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Biofísica Sistema Circulatório

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Emmanuelle Valim – Turma 143 – Módulo 3
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Biofísica
Física da circulação
FUNÇÕES DO SISTEMA CARDIOVASCULAR
Transporte de gases, nutritentes e metabólitos
Transporte de água e eletrólitos
Transporte de prótons
Transporte de calor
Transporte de hormônios
Transporte de células
Transporte de substâncias imunológicas
COMPOSIÇÃO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR
Vasos sanguíneos – de distribuição e coleta
Coração – bomba que proporciona a movimentação do sangue e de todas as substâncias a serem transportadas.
OBS: 
Sua estrutura é essencial para que suas funções sejam desempenhadas de forma eficiente.
A maior parte das doenças cardiovasculares envolvem alterações na estrutura do sistema, em especial do coração. Ex: Doença de Chagas – perda do formato elíptico do coração.
O CORAÇÃO
Função
O coração é capaz de fazer um ciclo cardíaco (uma vez que suas ações são repetitivas), gerando um débito cardíaco, que é a quantidade de sangue que o coração ejeta de sangue por minuto. Sua função é a geração do débito cardíaco, um valor que mede o volume de sangue ejetado a cada minuto, calculado por meio do produto entre a frequência cardíaca (número de ciclos cardíacos) e o volume sistólico (volume que o ventrículo ejeta). DC = VS x FC
Localização
Localiza-se no mediastino médio e repousa sobre o diafragma
Estrutura
É recoberto por uma membrana serosa, o pericárdio, que tem a função de protegê-lo do atrito gerado pelas contrações e de melhorar a eficiência, reduzindo a dissipação de energia em forma de calor. Além disso, apresenta bastante gordura ao seu redor para absorver o impacto.
Apresenta, internamente, válvulas que separam suas cavidades e têm função de manter o fluxo unidirecional. São elas:
Mitral – entre o átrio e ventrículo esquerdo
Tricúspide – entre o átrio e ventrículo direito
Pulmonar – entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar
Aórtica – entre o ventrículo esquerdo e a artéria aorta
O coração possui um ápice (localizado em baixo) e uma base. Seu formato é elíptico, o que é fundamental para o desempenho da sua função.
Suas fibras musculares são muito específicas, e a maneira como elas são dispostas é fundamental para que o coração exerça sua função de aproximar o ápice da base durante a contração, empurrando o sangue, assim, para as artérias.
FLUXO SANGUÍNEO
O fluxo sanguíneo é definido como o volume de sangue que passa em um determinado ponto da circulação, em um dado intervalo de tempo.
O débito cardíaco é controlado, principalmente, pelo fluxo sanguíneo local, de acordo com a necessidade metabólica momentânea dos órgãos e tecidos. Essa regulação é fundamental porque o coração não é capaz de se manter gerando débito cardíaco suficiente para atender às demandas máximas do organismo inteiro de uma vez só o tempo todo. No caso de uma infecção generalizada, septicemia, todo o corpo precisa de um maior aporte de sangue (já que uma infecção precisa que cheguem mais células de defesa para que seja combatida). Com isso, o paciente apresenta uma vasodilatação generalizada, reduzindo muito a pressão sanguínea e impedindo a chegada eficiente de sangue a todos os locais do corpo.
Lei de Ohm
Lei que determina o fluxo sanguíneo. Na física, diz que a diferença de potencial elétrico é igual ao produto entre a resistência e o fluxo de elétrons. Na hemodinâmica, essa lei se relaciona à diferença de pressão entre dois pontos de um vaso sanguíneo, que será dada pelo produto entre a resistência do vaso e o fluxo de sangue que passa sobre ele. 
 		
		P = R x Q
Assim, conclui-se que para haver fluxo sanguíneo é preciso haver diferença de pressão.
Além disso, o fluxo sanguíneo se relaciona diretamente com a diferença de pressão dos dois lados do sistema e com o raio do vaso à quarta potência; ao mesmo tempo, é inversamente proporcional ao tamanho do tubo e à viscosidade do sangue. Assim, a fórmula desse fluxo é dada por:
Substituindo a diferença de pressão pela fórmula da lei de Ohm, tem-se uma fórmula para calcular a resistência dos vasos sanguíneos.
Por meio dessa fórmula é possível perceber que qualquer alteração no raio altera em 16 vezes a resistência do vaso sanguíneo à passagem de sangue. Uma diminuição desse raio, por exemplo, aumentaria muito a resistência, aumentando também a pressão e diminuindo o fluxo, o que poderia levar à hipóxia tecidual. Por isso as obstruções arteriais são tão preocupantes.
Analogia com o circuito elétrico
Órgãos encontram-se organizados em paralelo. Porque é necessário que eles possuam uma diferença de pressão igual ou parecida. Assim, quando um órgão estiver sendo mais requisitado, haverá uma vasodilatação local, o que reduz a resistência dos vasos e permite que o fluxo sanguíneo seja maior na área. Ao contrário, quando um órgão estiver com uma baixa atividade metabólica, os vasos locais se contraem, a resistência aumenta e o fluxo sanguíneo diminui.
As arteríolas são o ponto de maior resistência do sistema cardiovascular, pois é nesse ponto que há a maior queda de pressão. Isso ocorre devido à presença dos esfíncteres pré-capilares, que ficam entre as arteríolas e os capilares. Esses esfíncteres são anéis compostos de músculo liso que, ao se contraírem ou relaxarem, regulam o diâmetro das arteríolas. São eles que permitem um controle regional da circulação.
Depois de passarem pelas arteríolas, a pressão do sangue continua baixa, até que o sangue retorne ao coração. Ele ganha um novo impulso quando é bombeado, pelo ventrículo direito, para os pulmões. No entanto, a pressão que ele adquire é muito menor do que a transmitida pelo ventrículo esquerdo. Antes das arteríolas a pressão é alta e depois é baixa.
Velocidade do fluxo sanguíneo
É dada pelo fluxo sanguíneo dividio pela área de secção transversa do ponto pelo qual ele está passando. 
Nos capilares – os capilares, isoladamente, são muito finos. Porém, quando se consideram todos os capilares que irrigam um órgão ou tecido, observa-se que a área de secção transversa é muito grande. Dessa forma, quando o sangue passa por eles, a velocidade do fluxo é muito pequena, bem como a pressão.
Energias que atuam no vaso sanguíneo
Energia cinética – gerada pelo coração ao ejetar sangue com velocidade, promovendo o fluxo sanguíneo. Atuando contra essa energia, tem-se uma energia dissipativa, a força de atrito, gerada pelas paredes do vaso.
Energia potencial elástica – A energia cinética, porém, não é totalmente dissipada pelo atrito. Isso ocorre porque, quando o ventrículo esquerdo contrai e bombeia o sangue, uma parte da energia da contração fica acumulada, em forma de energia potencial elástica, nas paredes da artéria aorta, que se distendem devido à pressão sanguínea. Quando as paredes desse vaso retornam à posição inicial, essa energia potencial elástica também é convertida em energia cinética e contribui para a continuidade do fluxo sanguíneo, até que haja uma nova contração ventricular. Em pessoas idosas, a elasticidade das artérias diminui, então a energia potencial acumulada é menor. Por isso há menos força para bombear o sangue para as extremidades, então mãos e pés tendem a ser mais frios.
Energia potencial gravitacional 
Cálculo final da energia existente dentro do vaso sanguíneo: E = PV + µgh + ½ mv2 + µcfL
Mecânica Cardíaca 
Maneira como o coração trabalha.
CORAÇÃO
É uma bomba aspiro premente, isto é, ele tanto aspira o sangue para lançar para a circulação pulmonar quanto impulsiona o sangue para a circulação sistêmica.
Composição
O coração é composto por 4 câmaras, sendo elas:
2 átrios – também chamados de vestíbulos ventriculares, contraem mais fracamente
2 ventrículos – contraem mais fortemente, fornecendo a força principal para jogar o sangue para os pulmões (ventrículo direito) e para o corpo todo (ventrículo esquerdo). O ventrículo esquerdo, por sua vez, possui a parede muscular mais hipertrofiada que o direito, já que o esquerdo precisa de uma força maior para lançar o sangue para todo o corpo e ainda voltar para o coração.
CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA
O sangue venoso vem da cabeça e dos membros superiores por meio da veia cava superior e o sangue proveniente dos membros inferiores chega por meio da veia cava inferior. As veias cavas superior e inferior desembocam no coração através do átrio direito.
Ao chegar no átrio direito, o sangue passa pela válvula tricúspide (que separa o átrio e ventrículo direitos), desembocando no ventrículo direito, onde será direcionado para o pulmão, para ocorrer hematose, por meio da artéria pulmonar (carregando sangue venoso). Depois da hematose no pulmão, o sangue é direcionado para o átrio esquerdo por meio da veia pulmonar (que está carregando sangue arterial). Ao chegar no átrio esquerdo, passa pela válvula mitral (ou bicúspide, que divide o átrio e ventrículo esquerdos), desembocando no ventrículo esquerdo. O ventrículo esquerdo vai impulsionar o sangue para todo o corpo por meio da artéria aorta, que possui o ramo ascendente (que vasculariza a cabeça e os membros superiores), ramo transverso ou arco aórtico e o ramo descendente (que vasculariza o tórax e o membro inferior).
As artérias (aorta e pulmonar) possuem, também, válvulas, chamadas de sigmoides ou semilunares. 
CICLO CARDÍACO
Conjunto de eventos que ocorrem, no coração, entre uma contração e outra. 
Ele se inicia com a geração espontânea de um potencial de ação no nodo sinusal ou nó sinoatrial (que se localiza na parede ântero-posterior do átrio direito) que se propaga rapidamente, atingindo o nodo atrioventricular. Esse estímulo vai caminhar pelo septo intraventricular por meio do Feixe de His, que se ramifica em direito e esquerdo. Depois disso, o estímulo chega às regiões mais baixas dos ventrículos por meio das Fibras de Purkinje.
O potencial de ação caminha pela membrana plasmática das células musculares cardíacas, ocorrendo uma mudança de permeabilidade delas e possibilitando o trânsito de íons para dentro e para fora da célula através da membrana. Dessa forma, surge correntes elétricas. Esse estímulo elétrico, iniciado devido ao potencial de ação, vai passar na superfície das células e chegar ao nível das cisternas de cálcio, fazendo, então, com que acha a liberação de cálcio e possa ocorrer a contração muscular cardíaca. Dessa forma, o resultado do potencial de ação é a geração de uma corrente elétrica que vai ser responsável por liberar cálcio e desencadear a contração miocárdica.
Características
O Ciclo cardíaco é composto por um momento de contração, sístole, e por um momento de relaxamento, diástole.
O potencial de ação provoca despolarização e depois a repolarização. Enquanto não houver a repolarização, as células não são capazes de reconhecer outro estímulo.
As células pelas quais o potencial se propaga (nodo sinusal, nodo atrioventricular, Feixe de His e Fibras de Purkinje) fazem parte de um sistema específico denominado autoexcitatório e condutor. Todas essas células são capazes de gerar e conduzir estímulos, porém, fazem isso com frequências diferentes.
O nodo sinusal é o que possui a maior frequência, cerca de 80 impulsos por minuto. Já o atrioventricular gera estímulos em menores frequências, cerca de 60 impulsos por minuto. O nodo sinusal, por isso, comanda o ritmo das contrações cardíacas, sendo considerado, portanto, um marca-passo. Esse nodo pode aumentar ou diminuir sua frequência caso seja estimulado pelo sistema nervoso autônomo simpático ou parassimpático.
Se houver algum problema no nodo sinusal, os impulsos passam a ser gerados pela estrutura que gera potenciais com a segunda maior frequência. Isso pode não ser fatal, mas faz com que a frequência cardíaca fique muito reduzida, tanto pela menor velocidade de geração de impulsos quanto pelo fato de as outras estruturas bioeletrogênicas não terem uma regulação pelo sistema nervoso autônomo. Desse modo, a qualidade de vida do paciente fica muito prejudicada, já que haverá uma menor capacidade de oxigenação, então se coloca um marca-passo eletrônico subcutâneo. No entanto, esse marca-passo eletrônico não pode ser modulado pelo sistema nervoso, e, com isso, a frequência cardíaca vai ser fixa, o que pode levar a limitações no desempenho de atividades físicas e afins.
O retardo na passagem do estímulo do átrio para o ventrículo é de mais ou menos 1 décimo de segundo. Esse retardo é feito pelo nodo atrioventricular e propicia que o átrio bata antes dos ventrículos, fazendo com que possa haver, por esse motivo, um enchimento mais eficiente dos ventrículos, aumentando a força de contração cardíaca. Caso não houvesse esse retardo desempenhado pelo nodo AV, o ventrículo não seria capaz de se encher todo, mandando uma quantidade ineficiente de sangue para o corpo. Portanto, esse retardo da passagem do estímulo do átrio para o ventrículo, comandado pelo nodo AV, é essencial para o enchimento correto dos ventrículos, tendo uma contração e uma circulação mais completa.
Maneiras de estudar o ciclo cardíaco
Pletismografia – feito apenas em espécies inferiores, ocorre por meio da análise das variações dos volumes ventriculares: se os ventrículos estão vazios, o coração está em fase de sístole; se estão cheios, diástole. Para que isso seja analisado, o ventrículo é envolvido por uma câmara cilíndrica, conectada a um registrador de tambor. Quando há uma diástole, a câmara se expande e passa ar para o registrador de tambor, gerando uma onda que é captada. As características dessa onda são o alvo de análise para o estudo do ciclo.
Ausculta cardíaca – modo mais comum de se estudar o ciclo em seres humanos, é realizada por meio do estetoscópio. Esse instrumento capta os ruídos sonoros produzidos pelo coração, durante a sua movimentação, e permite a análise desses ruídos (altura, intensidade, timbre, duração, ritmo). O padrão dos ruídos ouvidos é comparado ao padrão de normalidade pré-estabelecido. 
Fonocardiograma – registro gráfico dos ruídos cardíacos. Um aparelho capta esses ruídos e os transforma em vibrações em um gráfico. Permite analisar a altura, o tempo e o intervalo de duração.
Eletrocardiograma – exame que se baseia na atividade elétrica do coração. Estuda-se a passagem do potencial de ação pelas membranas da célula cardíaca, uma vez que parte da corrente elétrica gerada por esse potencial de ação chega na superfície da pele, passível, portanto, de ser captada por esse exame. Há, no eletrocardiograma, o traçado de várias ondas, sendo que as ondas para cima da linha de base representam um potencial positivo e as ondas para baixa da linha de base representam um potencial negativo. A primeira onda é a onda P, que representa a despolarização do átrio. A segunda onda, que é o complexo QRS, representa a despolarização dos ventrículos, que ocorre ao mesmo tempo que ocorre a repolarização átrios, mas essa repolarização dos átrios não é mostrada no eletrocardiograma (a despolarização fracionada é devido à grande massa ventricular). A terceira onda é a onda T, que representa a repolarização ventricular. As ondas mais arredondadas representam potenciais pequenos e as ondas mais apiculadas representam potencias maiores. O eletrocardiograma não é um exame preventivo, uma vez que ele mostra a situação do indivíduo naquele momento. Entretanto, esse exame pode mostrar que aconteceu algum dano no coração, deixando alguma marca, como infartos, que é a morte e a necrose de células cardíacas, fazendo com que elas não possam mais transmitir o potencial de ação, fazendo com que ele tenha que sofrer um desvio que pode ser visto no eletrocardiograma.
Ecocardiograma – exame que se baseia no bombardeamento do coração com feixes ultrassônicos. Uma parte desses feixes é absorvida pelo órgão e outra parte retorna para o aparelho, de modo a se obter imagens da massa cardíaca e seus movimentos. A variação do ecocardiograma que usa o efeito Doppler (eco Doppler) permite também a visualização e análise do fluxo sanguíneo dentro do coração, pois os feixes emitidos por ele atingem as hemácias em movimento.
Cintilografia cardíaca – exame mais sofisticado, porém
menos utilizado, pois utiliza substâncias radioativas. Ele se baseia na injeção de uma solução com radioisótopos que, quando passam pelo coração, são absorvidos pelas células cardíacas. O paciente então é levado a uma câmara que capta e mede a radiação liberada, em função da absorção desse elemento. Essas medidas são registradas em imagens, que serão analisadas.
Cateterismo cardíaco – último exame a ser feito, pois é o que apresenta os maiores efeitos colaterais e as maiores dificuldades para a realização. Ele consiste na introdução de um cateter no sistema circulatório, que pode ser visto por meio de um raio X e que tem uma das extremidades ligadas a um manômetro, permitindo, assim, medir a pressão. Além disso, podem ser introduzidas, pelo cateter, substâncias contrastantes, que permitam uma visualização dos vasos (arteriografia) e de possíveis obstruções. O cateterismo também pode ser utilizado não como um exame, mas como um tratamento. Nesses casos, usa-se o cateter para se colocar um stent (prótese capaz de se dilatar) em áreas obstruídas de vasos sanguíneos. Se a obstrução do vaso for completa, o stent não é suficiente e deve ser feita uma cirurgia de revascularização.
Fases do ciclo cardíaco
Sístole
- Contração isovolúmica
- Ejeção rápida
- Ejeção lenta
Diástole
- Relaxamento isovolúmico
- Enchimento rápido ventricular
- Enchimento lento ventricular
- Sístole atrial
Analisando o ciclo:
No final da sístole, um grande volume de sangue é expelido dos ventrículos, o que leva a uma abrupta e acentuada queda de pressão nessas cavidades. Nesse momento, os átrios estão se enchendo de sangue, pois o sangue está se movimentando, e as válvulas atrioventriculares estão fechadas. Quando os átrios estão cheios de sangue, a pressão nessas cavidades fica muito maior do que a pressão nos ventrículos, que acabaram de se contrair. A diferença de pressão faz com que as válvulas se abram, e os ventrículos rapidamente se enchem de sangue. Essa é a fase de enchimento rápido ventricular (1/3 da diástole). Depois disso, as válvulas atrioventriculares continuam abertas, então o sangue que continua chegando ao coração facilmente passa do átrio para o ventrículo, porém com uma velocidade muito menor. Essa fase é denominada de enchimento lento ventricular (outro 1/3 da diástole). Por fim, é produzido um novo estímulo elétrico no nodo sinusal, os átrios se contraem e o enchimento ventricular se completa (completando a diástole, mais 1/3). Essa fase é a sístole atrial e, após a sua ocorrência, a pressão nos ventrículos se eleva. A dos átrios, ao contrário, diminui, pois eles foram esvaziados pela contração. O que impede que essa diferença de pressão leve ao retorno do sangue para os átrios é o fechamento das válvulas atrioventriculares. Quando os ventrículos começam a se contrair (no início da fase de sístole), tanto as válvulas atrioventriculares quanto as válvulas sigmoides estão fechadas. Assim, o músculo se contrai, mas a cavidade permanece com o mesmo volume, o que caracteriza a fase de contração isovolumétrica. Essa fase é muito rápida, mas é necessária para que o sangue acumule pressão e possa vencer a pressão existente dentro das artérias. Quando os ventrículos atingem uma pressão limítrofe, iniciam-se as fases de ejeção. A ejeção rápida ocorre inicialmente, assim que a válvula abre, e é responsável pela ejeção de 70% do volume de sangue do ventrículo. A ejeção lenta ocorre posteriormente, quando as válvulas continuam abertas e o sangue continua a sair do ventrículo para a artéria. Quando a pressão nas artérias, que estão cheias de sangue, se torna muito maior do que a pressão nos ventrículos, que estão vazios, as válvulas sigmoides se fecham, de modo a impedir o retorno do sangue. Essa fase é denominada de relaxamento isovolumétrico, já que o músculo ventricular continua a relaxar, mesmo que o volume não se altere. A nova chegada de sangue aos átrios faz com que se inicie um novo ciclo.
OBS: Volume Diastólico Final, Volume Sistólico Final e Débito Sistólico. 
Durante a diástole, o enchimento normal dos ventrículos aumenta o volume de cada um deles para 110 ou 120 mL. Esse volume é chamado volume diastólico final. Então, à medida que os ventrículos se esvaziam durante a sístole, o volume diminui por aproximadamente 70 mL, o que é chamado débito sistólico (stroke volume). A quantidade restante em cada ventrículo, de 40 a 50 mL, é chamada volume sistólico final. A fração do volume final diastólico que é impulsionada (ejetada) é denominada fração de ejeção — e normalmente equivale a 60%. Quando o coração se contrai fortemente, o volume sistólico final pode chegar a volumes tão baixos quanto 10 a 20 mL. Da mesma maneira, quando grandes quantidades de sangue chegam aos ventrículos durante a diástole, os volumes diastólicos finais podem chegar a 150 ou 180 mL no coração saudável. Pela capacidade de aumentar o volume diastólico final e de diminuir o volume sistólico final, o débito sistólico resultante pode ser aumentado até valores acima do dobro do normal.
Antropometria
É a ciência que estuda a medida do tamanho corporal, ou seja, os caracteres mensuráveis da morfologia humana. 
MÉTODO ANTROPOMÉTRICO
Baseia-se na mensuração sistemática e na análise quantitativa das variações dimensionais do corpo. A medição de comprimentos, profundidades e circunferências corporais pode ser usada para a concepção de postos de trabalho, equipamentos e produtos que sirvam às dimensões da população utilizadora.
Os valores de normalidade são obtidos por dados epidemiológicos de uma população, sendo também chamados de valores padrão.
VARIABILIDADES ANTROPOMÉTRICAS
Diferenças individuais – cada indivíduo tem seus próprios padrões antropométricos. Pequenas diferenças nas proporções de cada segmento corporal existem desde o nascimento e tendem a se acentuar com o crescimento, maturação, até a idade adulta.
Variação ou diversidade humana – os tamanhos, formas, e forças dos seres humanos são muitas vezes baralhados pela idade e pelo sexo. Definindo uma população-alvo para propósitos antropométricos também temos que levar em conta a etnia, classe social e ocupação. Sobrepostas a estas diferenças estão mudanças que ocorrem dentro das populações durante um período de tempo. Algumas dessas mudanças estão atribuídas à migração e misturas genéticas de grupos étnicos distintos. Existem dados disponíveis sobre tamanhos corporais de adultos de diferentes origens geográficas para quase toda idade.
Diferenças sexuais – homens e mulheres apresentam diferenças antropométricas significativas, não apenas em dimensões dos diversos segmentos corporais. A maioria dos homens excede a estatura da maioria das mulheres de mesma origem étnica. Os homens apresentam braços mais compridos, devido ao antebraço ser maior. Homens ultrapassam as mulheres em quase todas as medidas antropométricas, exceto na largura e circunferência do quadril. Além das dimensões antropométricas descritas, os sexos diferem na composição corporal. Em geral, as mulheres apresentam um percentual de gordura mais alto, sendo normalmente, 24,2% para a mulher adulta e 13,5% para o homem adulto.
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Diferenças étnicas – um grupo étnico é uma amostra ou população de indivíduos que fazem parte de uma distribuição geográfica específica e que têm em comum certas características físicas que servem, em termos estatísticos, para os distinguir de outros grupos de pessoas. Assume-se que estas características são fundamentalmente hereditárias de origem, apesar de até certo ponto isto ser motivo de contenciosos. Os grupos étnicos podem ou não ser identificados como barreias nacionais linguísticas ou outras. Por exemplo, os vários tipos étnicos encontrados entre a população europeia são distribuídos para além das fronteiras nacionais, apesar da frequência com que um dado tipo é encontrado derivam de agrupamentos mais ou menos naturais, que podem ser divididos e designados como negros, caucasianos e mongóis, constituindo assim os maiores grupos da natureza humana.
Tendência
secular para o crescimento – o termo “tendência secular” é normalmente utilizado para descrever as alterações nas características mensuráveis de uma população durante um dado período de tempo. Pelo menos durante o último século, ocorreram alterações biossociais na população de quase todo o planeta que levaram ao:
Aumento da estatura nos adultos, com uma possível diminuição da idade na qual a estatura adulta é atingida
Aumento da taxa de crescimento das crianças
Aparecimento da puberdade mais cedo – com o aparecimento do período menstrual das meninas e o crescimento repentino nos rapazes e moças.
Alterações podem ter a ver com a alimentação que pode possuir muito hormônio (frangos, por exemplo). A faixa de normalidade está sendo alterada por essas mudanças.
Influência da idade – Durante as diversas fases da vida o corpo sofre alterações na sua forma e dimensões. Essas mudanças são mais visíveis durante o crescimento. Cada parte do nosso corpo tem uma velocidade diferente de crescimento: as extremidade mais depressa, a cabeça aos 2,5 anos de idade atinge 80% do seu tamanho adulto. O processo de envelhecimento inicia-se após os 30 anos de idade, altura a partir do qual o organismo vai perdendo gradualmente a sua capacidade funcional e a estatura começa a diminuir. É aparente um declínio na estatura a volta dos 50 anos nos homens e dos 60 anos nas mulheres. O peso aumenta para posteriormente diminuir a volta dos 50 anos nos homens e dos 60 nas mulheres
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
Estatura e peso corporal
Medidos por meio de uma balança antropométrica
Permitem o cálculo do índice de massa corporal (IMC), que era muito utilizado para conferir se o paciente estava dentro do seu peso ideal. 
Percentual de gordura
Medido por um aparelho de bioimpedância ou adipômetro (mais acessível, mas que tem como desvantagem avaliar apenas a gordura subcutânea
O percentual de gordura ideal para homens é entre 10 e 20%, enquanto que, para mulheres, é entre 15 e 25%
Uma medida atualmente mais utilizada que o IMC é o índice de adiposidade corporal (IAC), que relaciona a altura com a medida da circunferência do quadril. A desvantagem desse índice é que ele é pouco preciso para pessoas com menos de 10% de gordura corporal. Para homens, o IAC ideal é entre 15 e 19; para mulheres, entre 20 e 26.
ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS
Índice de massa corporal (IMC)
IMC=peso(KG)/estatura x estatura(m)
Esse índice caiu em desuso, pois não diferencia homens e mulheres, massa óssea ou massa magra (músculos).
Pacientes com IMC abaixo de 18,5 são considerados abaixo do peso; entre 18,5 e 24,9 são considerados dentro do peso ideal; acima de 25, com sobrepeso e acima de 30, obeso.
Índice de adiposidade corporal (IAC)
A desvantagem desse índice é que ele é pouco preciso para pessoas com menos de 10% de gordura corporal.
Para homens, o IAC ideal é entre 15 e 19; para mulheres, entre 20 e 26.
Medida da circunferência abdominal
Pode ser útil para avaliar o risco metabólico de um paciente
Mulheres com até 80cm de circunferência abdominal não apresentam risco metabólico; de 80 a 88cm, apresentam um risco moderado; acima de 88cm, um risco aumentado. Homens com até 94cm não apresentam risco; de 94 a 102cm, risco moderado; acima de 102cm, risco aumentado.
Relação cintura-quadril
Trata-se de uma fração na qual o numerador é a medida da circunferência abdominal, medida logo acima do umbigo, e o denominador é a medida da circunferência do quadril, medida na altura de maior circunferência.
Quanto mais afastada de 1 for essa relação, menor o risco metabólico para o paciente.
OBS: A obesidade androide (corpo em forma de maçã) é mais preocupante que a obesidade ginoide (corpo em forma de pera), pois o maior acúmulo de gordura no tronco dificulta mais o retorno venoso, de modo a gerar maiores riscos para o sistema cardiovascular.
Pressão Arterial
A pressão arterial pode ser definida como a força com que o sangue atua sobre a superfície interna das artérias. A tensão arterial, por outro lado, é a força com que a artéria resiste à pressão arterial. Normalmente, os valores de pressão arterial e de tensão arterial devem ser numericamente iguais, de modo a impedir a saída do sangue dos vasos.
PA = F / S
PA = pressão arterial
 F = força que o sangue fará sobre as superfícies das artérias
 S = superfície da artéria
TIPOS DE PRESSÃO ARTERIAL
Pressão arterial sistólica – valor determinado pela sístole cardíaca, quando o coração lança o sangue com maior força nas artérias, e é o maior valor de pressão com que sangue pode circular. Quanto mais vigorosa a contração ventricular, maior o valor de pressão arterial sistólica. É importante que esse valor seja alto, pois ela precisa vencer a resistência de todo o corpo, para que o sangue possa circular.
Pressão arterial diastólica – é o menor valor de pressão com que o sangue circula nas artérias e, apesar do nome, não depende da diástole cardíaca, mas sim da resistência vascular periférica. Essa pressão é alcançada ao nível das arteríolas e dos capilares, que são os vasos de maior resistência e determinam, por isso, a menor pressão. Alterações consideráveis nessa pressão podem impedir o fluxo sanguíneo ou levar ao rompimento de capilares. A chegada do sangue ao nível das arteríolas e capilares ocorre simultaneamente com o momento de diástole cardíaca, motivo pelo qual a pressão diastólica é assim denominada. É a pressão diastólica que, se alterada, é mais perigosa, uma vez que ela é a que permite a manutenção da circulação, pois ela é a que permite a entrada desse sangue na rede venosa, permitindo retorno venoso.
OBS: 
As pressões arteriais sistólica e diastólica são as medidas pelos aparelhos de pressão convencionais mais utilizados. Os valores ideais de referência são de 120mmHg para a sistólica e 80mmHg para a diastólica. É importante que haja uma diferença mínima entre esses valores, para que o sangue continue fluindo (sempre do ponto de maior pressão para o ponto de menor pressão). Se os valores das pressões sistólica e diastólica se tornam muito próximos ou se igualam, o fluxo sanguíneo para e o paciente vai a óbito.
A hipertensão arterial pode ser causada tanto pelo aumento somente da pressão sistólica quanto pelo aumento somente da pressão diastólica, porém o mais comum é o aumento de ambas.
Pressão diferencial ou pressão de pulso – valor dado pela diferença entre as pressões sistólica e diastólica e pode ser sentido por meio da palpação do pulso com a polpa digital dos dedos indicador e médio. O momento em que é possível sentir a passagem do sangue corresponde à pressão sistólica e o momento em que não é possível sentir, à pressão diastólica. Quanto mais próximos esses valores, mais difícil é a percepção da pulsação. A pressão de pulso não deve ser medida com o polegar, pois as artérias digitais desse dedo podem interferir na medição.
Pressão arterial média – valor de pressão que o coração deveria exercer para que o sangue circulasse a uma velocidade constante. Como isso não é realmente possível, esses valores servem apenas para trabalhos estatísticos. PAM = PD – 40% PP
FATORES QUE INFLUENCIAM NA PRESSÃO ARTERIAL
PA = DC x RVS
Débito cardíaco 
Diretamente proporcional à pressão sistólica
Como o débito cardíaco é dado pelo produto entre o volume sistólico e a frequência cardíaca, pode-se dizer que esses dois valores também influenciam, indiretamente, na pressão arterial.
Resistência vascular periférica
Inversamente proporcional à pressão sistólica
A vasoconstrição aumenta a resistência vascular periférica, levando a um aumento da pressão arterial. A vasodilatação, por outro lado, é um fator que diminui a resistência vascular periférica, diminuindo, com isso, a pressão arterial. Devido a isso, um dos medicamentos contra a hipertensão é o vasodilatador.
CORRELAÇÕES CLÍNICAS – PATOLOGIAS ASSOCIADAS
Hemorragia – causa redução da pressão arterial, pois reduzem a quantidade de sangue que retorna ao coração; isso leva a uma redução do volume sistólico e,
consequentemente, do débito cardíaco, o que reduz também a pressão arterial.
Anemia – por ser uma doença que leva à diminuição do número de hemácias no sangue, reduz também a viscosidade do líquido, de modo que a resistência vascular periférica também se torna menor. Com isso, ocorre uma diminuição da pressão arterial e, consequentemente, o paciente fica com menos disposição para realizar as tarefas diárias.
Diabetes – diabéticos, por outro lado, apresentam um sangue mais viscoso que o normal, devido à presença de muita glicose. Isso leva a um aumento da resistência vascular periférica e, consequentemente, da pressão arterial, o que explica por que diabéticos têm mais chances de desenvolver hipertensão.
Aterosclerose – caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, levando a um enrijecimento e perda da elasticidade. Essa perda de elasticidade faz com que a resistência dos vasos se torne maior, de modo que a força realizada pelo coração para bombear precisa aumentar. Com isso, aumenta-se também a pressão arterial.
VARIAÇÕES FISIOLÓGICAS DA PRESSÃO ARTERIAL
Idade – fator que eleva cada vez mais a pressão arterial, uma vez que há uma gradual perda da elasticidade vascular.
Sexo – o estrogênio aumenta o calibre dos vasos e, por conseguinte, reduz a pressão arterial. Os homens, portanto, têm uma pressão arterial maior do que as mulheres.
Fatores ambientais
Altitude – quanto maior a altitude, mais rarefeito o ar, o que leva a um aumento do número de hemácias circulantes, para compensar a baixa quantidade de oxigênio. Assim, o sangue se torna mais viscoso e a pressão arterial aumenta.
Temperatura – atua de maneira inversamente proporcional, pois sua redução leva a vasoconstrição e, consequentemente, a um aumento da pressão arterial.
Estresse – atua por meio da liberação de adrenalina, que também eleva a pressão.
APARELHOS UTILIZADOS PARA A MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL
Esfigmomanômetro – composto por:
Manguito – lona de nylon com uma câmara pneumática. É posto sempre na raiz do membro, fazendo com que o braço seja o local mais fácil de fazer a aferição. Há manguitos mais largos que os outros, podendo adaptar a largura do braço das pessoas. Caso o manguito esteja maior que o ideal, geralmente a pressão é subestimada e, caso o manguito esteja menor que o ideal, a pressão geralmente é hiperestimada. 
Manômetro – aparelho que mede a pressão
Pera – bomba de ar com válvula de escape. Quando pressionada com a válvula fechada, introduz ar dentro da câmera pneumática do manguito. A válvula permite que o ar entre ou saia. Para inflar, a
válvula tem que estar fechada (gira-se para frente para fechá-la e para trás para abri-la).
Estetoscópio – composto por:
Campânula – colocada em contato com o paciente
Olivas auriculares – colocadas no ouvido do médico4
MÉTODOS DE MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL
Métodos diretos
Cateterismo – introduz-se dentro da artéria um cateter. Dessa forma, o sangue se choca com o cateter com o mesmo valor que se chocaria com a parede da artéria. O cateter possui um manômetro, podendo, assim, aferir a pressão arterial. Esse método, por ser invasivo, geralmente só é feito em pacientes internados que já possuem uma artéria cateterizada.
Métodos indiretos
Palpatório
- Utiliza-se o esfigmomanômetro
- O primeiro passo a ser tomado é escolher o manguito ideal. Para tanto, deve-se medir, com uma fita métrica o braço do paciente, do acrômio até o olecrano. Esse valor deve ser dividido por dois, chegando-se a um segundo valor. Na altura desse segundo valor, mede-se a circunferência do braço. A partir do valor da circunferência do braço, verifica-se qual o manguito adequado. Uma vez escolhido o manguito, ele é colocado ao redor do braço do paciente, de modo que não fique nem muito apertado, nem muito largo. Ele deve ser posto na raiz do membro, ou seja, cerca de dois centímetros acima da fossa cubital, se a aferição for feita pelo braço. Em seguida, deve-se conferir se a válvula da pera está fechada. Isto feito, com uma das mãos palpa-se a artéria radial e, com a outro, aperta-se a bomba da pera, para que o manguito seja inflado. Ele deve ser inflado até que o pulso deixe de ser sentido. Nesse momento, a válvula deve ser aberta lentamente. O valor indicado pelo manômetro quando a pulsação voltar a ser sentida é o valor de pressão arterial sistólica. 
Escultatório
- A preparação do manguito é idêntica, porém a artéria palpada é a braquial. Nessa região é colocada a campânula do estetoscópio. Fecha-se a válvula da pera a infla-se o manguito até o manômetro registrar 30mmHg a mais do que o valor de pressão obtido no método palpatório. Em seguida, abre-se lentamente a válvula. Quando o primeiro ruído for ouvido, o manômetro marcará o valor da pressão arterial sistólica; quando o último ruído for ouvido, marcará a pressão arterial diastólica. 
- Por que o primeiro ruído é a pressão sistólica e o último é a pressão
diastólica? O sangue circulando normalmente não produz ruídos, uma vez que escoa no regime
lamelar, isto é, escoa com laminas paralelas deslizando uma sobre a outra sem produzir ruídos.
Dessa forma, pela palpação, consegue-se saber se a circulação está bloqueada, por isso precisa do
método palpatório, pois precisa colocar no manômetro uma pressão acima de sistólica para se ter
certeza que aquele é o primeiro ruído que se vai escutar. Quando infla-se e compre o braço e o
sistema circulatório, chega uma hora que a pressão é tão grande que vai fechar completamente o
vaso sanguíneo, impedindo o sangue de passar (ainda não dá pra ouvir nada). Dessa maneira,
começa-se a abrir a válvula, até que a pressão externa diminua e torne-se menor que a pressão do
sangue, abrindo a interrupção feita e permitindo a passagem do sangue. Entretanto, o sangue
começa a circular com tanta velocidade que entra em um regime turbilhonar, sendo que nesse
regime as partículas do sangue estão arredondadas, chocando-se no vaso e produzindo um ruído, o
que faz com que se tenha certeza que o sangue está passando, sendo esta, então, a pressão sistólica.
O ruído continua pois o regime turbilhonar também continua. O regime só volta a ser lamelar (sem
provocar ruído) quando vence a resistência periférica das arteríolas e dos capilares, fazendo com
que esta seja, então, a pressão diastólica.
ORIENTAÇÕES A SEREM SEGUIDAS PARA A VERIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL
Para que a medição seja correta, o paciente não deve estar com a bexiga cheia, de pernas cruzadas ou usando roupas de mangas. Além disso, até 30 minutos antes da aferição, não deve ter realizado exercícios físicos, fumado ou se alimentado. Durante o procedimento, não deve falar e o ideal é que esteja deitado, embora também seja possível fazê-lo sentado, desde que o braço esteja no mesmo nível do coração.
OBS: o correto é medir no braço direito e no braço esquerdo. O braço em que se encontrar a maior pressão sistólica é o que deve-se fazer a aferição de pressão. Isso deve ser informado para que a pessoa diga para o médico em qual braço deve ser feita a aferição. Isso é feito pois, o braço que tiver a maior pressão é o primeiro braço que vai mostrar que a pressão está hipertensa. Caso o profissional não tenha tempo, a regra é aferir no braço direito (não é por ser o braço geralmente dominante). Pode haver diferenças nos lados pois o calibre vascular pode ser diferentes nos lados.
OBS: Para que um paciente seja considerado hipertenso, sua pressão arterial deve estar acima do normal em pelo menos três medições, sendo que elas devem ser feitas em momentos diferentes.
FÓRMULA PARA O CÁLCULO DA PRESSÃO
Para normotensos – PD = (PS/2) + 10
Para hipertensos – PD = (PS/2) + 20
CONCORDÂNCIA DA PRESSÃO ARTERIAL
Convergência – se a pressão encontrada na medição for próxima dos valores encontrados no cálculo
Divergência – se a pressão encontrada na medição for distante dos valores encontrados no cálculo
HIPERTENSÃO
Patologia mais importante associada à pressão arterial, popularmente
conhecida como pressão alta. É uma doença crônica, que não tem cura, mas pode ser controlada.
É a primeira causa de morte no muno, é responsável por 50% de todas as doenças cardiovasculares e a causa de 80% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC). 
Ela atinge a faixa etária produtiva e é responsável por 14% das internações, sendo que a maioria dos casos pode ser tratada na rede básica de saúde. A prevalência é de 20% e a incidência é de 20 a 35%.
Nas fases iniciais, não apresenta nenhum sintoma característico, de modo que o paciente só descobre o diagnóstico quando começam a surgir as complicações dos estágios mais avançados. Essas complicações podem atingir o coração, o cérebro, os rins, os vasos sanguíneos e os olhos.
A prevenção é feita por meio do controle de fatores de risco mutáveis. O primeiro deles é a alimentação inadequada, como o excesso de gordura e o excesso de sal. A gordura se acumula nas paredes dos vasos sanguíneos, reduzindo o calibre e a elasticidade, enquanto o sal possui muito sódio, que puxa água para o interior dos vasos, de modo a aumentar o volume sanguíneo. O tabagismo é outro fator de risco, pois provoca vasoconstrição. Sedentarismo, excesso de bebidas alcoólicas e obesidade também entram na lista. Alguns fatores de risco, porém, são imutáveis, como a herança familiar, a idade e a etnia. Se houver casos de hipertensão na família, o paciente apresenta predisposição para ter a doença, bem como se for da etnia negra. Além disso, quanto maior a idade, maior a probabilidade de desenvolvê-la. 
O uso de medicamentos para combater a hipertensão só é útil se houver um controle dos fatores de risco mutáveis.
Pressão Venosa
A pressão venosa é a força com que o sangue se choca contra as paredes das veias. Essa parede é muito mais fina do que a parede das artérias e a pressão com que o sangue passa por esses vasos também é muito menor, de modo que a pressão venosa sempre será menor do que a pressão arterial.
VOLEMIA
Volume total de sangue circulante no corpo. 
Cerca de 60% desse volume está no sistema venoso, o que se deve a dois fatores. O primeiro é que há mais veias do que artérias e o segundo é que as veias, por terem paredes mais finas, se distendem mais, logo, comportam uma maior quantidade de sangue.
RETORNO VENOSO
Quantidade de sangue que volta para o coração em um minuto. É uma medida análoga ao débito cardíaco. Em condições normais, esses valores são numericamente iguais (já que volume de sangue que sai do lado esquerdo do coração é o mesmo que chega ao lado direito) e, no indivíduo adulto em repouso, valem 5L/min. Se o indivíduo estiver em atividade, esse valor aumenta, pois a necessidade de maior oxigenação de alguns tecidos determina a necessidade de elevar o débito cardíaco.
No sistema arterial, não há problemas para a distribuição eficiente do sangue, porque a pressão com que o ventrículo esquerdo bombeia o sangue é muito alta. Além disso, na maior parte do corpo, esse fluxo se dá a favor da gravidade, e a porção em que a gravidade deve ser vencida é pequena (o polo cefálico está próximo do coração). O retorno venoso, por outro lado, encontra algumas complicações, como a necessidade do fluxo da maior parte do sangue de vencer tanto a gravidade quanto a pressão hidrostática (pressão resultante do peso da coluna do líquido que está acima do ponto avaliado). Devido a isso, são necessários mecanismos que auxiliem o sangue a fluir de volta para o coração.
Mecanismos que auxiliam o retorno venoso
Vis a tergo – termo em latim que significa “força que vem de trás”. Essa força é a força com que o próprio ventrículo esquerdo bombeia o sangue, que é intensa o suficiente para impulsionar o sangue até o nível das vênulas.
Bombas musculares – funcionam devido ao fato de as veias caminharem sempre por entre os músculos. Assim, quando os músculos se contraem, comprimem as veias e ajudam o sangue a fluir por elas. Esse fator é especialmente importante a nível dos membros inferiores, motivo pelo qual as bombas musculares mais importantes são a da planilha plantar e a dos músculos da panturrilha. Elas são, inclusive, conhecidas como “coração periférico”. 
Bomba torácica – relacionada à movimentação do diafragma. Durante a inspiração, quando esse músculo se contrai e desce, provoca uma pressão negativa na caixa torácica e positiva no abdome. Essa diferença de pressão faz com que o sangue das veias abdominais flua em direção às veias torácicas. 
Válvulas – presente nas veias periféricas para impedir o refluxo e permitir a eficiência das bombas. As bombas musculares, ao contrairem as veias, poderiam impulsionar o sangue tanto para cima quanto para baixo; a bomba torácica, durante a expiração, poderia impulsionar o sangue para baixo. Ambos esses problemas são sanados graças às válvulas.
TIPOS DE PRESSÃO VENOSA
Central (PVC) – pressão exercida pelo sangue dentro do átrio direito
Periférica – pressão exercida pelo sangue nas veias periféricas
FATORES QUE ALTERAM A PVC
Bombeamento do sangue com força excepcional – fator que reduz a PVC. Isso porque, quando a força contrátil aumenta, aumenta também o volume de sangue que sai do coração a cada sístole, de modo que o volume de sangue residual diminui. Com a diminuição do sangue residual, diminui a quantidade total de sangue no coração, e, consequentemente, no átrio direito, de modo que a PVC acaba diminuindo também.
Em atletas, a melhora do condicionamento físico é proveniente de uma melhor capacidade do músculo cardíaco de bombear o sangue, ou seja, o coração bombeia o sangue com mais força. Isso impulsiona um maior volume de sangue para o organismo a cada contração, de modo que menos contrações são necessárias por minuto para oxigenar os tecidos. Por isso a frequência cardíaca dos atletas, em repouso, é mais baixa do que a da maioria das pessoas.
Debilidade da bomba cardíaca – fator que aumenta a PVC. Isso porque a debilidade do coração faz com que o órgão se contraia menos vigorosamente e expulse menos sangue a cada contração, de modo a aumentar o volume residual. Aumenta-se, com isso, o volume de sangue presente no átrio direito, o que eleva a PVC. Esse quadro é característico de cardiopatias e de insuficiência cardíaca.
Em pacientes com insuficiência, qualquer aumento da frequência cardíaca pode causar uma sobrecarga no coração, já que o órgão não conseguirá bombear o sangue de maneira eficiente. Nessa situação, a PVC aumentará excessivamente, de modo a causar dores no peito.
Alteração na volemia – o aumento da volemia é um fator que aumenta a PVC. Com o tempo, esse aumento da volemia é ajustado pelo organismo. Enquanto isso não ocorre, porém, a chegada de mais sangue ao coração faz com que o volume residual aumente, uma vez que a atividade do ventrículo permanece a mesma de antes. Com o aumento do volume residual, aumenta-se também a PVC. Isso ocorre, por exemplo, em casos de transfusão sanguínea.
A diminuição da volemia, por outro lado, é um fator que reduz a PVC. Da mesma forma que ocorre no aumento da volemia, essa diferença é ajustada com o tempo. Entretanto, até que isso aconteça, a chegada de menos sangue ao coração causa uma redução do volume residual e, consequentemente, da PVC. Isso pode ocorrer em casos de hemorragia ou logo após uma doação de sangue.
OBS: Em um paciente que tem insuficiência cardíaca e que sofre uma hemorragia, o valor da PVC pode estar aumentado, diminuído ou normal; dependerá da gravidade da insuficiência e da gravidade da hemorragia. 
Uma indicação para os pacientes com insuficiência cardíaca é a doação de sangue, pois causa uma diminuição da PVC e, consequentemente, dos sintomas, mesmo que temporariamente (até a produção de mais sangue pelo organismo).
MEDIÇÃO DA PVC
A PVC deve ser medida no eixo flebostático, que se localiza no cruzamento da linha axilar média com o 4° espaço intercostal. Esse eixo passa pelo átrio direito, que é considerado o ponto central da circulação venosa. 
Medidores
Manômetro de água
-Feita em pacientes internados em enfermarias
-Baseia-se
no princípio físico dos tubos comunicantes
Transdutor eletrônico
-Feita em pacientes interndos em CTI ou UTI
-Usa-se um aparelho que transforma as oscilações da pressão em ondas elétricas
Ambos os procedimentos são invasivos, pois em ambos é necessária a dissecção de uma veia para a introdução de um catéter. Por isso, essas medidas só são feitas em pacientes internados.
Os valores considerados normais são de 3 a 11 cm de água, quando a medida for feita no manômetro de água, e de 2 a 8 mmHg, quando for feita no transdutor.
FATORES QUE ALTERAM A PRESSÃO VENOSA PERIFÉRICA
PVC – para que o sangue flua das veias para dentro do átrio, é preciso que a pressão no átrio seja menor do que a pressão nas veias. Assim, a pressão venosa periférica sempre deve ser maior do que a PVC, de modo que, quanto maior a PVC, maior será a pressão venosa periférica.
Resistência do fluxo sanguíneo das veias para o átrio – quanto maior for essa resistência, maior a quantidade de sangue que irá se acumular nas veias e, consequentemente, maior a pressão venosa periférica. Maiores valores de resistência estão associadas a uma maior distância do coração, motivo pelo qual os pés são o ponto em que a pressão venosa periférica é maior.
Taxa de fluxo sanguíneo – interfere na pressão venosa periférica de maneira diretamente proporcional
Pressão hidrostática – interfere na pressão venosa periférica de maneira diretamente proporcional. Só atua quando o indivíduo se encontra em pé ou sentado, uma vez que, quando ele está deitado, não há uma coluna de líquido exercendo pressão nos pontos mais inferiores. A pressão hidrostática é outro fator que explica por que a pressão venosa periférica nos pés é maior do que nos outros locais do corpo.
OBS: As varizes surgem quando há destruição das valvas e consequente dilatação das veias. Isso pode ocorrer por uma predisposição genética ou por um aumento intenso e constante da pressão hidrostática, provocado por longos períodos passados de pé, sem se movimentar. 
OBS: A pressão venosa periférica não precisa ser medida, pois ela pode ser visualmente descrita, por meio da observação dos membros inferiores (se as veias dessa região estiverem dilatadas, a pressão venosa periférica está alta).
Prática aferição de pressão
A posição deve ser em decúbito dorsal ou sentado (com o antebraço ao nível do coração), a largura do manguito deve ser aproximadamente igual a 40% da circunferência do braço e deve estar justo, sem folga, mas sem apertar o braço, com o balão da borracha sobre a artéria braquial, cerca de 2,5cm acima da prega do cotovelo. A leitura deverá corresponder a zero quando a válvula estiver aberta.
Inflar rapidamente, até atingir 30mmHg acima da pressão sistólica obtida pelo método palpatório, com o estetoscópio fazendo leve pressão sobre a artéria braquial. Desinflar lentamente, com 2 a 3 mmHg/seg ou por batimento cardíaco (desde que esteja normal a frequência cardíaca). Se as diferenças de pressão forem constantes e maior que 10mmHg entre os dois braços, são anormais. Portanto, deve-se repetir as medidas com intervalos de pressão nula por alguns segundos (para evitar uma estase venosa).
Procedimento:
1. Medir a pressão arterial sistólica do paciente sentado, pelo método palpatório, nos braços direito e esquerdo. No braço em que for maior o valor de pressão sistólica, realizar a aferição por mais 2 vezes e anotar. A pressão arterial considerada deve ser a média aritmética entre os 2 últimos valores.
2. Calcular a estimativa de pressão arterial média na aorta.
3. Medir a frequência cardíaca.
4. Estimar Pressão diferencial, Volume sistólico (Pressão diferencial x Área corporal), Pressão arterial média e débito cardíaco.
Ausculta Cardíaca
A atividade cardíaca produz sons, emitidos pelo coração e pelas estruturas ao seu redor, como os grandes vasos, que são denominados ruídos.
A análise do som dos ruídos cardíacos, sua altura, intensidade, timbre, ritmo e duração, pode dar uma ideia do funcionamento do coração.
PERCEPÇÃO DOS RUÍDOS
Direta – consiste em colocar os ouvidos diretamente na parede torácica do paciente.
Indireta – uso do estetoscópio.
Estetoscópio de Pinard – de câmara aberta, ou seja, a câmara acústica se comunica com o ambiente. Ele é usado para medir os batimentos cardíacos de fetos, geralmente após a vigésima quarta semana. Antes disso, é utilizado um sonar ou a ultrassonografia.
Estetoscópio de Bell – pode ser de câmara aberta ou de câmara fechada. No caso da câmara fechada, a câmara acústica fica separada do meio ambiente por uma membrana. A câmara aberta é preferencialmente usada para se ouvir sons mais graves, enquanto a câmara fechada é preferencialmente usada para se ouvir sons mais agudos. 
OBS: Outra forma de se estudar os ruídos cardíacos é o fonocardiograma, que é um registro gráfico desses sons.
ORIGENS DOS RUÍDOS
Parietal – origem mais importante, ocorre devido ao choque do sangue contra as paredes do coração, de modo a produzir vibrações nessas paredes. Além disso, a origem parietal também recebe uma pequena contribuição da contração isovolumétrica do coração, que também produz um ruído, embora muito mais fraco.
Valvular – se dá durante o fechamento das valvas cardíacas. Embora os folhetos das valvas normalmente não se choquem um com o outro, o seu fechamento faz com que sejam produzidas vibrações no sangue que está acima do folheto. Essas vibrações são transferidas para a parede do coração e percebidas como ruídos.
Turbulência do sangue – diferente das origens parietal e valvular, não é fisiológico. É, por outro lado, um fator que produz ruídos cardíacos de forma patológica, ou seja, só está presente se houver quadro de doença. Esses ruídos são causados por alterações na velocidade do escoamento do sangue, de modo a alterar o regime lamelar de movimentação desse líquido. Isso pode ser uma consequência de dilatação ou retração dos orifícios cardíacos, de defeitos nas valvas ou de condições que alterem a viscosidade do sangue, como a anemia ou a febre.
BULHAS CARDÍACAS
Os sons produzidos pelo coração são chamados de bulhas cardíacas. Normalmente, há apenas duas bulhas.
Primeira bulha “tum”
Marca o início da sístole
Som grave, surdo e prolongado
Dura de 0,10 a 0,17 segundos e tem uma frequência de 30 a 45 ciclos por segundo.
Ela decorre principalmente do fechamento das valvas atrioventricuares. Embora as valvas direita e esquerda não se fechem simultaneamente, o intervalo de diferença é muito próximo, então, para o ouvido humano, parece ser o mesmo som. 
A contração ventricular isovolúmica também contribui para a primeira bulha.
Segunda bulha “tac”
Marca o início da diástole
Som agudo, seco e breve
Dura de 0,10 a 0,14 segundos e tem uma frequência de 50 a 75 ciclos por segundo. 
Ela decorre principalmente do fechamento das valvas semilunares.
A primeira bulha pode ser descrita como um “tum”, enquanto a segunda bulha, como um “tac”. Dessa forma, o ciclo cardíaco seria descrido assim: ... TUM ... TAC ... ... TUM ... TAC ...
O período de tempo entre a primeira e a segunda bulha de um mesmo ciclo é denominado de primeiro ou pequeno silêncio. O período entre a segunda bulha de um ciclo e a primeira bulha do ciclo seguinte é chamado de segundo ou grande silêncio. O segundo silêncio é maior que o primeiro, pois é durante o segundo silêncio que ocorre a diástole, que leva um tempo maior para ocorrer do que a sístole.
Eventualmente, um indivíduo pode apresentar uma terceira e uma quarta bulhas cardíacas, mesmo que não esteja com problemas no coração. Essas bulhas, em geral, não são reconhecidas pela ausculta e sua detecção depende de um fonógrafo.
Terceira bulha
Decorrente da vibração das paredes dos ventrículos durante a fase de enchimento lento, que ocorre no um terço médio da diástole, quando as valvas atrioventriculares ainda estão abertas e há uma pequena quantidade de sangue entrando no ventrículo. 
Essa vibração é muito pequena e, em geral, só é audível em 30 a 50% das crianças e dos adultos jovens,
que apresentam uma maior tonicidade da musculatura cardíaca.
Quarta bulha
Decorrente da contração atrial, que pode gerar vibrações audíveis, quando o tônus muscular dessa cavidade é aumentado. 
Isso ocorre em aproximadamente 25% dos pacientes, em geral atletas, que apresentam algum grau de hipertrofia do miocárdio.
Quando a terceira e a quarta bulha estão presentes, elas são ouvidas no final do grande silêncio, pois ambas são o resultado de eventos que ocorrem da metade para o final da diástole.
FOCOS DE AUSCULTA
Locais em que o estetoscópio é colocado para que se faça a ausculta cardíaca. Compõem o precórdio (porção do corpo sobre o coração e à esquerda da porção inferior do esterno).
A primeira e a segunda bulha podem ser ouvidas em qualquer lugar do precórdio, porém com intensidades diferentes em cada um deles. A primeira bulha é mais intensa ao nível do ápice do coração e a segunda é mais intensa ao nível da base, que é onde se encontram os grandes vasos.
Foco mitral
Localiza-se no cruzamento do quarto ou quinto espaço intercostal esquerdo com a linha heme clavicular esquerda. 
Esse ponto também pode ser chamado de ictus cordis, que é o termo em latim para “encontro de pontas”. Isso porque, quando o coração se contrai, seu ápice encosta no espaço intercostal e, em pessoas muito magras, é possível visualizar a contração cardíaca nesse ponto. 
No foco mitral, a bulha mais audível é a primeira
Foco aórtico
Localiza-se no segundo espaço intercostal, na interseção com a borda direita do esterno
A bulha mais audível nesse foco é a segunda
Foco pulmonar
Localiza-se no segundo espaço intercostal, na interseção com a borda esquerda do esterno
A bulha mais audível nesse foco é a segunda
Foco tricúspide
Localiza-se na base do apêndice xifoide
A bulha mais audível nesse foco é a primeira
Foco acessório
Localiza-se no terceiro espaço intercostal esquerdo, na interseção com a borda esquerda do osso esterno
Por meio dele é auscultado o fechamento da valva aórtica, para confirmar o diagnóstico de hipertensão arterial
SOPROS
Sons que não se enquadram em nenhuma das quadro bulhas fisiológicas, indicando problemas cardiovasculares.
Classificação
De acordo com:
Onde o sopro ocorre
Sistólicos – quando surgem no pequeno silêncio (entre a primeira e a segunda bulha)
Diastólicos – quando surgem no grande silêncio (entre a segunda e a primeira bulha). Podem ser confundidos com a terceira ou quarta bulha.
No tempo de duração
Proto – acontecem no início da fase
Meso – acontecem no meio da fase
Tele – acontecem no fim da fase
Holo – acontecem em toda a fase
Podem ser proto/meso/tele/holo sistólico ou diastólico, dependendo de onde o sopro ocorre.
O que provoca o sopro
Orgânicos – decorrente de uma alteração anatômica, como lesões nas valvas. São permanentes e irreversíveis, só podendo ser reparados cirurgicamente.
Funcional – decorrente de uma condição momentânea, como anemia ou febre. 
OBS: Desdobramento de bulha – algumas patologias podem fazer o tempo de fechamento das válvulas esquerdas e direitas ficarem mais distantes, dando para perceber a diferença.
OBS: Hipofonese: é diminuição da intensidade do som
Hiperfonese: é o aumento da intensidade do som
Biofísica da Respiração (Jorge) 
INTRODUÇÃO
A respiração pode ser interpretada como um processo de trocas gasosas entre o organismo e o meio, ou como um conjunto de reações químicas que faz parte do metabolismo energético (respiração celular). Dessa forma, o termo respiração pode ser empregado basicamente em dois níveis:
Orgânico – relaciona o organismo com o meio ambiente
Celular – relacionado com o metabolismo celular
	
Atividades da respiração
A função respiratória se processa mediante três atividades distintas, mas coordenadas:
Ventilação, através da qual o ar da atmosfera chega aos alvéolos; 
Perfusão, processo pelo qual o sangue venoso procedente do coração chega aos capilares dos alvéolos;
Difusão, processo por meio do qual o oxigênio do ar alveolar passa para o sangue, ao mesmo tempo em que o gás carbônico do sangue passa para os alvéolos.
ANATOMIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
Vias aéreas superiores
-Fossa nasal: são duas cavidades paralelas que começam nas narinas e terminam na faringe.
São separadas uma da outra por uma parede cartilaginosa denominada septo nasal. Tem a função de filtrar, umedecer e aquecer o ar.
-Faringe: canal com aos sistemas digestório e respiratório. Comunica-se com a boca e com as fossas nasais. O ar inspirado pelas narinas ou pela boca passa necessariamente pela faringe antes
de atinge a laringe
-Laringe: É a continuação da faringe. A entrada da laringe chama-se glote. Acima dela existe uma cartilagem denominada epiglote, que funciona como válvula. Quando nos alimentamos, a laringe sobre a sua entrada é fechada pela epiglote. Isso impede que o alimento ingerido penetre nas vias respiratórias. O epitélio que reveste a laringe apresente pregas, as cordas vocais, capazes de produzir sons durante a passagem de ar. 
Vias aéreas inferiores
-Traqueia: é um tubo de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro por 10-12 centímetros de comprimento, suas paredes são reforçadas por anéis cartilaginosos. Bifurca-se na sua região
inferior, originando brônquios. Possui um epitélio de revestimento muco-ciliar que protege o
sistema contra bactérias e poeiras presentes no ar inspirado
-Brônquios: condutos cartilaginosos que segue a bifurcação da traqueia e penetram nos
pulmões. São constituídos por anéis incompletos de cartilagem e fibras musculares, conferindo
mobilidade. São também revestidos por epitélio ciliado, rico em células caliciformes (produtoras de
muco). Nos pulmões os brônquios ramificam-se profusamente, dando origem a tubos cada vez mais
finos, os bronquíolos.
-Bronquíolos: formado por músculo liso, sem cartilagem. O conjunto altamente ramificado de bronquíolos é a árvore brônquica ou árvore respiratória. Cada bronquíolo termina em pequenas bolsas formadas por células epiteliais achatadas (tecido epitelial pavimentoso) recobertas por capilares sanguíneos, denominadas alvéolos pulmonares (unidade que faz troca gasosa)
-Pulmões: os pulmões são órgãos esponjosos, com aproximadamente 25 cm de comprimento, sendo
envolvidos por uma membrana serosa denominada pleura. São divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o pulmão direito possui três lobos. A pleura visceral reveste o pulmão e a pleura parietal tem face para a caixa torácica. O espaço
interpleural é muito importante na respiração.
-Alvéolos: unidade funcional do pulmão. Local onde ocorre a hematose. O alvéolo é uma bolsa circulada de vasos sanguíneos pequenos, os capilares. Cada saco alveolar é revestido por uma
rede de capilares, formando a rede alvéolo-capilar. A extremidade que chega ao alvéolo é composta
por sangue venoso derivado das artérias pulmonares sendo que a extremidade que sai dos alvéolos
é composta por sangue arterial que vai para o átrio esquerdo por meio das veias pulmonares.
Músculos da respiração
Respiração normal
-Inspiração – contração diafragmática (diafragma desce) e, em menor escala, dos intercostais externos
-Expiração – relaxamento diafragmático (diafragma sobe) e, em menor escala, dos intercostais externos.
Respiração vigorosa (forçada)
-Inspiração – intercostais externos (elevam as costelas), esternocleidomastoideo (eleva o esterno), escalenos (elevam as duas primeiras costelas), serráteis anteriores (elevam várias costelas)
-Expiração – abdominais e intercostais internos
VENTILAÇÃO PULMONAR
Processo clínico de inspiração e expiração, através do qual o pulmão, alternadamente, recebe e elimina quantidades aproximadamente iguais de ar (gases).
Mecânica da ventilação pulmonar
Zona condutora – é formada pela boca, vias nasais, faringe, laringe, brônquios e bronquíolos. Em conjunto, essas estruturas conectam a zona respiratória dos pulmões ao ar atmosférico, sendo que em nenhuma delas ocorre troca gasosa. Por não
existe troca respiratória na zona condutora, esse espaço é conhecido como espaço morto anatômico. Nem todos os bronquíolos participam das trocas gasosas, sendo os que não participam chamados de bronquíolos não respiratórios (esses bronquíolos não são vascularizados).
Zona respiratória – é formada pelos bronquíolos respiratórios, pelos ductos alveolares e pelos alvéolos, que, coletivamente, representam a zona do pulmão onde se processam as trocas gasosas. Há a presença de bronquíolos respiratórios, sendo, então, vascularizados (perfundidos e irrigados).
PRESSÕES PULMONARES
Pressão pleural
É a pressão que está no espaço interpleural (entre a pleura parietal e visceral). Essa pressão é negativa, fazendo uma força de sucção, e externa aos pulmões. Ao final de uma expiração, os pulmões tendem a colabar, mas, graças à essa pressão eles não colabam.
Seu valor é de -5cm de água no início da inspiração e -7,5cm de água durante. 
Na inspiração, aumenta-se a força negativa de sucção, fazendo com que aumente a tração que a pleura parietal faz na visceral. Dessa forma, a pressão fica mais negativa, auxiliando na expansão pulmonar.
Pressão alveolar
Pressão que está dentro dos alvéolos. Logo, é interna aos pulmões. Essa pressão se relaciona com a comunicação do ar do meio externo com os pulmões. A nível do mar e em repouso, a pressão alveolar tende a ser igual à pressão atmosférica.
Para que seja possível ocorrer a entrada de ar nos alvéolos, fazendo ser possível a
ocorrência da inspiração, é necessário que a pressão no interior dos alvéolos caiam, fazendo com
que ela seja menor que a pressão atmosférica e possa ocorrer o fluxo de ar para dentro dos pulmões. Dessa forma, antes da inspiração é necessário tem um aumento de volume alveolar (expansão alveolar), fazendo com que os alvéolos fiquem com uma menor pressão, possibilitando, então, a o fluxo de ar do meio ambiente para dentro dos alvéolos. Na inspiração, a mediada que os alvéolos vão se enchendo de ar, esse ar vai aumentado a pressão dentro dos alvéolos, o que via tornando-os com uma maior pressão do que no meio ambiente, correspondendo a fase final da inspiração e ao começo da expiração. Dessa forma, com os alvéolos cheios de ar e com pressão maior que a atmosférica, há um fluxo de ar dos alvéolos para o fora do corpo.
-Antes da inspiração: diminuição da pressão alveolar devido a uma expansão deles
-Durante a inspiração: aumento da pressão alveolar devido ao ar entrando
-Expiração: saída de ar dos alvéolos pois eles têm maior pressão que a atmosférica.
OBS: Em caso de afogamento, o paciente terá seus alvéolos cheios de água. Para reverter isso, joga-se ar dentro dele, para que seja possível aumentar a pressão alveolar e empurrar a água para fora dos alvéolos.
OBS: IAM (Infarto agudo do miocárdio): geralmente ocorre uma diminuição da força do ventrículo
esquerdo, fazendo com que ele perca a sua capacidade ótima de contração. Dessa forma, há um
maior acúmulo de sangue no ventrículo esquerdo, que vai retornar para o átrio esquerdo. Como o
átrio esquerdo é uma cavidade pequena, há o retorno desse sangue para a veia pulmonar e para o
pulmão, aumentando a pressão e a permeabilidade dessa veia, fazendo com que o pulmão se encha
de água (além de que, não haverá um fluxo adequado de sangue para retirar a água dos pulmões, já
que uma das funções do sangue é drenar a água do pulmão). Dessa forma, gera-se um edema agudo
do pulmão, que diminui a capacidade de trocas gasosas. Com isso, há uma menor capacidade de se
jogar o CO2 para fora do corpo, fazendo com que esse gás se acumule no corpo e gera uma acidose
respiratória, já que vai formar H+. Portanto, em uma pessoa infartada, dá-se bicarbonato para tentar
reverter a acidose, além de um respirador mecânico.
Pressão transpulmonar
Diferença entre a pressão alveolar e a pressão pleural
Pressão trasmural
Diferença entre a pressão pleural e a pressão no interior das vias aéreas
PROPRIEDADES ELÁSTICAS DO PULMÃO E DA CAIXA TORÁCICA
Elastância – capacidade de voltar à posição de equilíbrio ou resistir a deformações. A perda de elasticidade culmina em um pulmão mais enrijecido, dificultando a capacidade de volta do pulmão, o que ocorre nos casos de enfisema pulmonar ou outras doenças pulmonares restritivas.
Complacência – capacidade de expandir, distender. Doenças pulmonares obstrutivas, como a bronquite, dificultam essa expansão, diminuindo a complacência pulmonar.
CONCEITOS DA VENTILAÇÃO
Ventilação alveolar ou volume minuto respiratório (VA ou VMR) – é o volume de ar que chega aos alvéolos a cada minuto (todo o ar que entra). Nem todo ar que chega aos pulmões participa das trocas gasosas, uma vez que o ar que está na zona condutora não participa.
VA ou VMR = VC x FR
VC = volume corrente É de cerca de 500ml a cada incursão respiratória
FR = frequência respiratória
Ventilação alveolar efetiva ou volume minuto alveolar (VAE ou VMA) – é o volume de ar que chega nos alvéolos a cada minuto, mas que realmente participa das trocas gasosas.
VAEou VMA = (VC – EM) x FR
EM = espaço morto É de cerca de 150ml a cada incursão
Frequência respiratória
É o volume de ar que entra ou que sai dos pulmões a cada minuto, ou seja, o número de incursões respiratórias a cada minuto. Nos recém-nascidos, a frequência respiratória e cardíaca são muito maiores.
OBS: Dispneia – dificuldade de respirar
Eupneia – respiração normal
Taquipneia – aumento da frequência respiratória
Bradipneia – redução da frequência respiratória
Apneia – ausência de movimentos respiratórios
Ortopneia – dispneia em decúbito, aliviada pelo menos parcialmente ao sentar ou pela elevação parcial do tronco
Espaço morto
É o volume de ar que entra nos pulmões, porém não participa das trocas gasosas.
Espaço morto anatômico – compreende o volume de ar que ocupa as vias aéreas, desde a boca e as narinas até os bronquíolos terminais
Espaço morto alveolar – é o volume de ar que não participa das trocas gasosas, pois compreende o ar presente nos alvéolos sem perfusão (geralmente são os bronquíolos não respiratórios)
Espaço morto fisiológico – é a soma do espaço morto anatômico e alveolar
Volume corrrente
É o volume de ar que entra ou sai dos pulmões a cada incursão respiratória normal.
MECANISMO RESPIRATÓRIO
Volumes pulmonares
A espirografia é o registro dos volumes e capacidades pulmonares, que é realizado pela espirometria.
Volume corrente (VC) = 500ml
Volume de reserva inspiratório (VRI) = 3000ml – é a quantidade de ar que entra nos pulmões forçadamente além do volume corrente
Volume de reserva expiratório (VRE) = 1200ml – é a quantidade de ar que foi retirada dos pulmões forçadamente além do volume corrente
Volume residual (VR) = 1200ml – é o volume que não sai dos pulmões, mesmo com a expiração forçada. Não pode ser medido na espirometria, mas sim na pletismografia.
 
Perfusão pulmonar
A perfusão dos alvéolos para as trocas gasosas ao nível da membrana alvéolo capilar é feita pelo ventrículo direito através dos ramos principais da artéria pulmonar que se dividem continuamente acompanhando as bifurcações do sistema brônquico até chegar ao novelo de capilares que envolve os alvéolos. A perfusão pulmonar é a chegada de sangue nos alvéolos para fazer a troca gasosas. A chegada do sangue é feita por meio da artéria pulmonar e a saída do sangue do alvéolo é feita por meio da veia pulmonar em direção ao átrio esquerdo. A perfusão tecidual é a chegada de sangue nos tecidos.
Relação ventilação/perfusão
É a razão (V/Q) entre a quantidade de ar que passa pelos alvéolos (ventilação) e a quantidade de sangue que passa nos capilares pulmonares (perfusão), o que determina a quantidade de oxigênio que passa para o sangue para ser levado até as células. O valor normal é por volta de 0,8 a <1, ou seja, para que ocorra uma troca gasosa ideal é necessário que o volume de ar que entra no alvéolo seja próximo ao volume de sangue que passa nos capilares pulmonares.
Se esse valor estiver mais
alto que o normal, significa que a ventilação é alta, mas o fluxo sanguíneo é baixo, o que indica um aumento do espaço morto.
Se o valor estiver mais baixo que o normal, significa que a ventilação é baixa, mas o fluxo sanguíneo é alto. Esse quadro é chamado de shunt pulmonar e geralmente ocorre quando os alvéolos, por algum motivo, se enchem de líquido.
Tanto no caso de o valor estar mais alto quanto no caso de ele estar mais baixo, o paciente apresentará hipoxemia (insuficiência de oxigênio no sangue) e hipercapnia (aumento no nível de gás carbônico no sangue arterial).
Zonas do pulmão
O pulmão não é igualmente ventilado em todas as suas regiões. Quando o paciente está em posição ortostática ou sentado, a base pulmonar é melhor ventilada que o ápice. 
Zona I – a ventilação sobrepõe a perfusão (tem menos vasos sanguíneos, logo, menor irrigação)
Zona II – a ventilação e a perfusão são equivalentes (há muitos vasos e maior proximidade com as estruturas ventilatórias)
Zona III – a perfusão sobrepõe a ventilação (há uma boa vascularização, mas está distante das estruturas ventilatórias)
Alvéolos
Unidade funcional da respiração. 
Essa estrutura constitui-se de uma bolsa de tecido pulmonar, envolvida por capilares e contendo ar. Separando o ar do sangue existe, portanto, uma barreira, constituída pela membrana do alvéolo e pela membrana do capilar. Essa barreira é chamada de membrana alvéolo-capilar, e as trocas gasosas se fazem através dela, pelo processo de difusão. 
Difusão
A difusão pode ser definida como a passagem de substâncias em favor do seu gradiente de concentração, ou seja, do ambiente de maior concentração para o de menor concentração. No caso dos gases, o conceito de concentração é substituído pelo de pressão parcial. A difusão dos gases, portanto, consiste na livre movimentação de suas moléculas entre dois pontos, visando igualar a pressão parcial dos gases entre esses pontos. Como a pressão de cada gás depende da movimentação de suas moléculas, a pressão exercida pelo gás tem uma relação direta com a sua concentração na mistura.
Ao nível do mar, a pressão atmosférica é 760mmHg, sendo que esse valor corresponde ao somatório das pressões parciais de todos os gases presentes o ar (majoritariamente oxigênio, gás carbônico, nitrogênio e vapor d’água). À medida que o ar inspirado desce pelas vias aéreas, a pressão parcial de oxigênio diminui e a pressão parcial do gás carbônico aumenta. Nos alvéolos, esses valores são, respectivamente, de 104 e 40 mmHg.
Além da pressão parcial dos gases, alguns outros fatores são relevantes para a velocidade e para a facilidade da difusão: 
Peso molecular do gás relação inversa
Distância a percorrer para igualar a concentração relação inversa 
Área de superfície disponível para difusão relação direta 
Coeficiente de solubilidade relação direta
Hematose
Hematose pulmonar – trata-se das trocas gasosas ao nível dos alvéolos, com a consequente transformação do sangue venoso em arterial. Nesse caso, ocorre o efeito Haldane, no qual a hemoglobina perde a afinidade pelo CO2 por causa da alta concentração de O2.
Hematose celular – trata-se das trocas gasosas à nível tecidual/celular, que ocorre durante a circulação sistêmica, com a consequente transformação do sangue arterial em venoso. Nesse caso, ocorre o efeito Bohr, no qual a hemoglobina perde afinidade pelo oxigênio por conta da alta concentração de CO2 (concentração de H+).
Transporte de oxigênio
O oxigênio pode ser transportado no sangue de duas maneiras principais: dissolvido no plasma ou combinado à hemoglobina. A quantidade de oxigênio que é transportada no plasma é de cerca de 3% da concentração do gás no sangue, enquanto os outros 97% são transportados pela hemoglobina. Essa proteína está presente nas hemácias e a sua ligação química com o oxigênio depende da pressão parcial do gás presente no sangue.
Quando a pressão parcial de oxigênio é de 100, a saturação da hemoglobina é de 97,4. Esse ponto é chamado de ponto arterial. Quando a pressão parcial de oxigênio é 40, a saturação da hemoglobina é de 70. Esse ponto é chamado de ponto venoso. 
A quantidade de oxigênio que o sangue é capaz de transportar também depende de alguns fatores, como a quantidade de hemoglobina nas hemácias, o número de hemácias e a quantidade de gás carbônico transportada pelo sangue. Os dois primeiros fatores apresentam uma relação direta, ou seja, quanto maior a quantidade de hemácias e quanto maior a quantidade de hemoglobina nas hemácias, maior será a quantidade de oxigênio transportada pelo sangue. O terceiro, porém, atua de forma inversa, por causa do efeito Bohr.
Afinidade da hemoglobina e da mioglobina pelo oxigênio
A curva de saturação com oxigênio mostra diferenças importantes na afinidade da hemoglobina e da mioglobina pelo oxigênio.
A curva de saturação descreve a porcentagem de moléculas carregando oxigênio (eixo Y) à medida que se aumenta a pressão parcial do gás (pO2, eixo x).
A mioglobina (Mb) tem a curva hiperbólica e atinge 50% da saturação (p50) com uma pO2 de -1torr.
A hemoglobina (Hb) tem a curva sigmoide, indicando alosteria ou cooperatividade entre suas subunidades. Sua pO2 é de -26torr e sua afinidade pelo O2 varia com o grau de saturação da molécula.
A diferença de afinidade por O2 faz com que nos tecidos, a Mb fique 100% saturada, enquanto que a saturação de Hb diminui a -55%, liberando de 1 a 2 moléculas de O2.
Essa diferença de comportamento está de acordo com a função de armazenamento de O2 da Mb de transporte de O2 pela Hb. 
Transporte de gás carbônico
O gás carbônico, por sua vez, tem três formas de ser transportado no sangue. Esse gás se difunde para o sangue e uma parte entra nas hemácias, enquanto outra parte permanece no plasma. A enzima anidrase carbônica catalisa a reação de combinação do gás carbônico com a água. Forma-se, assim, o ácido carbônico, que é instável e se dissocia, formando íons hidrogênio e íons bicarbonato. Uma parte do bicarbonato formado no interior das hemácias sai da célula, por contratransporte com íons cloreto. Uma porção ínfima do gás carbônico pode, ainda, ser transportado por proteínas plasmáticas ou pela própria hemoglobina, formando os compostos carbamino.
Biofísica da Respiração e Espirometria
FUNÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratório apresenta diversas funções, dentre as quais podem ser elencadas as trocas gasosas, a fonação, a eliminação de excretas, a manutenção do pH e o equilíbrio térmico (o ar expirado é mais quente e mais úmido que o ar expirado e o vapor d’água carrega calor). 
Trocas gasosas
As trocas gasosas são a função mais evidente desse sistema. Elas ocorrem devido à uma diferença nas pressões parciais dos gases oxigênio e gás carbônico. 
Pressão parcial
Essa pressão parcial é obtida pelo produto entre a fração do gás presente no meio e a pressão atmosférica.
Px = Fx x PATM
A pressão parcial alveolar de oxigênio é menor do que a pressão parcial venosa do mesmo gás. Assim, quando o sangue venoso passa pelos vasos que irrigam os pulmões, a diferença nas pressões parciais permite que o oxigênio se difunda dos alvéolos para o sangue, oxigenando-o. 
Regulação do pH sanguíneo
A regulação do pH sanguíneo também é uma função de extrema importância do sistema respiratório. Em condições normais, o valor do pH do sangue arterial deve permanecer entre 7,35 e 7,45. Qualquer alteração nesse valor, mesmo pequena, para mais ou para menos, pode alterar muito a atividade de proteínas. 
O principal gás atuante no controle do pH é o gás carbônico. Nos tecidos, as células em atividade produzem gás carbônico, que prontamente é convertido em um ácido. Essa conversão leva a uma acidificação do meio nas periferias das células em atividade. O pH mais ácido provoca uma alteração conformacional na hemoglobina que diminui a sua afinidade pelo oxigênio. Assim, quando o oxigênio chega aos tecidos, ele é liberado da hemoglobina e se difunde para as células. Nos alvéolos ocorre o inverso: o pH é

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