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Contrato de trabalho intermitente - final

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DIREITO DO TRABALHO COMO DIREITO FUNDAMENTAL E A REFORMA 
TRABALHISTA – CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE 
 
 
 
1 – DIREITOS FUNDAMENTAIS: 
• Conceito de direitos fundamentais: 
Podemos definir os direitos fundamentais como os direitos considerados básicos 
para qualquer ser humano, independentemente de condições pessoais específicas. São 
direitos que compõem um núcleo intangível de direitos dos seres humanos submetidos a 
uma determinada ordem jurídica. 
• Historicidade: 
 Os direitos fundamentais provêm de uma construção histórica, ou seja, a 
concepção sobre quais os direitos considerados como fundamentais varia de época para 
época e de lugar para lugar passando pelas diversas revoluções e chegando aos dias atuais. 
• Universalidade: 
Encontram-se positivados na Constituição Federal de 1988, devendo ser aplicados 
a todos os indivíduos, bem como a todas as situações regidas pela referida 
constituição. Guardam profunda semelhança com os direitos humanos, que se 
encontram no plano internacional, universal. 
 Destaca-se que nem todos os direitos fundamentais adequam-se plenamente a 
estas características, conforme lembrado por Gilmar Ferreira Mendes: “não é impróprio 
afirmar que todas as pessoas são titulares de direitos fundamentais e que a qualidade 
de ser humano constitui condição suficiente para a titularidade de tantos desses 
direitos. Alguns direitos fundamentais específicos, porém, não se ligam a toda e 
qualquer pessoa. Na lista brasileira dos direitos fundamentais, há direitos de todos os 
homens – como o direito à vida – mas há também posições que não interessam a todos 
os indivíduos, referindo-se apenas a alguns – aos trabalhadores, por exemplo.” 
• Limitabilidade/Relatividade: 
 Nenhum direito fundamental é absoluto, mesmo os direitos fundamentais sendo 
básicos, não são absolutos, na medida em que podem ser relativizados, pois podem entrar 
em conflito entre si e neste caso não se pode estabelecer qual direito vai ganhar o conflito, 
desta forma a questão deve ser analisada tendo em vista o caso concreto a ser interpretado 
e aplicados levando-se em consideração os limites fáticos e jurídicos existentes. Assim 
nenhum direito fundamental pode ser usado para praticar ilícitos. Mesmo o direito à vida, 
tem limitação explícita no inciso XLVII, a, do art. 5º, em que se contempla a pena de 
morte em caso de guerra formalmente declarada. 
• Concorrência: 
 Podem ser exercidos por um mesmo sujeito ativo, quando por exemplo o 
jornalista transmite uma notícia (direito de informação) e, ao mesmo tempo, emite uma 
opinião (direito de opinião). 
• Imprescritibilidade: 
 Os direitos fundamentais são imprescritíveis, quer dizer que em regra não podem 
ser perdidos pela passagem do tempo, todavia não é uma regra absoluta, pois alguns 
direitos são prescritíveis, como no caso da propriedade que pode ser perdida pelo instituto 
da usucapião. 
• Inalienabilidade: 
 Por não terem conteúdo econômico-patrimonial os direitos fundamentais são 
intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis. Possuem eficácia objetiva quer dizer que 
não são meros direitos pessoais (subjetivos), mas são de interesse da própria coletividade. 
Desta forma não se pode vender um órgão, mesmo com o consentimento do doador que 
deseja vender. 
• Indisponibilidade: 
 Comumente os direitos fundamentais são indisponíveis, por possuir eficácia 
objetiva não se pode fazer com eles o que bem desejar, pois não importam apenas ao 
próprio titular, mas sim interessam a toda a coletividade. Existem exceções que são 
disponíveis, tais como a intimidade e a privacidade. A renúncia a direitos fundamentais 
só é admitida de forma temporária, e se não afetar a dignidade humana. 
 
 
• Indivisibilidade: 
 Os direitos fundamentais são um conjunto, não podem ser analisados de maneira 
separada, isolada. Assim, o desrespeito a um deles é, na verdade, o desrespeito a todos. 
Abrir exceção com relação a um é fazê-lo em relação a todos. 
• Irrenunciabilidade: 
 Em regra, os direitos fundamentais não podem ser objeto de renúncia pelo seu 
titular. Entretanto, o STF vem admitindo a possibilidade, ainda que excepcional, de certos 
direitos, como é o caso da intimidade e da privacidade. 
• Inviolabilidade: 
 Impossibilidade de sua não observância por disposições infraconstitucionais ou 
por atos de autoridades públicas. 
 
2 – DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: 
 A doutrina constitucional reconhece cinco gerações ou dimensões de direitos 
fundamentais. 
• Direitos fundamentais da 1.ª dimensão 
 Os direitos humanos da 1.ª dimensão marcam a passagem de um Estado autoritário 
para um Estado de Direito e, nesse contexto, o respeito às liberdades individuais, em uma 
verdadeira perspectiva de absenteísmo estatal. Surgem com maior evidencia nas primeiras 
Constituições escritas como frutos do pensamento liberal-burguês do século XVIII. Tais 
direitos dizem respeito às liberdades públicas e aos direitos políticos, ou seja, direitos 
civis e políticos a traduzir o valor liberdade. 
 São direitos de resistência ou de oposição perante o estado. Como documentos 
históricos marcantes para a configuração e emergência do que os autores chamam de 
direitos humanos de 1º geração, destacam-se: 
■ Magna Carta de 1215, assinada pelo rei “João Sem terra”; 
■ Paz de Westfália (1648); 
■ Habeas Corpus Act (1679); 
■ Bill of Rights (1688); 
■ Declarações, seja a americana (1776), seja a francesa (1789). 
• Direitos fundamentais da 2.ª dimensão 
 O fato histórico que inspira e impulsiona os direitos humanos de 2.ª 
dimensão é a Revolução Industrial europeia, a partir do século XIX. Em decorrência das 
péssimas situações e condições de trabalho, eclodem movimentos como o cartista, na 
Inglaterra, e a Comuna de Paris (1848), na busca de reivindicações trabalhistas e 
normas de assistência social. 
 O início do século XX é marcado pela Primeira Grande Guerra e pela 
fixação de direitos sociais. 
Essa perspectiva de evidenciação dos direitos sociais, culturais e 
econômicos, bem como dos direitos coletivos, ou de coletividade, correspondendo aos 
direitos de igualdade (substancial, real e material, e não meramente formal), mostra-se 
marcante em alguns documentos, destacando-se: 
■ Constituição do México, de 1917; 
■ Constituição de Weimar, de 1919, na Alemanha, conhecida como a 
Constituição da primeira república alemã; 
■ Tratado de Versalhes, 1919 (OIT); 
■ no Brasil, a Constituição de 1934. 
 O direito do trabalho se encontra dentre os direitos da segunda geração. 
• Direitos fundamentais da 3.ª dimensão 
Novos problemas e preocupações mundiais surgem, tais como a necessária noção 
de preservacionismo ambiental e as dificuldades para proteção dos consumidores, 
só para lembrar aqui dois candentes temas. O ser humano é inserido em uma 
coletividade e passa a ter direitos de solidariedade ou fraternidade. 
Os direitos da 3.ª dimensão são direitos transindividuais, isto é, direitos 
que vão além dos interesses do indivíduo; pois são concernentes à proteção 
do gênero humano, com altíssimo teor de humanismo e universalidade. 
Os direitos de 3.ª dimensão são o seguintes: 
■ direito ao desenvolvimento; 
■ direito à paz (lembrando que Bonavides classifica, atualmente, o direito 
à paz como da 5.ª dimensão — cf. item 14.2.5); 
■ direito ao meio ambiente; 
■ direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade; 
■ direito de comunicação. 
• Direitos fundamentais da 4.ª dimensão 
 Na orientação de Norberto Bobbio, essa dimensão de direitos decorreria dos 
avanços no campo da engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência 
humana, em razão da manipulação do patrimôniogenético. 
Para o mestre italiano: “... já se apresentam novas exigências que só poderiam 
chamar-se de direitos de quarta geração, referentes aos efeitos cada vez 
mais traumáticos da pesquisa biológica, que permitirá manipulações do 
patrimônio genético de cada indivíduo”. 
 Por outro lado, Bonavides afirma que “a globalização política na esfera 
da normatividade jurídica introduz os direitos da quarta dimensão, que, aliás, 
correspondem à derradeira fase de institucionalização do Estado social”, destacando-se 
os direitos a: 
■ democracia (direta); 
■ informação; 
■ pluralismo. 
• Direitos fundamentais da 5.ª dimensão 
 Segundo alguns doutrinadores, os direitos de quinta geração estão relacionados à 
evolução da cibernética e de tecnologias como a realidade virtual e a Internet. Outros 
consideram o direito à paz, supremo direito da humanidade e axioma da democracia 
participativa, como direito de quinta geração. 
 Conforme já exposto, o direito à paz foi classificado por Karel Vasak como de 3.ª 
dimensão. 
Bonavides, contudo, entende que o direito à paz deva ser tratado em dimensão 
autônoma, chegando a afirmar que a paz é axioma da democracia participativa, ou, ainda, 
supremo direito da humanidade. 
 
3 – OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: 
 A Constituição Federal de 1988, espelhou-se na Declaração Universal dos Direitos 
Humanos da ONU. Em seu título II, classifica o gênero direitos e garantias 
fundamentais em importantes grupos, a saber: 
■ direitos e deveres individuais e coletivos: são os direitos ligados ao conceito de pessoa 
humana e à sua personalidade, tais como à vida, à igualdade, à dignidade, à segurança, à 
honra, à liberdade e à propriedade. 
 Estão previstos no artigo 5º e seus incisos: 
■ direitos sociais: o Estado Social de Direito deve garantir as liberdades positivas aos 
indivíduos. Esses direitos são referentes à educação, saúde, trabalho, previdência social, 
lazer, segurança, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. Sua 
finalidade é a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos, concretizando 
assim, a igualdade social. Estão elencados a partir do artigo 6º; 
■ direitos de nacionalidade: nacionalidade, significa, o vínculo jurídico político que liga 
um indivíduo a um certo e determinado Estado, fazendo com que este indivíduo se torne 
um componente do povo, capacitando-o a exigir sua proteção e em contra partida, o 
Estado sujeita-o a cumprir deveres impostos a todos; 
■ direitos políticos: permitem ao indivíduo, através de direitos públicos subjetivos, 
exercer sua cidadania, participando de forma ativa dos negócios políticos do Estado. Esta 
elencado no artigo 14; 
■ partidos políticos: garante a autonomia e a liberdade plena dos partidos políticos como 
instrumentos necessários e importantes na preservação do Estado democrático de Direito. 
Esta elencado no artigo 17. 
 Destaca-se, ainda, que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
relacionou, formalmente no artigo 6º, os direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, 
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. No artigo 7º, os 
direitos dos trabalhadores urbanos e rurais e outros que visem à melhoria de sua condição 
social. No parágrafo único, listou os direitos assegurados à categoria dos trabalhadores 
domésticos. No artigo 8º, estabeleceu a liberdade sindical; e, no artigo 9º, o direito de 
greve. 
 
4 – A INTERPENETRAÇÃO ENTRE DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO 
 Direito público é o conjunto de normas que disciplinam os interesses do Estado, 
seja internamente ou em relação aos interesses particulares. Refere-se às atividades 
públicas, e tem como base os princípios da supremacia do interesse público sobre o 
privado e da indisponibilidade do interesse público, sendo que o primeiro, que 
fundamenta os poderes estatais, não pode ser aplicado sem levar em consideração o 
segundo, que impõe suas limitações. 
Por outro lado, o direito privado, que rege as relações entre particulares, tem como 
fundamento o princípio da autonomia da vontade. 
As relações entre as partes no Direito Privado são de igualdade, enquanto que no 
Direito Público, os interesses do Estado sobrepõem-se aos interesses dos particulares. 
No campo das relações entre particulares é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe 
(princípio da autonomia da vontade), na Administração Pública só é permitido fazer o 
que a lei autoriza. 
Como se pode observar tais ramos existem e são regidos por princípios distintos, 
porém dois fenômenos opostos, ocorridos a partir do século XX, causam uma 
interpenetração desses dois direitos, quais sejam, a publicização do direito privado e a 
privatização do direito público. 
Observa-se a publicização do direito privado nos casos em que os contratos de 
ordem privada passam a ter o dever de cumprir suas funções sociais. Um acordo de 
vontades deixa de ser um negócio envolvendo apenas duas partes e passa a ser visto como 
um fenômeno jurídico que exerce determinada função na sociedade. A formação, 
execução e a interpretação dos negócios jurídicos deve levar em consideração esse papel 
ocupado pelos mesmos. 
É o que ocorre, a exemplo, quando o Estado desapropria imóveis que não 
cumprem a função social, impõe ao proprietário de uma propriedade rural a obrigação de 
utilizá-la de um modo economicamente satisfatório, sob pena de ocorrer um processo de 
desapropriação, ou ainda, quando o Estado estabelece diversas condições ambientais para 
os proprietários de imóveis urbanos e rurais, as quais devem ser respeitadas e geram 
deveres que limitam a autonomia do proprietário. 
A interpenetração do Direito Público no Direito privado também pode ser 
observada no direito do trabalho e no direito do consumidor, pois é possível se constatar 
a onipresença do Estado nessas relações, supervisionando-as e buscando proteger o 
particular mais fraco. A imposição de limitações à autonomia da vontade nas relações de 
emprego e de consumo, torna clara a interferência do direito público nestas relações 
privadas. Por esse motivo, alguns doutrinadores situam estes ramos do direito privado 
como se públicos fossem. 
Nas relações de emprego, verifica-se que os contratos de trabalho não podem, por 
exemplo, prever uma remuneração inferior ao salário mínimo, ou estabelecer uma jornada 
superior aos limites legais, ou ainda, oferecer o empregador condições inadequadas de 
trabalho. Tais garantias constitucionais se sobrepõem ao contrato privado estabelecido 
entre as duas partes. Já nas relações de consumo, os contratos não podem prever cláusulas 
abusivas que estabeleçam obrigações desproporcionais entre as partes a ponto de colocar 
o consumidor em desvantagem. 
Nesse passo, não resta dúvida de que pela teoria da interpenetração do direito 
público no direito privado, os direitos trabalhistas que se encontram assegurados pela 
Constituição Federal de 88, poderão ser pleiteados pelo empregado ante seu empregador, 
que estará sujeito ao cumprimento das normas constitucionais protetivas do trabalhador, 
ainda que estas sejam próprias do direito público. 
 
5 – EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS SOBRE AS RELAÇÕES 
PRIVADAS (“APLICABILIDADE HORIZONTAL”): 
 Os direitos fundamentais, como já falado acima, se prestam a regular as relações 
entre Estado e indivíduo, daí se falar que eficácia vertical dos direitos fundamentais é a 
limitação imposta pelo ordenamento jurídico à atuação dos governantes em relação aos 
governados, em razão da existência entre eles de uma relação vertical de poder, de um 
lado o Estado (maisforte) e de outro lado o indivíduo (mais fraco). 
 Os Direitos Fundamentais têm eficácia vertical, por serem oponíveis contra o 
Estado, como direitos de defesa individual perante o arbítrio de poder que este 
eventualmente possa exercer, em determinados casos, quando vier a extrapolar suas 
funções legais. 
 Modernamente, a eficácia dos Direitos Fundamentais foi estendida também às 
relações privadas através da chamada teoria da eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais. 
Esta teoria surgiu na Alemanha, com expansão na Europa e, atualmente, no Brasil. 
É o dever que tem os particulares de proteger e promover a efetivação dos direitos 
fundamentais entre si. 
Com a evolução da sociedade, surgiu a necessidade de que os direitos 
fundamentais irradiassem seus efeitos também nas relações entre particulares, 
independentemente da participação direta do Estado, ou seja, ante um conflito de 
interesses entre dois particulares, tornou-se imprescindível a aplicação dos direitos 
fundamentais a fim de se reestabelecer o equilíbrio, fazendo prevalecer a dignidade e o 
Estado Democrático de Direito. A isso convencionou-se chamar de teoria da Eficácia 
Horizontal dos Direitos Fundamentais. 
A eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais é consagrada na doutrina por 
duas teorias distintas, a Teoria da Eficácia Direta ou Imediata que foi criada por Robert 
Alexi, e a Teoria da Eficácia Direta ou Mediata. 
A Teoria da Eficácia Direta ou Imediata, defende que os Direitos Fundamentais 
aplicam-se obrigatória e diretamente com validade absoluta nas relações entre 
particulares, podendo os indivíduos, sem necessidade de mediação legislativa do Estado, 
fazê-los valer contra atos de outros indivíduos ou pessoas jurídicas. Nada impede essa 
aplicação direta, a qual pode ter como fundamento o artigo 5º, § 1º, da Constituição 
Federal. 
A Teoria da Eficácia Indireta ou Mediata, diz que os Direitos Fundamentais são 
direitos de defesa da liberdade contra o Estado e não vinculam os particulares de modo 
imediato e absoluto. Todavia, os Direitos Fundamentais têm uma força conformadora das 
relações entre particulares, por meio da legislação, de modo que os Direitos Fundamentais 
seriam aplicados às relações inter-privadas, caso haja lei regulamentando o direito, pois 
do contrário, haveria violação à autonomia da vontade. 
Segundo Gilmar Mendes, tal teoria foi inicialmente aplicada no Poder Judiciário 
da Alemanha, conforme relata: 
“O primeiro caso apreciado pela Corte Constitucional alemã sobre a 
eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares é 
conhecido como o caso Luth, de 1958. Luth convocara o público alemão a 
boicotar os filmes, mesmo produzidos depois de 1945, por Veit Harlan, 
que fora proeminente diretor de cinema nazista. O tribunal de Hamburgo 
afirmou que incitar o boicote correspondia a infringir a legislação civil 
alemã sobre a ordem pública, já que obstava o soerguimento social do 
diretor, depois de ter passado por processo de desnazificação. O Tribunal 
constitucional, porém, entendeu que a proposta de Luth se ajustava ao 
âmbito normativo da liberdade de expressão e que esse direito haveria de 
ser ponderado com outras considerações constitucionais pertinentes, 
devendo a legislação civil ser interpretada, no caso, de acordo com essa 
ponderação. A Corte estimou que, no caso, a liberdade de expressão teria 
prioridade, atendendo, assim, à queixa deduzida por Luth. O precedente 
ilustra a doutrina de que os direitos fundamentais também podem ser 
invocados em relações entre particulares, alargando-se, portanto, por todas 
as áreas do Direito, e enfatiza que, em havendo colisão, não há se escapar 
de um juízo de ponderação”. (Mendes, 2013, p. 176). 
Por ocasião do julgamento do RE 201.819/RJ, a teoria da eficácia horizontal dos 
direitos fundamentais foi albergada pelo STF, como se observa no trecho a seguir: 
“A autonomia privada, que encontra claras limitações de ordem jurídica, 
não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e 
garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede 
constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, 
no domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de 
ignorar as restrições postas e definidas pela própria Constituição, cuja 
eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito 
de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais”. (RE 
201819, Segunda Turma, Ministra Ellen Gracie, julgado em 11/10/2005) 
A Suprema Corte, em outra decisão, posicionou-se: 
“ I. - Ao recorrente, por não ser francês, não obstante trabalhar para a 
empresa francesa, no Brasil, não foi aplicado o Estatuto do Pessoal da 
Empresa, que concede vantagens aos empregados, cuja aplicabilidade 
seria restrita ao empregado de nacionalidade francesa. Ofensa ao princípio 
da igualdade: CF, 1967, art. 153, § 1º; CF, 1988, art. 5º, caput . II. - A 
discriminação que se baseia em atributo, qualidade, nota intrínseca ou 
extrínseca do indivíduo, como o sexo, a raça, a nacionalidade, o credo 
religioso, etc., é inconstitucional” . (RE 161243, Relator Ministro Carlos 
Veloso, julgado em 29/10/1996) . 
No âmbito das relações de emprego, a Constituição da República consagra, no 
Título II, Capítulo I, um catálogo não apenas de “Direitos”, como também de “Deveres” 
Individuais e Coletivos, não apenas devidos pelo Estado, mas também pela sociedade e 
pessoas naturais ou jurídicas, acima de tudo quando estas últimas desfrutam de posições 
econômicas, políticas e sociais superiores em relação a outros particulares. 
É o caso, por exemplo, do direito do empregado à reintegração ou indenização por 
motivo de discriminação de raça, sexo, idade, religião etc. praticado diretamente pelo 
empregador no ambiente de trabalho (CF, art. 1º, 3º, IV, 5º, X); o direito dos trabalhadores 
à sadia qualidade de vida no meio ambiente do trabalho (CF, arts. 1º, III e IV; 5º, XXIII; 
7º, XXII; 200, VIII; 225). 
Sob essa perspectiva, os direitos fundamentais possuem caráter objetivo, devendo 
o Estado, atuando coercitivamente, proteger e resguardar tais direitos, mesmo nas 
relações jurídicas entre particulares. O aspecto objetivo dos direitos fundamentais traz a 
noção de que esses direitos exprimem os valores básicos da ordem jurídica e social a 
serem observados em todos os setores da vida civil. Cabe, assim, ao Estado (aí incluído 
o Estado-juiz) preservar e promover os direitos fundamentais como princípios 
estruturantes da sociedade. 
 
6 – CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE - 
CONSTITUCIONALIDADE 
A ideia de contrato intermitente surgiu na Inglaterra quebrando a ideia 
conservadora de subordinação massiva e contratos de trabalho por tempo indeterminado, 
expressando possibilidade de flexibilização positiva das relações de trabalho e trazendo 
ganhos na bolsa de empregos. 
Esse tipo de contratação trouxe benefícios ao ordenamento inglês, formalizando 
contratos que anteriormente viviam à margem do direito do trabalho e aumentando a 
quantidade de pessoas abrangidas pela “proteção” das leis trabalhistas. No entanto, 
também gerou controvérsias, ganhando a alcunha de contrato “zero hour” devido ao fato 
de que, se ao final do período contratado, o empregador não chamasse o empregado para 
trabalhar em nenhum período, este não receberia qualquer valor decorrente desse ajuste. 
Portanto, ainda que este modelo de trabalho tenha trazido benefícios ao 
ordenamento inglês, este acabou gerando algumas controvérsias, necessitando de muitos 
cuidados, tendo em vista que reduz a gama de direitos e garantias dos trabalhadores. 
A Itália passou pelos mesmos questionamentosem relação ao contrato 
intermitente, ou “a chiamata” ou, ainda, “lavoro intermitente”. Destaca-se que “a 
chiamata” foi endereçado ao público que estava ingressando no mercado de trabalho e 
tinha até 25 anos e aos trabalhadores que desejavam retornar para o mercado, porém 
estavam acima dos 45 anos, nos termos do art. 39 do Decreto Lei nº 112/2008, sendo 
possível firmar tal tipo de contratação por profissionais que estivessem nesse hiato 
temporal por meio de autorização na convenção coletiva. 
No Brasil, a Reforma Trabalhista, consubstanciada na Lei nº 13.467/2017, com 
vigência em 11/11/2017 e na Medida Provisória nº 808 de 14/11/2017, trouxe inovação 
com a legalização do “trabalho intermitente”, gerando significativas alterações ao 
ordenamento jurídico brasileiro, acarretando em formas antes jamais concebidas nos 
regimes de contratação. 
Com o advento do trabalho intermitente, as empresas passaram a ter autorização 
legal para contratar serviços esporádicos e remunerá-lo apenas pelo período em que 
efetivamente estes foram prestados. 
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não dispunha de nenhuma regra para 
este tipo de modalidade de contratação e, frequentemente, empregadores eram alvos de 
reclamação trabalhista, onde os chamados trabalhadores eventuais, os que faziam o 
conhecido “bico”, alegavam vínculo empregatício e seus respectivos reflexos. A lei 
precisou passar por algumas alterações, permitindo maior regulamentação e segurança 
em sua vigência. No entanto, na prática, os direitos e garantias dos envolvidos com o 
trabalho intermitente, sofrem bastante por falta de uma consolidação mais forte pela CLT. 
Agora, com antecedência de três dias corridos, o empregador convocará o 
empregado para trabalhar, informando-lhe a jornada pretendida e o trabalhador deverá 
responder ao chamado em 24 horas, presumindo a sua recusa no silêncio. O contrato de 
trabalho deverá ser celebrado por escrito e registrado na CTPS, obrigatoriedade 
inexistente antes da Medida Provisória nº 808. A remuneração mínima para estes 
trabalhadores será o valor dia ou hora do salário mínimo (com variação superior ao 
trabalho noturno) e este valor da hora ou dia, não poderá ser inferior aos dos outros 
empregados que exerçam a mesma função. No trabalho intermitente não se define período 
limite de horas trabalhadas e existe a possibilidade de livre contratação de empregados 
desprovidos de horários e dias fixos, consequentemente, acarretando uma remuneração 
proporcional a isto. 
É visível que esta modalidade de trabalho/contratação reduz direitos e garantias 
trabalhistas em relação àqueles contratados a tempo indeterminado ou determinado. A lei 
permitirá o deslocamento de trabalhadores desempregados para empregados de forma 
intermitente, no entanto, sem qualquer certeza de salário no mês a não ser que haja 
convocação pelo empregador. Não há compromisso de prover renda. Isso rompe com o 
paradigma de obrigações contratuais no âmbito do Direito do Trabalho. É natural que gere 
entre as partes obrigações e deveres equivalentes, quais sejam, do lado do empregador, 
dar trabalho e salário e, do outro lado, do empregado, de entregar um tempo para cumprir 
o trabalho e fazer jus ao salário. 
A legislação abriu possibilidade de as partes estipularem alguma penalidade na 
hipótese de recusa enquanto perdurar o contrato intermitente, bem como estipulou 
expressamente multa aos empregados que aceitarem e, por “justo motivo”, não 
comparecerem. 
Evidencia-se com isto um afastamento gradual entre o governo e este trabalhador 
que não receberá benefícios públicos garantidos aos empregados com contrato de trabalho 
por tempo determinado ou indeterminado, tal como o seguro-desemprego, haja vista que 
as condições e/ou requisitos não alcançam as exigências na categoria “intermitente”. A 
criação de regimes flexíveis desse tipo viola princípios constitucionais como o da 
dignidade humana e do valor social do trabalho. Observa-se um desrespeito ao princípio 
da igualdade, quando da contratação do trabalho intermitente utiliza-se mão-de-obra 
a custo muito menor, inserindo o cidadão em uma relação de trabalho precária. A ausência 
de garantia de remuneração mínima ao trabalhador quando este não estiver prestando 
serviços, afronta ainda os dispositivos constitucionais que tratam do salário mínimo, 
reduzindo o empregado à mera disposição do empregador sem quaisquer garantias quanto 
à proteção deste trabalhador, à valorização do seu trabalho, à sua jornada de trabalho e ao 
seu direito à férias. 
Importante observar à regra contida no art. 911-A da CLT inserido pela medida 
provisória nº 808 de 2017, a saber: 
"Art. 911-A. O empregador efetuará o recolhimento das contribuições previdenciárias 
próprias e do trabalhador e o depósito do FGTS com base nos valores pagos no período 
mensal e fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações. 
§ 1º Os segurados enquadrados como empregados que, no somatório de remunerações 
auferidas de um ou mais empregadores no período de um mês, independentemente do 
tipo de contrato de trabalho, receberem remuneração inferior ao salário mínimo 
mensal, poderão recolher ao Regime Geral de Previdência Social a diferença entre a 
remuneração recebida e o valor do salário mínimo mensal, em que incidirá a mesma 
alíquota aplicada à contribuição do trabalhador retida pelo empregador. 
§ 2º Na hipótese de não ser feito o recolhimento complementar previsto no § 1º, o mês 
em que a remuneração total recebida pelo segurado de um ou mais empregadores for 
menor que o salário mínimo mensal não será considerado para fins de aquisição e 
manutenção de qualidade de segurado do Regime Geral de Previdência Social nem para 
cumprimento dos períodos de carência para concessão dos benefícios previdenciários." 
Deve-se, portanto, levar em consideração a experiência de outros países com o 
contrato intermitente, sem deixar de considerar que o Brasil ainda não tem uma 
experiência relevante no assunto. 
De um lado, muita expectativa pela possibilidade do contrato intermitente 
alavancar os índices de desemprego, e, ainda pela perspectiva do empregador, diminuir o 
custo com mão de obra. 
Em contrapartida, empregados observam desconfiados tal regime, onde seus 
direitos e garantias são diminuídos pela lei anterior e, especialmente tinham uma massiva 
transferência do risco do negócio ao empregado, quando este não atender ao chamado do 
empregador e ter que indenizá-lo. 
Não obstante a tendência global na adoção de contratos flexíveis de trabalho para 
permitir novas formas de trabalho sob demanda, que proporcionam maior flexibilidade 
aos empregadores e empregados, como é o caso do trabalho intermitente, é possível 
verificar a violação, nessa modalidade de contratação, dos direitos fundamentais 
insculpidos na Constituição Federal. 
Verifica-se que princípios constitucionais como o da dignidade humana e do valor 
social do trabalho, valores fundamentais, deixam de ser atendidos nessa modalidade de 
contratação. O direito do trabalho, pautado nesses princípios, busca delimitar um mínimo 
existencial que se integra ao patrimônio jurídico do empregado e serve de limite para os 
avanços e flexibilizações das leis trabalhistas. A ausência de garantia de remuneração 
mínima ao trabalhador quando este não estiver prestando serviços, afronta os dispositivos 
constitucionais que tratam do salário mínimo. 
Ademais, tal modalidade de contratação, pode conduzir a uma maneira de se obter 
mão de obra a custo muito menor, inserindo o cidadão em uma relação de trabalho 
precária, ficando o empregado reduzido a ser mais uma ferramenta à disposição do 
empregador, em nada importando se ele terá ou nãocondições de atender às suas 
necessidades vitais básicas. 
Outros dispositivos constitucionais referentes à proteção ao trabalhador, como a 
valorização ao trabalho, a jornada de trabalho e ao direito a férias também acabam por ser 
violados no trabalho intermitente. 
Portanto, por não observar os direitos fundamentais de segunda geração, que são 
voltados à proteção do trabalhador, os quais devem ser sobrepostos, mesmo no ramo do 
direito privado, como no caso do Direito do Trabalho, ainda que em situação de 
horizontalidade, entende-se que o trabalho intermitente é inconstitucional, por ferir a 
Constituição Federal em direitos fundamentais como a garantia do salário mínimo, a 
jornada de trabalho, férias etc. 
 
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