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Recuperação Judicial e Falência - Parte 8 (Crimes Falimentares)

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CRIMES FALIMENTARES
Introdução:
Tanto o procedimento de falência como o de recuperação judicial envolvem a apuração de eventuais ilícitos penais ocorridos antes ou depois da sentença que decreta a falência.
Para efeitos penais decorrentes da Lei, o legislador equiparou ao devedor ou falido os sócios, diretores, gerentes, administradores, conselheiros da sociedade em recuperação judicial ou extrajudicial ou em falência, além do administrador judicial.
O vínculo com a empresa não precisa ser de direito, poderá ser de fato.
Previsão legal:
Artigos 168 a 188 da LRE
Juízo competente:
Juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial.
PROCEDIMENTO CRIMINAL:
Inquérito judicial:
Procedimento inquisitivo.
Tem por finalidade apurar a autoria de eventual crime falimentar, a fim de que seja proposta denúncia.
São apenas coletados elementos para a propositura da ação penal.
Instaurado a requerimento do representante do Ministério Público.
Não é obrigatório.
O MP poderá promover a ação penal sem a realização do inquérito.
Ação falimentar:
Pública incondicionada
O MP, exclusivamente, deverá oferecer denúncia.
Somente nos casos em que o MP ficar inerte, o credor habilitado ou o administrador judicial poderão oferecer ação privada subsidiária da pública.
O MP deverá oferecer denúncia no prazo de 5 dias, se o réu estiver preso, e de 15 dias, caso o réu esteja solto ou afiançado.
Andamento processual:
Recebida a denúncia, deverá ser seguido o rito previsto no procedimento sumário, tratado nos arts. 531 a 540 do CPP.
Estão expressamente revogados os artigos 503 a 513 do CPP.
Nos termos do artigo 180 da LRE, a sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial é condição objetiva de punibilidade das infrações penais falimentares.
Sem sentença não pode haver condenação por crime falimentar.
Efeitos da condenação:
O condenado por crime falimentar poderá ser:
Inabilitado para o exercício de atividade empresarial (181, I).
Impedido de exercer cargo ou função em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas à Lei.
Impossibilitado de gerir empresa ou gestão de negócio.
Tais efeitos não são automáticos à condenação.
O juiz terá de indicá-los, motivadamente, na sentença.
Durarão por cinco anos, podendo cessar antes pela reabilitação penal (181, §1º).
CRIMES EM ESPÉCIES:
- Fraude a credores – art. 168:
Prática de atos fraudulentos, antes ou depois da sentença que decretar a falência ou conceder a recuperação judicial, de que resulte ou possa resultar prejuízo a credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou para outrem.
Sujeito ativo: devedor ou quem o represente
Sujeito passivo: administração da justiça e credores
Pena: reclusão, de 3 a 6 anos e multa
Aumento de pena:
Caso o devedor tenha movimentado recursos ou valores paralelamente à contabilidade, a pena poderá ser aumentada de um terço até a metade.
Contadores, técnicos contábeis, auditores e outros profissionais que, de qualquer modo, concorreram para a ocorrência de fraude contra credores também serão responsabilizados e incorrerão nas mesmas penas.
Tratando-se de ME ou EPP, e não sendo constatada a habitualidade, poderá o juiz reduzir a pena, ou substituí-la pelas penas restritivas de direitos, perda de bens e valores ou pelas de prestação de serviços à comunidade ou a entidades pública.
- Violação de sigilo empresarial – art. 169:
Exploração, violação ou divulgação, sem justa causa, de sigilo empresarial ou dados confidenciais sobre operações ou serviços que conduzam o devedor a estado de inviabilidade econômica ou financeira.
Sujeito ativo: qualquer pessoa que viola, explora ou divulga segredo sobre operações ou serviços 
Sujeito passivo: o falido
Pena: reclusão, de 2 a 4 anos e multa
- Divulgação de informações falsas – art. 170:
Divulgar ou propalar, por qualquer meio, informações falsas sobre devedor em recuperação judicial com o fim de levá-lo à falência ou de obter vantagem.
Sujeito ativo: qualquer pessoa que divulga ou propala informação falsa sobre devedor em recuperação judicial
Sujeito passivo: o devedor
Pena: reclusão, de 2 a 4 anos e multa
- Indução a erro – art. 171:
Sonegação ou omissão de informações no processo de falência ou recuperação judicial, ou prestação de informações falsas com o fim de induzir a erro (juiz, MP, comitê, administrador judicial).
Sujeito ativo: qualquer pessoa que sonega, omite ou presta informações falsas
Sujeito passivo: a administração da justiça
Pena: reclusão, de 2 a 4 anos e multa
- Favorecimento a credores – art. 172:
Prática de atos de disposição ou oneração patrimonial ou geradores de obrigações que favoreçam um ou mais credores em detrimento dos demais.
Sujeito ativo: aquele que pratica, antes ou depois da sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou homologa o plano de recuperação judicial, ato de transferência patrimonial ou de oneração de patrimônio, além de credores que, em conluio com o devedor, possam se beneficiar do ato.
Sujeito passivo: credores prejudicados
Pena: reclusão, de 2 a 5 anos e multa
- Desvio, ocultação ou apropriação de bens – art. 173:
Apropriação, desvio ou ocultação de bens pertencentes à massa falida ou ao devedor sob recuperação judicial.
Sujeito ativo: quem se apropria, desvia ou oculta bens do devedor
Sujeito passivo: administração da Justiça e credores prejudicados
Pena: reclusão, de 2 a 4 anos e multa
- Aquisição, recebimento ou uso ilegal de bens – art. 174:
Receber, adquirir ou usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer à massa falida.
Comete o mesmo crime quem induz terceiro de boa-fé a adquirir os bens nas mesmas condições.
Sujeito ativo: aquele que, sabendo que o bem pertence à massa, o adquire ou usa, ou aquele que influencia terceiro a fazê-lo.
Sujeito passivo: a administração da Justiça.
Pena: reclusão, de 2 a 4 anos e multa.
- Habilitação ilegal de crédito – art. 175:
Apresentar em falência ou recuperação judicial habilitação de crédito falsa.
Sujeito ativo: aquele que apresenta relação de créditos, habilitação ou reclamação falsos.
Sujeito passivo: a administração da Justiça
Pena: reclusão, de 2 a 4 anos, e multa
- Exercício ilegal de atividade – art. 176:
A sentença que decreta a condenação por crime falimentar enseja ao condenado a inabilitação para o exercício de atividade empresarial.
Se o inabilitado contraria decisão judicial e exerce atividade para a qual foi impedido, está cometendo crime falimentar.
Sujeito ativo: aquele que tendo sido declarado inabilitado ou incapacitado, continua a exercer a atividade.
Sujeito passivo: a administração da Justiça
Pena: reclusão, de 1 a 4 anos e multa
- Violação de impedimento – art. 177:
Adquirir, por si ou por interposta pessoa, bens da massa falida ou de devedor em recuperação judicial.
Sujeito ativo: juiz, representante do MP, administrador judicial, perito, avaliador, escrivão, oficial de justiça ou leiloeiro
Sujeito passivo: a administração da Justiça
Pena: reclusão, de 2 a 4 anos e multa
- Omissão de documentos contábeis obrigatórios – art. 178:
Deixar de elaborar escrituração ou autenticação, antes ou depois da sentença que decretar a falência ou a recuperação judicial, documentos de escrituração contábil obrigatórios.
Sujeito ativo: o devedor
Sujeito passivo: a administração da Justiça
Pena: detenção, de 1 a 2 anos e multa
EFEITOS DA CONDENAÇÃO:
Interdição das atividades empresariais do condenado.
Impedimento para exercício de cargo na administração de sociedades empresárias.
Impossibilidade de gerir empresa por mandato ou gestão de negócios.
Perdurarão por cinco anos após a extinção da punibilidade.
Transitada em julgado a condenação, o Registro Público de Empresas será notificado.
REABILITAÇÃO DO FALIDO:
Só será possível se o falido provar o decurso do prazo de dois anos, contados do dia em que foi extinta a pena e comprovar a extinção
das obrigações assumidas.
PRESCRIÇÃO DOS CRIMES FALIMENTARES – art. 109 do CP:
20 anos, se o máximo da pena é superior a 12.
16 anos, se o máximo da pena é superior a 8 anos e não excede a 12 anos.
12 anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a 8.
8 anos, se o máximo da pena é superior a 2 anos e não excede a 4 anos.
4 anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a 2 anos.
2 anos, se o máximo da pena é inferior a 1 ano.
Começa a contar do dia em que o crime se consumou, ou no caso de tentativa, no dia em que cessou a atividade criminosa.

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