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Assistência Segura: Uma Reflexão Teórica Aplicada à Prática

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Prevenção e controle de infecção para a segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde
Nas últimas décadas, houve uma crescente preocupação mundial das instituições de saúde em promover a melhoria contínua da qualidade da assistência e garantir a segurança dos pacientes. 
Embora a medicina moderna tenha o objetivo de aliviar e curar as doenças existe o reconhecimento que a assistência à saúde não é tão segura como deveria ser. 
Entre as principais preocupações em relação à segurança do paciente e qualidade dos serviços de saúde, está a redução do risco de incidência das infecções relacionadas à assistência à saúde (Iras).
INTRODUÇÃO:
I R A S = Infecções relacionadas 
à assistência à saúde
As Iras são infecções adquiridas durante o processo de cuidado em um hospital ou outra unidade prestadora de assistência à saúde, não estavam presentes ou em incubação na admissão do paciente. Essas infecções podem se manifestar durante a internação ou após a alta hospitalar. Além disso, incluem as infecções ocupacionais adquiridas pelos profissionais de saúde.
As infecções nos serviços de saúde constituem um grande problema para segurança dos pacientes, pois o seu impacto pode resultar em:
 internação prolongada, 
incapacidade a longo prazo, 
aumento de resistência microbiana aos antimicrobianos, 
aumento da mortalidade, 
além do ônus financeiro adicional para o sistema de saúde, pacientes e familiares
Histórico de iniciativas na segurança do paciente no Brasil:
A Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) tem desenvolvido trabalhos visando a segurança do paciente e qualidade da assistência com a publicação de alertas, informes, relatórios, notas técnicas, boletins e manuais. Em 2007, a Anvisa, por meio da Rede Sentinela, selecionou 5 hospitais (um em cada região) para implementar o projeto multimodal de melhoria da adesão à higiene das mãos.
Em outubro de 2010, foi publicada a Resolução da Diretoria Colegiada, RDC 42, que dispõe sobre a obrigatoriedade de disponibilização de preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos, pelos serviços de saúde do País, com o intuito de prevenir e controlar as Iras, visando à segurança do paciente e dos profissionais de saúde.
A Anvisa, por meio da RDC nº 63, em 25 de novembro de 2011, dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde e tem como objetivo estabelecer, além dos referidos requisitos, fundamentos na qualificação, na humanização da atenção e gestão, e na redução e controle de riscos aos usuários e ao meio ambiente
Infecções relacionadas à assistência à saúde
Entre as razões para a ocorrência de Iras em serviços de saúde, podemos citar
Falta de infraestrutura para dar suporte ao Programa de Prevenção e Controle de Infecção, como suporte da liderança ineficiente ou ausente, 
profissionais insuficientes em vários níveis, treinamento insuficiente dos profissionais da saúde sobre medidas preventivas de infecção e materiais e equipamentos insuficientes; 
Técnica estéril ou asséptica e higiene das mãos inadequadas; 
Emergência de micro-organismos multirresistentes, em parte, devido ao uso inapropriado de antimicrobianos; 
Aumento do número de pacientes imunocomprometidos.
Prevenção e controle das infecções: Segurança dos Pacientes
A prevenção e o controle das Iras são elementos essenciais na segurança do paciente. Reduzir os riscos de IRAS evitáveis requer uma grande mudança de cultura, de atitude e abordagem da assistência prestada a pacientes. Para que ocorram estas mudanças é necessário compreender claramente quais são os fatores que aumentam os riscos do paciente em adquirir a infecção e como/onde as melhorias na estrutura, na organização e nas práticas assistenciais podem reduzir esta ameaça e aumentar a segurança do paciente
A maioria das Iras é endêmica e recomendações de medidas para preveni-las, estão publicadas por organizações internacionais e nacionais (Anvisa), em especial para prevenção de Infecção da Corrente Sanguínea associada a CVC, Infecção do Trato Urinário associada a CVD, ISC e Pneumonia associada a VM. Entretanto, periodicamente podem ocorrer casos agregados, surtos ou epidemia de Iras, nos quais protocolos e procedimentos bem desenhados devem ser seguidos para investigar a causa e rapidamente intervir. As melhorias do sistema e das práticas, resultantes destes estudos, podem ser incorporadas às estratégias para prevenir futuros eventos adversos e surtos. Os serviços de saúde devem aplicar as estratégias de controle de infecção caso haja suspeita ou diagnóstico de surto infecciosos no serviço de saúde ou na comunidade
As políticas e práticas adotadas irão minimizar o potencial da transmissão de infecção entre pessoas, otimizar a comunicação efetiva e padronizar relatórios. Porque durante o período da crise, não há tempo hábil para realizar a educação sobre os sinais/sintomas e as medidas de controle da infecção, é importante que os serviços de saúde desenvolvam e promovam um plano de preparação antecipadamente às ocorrências de infecção (surtos, epidemias ou pandemias), como por exemplo, no caso da pandemia por Influenza H1N1. Para alcançar este objetivo, deve-se estabelecer um processo proativo de avaliação continuado de avaliação de risco para detecção precoce e contenção da infecção
Gerenciamento da Qualidade 
Para desenvolver um Programa de Prevenção e Controle de Iras, (PPCI), é necessário um trabalho interdisciplinar com objetivo de reduzir o risco de infecção a pacientes, familiares, profissionais de saúde, visitantes e outros, além de proteger a comunidade. Este PPCI deve estar alinhado ao plano estratégico organizacional que define a direção em que a organização estará no futuro e o que fará para alcançar os objetivos, a missão e a visão estabelecidos pela organização. De acordo com TJC, o PPCI deve descrever um plano estratégico que: 
Priorize a identificação de riscos em adquirir e transmitir infecções; 
Estabeleça objetivos que limite: 
A exposição sem proteção a patógenos; 
A transmissão de infecções associadas a procedimentos; 
A transmissão de infecções associadas a produtos para a saúde, equipamentos e suprimentos;
3. Descreva atividades, incluindo vigilância para minimizar, reduzir ou eliminar o risco de infecção; 
4. Descreva o processo para avaliar o plano de controle de infecção. Anualmente, os profissionais do SPCI revisam o plano estratégico ou quando necessário, com base nos temas, surtos ou resultados da investigação que surgirem na instituição.
Vigilância epidemiológica das infecções
Para alcançar os objetivos gerais e específicos de vigilância epidemiológica (VE) de um projeto, serviço ou instituição, os seguintes elementos devem ser contemplados: elaborar um programa de VE; escrever um relatório descritivo; divulgar o relatório; estabelecer um plano de VE e rever periodicamente o programa de VE30. A seguir serão descritos estes elementos.
1. Elaborar um programa de vigilância
2. Desenhar um relatório interpretativo da vigilância 
3. Identificar os profissionais que receberão os relatórios de vigilância. O relatório deve ser entregue aos gerentes e a aqueles que prestam assistência ao paciente, na organização, e que usem as informações do relatório de vigilância para influenciar positivamente na melhoria do desempenho das atividades. 
4. Desenvolver um plano de vigilância escrito. 
5. Avaliar o programa de vigilância.
Melhoria da Qualidade e Segurança do Paciente na Prevenção de Iras
Para que as ações de melhoria de qualidade promovam a segurança do paciente, alguns aspectos devem ser considerados para alcançar o sucesso: 
Desenvolver a cultura de segurança e 
A cultura de tolerância zero na redução e prevenção das Iras
Cultura de Segurança Institucional
Criar uma cultura de segurança significa vencer as barreiras e desenvolver um ambiente de trabalho colaborativo, no qual os membros da equipe assistencial – executivos, administradores, enfermeiros, médicos,
fisioterapeutas, e pacientes e seus familiares, tratam um ao outro como iguais, independente da função de trabalho ou título. O time tem respeito mútuo e confiança em cada membro, com o objetivo comum de garantir a segurança ao paciente e qualidade da assistência. O conceito é simples, mas a sua implementação pode não ser. Mudanças na filosofia, atitude e comportamento podem ser necessários. Planejamento e ações em todos os níveis da organização, incluindo um forte comprometimento da liderança é necessário para criar a cultura de segurança.
Neste processo, pacientes e familiares são tratados com respeito e dignidade e devem ser encorajados a relatar ou perguntar tudo que se refere à sua segurança. Por exemplo, solicitar ao profissional para que higienize as mãos ou perguntar ao seu médico se o dispositivo ainda é necessário (CVC ou CVD). E, os profissionais devem ser orientados a ouvir e atuar adequadamente.
Cultura Tolerância Zero
A cultura de tolerância zero envolve os seguintes elementos-chave: 
Estabelecer a cultura de tolerância zero para não adesão às práticas e medidas de prevenção das infecções (provadamente eficazes); 
2. Não tolerar as quebra de processos e sistemas que falham com os pacientes, equipes de saúde e comunidades; 
3. Desenhar um sistema de segurança que previna danos. Algumas organizações que atingiram ou quase atingiram o sucesso de obter zero infecção relataram as seguintes intervenções: 
• Comemorar o sucesso; 
• Enfermagem e equipamentos em quantidade suficiente para prevenir a transmissão cruzada (estrutura); 
• Programa de educação para as equipes sobre conteúdo teórico e prático nos temas de prevenção infecção; 
• Auditoria periódica de uso de equipamentos de proteção pessoal; 
• Reportar as infecções às unidades, para as equipes assistenciais, liderança e comitês relevantes; 
• Exame admissional e periódico dos profissionais para infecção; 
• Programa de higiene das mãos consistente com observação constante; 
• Trabalho colaborativo interdepartamental sólido com relacionamento construído em uma comunicação contínua.

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