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TECNOLOGO GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO Acondicionamento e coleta de lixo hospitalar O gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde é uma atividade complexa, pois envolve tanto o manejo interno (estabelecimentos geradores) de resíduos, como o externo (serviços de limpeza pública). Esta atividade dá-se em função de escolhas de alternativas possíveis e/ou mais convenientes de coleta, acondicionamento, transporte e disposição pelos estabelecimentos de saúde e/ou empresas responsáveis por sua destinação final. Além dos aspectos de ordem técnico-operacional, outros elementos importantes que precisam ser observados neste gerenciamento são as responsabilidades dentro do sistema e as formas de controle e avaliação. (CETESB, 1997) Segundo CETESB, 1997 o gerenciamento correto desses resíduos significa não só controlar e diminuir os riscos, mas também alcançar a minimização desde o ponto de origem, permitindo, com isso, controlar e reduzir os riscos à saúde associados aos resíduos sólidos. As principais causas do crescimento progressivo da taxa de geração dos resíduos sólidos dos serviços de saúde (RSSS) é o contínuo incremento da complexidade da atenção medida e o uso crescente de materiais descartáveis. (SANCHES, 1995). De acordo Naime,R et al,2002 com um efetivo gerenciamento é possível estabelecer em cada etapa do sistema, a geração, segregação, acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento, tratamento e disposição final dos resíduos, com manejo seguro dos mesmos através de equipamentos adequados aos profissionais envolvidos, inclusive quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que são indispensáveis no caso. A Resolução CONAMA nº 005/1993 define Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível”. Lixo é basicamente todo e qualquer resíduo sólido proveniente das atividades humanas. No entanto o conceito mais atual é de que lixo é aquilo que ninguém quer ou não tem valor comercial. Neste caso, pouca coisa descartada pode ser chamada de lixo (BIDONE E POVINELLI, 1999). Os resíduos produzidos em unidades de prestação de cuidados de saúde, envolvem as atividades médicas de diagnóstico, prevenção e tratamento da doença em seres humanos ou em animais, e ainda as atividades de investigação relacionadas.( Decreto-Lei nº 239/97 de 9 de Setembro de 1997) A coleta interna é aquela realizada dentro da unidade, consiste no recolhimento dos resíduos das lixeiras, fechamento do saco e seu transporte até a sala de resíduos ou expurgo. A coleta externa consiste no recolhimento dos resíduos de serviços de saúde armazenados nas unidades a serem transportados para o tratamento ou disposição final. (NAIME,R et al., 2004) A RDC ANVISA no 306/04 e a Resolução CONAMA no 358/05 versam sobre o gerenciamento dos RSS em todas as suas etapas. Definem a conduta dos diferentes agentes da cadeia de responsabilidades pelos RSS. Refletem um processo de mudança de paradigma no trato dos RSS, fundamentada na análise dos riscos envolvidos, em que a prevenção passa a ser eixo principal e o tratamento é visto como uma alternativa para dar destinação adequada aos resíduos com potencial de contaminação. Com isso, exigem que os resíduos recebam manejo específico, desde a sua geração até a disposição final, definindo competências e responsabilidades para tal. A Resolução CONAMA no 358/05 trata do gerenciamento sob o prisma da preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Promove a competência aos órgãos ambientais estaduais e municipais para estabelecerem critérios para o licenciamento ambiental dos sistemas de tratamento e destinação final dos RSS. Por outro lado, a RDC ANVISA no 306/04 concentra sua regulação no controle dos processos de segregação, acondicionamento, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. Estabelece procedimentos operacionais em função dos riscos envolvidos e concentra seu controle na inspeção dos serviços de saúde. De acordo SILVA e SOARES a coleta dos resíduos atualmente, é realizada seguindo os padrões estabelecidos em legislações existentes e de acordo com rotinas estabelecidas no Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde da instituição. Esta informação deve ser de conhecimento de todos que tem acesso aos Resíduos sólidos de serviços de saúde, bem como a divulgação e conscientização de todos que atuam nesta área é primordial. O conhecimento sobre os tipos de lixos gerados no estabelecimento é de suma importância na criação de um programa que avalie as condições de tais lixos e a divulgação da forma de tratamento de cada tipo, conforme classificação contida na RDC nº 33.( Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde). O gerenciamento de resíduos deve ser implantado e implementado em qualquer estabelecimento que preste serviço de atenção à saúde, conforme determinam a legislação federal, estadual e municipal no Brasil. O manual, em conformidade com o que determina o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), estabelece que o PGRSS deve abranger aspectos técnicos; operacionais, aspectos gerais ; organizacionais e aspectos de recursos humanos. O objetivo do manual é orientar a implantação, a implementação e o acompanhamento do gerenciamento de resíduos de saúde, buscando a qualidade dos serviços, bem como servir de meio ou instrumento para o treinamento, capacitação, padronizar ou disciplinar o método de trabalho, uniformizar a técnica e sistematizar informações e instruções. O PGRSS deverá atuar supletivamente ao Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA que deverá ser criado para promover ações para minimização ou eliminação da exposição ocupacional aos agentes de riscos ocupacionais (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos) e diretamente na prevenção de acidentes que possam ser causados pelos resíduos ou decorrente do processo de manejo, coleta, tratamento e destino final dos RSS. De acordo SILVA e SOARES a legislação existe e preconiza os cuidados necessários de tratamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (RSS). A produção de resíduos nas áreas de serviço de saúde varia de acordo com o porte do estabelecimento. Outra questão importante é o tipo de lixo gerado, pois nem todos os estabelecimentos geram todos os tipos de lixo, conforme classificação na RDC nº 33 e dessa forma haverá tratamentos diferenciados para cada estabelecimento. Embora a responsabilidade direta pelos RSS seja dos estabelecimentos de serviços de saúde, por serem os geradores, pelo princípio da responsabilidade compartilhada, ela se estende a outros atores: ao poder público e às empresas de coleta, tratamento e disposição final. A RDC n°33 preconiza também os princípios da biossegurança, de empregar medidas técnicas, administrativas e normativas para prevenir acidentes ao ser humano e ao meio ambiente e também os cuidados com os “RSS” vão além da coleta e preocupa-se com o que ocorrerá com os mesmos durante seu período de decomposição. Classificação De acordo com a RDC ANVISA no 306/04 e Resolução CONAMA no 358/05, os RSSsão classificados em cinco grupos: A, B, C, D e E. • Grupo A – engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outras. • Grupo B – contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Ex: medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre outros. • Grupo C – quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, como, por exemplo, serviços de medicina nuclear e radioterapia etc. • Grupo D – não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Ex: sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas etc. • Grupo E – materiais perfuro-cortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas e outros similares. Risco A avaliação do risco é um processo analítico muito útil, que gera valiosas contribuições para a gestão do risco, da saúde pública e para a tomada de decisões de política ambiental. Administrar de forma eficaz os riscos à saúde, associados ao vasto espectro da poluição gerada pelas atividades antrópicas, é um dos grandes desafios a serem enfrentados pelas políticas públicas. A minimização de resíduos de serviços de saúde pode ser efetivada pela adoção de práticas que visem à redução, à reutilização, à recuperação ou à reciclagem dos RSS. Reciclar é inserir um determinado produto acabado e já utilizado para o seu fim inicial em um novo processo de produção. A reciclagem terá cumprido o seu papel quando o resíduo, após submetido a um processo de seleção e tratamento, transforma-se em um novo produto capaz de ser comercializado no mercado. Para fins de reciclagem, somente será permitida a coleta seletiva após a liberação pelos órgãos de saúde e de meio ambiente competentes, dos licenciamentos do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde do estabelecimento gerador. A gestão sustentável dos resíduos sólidos pressupõe reduzir o uso de matérias-primas e energia, reutilizar produtos e reciclar materiais, o que vem ao encontro do princípio dos 3 Rs, apresentado na Agenda 21: redução (do uso de matérias-primas e energia, e do desperdício nas fontes geradoras), reutilização direta dos produtos, e reciclagem de materiais. Para atingir tal meta, é imprescindível a implantação de uma eficiente coleta seletiva. Podemos usar a seguinte classificação para os resíduos dos serviços de saúde (ABNT): • Infectantes – resíduos perigosos gerados durante as diferentes etapas de atendimento de saúde que contêm agentes patogênicos (Como: sangue, perfurantes ou cortantes, animal contaminante, etc). Esses resíduos representam diferentes níveis de perigo potencial. • Especiais – resíduos gerados durante as atividades auxiliares dos estabelecimentos de saúde. Podem ser divididos em três tipos: rejeito radioativo; resíduos farmacêutico; resíduo químico perigoso. • Comuns – resíduos gerados pelas atividades administrativas, auxiliares e gerais. Não representam perigo à saúde e suas características são similares as dos resíduos domésticos. Segregação e Coleta na origem Esta etapa do sistema dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde é de acordo com CETESB, 1997. Consiste na coleta diferenciada dos resíduos nos centros cirúrgicos, unidades de internação, quartos de pacientes, setor administrativo e cozinha, e a separação rigorosa dos resíduos não- infectados daqueles considerados infectantes ou químicos perigosos. A segregação na origem apresenta algumas vantagens: • diminuir gastos; • reduzir os riscos para a saúde e o meio ambiente; • reciclar diretamente alguns resíduos que não requerem tratamento ou acondicionamento prévios. Todos os materiais descartados por médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório, etc. nas unidades de serviços especializadas devem ser classificados e separados em recipientes para cada tipo de resíduo. A coleta consiste em transferir os resíduos de forma rápida e segura das fontes de geração até o local destinado para seu armazenamento temporário. Dentro do estabelecimento, essa coleta compreende duas etapas: a interna e a externa. A coleta interna é aquela realizada dentro da unidade, que consiste no recolhimento do lixo das lixeiras, no fechamento dos sacos e do seu transporte até um ponto de acumulação apropriado. A coleta externa consiste no recolhimento do lixo armazenado nos pontos de acumulação internos e seu transporte até o local definido para armazenamento externo, a partir do qual os resíduos terão tratamento prévio ou serão apresentados à coleta municipal. Alguns resíduos perigosos ou que apresentam risco elevado demandam de um serviço de coleta especial. Acondicionamento Esta etapa do sistema dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde é de acordo BRASIL, 2006. Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo. Os sacos de acondicionamento devem ser constituídos de material resistente a ruptura e vazamento, impermeável, respeitados os limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento. Os sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável, resistente a punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e ser resistentes ao tombamento. Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas salas de parto não necessitam de tampa para vedação, devendo os resíduos serem recolhidos imediatamente após o término dos procedimentos. Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante. Os resíduos perfuro cortantes ou escarificantes – grupo E – devem ser acondicionados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso, em recipiente rígido, estanque, resistente a punctura, ruptura e vazamento, impermeável, com tampa, contendo a simbologia. Transporte Esta etapa do sistema dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde é de acordo CETESB, 1997. O transporte é uma operação que geralmente se realiza fora do estabelecimento de saúde, por entidades ou empresas especializadas no tratamento e disposição final desses resíduos. Tratamento Esta etapa do sistema dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde é de acordo CETESB, 1997. Existem várias alternativas disponíveis no mercado, porém quase todas apresentam inconvenientes, tanto do ponto de vista sanitário/ambiental quanto do ponto de vista econômico: • Autoclavagem – apresenta custos de instalação e de operação elevados. Consiste na aplicação de vapor saturado sob pressão superior à atmosférica, com a finalidade de se obter esterilização. É comumente utilizada para esterilização de vidrarias, instrumentos cirúrgicos, roupas, etc. • Tratamento por microondas – esse tratamento desinfeta o material por aquecimento em temperaturas entre 95 e 100º C, por cerca de 30minutos e o volume diminui em cerca de 80%. Esta opção nem sempre é bem vista porque depois de desinfectados os resíduos são dispostos em aterros sanitários, e existe a dúvida em relação ao elementos viróticos resistentes a temperaturas superiores a 100º C, se eles não poderão causar problemas futuros à população. • Incineração – queima controlada a temperaturas entre 800 e 1000º C. Do ponto de vista sanitário, está tecnologia é interessante pois elimina os micro-organismos patogênicos e demanda um espaço físico pequeno para suas instalações. Entretanto, devem ser analisados alguns aspectos econômicos e ambientais, tais como: investimentos, presença de resíduos perigosos e lançamento de compostos perigosos na atmosfera. Outros métodos: esterilização fracionada, por radiação ionizante e não-ionizante, por aquecimento a seco, fracionada, por substâncias químicas na forma líquida, por gases ou vapores químicos; encapsulamento. Disposição dos resíduos sólidos Esta etapa do sistema dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde é de acordo BRASIL, 2006. Consiste na disposição definitiva de resíduos no solo ou em locais previamente preparados para recebê-los. Pela legislação brasileira a disposição deve obedecer a critérios técnicos de construção e operação, para as quais é exigido licenciamento ambiental de acordo com a Resolução CONAMA nº 237/97. O projeto deve seguir as normas da ABNT. As formas de disposição final dos RSS atualmente utilizadas são: aterro sanitário, aterro de resíduos perigosos classe I (para resíduos industriais), aterro controlado, lixão ou vazadouro e valas. A solução mais adequada para a disposição final desses resíduos seria os aterros sanitários (quando devidamente controlados). Aterro sanitário consiste na compactação dos resíduos em camada sobre o solo devidamente impermeabilizado (empregando-se, por exemplo, um trator de esteira) e no controle dos efluentes líquidos e emissões gasosas. Seu recobrimento é feito diariamente com camada de solo, compactada com espessura de 20 cm, para evitar proliferação de moscas; aparecimento de roedores, moscas e baratas; espalhamento de papéis, lixo, pelos arredores; poluição das águas superficiais e subterrâneas. O principal objetivo do aterro sanitário é dispor os resíduos no solo de forma segura e controlada, garantindo a preservação ambiental e a saúde. Conclusão A contribuição de alternativas tecnológicas que viabilizem menor impacto ambiental sobre os meios físico e socioeconômico que constituem o meio ambiente, é uma necessidade urgente para a melhoria de qualidade de vida das populações visando a melhoria do atendimento prestado nos serviços de saúde. As instituições de serviços de saúde devem contribuir para o processo de gestão ambiental a partir do gerenciamento de seus resíduos sólidos com uma visão global e ações locais, tendo como base normas internas, legislação vigente e a busca de informações, ampliando as discussões e medidas conjuntas para uma gestão dos resíduos sólidos envolvendo ações de proteção ambiental interna e externa, onde a colaboração de todos os funcionários são essenciais na busca da segurança do paciente, do profissional e do meio ambiente. Coleta de lixo domiciliar A rua é o local urbano onde tudo ocorre. É neste espaço que nos locomovemos, nos deslocamos, nos movimentamos e fazemos a vida na cidade acontecer. Em meio ao cotidiano neste espaço público, existem centenas de pessoas que vivem este ambiente como o seu local de trabalho. São os trabalhadores urbanos que realizam diversas atividades na cidade a céu aberto. Dentre eles, podemos citar os agentes de trânsito, os vendedores ambulantes, e os agentes de limpeza urbana, sendo estes últimos, o grupo alvo de estudo para desenvolvimento deste trabalho. Dentro deste grupo de trabalhadores, temos diferentes profissões, como os varredores, os jardineiros que realizam a manutenção de áreas verdes, e os trabalhadores da área de resíduos, que realizam as atividades de coleta e tratamento dos resíduos. A valorização do trabalho dos coletores de resíduos ainda é um grande desafio no gerenciamento integrado dos resíduos sólidos urbanos. Uma breve pesquisa demonstra que a profissão dos agentes de limpeza urbana é uma das mais prejudiciais à saúde. Esse fato se dá por conta do contato com todos os tipos de riscos: físicos, químicos, de acidente, ergonômicos e biológicos. A problemática é ainda maior quando nos referimos diretamente aos trabalhadores da área de coleta de resíduos, pois neste caso o contato com os riscos biológicos e de acidente é direto e com grandes probabilidades de acontecer. Podemos citar ainda a questão da precariedade que muitas vezes está presente nesta atividade, o assédio moral e a falta de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) e fiscalização trabalhista. No intervalo de tempo de 2011 a 2016, o Estado de São Paulo registrou cerca de 14.000 acidentes de trabalho na atividade de Coleta de Resíduos Não Perigosos (dados da Previdência), não havendo ainda, uma redução significativa destes acidentes ao passar dos anos. Os dados supramencionados serão apresentados e analisados neste artigo. Embora as atividades de coleta de resíduos sejam de extrema importância, visto que o número de lixo gerado cresce a cada ano e torna-se cada vez mais necessário recolhe-lo e trata-lo, porque ainda temos tanta precariedade e tantos riscos ocupacionais ligados à esta profissão? A quem cabe a responsabilidade de manter a saúde ocupacional destes trabalhadores? É possível minimizar os riscos? O que tem sido feito em prol de melhorias para este setor? Uma das hipóteses para compreensão do cenário atual em que vivem estes trabalhadores é a falta de prudência por parte das quatro esferas que compõe a responsabilidade em manter a saúde ocupacional destes trabalhadores. Entender as responsabilidades relativas à cada esfera é ponto inicial para amenizar os riscos e melhorar a saúde ocupacional destes colaboradores. No que se refere à este item, podemos citar: sociedade – responsabilidade em alocar os resíduos da forma correta (principal causa dos acidentes com coletores de resíduos é o acondicionamento errado de resíduos cortantes e perfurante); governo – fiscalização quanto às leis e normas trabalhistas; empresa – cumprimento das leis e normas trabalhistas em sua totalidade/manter a integridade do trabalhador; colaborador – utilização correta de EPI/evitar erros humanos (brincadeiras, olhos longe da tarefa, distração, entre outros). 138 Buscando melhorar as condições de trabalho desta atividade perigosa e insalubre, no ano de 2010 foi iniciado o processo para a publicação de uma nova NR diretamente voltada para o trabalho de profissionais que se dedicam a deixar nossas ruas limpas. A NR da Limpeza Urbana dispõe sobre os requisitos mínimos para a gestão da segurança, saúde e conforto nas atividades de limpeza urbana, sem prejuízo da observância das demais Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho. O processo já saiu da fase de consulta pública e segue em análise. Um dos objetivos deste projeto é analisar se as questões apresentadas nesta nova NR vão de encontro as reais necessidades destas profissões Profissão perigo: os coletores de resíduos não perigosos Classificada como uma das profissões mais prejudiciais à saúde, a atividade de coleta de resíduos iniciou em 1876, no Rio de Janeiro, quando o empreiteiro Aleixo Gary (origem do termo “gari”) assinou um contrato para a limpeza da cidade (SANTOS, 2004). Os trabalhadores da coleta de resíduos são aqueles que realizam suas tarefas em ritmo acelerado, subindo e descendo do caminhão de “lixo”, ao mesmotempo em que se desloca com vários sacos de “lixo”, segurando-os pelas mãos, apoiando-os pelo braço e tórax. Ritmo acelerado de trabalho que pode desencadear em acidentes como, torções, alterações musculares, além de riscos de ferimentos e contaminação com materiais perfurocortantes presentes nos resíduos sólidos dispostos para coleta convencional (MALYSZ; GALDINO; 2016). Para VASCONCELOS (2007), a atividade de coleta de resíduos trata-se um trabalho puramente braçal, bruto, de puro esforço físico que exige uso intensivo de braços e pernas. VELOSO (1997) destaca que os coletores são expostos ao calor, frio, chuva e variações bruscas de temperatura. Além destes aspectos, os coletores são expostos aos ruídos constantes do sistema de compactação dos resíduos no caminhão, mau cheiro ocasionado pelo processo de decomposição da matéria orgânica, trepidações durante o trajeto em locais de difícil acesso, terrenos íngremes, asfaltos mal conservados e riscos de atropelamento em locais onde o trânsito é mais intenso. Os riscos biológicos e de acidentes estão diretamente ligados ao tipo de atividade que estes colaboradores desenvolvem. O dano ao colaborador é resultado da combinação das 139 características dos resíduos coletados, dos tipos de equipamentos utilizados e da forma em que os mesmos são acondicionados. Seguindo este raciocínio, VELOSO (1998) afirma que o processo de coleta de lixo domiciliar ainda é bastante precário, pois se utiliza de tecnologia praticamente manual, em que o trabalhador utiliza-se do corpo para transportar os resíduos até o caminhão. Neste caso, o corpo é o principal instrumento de coleta do “lixo”. De acordo com Costa (2008), a profissão de coletor de lixo é mais uma das atividades que se enquadram na chamada “invisibilidade pública” em que o homem e sua profissão ficam desaparecidos para os demais, assim como a sua falta de importância social. São indivíduos que fazem parte do sistema de limpeza pública do município, responsáveis pela coleta e destinação dos resíduos gerados pela comunidade, mas que ao longo de sua jornada de trabalho ficam invisíveis aos olhos da sociedade, e muitas vezes sofrem humilhações, retaliações e são vistos com maus olhos pelos indivíduos. Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) os coletores de resíduos não perigosos fazem parte do grupo 381 (Coleta de Resíduos) e correspondem à classe 3811, com grau de risco 3 – Grave. Esta classe compreende as seguintes atividades: • coleta de resíduos não perigosos de origem doméstica, urbana ou industrial por meio de lixeiras, veículos, caçambas, etc.; • coleta de materiais recuperáveis; • coleta de resíduos em pequenas lixeiras públicas; • coleta de entulhos e refugos de obras e de demolições; • operação de estações de transferência de resíduos não perigosos, que são unidades responsáveis pelo armazenamento temporário e a transferência definitiva de resíduos não perigosos para os aterros e lixões. Buscando contribuir para o maior conhecimento dos temas relacionados aos acidentes do trabalho, o Ministério da Previdência Social e o Ministério do Trabalho e Emprego publicam o Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho – AEAT. Publicado desde 2000, o AEAT constitui- se em instrumento de trabalho para os profissionais que desempenham atividades nas áreas de saúde e segurança do trabalhador, assim como para pesquisadores e demais pessoas interessadas no tema. As tabelas apresentadas abaixo tratam-se de um compilado de dados disponíveis no AEAT dos anos 2011 a 2016, referentes à acidentes do trabalho na atividade econômica Coleta de Resíduos Não Perigosos (CNAE 3811), no estado de São Paulo. Responsabilidade na segurança do trabalho dos coletores de resíduos não perigosos: cabe a quem? A segurança dos coletores de resíduos é uma tarefa que não compete somente ao empregador. Ela também é uma tarefa que compete ao estado, ao próprio trabalhador, e a nós, sociedade. Muitos acidentes de trabalho dos coletores de resíduos não perigosos podem ser evitados através da conscientização da população para esta atividade. Pode-se citar, inicialmente, que a maioria dos acidentes com coletores acontecem por conta do acondicionamento irregular de resíduos cortantes e perfurantes. Podemos exemplificar esta afirmação com a situação da cidade de Jundiaí-SP, que teve um aumento gradativo nos acidentes causados por descarte irregular de lixo neste ano de 2018. Segundo reportagem do TEM Notícias, veiculada pela Globo, nos quatro primeiros meses já haviam sido registrados mais da metade dos acidentes registrados no ano passado, e cerca de 40% dos acidentes foram motivados por descarte irregular de lixo. 142 Uma situação parecida já havia ocorrido na cidade de Rio Claro – SP. Neste caso, fato do ano de 2014, o descarte incorreto de lixo fez os acidentes com coletores subir 63% na cidade. Cerca de 55% dos acidentes registrados neste ano aconteceram por conta do descarte irregular de lâmpadas, vidros, agulhas, seringas e demais materiais cortantes e perfurantes. Também pode-se referir ainda à responsabilidade da sociedade casos de discriminação por conta da atividade (bullying). Também é dever de todos inserir na sociedade esses colaboradores que são extremamente importantes para o bom funcionamento do meio em que vivemos. “Tem gente por trás do uniforme”, diz o gari Francisco Assis Pereira, em entrevista ao G1. Apesar das conquistas que o trabalho lhe proporcionou, sendo a forma de sustento que colaborou para que ele criasse os quatro filhos, ele conta que já foi discriminado em lojas e padarias. Em declaração na entrevista, seu Francisco revela "Muita gente não nos vê como pessoas. Enxergam a roupa da gente, mas não a pessoa por trás da roupa." Ao fim, ele afirma "Tenho orgulho do que faço.” Embora a sociedade tenha um papel importantíssimo na gestão de segurança da atividade dos coletores, ela não desempenha este papel sozinha. O empregador também é um elemento que compõe as quatro esferas que fazem parte desta responsabilidade. É o empregador quem deve garantir a integridade do colaborador, cumprindo leis e normas trabalhistas em sua totalidade, buscando sempre melhorar a situação do empregado. Em 2015, um decreto realizado pelo Ministério do Trabalho interditou a coleta de lixo em sete cidades do noroeste do estado de São Paulo. “A decisão foi tomada por causa de supostas irregularidades em relação à segurança dos funcionários da empresa que faz a coleta nessas cidades.” afirma a equipe de reportagem do G1 de Rio Preto e Araçatuba. Recentemente, em dezembro do ano de 2017, a mesma empresa teve novamente suas atividades trabalhistas suspensas em sete cidades da região. A empresa é acusada pelo Ministério do Trabalho e MPT de pelo menos seis irregularidades trabalhistas, incluindo o transporte dos coletores em estribos na parte de trás dos caminhões, o que não é previsto no Código de Trânsito Brasileiro, a lavagem do uniforme pelo próprio coletor, a falta de licença do Ministério do Trabalho para a prorrogação da jornada de trabalho, a não concessão de descanso de dez minutos a cada 90 trabalhados e a falta de um local adequado para as refeições diárias (ABREU, 2017). Além do comprometimento do empregador, é necessário engajamento por parte do colaborador para garantir que a gestão de saúde e segurança da atividade seja efetiva. É 143 responsabilidade do coletor evitar os “erros humanos” durante a jornada: brincadeiras, distrações, imprudências, etc; utilizar corretamente os EPI’S; seguir as instruções e treinamentos com atenção e foco na atividade. A maioria dos acidentes do trabalho de atropelamento, por exemplo, ocorrem pelo própriocaminhão da empresa, por conta de excesso de velocidade, manobras perigosas e falta de atenção. Em 2017, um acidente com caminhão de lixo na cidade de Votorantim-SP, matou um coletor e deixou outros cinco feridos. Uma semana antes, outro acidente com caminhão de lixo havia acontecido na região, onde um coletor foi atropelado. Este mesmo fato já aconteceu em demais cidades do estado de São Paulo, como Porto Ferreira, São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto, Araçoiaba da Serra. Infelizmente, a maioria dos casos tem como consequência o óbito do funcionário. Todas as notícias apresentadas nesta seção demonstram que a falta de responsabilidade por conta das esferas que regem a gestão de segurança desta atividade compõe o quadro grave de segurança em que se encontram estes trabalhadores. Porém, a última e não menos importante figura envolvida, pode evitar a maior parte dos acidentes ocorridos: a fiscalização por conta dos órgãos governamentais. Existem pouquíssimas notícias referentes a empresas notificadas pelo MTE por conta das más condições de trabalho, ou de Prefeituras que fiscalizem a ação das empresas contratada para a coleta. Em contraponto a isso, cresce o número de notícias de paralisações por meio dos funcionários que buscam melhorias na condição de trabalho. É o caso das cidades de Bauru, Piracicaba, Jacareí, São José, entre outras, que recentemente tiveram casos de paralisação dos coletores. As principais questões apresentadas por eles é a falta de segurança na atividade, falta de equipamentos de proteção individual e o aumento da jornada de trabalho. Uma nova esperança: NR de Limpeza Urbana Embora o cenário para estes trabalhadores esteja em péssimas condições, uma nova esperança de melhorias pode estar prestes a ser validada. A nova NR de Limpeza Urbana, ainda não publicada, já passou pelo processo de consulta pública e segue para as próximas fases de avaliação e concordância das comissões. O processo iniciou em 2010, porém, somente em 2017 o grupo de trabalho encarregado de verificar e estudar as condições de segurança e higiene nos serviços de 144 limpeza urbana apresentou, em Brasília, o texto base da Norma Regulamentadora. O grupo é formado por auditores-fiscais do Trabalho da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) e técnicos da FUNDACENTRO. O texto, discutido em audiência pública na sede do Ministério do Trabalho, aponta os requisitos mínimos para a gestão de segurança, saúde e conforto nesse tipo de atividade. As atividades de limpeza urbana que serão regulamentadas pela NR envolvem a coleta de resíduos sólidos, varrição, transbordo, manutenção de áreas verdes, tratamento de resíduos, ponto de recolhimento de resíduos (ecoponto), triagem de recicláveis e destinação final. O texto também abrange raspagem e pintura de meio-fio, capina e roçagem de terrenos, lavagem e conservação de monumentos e de túneis, varrição e lavagem de feiras, vias e praças. Todos os trabalhadores das atividades de limpeza urbana, independente da forma de contratação, estarão respaldados por esta norma. Os itens previstos incluem desde a organização das atividades, o material de apoio e vestimentas, veículos, máquinas e equipamentos, até o suprimento de água potável e fresca, além de banheiros e pontos de apoio no trajeto da coleta de resíduos. Um dos direitos assegurados é a recusa de fazer a coleta, quando o material estiver acondicionado de forma irregular ou oferecer risco à saúde ou segurança pessoal. MÉTODOS E PROCEDIMENTO Para alcançar o objetivo deste estudo, a metodologia de trabalho foi de caráter analítico, desenvolvida através de pesquisas bibliográficas e análise de dados. No que se refere às pesquisas bibliográficas, estas foram realizadas a partir de livros, revistas, artigos, dados estatísticos, notícias e trabalhos já realizados, de acordo com o tema principal do estudo. As pesquisas e publicações foram separadas por localidade e data, buscando uma linha de pensamento entre elas. No campo da análise de dados, serão analisados os dados de trabalhos já realizados por instituições, tais como: FUNDACENTRO, INSS, IBGE, TEM, entre outros. Visto que há a imensidão de dados relativos a este assunto, não será alvo deste estudo o desenvolvimento de novos dados. Busca-se, principalmente, a utilização de dados mais recentes. Portanto, os dados coletados são referidos de um espaço tempo de no máximo 8 anos relativo ao ano vigente 145 (2018). O tempo estabelecido condiz com o início da produção da nova NR de Limpeza Urbana (2010). Os dados utilizados neste trabalho referem- se ao grupo de trabalhadores que lidam com resíduos não perigosos, que incluem coleta de lixo residencial, urbana ou industrial, não perigosos, resíduos de obras e transferência de resíduos não perigosos. A Classificação Nacional de Atividade Econômicas – CNAE selecionada para descrever essa atividade é: 3811 (coletores de resíduos sólidos não perigosos). Portanto, cabe ressaltar que esta pesquisa não destina-se apenas a coletores de resíduos domiciliares. O problema foi estudado e discutido de acordo com os principais pesquisadores e estudiosos da área. As notícias referentes aos acidentes com coletores de resíduos, e os dados disponibilizados pela Previdência foram as principais fontes de comprovação de que o problema ainda é atual e recorrente. Estes dados foram compilados e serão apresentados através de tabelas, desenvolvidas pela autora do artigo. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os altos índices de acidentes de trabalho apresentados nas tabelas 01 e 02 podem ser justificados pela falta de responsabilidade das quatro esferas responsáveis pela gestão de segurança da atividade de coleta de resíduos não perigosos. As notícias apresentadas, bem como a falta delas, são um indicativo do panorama atual em que se encontram estes colaboradores. O baixo número de doenças ocupacionais relacionadas à estas atividades nos fazem perceber que, é provável que as medidas de segurança do trabalho atuais são eficazes, porém, não eficientes. Elas atuam na prevenção de acidentes ao longo do tempo, mas não são capazes de evitar acidentes típicos corriqueiros e recorrentes. Portanto, as ações de melhoria para o setor devem agir neste sentido. Em concordância às principais notícias de óbitos desta atividade, em relação aos números da tabela 02, podemos compreender que o atropelamento é a causa principal desta consequência, e a mesma é gerada por parte de imprudência dos próprios funcionários e da falta de fiscalização dos órgãos governamentais. Para que tenha eficiência, a nova NR de Limpeza Urbana (analisada logo abaixo) deve agir, principalmente, com o objetivo de evitar os acidentes típicos de trabalho, em conjunto com ações de prevenção com os trabalhadores, conscientização da população e fiscalização do 146 MTE, prefeitura e demais instituições. Sendo esta última, item indispensável para evitar qualquer tipo de falha na segurança da atividade. Inicialmente, é importante ressaltar que, como descrito na norma, esta representa apenas os requisitos mínimos para o desenvolvimento das atividades de limpeza urbana. Portanto, constata-se claramente no decorrer de sua análise, que a mesma trata superficialmente de alguns aspectos que, ao longo de sua publicação, deverão ser revisados e aprofundados. O primeiro item desta norma refere-se aos objetivos e campo de aplicação. O item 1.4 cita que “Esta Norma abrange todos os trabalhadores das atividades de limpeza urbana, independente da forma de contratação”. Embora breve, este item da norma é de suma importância, visto que, independente da forma de contratação, o trabalhador terá direito à treinamentos,programas de prevenção, e demais itens descritos na norma. Esta condição qualifica a responsabilidade do empregador, que procura se eximir dos seus deveres, quando o funcionário não é contratado pelo regime CLT. O segundo item da norma trata da organização das atividades. Embora o texto descreva que “as tarefas devem ser efetuadas com base em estudos e procedimentos” que atendam aos objetivos de “não comprometer a segurança e a saúde dos trabalhadores” o texto não dispõe de requisitos mínimos para tais estudos e procedimentos. Ficará à encargo da empresa definir quais serão os métodos desenvolvidos para organizar as atividades, e a realização de estudos para descobrir quais serão os parâmetros de cadência ideal para os movimentos de membros superiores e inferiores, como deverão acontecer os transportes de cargas, e as distâncias máximas que poderão ser percorridas, sem comprometer a saúde e a segurança do colaborador. Neste sentido, ela garante apenas que “as exigências de desempenho devem ser compatíveis com as capacidades dos trabalhadores, de maneira a minimizar os esforços físicos estáticos e dinâmicos que possam comprometer a sua segurança e saúde” e a “adoção de medidas para reduzir esforços e aumentar o conforto dos trabalhadores”. Medidas estas que vão de encontro às necessidades dos colaborados em reduzir os esforços físicos, evitando lombalgias, torções, e demais riscos ergonômicos que estão associados à atividade. Os métodos e procedimentos adotados pelo empregador deverão estar disponíveis para o empregado, o sindicato e o Ministério do Trabalho através de um inventário que, além disso, deverá demonstrar a área a ser percorrida pelos trabalhadores, onde serão os pontos de 147 apoio e/ou áreas de vivência, e demais informações que possam afetar a saúde e a segurança do trabalhador. Este documento será de extrema importância na fiscalização destas atividades, pois o mesmo irá comprometer o empregador com a saúde e segurança de seus colaboradores. Para o campo de atuação dos coletores de resíduos, o item 2.3 é extremamente importante, pois ele assegura ao trabalhador “interromper suas atividades exercendo o direito de recusa, sempre que constatar evidência de risco grave e iminente para sua segurança e saúde ou a de terceiros, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico.” Constatou-se ao longo deste estudo que 75% dos acidentes são típicos de trabalho, e que grande parte destes é proveniente da coleta de resíduos cortantes e perfurantes acondicionados de forma irregular. Dessa forma, pode-se compreender o quanto esse item é benéfico para eles. Ter o direito de negar a realização de um trabalho que pode lhe trazer riscos à segurança e saúde é totalmente indispensável. Compatível à esta situação, o item 8.1 reforça esta ideia, e cita que “é assegurado ao trabalhador o direito de recusa, conforme definido no item 2.3 desta Norma, quando os resíduos estiverem acondicionados de forma irregular, ou quando oferecerem risco à sua saúde ou segurança, inclusive em relação ao local de depósito ou quando o peso presumido estiver superior ao definido na AET. Para efeitos de ação da norma, considera-se inadequadamente acondicionados os resíduos que possibilitem cortes, perfurações, esforço excessivo, acidentes, vazamentos, derramamentos, espalhamentos e surgimento de animais peçonhentos ou vetores de doenças. Institui-se nesta norma que o empregador disponibilize pontos de apoio aos colaboradores, com água potável, local para higienização e local para refeições. Também devem ser fornecidas proteções contra radiações não ionizantes. Neste sentido, o ponto em que pretendesse atingir é o de bem-estar do trabalhador. O mínimo necessário para que o mesmo trabalhe com maior produtividade é que possa se alimentar em local adequado, proteja-se da ação do sol e mantenha-se hidratado. Além dos pontos de apoio, os coletores devem ter acesso à água potável no caminhão, durante toda a jornada, e acesso à água, sabão e material para enxugo, para higienizar as mãos quando os mesmos sentirem necessidade. O item 2.9 refere-se ao transporte dos trabalhadores. O transporte dos colaborados na parte traseira do caminhão de resíduos tem sido alvo de discussão há mais de 10 anos. Há cerca de 8 anos, já é proibido em muitas cidades brasileiras. No que condiz a essa situação, 148 sabe-se que muitos acidentes acontecem pela queda do colaborador ao se “pendurar” no caminhão para realizar os trajetos. A norma define que o transporte dos colaboradores deve ser feito por meio de “veículos autorizados pelos órgãos competentes, sendo vedado o transporte de trabalhadores e de terceiros em veículos ou máquinas auto propelidas e implementos não projetados e autorizados para esse fim, mesmo em pequenas distâncias ou em baixa velocidade.” O item 8.2 reforça esta exigência, e define que “é proibido o deslocamento de trabalhadores, mesmo em pequenos percursos, em estribos, plataformas, parachoques, assim como em carrocerias de caminhões, carretas, apoiados em tratores e/ou em outras situações que podem favorecer acidentes ou adoecimentos.” Portanto, podemos considerar que, desde que executada em sua totalidade, a norma resolve o problema de transporte dos coletores e dos acidentes causados pela queda do caminhão. Como cita no início do texto, esta nova NR trata-se de um completo as demais Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho já existentes, não as dispensando ou as prejudicando de forma alguma. Portanto, além das disposições gerais, esta NR apresenta itens complementares à outras normas, que são específicos para a atividade de limpeza urbana, de acordo com as necessidades atuais. Os itens 3 e 4 complementam a atuação das NRs nº07, nº09, e nº17, referentes à Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e Análise Ergonômica do Trabalho (AET), respectivamente. Relembrando os dados apresentados, os principais acidentes que ocorrem com os trabalhadores desta atividade são os típicos, que correspondem à 75% do número total de acidentes. De encontro a necessidade de reduzir este número, a norma institui que o PPRA, além do previsto na Norma Regulamentadora nº 09 (NR- 09), deve conter: a) medidas de controle para a exposição aos riscos de natureza ergonômica e outros gerados pela organização do trabalho; b) medidas de controle para exposição aos riscos de acidentes; (...). Referindo-se à análise do segundo parágrafo deste capítulo, destaca-se a informação de que, atualmente, as ações de segurança do trabalho têm sido competentes em consequências que vem ao longo do tempo (doenças ocupacionais), porém não controlam com eficiência os acidentes típicos. O item mencionado acima é uma solução prática para este problema. Ele propõe que os riscos sejam controlados e os acidentes típicos sejam evitados, diminuindo assim os altos índices de acidentes relacionados à esta classe trabalhadora. 149 O PCMSO, como complemento desta norma, atuará como banco de dados para definir e analisar as principais situações geradoras de riscos aos trabalhadores, a evolução de doenças físicas e/ou psicológicas, dados e estatísticas de queixas dos trabalhadores, e demais informações que possam servir de base para o desenvolvimento de novas ações que possam colaborar com a saúde e segurança do trabalhador, trabalhando em conjunto à AET, que deverá contar todas as questões relativas à Ergonomia das atividades realizadas. Para os treinamentos, a norma reserva o item 6 em sua totalidade. Os treinamentos de capacitação, em qualquer área, são de extrema importância para o desenvolvimento das atividades. Para a área da coleta de resíduos, devidoà complexidade das suas tarefas e o alto risco envolvido, os treinamentos tornam-se ainda mais indispensáveis. Mais importante que o treinamento em si, é a abrangência do conteúdo que o mesmo aborda. Neste sentido, a NR traz considerações importantíssimas que exigem treinamentos admissionais, periódicos e de troca de função, práticos e teóricos, para todas as situações da jornada de trabalho, que vão desde a conservação da vestimenta, até possíveis cenários de emergências. A norma exige também que “durante os primeiros 30 (trinta) dias de trabalho, deverão ser designadas tarefas com menor exigência física e complexidade para adaptação do trabalhador, devendo ser acompanhado por trabalhador capacitado, com experiência na função”. Infelizmente, uma falha desta norma, é que a mesma não apresenta muitas novidades para os equipamentos, vestimentas e equipamentos de proteção individual, além das presentes nas Norma Regulamentadora nº 06 e nº 09. Como benefícios, podemos citar o item 7.5, que trata especificamente em relação à atividade de coleta de resíduos sólidos, e cita que devem ser fornecidos ao trabalhador: a) calçado de segurança do tipo tênis, apropriado ao deslocamento nas vias de coleta e à distância a ser percorrida diariamente, devendo apresentar, entre outras características, resistência à penetração e absorção de água (resistente à umidade) e resistência à penetração por perfuração (resistente a agentes perfurantes); b) luva de segurança com nível de desempenho mínimo de “3” para o ensaio de resistência a corte por lâmina e “3” para o ensaio de resistência à perfuração, conforme informado no Certificado de Aprovação - CA, emitido pelo Ministério do Trabalho. Os itens mencionados acima buscam, prioritariamente, evitar os acidentes típicos motivados pelo mal acondicionamento do lixo, condição mencionada neste trabalhado como 150 uma das principais resultantes em acidentes dos coletores, e de responsabilidade da sociedade, da precariedade dos EPIs fornecidos pelo empregador, e da falta de fiscalização por conta do MTE. CONCLUSÃO As atividades dos coletores de resíduos não perigosos demandam de uma série de ações que visam à saúde e segurança destes profissionais, principalmente devido aos riscos que estão diretamente envolvidos. Os dados relativos aos acidentes do trabalho no estado de São Paulo, disponibilizados pela Previdência, apresentam o atual panorama em que esta gestão de segurança encontra-se. Os altos índices de acidentes demonstram, sobre tudo, que é necessária uma mudança, e que a mesma necessita de total comprometimento dos envolvidos na responsabilidade em manter a saúde e segurança destes colaboradores: sociedade, empregador, empregado e instituições públicas. É necessário que as ações iniciais sejam em prol de controlar os acidentes típicos, buscando sempre ampliar as pesquisas que envolvam os riscos ocupacionais relacionados às atividades de coleta de resíduos, visando melhoria das condições de trabalho e implementação de novas ações. Embora apresente somente os requisitos mínimos, a nova NR de Limpeza Urbana traz exigências que vão totalmente de encontro às necessidades de melhoria desta classe trabalhista, e tende a ser uma solução para muitos problemas relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores desta função. Uso de ponte rolante para deslocamento de equipamentos pesados O transporte de qualquer carga representa riscos, por ser atividade perigosa, onde o próprio perigo é o do transporte de cargas. O risco decorrente dessa atividade perigosa de modo geral pode ser representada pela queda da própria carga ou do veículo transportador, atingindo a carga, o veículo, pessoas, o patrimônio dessas, enfim, causando uma série de transtornos, como por exemplo a interdição de pistas pelo tombamento de veículos ou o deslocamento de passarelas sobre rodovias, em função do excesso de altura da carga. A movimentação de cargas também é diversificada, podendo ser manual, através de equipamentos ou sistemas, como esteiras, ou formas distintas. Por que os artigos, fotos e informações sobre acidentes envolvendo cargas e mesmo o transporte de cargas de grandes dimensões ou pesos despertam tamanha curiosidade? Será por que o Homem passa a ser “pequeno” diante da operação envolvendo transportes de navios, plataformas e outras de menores dimensões, como as envolvendo os ônibus espaciais? Será por que os riscos são sempre elevados? Ou será que a movimentação de cargas é uma atividade interessante? Há uma probabilidade dos riscos aumentarem em função das dimensões e geometrias das cargas, dos pesos e dos equipamentos envolvidos, do trajeto da movimentação, da quantidade de pessoas envolvidas, enfim, trata-se de uma equação onde a quantidade de incógnitas quase sempre é grande. Condições climáticas, por exemplo, influenciam as questões de segurança na medida em que o vento, ou os temporais com raios podem ocorrer. O piso em que se desenvolvem as atividades também pode ser um perigo a mais. Assim, quanto mais se detalha o processo mais se verifica que há riscos. Um lojista, pegando na prateleira de cima um sapato para uma cliente, pode escorregar na escada de acesso ou na cadeira e cair. Uma dona de casa, levando os pratos da cozinha para a mesa na sala pode tropeçar na ponta de um tapete e cair com a carga transportada. Se essa se partir, a dona de casa pode se ferir. Assim, deixando de lado o microscópio e passando para a lupa, observa-se que há riscos em todas as atividades de transporte. Por isso, talvez haja tanto interesse das pessoas na leitura de temas assim. Durante longo período de tempo de atuação em atividades de gerenciamento de riscos, por mais de 25 anos em ambientes industriais, em várias fases como projeto, construção e montagem, instalações, testes, comissionamentos e descomissionamentos, reparos e mesmo em análises técnicas de sinistros ocorridos como perito, ou de entrega de obras, tivemos a oportunidade de tomar conhecimento, analisar, avaliar e regular sinistros de uma série de acidentes envolvendo o transporte de cargas, afetando pessoas, meio ambiente, patrimônios da própria empresa ou de terceiros, e mesmo aqueles envolvendo responsabilidade civil do empreendimento. No exercício dessa atividade começamos a nos preocupar com as análises desses casos, já que, em algumas vezes, os danos causados estendiam-se além do ambiente onde ocorria a movimentação da carga, afetando outras unidades, como por exemplo, em um terminal de óleo e gás, onde o transporte de um equipamento por sobre tubovia interrompeu o transporte dos produtos e gerou princípios de incêndio. Como a análise ao longo dos anos terminou sendo bastante extensa, traçamos uma linha de corte para os acidentes que envolviam a segurança do trabalho, ou melhor, a segurança no trabalho. Assim, estabelecemos como objetivo deste artigo oferecer a todos aqueles que se interessam pelo tema: movimentação de cargas informações que possam ampliar os níveis de segurança adotados. Para tanto, relatamos os resultados, fruto dessas análises estatísticas, sem qualquer aplicação de metodologias de análise, usualmente empregadas na área de engenharia de produção, e tão somente as causas raiz e causas básicas, ou as origens dos acidentes. Descrição do problema: O transporte ou movimentação de cargas sempre foi uma atividade relacionada à atividade humana, direta ou indiretamente. Inicialmente, o transporte era executado de duas maneiras: • Empregando o esforço físico humano; • Utilizando o esforço de animais de tração. Enquanto o Homem era nômade, mudava-se constantemente, levando seus pertences sobresuas costas ou no lombo de animais. Quando passou a residir em aglomerados que passaram a ser cidades, embelezava-as transportando materiais de construção. Vendia e adquiria bens e produtos transportando-os, em caravanas, ou em pequenas embarcações. No século 19 empregava locomotivas e navios. No início do século 20 o principal meio de transporte passou a ser rodoviário. Os modais de transporte foram se adaptando às necessidades humanas e ainda o são. Para a construção da estação espacial o modal de transporte passou a ser foguete. Seja qual for o modal de transporte ou a forma de como as cargas são transportadas ainda continua sendo a atividade de transporte, com os riscos a ela inerentes, como por exemplo, a queda da carga com danos à mesma e ou danos a instalações, pessoas e bens. Com o passar dos tempos, e as mudanças ocorridas na atividade de transporte, e as razões ou meios para tal, associando-as às distâncias percorridas e aos esforços físicos, o homem passou a empregar: • Ferramentas ou equipamentos rudimentares, como por exemplo, toras de madeira; • Veículos ou meios de transporte específicos, como carroças ou navios. Posteriormente, com o aumento das dimensões das cargas e das dificuldades dos transportes, o homem passou a empregar dispositivos especiais, como torres, polias associadas, rampas, em aclives ou declives, carretilhas, tirfors, e outros meios, até chegarmos aos guindastes de milhares de toneladas de capacidade de carga. O interessante disso tudo é que as formas anteriores ainda continuavam a ser empregadas. Existem estudos que nas construções das pirâmides no Egito os trabalhadores erigiam rampas e prendiam as grossas cordas em torno das pedras para posicioná-las. Alguns trabalhos mencionam que esse esforço era executado somente pelos trabalhadores, outros, que as pedras eram suportadas por toras de madeira para melhor deslizarem. Se a segunda hipótese for verdadeira, os egípcios foram os primeiros a empregar a técnica de “esquidagem” para os deslizamentos, hoje muito empregada em estaleiros para a movimentação dos módulos de plataformas e mesmo de jaquetas. Na literatura pode-se analisar e conhecer também o que hoje é denominado de modal de carga. Essa expressão significa o modo de como a carga é transportada, se através de vagões, esteiras transportadoras, aviões, força humana, mecanismos de transporte, como ponte rolante, empilhadeira, carrinho de mão, entre outros. O importante é se saber que o tipo de transporte irá variar de acordo com a geometria e dimensões da carga, peso, distâncias percorridas e elevações. A carga pode ser desde o transporte de derivados de petróleo em oleodutos, containers, instalações modularizadas, peças e equipamentos. Enfim, existe e deve existir uma associação entre a carga e o meio de transporte empregado. Quando existe, está se falando em otimização do meio de transporte. Não faz sentido uma empresa adquirir um guindaste de capacidade para 250 toneladas se a maior carga a ser transportada não ultrapassar a 5 toneladas. Da mesma maneira que, em locais pequenos não é recomendável o emprego de equipamentos de transporte de grandes dimensões. Pode se associar as atividades aos riscos de modo simplório, como apresentado na sequência a seguir. Percebe-se inicialmente que não se expandem as opções e análises, mesmo porque se trata de um artigo que busca levar um pouco de informação que poderá ser ampliada pelos leitores, de acordo com suas necessidades. As movimentações de carga e os acidentes: Há artigos acadêmicos que traçam paralelos entre as características das movimentações de carga, manuais, e as lesões aos trabalhadores, associadas. Assim, pode-se ter a associação do aumento do numero de acidentes quando os ambientes de trabalho são menores, as lesões provocadas pelo modo de transporte, as partes do corpo humano – estrutura osteomusculares – mais expostas à lesões. Dois exemplos são interessantes de serem mencionados, obtidos durante nossas atividades. No primeiro, durante uma inspeção para fins de cumprimento de atividade de auditoria comportamental, dois operários subiam por uma escada de madeira, bem travada, onde executavam o arrasamento de estacas para a construção de um bloco de fundações. Como havia um grande número de pessoas no local, aproximadamente trinta pessoas, em um quadrilátero com arestas de aproximadamente 25 metros, muitos subiam ou desciam, transportando todo o tipo de material, ferramentas portáteis principalmente. Quando os dois trabalhadores chegaram ao topo da escada, ao se virarem, para depositar o material transportado para um local específico, atingiram a extremidade do objeto transportado em um trabalhador, que foi projetado sobre a rampa da escavação, sofrendo escoriações em ambos os braços. No segundo exemplo, ao final do expediente, em uma atividade de montagem de formas para a ampliação de uma construção, o encarregado solicitou a um empregado (servente) que puxasse uma lateral de forma de no máximo 4,5 metros, com largura de 40 cm, ou seja, não se tratava de uma carga excessiva. O operário, ao se abaixar para pegar o painel, sofreu uma dor aguda nas costas. Após radiografia constatouse tratar de um pinçamento de um osteofito (bico de papagaio) em uma das vértebras dorsal na musculatura. A dor aguda o imobilizou, e o trabalhador foi encaminhado ao serviço médico. Ao invés do fato ser um acidente do trabalho foi enquadrado como agravamento de lesões pré- existentes, já que uma calcificação como a apresentada na radiografia não poderia passar a existir com um trabalhador executando suas atividades em alguns meses e em qualquer outra atividade. Nesses dois exemplos, com o transporte manual de cargas, identificamos que a falta de um adequado planejamento e supervisão das atividades foi a causa principal dos acidentes ocorridos. Essa questão de definir-se a “causa principal” muitas vezes é relegada a um segundo plano. Quando o objetivo maior é o da prevenção, é importante saber o que terminou redundando em um acidente, ou seja, qual foi a causa ou o que precipitou a ocorrência. Por exemplo, uma simples distração de um trabalhador pode vir a representar a causa do acidente, mas não necessariamente a causa principal. A distração pode ter sido motivada pelo encarregado chamando o trabalhador para que execute outra atividade, pode se dar ao observar um veículo circulando nas proximidades, enfim, um trabalhador pode se desconcentrar de seu trabalho até mesmo ao tocar o telefone celular em seu bolso. Muitas vezes, em discussões sobre ocorrência de acidentes, pelas dificuldades que se apresentam, pode não se chegar à “causa raiz”, ou se descobrir que poderiam ter concorrido para a ocorrência dos acidentes várias causas.
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