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Antonia Victória Silva Silva, Carlane Fraga de Oliveira, Julianna da Silva Costa, Naiane Gomes Trindade Leal, Tayara dos Santos de Barros. HEMOPARASITOS (Doença de Chagas, Toxoplasmose, Malária e Leishmaniose) Feira de Santana – BA 2019 Antonia Victória Silva Silva, Carlane Fraga de Oliveira, Julianna da Silva Costa, Naiane Gomes Trindade Leal, Tayara dos Santos de Barros. HEMOPARASITOS (Doença de Chagas, Toxoplasmose, Malária e Leishmaniose) Trabalho de pesquisa para ser entregue como requisito e obtenção de aprovação na disciplina Mecanismo de Agressão e Defesa do curso de Nutrição, na UNIFACS Prof. Carlos Danilo. Feira de Santana – BA 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 5 2. TOXOPLASMOSE (TOXOPLASMA GONDII) .......................................................... 6 2.1 Caracterização do parasito ................................................................................ 6 2.2 Ciclo biológico ................................................................................................... 6 3. TOXOPLASMOSE .................................................................................................... 8 3.1 Transmissão ..................................................................................................... 9 3.2 Diagnóstico ....................................................................................................... 9 3.3 Tratamento ..................................................................................................... 10 3.4 Profilaxia ......................................................................................................... 10 4. LEISHMANIOSE (LEISHMANIAS) .......................................................................... 11 4.1 Caracterização do parasito ............................................................................. 11 4.2 Gênero leishmania ......................................................................................... 12 4.3 Hospedeiros e reservatórios .......................................................................... 13 4.4 Ciclo biológico ................................................................................................ 13 5. LEISHMANIOSE ..................................................................................................... 14 5.1 Transmissão ..................................................................................................... 15 5.2 Sintomas e manifestações ................................................................................ 16 5.3 Diagnóstico ....................................................................................................... 17 5.4 Diagnóstico referencial ..................................................................................... 17 5.5 Tratamentos ..................................................................................................... 18 5.6 Contraindicações .............................................................................................. 20 5.7 Leishmaniose visceral canina ........................................................................... 20 5.8 Tratamento da leishmaniose visceral canina .................................................... 21 5.9 Profilaxia ........................................................................................................... 21 6. MALÁRIA (PLASMODIUM) ......................................................................................... 22 6.1 Caracterização do parasito ............................................................................... 22 6.2 Ciclo biológico ................................................................................................... 23 6.3 Sintomatologia ................................................................................................. 24 6.4 Epidemiologia ................................................................................................... 24 6.5 Profilaxia ........................................................................................................... 25 6.6 Diagnóstico ........................................................................................................26 6.7 Tratamento ....................................................................................................... 26 7. DOENÇA DE CHAGAS ........................................................................................... 27 7.1 Ciclo biológico ................................................................................................... 28 7.2 Sintomas e manifestações ................................................................................. 29 7.3 Tratamento ........................................................................................................ 30 7.4 Prevenção ......................................................................................................... 30 8. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 31 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 32 5 1.INTRODUÇÃO Hemoparasito ou hematozoário são termos gerais que englobam parasitas. O parasitismo é uma interação ecológica que acontece entre diferentes espécies, uma parasita e uma hospedeira, onde a espécie parasita se associa ao seu hospedeiro causando-lhe prejuízos. Estes organismos podem ser classificados como ectoparasitas quando vivem na área externa do hospedeiro, ou ainda como endoparasitas ao se alojarem dentro da espécie hospedeira. Alguns endoparasitas pertencem ao grupo dos helmintos. Outros endoparasitas pertencem aos grupos de protozoários e bactérias. Os hemoparasitas formam um grupo de parasitas que se alojam na corrente sanguínea do hospedeiro, e podem ainda ser considerados parasitas intracelulares ao se alojarem dentro das células do animal. A fim de acessar a corrente sanguínea, os hemoparasitas se utilizam de vetores de transmissão, definidos como organismos capazes de transmitir agentes infecciosos. Normalmente, os vetores são espécies de artrópodes como carrapatos e mosquitos. Ao invadirem o corpo do hospedeiro, os hemoparasitas podem causar doenças conhecidas como hemoparasitoses, tanto na espécie humana como em diferentes espécies de mamíferos e até mesmo aves. Dentre as hemoparasitoses que afetam o ser humano, as mais conhecidas são causadas pelos hemoparasitas pertencentes às espécies Trypanosoma Cruzi (Doença de Chagas); Toxoplasma Gondii (Toxoplasmose); Flebotomíneos (Leishmaniose) e Plasmodium (Malária). 6 2. TOXOPLASMOSE (TOXOPLASMA GONDII) 2.1 Caracterização do parasito O Toxoplasma Gondii é um intracelular obrigatório, do filo Apicomplexa e classe Sporozoe, sendo por tanto um esporozoário e, morfologicamente, muito próximo dos coccídios e plasmódios, pertencendo a família Sarcocystidae. Por muito tempo, a natureza do Toxoplasma Gondii conservou-se incerta,até que a microscopia eletrônica demonstrou sua semelhança com os coccídios e com esporozoítas de plasmódios da malária, pois todos eles possuem um complexo apical que permite a invasão das células de seus hospedeiros (REY, Luis 2013). 2.2 Ciclo biológico O Toxoplasma gondii designa-se dois tipos de reprodução: uma assexuada em diversas células do hospedeiro intermediário, e outra sexuada, ou coccidiana, no epitélio de felídeos jovens, não imunes (NEVES, 2003). Os hospedeiros definitivos são os gatos e outros felinos, que se infectam principalmente pela ingestão de mamíferos infectados, ou também, Ap: anel polar; C: conóide complexo; M: micronemas; R: roptrias; (complexo apical) GD: grânulos densos; A: apicoplasto; M: microporo; Mp: membrana plasmática; RE: retículo endop; CG: complexo de Golgi; N: Núcleo; Mi: mitocôndria. Fonte: NEVES, 2005 7 podem contrair a infecção, pela ingestão de fezes de outros gatos infectados. Somente os felinos albergam o parasita nos intestinos, local onde este desenvolve seu ciclo enteroepitelial com a fase sexual do seu ciclo de vida, e os excretam com as fezes por dez a vinte dias e mais raramente por mais tempo. No meio ambiente, em presença de oxigênio (O2) e temperatura adequada, os oocistos esporulam, em período de um a cinco dias, tornando-se infectantes (LANGONI, 2006). Os únicos hospedeiros definitivos conhecidos para Toxoplasma gondii são membros da família Felidae (gatos domésticos e seus parentes). Oocistos não esporulados são eliminados nas fezes do gato. Embora os oocistos geralmente sejam eliminados apenas por 1-2 semanas, grandes números podem ser eliminados. Oocistos levam de 1 a 5 dias para esporular no ambiente e se tornarem infecciosos. Hospedeiros intermediários na natureza (incluindo aves e roedores) são infectados após a ingestão de solo, água ou material vegetal contaminado com oocistos. Oocistos se transformam em taquizoítos logo após a ingestão. Esses taquizoítos localizam-se no tecido neural e muscular e evoluem para bradizzoítos do cisto tecidual. Gatos são infectados após consumir hospedeiros intermediários que abrigam cistos nos tecidos. Os gatos também Ciclo de Vida do Toxoplasma Godii do Fonte: Centers for Disease Contral and Prevention 8 podem ser infectados diretamente pela ingestão de oocistos esporulados. Os animais criados para consumo humano e caça selvagem também podem ser infectados com cistos teciduais após a ingestão de oocistos esporulados no ambiente. Os seres humanos podem ser infectados por qualquer uma das várias rotas: comer carne mal cozida de animais com cistos nos tecidos; consumir comida ou água contaminada com fezes de gatos ou amostras ambientais contaminadas (como solo contaminado com fezes ou alterar a caixa de areia de um gato de estimação); transfusão de sangue ou transplante de órgãos transplacentariamente da mãe para o feto. No hospedeiro humano, os parasitas formam cistos teciduais, mais comumente no músculo esquelético, miocárdio, cérebro e olhos; esses cistos podem permanecer durante toda a vida do hospedeiro (CDC, 2017). 3. TOXOPLASMOSE Ao longo de muitos anos não se deu nenhuma notoriedade a manifestação das infecções do T. Gondii e ninguém entendia esse parasito. Apenas, a partir da década de 60, ao se investigar sua grande distribuição geográfica e a probabilidade de provocar lesões graves e às vezes irreversíveis em humanos, é que se objetivou estudo para esse protozoário minuciosamente. Então, dizia-se “o homem vive em um mar de infecção toxoplásmica”, sem se saber com lisura os mecanismos de contágio e nem sua biologia (NEVES, 2003). A toxoplasmose é uma doença parasitaria causada pelo protozoário Toxoplasma Gondii (Ministério da Saúde, 2019). Os felídeos são os hospedeiros definitivos e o homem e outros animais homeotérmicos são considerados hospedeiros intermediários (DUBEY, 2010). É uma patologia causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados e é uma das zoonoses mais comuns em todo o mundo (Ministério da Saúde, 2019). O gato é um importante elo na cadeia epidemiológica da doença, porém o principal mecanismo de transmissão para o homem é o hábito de comer carne crua ou mal passada, além da ingestão de legumes, frutas, leite e água contaminados. (PRADO et al., 2011). A infecção no homem é usualmente assintomática, entretanto sérios sintomas ou até mesmo a morte podem ocorrer na forma congênita da doença 9 ou em indivíduos imunossuprimidos, como aidéticos ou indivíduos tratados com corticóides (NEVES, 2003). Essa doença causa grande impacto na saúde pública, já que a transmissão ocorre de animais para o homem a partir de alimentos contaminados (SILVA e LANGONI, 2009). 3.1 Transmissão A infecção toxoplásmica ocorre em todo o mundo, sendo que de 70 a 100% dos adultos são acometidos. No Brasil, a preponderância de anticorpos IgG na população geral varia de 54% no Centro-Oeste a 75% no Norte2. A infecção em humanos imunocompetentes é assintomática em 80 a 90% dos casos, sendo a doença uma exceção no homem. Quando sintomática, é autolimitada e surge como quadro febril, linfoadenopatia, hepatoesplenomegalia e eventual rash cutâneo. Em enfermos imunocomprometidos podem ocorrer encefalite, coriorretinite, pneumonite e miocardite. (LOPES2 et al., 2005). Ainda não existe um medicamento eficaz contra a toxoplasmose, na fase crônica da infecção (NEVES, 2005). Os fármacos utilizados atuam contra taquizoítos, mas não contra os cistos. As principais vias de contágio da toxoplasmose são: Via oral na ingestão de alimentos e água contaminados; Congênita, transmitido de mãe para filho durante gestação, sendo raros os casos de transmissão por inalação de aerossóis contaminados, inoculação acidental, transfusão sanguínea e transplante de órgãos (Ministério da Saúde, 2019). 3.2 Diagnóstico O diagnóstico da toxoplasmose pode ser clínico ou laboratorial (NEVES, 2005). Nos casos agudos, podem levar a morte ou evoluir para a forma crônica, dessa forma, o resultado clínico não é acessível de se realizar. Esta pode se manifestar assintomaticamente ou então se assemelhar a outras doenças. Portanto, a suspeita clínica deverá ser confirmada por meio de diagnóstico laboratorial. 10 A contaminação por água e alimentos, deve ser feita, necessariamente, por método laboratorial específico a partir dos resultados de exames sanguíneos; A Toxoplasmose adquirida ou congênita, é diagnosticada principalmente pela identificação de anticorpos específicos contra o parasito. Em situações de surto, a identificação do vínculo de casos à fonte de transmissão deve ser feita criteriosamente, considerando sempre os achados laboratoriais que indicam o tempo provável da infecção. Ao longo da a investigação de surtos, o diagnóstico laboratorial deve ser feito por exames realizados nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública, Laboratórios de Referência Regional ou Nacional ou Centros Colaboradores do Ministério da Saúde. Na ausência de surtos, a confirmação dos casos de toxoplasmose deve ocorrer por meio de avaliação clínica em conjunto com exames laboratoriais realizados de acordo com avaliação e recomendações médicas (Ministério da Saúde, 2019). 3.3 Tratamento A toxoplasmose habitualmenteevolui sem sequelas em pessoas com boa imunidade, desta forma não se recomenda tratamento específico, apenas tratamento para combater os sintomas. Pacientes com imunidade comprometida ou que já tenham desenvolvido complicações da doença (cegueira, diminuição auditiva) são encaminhados para acompanhamento médico especializado. O tratamento e acompanhamento da doença estão disponíveis, de forma integral e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde. Em caso de toxoplasmose na gravidez, é importante o acompanhamento no pré-natal e a pratica das orientações que forem repassadas pelas equipes de saúde (MASUR, 1990). 3.4 Profilaxia As medidas propostas devem minimizar a exposição às duas fontes principais de contaminação pelo agente a ingestão de cistos e de oocistos esporulados (MASUR, 1990; FORTES, 2004). 11 O Ministério da Saúde vem articulando, desde 2015, uma vigilância adaptada a secretarias e outras entidades, da toxoplasmose gestacional, congênita e adquirida em surtos. O objetivo é padronizar conceitos, métodos e atendimentos já adotados por estados e Governo Federal (Ministério da Saúde, 2019). "Vivendo o homem num mar de toxoplasma" torna-se difícil a aplicação de medidas profiláticas, porém com base na epidemiologia, podem ser inferidos poucos procedimentos (NEVES, 2005). Inspecionar a população de gatos nas urbanizações e em sítios; Não alimentar-se de carne crua ou mal cozida de animal ou leite cru; Criadores de gatos devem zelar os animais dentro de casa e alimentá-los com carne cozida ou seca, ou com ração de boa qualidade; Carbonizar quaisquer fezes de felinos; Recomenda-se o exame pré-natal para toxoplasmose em todas as gestantes, com ou sem histórico de enfartamento ganglionar ou aborto; Tratamento com espiramicina das grávidas em fase aguda (IgM ou IgA positivas) (NEVES, 2005). 4. LEISHMANIOSE LEISHMANIAS 4.1 Caracterização do parasito Acredita-se que as formas promastígotas de Leishmania sejam parasitos primitivos dos flebotomíneos (ou de seus antecessores). Os agentes causais das leishmaníases humanas são protozoários da divisão Kinetoplastea (ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae) e gênero Leishmania. As maiores divergências estão na caracterização das espécies e subespécies dos parasitos identificados, isto é, no emprego determinologias binominais ou trinominais. Atualmente, aceita-se como razoável classificar as leishmânias que atacam o homem em complexos fenotípicos, agrupados em dois subgêneros: Viannia e Leishmania (REY L, 2013). Formas amastigotas. Apresentam-se tipicamente, ovóides ou esféricas. Formas promastigotas. São formas alongadas em cuja região anterior emerge um flagelo livre. Formas paramastigotas. Apresentam-se ovais ou arredondadas 12 com o cinetoplasto margeando o núcleo ou posterior a este e um pequeno flagelo livre (NEVES, 2016). Há várias espécies de leishmanias envolvidas na transmissão. Nas Américas, são atualmente reconhecidas 11 espécies dermotrópicas de Leishmania causadoras de doença humana e 8 espécies descritas, somente em animais. No Brasil, já foram identificadas 7 espécies, sendo 6 do subgênero Viannia e 1 do subgênero Leishmania. As mais importantes são Leishmania (Viannia) braziliensis, L. (L.) amazonensis e L. (V.) guyanensis (Ministério da Saúde, 2010). 4.2 Gênero leishmania As leishmânias são agrupadas em complexos: Complexo“Leishmania braziliensis”, compreendendo as espécies: L. braziliensis, L. guyanensise, L. panamensis. Complexo “Leishmania mexicana”, abrangendo as espécies: L. mexicana, L. pifanoi, L. amazonensis, L. venezuelensis e L. garnhame. Complexo “Leishmania donovani”, com L. donovani e L. infantum (L. chagasí). Subgênero Viannia “COMPLEXO LEISHMANIA BRAZILIENSIS”: Os parasitos intracelulares têm tamanho relativamente pequeno. As lesões no homem podem ser simples ou múltiplas, com tendência a produzir metástases. Nos insetos, crescem no intestino anterior e médio, como no posterior. A doença que determina constitui a leishmaníase tegumentar americana. Leishmania (Viannia) braziliensis: Apresenta ampla distribuição no Brasil, Venezuela, Guiana Francesa, América Central e nas áreas florestais dos Andes, caracterizando-se por formar úlceras cutâneas (raramente múltiplas), muitas vezes acompanhadas de lesões nasofaringianas. A doença recebe os nomes de leishmaníase mucocutânea ou cutâneo-mucosa, espúndia, úlcera de Bauru e ferida brava. Leishmania (Viannia) guyanensis: Ocupa territórios da Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil (na calha norte do Vale Amazônico). Causa ulcerações com metástases ao longo dos trajetos linfáticos, mas divergem os autores quanto à possibilidade de ela atingir as mucosas. Seus nomes locais são: “pians bois" (na Guiana Francesa) e "bosch-yaws" 13 Leishmaníases Cutâneas do Velho Mundo: Os parasitos responsáveis por estas formas produzem infecções que ficam limitadas à pele, não dando origem a metástases mucosas nem invadindo as vísceras. Pertencem ao subgênero Leishmania. Conhecem – se duas espécies: L.tropica e L.major, cujos vetores principais são Phlebotomus papatasi e Phlebotomus sergenti, na Bacia do Mediterrâneo e na Ásia. Na África, há uma terceira espécie: L. aethiopica (REY L, 2013). 4.3 Hospedeiros e reservatórios Marsupiais, roedores, preguiça, tamanduá, dentre outros. A interação reservatório-parasito é considerada um sistema complexo, na medida em que é multifatorial, imprevisível e dinâmica, formando uma unidade biológica que pode estar em constante mudança, em função das alterações do meio ambiente. São considerados reservatórios da LTA as espécies de animais que garantam a circulação de leishmânias na natureza, dentro de um recorte de tempo e espaço. Infecções por leishmanias que causam a LTA foram descritas em várias espécies de animais silvestres, sinantrópicos e domésticos (canídeos, felídeos e equídeos). Com relação a esse último, seu papel na manutenção do parasito no meio ambiente ainda não foi definitivamente esclarecido. (Ministério da Saúde, 2010). 4.4 Ciclo biológico Durante o repasto sangüíneo, a fêmea do flebotomíneo introduz formas promastigotas metacíclicas no local da picada. Promastigotas são interiorizadas por macrófagos teciduais. Promastigotas se transformam em amastigotas. Inicia- se o processo de reprodução no interior do vacúolo parasitóforo. Rompimento do macrófago e liberação dos parasitas no interstício. Parasitas são fagocitados por novo macrófago. Macrófagos parasitados podem ser ingeridos pela fêmea de flebotomíneo durante o repasto sanguíneo. No estômago do inseto, macrófago se rompe liberando amastigotas. Transformação dos amastigotas em promastigotas, que se dividem por divisão binária. Promastigotas migram para o 14 intestino e colonizam as regiões do piloro e íleo, transformando-se em paramastigota (subgênero Viannia). Paramastigotas se aderem ao epitélio e se reproduzem. Transformação em promastigota e migração para o estômago, e em seguida para a faringe do inseto (promastigotas metacíclicas). Para o subgênero Leishmania, após a reprodução e colonização das formas promastigotas no intestino do inseto, ocorre a migração dessas formas para o estômago, onde se transformam em paramastigota, que colonizam o estômago e faringe do flebotomíneo, diferenciando-se, após, em promastigota metacíclica. (fcfrp.usp.br, 2015) <http://data.portal.sistemas.ro.gov.br/2017/05/leishmaniose_CDC-Agevisa.jpg>5. LEISHMANIOSE Doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoários do gênero Leishmania, de transmissão vetorial, que acomete pele e mucosas. É primariamente uma infecção zoonótica que afeta outros animais que não o homem, o qual pode ser envolvido secundariamente. A doença cutânea apresenta-se classicamente por pápulas, que evoluem para úlceras com fundo granuloso e bordas infiltradas em moldura, que podem ser únicas ou múltiplas, mas indolores. Também pode manifestar-se como placas verrucosas, papulosas, nodulares, localizadas ou difusas. A forma mucosa, caracteriza-se por infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe. Podem ocorrer perfurações do septo nasal e/ou palato (Ministério da Saúde, 2010). Essa doença apresenta características epidemiológicas diversas, e em cada área geográfica, foram consideradas entidades nosológicas distintas. Podemos reuni-las em quatro grupos: Formas que produzem exclusivamente lesões cutâneas, ulcerosas ou não, porém limitadas, que seria a leishmaníase cutânea. Formas que se complicam frequentemente com o aparecimento de lesões destrutivas nas mucosas do nariz, boca e faringe designadas, coletivamente, denominada como leishmaníase mucocutânea ou leishmaníase cutâneo-mucosa. Formas disseminadas cutâneas, que se apresentam em indivíduos alérgicos ou, tardiamente, em pacientes que haviam sido tratados de 15 calazar, leishmaníase cutânea difusa. E formas viscerais, em que os parasitos apresentam acentuado tropismo pelo SFM do baço, fígado, medula óssea e dos tecidos linfoides, que seria a leishmaníase visceral ou calazar (REY L, 2013). A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença de caráter zoonótico que acomete o homem e diversas espécies de animais silvestres e domésticos, podendo se manifestar através de diferentes formas clínicas. E considerada uma enfermidade polimórfica e espectral da pele e das mucosas. As principais manifestações observadas nos pacientes com LTA podem ser classificadas de acordo com seus aspectos clínicos, patológicos e imunológicos. A forma cutânea localizada é caracterizada por lesões ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas; a forma cutaneomucosa é caracterizada por lesões mucosas agressivas que afetam as regiões nasofaríngeas; a forma disseminada apresenta múltiplas úlceras cutâneas por disseminação hematogênica ou linfática e, finalmente, a forma difusa com lesões nodulares não-ulceradas. (NEVES, 2016) A leishmaníase visceral (LV), mais conhecida como calazar é de conhecimento muito antigo, porém, foi confundida durante muito tempo com outras epidemias, devido à sua semelhança com várias outras moléstias tropicais de caráter febril e devido ao fato de não chamar a atenção por lesões facilmente visíveis. A doença foi corretamente descrita em 1822 e seu agente etiológico identificado muitos anos depois, em 1903 (REY L, 2013). 5.1 Transmissão Pela picada da fêmea de insetos flebotomíneos das diferentes espécies de importância médico-sanitária do gênero Lutzomyia. São conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquira, birigui, entre outros.Período de incubação - Em média, de 2 a 3 meses, podendo apresentar períodos mais curtos (2 semanas) e mais longos (2 anos). Período de transmissibilidade - Desconhecido. Não há transmissão homem a homem. A transmissão se dá pelo vetor que adquire o parasito ao picar reservatórios, transmitindo-o ao homem Suscetibilidade e imunidade - A suscetibilidade é universal. A infecção e a doença não conferem imunidade ao paciente. Complicações - Na forma mucosa 16 grave, pode apresentar disfagia, disfonia, insuficiência respiratória por edema de glote, pneumonia por aspiração e morte. (Ministério da Saúde, 2010) 5.2 Sintomas e manifestações Na leishmaniose cutânea, o primeiro sintoma é geralmente um caroço bem definido no local de uma picada de mosquito-palha. Ele surge normalmente após várias semanas ou meses e contém parasitas. À medida que a infecção se espalha, mais caroços podem aparecer próximos ao caroço inicial. O caroço inicial aumenta lentamente e muitas vezes se torna uma ulceração aberta que pode expelir secreção ou formar uma crosta. As ulcerações são geralmente indolores e não causam outros sintomas, a menos que uma infecção bacteriana se desenvolva nelas. As ulcerações acabam por se curar sozinhas depois de vários meses, mas podem persistir por mais de um ano. Elas deixam cicatrizes permanentes semelhantes às causadas por queimaduras. Em casos raros, surgem ulcerações na pele espalhadas pelo corpo, mais frequentemente em pessoas com AIDS. Na leishmaniose mucosa, os sintomas começam com uma ulceração cutânea que sara por si só. As ulcerações e a destruição de tecido podem surgir em membranas mucosas no interior do nariz, da boca ou da garganta, enquanto a ulceração cutânea estiver presente ou meses a anos depois que ela sarar. O primeiro sinal pode ser congestão nasal, secreção nasal ou hemorragias nasais. Com o tempo, as pessoas podem ficar gravemente deformadas (University of Virginia School of Medicine, 2018). A leishmaniose visceral pode começar subitamente, mas em geral se desenvolve gradativamente, ao longo de semanas a meses após a picada do mosquito-palha infectado. O primeiro sintoma no homem é uma febre baixa recorrente. A partir de então, uma série de eventos se inicia, levando a alterações esplênicas, hepáticas, renais, pulmonares, entre outras. (Revista Brasileira em Promoção da Saúde, 2009) A esplenomegalia é a segunda manifestação. O volume do baço aumenta com rapidez, tanto em crianças como em adultos, e pode ultrapassar a cicatriz umbilical. Sua consistência é dura e, mesmo sendo indolor à palpação, causa uma sensação de dor pela distensão de sua cápsula. O aumento do fígado 17 costuma ser em escala menor que o do baço. Há, quase sempre, micropoliadenia (REY L, 2013). Em pacientes não tratados, a doença progride e pode atingir altos níves de mortalidade. A doença crônica é marcada pelo progressivo emagrecimento e enfraquecimento geral, com aumento da suscetibilidade às infecções secundárias. A evolução pode ser rápida, levando o paciente à caquexia e à morte dentro de algumas semanas ou alguns meses, ou pode assumir caráter crônico. Embora as alterações provocadas pelo parasito possam, por si só, determinar a morte dos pacientes, frequentemente, ela é atribuída a infecções secundárias. (Rev. Cien. Saúde Nov. Esp, 2012) 5.3 Diagnóstico Suspeita clínico epidemiológica associada à demonstração do parasito no exame parasitológico direto em esfregaço de raspado da borda da lesão, ou no inprint feito com o fragmento da biópsia ou isolamento em cultura. A imunofluorescência não deve ser utilizada como critério isolado para diagnóstico de LTA. Entretanto, pode ser considerada como critério adicional no diagnóstico diferencial com outras doenças, especialmente nos casos sem demonstração de qualquer agente etiológico. A utilização de métodos de diagnóstico laboratorial visa, não somente à confirmação dos achados clínicos, mas pode fornecer importantes informações epidemiológicas, pela identificação da espécie circulante, orientando quanto às medidas a serem adotadas para o controle do agravo. O diagnóstico de certeza de um processo infeccioso é feito pelo encontro do parasito, ou de seus produtos, nos tecidos ou fluidos biológicos dos hospedeiros. Portanto, recomenda-se a confirmaçãodo diagnóstico por método parasitológico, antes do início do tratamento, especialmente naqueles casos com evolução clínica fora do habitual e/ ou má resposta a tratamento anterior. (Ministério da Saúde, 2010). 5.4 Diagnóstico diferencial Forma cutânea - Úlceras traumáticas, úlceras vasculares, úlcera tropical, sífilis, 18 paracoccidioidomicose, esporotricose, cromomicose, neoplasias cutâneas e tuberculose cutânea. Forma mucosa - Hanseníase virchowiana, paracoccidioidomicose, sífilis terciária, neoplasias. (Ministério da Saúde, 2010) 5.5 Tratamentos Há diversos medicamentos, dependendo de diversos fatores. Se a leishmaniose mucosa causar deformação, cirurgia reconstrutiva. Os medicamentos usados para tratar a leishmaniose dependem do seguinte: A forma da doença, espécies de Leishmania envolvidas, localização geográfica em que a pessoa foi infectada, probabilidade de a espécie de Leishmania ser suscetível ao tratamento, estado do sistema imunológico da pessoa e a via de administração do medicamento e os possíveis efeitos colaterais. (University of Virginia School of Medicine, 2018). Para o tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana, usualmente os resultados são excelentes utilizando-se o seguinte esquema: 17mg Sb5+/kg pesoldia, durante dez dias. Faz-se um intervalo de dez dias e novamente inicia-se outra série de tratamento durante dez dias. A dose máxima por injeção deve ser de 10 ml, independente do peso do paciente. O número de séries necessárias varia de acordo com o processo de cura da lesão. Recomenda-se a continuação do tratamento até completa cicatrização da úlcera. A via de administração é geralmente intramuscular, mas também pode ser feito endovenoso ou local. A droga não deve ser utilizada em pacientes cardíacos e nem em mulheres grávidas, pois o antimônio pode provocar alterações eletrocardiográficas e também é abortivo. No entanto, o Ministério da Saúde preconiza o uso de 20mgSb5+/kg pesoldia, durante 20 dias, para a leishmaniose cutânea e 30 dias para leishmaniose cutaneomucosa. Todavia, em nossas experiências clínicas observamos um alto índice de recidivas neste esquema de tratamento. Este antimonial é indicado para o tratamento de todas as formas de leishmaniose tegumentar, embora as formas mucosas exijam maior cuidado, 19 podendo apresentar respostas mais lentas e maior possibilidade de recidivas. As lesões ulceradas podem sofrer contaminação secundária, razão pela qual devem ser prescritos cuidados locais como limpeza com água e sabão e se possível compressas com KMn04 (permaganato de potássio) na diluição de 115.000ml de água. Em casos de resistência ao tratamento, pode ser utilizado o isotianato de pentamidina ou a anfotericina B. A pentamidina está sendo atualmente utilizada com grande sucesso no tratamento da LTA pela L. guyanensis, em Manaus. Atualmente está sendo testado, com promissores resultados, um tratamento local utilizado um ungüento de paramomicina a 15% e cloridrato de metilbenzotônio a 12%. O Tratamento da Leishmaniose tegumentar do velho mundo constitui um tratamento similar ao da leishmaniose tegumentar americana. (NEVES, 2016). O tratamento da leishmaniose visceral baseia-se especificamente na quimioterapia. O arsenal terapêutico contra a leishmaniose visceral é limitado. Os antimoniais pentavalentes (SbS+) antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime) e o estibogliconato sódico (Pentostam) são, na maioria dos países, a primeira opção terapêutica. No Brasil, a droga de escolha é o Glucantimea, que é de distribuição gratuita na rede de saúde pública. O Ministério da Saúde recomenda a dose de 20mg de Sb5+kg/dia, por via endovenosa ou intramuscular, durante 20 dias e, no máximo, por 40 dias. Em caso de recidiva é recomendado um segundo tratamento, em tempo mais prolongado (40 dias no máximo) antes de utilizar esquemas terapêuticos alterativos. Neste caso, o desoxicolato de sódio de anfotericina B e suas formulações lipossomais, as pentamidinas e os imunomoduladores são as drogas indicadas, com a recomendação de uso sob regime hospitalar. Os critérios de cura são clínicos e devem ser observados os seguintes aspectos: curva térmica normal, redução da hepatoesplenomegalia e melhora nos parâmetros hematológicos. O retomo a normalidade nas alterações protéicas séricas e a redução dos títulos de anticorpos são gradativos e lentos. O estado geral melhora progressivamente com o retomo do apetite. A cura é completa com a negativação do parasitismo. Em algumas situações tem sido usado em pacientes com leishmaniose visceral aguda ou refratários aos antimoniais pentavalentes, drogas imunorreguladoras, porém, este tipo de medicação é ainda de alto custo, portanto seu uso tem sido 20 restrito. Futuras perspectivas no tratamento da leishmaniose visceral envolvem o uso de citocinas recombinantes humanas. Existem também medidas de tratamento inespecíficos, que são medidas paralelas ao tratamento específico, visando corrigir as manifestações clínicas próprias da doença, como anemia, desnutrição, fenômenos hemorrágicos etc. e dar solução oportuna as infecções secundárias e/ou concomitantes (NEVES, 2016). 5.6 Contraindicações As drogas não devem ser administradas em portadores de cardiopatias, nefropatias, hepatopatias, Doença de Chagas. Se necessário, o tratamento deve ser rigorosamente monitorado. Em gestantes, o Antimoniato de N-metil glucamina não deve ser administrado, sendo recomendado a Anfotericina B. (Ministério da Saúde, 2010) 5.7 Leismaniose viscerai canina Do ponto de vista epidemiológico, o calazar canino, no Brasil, é considerado mais importante que a doença humana, pois além de ser mais prevalente, o grande contingente de animais infectados com parasitismo cutâneo, servindo como fonte de infecção para o inseto vetor L. longipalpis, caracteriza o cão como o principal elo doméstico na cadeia de transmissão da doença. O calazar canino é uma doença sistêmica que apresenta um amplo espectro de características clínicas que variam de aparente estado sadio a um estado grave final. Dois aspectos são particularmente importantes para o desenvolvimento da doença no cão: a resposta imune do animal e a virulência da cepa de Leishmania inoculada pelo vetor. Os cães são considerados altamente susceptíveis a infecção por Leishmania chagasi, porém esta infecção não significa, necessariamente, que haverá desenvolvimento de doença. Após a inoculação dos parasitos sabe-se que alguns animais podem controlar a infecção por muitos anos sem evolução da doença, ou ainda, evoluir para a cura 21 espontánea. Outros apresentam evolução aguda e doença grave, ou curso progressivo que conduz inexoravelmente a morte. Os mecanismos determinantes da susceptibilidade ou da resistência dos cães não são ainda bem esclarecidos. Entretanto, é conhecido que alguns animais desenvolvem resposta imune mediada por linfócitos T, que produzem INFy, TNFa,entre outras citocinas. Estes animais são capazes de controlar a infecção e permanecerem assintomáticos de forma semelhante ao que ocorre com o homem. (NEVES, 2016) 5.8 Tratamento da leismaniose viscerai canina Até recentemente, havia entre os pesquisadores e médicos veterinários o convencimento de que nenhuma droga disponível para o tratamento do calazar seria capaz de determinar a cura dos cães portadores da doença. Do ponto de vista da Saúde Pública, a presençade um teste positivo é determinante para a aplicação da medida de eliminação do animal. Do ponto de vista do clínico veterinário, o tratamento é factível, porém há uma série de outros parâmetros das relações médico, paciente e proprietário que devem ser avaliados. No entanto, a cidadania e o respeito público devem nortear a decisão, quando a doença é uma ameaça para outros cães e para o homem. (NEVES, 2016) 5.9 Profilaxia Dirigidas ao homem - Organização de serviços de saúde para atendimento precoce dos pacientes, visando diagnóstico, tratamento adequado e acompanhamento dos mesmos Dirigidas ao vetor - O controle químico só é indicado nas áreas de transmissão, associado a evidências de adaptação das espécies em ambiente domiciliar. Deverá ser determinado pelas análises conjuntas dos dados epidemiológicos e entomológicos. Não há indicação de controle químico para ambiente silvestre. 22 Dirigidas a população canina - Não são recomendadas ações objetivando o controle de animais silvestres e domésticos. A eutanásia em cães só é indicada quando os animais doentes evoluírem para o agravamento das lesões cutâneas, com surgimento de lesões mucosas e infecções secundárias que poderão conduzir o animal ao sofrimento. (Ministério da Saúde, 2010). 6. MALÁRIA PLASMODIUM 6.1 Caracterização do parasito A malária é considerada a principal parasitose tropical e uma das mais comuns no mundo. Os protozoários do gênero Plasmodium, através da picada da fêmea do gênero Anopheles infectado. A transmissão também ocorre através de seringas contaminadas. ( FOUNTOURA. et al, 2017) O parasito intracelular obrigatório Plasmodium, possui dois hospedeiros, um vertebrado e outro invertebrado. Existe quatro espécies de Plasmodium que causam a doença em humanos: Plasmodium vivax, Plasmodium malariae, Plasmodium ovale e Plasmodium falciparum, esta última causadora de uma forma grave da doença, podendo ser mortal (Miller et al., 2002). Diptera é a ordem dos insetos responsáveis pela transmissão natural da malária, são da família Culicidae mosquitos, do gênero Anopheles. 430 espécies agrupadas são reconhecidas ao redor do mundo do gênero, dessas, 40 podem conter alguma das quatro espécies de Plasmodium que são causadoras da doença nos humanos e completar seu ciclo extrínseco chegando a fase de esporozoito. Um dos fatores que concorrem positivamente para que haja transmissão, é a competência vetorial que deve estar associada a outros. A capacidade vetorial é uma série de propriedades fisiológicas e comportamentais intraespecíficas que, relacionadas às condições ambientais, contribuem com a transmissão natural da malária. Este conceito é essencial para o entendimento da função do vetor de determinada espécie de mosquito (SUCEN, 2015). 23 6.2 Ciclo biológico O ciclo de vida inicia na fase pré-eritrocítica, quando o mosquito inocula esporozoitos através da picada no homem para se alimentar. Durante uma hora eles circulam no sangue resultando na invasão dos hepatocitos. De 7-10 dias os parasitas ficam no fígado se desenvolvendo, onde os esporozoitos tornam-se esquizontes e geram milhares de merozoitos no interior através da esquizogonia. Os merozoitos são liberados na corrente sanguínea quando os esquizontes estão maduros. ( Biggs e Brown,2001). A fase eritrocítica inicia-se quando alguns merozoitos não são fagocitados invadindo os eritrócitos, isso acontece, pois eles tem uma variedade de receptores e invadem diferentes tipos de eritrócitos (Webber, 2004.) Depois dessa invasão, é gerado merozoitos, através da esquizogonia. Modificaçoes acontecem na parte interior e exterior da célula, para a proliferação e sobrevivência. A hematina é alterada, originando a hemozoina ou pigmento malárico. São usados o oxigênio, proteínas eritrocitas, dextrose e lactose. (ESTEVES, 2012). Os merozoitos são liberados na corrente sanguínea e outros eritrócitos são infeccionados. Ainda no vertebrado é iniciado o ciclo sexual, diferenciando através dos gametófitos. A esporogonia, que é o ciclo vital que ocorre no mosquito, formando esporozoítos, que depois da maturação, vão para as glândulas salivares do mosquito, assim o ciclo se completa quando ele pica o humano. ( FERREIRA, 2017). 24 Figura 1 – Ciclo de vida do parasita. Fonte: Adaptação de www.cdc.gov, (ESTEVES, 2012). 6.3 Sintomatologia O aparecimento dos sintomas depende da espécie de Plasmodium, do sistema de defesa e a quantidade de carga parasitaria injetada pelo mosquito. A febre, é a principal manifestação clinica inicial, pois ela ocorre no momento em que as hemácias estão sendo rompidas. Ela pode ser associada a tremores, dor de cabeça, no corpo e calafrios. Outras manifestações são a falta de apetite, sensação de cansaço, vômitos e diarreia. (CONHECA A MALÁRIA, 2012) Quando um indivíduo apresenta a malária em estado grave, os sinais e sintomas são convulsões, prostração, alteração da consciência, dispneia ou hiperventilação, hipotensão arterial ou choque, hemorragias. (MINISTERIO DA SAÚDE, 2019). 6.4 Epidemiologia A malária é uma doença que ainda não foi erradicada e causa muitas mortes por ano, apesar de ser muito estudada. Foi divulgado pela OMS no final 25 de 2011, em que ocorreu em media 216 milhões de casos e 665.00 mortes, ocorrendo principalmente na África. (WHO, 2011). Atualmente, a malária apresenta mais de 130 a 400 milhões de casos no ano, destes 85% encontra-se na savana e floresta equatorial da África Subsaariana, entre esses casos gestantes e crianças menores de 5 anos morrem por essa doença. A cada ano, 300.000 casos são registrados no Brasil. (FERREIRA, 2017). Figura – Mapa demonstrativo da diminuição das áreas afetadas desde meados do século XIX até 2010. (Fonte: Adaptação OMS, 2011). 6.5 Profilaxia A prevenção pode ocorrer com a borrifarão periódica com inseticidas de efeito residual em domicílios, principalmente em áreas endêmicas, o uso de mosquiteiros impregnados com inseticidas ( FERREIRA, 2017). Outros métodos são, aterro, pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor; modificação do fluxo da água, uso racional da terra, melhoramento da moradia e das condições de trabalho, controle da vegetação aquática e limpeza das margens dos criadouros. ( MINISTERIO DA SAUDE). 26 Figura 2 – Formas de prevenção. Fonte: Adaptação de “MALÁRIA: AS IMAGENS UTILIZADAS EM LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA.” Jotta e Carneiro (2009). 6.6 Diagnostico O diagnóstico pode ser feito através de amostras de sangue periféricos no microscópio óptico, com o uso do corante Giemsa. Uma grande quantidade de sangue é examinado com a alternativa que é a gota espessa, obtendo assim uma alta sensibilidade. Para a remoção de hemoglobina é utilizado a etapa de lise das hemácias, ocorrendo uma distorção da forma de parasitos. Para a identificação entre as espécies de plasmódios, os esfregaços sanguíneos são uma alternativa, concendendo a definição da espécie infectante, pois o diâmetro relativo das hemácias é avaliado. (FERREIRA, 2017). É associado a febre amarela, febre tifoide, leishmaniose visceral, hepatite infecciosa, doença de Chagas aguda, leptospirose e outros processos febris. Na criança,a malária pode ser diagnosticada e confundida com outras doenças infecciosas dos tratos respiratório, digestivo e urinário, quer de etiologia bacteriana ou viral. No período de febre intermitente, as principais doenças que se confundem com a malária são as infecções urinárias, salmoneloses septicêmicas, tuberculose miliar,endocardite bacteriana, as leucoses leishmaniose visceral. A esplenomegalia está presente em todas (MINISTERIO DA SAUDE). 6.7 Tratamento Para que ocorra a redução da gravidade e letalidade e por malária, 27 o tratamento é importante, pois pretendem chegar ao parasito em postos-chave de seu ciclo evolutivo através do corte da esquizogonia sanguínea, causador da patogenia e manifestações clínicas, a eliminação de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale, distanciando-se das recaídas futuras, uso de drogas que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos gametófitos, promovendo a extinção da transmissão do parasito. (MINISTERIO DA SAUDE). 7. DOENÇA DE CHAGAS A Doença de chagas é uma das patologias de maior amplitude em todo o continente Americano. Seus vetores são conhecidos desde a Argentina ao sul dos Estados Unidos. A infecção natural pelo Trypanossoma Cruzi é transmitida por mais de cem espécies, participando na manutenção de enzootia chagásica ou intervindo diretamente na sua vinculação no ambiente familiar. Pode-se estimar que aproximadamente oitenta milhões da população corre risco de contaminação na América Latina e que há de 16 a 18 milhões de indivíduos infectados. (SCHMUNIS,1997; WHO, 1991). Mesmo nas Américas, há uma grande dispersão da transmissão vetorial da doença em ambiente silvestre.(JORG, 1957; BONET,1972). A Doença de Chagas ocorre em espaços naturais, abertos ou como produto antrópico. A preservação de seus ecótopos naturais está vinculada a preservação do vetor, então verifica-se a oferta alimentar existente, possibilidade de abrigo para triatomíneos, grau de antropofilia de cada espécie, assim como o hematofagismo estrito deles (FORATTINI,1980). A transmissão se dá através da via oral, ocorrendo por meio da contaminação de alimentos in natura,de origem animal ou vegetal. Onde podese conter por acidentes a presença do Tripanossoma cruzi ou dos insetos vetores. Acredita-se que após a ingestão de insetos ou de suas fezes ocorra a contaminação, nos quais podem ser envolvidos ou misturados por acidentes no preparo dos alimentos outra hipótese é a preparação inadequada de carnes de animais contaminados pelo transmissor (ANVISA,2008,COSTA;et al,2010). Podem ser transmitido também, através da transfusão de hemocomponentes não apresenta sintomas na maioria dos casos. Em pacientes transplantados, imunossuprimidos, portadores do HIV e a base de quimioterápicos é apresentada a forma aguda de modo excepcional. Entretanto 28 quando os sintomas são manifestados se caracterizam pela presença de linfadenopatia, febre prolongada e hematoplenomegalia. Pode ultrapassar 100 dias no período de encubação (COSTA, ET, AL, 2010). 7.1 Ciclo biológico Um vetor de inseto triatomíneo infectado (ou inseto de "beijo") faz uma refeição de sangue e libera tripomastigotas nas fezes perto do local da ferida da picada. Os tripomastigotas entram no hospedeiro pela ferida da mordida ou pelas membranas mucosas intactas, como a conjuntiva imagem. Dentro do hospedeiro, as tripomastigotas invadem as células próximas ao local da inoculação, onde se diferenciam em amastigotas intracelulares. Os amastigotas se multiplicam por fissão binária imageme se diferenciam em tripomastigotas, e então são liberados na circulação como tripomastigotas na corrente sanguíneaimagem. Os tripomastigotas infectam células de uma variedade de tecidos e se transformam em amastigotas intracelulares em novos locais de infecção. Manifestações clínicas podem resultar desse ciclo infeccioso. Os tripomastigotas da corrente sanguínea não se replicam (diferente dos tripanossomas africanos). A replicação é retomada somente quando os parasitas entram em outra célula ou são ingeridos por outro vetor. O inseto "beijar" é infectado pela alimentação de sangue humano ou animal que contém parasitas circulantes imagem. As tripomastigotas ingeridas se transformam em epimastigotas no intestino médio do vetor. Os parasitas se multiplicam e se diferenciam no intestino médio imageme diferenciam-se em tripomastigotas metacíclicos infecciosos no intestino posteriorimagem. Outras vias de transmissão menos comuns incluem transfusões de sangue, transplante de órgãos, transmissão transplacentária e transmissão de alimentos (via comida / bebida contaminada com o vetor e / ou suas fezes). 29 7.2 Sintomas e manifestações De modo geral os sintomas da fase aguda são apresentados depois da infecção, com características de cefaleia, febre prolongada, e edema de face. O diagnóstico precoce se torna mais difícil devido a sintomas pouco específicos, com isso confunde-se com outras patologias. Na forma crônica da doença pode- se apresentar no paciente: megaesôfago, mega cólon e cardiomegalia. (ANVISA, 2012; PINTO, ET AL, 2004) A doença é dividida em três estádios: agudo, crônico determinado e crônico indeterminado (WHO,1991; RIBEIRO & ROCHA,1998). Dar-se início a fase aguda depois de sete a dez dias que houve o contato, normalmente apresenta poucos sintomas, reconhecendo-se um a dois por centos dos casos. Apresenta maior gravidade em crianças com ausência de tratamento e que possuem menos de dez anos de idade. O estado crônico é caracterizado pela ausência de manifestações clínicas, radiológicas ou eletrocardiográficas, tento início depois de quatro a dez semanas (LARANJA,1956; CHAGAS & VILELA, 1922). A forma crônica é atingida depois de 10 a 20 anos em alguns pacientes passando para a forma crônica determinada da doença, apresentando comprometimento digestivo, cardíaco ou neurológico (RIBEIRO E ROCHA,1998). 30 A Doença de chagas possui maior predominância na área rural, distribuída no hemisfério americano atingindo áreas da Argentina até os Estados Unidos, com associação ao subdesenvolvimento social e econômico. No Brasil as medidas adotadas para o controle das transfusões e transmissões vetoriais foram sucesso. Hoje é estimado dois a três milhões de pessoas infectadas. Minas Gerais, estado brasileiro, contém maior prevalência de endemia chagásica. Na região centro-oeste apresenta-se elevada taxa endêmica, tento em destaque o município de Bambuí, onde o controle de transmissão vetorial da enfermidade iniciou-se na década de 40 (DIAS,2007). 7.3 Tratamento De acordo com a OMS essa patologia torna-se mais fácil a combater através do desenvolvimento de diagnóstico e medicamentos eficientes para o tratamento e detecção. O conselho Nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico identifica 2.234 pesquisadores e doutores no quais trabalharam em pesquisas referentes ao Tripanassoma Cruzi. (KROPF, MASSARANI,2009). A doença não possui cura, o tratamento se dá atráves da administração de fármacos que são incapazes de eliminar a infecção pelo tripanassoma Cruzi,e curar a patologia.(COSTA; ET AL, 2010;NEVES,ET AL,2005). 7.4 Prevenção A necessidade de melhorar as condições de vida dos cidadãos deve ser um dos focos emrelação á prevenção da doença, pois o controle feito por inseticida não pode ser constante e não apresenta tanta eficácia na eliminação do vetor. Um esquema de prevenção eficaz consiste na disseminação do conhecimento sobre a doença e das formas de se prevenir. A melhoria das condições básicas de higiene e de moradia podem prevenir inúmeras doenças (VIOTTTI ET AL,1994). 31 8. CONCLUSÃO O presente projeto esclarece pontos importante como as medidas de prevenção necessárias para reduzir a prevalência de parasitoses. É importante para toda a população conhecer as formas de transmissão das parasitoses mais frequentes e suas medidas para prevenção. Os fatores determinantes da prevalência de parasitoses em uma população são complexos, pois estão relacionados a aspectos sociais, econômicos e culturais. Desta forma, é importante considerar as recomendações da Organização Mundial da Saúde quanto à participação no controle das parasitoses. Deve-se considerar que o saneamento básico e a educação sanitária são as mais importantes medidas administrativas a serem pensadas. Sugere-se, ainda que, embora a melhoria possa ser constatada, ela não é totalmente efetiva, mesmo trabalhando-se com comunidades organizadas. A necessidade de se fazer trabalhos continuados fica evidente. Levando-se em consideração esses aspectos, é importante valorizar o conhecimento na população da higiene pessoal, como lavagem das mãos antes das refeições e após ir ao banheiro e como lavá-las, cortar as unhas, andar calçado, brinca na areia, dentre outras medidas básicas, e renda salarial questão necessárias para uma boa saúde. Esses fatores são importantes na redução dos riscos de infestação por parasitos. 32 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Disponíveis em: BRASIL. Portal do Governo Brasileiro. Ministério da Saúde (Org.). Malária: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. 2019. Disponível em: <http://saude.gov.br/saude-de-a-z/malaria>. Acesso em: 20 nov. 2019 . BRASIL. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÙDE − MINISTÉRIO DA SAÙDE. (Org.). Boletim Epidemiológico: Malária: Monitoramento dos casos no Brasil em 2014. 2015. CONHEÇA A MALÁRIA. Brasil: Cpd- Centro de Pesquisa, Diagnóstico e Treinamento em Malária da Fiocruz, 2012. Disponível em:<www.fiocruz.br>. Acesso em: 19 nov. 2019 (DE LIMA, Mary Braga; BATISTA, Eliana Araújo R. Epidemiologia da leishmaniose visceral humana em Fortaleza-CE. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, 2009, 22.1: 16-23.) (DE SOUZA, Marcos Antônio, et al. Leishmaniose visceral humana: do diagnóstico ao tratamento. Rev. Cien. Saúde Nov. Esp, 2012, 10.2: 61-69.) 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