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NOÇÕES DIREITO CONSTITUCIONAL (AULA 02)

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1 
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CURSO: IMERSÃO TURBO – IPC E EPC PC/PA 
PROFESSOR: Vitor Ramos 
 
 
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL - AULA 2 
 
SUMÁRIO 
1- TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................. 3 
1.1. DIREITOS HUMANOS X DIREITOS FUNDAMENTAIS ....................................................................... 3 
1.2. Direitos x deveres ................................................................................................................................... 4 
1.3. Direitos x Garantias ................................................................................................................................ 4 
1.4. GERAÇÕES (DIMENSÕES) DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ...................................................... 4 
1.4.1 Direitos de 1ª Geração (Dimensão) – Final do século XVIII e início do século XX ............. 4 
1.4.2. Direitos de 2ª Geração (Dimensão) – Início do século XX ...................................................... 5 
1.4.3. Direitos de 3ª Geração – Segunda metade do século XX ........................................................ 5 
1.4.4. Os termos geração e dimensão ...................................................................................................... 5 
1.4.5. Direitos de outras gerações? ........................................................................................................... 6 
1.5. CLASSIFICAÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS......................................................................... 6 
1.5.1. Teoria dos status de Jellinek ............................................................................................................ 6 
1.5.2. Classificação trialista ......................................................................................................................... 7 
1.6. CARACTERÍSITICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................................. 8 
1.6.1. Universalidade ....................................................................................................................................... 8 
6.2. Historicidade ............................................................................................................................................ 8 
1.6.3. Indivisibilidade ...................................................................................................................................... 8 
1.6.4. Indisponibilidade .................................................................................................................................. 9 
1.6.4. Imprescritibilidade .............................................................................................................................. 9 
1.6.5. Relatividade ........................................................................................................................................... 9 
1.6.6. Inviolabilidade ....................................................................................................................................... 9 
1.6.7. Complementaridade ............................................................................................................................ 9 
1.6.8. Efetividade ............................................................................................................................................ 10 
1.7. DIMENSÃO OBJETIVA E SUBJETIVA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................. 10 
1.7.1. Dimensão subjetiva ............................................................................................................................ 10 
7.2. Dimensão objetiva ................................................................................................................................ 10 
1.8. DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ....................................................................... 11 
Corrente restritiva ........................................................................................................................................ 11 
Corrente ampliativa ...................................................................................................................................... 11 
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2 
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Corrente moderada ...................................................................................................................................... 11 
1.9. EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .......................................................... 12 
1.10. APLICABLIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ..................................................................... 13 
1ª CORRENTE (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO) ................................................................ 13 
2ª CORRENTE (FLÁVIA PIOVESAN, LUÍS ROBERTO BARROSO e EROS GRAU) ........................ 14 
3ª CORRENTE (GILMAR MENDES, INGO SARLET e JOSÉ AFONSO) ............................................. 14 
1.11. LIMITES (RESTRIÇÕES) AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ......................................................... 14 
1.11.1. Teoria interna ...................................................................................................................................... 14 
1.11.2. Teoria externa .................................................................................................................................... 15 
1.11.3. A teoria dos limites dos limites .................................................................................................... 16 
2. DIREITOS INDIVIDUAIS EM ESPÉCIE ............................................................................................................ 17 
2.1- DO DIREITO À VIDA .............................................................................................................................. 17 
Do âmbito de proteção ............................................................................................................................... 18 
Restrições (limites) ..................................................................................................................................... 19 
Pena de morte nos casos de guerra externa ..................................................................................... 19 
Aborto necessário e sentimental ............................................................................................................ 19 
ADPF 54 (feto anencéfalo) ........................................................................................................................ 19 
Lei 11.105/05 (pesquisa com células tronco embrionárias) ............................................................ 19 
Eutanásia ....................................................................................................................................................... 20 
2.2- DO DIREITO À IGUALDADE ................................................................................................................ 20 
Igualdade perante a lei (formal ou jurídica) ....................................................................................... 20 
Igualdade na lei ............................................................................................................................................. 21 
Âmbito de proteção e intervenção ......................................................................................................... 22 
Ações Afirmativas (DESPENCA EM PROVAS) .................................................................................... 22 
2.3- DO DIREITO À PRIVACIDADE ............................................................................................................23 
Direito à intimidade, vida privada, honra e imagem ......................................................................... 23 
Restrições (intervenções restritivas)................................................................................................... 24 
Interceptação das comunicações ........................................................................................................... 26 
Inviolabilidade de Domicílio ...................................................................................................................... 27 
1.4. DO DIREITO À LIBERDADE .................................................................................................................. 28 
Liberdade de manifestação de pensamento ...................................................................................... 28 
Liberdade de consciência, de crença e de culto ................................................................................ 29 
Objeção de consciência (escusa de consciência ou imperativo de consciência) .................... 29 
Liberdade religiosa e dever de neutralidade do Estado ................................................................. 30 
Liberdade de exercício profissional ...................................................................................................... 30 
Liberdade de informação ........................................................................................................................... 31 
Liberdade de locomoção ............................................................................................................................ 31 
Liberdade de reunião .................................................................................................................................. 32 
Liberdade de associação ...........................................................................................................................33 
2.5. DO DIREITO À PROPRIEDADE ............................................................................................................ 34 
Princípio da função social da propriedade ......................................................................................... 35 
Desapropriação ............................................................................................................................................ 36 
Requisição ...................................................................................................................................................... 37 
Usucapião Constitucional .......................................................................................................................... 37 
Expropriação-sanção confisco (Art. 243 da CF) ............................................................................... 38 
 
 
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3 
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1- TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
1.1. DIREITOS HUMANOS X DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
A expressão direitos humanos refere-se ao gênero humano, sem se 
importar com as particularidades de cada núcleo estatal. Trata-se do direito 
supranacional, no âmbito do direito público internacional, sobretudo dos 
organismos multilaterais. Portanto, os direitos humanos relacionarem-se com 
um discurso de pretensão normativa de universalidade, abrangendo qualquer 
pessoa em uma perspectiva extraestatal, mas sem pressupor uma 
homogeneidade de valores e interesses. 
 
Segundo Norberto Bobbio (apud BERNARDES e FERREIRA), todos os 
direitos fundamentais possuem uma fundamentação jusnaturalista, mesmo com 
as novas roupagens dadas atualmente, uma vez que os direitos humanos 
possuem validade atemporal e universal e acabam por assumir uma inegável 
dimensão jusnaturalista-universalista. 
 
Já os “direitos fundamentais” são produtos de um processo de 
constitucionalização dos “direitos humanos”. Não corresponde 
necessariamente ao rol dos direitos, pois cada ordenamento jurídico estatal 
pode estabelecer um catálogo próprio de direitos fundamentais, de acordo com 
as respectivas especificidades. Daí por que o sistema jurídico de alguns Estados 
pode estabelecer direitos fundamentais que a ordem internacional ainda não 
reconhece, e vice-versa. Ex.: o Direito Constitucional brasileiro não admite pena 
de prisão perpétua e de trabalhos forçados, mas ambas são admitidas na ordem 
jurídica internacional. 
 
A teoria dos direitos fundamentais conta com uma fundamentação 
positivista, que não reconhece o teor autenticamente jurídico das declarações 
solenes de direitos humanos. 
 
Como estão em uma perspectiva “atemporal” e “universal”, diz-se que os 
direitos humanos são simplesmente “reconhecidos”, enquanto os direitos 
fundamentais consideram-se “estabelecidos” pelo Estado. 
 
DIREITOS HUMANOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Referem-se a direitos 
correspondentes ao gênero 
humano. 
Trata-se dos direitos do 
homem objetivamente vigentes 
numa ordem jurídica concreta 
A questão dos direitos 
humanos é tratada de maneira 
supranacional, no âmbito do 
direito público internacional. 
Direitos fundamentais são 
objeto do direito público interno, 
especialmente do D. 
Constitucional. 
Consideram-se 
reconhecidos pelo direito 
internacional, como se 
Consideram-se 
estabelecidos pelo Estado, 
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4 
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existissem antes mesmo dos 
próprios documentos mediante 
os quais são declarados 
(reconhecidos). 
conforme dispuser o direito 
positivo estatal. 
Teoria dos direitos 
humanos possui fundamentação 
de matriz jusnaturalista. 
Teoria dos direitos 
fundamentais possui 
fundamentação de matriz 
positivista. 
 
 
1.2. Direitos x deveres 
 
O capítulo I, título II, da Constituição Federal prevê “dos direitos e deveres 
individuais e coletivos”. Todavia, não há um rol expresso dos deveres. Por quê? 
Segundo a doutrina majoritária, a lacuna é intencional, já que quando a 
constituição enuncia um direito de alguém (sujeito ativo), também prescreve 
deveres que outras pessoas têm que cumprir (sujeitos passivos). 
 
Conforme JOSÉ AFONSO DA SILVA, uma constituição não precisa fazer um 
rol paralelo de deveres. Estes decorrem dos direitos, na medida em que cada 
titular dos direitos fundamentais tem o dever de respeitar igual direito do outro, 
“bem como o dever de comportar-se, nas relações inter-humanas, com postura 
democrática, compreendendo que a dignidade da pessoa humana do próximo 
deve ser exaltada como sua própria”. 
 
1.3. Direitos x Garantias 
 
São duas faces da mesma moeda: enquanto os “direitos” são normas 
enunciativas dos próprios direitos fundamentais, as “garantias” são normas que 
tem o escopo de prevenir ou corrigir violações a direitos fundamentais. 
Conforme MARCELO NOVELINO, as garantias não são um fim em si mesmo, as 
um meio a serviço de um direito substancial. São instrumentos criados para 
assegurar a proteção e efetividade dos direitos fundamentais. 
 
A doutrina ainda divide as garantias em gerais e específicas: a) gerais: 
proíbem o abuso de poder e todas as espécies de violação aos direitos por ela 
assegurados. Ex.: princípio do devido processo legal, princípio da 
inafastabilidade da apreciação pelo Poder Judiciário; b) específicas: servem 
como instrumento de proteção não somente das garantias que enunciam, mas 
também das próprias garantias fundamentais gerais. Ex.: remédios 
constitucionais, como habeas corpus e mandado de injunção. 
 
1.4. GERAÇÕES (DIMENSÕES) DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
1.4.1 Direitos de 1ª Geração (Dimensão) – Final do século XVIII e início do 
século XX 
 
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5 
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São também chamados de direitos de liberdade (direitos civis e políticos) 
que inaugurariam o constitucionalismo no Ocidente, no final do século XVIII e 
início do século XX. Tem como titular o indivíduo, ao passo que encontra no 
Estado o dever de abstenção. 
 
Traduzem-se como faculdades ou atributos das pessoas e ostentam uma 
subjetividade, que é seu traço mais característico. São direitos de resistência 
ou de oposição perante o Estado. Os direitos civis e políticos englobam: direito 
à vida; direito à liberdade; direito à propriedade; direito à liberdade de 
expressão; direito de participação popular. 
 
1.4.2. Direitos de 2ª Geração (Dimensão) – Início do século XX 
 
No curso do século XX tem-se o surgimento dos direitos de 2ª geração. 
São eles: direitos sociais, culturais e econômicos. Sua introdução ocorreu com 
o desenvolvimento do Estado Social, como resposta aos movimentos e ideias 
antiliberais. Inverte-se a lógica da geração anterior. Passa-se, agora, a exigir 
do Estado determinadas prestações materiais. É a geração dos direitos 
coletivos. 
 
São identificáveis, na Constituição de 1988, em seu art. 6º: “art. 6º São 
direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o 
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade 
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. 
 
1.4.3. Direitos de 3ª Geração – Segunda metade do século XX 
 
Há um resgate do teor humanístico oriundo da tomada de consciência de 
um mundo partido entre nações desenvolvidas e subdesenvolvidas. Tem como 
destinatário todo gênero humano (presente e futuro), como um todo conectado 
de modo que se fundamentaria no princípio da fraternidade ou solidariedade. 
Busca-se a proteção de grupos humanos, tendo por característica a sua 
titularidade transindividual (SARLET, 2018, p. 320). Englobam o direito ao 
desenvolvimento, direito à paz, direito ao meio ambiente, direito de 
comunicação. É a geração dos direitos difusos. 
 
1.4.4. Os termos geração e dimensão 
 
A esquematização dos direitos fundamentais conforme “dimensões” 
(André Ramos Tavares) é mais adequada, pois valoriza o aspecto histórico e 
continuo da incorporação sucessiva de novos direitos, sem o risco de se 
entender que há superação dos anteriormente reconhecidos. 
 
ATENÇÃO: Entretanto, por uma leitura paradigmática, verifica-se 
que tal ideia (de mera adição) é falsa. Isso porque a cada geração 
não só assistimos a inserção de novos direitos, mas também a 
uma REDEFINIÇÃO DO SENTIDO E DO CONTEÚDO dos direitos 
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6 
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anteriormente fixados. Nesses termos, não teríamos apenas um 
acréscimo, mas sim uma RELEITURA DOS DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS DA GERAÇÃO ANTERIOR PELA NOVA GERAÇÃO 
OU COM BASE NA NOVA GERAÇÃO. Por ex, com o advento do 
Estado Social e com os intitulados direitos de 2ª geração, a 
propriedade perde a sua perspectiva absoluta (ilimitada) e passa 
a ser trabalhada a partir da sua função social (função social da 
propriedade). 
 
1.4.5. Direitos de outras gerações? 
 
Paulo Bonavides enuncia como direito de 4ª geração o direito à 
democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo (direito a uma 
Globalização Política frente a uma Globalização Econômica). Também propõe o 
direito à PAZ como um direito de 5ª geração. Nesses termos, o direito à paz 
seria alçado de um direito de 3ª geração (dimensão) para a 5ª geração 
(dimensão), alcançando, assim, um patamar superior e específico de 
fundamentalidade no início do século XXI. 
 
Muitos doutrinadores entendem que o pluralismo político está albergado 
pelos direitos fundamentais de 3ª geração (dimensão). UADI BULOS, por 
exemplo, defende que os direitos de 4ª geração estão relacionados à 
“informática, softwares, biociências, eutanásia, alimentos transgênicos, 
sucessão de filhos gerados por inseminação artificial, clonagens, dentre outros 
acontecimentos ligados à engenharia genética”. Na mesma linha, BOBBIO (apud 
BERNARDES e FERREIRA) já sustentava que a quarta geração tem a ver com os 
efeitos “cada vez mais traumáticos da pesquisa biológica”. 
 
 
1.5. CLASSIFICAÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
1.5.1. Teoria dos status de Jellinek 
 
Para essa teoria, o indivíduo pode ser enquadrado em 04 espécies de 
situações jurídicas, ou seja, de status (verdadeiras posições) frente ao Estado 
como sujeito de deveres e titular de direitos em relação ao mesmo. Nesse 
sentido, JELLINEK explicita os 04 status, que são: 
 
a) Status PASSIVO ou subjectionis: É aquele em que o indivíduo está 
subordinado aos poderes estatais. Diz respeito a um conjunto de deveres do 
indivíduo frente ao Estado. 
 
b) Status NEGATIVO ou libertatis: É aquele em que o indivíduo tem o direito 
de exigir do Estado uma abstenção. São direitos de cunho negativo, 
abstencionistas do indivíduo (no que tange a suas liberdades) frente ao Estado. 
 
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c) Status POSITIVO ou civitatis: É aquele em que o indivíduo tem o direito 
de exigir do Estado o cumprimento de determinadas prestações positivas que 
visem a satisfação de necessidades. O indivíduo pode exigir do Estado uma 
prestação, ou seja, que atue em seu favor. 
 
d) Status ATIVO ou activus: É aquele em que o indivíduo tem a possibilidade 
de participar na formação da vontade política do Estado e da Sociedade. 
 
1.5.2. Classificação trialista 
 
A classificação trialista surge como alternativa a teoria dos status e é 
considerada mais completa pela doutrina (NOVELINO), por permitir a “descrição 
e distinção do conteúdo nuclear típico dos diversos direitos fundamentais”. 
Segunda esta classificação, os direitos fundamentais dividem-se em: 
 
1.5.2.1. Direitos de defesa 
 
Direitos de resistência ou de status negativo. São direitos que se 
caracterizam, de um lado, por assegurar pretensões de resistência e do outro 
por impor obrigações negativas ao sujeito passivo. Ex.: direitos de 1ª dimensão, 
ligados às liberdades públicas. 
 
ROBERT ALEXY divide os direitos de defesa em: a) direito ao não 
embaraço de ações do titular do direito fundamental, como, por 
exemplo, a de escolha de uma profissão; b) direito a não afetação 
de características e situações como, por exemplo, a da esfera 
privada física; c) direito a não eliminação de posições jurídicas de 
direito ordinário. 
 
5.2.2. Direitos a prestações 
 
Direitos de status positivos a implicar contraprestações positivas em favor 
dos respectivos titulares (sujeitos ativos). Ex.: direito a educação, a cultura. 
 
As prestações poder ser de caráter: a) material, consistentes no 
oferecimento de bens ou serviços a pessoas que não podem adquiri-los no 
mercado (como alimentação, educação saúde) ou no oferecimento universal de 
serviços monopolizados pelo estado (como segurança pública, b) jurídico, 
caracterizadas pela elaboração de normas voltadas a tutela de interesses 
individuais (como a elaboração de normas trabalhistas). 
 
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5.2.3. Direitos de participação 
 
Direito de status ativo, pois destinados a influenciar a participação dos 
indivíduos (cidadãos) na formação e no exercício da soberania estatal. 
 
 Ex: direitos políticos em geral. 
 
1.6. CARACTERÍSITICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
1.6.1. Universalidade 
 
Essa característica aponta para a existência de um núcleo mínimo de 
direitos que deve estar presente em todo lugar e para todas as pessoas. 
Reconhece-se como titular dos direitosfundamentais toda a coletividade 
jurídica, garantindo-se um sistema de igualdade na distribuição dos direitos 
fundamentais, que não comporta discriminação de qualquer espécie. 
 
Porém, essa universalidade não é absoluta – existem exceções. É 
perfeitamente factível que a Constituição limite o exercício de direitos 
fundamentais aos detentores de determinadas particularidades, como, por 
exemplo, ser cidadão, nacional, trabalhador, pessoa física, dentre outros 
atributos. 
Ex.: os direitos trabalhistas (art. 7º, CF) são atinentes apenas aos 
trabalhadores. 
 
6.2. Historicidade 
 
Os direitos fundamentais são produtos da história e vão se acumulando, 
haja vista as necessidades sociais. Eles passam por um profundo processo de 
evolução ao longo da história da humanidade. Portanto, vão se adequando a 
novos contextos, a novas querelas. 
 
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são dotados de caráter 
histórico-evolutivo, pois não nascem todos de uma só vez. São o resultado de 
lutas do povo em defesa de novas liberdades, em face de poderes antigos. 
 
Ademais, pode-se dizer que os diretos fundamentais não são 
compreendidos da mesma forma durante todo o tempo em que compõem o 
ordenamento. É comum que certos direitos, proclamados em certas épocas, 
desapareçam em períodos posteriores, ou se modifiquem com o transcurso do 
tempo, o que revela uma índole evolutiva dos direitos fundamentais. 
 
1.6.3. Indivisibilidade 
 
(...) “os direitos fundamentais formam um sistema harmônico, coerente e 
indissociável, o que importa da impossibilidade de compartimentalização, seja 
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na tarefa interpretativa, seja na aplicação de circunstâncias concretas” 
(MASSON). 
 
1.6.4. Indisponibilidade 
Os direitos fundamentais são indisponíveis, inalienáveis e irrenunciáveis. 
Todavia, não se trata de uma característica absoluta. Embora os direitos 
fundamentais sejam, “como totalidade”, irrenunciáveis, é juridicamente 
permitida a limitação voluntária ao exercício concreto de certos direitos, desde 
que as limitações preservem os núcleo essencial dos direitos fundamentais. 
 
Ex.: negócios voluntários que impliquem disposição prévia do 
direito de imagem (esportistas, atores, modelos fotográficas, 
participantes de reality shows, etc.). 
 
1.6.4. Imprescritibilidade 
 
O exercício das prerrogativas e pretensões relativas aos direitos humanos 
não se sujeita a prazos prescricionais (nem decadenciais). Entretanto, essa 
característica também não é absoluta. Em relação aos direitos fundamentais 
lesionados em concreto pode haver prescrição da pretensão reparatória, regra 
geral. Ex.: o próprio constituinte estabeleceu prazos prescricionais para se 
reclamar direitos trabalhistas (art. 7º, inc. XXIX). 
 
 
1.6.5. Relatividade 
 
Segundo doutrina majoritária no Brasil, não há direitos fundamentais 
absolutos. Todos encontram limites na necessidade de assegurar o exercício de 
outros direitos. Daí a chamada máxima da cedência recíproca (ANDRÉ RAMOS 
TAVARES): 
 
“quaisquer direitos fundamentais podem, em maior ou menor 
escala, sofrer restrições em favor de outros direitos 
fundamentais.” 
 
1.6.6. Inviolabilidade 
 
Impossibilidade de desrespeito aos direitos fundamentais por 
determinação infraconstitucional ou por atos de autoridade, sob pena de 
responsabilização civil, administrativa e criminal. 
 
1.6.7. Complementaridade 
 
Direitos fundamentais não são interpretados isoladamente, de maneira 
estanque; ao contrário, devem ser conjugados, reconhecendo-se que compõem 
um sistema único, pensado para assegurar a máxima proteção à dignidade da 
pessoa humana. 
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1.6.8. Efetividade 
 
A atuação dos Poderes Públicos deve se pautar sempre na necessidade de 
se efetivar os direitos e garantias institucionalizados, inclusive por meio da 
utilização de mecanismos coercitivos, se necessário for. 
 
6.9. Interdependência: ANTÔNIO AUGUSTO CANÇADO TRINDADE (1998) 
explica que: 
 
 “todos os direitos humanos são situados em um mesmo nível, 
sejam eles civis, políticos, econômicos, sociais ou culturais, tendo 
em vista sua interdependência.” 
 
Trata-se, portanto, de uma característica derivada da indivisibilidade de 
tais direitos. 
 
1.7. DIMENSÃO OBJETIVA E SUBJETIVA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
1.7.1. Dimensão subjetiva 
 
Conforme preceitua NOVELINO, em sua dimensão subjetiva: 
 
“os direitos fundamentais são pensados sob a perspectiva dos 
indivíduos. O indivíduo que possui um direito fundamental é titular 
de posição jurídica subjetiva contemplada por norma 
jusfundamental”. 
 
Nesta perspectiva, as normas de direitos fundamentais criam direitos 
subjetivos que se traduzem em pretensões e em faculdades exigíveis em face 
de outrem. Ex.: direito a liberdade de ir e vir implica ao respectivo titular a 
pretensão de exigir uma prestação negativa por parte do Estado e de terceiros, 
que não podem obstar a locomoção do particular. 
 
7.2. Dimensão objetiva 
 
É aquela que concebe os direitos fundamentais como a base do 
ordenamento jurídico do Estado ou da sociedade, ou seja, eles são elementos 
ou vetores para a interpretação e aplicação de todos os direitos presentes em 
um ordenamento. 
 
Portanto, os direitos fundamentais promovem a interligação entre todos 
os outros direitos e, por isso, são dotados de eficácia irradiante. Nesse sentido, 
os direitos fundamentais são um filtro para todos os direitos, daí a expressão: 
 
 “Interpretação Conforme os Direitos Fundamentais previstos na 
Constituição” (Konrad Hesse). 
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1.8. DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
O art. 5º, caput, somente referencia como destinatários os brasileiros 
(natos ou naturalizados) e estrangeiro residente. 
 
E o estrangeiro não residente? Há duas correntes: 
 
Corrente restritiva 
Constituinte foi claro em não estender, mas o estrangeiro goza de direitos 
fundamentais consignados em normas infraconstitucionais, como os tratados 
internacionais adotados pelo país. É a posição de JOSÉ AFONSO DA SILVA. 
 
Corrente ampliativa 
 
desconsidera a literalidade do texto constitucional. Resguarda a dignidade 
da pessoa humana. As ressalvas devem ser apenas aquelas inerentes à 
especificidade de cada direito fundamental. Doutrina majoritária. 
 
Corrente moderada 
 
Os estrangeiros não residentes devem satisfazer alguns requisitos: c.1) 
deve encontrar-se em situação regular no país; c.2) os direitos sociais tendem 
a não ser entendidos. 
 
E o STF? O Supremo Tribunal Federal já reconheceu aos estrangeiros não 
residentes certos direitos e garantias de primeira geração. 
 
“‘HABEAS CORPUS’ - SÚMULA 691/STF - INAPLICABILIDADE AO 
CASO - OCORRÊNCIA DE SITUAÇÃO EXCEPCIONAL QUE AFASTA A 
RESTRIÇÃO SUMULAR - ESTRANGEIRO NÃO DOMICILIADO NO 
BRASIL - IRRELEVÂNCIA - CONDIÇÃO JURÍDICA QUE NÃO O 
DESQUALIFICA COMO SUJEITO DE DIREITOS E TITULAR DE 
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS” [...] (HC 94016, Relator(a): Min. 
CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 16/09/2008, DJe-
038 DIVULG 26-02-2009 PUBLIC 27-02-2009 EMENT VOL-02350-
02 PP-00266 RTJ VOL-00209-02 PP-00702). 
 
EMENTA: Ao estrangeiro, residente no exterior, também é 
assegurado o direito de impetrar mandado de segurança, como 
decorre da interpretação sistemática dos artigos 153, caput, da 
Emenda Constitucional de 1969 e do 5º., LIX da Constituição atual. 
Recurso extraordinário não conhecido. (RE 215267, Relator(a): Min. 
ELLEN GRACIE, Primeira Turma, julgado em 24/04/2001, DJ 25-05-
2001 PP-00013EMENT VOL-02032-05 PP-00977 RTJ EMENT VOL-
00177-002 PP-00965). 
 
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É pacífica que a pessoa jurídica conta com a proteção do catálogo de direitos 
fundamentais. Ex.: direito à liberdade de funcionamento das associações e 
cooperativas (art. 5º, XXI, CF). Todavia, deve-se destacar que há alguns direitos 
que são exclusivos de pessoas físicas. Ex.: direitos políticos. 
 
1.9. EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
Em sua gênese, os direitos fundamentais tinham como destinatário o 
Estado (eficácia vertical). 
 
A doutrina passou a se questionar, em meados do século XX, sobre a 
possibilidade de os direitos fundamentais terem eficácia não apenas em relação 
aos Estados, mas também em relação aos indivíduos. 
 
HANS NIPPERDEY foi o primeiro a defender a eficácia direta dos direitos 
fundamentais, que vinculariam imediatamente os agentes particulares, 
independentemente de intermediação legislativa (tese da eficácia horizontal 
direta). A principal crítica a essa teoria diz respeito à autonomia da vontade, 
base das relações privadas. 
 
GUNTHER DÜRIG, por sua vez, passou a defender a chamada teoria da 
eficácia horizontal indireta dos direitos fundamentais. Por ela, os direitos 
fundamentais, nas relações estritamente particulares, não se apresentariam 
como direitos subjetivos.A aplicação de direitos fundamentais nas relações 
particulares necessitava da intervenção do legislador, por meio de cláusulas 
gerais na legislação infraconstitucional. 
 
 
Portanto, na Alemanha surgiram duas teorias sobre o tema: 
 
a) Teoria da eficácia indireta ou mediata: embora o Estado deva 
proteger os particulares das investidas de outros particulares, 
essa proteção deve ser dar por intermédio da lei. Utilização de 
claúsulas gerais e conceitos intermediários. 
 
b) Teoria da eficácia direta ou imediata: aplicação direta da CF aos 
direitos fundamentais, sem o intermédio da lei. 
 
Surgiu também, na ordem internacional, uma teoria intermediária ou teoria 
da eficácia direta moderada. Trata-se da posição do português VIEIRA DE 
ANDRADE e do espanhol BILBAO UBILLOS, para quem a aplicação direta deve 
surgir em uma situação de assimetria substancial de poder jurídico ou de fato 
de alguma das partes. Ex.: associação x associado; partido político x filiado; 
condômino x condominiado (RE 201819/RJ). 
 
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Os Estados Unidos, por sua vez, através da tese do State Action Doctrine, 
entendia que a eficácia dos direitos fundamentais deveria ser afastada nas 
prelações privadas (teoria da ineficácia horizontal). Todavia, a partir da criação 
teoria da public function theory, passou-se a admitir a vinculação direta, mas 
apenas nas hipóteses em que os particulares estejam desempenhando 
atividades tipicamente estatais. 
 
E o Brasil, adota o que? 
 
a) STF já adotou a teoria da eficácia horizontal direta, nos RE 158215/RS, 
161243/DF e 201.819/RJ. 
 
b) A jurisprudência do STJ já utilizou a teoria da public function theory para 
permitir a utilização de garantias constitucionais, como o MS, contra entidades 
privadas delegatárias de serviços públicos. Ex.: o STJ entende que o corte de 
energia elétrica pode ser atacado por mandado de segurança, embora se trate 
de uma simples relação de consumo de direito privado entre pessoas 
igualmente privadas (REsp 402082/MT). 
 
E o que é eficácia diagonal dos Direitos Fundamentais? Doutrinadores 
ligados ao Direito do Trabalho, dentre eles SERGIO GAMONAL, defendem a ideia 
de eficácia diagonal para explicar a eficácia direta dos direitos fundamentais às 
relações trabalhistas. Justifica-se na ideia de “assimetria substancial” que 
ocorre nas relações de trabalho. 
 
A utilidade desta nova terminologia estaria em enfatizar, no âmbito 
trabalhista, o tratamento especial que se deva dar às “assimetrias substanciais 
de poder”. Segundo, GAMONAL: 
 
“mais que uma eficácia horizontal entre iguais, é melhor uma 
eficácia diagonal dos direitos fundamentais entre empregado e 
empregador”. 
 
A novidade é criticada pela doutrina, pois não acrescenta nada aos 
argumentos já trabalhados pelos adeptos da teoria da eficácia direta moderada 
ou atenuada. 
 
 
1.10. APLICABLIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
Os direitos fundamentais, nos termos do art. 5º, §1º, CF, são dotados de 
aplicabilidade imediata. Entretanto, pela doutrina, os direitos fundamentais 
podem, ou não, ter aplicabilidade imediata. Surgem então, 03 correntes para 
tratar do tema: 
 
1ª CORRENTE (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO) 
 
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A aplicação dos direitos fundamentais depende da hipótese e do conteúdo 
normativo do mesmo, ou seja, os direitos fundamentais só terão aplicação 
imediata se as normas que os definem forem completas na sua hipótese e no 
seu dispositivo. Não se pode ir contra a natureza das coisas. 
 
2ª CORRENTE (FLÁVIA PIOVESAN, LUÍS ROBERTO BARROSO e EROS 
GRAU) 
 
Os direitos fundamentais têm aplicação imediata, independente da 
estrutura de suas normas. Portanto, mesmo as normas de cunho programático 
teriam aplicação imediata. Os direitos fundamentais devem ser imediatamente 
consubstanciados, mesmo não havendo a interposição legislativa. 
 
3ª CORRENTE (GILMAR MENDES, INGO SARLET e JOSÉ AFONSO) 
 
É a corrente intermediária. Entende que os direitos fundamentais são, 
segundo o art. 5º, §1º, CF, mandados de otimização, que devem ser aplicados 
visando sempre uma maior eficácia possível, ou seja, eles advogam uma 
presunção em favor da aplicação das normas definidoras de direitos 
fundamentais, embora reconheçam que alguns direitos, sobretudo, direitos 
sociais, vão precisar de concretização. É a corrente majoritária. 
 
1.11. LIMITES (RESTRIÇÕES) AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
Não existe direitos humanos absolutos. ANDRÉ RAMOS TAVARES ressalta 
que as limitações dos direitos humanos se dão da seguinte forma: a) eles não 
podem servir de escudo para a prática de atividades ilícitas; b) não servem para 
respaldar irresponsabilidade civil; c) não podem anular os demais direitos 
igualmente consagrados; d) não podem anular igual direito das demais pessoas. 
 
Para se encontrar os limites exatos dos direitos fundamentais, foram 
desenvolvidas duas teorias sobre seu âmbito de proteção, explicadas por INGO 
SARLET (2018, p. 387): Teoria interna e Teoria externa. 
 
1.11.1. Teoria interna 
 
Por essa teoria, o limite de um direito é interno a ele. Existe apenas um 
direito com limites imanentes (inerentes) a ele. Nesses termos, a definição de 
conteúdo e de existência de um direito não depende de fatores externos a esse 
direito, e por isso mesmo não há que se falar na possibilidade de restrições. 
 
A tese dessa doutrina é que ou se tem o direito subjetivo, ou não se tem o 
direito – em termos de estrutura normativa, possuem sempre a estrutura de 
regras, aplicando-se segundo a lógica do “tudo ou nada”. Com isso qualquer 
limitação só se dá a partir de dentro, não ocorrendo restrições externas. 
 
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A teoria interna, por considerar possível a delimitação rigorosa de cada 
direito fundamental, refuta a possibilidade de conflito entre eles e, por 
conseguinte, não admite sopesamento de princípios. 
 
A teoria interna fundamenta-se na teoria dos limites imanentes. Essa 
teoria não admite restrições externas a um direito fundamental. Cada direitoapresenta limites imanentes, oriundos da própria estrutura e natureza do 
direito. Os limites já estão contidos no próprio direito, portanto, não se cuida de 
uma restrição externamente imposta. 
 
1.11.2. Teoria externa 
 
Para essa teoria, a restrição ao direito não está ligada ao conteúdo do 
direito, mas sim a uma situação concreta, contextualizada. A teoria externa 
relaciona-se diretamente com a possibilidade de restrições aos direitos 
fundamentais constitucionais. É a teoria majoritária no Brasil. 
 
A determinação do conteúdo definitivamente protegido envolve duas 
etapas. A identificação do conteúdo inicialmente protegido (âmbito de proteção), 
o qual deve ser determinado da forma mais ampla possível; e a definição dos 
limites externos (restrições), decorrentes da necessidade de conciliação com 
outros direitos e bens constitucionalmente protegidos. 
 
Os direitos fundamentais, por terem hierarquia constitucional, somente 
podem ser restringidos por normas constitucionais (restrições diretamente 
constitucionais) ou em virtude delas (restrições indiretamente constitucionais). 
 
a) Restrições diretamente constitucionais: são impostas por outras 
normas de hierarquia constitucional e podem estar consagradas em cláusulas 
escritas e não escritas. 
 
Cláusulas restritivas escritas podem estar no mesmo dispositivo (ex.: o 
direito de reunião deve ser exercido de forma pacífica, sem armas, segundo o 
art. 5º, XVI, CF) ou em outro dispositivo (ex.: direito de propriedade (art. 5º, XXII, 
CF), que pode ser restrito pelo princípio da função social da propriedade (art. 5º, 
XXXIII). 
 
Cláusulas restritivas não escritas são relacionadas às restrições impostas 
por princípios que consagram direitos fundamentais colidentes de terceiros ou 
interesses da coletividade. 
 
b) Restrições indiretamente constitucionais: são autorizadas, de forma 
expressa ou implícita, pela constituição, como no caso das cláusulas de reserva 
legal. 
 
➢ Reserva legal simples: o dispositivo consagra uma 
competência para estabelecer restrições sem fazer qualquer 
tipo de exigência quanto ao conteúdo ou finalidade restritiva. 
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Ex.: Art. 5º, XV - é livre a locomoção no território nacional em 
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele 
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
 
➢ Reserva legal qualificada: constituições permite o 
estabelecimento de restrições, mas limita o conteúdo destas, 
fixando condições especiais, estabelecendo os fins a serem 
perseguidos ou os meios a serem utilizados. 
 
Ex.: Art. 5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal. 
 
1.11.3. A teoria dos limites dos limites 
 
É por meio dessa teoria que iremos analisar se a restrição aos direitos 
fundamentais foi, ou não, adequada. Nesse sentido, criam-se limites para as 
limitações (restrições) aos direitos fundamentais. Essa tese surge no cenário 
constitucional como mecanismo de defesa dos direitos fundamentais contra 
atos abusivos de origem legislativa ou administrativa. 
 
São requisitos que devem ser preenchidos para se analisar a regularidade 
dos limites aos direitos fundamentais: 
 
1.11.3.1 Requisito formal 
 
Exigência de lei para a restrição a um direito fundamental (princípio da 
reserva legal). No Direito Brasileiro, a exigência de reserva de lei para a 
restrição de direitos fundamentais se coaduna com o princípio da legalidade 
(art. 5º, II, CF), segundo o qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei. 
 
1.11.3.2. Requisitos materiais 
 
a) Princípio da não retroatividade: quaisquer limitações aos direitos 
fundamentais devem respeitar as situações definitivamente consolidadas, em 
razão do Princípio da Segurança Jurídica. Portanto, uma lei nova que estabeleça 
restrições aos direitos fundamentais não poderá alcançar fatos consumados no 
passado (retroatividade máxima), prestações vencidas e não pagas 
(retroatividade média) e, nem mesmo, efeitos futuros de fatos passados 
(retroatividade mínima). 
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b) As restrições devem respeitar o princípio (ou regra) da 
proporcionalidade. A legitimidade dos meios utilizados para restringir direitos 
fundamentais depende da adequação das medidas adotadas para fomentar os 
objetivos almejados, da necessidade de sua utilização, bem como de um juízo 
de ponderação (proporcionalidade em sentido estrito). 
 
c) Princípio da generalidade e abstração: As limitações devem ser dotadas, 
em regra de generalidade e abstração, pois são vedadas limitações casuísticas 
que venham a produzir discriminações absurdas, desarrazoadas ou arbitrárias 
– Ideia de Princípio da Isonomia. 
 
d) Qualquer limitação (restrição) aos direitos fundamentais tem que 
respeitar o núcleo essencial, conforme preconiza o princípio da dignidade da 
pessoa humana. Há um conteúdo essencial dos direitos fundamentais 
considerados como mínimo, logo inarredável. O controle desse limite fica a 
cargo do Judiciário. 
 
Esse “núcleo essencial” tem 02 (duas) correntes de compreensão: 
 
Corrente Absoluta: o núcleo essencial é fixo, independe das circunstâncias 
de contexto, ou seja, é sempre predeterminado, leia-se predefinido de forma 
absoluta e inquestionável. Há sempre de forma prévia. Alguns autores 
entendem que são os direitos à educação, à saúde e à moradia. 
 
Corrente Relativa: o núcleo essencial é relativo, ou seja, depende de 
circunstância e contextos. não é predeterminado, devendo ser aferido caso a 
caso, tendo em vista as situações concretas. 
 
 
2. DIREITOS INDIVIDUAIS EM ESPÉCIE 
 
O capítulo I do Título II da Constituição consagra os “direitos e deveres 
individuais e coletivos” assegurando a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Ademais, os direitos e 
garantias individuais estão sistematizados ao longo do art. 5º da CF, não 
obstante não se restringirem a ele, estando elencados ao longo de todo o texto 
constitucional. 
 
2.1- DO DIREITO À VIDA 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XLVII - não haverá penas: 
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a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do 
art. 84, XIX; 
 
Do âmbito de proteção 
 
O bem jurídico protegido é a vida humana em seu sentido biológico, 
começando a proteção antes mesmo do nascimento com vida e terminando com 
a morte. Ademais, as pessoas jurídicas não são titulares desse direito. 
 
O Direito à vida possui dupla acepção: 
 
ACEPÇÃO NEGATIVA ACEPÇÃO POSITIVA 
Consiste no direito assegurado a 
todo e qualquer ser humano de 
permanecer vivo. Confere ao 
indivíduo status negativo, se 
constituindo em posição jurídica 
que impede de o Estado e os 
indivíduos intervirem em sua 
existência física. 
 
 
Exs.: proibição da pena de morte 
(art. 5º, XLVII, “a” da CF); 
excludentes de ilicitude. 
É associada ao direito à existência 
digna, no sentido de ser assegurado 
ao indivíduo o acesso a vens e 
utilidades indispensáveispara uma 
vida em condições minimamente 
dignas. 
Além disso, não se limita a 
assegurar o mínimo existencial, 
devendo o estado adotar medidas 
positivas de proteção da vida (ex., 
em vcasos de ameaça de morte ou 
de requerimento de Extradição por 
Estado estrangeiro quando o crime é 
punível com a pena de morte), assim 
como na emissão de normas de 
caráter protetivo (Lei 9807/99 – Lei 
de Proteção às testemunhas e 
vítimas) e incriminador de condutas 
que atentem contra a vida. 
 
 
Além disso, o direito à vida possui duas dimensões: 
 
DIMENSÃO SUBJETIVA DIMENSÃO OBJETIVA 
O direito à vida pensado 
sob a perspectiva do indivíduo, 
merecedor de proteção do 
Estado. Ex.: STF – Ao analisar a 
constitucionalidade dos 
dispositivos da Lei de 
Biossegurança (Lei 
11.105/2005) que autorizam a 
realização de pesquisas com 
células-tronco embrionárias, o 
Ministro Ayres Brito fez uma 
abordagem do direito à vida a 
Preceitua que o direito à vida 
deve ser analisado não somente sob 
a perspectiva do indivíduo, mas 
também da comunidade, enquanto 
bem jurídico essencial que impõe aos 
poderes públicos e à sociedade o 
dever de adotar medidas de proteção 
contra práticas que atentem contra o 
direito à vida e de promoção dos 
meios indispensáveis a uma vida 
humana com dignidade e qualidade. 
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partir de sua dimensão 
subjetiva. 
 
Restrições (limites) 
 
São intervenções constitucionalmente justificadas no âmbito de preteção 
de um direito. A medida estatal que restringe o direito à vida deve ser adequada, 
necessária e proporcional em sentido estrito (limites dos limites). Com efeito, o 
direito à vida não é absoluto, podendo sofrer restrições quando confrontados 
com outros direitos fundamentais a serem ponderados no caso concreto. 
 
Pena de morte nos casos de guerra externa 
 
A própria CF estabelece essa restrição no art. 5º, XLVII, “a”. Obs.: o Código 
Penal ainda prevê como formas de intervenção legítima no âmbito de proteção 
do direito à vida as hipóteses de Excludentes de Ilicitude (arts. 23 a 25). 
 
Ex.: Legítima Defesa. 
 
Aborto necessário e sentimental 
 
O aborto terapêutico (necessário) se dá nos casos em que a má formação 
do feto colocar a vida da gestante em risco (art. 128, I do CP), enquanto que no 
aborto sentimental permite-se por conta de a gravidez resultar de estupro (art. 
128, II, CP). 
 
ATENÇÃO! A primeita turma do Supremo conferiu interpretação 
conforme a Constituição aos artigos 124 e 126 do CP, nos quais 
tipificados o crime de aborto, para excluir do seu âmbito de 
incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no 
primeiro trimestre de gestação. A maioria dos Ministros entendeu 
que a criminalização, na hipótese, viola o princípio da 
proporcionalidade, por não proteger devidamente a vida do feto 
nem impactar no número de abortos praticados no país, bem como 
direitos fundamentais da mulher. 
 
ADPF 54 (feto anencéfalo) 
 
No julgamento da ADPF 54, com fundamento na laicidade do Estado 
brasileiro, bem como em direitos fundamentais da mulher, o Supremo declarou 
inconstitucional qualquer interpretação que tipifique como aborto a interrupção 
da gravidez de feto anencéfalo. 
 
Lei 11.105/05 (pesquisa com células tronco embrionárias) 
 
Na ADI 3510/DF, o Supremo declarou constitucional a Lei 11.105/2005 (Lei 
de Biossegurança), por entender que a permissão legal para utilização de 
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células-tronco embrionárias para fins terapêuticos e de pesquisa não pode ser 
caracterizada como intervenção violadora do direito à vida. 
 
Eutanásia 
 
a) Eutanásia ativa: consiste na ação deliberada de matar, por 
exemplo, ministrando medicamento no sentido de encurtar a vida do paciente. 
 
Ainda se divide em: 
 
▪ Eutanásia ativa direta: consiste na utilização de meio eficazes para 
produzir a morte de doente terminal. 
 
▪ Eutanásia ativa indireta (ortotanásia): utiliza de tratamento com o intuito 
de aliviar a dor e o sofrimento do paciente, sabendo-se que com isso se abrevia 
a sua vida. 
 
b) Eutanásia passiva: consiste na omissão de algum tratamento que 
poderia assegurar a continuidde da vida, caso ministrado. 
 
No direito comparado e internacional já se têm casos que admitem a 
legitimidade jurídica da eutanásia passiva e da ortotanásia, sendo mais difícil de 
se admitir a prática da eutanásia ativa. 
 
Na prova de Delegado de Colícia Civil de Goiás (2018) foi 
cansiderada CORRETA a seguinte assertiva: A Constituição (CRFB) 
admite como possível a pena de morte em caso de guerra 
declarada. 
 
 
2.2- DO DIREITO À IGUALDADE 
 
Existem, na verdade, vários direitos de igualdade, e as denominações e os 
sentidos desses direitos variam bastante de autor para autor. Dentre as 
principais distinções terminológicas utilizadas, nem sempre de modo 
consensual, estão: igualdade perante a lei e igualdade na lei; igualdade de direito 
e igualdade de fato; igualdade jurídica e igualdade de fato; igualdade perante a 
lei igualdade nos direitos; igualdade das oportunidades, ou de chances ou de 
pontos de partida; igualdade como imparcialidade e igualdade distributiva. 
 
Dentre as denominações mais importantes, o STF deu destaque: 
 
Igualdade perante a lei (formal ou jurídica) 
 
É sinônimo de igualdade formal ou jurídica. Consiste na observância do 
princípio da igualdade na aplicação da lei, ou seja, é dirigida aos poderes 
responsáveis pela aplicação das leis (Executivo e Judiciário). Traz a ideia de que 
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21 
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a lei deve ser aplicada de forma isonômica a todos. 
 
Igualdade na lei 
 
Consiste na observância do princípio da igualdade tanto na aplicação 
quanto na elaboração das leis. É uma igualdade em sentido mais amplo, 
vinculando também o Poder Legislativo no momento em que elaborar o diploma 
normativo. 
 
A CF preceitua a igualdade perante a lei (Art. 5º Todos são iguais perante 
a lei, sem distinção de qualquer natureza.). Não obstante, a interpretação não 
deve ser literal. Deve ser interpretada como igualdade na lei, abrangendo 
também o Legislador. Nesse sentido, hoje o princípio da igualdade perante a lei 
é interpretado de forma a abranger também o Poder Legislativo, não tendo mais 
razão a diferença entre as duas expressões. 
 
Outra distinção feita pela doutrina se dá considerando o princípio amplo da 
igualdade, o qual pode ser subdividido em: 
 
IGUALDADE 
JURÍDICA/FORMAL 
IGUALDADE 
FÁTICA/MATERIAL 
Impõe o dever jurídico de 
igual tratamento a indivíduos, 
grupos, coisas ou situações 
pertencentes à mesma categoria 
essencial. 
Com efeito, este princípio 
advém da ideia Aristotélica de 
tratar os iguais igualmente e os 
desisguais desigulamente, na 
medida de sua desigualdade. 
Ademais, não impõe ao 
legislador o dever de tratar todos 
exatamente da mesma forma. Por 
exemplo, a instituição de imposto 
com valor idêntico poder ser 
extremamente injusta por 
equiparar contribuintes 
independentemente de sua 
condição financeira. 
Impõe o dever de 
tratamento desigual a indivíduos, 
grupos, coisas ou situações 
essencialmente desiguais. 
A exigência de igual 
respeito e consideração só é 
atendida quando se confere 
tratamento distinto para aqueles 
que são diferentes. Por exemplo, 
atribuir idênticos direitos e 
deveres a crianças, adultos e 
idosos seria tratamento desigual 
e injusto. 
Além disso, outra face 
dessa igualdade é a imposição 
aos poderes públicos do deverde 
adotar medidas concretas para a 
redução ou compensação de 
desigualdades existentes no 
plano dos fatos (principio da 
igualdade fática). 
 
Assim, o princípio da igualdade fática tende a confrontar o princípio da 
igualdade jurídica, pois a adoção de medidas voltadas à promoção da igualdade 
no plano dos fatos pressupõe desigualdade de tratamento jurídico, ao passo que 
a igualdade de tratamento pelo direito tem como consequência a manutenção 
das desigualdades de fato. Tal fenômeno é chamado por Robert Alexy de 
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PARADOXO DA IGUALDADE. 
 
Âmbito de proteção e intervenção 
 
O direito à igualdade tem um conceito aberto, sendo sua análise aferida a 
partir da comparação entre indivíduos, grupos, coisas ou situações atingidas 
pela norma. Por outro lado, a verficação da isonomia de tratamento pressupõe 
medidas com origem em comum, isto é, emanadas do mesmo órgão estatal ou 
do mesmo particular. 
 
O princípio da igualdade não exige que o legislador trate todos exatamente 
da mesma forma, mas também não permite toda e qualquer diferenciação. A 
partir dessa perspectiva, a intervenção no direito à igualdade ocorre auqnado 
se confere tratamento giual a situações essencialmente desiguais ou 
tratamento desigual a situações essencialente iguais. 
Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é legítima a 
fixação de critérios de admissão para cargos públicos, desde que justificada 
pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. Ademais, é razoável a 
utilização da idade do candidato (preferência para o mais idoso) como critério 
de desempate para fins de promoção por merecimento por ser esta qualificada 
positicamente pela própria Constituição ao adot-a-la como critério para 
solucionar os casos de empate nas votações para o cargo de Presidente da 
República (art. 77, §5º da CF). 
 
Por sua vez, a violação ao direito à igualdade pode ocorrer por ação ou 
omissão. Além disso, duas acepções se aferem desse princípio: 
 
Açepção negativa (direito 
de defesa) 
Acepção positiva (direito 
prestacional) 
A igualdade é violada 
quando são estabelecidas 
igualizações ou diferenciações 
arbitrárias, ou seja, pautados por 
critérios injustificados, odiosos, 
discriminatórios ou 
preconceituosos. 
A igualdade é ofendida nos 
casos de omissão dos poderes 
públicos e adotar medidas 
constitucionalmente adequadas à 
redução das desigualdades 
sociais ou regionais (igualdade de 
fato). 
 
Ações Afirmativas (DESPENCA EM PROVAS) 
 
As ações afirmativas consistem em políticas públicas ou programas 
privados de desenvolvidos, em regra, com caráter temporário, visando à 
redução de desigualdades decorretentes de discriminações raça, etnia) ou de 
hipossuficiência econômica (classe social) ou física (deficiência), por meio da 
concessão de algum tipo de vantagem compensatória de tais condições. São, 
portanto, medidas destinadas a promover a igualdade de fato (princípio da 
igualdade fática). 
 
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A adoção de políticas públicas positivas deve ser precedida de profunda 
análise das condições e peculiaridades locais, bem como estudo prévio sobre o 
tema, sendo que sua legitimidade dependerá da observância de determinados 
critérios, sob pena de atingir, de forma direita e indevida, o direito dos que não 
foram beneficiados por elas (discriminação reversa). 
 
Para que determinado grupo seja beneficiário legítimo da ação afirmativa, 
deve ser comprovada a impossibilidade de sua integração num futuro próximo. 
Por outro lado, a adoção de ações afirmativas, em geral, deve ter um prazo de 
duração (temporariedade), devendo tais políticas ser extintas quando atingidos 
os seus objetivos. 
 
A jurisprudência do STF reconheceu a constitucionalidade das ações 
afirmativas adotadas, com base em critérios étnico-raciais e/ou 
socioeconômicos, para a concessão de bolsas de estudo ou para ingresso em 
cursos de nível superior. (veremos no final do material) 
 
 
2.3- DO DIREITO À PRIVACIDADE 
 
Direito à intimidade, vida privada, honra e imagem 
 
Art. 5º, X da CF: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra 
e a imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 
O direito à privacidade está dividido em quatro dimensões: 
Intimidade 
Está relacionada ao modo de ser de cada pessoa, ao mundo intrapsíquico 
aliado aos setnimentos identitários próprios (autoestima, autoconfiança) e à 
sexualidade. 
Vida privada 
Abrange as relações do indivíduo com o meio social nas quais não há 
interesse público na divulgação. 
Honra 
Consite na reputação do indivíduo perante o meio social em que vive (honra 
objetiva) ou na estimação que possui de si próprio (honra subjetiva). A 
indenização por danos morais decorrentes de violação à honra deve ser 
assegurada para pessoas físicas e jurídicas (honra objetiva). 
 
Súmula 227/STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. 
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Imagem das pessoas 
Impede, prima facie, a captação e difusão da imagem da própria pessoa 
sem o seu consentimento. 
 
 
OBSERVAÇÃO 
A súmula n º 403 do STJ afirma que “independe de prova do 
prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de 
imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”. 
 
Contudo, recentemente foi veiculada notícia no site do STJ sobre 
acórdão no qual a aplicação da súmula foi afastada no caso de 
divulgação de fotografia não autorizada de uma pessoa captada 
durante uma manifestação ocorrida em local público e utilizada 
como ilustração de matéria de um jornal de grande divulgação. 
 
O STJ realizou distinguish entre a súmula e o caso concreto 
afastando a indenização por danos morais já que a fotografia não 
foi utilizada para fins econômicos ou comerciais, mas com o 
fulcro de informar a população. A súmula nº 403 do STJ continua 
válida, mas não deve ser aplicada quando a utilização da imagem 
não autorizada destinar-se a informar o grande público em 
respeito ao direito à informação e a liberdade de imprensa. 
 
 
Ademais, a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da 
imagem das pessoas não é assegurada de modo absoluto, havendo contextos 
em que a segurança ou o interesse público justificam intervenções no direito à 
privacidade. Nesse sentido, quanto importantes situações devem ser 
analisadas: 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
Interceptação ambiental 
Consiste na captação de imagem ou diálogo, feita por terceiros, sem o 
consetimento dos interlocutores. Tais gravações podem ser utilizadas como 
prova lícita quando inexistir expectativa de privacidade como, por exemplo, no 
caso de imagens captadas por câmeras de segurança. 
 
Obs.: São vedadas interceptações ambientais com violação de 
confiança decorrente de relaçãoes interpessoais ou profissionais, 
como, por exemplo, a gravação feita por terceiro de conversa 
realizada entre o advogado e o seu cliente. 
 
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Gravação clandestina 
 
A gravação é considerada clandestina quando feita diretamente por um 
dos interlocutores – ou por terceiro,com o seu consentimento – sem o 
conhecimento dos demais. 
 
Gravações clandestinas, por si só, não devem ser consideradas ilícitas, 
salvo quando violarem causa legal específica de sigilo ou reserva de 
conversação (STF). 
 
Havendo justa causa, devem ser admitidas como prova, 
independentemente de prévia autorização judicial. É o caso, por exemplo, de 
gravações feitas com a finalidade de documentar conversa para viabilizar o 
exercício do direito de defesa em juízo, ou utilizada em legítima defesa 
decorrente de investida criminosa ou, ainda para captar atos ilícitos praticados 
por agentes públicos no exercício das suas funções. 
 
Também são legítimas, por não violarem a expectativa de privacidade, 
captações audiovisuais feitas em locais públicos ou abertos ao público, como as 
realizadas por câmeras de segurança instaladas em vias públicas, em prédios 
residenciais ou em estabelecimentos comerciais. 
Quebra de sigilo de dados 
Consiste no acesso a informações privadas referentes a transações 
financeiras (dados bancários), ou prestados ao fisco por contribuintes (dados 
fiscais), ou constantes dos registros das operadoras de telefoni (dados 
telefônicos) ou, ainda, contidas em arquivos eletrônicos (dados informáticos). 
 
No caso de informações de natureza privada, a quebra do sigilo de dados 
somente pode ser determinada por autoridade judicial competente ou por 
comissão parlamentar de inquérito (federal ou estadual), não sendo admitida a 
requisição direta por membros de Tribunais de Contas nem do Ministério 
Público, sobre pena de violação do direito à privacidade. 
 
Por seu turno, devido aos princípios da publicidade e transparência dos 
dados bancários relativos aos recursos públicos, o PARQUET é legitimado a 
requisitar dados de transações bancárias subsidiadas pelo erário público feita 
pelo Banco do Brasil. 
 
Além disso, os dispositivos da LC 105/2001 que autorizam o fornecimento 
de informações sobre movimentações bancária de contribuintes, pelas 
instituições financeiras, diretamente ao Fisco, sem prévia autorização judicial, 
foram declarados constitucionais pelo Supremo. Na ocasião, não se considerou 
como quebra de sigilo o traslado das informações da esfera bancária para a 
fiscal, tendo em vista a busca da transparência na esfera tributária. 
 
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Interceptação das comunicações 
 
É prevista no art. 5º XII da CF e Consiste na intromissão ou interrupção de 
uma comunicação feita por uma terceira pessoa sem o conhecimento de ao 
menos um dos interlocutores. Além disso, é regulada pela Lei 9296/96, devendo 
respeitar os requisitos legais para que seja deferida. 
 
Modalidades de interceptação 
 
▪ Correspondência: O Estado de Defesa (art. 136, § 1º, I, “b”) e Estado de 
Sítio (art. 139) são hipóteses constitucionais de restrição ao sigilo de 
correspondência. Além disso, a legislação infraconstitucional representada pelo 
art. 41, parágrafo único da LEP assegura que o diretor do presídio pode restringir 
a inviolabilidade de correspondência do preso quando haja suspeita de ameaça 
à segurança pública. 
 
▪ Dados: Os dados protegidos pelo inciso XII, são apenas os dados 
informáticos. No MS 21.729, o Ministro Sepúlveda Pertence adotou o 
entendimento de que o dispositivo protege não os dados em si, mas apenas a 
sua comunicação. Adotou-se uma teoria interna para restringir o âmbito de 
incidência (só alcança a comunicação) desse direito para não entrar em colisão 
com outros. 
 
▪ Telefônicas: Abrangem também mensagens transmitidas por e-mail, 
SMS, Whattsap. 
 
A Constituição Federal estabeleve três requisitos para a quebra: 
a) ordem judicial; 
b) Lei; 
c) instrução para fins criminais. 
 
O art. 2º da Lei 9296/96, em uma leitura a contrario senso, estabelece que 
para que haja a interceptação deve o crime se punido com no mínimo pena de 
reclusão, quando a prova não puder ser produzida por outros meios, e que haja 
indícios suficientes de autoria. 
 
▪ Telegráficas. 
 
Na prova de Delegado PC-GO (2018) foi considerada correta a 
seguinte afirmação: O sigilo bancário pode ser levantado 
independentemente de autorização judicial, mas de forma 
devidamente regulamentada, pela Receita Federal, pelo Fisco 
Estadual e pela CPI federal, estadual ou distrital. 
 
 
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Inviolabilidade de Domicílio 
 
Art. 5º XI, da CF: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, 
ou, durante o dia, por determinação judicial.” 
 
Para fins de proteção constitucional, o conceito jurídico de casa deve ser 
compreendido de forma ampla, a fim de abranger não apenas a moradia, mas 
qualquer espaço habitado e, em determinadas hipóteses, locais onde exercicdas 
atividades de índole profissional com exclusão de terceiros, tais como 
escritórios, consultórios, estabelecimentos industriais e comerciais (em áreas 
de acesso restrito ao públcio ou após o encerramento das atividades). 
 
No caso de veículos automotores, apenas quando destinados à habitação 
do indivíduo devem ser observados os requisitos constitucionais referentes ao 
domicílio. Do contrário, a apreensão de objetos e documentos em seu interior é 
equiparada à busca pessoal, dispensada autorização judicial quando houver 
fundada suspeita de nele estarem oculados elementos necessários à elucidação 
dos fatos investigados. 
 
Os casos em que há restrição ao princípio da inviolabilidade de domicílio 
estão previstas na Constituição Federal, os quais se dão nas hipóteses de 
flagrante em delito, desastre, para prestar socorro ou por determinação judicial, 
além dos casos de Estado de Sítio. 
 
Assim, pela redação literal do dispositivo, só se pode entrar na casa de 
alguém, sem o consentimento do morador, nas seguintes hipóteses: 
 
Durante o DIA Durante a NOITE 
• Em caso de flagrante delito; 
• Em caso de desastre; 
• Para prestar socorro; 
• Para cumprir determinação 
judicial (ex: busca e apreensão; 
cumprimento de prisão 
preventiva). 
• Em caso de flagrante delito; 
• Em caso de desastre; 
• Para prestar socorro. 
 
Na prova de Delegado PC-GO (2018) foi considerada correta a 
seguinte afirmação: A polícia pode entrar em domicílio à noite sem 
o consentimento do morador, segundo a Constituição (CRFB), o 
Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça 
(STJ), se fundadas razões, formalmente justificadas a posteriori, 
indicarem a ocorrência de crime permanente. 
 
 
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1.4. DO DIREITO À LIBERDADE 
 
Liberdade de manifestação de pensamento 
 
Art. 5º IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado 
o anonimato; 
 V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, 
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou 
licença; 
 
A liberdade de manifestação do pensamento consiste no direito de 
exprimir e divulgar livremente o seu pensamento. É o direito de não ser 
imprimido de exprimir-se. Ao titular da liberdade de expressão é conferido o 
poder de agir, pelo qual contará com a abstenção ou com a não interferência de 
quem quer que seja no exercício do seu direito. 
 
A manifestação do pensamento é assegurada independentemente de 
licença, sendo vedada expressamente qualquer espéciede censura (art. 5, XI da 
CF). Tal liberdade é dirigida, sobretudo, ao Estado, impedindo-o de de impor 
sanções para o que rejeita opiniões amplamente aceitas ou de censurar 
discursos não aprovados pelo governo. 
 
O Supremo Tribunal Federal conferiu interpretação conforme aos artigos 
20 e 21 do Código Civil, no sentido de considerar inexigível o consentimento de 
pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, 
sendo igualmente desnecessária a autorização de pessoas retratadas como 
coadjuvante ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes. 
 
As restrições à liberdade de manifestação de pensamento se referem à 
vedação ao anonimato (art. 5º, IV, da CF), ao direito de resposta e 
responsabilização civil e penal (art. 5º, V) e ao direito à privacidade de terceiros 
(art. 5º X da CF). 
 
A veiculação de matéria jornalística informando a investigação 
de determinada pessoa gera direito à indenização? Segundo o 
STJ, em regra, o jornal não tem o dever de indenizar a pessoa 
noticiada como investigada, ainda que ela venha a ser absolvida 
no processo criminal. Nos termos do REsp 1297567-RJ, para que 
haja a responsabilização da imprensa pelos fatos por ela 
noticiados é necessário que exista prova de que o agente 
divulgador conhecia ou poderia conhecer a falsidade da 
informação divulgada. A mera divulgação de informação não se 
mostra apta a ensejar o abuso do direito de informação. 
 
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Liberdade de consciência, de crença e de culto 
 
Art. 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas 
liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência 
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; 
 
Liberdade de consciência 
 
Consiste na adesão a certos valores morais e espirituais, independentes 
de qualquer aspecto religioso, podendo se determinar no sentido de crer em 
conceitos sobrenaturais propostos por alguma religião ou revelação (teísmo), 
de acreditar na existência de um Deus, mas rejeitar qualquer espécie de 
revelação divina (deísmo) ou, ainda, de não ter crença em Deus algum (ateísmo). 
 
Liberdade de crença 
 
Essa liberdade está abrangida pela liberdade de consciência, inclusive 
sendo garantida em entidades civis e militares de internação coletiva, nas quais 
a Constituição assegura a prestação de assistência religiosa (art. 5º, VII da CF). 
 
Liberdade de culto 
 
É uma das formas da liberdade de crença, podendo ser exercida em locais 
abertos ao público, desde que observados certos limites, ou em templos, aos 
quais foi assegurada a imunidade fiscal (art. 150, VI, “b” da CF). 
 
 
Objeção de consciência (escusa de consciência ou imperativo de 
consciência) 
 
Art. 5º, VIII - VIII - ninguém será privado de direitos por motivo 
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo 
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta 
e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
 
Para que a objeção de consciência seja considerada legítima, deve se 
basear em convicções seriamente arraigadas no indivíduo, de tal sorte que, se 
o indivíduo atendesse ao comando normativo, sofreria grave tormento moral. 
Oberve-se que a atitude de insubmissão não decorre de um capricho, nem de 
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um interesse mesquinho. 
Mesmo nos casos de obrigação legal a todos imposta, a Constituição prevê 
possibilidade de cumprimento de prestação alternativa fixada em lei (art. 5º, 
VIII). A prestação alternativa não possui cunho sancionatório, mas, em caso de 
recusa ao seu cumprimento, a Constituição prevê a imposição de uma pena 
restritiva de direitos: a suspensão de direitos políticos (art. 15, IV da CF). 
 
Liberdade religiosa e dever de neutralidade do Estado 
 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, 
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus 
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, 
na forma da lei, a colaboração de interesse público; 
 
A laicidade protege o Estado da influência das religiões, mesmo daquela 
majoritária, impondo uma separação entre a autoridade secular e a religiosa. 
Por outro lado, a laicidade exige uma postura estatal neutra e independente em 
relação a todas as concepções religiosas, respeitando-se o pluralismo existente 
na sociedade. 
A laicidade não tem a prerrogativa de interferir nas questões internas das 
religiões, valores professados, a forma de professá-los ou organização social. 
Com efeito, a laicidade representa garantia à liberdade religiosa. 
 
Liberdade de exercício profissional 
 
Art. 5º, XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer; 
 
A escolha do trabalho é uma das expressões fundamentais da liberdade 
humana. Seus fundamentos são: de um lado, o princípio da livre-iniciativa, que 
conduz necessariamente à livre escolha do trabalho; de outro, a própria 
condição humana, cumprindo ao homem dar sentido a sua existência. 
O Supremo Tribunal Federal considerou a exigência legal do diploma de 
curso superior de jornalismo para o exercício da profissão uma intervenção 
violadora da liberdade jornalística. 
O art. 5º, XIII, estabelece norma de eficácia contida quando determina que 
sejam atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Trata-se 
de uma reserva legal qualificada. O vetor interpretativo utilizado pelo STF na 
verificação da legalidade das leis regulamentadoras do exercício profissional é 
o risco trazido à coletividade. 
 
No concurso para o cargo de Delegado de Polícia Civil do Pará 
(2013) foi consiferada correta a seguinte assertiva: É livre o 
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que 
atendidas as qualificações estabelecidas na forma da lei. 
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Liberdade de informação 
 
Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo 
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão 
e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não 
sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta 
Constituição. 
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir 
embaraço à plena liberdade de informação jornalística em 
qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto 
no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. 
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, 
ideológica e artística. 
 
Na prova para Delegado de Polícia Federal (2018) foi considerada 
correta a seguinte assertiva: De acordo com o STF, é 
inconstitucional proibir que emissoras de rádio e TV difundam 
áudios ou vídeos que ridicularizem candidato ou partido político 
durante o período eleitoral. 
 
O STF entende que são inconstitucionais quaisquer leis ou atos normativos

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