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atividade Estruturada Segurança do trabalho

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TECNOLOGO GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 
 SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Acondicionamento e coleta de lixo hospitalar 
O gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde é uma atividade complexa, pois envolve 
tanto o manejo interno (estabelecimentos geradores) de resíduos, como o externo (serviços de 
limpeza pública). Esta atividade dá-se em função de escolhas de alternativas possíveis e/ou 
mais convenientes de coleta, acondicionamento, transporte e disposição pelos 
estabelecimentos de saúde e/ou empresas responsáveis por sua destinação final. Além dos 
aspectos de ordem técnico-operacional, outros elementos importantes que precisam ser 
observados neste gerenciamento são as responsabilidades dentro do sistema e as formas de 
controle e avaliação. (CETESB, 1997) 
Segundo CETESB, 1997 o gerenciamento correto desses resíduos significa não só controlar e 
diminuir os riscos, mas também alcançar a minimização desde o ponto de origem, permitindo, 
com isso, controlar e reduzir os riscos à saúde associados aos resíduos sólidos. 
As principais causas do crescimento progressivo da taxa de geração dos resíduos sólidos dos 
serviços de saúde (RSSS) é o contínuo incremento da complexidade da atenção medida e o uso 
crescente de materiais descartáveis. (SANCHES, 1995). 
De acordo Naime,R et al,2002 com um efetivo gerenciamento é possível estabelecer em cada 
etapa do sistema, a geração, segregação, acondicionamento, coleta, transporte, 
armazenamento, tratamento e disposição final dos resíduos, com manejo seguro dos mesmos 
através de equipamentos adequados aos profissionais envolvidos, inclusive quanto ao uso de 
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que são indispensáveis no caso. 
A Resolução CONAMA nº 005/1993 define Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que 
resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, 
agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de 
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle 
de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu 
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica 
e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível”. 
Lixo é basicamente todo e qualquer resíduo sólido proveniente das atividades humanas. No 
entanto o conceito mais atual é de que lixo é aquilo que ninguém quer ou não tem valor 
comercial. Neste caso, pouca coisa descartada pode ser chamada de lixo (BIDONE E POVINELLI, 
1999). 
Os resíduos produzidos em unidades de prestação de cuidados de saúde, envolvem as 
atividades médicas de diagnóstico, prevenção e tratamento da doença em seres humanos ou 
em animais, e ainda as atividades de investigação relacionadas.( Decreto-Lei nº 239/97 de 9 de 
Setembro de 1997) 
A coleta interna é aquela realizada dentro da unidade, consiste no recolhimento dos resíduos 
das lixeiras, fechamento do saco e seu transporte até a sala de resíduos ou expurgo. A coleta 
externa consiste no recolhimento dos resíduos de serviços de saúde armazenados nas 
unidades a serem transportados para o tratamento ou disposição final. (NAIME,R et al., 2004) 
A RDC ANVISA no 306/04 e a Resolução CONAMA no 358/05 versam sobre o gerenciamento 
dos RSS em todas as suas etapas. Definem a conduta dos diferentes agentes da cadeia de 
responsabilidades pelos RSS. Refletem um processo de mudança de paradigma no trato dos 
RSS, fundamentada na análise dos riscos envolvidos, em que a prevenção passa a ser eixo 
principal e o tratamento é visto como uma alternativa para dar destinação adequada aos 
resíduos com potencial de contaminação. Com isso, exigem que os resíduos recebam manejo 
específico, desde a sua geração até a disposição final, definindo competências e 
responsabilidades para tal. 
A Resolução CONAMA no 358/05 trata do gerenciamento sob o prisma da preservação dos 
recursos naturais e do meio ambiente. Promove a competência aos órgãos ambientais 
estaduais e municipais para estabelecerem critérios para o licenciamento ambiental dos 
sistemas de tratamento e destinação final dos RSS. 
Por outro lado, a RDC ANVISA no 306/04 concentra sua regulação no controle dos processos 
de segregação, acondicionamento, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. 
Estabelece procedimentos operacionais em função dos riscos envolvidos e concentra seu 
controle na inspeção dos serviços de saúde. 
De acordo SILVA e SOARES a coleta dos resíduos atualmente, é realizada seguindo os padrões 
estabelecidos em legislações existentes e de acordo com rotinas estabelecidas no Programa de 
Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Saúde da instituição. Esta informação deve ser de 
conhecimento de todos que tem acesso aos Resíduos sólidos de serviços de saúde, bem como 
a divulgação e conscientização de todos que atuam nesta área é primordial. O conhecimento 
sobre os tipos de lixos gerados no estabelecimento é de suma importância na criação de um 
programa que avalie as condições de tais lixos e a divulgação da forma de tratamento de cada 
tipo, conforme classificação contida na RDC nº 33.( Dispõe sobre o Regulamento Técnico para 
o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde). 
O gerenciamento de resíduos deve ser implantado e implementado em qualquer 
estabelecimento que preste serviço de atenção à saúde, conforme determinam a legislação 
federal, estadual e municipal no Brasil. O manual, em conformidade com o que determina o 
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), estabelece que o PGRSS deve abranger 
aspectos técnicos; operacionais, aspectos gerais ; organizacionais e aspectos de recursos 
humanos. 
O objetivo do manual é orientar a implantação, a implementação e o acompanhamento do 
gerenciamento de resíduos de saúde, buscando a qualidade dos serviços, bem como servir de 
meio ou instrumento para o treinamento, capacitação, padronizar ou disciplinar o método de 
trabalho, uniformizar a técnica e sistematizar informações e instruções. 
O PGRSS deverá atuar supletivamente ao Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – 
PPRA que deverá ser criado para promover ações para minimização ou eliminação da 
exposição ocupacional aos agentes de riscos ocupacionais (físicos, químicos, biológicos, 
ergonômicos) e diretamente na prevenção de acidentes que possam ser causados pelos 
resíduos ou decorrente do processo de manejo, coleta, tratamento e destino final dos RSS. 
De acordo SILVA e SOARES a legislação existe e preconiza os cuidados necessários de 
tratamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (RSS). A produção de resíduos nas áreas 
de serviço de saúde varia de acordo com o porte do estabelecimento. Outra questão 
importante é o tipo de lixo gerado, pois nem todos os estabelecimentos geram todos os tipos 
de lixo, conforme classificação na RDC nº 33 e dessa forma haverá tratamentos diferenciados 
para cada estabelecimento. 
Embora a responsabilidade direta pelos RSS seja dos estabelecimentos de serviços de saúde, 
por serem os geradores, pelo princípio da responsabilidade compartilhada, ela se estende a 
outros atores: ao poder público e às empresas de coleta, tratamento e disposição final. 
A RDC n°33 preconiza também os princípios da biossegurança, de empregar medidas técnicas, 
administrativas e normativas para prevenir acidentes ao ser humano e ao meio ambiente e 
também os cuidados com os “RSS” vão além da coleta e preocupa-se com o que ocorrerá com 
os mesmos durante seu período de decomposição. 
Classificação 
De acordo com a RDC ANVISA no 306/04 e Resolução CONAMA no 358/05, os RSSsão 
classificados em cinco grupos: A, B, C, D e E. 
• Grupo A – engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que, 
por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco 
de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas 
(membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outras. 
• Grupo B – contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública 
ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, 
corrosividade, reatividade e toxicidade. Ex: medicamentos apreendidos, reagentes de 
laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre outros. 
• Grupo C – quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham 
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas 
normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, como, por exemplo, 
serviços de medicina nuclear e radioterapia etc. 
• Grupo D – não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio 
ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Ex: sobras de alimentos 
e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas etc. 
• Grupo E – materiais perfuro-cortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, 
agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas 
e outros similares. 
 
Risco 
A avaliação do risco é um processo analítico muito útil, que gera valiosas contribuições para a 
gestão do risco, da saúde pública e para a tomada de decisões de política ambiental. 
Administrar de forma eficaz os riscos à saúde, associados ao vasto espectro da poluição gerada 
pelas atividades antrópicas, é um dos grandes desafios a serem enfrentados pelas políticas 
públicas. 
A minimização de resíduos de serviços de saúde pode ser efetivada pela adoção de práticas 
que visem à redução, à reutilização, à recuperação ou à reciclagem dos RSS. 
Reciclar é inserir um determinado produto acabado e já utilizado para o seu fim inicial em um 
novo processo de produção. A reciclagem terá cumprido o seu papel quando o resíduo, após 
submetido a um processo de seleção e tratamento, transforma-se em um novo produto capaz 
de ser comercializado no mercado. 
Para fins de reciclagem, somente será permitida a coleta seletiva após a liberação pelos órgãos 
de saúde e de meio ambiente competentes, dos licenciamentos do Plano de Gerenciamento 
de Resíduos de Serviços de Saúde do estabelecimento gerador. 
A gestão sustentável dos resíduos sólidos pressupõe reduzir o uso de matérias-primas e 
energia, reutilizar produtos e reciclar materiais, o que vem ao encontro do princípio dos 3 Rs, 
apresentado na Agenda 21: redução (do uso de matérias-primas e energia, e do desperdício 
nas fontes geradoras), reutilização direta dos produtos, e reciclagem de materiais. Para atingir 
tal meta, é imprescindível a implantação de uma eficiente coleta seletiva. 
Podemos usar a seguinte classificação para os resíduos dos serviços de saúde (ABNT): 
• Infectantes – resíduos perigosos gerados durante as diferentes etapas de atendimento 
de saúde que contêm agentes patogênicos (Como: sangue, perfurantes ou cortantes, 
animal contaminante, etc). Esses resíduos representam diferentes níveis de perigo 
potencial. 
• Especiais – resíduos gerados durante as atividades auxiliares dos estabelecimentos de 
saúde. Podem ser divididos em três tipos: rejeito radioativo; resíduos farmacêutico; 
resíduo químico perigoso. 
• Comuns – resíduos gerados pelas atividades administrativas, auxiliares e gerais. Não 
representam perigo à saúde e suas características são similares as dos resíduos 
domésticos. 
Segregação e Coleta na origem 
Esta etapa do sistema dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde é de acordo com CETESB, 
1997. 
Consiste na coleta diferenciada dos resíduos nos centros cirúrgicos, unidades de internação, 
quartos de pacientes, setor administrativo e cozinha, e a separação rigorosa dos resíduos não-
infectados daqueles considerados infectantes ou químicos perigosos. 
A segregação na origem apresenta algumas vantagens: 
• diminuir gastos; 
• reduzir os riscos para a saúde e o meio ambiente; 
• reciclar diretamente alguns resíduos que não requerem tratamento ou 
acondicionamento prévios. 
Todos os materiais descartados por médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório, etc. nas 
unidades de serviços especializadas devem ser classificados e separados em recipientes para 
cada tipo de resíduo. 
A coleta consiste em transferir os resíduos de forma rápida e segura das fontes de geração até 
o local destinado para seu armazenamento temporário. Dentro do estabelecimento, essa 
coleta compreende duas etapas: a interna e a externa. 
A coleta interna é aquela realizada dentro da unidade, que consiste no recolhimento do lixo 
das lixeiras, no fechamento dos sacos e do seu transporte até um ponto de acumulação 
apropriado. 
A coleta externa consiste no recolhimento do lixo armazenado nos pontos de acumulação 
internos e seu transporte até o local definido para armazenamento externo, a partir do qual os 
resíduos terão tratamento prévio ou serão apresentados à coleta municipal. Alguns resíduos 
perigosos ou que apresentam risco elevado demandam de um serviço de coleta especial. 
Acondicionamento 
Esta etapa do sistema dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde é de acordo BRASIL, 2006. 
Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes. A capacidade dos 
recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de 
resíduo. 
Os sacos de acondicionamento devem ser constituídos de material resistente a ruptura e 
vazamento, impermeável, respeitados os limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu 
esvaziamento ou reaproveitamento. 
Os sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável, resistente a punctura, 
ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com 
cantos arredondados e ser resistentes ao tombamento. 
Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas salas de parto não 
necessitam de tampa para vedação, devendo os resíduos serem recolhidos imediatamente 
após o término dos procedimentos. 
Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material 
compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa rosqueada 
e vedante. 
Os resíduos perfuro cortantes ou escarificantes – grupo E – devem ser acondicionados 
separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso, em recipiente rígido, 
estanque, resistente a punctura, ruptura e vazamento, impermeável, com tampa, contendo a 
simbologia. 
Transporte 
Esta etapa do sistema dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde é de acordo CETESB, 1997. 
O transporte é uma operação que geralmente se realiza fora do estabelecimento de saúde, por 
entidades ou empresas especializadas no tratamento e disposição final desses resíduos. 
Tratamento 
Esta etapa do sistema dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde é de acordo CETESB, 1997. 
Existem várias alternativas disponíveis no mercado, porém quase todas apresentam 
inconvenientes, tanto do ponto de vista sanitário/ambiental quanto do ponto de vista 
econômico: 
• Autoclavagem – apresenta custos de instalação e de operação elevados. Consiste na 
aplicação de vapor saturado sob pressão superior à atmosférica, com a finalidade de 
se obter esterilização. É comumente utilizada para esterilização de vidrarias, 
instrumentos cirúrgicos, roupas, etc. 
• Tratamento por microondas – esse tratamento desinfeta o material por aquecimento 
em temperaturas entre 95 e 100º C, por cerca de 30minutos e o volume diminui em 
cerca de 80%. Esta opção nem sempre é bem vista porque depois de desinfectados os 
resíduos são dispostos em aterros sanitários, e existe a dúvida em relação ao 
elementos viróticos resistentes a temperaturas superiores a 100º C, se eles não 
poderão causar problemas futuros à população. 
• Incineração – queima controlada a temperaturas entre 800 e 1000º C. Do ponto de 
vista sanitário, está tecnologia é interessante pois elimina os micro-organismos 
patogênicos e demanda um espaço físico pequeno para suas instalações. Entretanto, 
devem ser analisados alguns aspectos econômicos e ambientais, tais como: 
investimentos, presença de resíduos perigosos e lançamento de compostos perigosos 
na atmosfera. 
Outros métodos: esterilização fracionada, por radiação ionizante e não-ionizante, por 
aquecimento a seco, fracionada, por substâncias químicas na forma líquida, por gases ou 
vapores químicos; encapsulamento. 
Disposição dos resíduos sólidos 
Esta etapa do sistema dos Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde é de acordo BRASIL, 2006. 
Consiste na disposição definitiva de resíduos no solo ou em locais previamente preparados 
para recebê-los. Pela legislação brasileira a disposição deve obedecer a critérios técnicos de 
construção e operação, para as quais é exigido licenciamento ambiental de acordo com a 
Resolução CONAMA nº 237/97. O projeto deve seguir as normas da ABNT. 
As formas de disposição final dos RSS atualmente utilizadas são: aterro sanitário, aterro de 
resíduos perigosos classe I (para resíduos industriais), aterro controlado, lixão ou vazadouro e 
valas. 
A solução mais adequada para a disposição final desses resíduos seria os aterros sanitários 
(quando devidamente controlados). 
Aterro sanitário consiste na compactação dos resíduos em camada sobre o solo devidamente 
impermeabilizado (empregando-se, por exemplo, um trator de esteira) e no controle dos 
efluentes líquidos e emissões gasosas. Seu recobrimento é feito diariamente com camada de 
solo, compactada com espessura de 20 cm, para evitar proliferação de moscas; aparecimento 
de roedores, moscas e baratas; espalhamento de papéis, lixo, pelos arredores; poluição das 
águas superficiais e subterrâneas. 
O principal objetivo do aterro sanitário é dispor os resíduos no solo de forma segura e 
controlada, garantindo a preservação ambiental e a saúde. 
Conclusão 
A contribuição de alternativas tecnológicas que viabilizem menor impacto ambiental sobre os 
meios físico e socioeconômico que constituem o meio ambiente, é uma necessidade urgente 
para a melhoria de qualidade de vida das populações visando a melhoria do atendimento 
prestado nos serviços de saúde. 
As instituições de serviços de saúde devem contribuir para o processo de gestão ambiental a 
partir do gerenciamento de seus resíduos sólidos com uma visão global e ações locais, tendo 
como base normas internas, legislação vigente e a busca de informações, ampliando as 
discussões e medidas conjuntas para uma gestão dos resíduos sólidos envolvendo ações de 
proteção ambiental interna e externa, onde a colaboração de todos os funcionários são 
essenciais na busca da segurança do paciente, do profissional e do meio ambiente. 
 
 
 
 
 
 
 
Coleta de lixo domiciliar 
A rua é o local urbano onde tudo ocorre. É neste espaço que nos locomovemos, nos 
deslocamos, nos movimentamos e fazemos a vida na cidade acontecer. Em meio ao cotidiano 
neste espaço público, existem centenas de pessoas que vivem este ambiente como o seu local 
de trabalho. São os trabalhadores urbanos que realizam diversas atividades na cidade a céu 
aberto. Dentre eles, podemos citar os agentes de trânsito, os vendedores ambulantes, e os 
agentes de limpeza urbana, sendo estes últimos, o grupo alvo de estudo para desenvolvimento 
deste trabalho. Dentro deste grupo de trabalhadores, temos diferentes profissões, como os 
varredores, os jardineiros que realizam a manutenção de áreas verdes, e os trabalhadores da 
área de resíduos, que realizam as atividades de coleta e tratamento dos resíduos. 
A valorização do trabalho dos coletores de resíduos ainda é um grande desafio no 
gerenciamento integrado dos resíduos sólidos urbanos. Uma breve pesquisa demonstra que a 
profissão dos agentes de limpeza urbana é uma das mais prejudiciais à saúde. Esse fato se dá 
por conta do contato com todos os tipos de riscos: físicos, químicos, de acidente, ergonômicos 
e biológicos. A problemática é ainda maior quando nos referimos diretamente aos 
trabalhadores da área de coleta de resíduos, pois neste caso o contato com os riscos biológicos 
e de acidente é direto e com grandes probabilidades de acontecer. Podemos citar ainda a 
questão da precariedade que muitas vezes está presente nesta atividade, o assédio moral e a 
falta de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) e fiscalização trabalhista. No intervalo de 
tempo de 2011 a 2016, o Estado de São Paulo registrou cerca de 14.000 acidentes de trabalho 
na atividade de Coleta de Resíduos Não Perigosos (dados da Previdência), não havendo ainda, 
uma redução significativa destes acidentes ao passar dos anos. Os dados supramencionados 
serão apresentados e analisados neste artigo. Embora as atividades de coleta de resíduos 
sejam de extrema importância, visto que o número de lixo gerado cresce a cada ano e torna-se 
cada vez mais necessário recolhe-lo e trata-lo, porque ainda temos tanta precariedade e tantos 
riscos ocupacionais ligados à esta profissão? A quem cabe a responsabilidade de manter a 
saúde ocupacional destes trabalhadores? É possível minimizar os riscos? O que tem sido feito 
em prol de melhorias para este setor? Uma das hipóteses para compreensão do cenário atual 
em que vivem estes trabalhadores é a falta de prudência por parte das quatro esferas que 
compõe a responsabilidade em manter a saúde ocupacional destes trabalhadores. Entender as 
responsabilidades relativas à cada esfera é ponto inicial para amenizar os riscos e melhorar a 
saúde ocupacional destes colaboradores. No que se refere à este item, podemos citar: 
sociedade – responsabilidade em alocar os resíduos da forma correta (principal causa dos 
acidentes com coletores de resíduos é o acondicionamento errado de resíduos cortantes e 
perfurante); governo – fiscalização quanto às leis e normas trabalhistas; empresa – 
cumprimento das leis e normas trabalhistas em sua totalidade/manter a integridade do 
trabalhador; colaborador – utilização correta de EPI/evitar erros humanos (brincadeiras, olhos 
longe da tarefa, distração, entre outros). 138 Buscando melhorar as condições de trabalho 
desta atividade perigosa e insalubre, no ano de 2010 foi iniciado o processo para a publicação 
de uma nova NR diretamente voltada para o trabalho de profissionais que se dedicam a deixar 
nossas ruas limpas. A NR da Limpeza Urbana dispõe sobre os requisitos mínimos para a gestão 
da segurança, saúde e conforto nas atividades de limpeza urbana, sem prejuízo da observância 
das demais Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho. O processo já saiu da fase 
de consulta pública e segue em análise. Um dos objetivos deste projeto é analisar se as 
questões apresentadas nesta nova NR vão de encontro as reais necessidades destas profissões 
 
Profissão perigo: os coletores de resíduos não perigosos 
 
Classificada como uma das profissões mais prejudiciais à saúde, a atividade de coleta de 
resíduos iniciou em 1876, no Rio de Janeiro, quando o empreiteiro Aleixo Gary (origem do 
termo “gari”) assinou um contrato para a limpeza da cidade (SANTOS, 2004). Os trabalhadores 
da coleta de resíduos são aqueles que realizam suas tarefas em ritmo acelerado, subindo e 
descendo do caminhão de “lixo”, ao mesmotempo em que se desloca com vários sacos de 
“lixo”, segurando-os pelas mãos, apoiando-os pelo braço e tórax. Ritmo acelerado de trabalho 
que pode desencadear em acidentes como, torções, alterações musculares, além de riscos de 
ferimentos e contaminação com materiais perfurocortantes presentes nos resíduos sólidos 
dispostos para coleta convencional (MALYSZ; GALDINO; 2016). Para VASCONCELOS (2007), a 
atividade de coleta de resíduos trata-se um trabalho puramente braçal, bruto, de puro esforço 
físico que exige uso intensivo de braços e pernas. VELOSO (1997) destaca que os coletores são 
expostos ao calor, frio, chuva e variações bruscas de temperatura. Além destes aspectos, os 
coletores são expostos aos ruídos constantes do sistema de compactação dos resíduos no 
caminhão, mau cheiro ocasionado pelo processo de decomposição da matéria orgânica, 
trepidações durante o trajeto em locais de difícil acesso, terrenos íngremes, asfaltos mal 
conservados e riscos de atropelamento em locais onde o trânsito é mais intenso. Os riscos 
biológicos e de acidentes estão diretamente ligados ao tipo de atividade que estes 
colaboradores desenvolvem. O dano ao colaborador é resultado da combinação das 139 
características dos resíduos coletados, dos tipos de equipamentos utilizados e da forma em 
que os mesmos são acondicionados. Seguindo este raciocínio, VELOSO (1998) afirma que o 
processo de coleta de lixo domiciliar ainda é bastante precário, pois se utiliza de tecnologia 
praticamente manual, em que o trabalhador utiliza-se do corpo para transportar os resíduos 
até o caminhão. Neste caso, o corpo é o principal instrumento de coleta do “lixo”. De acordo 
com Costa (2008), a profissão de coletor de lixo é mais uma das atividades que se enquadram 
na chamada “invisibilidade pública” em que o homem e sua profissão ficam desaparecidos 
para os demais, assim como a sua falta de importância social. São indivíduos que fazem parte 
do sistema de limpeza pública do município, responsáveis pela coleta e destinação dos 
resíduos gerados pela comunidade, mas que ao longo de sua jornada de trabalho ficam 
invisíveis aos olhos da sociedade, e muitas vezes sofrem humilhações, retaliações e são vistos 
com maus olhos pelos indivíduos. Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas 
(CNAE) os coletores de resíduos não perigosos fazem parte do grupo 381 (Coleta de Resíduos) 
e correspondem à classe 3811, com grau de risco 3 – Grave. Esta classe compreende as 
seguintes atividades: 
• coleta de resíduos não perigosos de origem doméstica, urbana ou industrial por meio 
de lixeiras, veículos, caçambas, etc.; 
• coleta de materiais recuperáveis; 
• coleta de resíduos em pequenas lixeiras públicas; 
• coleta de entulhos e refugos de obras e de demolições; 
• operação de estações de transferência de resíduos não perigosos, que são unidades 
responsáveis pelo armazenamento temporário e a transferência definitiva de resíduos 
não perigosos para os aterros e lixões. 
Buscando contribuir para o maior conhecimento dos temas relacionados aos acidentes do 
trabalho, o Ministério da Previdência Social e o Ministério do Trabalho e Emprego publicam o 
Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho – AEAT. Publicado desde 2000, o AEAT constitui-
se em instrumento de trabalho para os profissionais que desempenham atividades nas áreas 
de saúde e segurança do trabalhador, assim como para pesquisadores e demais pessoas 
interessadas no tema. As tabelas apresentadas abaixo tratam-se de um compilado de dados 
disponíveis no AEAT dos anos 2011 a 2016, referentes à acidentes do trabalho na atividade 
econômica Coleta de Resíduos Não Perigosos (CNAE 3811), no estado de São Paulo. 
 
Responsabilidade na segurança do trabalho dos coletores de resíduos não perigosos: cabe a 
quem? 
A segurança dos coletores de resíduos é uma tarefa que não compete somente ao 
empregador. Ela também é uma tarefa que compete ao estado, ao próprio trabalhador, e a 
nós, sociedade. Muitos acidentes de trabalho dos coletores de resíduos não perigosos podem 
ser evitados através da conscientização da população para esta atividade. Pode-se citar, 
inicialmente, que a maioria dos acidentes com coletores acontecem por conta do 
acondicionamento irregular de resíduos cortantes e perfurantes. Podemos exemplificar esta 
afirmação com a situação da cidade de Jundiaí-SP, que teve um aumento gradativo nos 
acidentes causados por descarte irregular de lixo neste ano de 2018. Segundo reportagem do 
TEM Notícias, veiculada pela Globo, nos quatro primeiros meses já haviam sido registrados 
mais da metade dos acidentes registrados no ano passado, e cerca de 40% dos acidentes 
foram motivados por descarte irregular de lixo. 142 Uma situação parecida já havia ocorrido na 
cidade de Rio Claro – SP. Neste caso, fato do ano de 2014, o descarte incorreto de lixo fez os 
acidentes com coletores subir 63% na cidade. Cerca de 55% dos acidentes registrados neste 
ano aconteceram por conta do descarte irregular de lâmpadas, vidros, agulhas, seringas e 
demais materiais cortantes e perfurantes. Também pode-se referir ainda à responsabilidade 
da sociedade casos de discriminação por conta da atividade (bullying). Também é dever de 
todos inserir na sociedade esses colaboradores que são extremamente importantes para o 
bom funcionamento do meio em que vivemos. “Tem gente por trás do uniforme”, diz o gari 
Francisco Assis Pereira, em entrevista ao G1. Apesar das conquistas que o trabalho lhe 
proporcionou, sendo a forma de sustento que colaborou para que ele criasse os quatro filhos, 
ele conta que já foi discriminado em lojas e padarias. Em declaração na entrevista, seu 
Francisco revela "Muita gente não nos vê como pessoas. Enxergam a roupa da gente, mas não 
a pessoa por trás da roupa." Ao fim, ele afirma "Tenho orgulho do que faço.” Embora a 
sociedade tenha um papel importantíssimo na gestão de segurança da atividade dos coletores, 
ela não desempenha este papel sozinha. O empregador também é um elemento que compõe 
as quatro esferas que fazem parte desta responsabilidade. É o empregador quem deve garantir 
a integridade do colaborador, cumprindo leis e normas trabalhistas em sua totalidade, 
buscando sempre melhorar a situação do empregado. Em 2015, um decreto realizado pelo 
Ministério do Trabalho interditou a coleta de lixo em sete cidades do noroeste do estado de 
São Paulo. “A decisão foi tomada por causa de supostas irregularidades em relação à 
segurança dos funcionários da empresa que faz a coleta nessas cidades.” afirma a equipe de 
reportagem do G1 de Rio Preto e Araçatuba. Recentemente, em dezembro do ano de 2017, a 
mesma empresa teve novamente suas atividades trabalhistas suspensas em sete cidades da 
região. A empresa é acusada pelo Ministério do Trabalho e MPT de pelo menos seis 
irregularidades trabalhistas, incluindo o transporte dos coletores em estribos na parte de trás 
dos caminhões, o que não é previsto no Código de Trânsito Brasileiro, a lavagem do uniforme 
pelo próprio coletor, a falta de licença do Ministério do Trabalho para a prorrogação da 
jornada de trabalho, a não concessão de descanso de dez minutos a cada 90 trabalhados e a 
falta de um local adequado para as refeições diárias (ABREU, 2017). Além do 
comprometimento do empregador, é necessário engajamento por parte do colaborador para 
garantir que a gestão de saúde e segurança da atividade seja efetiva. É 143 responsabilidade 
do coletor evitar os “erros humanos” durante a jornada: brincadeiras, distrações, 
imprudências, etc; utilizar corretamente os EPI’S; seguir as instruções e treinamentos com 
atenção e foco na atividade. A maioria dos acidentes do trabalho de atropelamento, por 
exemplo, ocorrem pelo própriocaminhão da empresa, por conta de excesso de velocidade, 
manobras perigosas e falta de atenção. Em 2017, um acidente com caminhão de lixo na cidade 
de Votorantim-SP, matou um coletor e deixou outros cinco feridos. Uma semana antes, outro 
acidente com caminhão de lixo havia acontecido na região, onde um coletor foi atropelado. 
Este mesmo fato já aconteceu em demais cidades do estado de São Paulo, como Porto 
Ferreira, São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto, Araçoiaba da Serra. Infelizmente, a maioria 
dos casos tem como consequência o óbito do funcionário. Todas as notícias apresentadas 
nesta seção demonstram que a falta de responsabilidade por conta das esferas que regem a 
gestão de segurança desta atividade compõe o quadro grave de segurança em que se 
encontram estes trabalhadores. Porém, a última e não menos importante figura envolvida, 
pode evitar a maior parte dos acidentes ocorridos: a fiscalização por conta dos órgãos 
governamentais. Existem pouquíssimas notícias referentes a empresas notificadas pelo MTE 
por conta das más condições de trabalho, ou de Prefeituras que fiscalizem a ação das 
empresas contratada para a coleta. Em contraponto a isso, cresce o número de notícias de 
paralisações por meio dos funcionários que buscam melhorias na condição de trabalho. É o 
caso das cidades de Bauru, Piracicaba, Jacareí, São José, entre outras, que recentemente 
tiveram casos de paralisação dos coletores. As principais questões apresentadas por eles é a 
falta de segurança na atividade, falta de equipamentos de proteção individual e o aumento da 
jornada de trabalho. 
 
 
 
 
 
Uma nova esperança: NR de Limpeza Urbana 
 
Embora o cenário para estes trabalhadores esteja em péssimas condições, uma nova 
esperança de melhorias pode estar prestes a ser validada. A nova NR de Limpeza Urbana, 
ainda não publicada, já passou pelo processo de consulta pública e segue para as próximas 
fases de avaliação e concordância das comissões. O processo iniciou em 2010, porém, somente 
em 2017 o grupo de trabalho encarregado de verificar e estudar as condições de segurança e 
higiene nos serviços de 144 limpeza urbana apresentou, em Brasília, o texto base da Norma 
Regulamentadora. O grupo é formado por auditores-fiscais do Trabalho da Secretaria de 
Inspeção do Trabalho (SIT) e técnicos da FUNDACENTRO. O texto, discutido em audiência 
pública na sede do Ministério do Trabalho, aponta os requisitos mínimos para a gestão de 
segurança, saúde e conforto nesse tipo de atividade. As atividades de limpeza urbana que 
serão regulamentadas pela NR envolvem a coleta de resíduos sólidos, varrição, transbordo, 
manutenção de áreas verdes, tratamento de resíduos, ponto de recolhimento de resíduos 
(ecoponto), triagem de recicláveis e destinação final. O texto também abrange raspagem e 
pintura de meio-fio, capina e roçagem de terrenos, lavagem e conservação de monumentos e 
de túneis, varrição e lavagem de feiras, vias e praças. Todos os trabalhadores das atividades de 
limpeza urbana, independente da forma de contratação, estarão respaldados por esta norma. 
Os itens previstos incluem desde a organização das atividades, o material de apoio e 
vestimentas, veículos, máquinas e equipamentos, até o suprimento de água potável e fresca, 
além de banheiros e pontos de apoio no trajeto da coleta de resíduos. Um dos direitos 
assegurados é a recusa de fazer a coleta, quando o material estiver acondicionado de forma 
irregular ou oferecer risco à saúde ou segurança pessoal. 
 
MÉTODOS E PROCEDIMENTO 
 
Para alcançar o objetivo deste estudo, a metodologia de trabalho foi de caráter analítico, 
desenvolvida através de pesquisas bibliográficas e análise de dados. No que se refere às 
pesquisas bibliográficas, estas foram realizadas a partir de livros, revistas, artigos, dados 
estatísticos, notícias e trabalhos já realizados, de acordo com o tema principal do estudo. As 
pesquisas e publicações foram separadas por localidade e data, buscando uma linha de 
pensamento entre elas. No campo da análise de dados, serão analisados os dados de trabalhos 
já realizados por instituições, tais como: FUNDACENTRO, INSS, IBGE, TEM, entre outros. Visto 
que há a imensidão de dados relativos a este assunto, não será alvo deste estudo o 
desenvolvimento de novos dados. Busca-se, principalmente, a utilização de dados mais 
recentes. Portanto, os dados coletados são referidos de um espaço tempo de no máximo 8 
anos relativo ao ano vigente 145 (2018). O tempo estabelecido condiz com o início da 
produção da nova NR de Limpeza Urbana (2010). Os dados utilizados neste trabalho referem-
se ao grupo de trabalhadores que lidam com resíduos não perigosos, que incluem coleta de 
lixo residencial, urbana ou industrial, não perigosos, resíduos de obras e transferência de 
resíduos não perigosos. A Classificação Nacional de Atividade Econômicas – CNAE selecionada 
para descrever essa atividade é: 3811 (coletores de resíduos sólidos não perigosos). Portanto, 
cabe ressaltar que esta pesquisa não destina-se apenas a coletores de resíduos domiciliares. O 
problema foi estudado e discutido de acordo com os principais pesquisadores e estudiosos da 
área. As notícias referentes aos acidentes com coletores de resíduos, e os dados 
disponibilizados pela Previdência foram as principais fontes de comprovação de que o 
problema ainda é atual e recorrente. Estes dados foram compilados e serão apresentados 
através de tabelas, desenvolvidas pela autora do artigo. 
 
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
Os altos índices de acidentes de trabalho apresentados nas tabelas 01 e 02 podem ser 
justificados pela falta de responsabilidade das quatro esferas responsáveis pela gestão de 
segurança da atividade de coleta de resíduos não perigosos. As notícias apresentadas, bem 
como a falta delas, são um indicativo do panorama atual em que se encontram estes 
colaboradores. O baixo número de doenças ocupacionais relacionadas à estas atividades nos 
fazem perceber que, é provável que as medidas de segurança do trabalho atuais são eficazes, 
porém, não eficientes. Elas atuam na prevenção de acidentes ao longo do tempo, mas não são 
capazes de evitar acidentes típicos corriqueiros e recorrentes. Portanto, as ações de melhoria 
para o setor devem agir neste sentido. Em concordância às principais notícias de óbitos desta 
atividade, em relação aos números da tabela 02, podemos compreender que o atropelamento 
é a causa principal desta consequência, e a mesma é gerada por parte de imprudência dos 
próprios funcionários e da falta de fiscalização dos órgãos governamentais. Para que tenha 
eficiência, a nova NR de Limpeza Urbana (analisada logo abaixo) deve agir, principalmente, 
com o objetivo de evitar os acidentes típicos de trabalho, em conjunto com ações de 
prevenção com os trabalhadores, conscientização da população e fiscalização do 146 MTE, 
prefeitura e demais instituições. Sendo esta última, item indispensável para evitar qualquer 
tipo de falha na segurança da atividade. Inicialmente, é importante ressaltar que, como 
descrito na norma, esta representa apenas os requisitos mínimos para o desenvolvimento das 
atividades de limpeza urbana. Portanto, constata-se claramente no decorrer de sua análise, 
que a mesma trata superficialmente de alguns aspectos que, ao longo de sua publicação, 
deverão ser revisados e aprofundados. O primeiro item desta norma refere-se aos objetivos e 
campo de aplicação. O item 1.4 cita que “Esta Norma abrange todos os trabalhadores das 
atividades de limpeza urbana, independente da forma de contratação”. Embora breve, este 
item da norma é de suma importância, visto que, independente da forma de contratação, o 
trabalhador terá direito à treinamentos,programas de prevenção, e demais itens descritos na 
norma. Esta condição qualifica a responsabilidade do empregador, que procura se eximir dos 
seus deveres, quando o funcionário não é contratado pelo regime CLT. O segundo item da 
norma trata da organização das atividades. Embora o texto descreva que “as tarefas devem ser 
efetuadas com base em estudos e procedimentos” que atendam aos objetivos de “não 
comprometer a segurança e a saúde dos trabalhadores” o texto não dispõe de requisitos 
mínimos para tais estudos e procedimentos. Ficará à encargo da empresa definir quais serão 
os métodos desenvolvidos para organizar as atividades, e a realização de estudos para 
descobrir quais serão os parâmetros de cadência ideal para os movimentos de membros 
superiores e inferiores, como deverão acontecer os transportes de cargas, e as distâncias 
máximas que poderão ser percorridas, sem comprometer a saúde e a segurança do 
colaborador. Neste sentido, ela garante apenas que “as exigências de desempenho devem ser 
compatíveis com as capacidades dos trabalhadores, de maneira a minimizar os esforços físicos 
estáticos e dinâmicos que possam comprometer a sua segurança e saúde” e a “adoção de 
medidas para reduzir esforços e aumentar o conforto dos trabalhadores”. Medidas estas que 
vão de encontro às necessidades dos colaborados em reduzir os esforços físicos, evitando 
lombalgias, torções, e demais riscos ergonômicos que estão associados à atividade. Os 
métodos e procedimentos adotados pelo empregador deverão estar disponíveis para o 
empregado, o sindicato e o Ministério do Trabalho através de um inventário que, além disso, 
deverá demonstrar a área a ser percorrida pelos trabalhadores, onde serão os pontos de 147 
apoio e/ou áreas de vivência, e demais informações que possam afetar a saúde e a segurança 
do trabalhador. Este documento será de extrema importância na fiscalização destas atividades, 
pois o mesmo irá comprometer o empregador com a saúde e segurança de seus 
colaboradores. Para o campo de atuação dos coletores de resíduos, o item 2.3 é 
extremamente importante, pois ele assegura ao trabalhador “interromper suas atividades 
exercendo o direito de recusa, sempre que constatar evidência de risco grave e iminente para 
sua segurança e saúde ou a de terceiros, comunicando imediatamente o fato a seu superior 
hierárquico.” Constatou-se ao longo deste estudo que 75% dos acidentes são típicos de 
trabalho, e que grande parte destes é proveniente da coleta de resíduos cortantes e 
perfurantes acondicionados de forma irregular. Dessa forma, pode-se compreender o quanto 
esse item é benéfico para eles. Ter o direito de negar a realização de um trabalho que pode lhe 
trazer riscos à segurança e saúde é totalmente indispensável. Compatível à esta situação, o 
item 8.1 reforça esta ideia, e cita que “é assegurado ao trabalhador o direito de recusa, 
conforme definido no item 2.3 desta Norma, quando os resíduos estiverem acondicionados de 
forma irregular, ou quando oferecerem risco à sua saúde ou segurança, inclusive em relação 
ao local de depósito ou quando o peso presumido estiver superior ao definido na AET. Para 
efeitos de ação da norma, considera-se inadequadamente acondicionados os resíduos que 
possibilitem cortes, perfurações, esforço excessivo, acidentes, vazamentos, derramamentos, 
espalhamentos e surgimento de animais peçonhentos ou vetores de doenças. Institui-se nesta 
norma que o empregador disponibilize pontos de apoio aos colaboradores, com água potável, 
local para higienização e local para refeições. Também devem ser fornecidas proteções contra 
radiações não ionizantes. Neste sentido, o ponto em que pretendesse atingir é o de bem-estar 
do trabalhador. O mínimo necessário para que o mesmo trabalhe com maior produtividade é 
que possa se alimentar em local adequado, proteja-se da ação do sol e mantenha-se 
hidratado. Além dos pontos de apoio, os coletores devem ter acesso à água potável no 
caminhão, durante toda a jornada, e acesso à água, sabão e material para enxugo, para 
higienizar as mãos quando os mesmos sentirem necessidade. O item 2.9 refere-se ao 
transporte dos trabalhadores. O transporte dos colaborados na parte traseira do caminhão de 
resíduos tem sido alvo de discussão há mais de 10 anos. Há cerca de 8 anos, já é proibido em 
muitas cidades brasileiras. No que condiz a essa situação, 148 sabe-se que muitos acidentes 
acontecem pela queda do colaborador ao se “pendurar” no caminhão para realizar os trajetos. 
A norma define que o transporte dos colaboradores deve ser feito por meio de “veículos 
autorizados pelos órgãos competentes, sendo vedado o transporte de trabalhadores e de 
terceiros em veículos ou máquinas auto propelidas e implementos não projetados e 
autorizados para esse fim, mesmo em pequenas distâncias ou em baixa velocidade.” O item 
8.2 reforça esta exigência, e define que “é proibido o deslocamento de trabalhadores, mesmo 
em pequenos percursos, em estribos, plataformas, parachoques, assim como em carrocerias 
de caminhões, carretas, apoiados em tratores e/ou em outras situações que podem favorecer 
acidentes ou adoecimentos.” Portanto, podemos considerar que, desde que executada em sua 
totalidade, a norma resolve o problema de transporte dos coletores e dos acidentes causados 
pela queda do caminhão. Como cita no início do texto, esta nova NR trata-se de um completo 
as demais Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho já existentes, não as 
dispensando ou as prejudicando de forma alguma. Portanto, além das disposições gerais, esta 
NR apresenta itens complementares à outras normas, que são específicos para a atividade de 
limpeza urbana, de acordo com as necessidades atuais. Os itens 3 e 4 complementam a 
atuação das NRs nº07, nº09, e nº17, referentes à Programa de Controle Médico de Saúde 
Ocupacional (PCMSO), Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e Análise 
Ergonômica do Trabalho (AET), respectivamente. Relembrando os dados apresentados, os 
principais acidentes que ocorrem com os trabalhadores desta atividade são os típicos, que 
correspondem à 75% do número total de acidentes. De encontro a necessidade de reduzir este 
número, a norma institui que o PPRA, além do previsto na Norma Regulamentadora nº 09 (NR-
09), deve conter: a) medidas de controle para a exposição aos riscos de natureza ergonômica e 
outros gerados pela organização do trabalho; b) medidas de controle para exposição aos riscos 
de acidentes; (...). Referindo-se à análise do segundo parágrafo deste capítulo, destaca-se a 
informação de que, atualmente, as ações de segurança do trabalho têm sido competentes em 
consequências que vem ao longo do tempo (doenças ocupacionais), porém não controlam 
com eficiência os acidentes típicos. O item mencionado acima é uma solução prática para este 
problema. Ele propõe que os riscos sejam controlados e os acidentes típicos sejam evitados, 
diminuindo assim os altos índices de acidentes relacionados à esta classe trabalhadora. 149 O 
PCMSO, como complemento desta norma, atuará como banco de dados para definir e analisar 
as principais situações geradoras de riscos aos trabalhadores, a evolução de doenças físicas 
e/ou psicológicas, dados e estatísticas de queixas dos trabalhadores, e demais informações 
que possam servir de base para o desenvolvimento de novas ações que possam colaborar com 
a saúde e segurança do trabalhador, trabalhando em conjunto à AET, que deverá contar todas 
as questões relativas à Ergonomia das atividades realizadas. Para os treinamentos, a norma 
reserva o item 6 em sua totalidade. Os treinamentos de capacitação, em qualquer área, são de 
extrema importância para o desenvolvimento das atividades. Para a área da coleta de 
resíduos, devidoà complexidade das suas tarefas e o alto risco envolvido, os treinamentos 
tornam-se ainda mais indispensáveis. Mais importante que o treinamento em si, é a 
abrangência do conteúdo que o mesmo aborda. Neste sentido, a NR traz considerações 
importantíssimas que exigem treinamentos admissionais, periódicos e de troca de função, 
práticos e teóricos, para todas as situações da jornada de trabalho, que vão desde a 
conservação da vestimenta, até possíveis cenários de emergências. A norma exige também 
que “durante os primeiros 30 (trinta) dias de trabalho, deverão ser designadas tarefas com 
menor exigência física e complexidade para adaptação do trabalhador, devendo ser 
acompanhado por trabalhador capacitado, com experiência na função”. Infelizmente, uma 
falha desta norma, é que a mesma não apresenta muitas novidades para os equipamentos, 
vestimentas e equipamentos de proteção individual, além das presentes nas Norma 
Regulamentadora nº 06 e nº 09. Como benefícios, podemos citar o item 7.5, que trata 
especificamente em relação à atividade de coleta de resíduos sólidos, e cita que devem ser 
fornecidos ao trabalhador: a) calçado de segurança do tipo tênis, apropriado ao deslocamento 
nas vias de coleta e à distância a ser percorrida diariamente, devendo apresentar, entre outras 
características, resistência à penetração e absorção de água (resistente à umidade) e 
resistência à penetração por perfuração (resistente a agentes perfurantes); b) luva de 
segurança com nível de desempenho mínimo de “3” para o ensaio de resistência a corte por 
lâmina e “3” para o ensaio de resistência à perfuração, conforme informado no Certificado de 
Aprovação - CA, emitido pelo Ministério do Trabalho. Os itens mencionados acima buscam, 
prioritariamente, evitar os acidentes típicos motivados pelo mal acondicionamento do lixo, 
condição mencionada neste trabalhado como 150 uma das principais resultantes em acidentes 
dos coletores, e de responsabilidade da sociedade, da precariedade dos EPIs fornecidos pelo 
empregador, e da falta de fiscalização por conta do MTE. 
CONCLUSÃO 
 
As atividades dos coletores de resíduos não perigosos demandam de uma série de ações que 
visam à saúde e segurança destes profissionais, principalmente devido aos riscos que estão 
diretamente envolvidos. Os dados relativos aos acidentes do trabalho no estado de São Paulo, 
disponibilizados pela Previdência, apresentam o atual panorama em que esta gestão de 
segurança encontra-se. Os altos índices de acidentes demonstram, sobre tudo, que é 
necessária uma mudança, e que a mesma necessita de total comprometimento dos envolvidos 
na responsabilidade em manter a saúde e segurança destes colaboradores: sociedade, 
empregador, empregado e instituições públicas. É necessário que as ações iniciais sejam em 
prol de controlar os acidentes típicos, buscando sempre ampliar as pesquisas que envolvam os 
riscos ocupacionais relacionados às atividades de coleta de resíduos, visando melhoria das 
condições de trabalho e implementação de novas ações. Embora apresente somente os 
requisitos mínimos, a nova NR de Limpeza Urbana traz exigências que vão totalmente de 
encontro às necessidades de melhoria desta classe trabalhista, e tende a ser uma solução para 
muitos problemas relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores desta função. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uso de ponte rolante para deslocamento de equipamentos pesados 
 
O transporte de qualquer carga representa riscos, por ser atividade perigosa, onde o próprio 
perigo é o do transporte de cargas. O risco decorrente dessa atividade perigosa de modo geral 
pode ser representada pela queda da própria carga ou do veículo transportador, atingindo a 
carga, o veículo, pessoas, o patrimônio dessas, enfim, causando uma série de transtornos, 
como por exemplo a interdição de pistas pelo tombamento de veículos ou o deslocamento de 
passarelas sobre rodovias, em função do excesso de altura da carga. A movimentação de 
cargas também é diversificada, podendo ser manual, através de equipamentos ou sistemas, 
como esteiras, ou formas distintas. Por que os artigos, fotos e informações sobre acidentes 
envolvendo cargas e mesmo o transporte de cargas de grandes dimensões ou pesos 
despertam tamanha curiosidade? Será por que o Homem passa a ser “pequeno” diante da 
operação envolvendo transportes de navios, plataformas e outras de menores dimensões, 
como as envolvendo os ônibus espaciais? Será por que os riscos são sempre elevados? Ou será 
que a movimentação de cargas é uma atividade interessante? Há uma probabilidade dos riscos 
aumentarem em função das dimensões e geometrias das cargas, dos pesos e dos 
equipamentos envolvidos, do trajeto da movimentação, da quantidade de pessoas envolvidas, 
enfim, trata-se de uma equação onde a quantidade de incógnitas quase sempre é grande. 
Condições climáticas, por exemplo, influenciam as questões de segurança na medida em que o 
vento, ou os temporais com raios podem ocorrer. O piso em que se desenvolvem as atividades 
também pode ser um perigo a mais. Assim, quanto mais se detalha o processo mais se verifica 
que há riscos. Um lojista, pegando na prateleira de cima um sapato para uma cliente, pode 
escorregar na escada de acesso ou na cadeira e cair. Uma dona de casa, levando os pratos da 
cozinha para a mesa na sala pode tropeçar na ponta de um tapete e cair com a carga 
transportada. Se essa se partir, a dona de casa pode se ferir. Assim, deixando de lado o 
microscópio e passando para a lupa, observa-se que há riscos em todas as atividades de 
transporte. Por isso, talvez haja tanto interesse das pessoas na leitura de temas assim. Durante 
longo período de tempo de atuação em atividades de gerenciamento de riscos, por mais de 25 
anos em ambientes industriais, em várias fases como projeto, construção e montagem, 
instalações, testes, comissionamentos e descomissionamentos, reparos e mesmo em análises 
técnicas de sinistros ocorridos como perito, ou de entrega de obras, tivemos a oportunidade 
de tomar conhecimento, analisar, avaliar e regular sinistros de uma série de acidentes 
envolvendo o transporte de cargas, afetando pessoas, meio ambiente, patrimônios da própria 
empresa ou de terceiros, e mesmo aqueles envolvendo responsabilidade civil do 
empreendimento. No exercício dessa atividade começamos a nos preocupar com as análises 
desses casos, já que, em algumas vezes, os danos causados estendiam-se além do ambiente 
onde ocorria a movimentação da carga, afetando outras unidades, como por exemplo, em um 
terminal de óleo e gás, onde o transporte de um equipamento por sobre tubovia interrompeu 
o transporte dos produtos e gerou princípios de incêndio. Como a análise ao longo dos anos 
terminou sendo bastante extensa, traçamos uma linha de corte para os acidentes que 
envolviam a segurança do trabalho, ou melhor, a segurança no trabalho. Assim, estabelecemos 
como objetivo deste artigo oferecer a todos aqueles que se interessam pelo tema: 
movimentação de cargas informações que possam ampliar os níveis de segurança adotados. 
Para tanto, relatamos os resultados, fruto dessas análises estatísticas, sem qualquer aplicação 
de metodologias de análise, usualmente empregadas na área de engenharia de produção, e 
tão somente as causas raiz e causas básicas, ou as origens dos acidentes. 
 
Descrição do problema: 
 
O transporte ou movimentação de cargas sempre foi uma atividade relacionada à atividade 
humana, direta ou indiretamente. Inicialmente, o transporte era executado de duas maneiras: 
 
• Empregando o esforço físico humano; 
• Utilizando o esforço de animais de tração. 
 
 Enquanto o Homem era nômade, mudava-se constantemente, levando seus pertences sobresuas costas ou no lombo de animais. Quando passou a residir em aglomerados que passaram a 
ser cidades, embelezava-as transportando materiais de construção. Vendia e adquiria bens e 
produtos transportando-os, em caravanas, ou em pequenas embarcações. No século 19 
empregava locomotivas e navios. No início do século 20 o principal meio de transporte passou 
a ser rodoviário. Os modais de transporte foram se adaptando às necessidades humanas e 
ainda o são. Para a construção da estação espacial o modal de transporte passou a ser foguete. 
Seja qual for o modal de transporte ou a forma de como as cargas são transportadas ainda 
continua sendo a atividade de transporte, com os riscos a ela inerentes, como por exemplo, a 
queda da carga com danos à mesma e ou danos a instalações, pessoas e bens. Com o passar 
dos tempos, e as mudanças ocorridas na atividade de transporte, e as razões ou meios para 
tal, associando-as às distâncias percorridas e aos esforços físicos, o homem passou a 
empregar: 
• Ferramentas ou equipamentos rudimentares, como por exemplo, toras de madeira; 
 • Veículos ou meios de transporte específicos, como carroças ou navios. 
 
 Posteriormente, com o aumento das dimensões das cargas e das dificuldades dos transportes, 
o homem passou a empregar dispositivos especiais, como torres, polias associadas, rampas, 
em aclives ou declives, carretilhas, tirfors, e outros meios, até chegarmos aos guindastes de 
milhares de toneladas de capacidade de carga. O interessante disso tudo é que as formas 
anteriores ainda continuavam a ser empregadas. Existem estudos que nas construções das 
pirâmides no Egito os trabalhadores erigiam rampas e prendiam as grossas cordas em torno 
das pedras para posicioná-las. Alguns trabalhos mencionam que esse esforço era executado 
somente pelos trabalhadores, outros, que as pedras eram suportadas por toras de madeira 
para melhor deslizarem. Se a segunda hipótese for verdadeira, os egípcios foram os primeiros 
a empregar a técnica de “esquidagem” para os deslizamentos, hoje muito empregada em 
estaleiros para a movimentação dos módulos de plataformas e mesmo de jaquetas. Na 
literatura pode-se analisar e conhecer também o que hoje é denominado de modal de carga. 
Essa expressão significa o modo de como a carga é transportada, se através de vagões, esteiras 
transportadoras, aviões, força humana, mecanismos de transporte, como ponte rolante, 
empilhadeira, carrinho de mão, entre outros. O importante é se saber que o tipo de transporte 
irá variar de acordo com a geometria e dimensões da carga, peso, distâncias percorridas e 
elevações. A carga pode ser desde o transporte de derivados de petróleo em oleodutos, 
containers, instalações modularizadas, peças e equipamentos. Enfim, existe e deve existir uma 
associação entre a carga e o meio de transporte empregado. Quando existe, está se falando 
em otimização do meio de transporte. Não faz sentido uma empresa adquirir um guindaste de 
capacidade para 250 toneladas se a maior carga a ser transportada não ultrapassar a 5 
toneladas. Da mesma maneira que, em locais pequenos não é recomendável o emprego de 
equipamentos de transporte de grandes dimensões. Pode se associar as atividades aos riscos 
de modo simplório, como apresentado na sequência a seguir. Percebe-se inicialmente que não 
se expandem as opções e análises, mesmo porque se trata de um artigo que busca levar um 
pouco de informação que poderá ser ampliada pelos leitores, de acordo com suas 
necessidades. 
 
As movimentações de carga e os acidentes: 
Há artigos acadêmicos que traçam paralelos entre as características das movimentações de 
carga, manuais, e as lesões aos trabalhadores, associadas. Assim, pode-se ter a associação do 
aumento do numero de acidentes quando os ambientes de trabalho são menores, as lesões 
provocadas pelo modo de transporte, as partes do corpo humano – estrutura osteomusculares 
– mais expostas à lesões. Dois exemplos são interessantes de serem mencionados, obtidos 
durante nossas atividades. No primeiro, durante uma inspeção para fins de cumprimento de 
atividade de auditoria comportamental, dois operários subiam por uma escada de madeira, 
bem travada, onde executavam o arrasamento de estacas para a construção de um bloco de 
fundações. Como havia um grande número de pessoas no local, aproximadamente trinta 
pessoas, em um quadrilátero com arestas de aproximadamente 25 metros, muitos subiam ou 
desciam, transportando todo o tipo de material, ferramentas portáteis principalmente. 
Quando os dois trabalhadores chegaram ao topo da escada, ao se virarem, para depositar o 
material transportado para um local específico, atingiram a extremidade do objeto 
transportado em um trabalhador, que foi projetado sobre a rampa da escavação, sofrendo 
escoriações em ambos os braços. No segundo exemplo, ao final do expediente, em uma 
atividade de montagem de formas para a ampliação de uma construção, o encarregado 
solicitou a um empregado (servente) que puxasse uma lateral de forma de no máximo 4,5 
metros, com largura de 40 cm, ou seja, não se tratava de uma carga excessiva. O operário, ao 
se abaixar para pegar o painel, sofreu uma dor aguda nas costas. Após radiografia constatouse 
tratar de um pinçamento de um osteofito (bico de papagaio) em uma das vértebras dorsal na 
musculatura. A dor aguda o imobilizou, e o trabalhador foi encaminhado ao serviço médico. Ao 
invés do fato ser um acidente do trabalho foi enquadrado como agravamento de lesões pré-
existentes, já que uma calcificação como a apresentada na radiografia não poderia passar a 
existir com um trabalhador executando suas atividades em alguns meses e em qualquer outra 
atividade. Nesses dois exemplos, com o transporte manual de cargas, identificamos que a falta 
de um adequado planejamento e supervisão das atividades foi a causa principal dos acidentes 
ocorridos. Essa questão de definir-se a “causa principal” muitas vezes é relegada a um segundo 
plano. Quando o objetivo maior é o da prevenção, é importante saber o que terminou 
redundando em um acidente, ou seja, qual foi a causa ou o que precipitou a ocorrência. Por 
exemplo, uma simples distração de um trabalhador pode vir a representar a causa do acidente, 
mas não necessariamente a causa principal. A distração pode ter sido motivada pelo 
encarregado chamando o trabalhador para que execute outra atividade, pode se dar ao 
observar um veículo circulando nas proximidades, enfim, um trabalhador pode se 
desconcentrar de seu trabalho até mesmo ao tocar o telefone celular em seu bolso. Muitas 
vezes, em discussões sobre ocorrência de acidentes, pelas dificuldades que se apresentam, 
pode não se chegar à “causa raiz”, ou se descobrir que poderiam ter concorrido para a 
ocorrência dos acidentes várias causas.

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