dos final 
dos anos 60 até os anos 80 foi rico em produtividade 
e em significado empírico para uma teoria. Uma nova 
correspondência entre causalidade e operações foi 
pensada, considerando as operações (ações mentais) 
como sendo objetos físicos do sujeito para a causalidade, 
como todos os outros objetos.
Outro importante redirecionamento dos estudos 
foi para os aspectos da possibilidade. Nesta visão o 
desenvolvimento do conhecimento é resultados de 
possibilidades criadas previamente.
Por fim a teoria dos significado que não foi finalizado 
pois foi interrompida pela morte de Piaget. A tese central 
era de que em todos os níveis desde os mais elementares, 
o conhecimento sempre envolve inferências. As evidencias 
para isso aparecem no periodo sensório-motor, onde as 
ações são antecipadas quando se entende a relação entre 
elas, assim como na linguagem, que também é, mais 
tarde, elaborada em formas de pensamento proposicional.
Em resumo Piaget mostrou que desde o nascimento 
as crianças apresentam competências intelectuais que 
continuam se desenvolvendo e nunca param de se 
desenvolver. Seus trabalhos empíricos demonstraram 
como a mente funciona e se desenvolve através de uma 
concepção de mente e pensamento sob uma perspectiva 
construtivista. O coração desta teoria, foi a relação entre 
sujeito e objeto.
Inspirado em Darwin, Bladwin e Hall apresentou um 
modelo biológico para as mudanças desenvolvimentais nas 
funções cognitivas. O programa de Piaget, foi uma forma de 
explanação com integração de estrutura e funcionamento.
Mapeou modelos de matemática e lógica e, 
metodologicamente apresentou um método clinico que 
foi capaz de acumular tanta credibilidade quanto o dos 
behavioristas levando sua teoria a ser respeitada até os 
dias atuais. Logicamente muitas criticas foram e ainda são 
feitas, no entanto o pioneirismo do seu trabalho não pode 
ser esquecido.
Vídeo com experimentos exemplificando os estágios 
propostos por Piaget.
Link para vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=C2A971Hp0go
Processo de desenvolvimento motor
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1.4.3 Abordagem dos Sistemas Dinâmicos
Pode-se dizer que o renascimento do desenvolvimento 
motor sob uma nova perspectiva se deu em Agosto de 
1993 com a publicação se uma sessão especial da revista 
Child Development (Desenvolvimento Infantil) entitulado 
“Biomecânica Desenvolvimental: Cérebro, Corpo, 
Conexões Comportamentais”editado por Jeffrey Lockey e 
Ester Thelen (Lockman & Thelen, 1993).
A idéia do título era captar os avanços da época nas áreas 
da neurosciencia, biomecânica e no estudo da percepção-
ação voltados para o comportamento. Neste ponto as 
influencias da teoria de Bernstein para o comportamento 
motor com base na física e na matemática dos sistemas 
dinâmicos foram cruciais. Bem como a contribuição da 
teoria ecológica do desenvolvimento da percepção-ação 
de James Gibson e Eleonor Gibson (1982, 1988).
Juntos estes pesquisadores levaram o estado do estudo 
do desenvolvimento a uma figura

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