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Saúde e Segurança na Agroindústria Crisleide Maria da Silva Nascimento Acioly Rejane Gomes dos Santos Curso Técnico em Segurança do Trabalho Educação a Distância 2019 Saúde e Segurança na Agroindústria Crisleide Maria da Silva Nascimento Acioly Rejane Gomes dos Santos Curso Técnico em Segurança do Trabalho Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Educação a Distância Recife 1.ed. | set. 2019 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB A181s Acioly, Crisleide Maria da Silva Nascimento. Saúde e Segurança na Agroindústria: Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas: Educação a distância / Crisleide Maria da Silva Nascimento Acioly, Rejane Gomes dos Santos. – Recife: Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa, 2019. 62 p.: il. Inclui referências bibliográficas. Caderno eletrônico produzido em setembro de 2019 pela Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa. 1. Agrotóxicos - Prevenção de acidentes. 2. Segurança no trabalho. II. Título. CDU – 632.95:614.8 Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129 Autores Crisleide Maria da Silva Nascimento Acioly Rejane Gomes dos Santos Revisão Crisleide Maria da Silva Nascimento Acioly Rejane Gomes dos Santos Raísa Rení Lima Andrade Coordenação Design Educacional (ETEPAC) Deisiane Gomes Bazante Design Educacional Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Helisangela Maria Andrade Ferreira Izabela Pereira Cavalcanti Jailson Miranda Roberto de Freitas Morais Sobrinho Diagramação Jailson Miranda Audiodescrição Sunnye Rose Carlos Gomes Catalogação e Normalização Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129) Coordenação de Curso Raísa Rení Lima Andrade Coordenação Executiva George Bento Catunda Renata Marques de Otero Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Geral Maria de Araújo Medeiros Souza Maria de Lourdes Cordeiro Marques Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional de Pernambuco Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Gerência de Educação a Distância Setembro, 2019 Sumário Introdução .............................................................................................................................................................5 1.Competência 01 | Conhecer os Procedimentos e Rotinas do Trabalho na Agroindústria à Luz dos Procedimentos de SST ...........................................................................................................................................7 1.1 As responsabilidades ...................................................................................................................................9 1.2 Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural – SESTR ............................................... 11 2.3 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR ............................................ 15 2.4 Área de vivência ....................................................................................................................................... 22 2.Competência 02 | Conhecer e Aplicar Programas e as Técnicas e Fundamentos Legais na Prevenção de Acidentes na Agroindústria ................................................................................................................................ 27 2.1 Riscos químicos na atividade rural - Agrotóxicos ..................................................................................... 28 2.1.1 Principais danos causados pelo uso de agrotóxicos ............................................................................. 32 2.1.2 Medidas de proteção e boas práticas quanto a utilização de agrotóxicos ........................................... 33 2.2 Riscos Ergonômicos na atividade rural .................................................................................................... 38 2.3 Riscos Biológicos na Atividade Rural ........................................................................................................ 39 2.4 Riscos Mecânicos ou de Acidentes na atividade Rural ............................................................................ 40 2.5 Ferramentas manuais e máquinas e implementos agrícolas ................................................................... 44 3.Competência 03 | Compreender as Técnicas de Sinalização Industrial para a Segurança do Trabalho ........ 48 3.1 Sinalização por cores ................................................................................................................................ 48 3.2 Rotulagem de Segurança ......................................................................................................................... 53 3.3 Placas de sinalização ................................................................................................................................ 55 Conclusão ........................................................................................................................................................... 58 Referências ......................................................................................................................................................... 59 Minicurrículo do Professor ................................................................................................................................. 62 5 Introdução Olá Estudante! É dado o início a mais uma etapa do nosso curso com a disciplina de Saúde e Segurança na Agroindústria. Desejamos que você seja bem-vindo! Antes de tudo, é importante termos o conhecimento que a atividade agroindustrial, muitas vezes confundida com a agricultura apenas, abrange todas as atividades relativas a transformação de matéria-prima proveniente da pecuária, aquicultura, silvicultura e agricultura. Já o agronegócio (também chamado de Agribusiness), que muito se ouve falar, é toda relação com a atividade industrial ou comercial que envolva a produção agrícola. Com essas definições, temos uma noção do quão vasto é este mundo não é mesmo? Além de vasto, é um dos segmentos mais importantes para o nosso país. Para que você tenha o devido conhecimento quanto a importância da atividade que você irá estudar, é necessário refletir um pouco sobre as afirmativas a seguir: • De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a agricultura e o agronegócio no ano de 2017 contribuíram com 23,5 % do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, sendo considerada a maior participação em 13 anos. • Ainda segundo a CNA, a disponibilidade de vagas de emprego, nos setores de agricultura e produção de carne, foi a mais alta em 5 anos. Vale ressaltar que este foi o único segmento a aumentar a oferta de vagas; Interessante não é mesmo? Então, o que você acha de explorar esse segmento e adquirir conhecimentos na área de Saúde e Segurança relativos a ele? Conhecimentos que lhe proporcionará o desenvolvimento de uma visão crítica, a qual será o diferencial em sua atuação como profissional. Não podemos tratar do que não conhecemos e o conhecimento da atividade desenvolvida será fundamental para lhe direcionar a ação a ser tomada! Então, vamos adiante! Nossa disciplina será trabalhada por um período de três semanas, e na primeira delas você irá conhecer os procedimentos e rotinas do trabalho na agroindústria à luz dos procedimentos de SST, nos aprofundando nas NR’s específicas, para assim melhor conduzir nossa rotina laboral, a fim de proporcionar boas condições de trabalho a todo trabalhador. Já na segunda semana serão abordadosos programas, as técnicas e os fundamentos legais a serem aplicados na prevenção de 6 acidentes na agroindústria, e como é de nosso conhecimento, é necessário conhecer os riscos para que possamos atuar sobre eles de forma eficiente. Finalizando com a terceira semana, onde serão compreendidas as Técnicas de Sinalização Industrial para a Promoção da Segurança no Ambiente Laboral, você aprenderá como uma boa sinalização dará o devido suporte, tornando o ambiente de trabalho mais seguro. Bons Estudos! ATENÇÃO! Não esqueça que a sua participação no AVA é fundamental. Nossa equipe de professores estará sempre disponível para esclarecer as possíveis duvidas, nos canais de comunicação (Fóruns, chats e mensagens diretas). Vamos nessa? Este é o momento de buscar o diferencial para sua vida profissional! Competência 01 7 1.Competência 01 | Conhecer os Procedimentos e Rotinas do Trabalho na Agroindústria à Luz dos Procedimentos de SST Quando pensamos na segurança em atividades agroindustriais, automaticamente somos direcionados à NR – 31, Norma específica que trata da Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Agricultura, que se encontra em vigor desde março de 2005. Mas, você já parou para pensar que esta se trata de uma norma bastante recente, quando comparada com o surgimento da atividade agrícola? E antes da referida norma entrar em vigor, como se cuidava da segurança e saúde dos trabalhadores deste segmento? Medidas preventivas, começaram a ser implantadas de forma efetiva na atividade agroindustrial na década de 70, a partir do surgimento das Normas Regulamentadoras Rurais, as NRR’s, dada a partir da promulgação da Lei nº 5.889, de 08 de junho de 1973, relativas à Segurança e Higiene do Trabalho Rural, nas quais foram estabelecidas algumas definições importantes tais como: trabalhador e empregador rural. Além de definições, foram determinados pontos de grande relevância, dentre eles: a limitação nos horários de realização das atividades por parte dos trabalhadores e a idade mínima para a realização destas. As NRR’s, compostas por cinco normas, foram aprovadas apenas na década de 80, a partir Portaria n° 3.067 de 12 de abril de 1988, apresentadas da seguinte forma: • NRR 1 - Disposições Gerais, constam as obrigações dos empregadores e dos empregados; • NRR 2 - Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – SEPATR; • NRR 3 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR; • NRR 4 - Apresenta Equipamento de Proteção Individual e • NRR 5- Trata da utilização de Produtos Químicos. No ano de 1999, foram iniciados os debates relativos a necessidade de criação da NR-31, porem esse assunto foi posto em evidencia no ano de 2001 a partir da ação do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, o qual colocou como meta prioritária as condições de trabalho do Competência 01 8 setor rural. Isto porque, no mesmo ano, a organização Internacional do trabalho – OIT promulgava a Convenção de Segurança e Saúde na Agricultura, o que fez o setor ganhar maior visibilidade. No ano de 2005, foi instituída a Norma Regulamentadora de nº 31, que estabelece as condições a serem observadas no ambiente de trabalho das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho. Com isso, as NRR’s apresentadas acima foram revogadas, ou seja, tornaram-se sem efeito, através da portaria n.º 191, de 15 de abril de 2008, e foram compiladas dando origem a NR 31, a qual encontra-se em vigor. Desde sua criação, a referida NR passou por 2 atualizações, sendo uma delas no ano de 2011 e a outra, bem recente, em dezembro de 2018. Neste momento, antes de prosseguirmos com o estudo sobre da NR – 31, convido você a assistir o vídeo a seguir que apresenta um pouco da realidade de uma, dentre inúmeras, atividade agroindustrial. A atividade mostrada no vídeo, foi escolhida por retratar a realidade encontrada em nosso estado, que ainda realiza o corte da cana de açúcar de forma manual. Assista e analise, com seu olhar de profissional da área de segurança, os riscos os quais os trabalhadores se expõem ao exercer esta atividade e a partir disto reflita: Realmente é necessária uma legislação que estabeleça ações a serem tomadas a fim de garantir a integridade física deste trabalhador? Assistido o vídeo, eu lhe pergunto, estimado estudante: Será que ainda há problemas na atividade apresentada, mesmo sabendo que o empregador cumpre com o que estabelece a legislação vigente? De que forma nós, como Você poderá ter acesso a NR 31, na íntegra e atualizada, na página oficial do Governo Federal, Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-31.pdf O vídeo apresentado é intitulado como: Condições De Trabalho Rural Melhoraram, mas Ainda Há Problemas. https://www.youtube.com/watch?v=dAA77DO7Cl8&t=4s https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-31.pdf https://www.youtube.com/watch?v=dAA77DO7Cl8&t=4s Competência 01 9 profissionais da área, podemos atuar para que não ocorra apenas o cumprimento da norma, mas que possamos realmente melhorar as condições de trabalho de nossos funcionários? A partir desta reflexão sigamos adiante para que possamos entender a importância deste questionamento. Vamos lá? 1.1 As responsabilidades A NR-31 estabelece em suas disposições gerais, as responsabilidades que devem ser seguidas pelos 2 principais atores deste segmento: empregadores e empregados. Além disso, a referida norma enumera as obrigações e competências da Secretaria de Inspeção do Trabalho – SIT. A SIT é o órgão responsável para executar as atividades constantes na política nacional de segurança e saúde no trabalho, assim como as ações de fiscalização por meio das Delegacias Regionais do Trabalho – DRT. Vamos iniciar com as responsabilidades atribuídas ao empregador? Vale salientar que nós como profissionais da área, temos por obrigação juntamente com o empregador, cumprir e se fazer cumprir o que é estabelecido na norma e a primeira das atribuições é que o empregador deve garantir adequadas condições de trabalho, higiene e conforto, para todos os trabalhadores, segundo as particularidades apresentadas por cada atividade e as características de cada região, contanto que não acarrete riscos à saúde e segurança do trabalhador. Como dito anteriormente a norma estabelece o “mínimo” a ser seguido, porém isto não significa que não podemos contribuir com o nosso “algo a mais”. Uma outra atribuição do empregador é a de realizar avaliações dos riscos a fim de garantir a segurança e saúde dos trabalhadores e, a partir dos resultados obtidos, acatar as medidas preventivas necessárias a fim de garantir que todas as atividades, sejam seguras e estejam de acordo com o que a norma estabelece, sendo assim, cumprirá ao mesmo tempo uma outra atribuição que é de promover melhorias nos ambientes e nas condições de trabalho. E agora, como saberemos que condições adequadas são estas? Calma! A própria NR traz as mínimas condições de higiene e conforto que devemos seguir para garantir a saúde e segurança de nossos trabalhadores! Competência 01 10 Agora tudo faz sentido, não é mesmo? Entendeu o porquê da necessidade de conhecer os riscos os quais os trabalhadores podem estar expostos no ambiente laboral? Essa necessidade de identificação do risco, atribuição dada ao empregador, não se aplica apenas ao segmento em estudo, e sim para toda atividade desenvolvida pelo trabalhador independentemente de sua área de atuação. Outra responsabilidade por parte do empregador é a de agir juntamente com Comissão Interna de Prevençãode Acidentes no Trabalho Rural - CIPATR, na investigação das causas dos acidentes e das doenças decorrentes do trabalho, a fim de prevenir e eliminar as chances de novas ocorrências; garantindo que os trabalhadores participem das discussões sobre o controle dos riscos presentes no ambiente laboral. Quando este controle não for possível, cabe ao empregador a adoção de medidas de proteção pessoal, sem ônus para o trabalhador, de forma a complementar ou caso ainda persistam temporariamente fatores de risco. Também é atribuição do empregador, informar aos trabalhadores os resultados de exames médicos realizados e de avaliações ambientais, assim como os riscos decorrentes do trabalho e as medidas de proteção implantadas. Conforme mencionado acima, é direito do trabalhador conhecer estes riscos, os quais eles estão expostos, ao desenvolverem sua atividade laboral! E como podemos atender a essa exigência? Essa informação pode ser cedida desde uma documentação apresentada pelo empregador, ou através de treinamentos e até mesmo pela disposição de mapas de riscos no ambiente de trabalho. O importante é que o trabalhador esteja ciente destes riscos e de como proceder ao se deparar com eles. Agora que você conhece as responsabilidades do empregador, vamos conhecer as obrigações do empregado? Primeiramente o trabalhador deverá cumprir todas as determinações dadas pela empresa, colaborando com a mesma na aplicação desta NR, acerca das formas seguras de desenvolver seu trabalho, em especial, quando houver Ordens de Serviço para esse fim, ou seja, o trabalhador deverá acatar as solicitações feitas pela empresa no âmbito de saúde e segurança. Outra atribuição é a de aderir as medidas de proteção que o empregador determinar, a fim de estar em conformidade com esta NR, dentre estas, submeter-se aos exames médicos previstos. Competência 01 11 1.2 Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural – SESTR SESTR é o Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural, assim como o SESMT constante na NR 04, porém o SESTR é específico para as atividades rurais de acordo com o especificado na NR – 31. Quando o empregador rural possuir capacitação sobre prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, e atuar em estabelecimento que possua até 50 (cinquenta) empregados, ficará isento de constituir SESTR. Porém, será obrigatória a constituição de SESTR, Próprio ou Externo, para os estabelecimentos que possuam número acima de cinquenta empregados. Este serviço conta com profissionais legalmente habilitados que são: • Profissionais de nível superior: Médico do trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho e Enfermeiro do trabalho; • Profissionais de nível médio: Técnico de Segurança do Trabalho, auxiliar ou Técnico de enfermagem do trabalho. O SESTR realiza uma atividade destinada ao desenvolvimento de ações relativas às práticas de gestão de segurança, saúde e meio ambiente de trabalho, com o intuito de deixar o ambiente em que o empregado desenvolve suas atividades em conformidade com o que é estabelecido na referida norma, a fim de promover a segurança, saúde e a preservação da integridade física do trabalhador rural, e deve ser constituído atendendo um dos modelos a seguir: • Próprio – É aplicado em situação onde os profissionais especializados mantiverem vínculo empregatício; Lembrando que a recusa injustificada por parte do trabalhador em atender estas solicitações, constitui ato faltoso, podendo o trabalhador ser penalizado. Você sabia que outros profissionais especializados poderão ser incluídos nesta equipe? Desde que estabelecido conforme recomendações do próprio SESTR em acordo ou convenção coletiva. Competência 01 12 • Externo – Ocorre em situações em que o empregador rural ou equiparado conta com consultoria externa dos profissionais especializados, ou seja, estes profissionais apenas prestam serviço não mantendo vínculo empregatício e; • Coletivo – Indicado quando um segmento empresarial ou econômico tornar coletiva a contratação dos profissionais especializados. O dimensionamento no SESTR, ou seja, a quantidade de profissionais necessária para compor este grupo não é realizada de forma aleatória, ou mesmo por determinação do empregador. Vale ressaltar que este se dá a partir do que é estabelecido na própria NR-31, a qual dispõe dos quadros de dimensionamento que devem ser seguidos conforme apresentado abaixo: Figura 1: Quadro I da NR-31 – utilizado no dimensionamento de SESTR próprio e coletivo. Fonte: NR-31 – Secretaria de Inspeção do Trabalho/ ENIT - Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-31.pdf Descrição da imagem: A figura é composta por um quadro onde: na primeira coluna consta intervalos numéricos do quantitativo de trabalhadores e nas demais colunas o número de profissionais necessários para cada intervalo numérico O dimensionamento apresentado no quadro I da NR31 é relativo aos SESTR Próprio e Coletivo, o que difere de um SESRT Externo, o qual possui um quadro de dimensionamento específico conforme disposto a seguir: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-31.pdf Competência 01 13 Figura 2: Quadro II da NR-31 - utilizado no dimensionamento de SESTR externo. Fonte: NR-31– Secretaria de Inspeção do Trabalho/ ENIT ENIT Disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-31.pdf Descrição da imagem: A figura é composta por um quadro onde: na primeira coluna consta intervalos numéricos do quantitativo de trabalhadores e nas demais colunas o número de profissionais necessários para cada intervalo numérico Independentemente do tipo de SESTR, seja ele próprio, coletivo ou externo, o método de dimensionamento é basicamente o mesmo, basta apenas ficar atento qual quadro deve ser utilizado, visto que, como você pode perceber, quando o SESTR é externo demanda maior número de profissionais (Quadro II), quando comparado ao SESTR Próprio e Coletivo (Quadro I). Figura 3: Processo produtivo em indústria de abate de frango. Fonte: Revista Globo Rural - Disponível em: https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Criacao/Aves/noticia/2018/02/abate-de-frango-no-parana-atinge-1573- milhoes-de-cabecas-em-janeiro.html Descrição da imagem: Na figura está sendo mostrado o processo produtivo em uma indústria de abate de frangos, onde há trabalhadores, trabalhando em uma bancada de corte, devidamente protegidos. O que você acha de colocar em prática esse aprendizado relativo ao dimensionamento do SESTR? Para isso responda o exemplo apresentado a seguir. https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-31.pdf https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Criacao/Aves/noticia/2018/02/abate-de-frango-no-parana-atinge-1573-milhoes-de-cabecas-em-janeiro.html https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Criacao/Aves/noticia/2018/02/abate-de-frango-no-parana-atinge-1573-milhoes-de-cabecas-em-janeiro.html Competência 01 14 Em uma indústria de abate de frangos, o quadro de efetivos é composto por 94 funcionários na produção e 12 no setor administrativo, todos com vínculo empregatício. Diante dessas informações dimensione o SESTR desta empresa de acordo com o proposto a seguir: a) Considere que os profissionais especializados possuem vínculo empregatício; b) Considere que o empregador realizou contratação coletiva dos profissionais especializados. Agora que você já sabe o que significa SESTR, como é feito seu dimensionamento, quem são os profissionais que o compõe e quais os tipos existentes, vamos conhecer o porquê da sua importância a partir de suas atribuições? São elas: • Colaborar de forma Técnica com os empregadores e trabalhadores; • Estimular atividades educativas relacionadas a saúde esegurança para todos os trabalhadores; • Identificar e avaliar os riscos os quais os trabalhadores estão expostos, a fim de promover a segurança e saúde em todo o processo produtivo, com a participação do empregador e trabalhador; • Sugerir medidas de eliminação, controle ou redução dos riscos, optando inicialmente pela proteção coletiva e realizar o monitoramento periódico das medidas adotadas a fim de avaliar sua eficácia; • Analisar as não conformidades relacionadas ao trabalho e indicar as medidas corretivas e preventivas; • Participação da análise dos postos de trabalho, podendo realizar alterações em relação a escolha de equipamentos mais adequados, tecnologias utilizadas, procedimentos de produção e organização do trabalho, com intuito de promover a adaptação do trabalho ao homem; O que acha de compartilhar sua resposta no fórum de dúvidas e discussões desta competência? Estamos aguardando você para o esclarecimento de possíveis dúvidas! Competência 01 15 • Identificar e intervir em situações onde as condições de trabalho apresentem graves e iminentes riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; • Participar juntamente com a CIPATR, a qual será estudada adiante, atendendo-a em todas as suas necessidades e solicitações; • Atualizar todas as informações referentes aos monitoramentos e avaliações realizadas que envolve as condições no ambiente de trabalho, indicadores de saúde dos trabalhadores, acidentes e doenças do trabalho além das ações desenvolvidas pelo SESTR. Muito trabalho não é mesmo? Você percebeu o quanto é importante desenvolver essas atribuições no ambiente laboral? Ainda vou mais além...Você já parou para pensar que essas atribuições de extrema importância também será de sua responsabilidade como profissional da área que irá compor o SESTR? Diante disso, vale ressaltar que os empregadores rurais ou equiparados, são responsáveis por proporcionar os meios e recursos necessários para que objetivos e atribuições dos SESTR sejam cumpridos, ou seja, a norma estabelece que o empregador dê o suporte necessário para a atuação do SERTR. Caso o empregador não tenha essa formação, deverá contratar um técnico de segurança do trabalho ou SESTR externo. 2.3 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR A CIPATR, assim como a CIPA constante na NR 5, trata da formação de uma comissão interna de prevenção de acidentes com funcionamento obrigatório em empresas que contam com 20 ou mais trabalhadores contratados por prazo indeterminado. Trata-se de uma comissão específica para a área Rural, regulamentada pela NR-31, e que apresenta algumas diferenças quando comparada com a CIPA tratada na NR- 05, diferença essas que serão abordadas adiante. Em estabelecimentos que possuem até 19 trabalhadores (seja em períodos de safra ou de elevada concentração de empregados contratados por prazo determinado), cabe ao empregador garantir a assistência ao trabalhador, no que se refere à segurança e saúde no ambiente laboral, seja pelo empregador ou profissional por ele contratado. Competência 01 16 A NR-31 estabelece que CIPATR deverá ter em sua composição representantes indicados pelo empregador e representantes eleitos pelos empregados, devendo estes estarem divididos de forma paritária, ou seja, em igual quantidade para ambas as partes. Na própria NR-31 encontramos um quadro que será a base para o dimensionamento do quantitativo de membros, a partir do número de trabalhadores que atuam na empresa, conforme apresentado na imagem a seguir. Figura 4: Quadro de dimensionamento dos membros da CIPATR. Fonte: NR-31 – Secretaria de Inspeção do Trabalho/ ENIT ENIT - disponível em: https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-31.pdf Descrição da imagem: A figura é composta por um quadro, onde está relacionado o número de representantes do trabalhador e do empregador para o número de funcionários que atuam na empresa O quadro apresentado acima estabelece o número de membros que irão compor a CIPATR a partir do total de trabalhadores atuantes na empresa. Vale ressaltar que os membros que representam os trabalhadores são eleitos a partir de um processo eleitoral organizado pela própria empresa onde os trabalhadores participam com seu voto secreto. Aqueles candidatos participantes, porém, não eleitos, deverão ser relacionados na ata de eleição, em ordem decrescente de votos, o que possibilitará sua posse como membros da CIPATR em casos de surgimento de uma nova vaga, seja por motivo de desistência, substituição de algum membro ou situação em que exija a convocação de mais um trabalhador. Outra informação importante é relativa ao mandato dos membros eleitos da CIPATR, a qual terá duração de 2 (dois) anos, permitida uma reeleição, lembrando que, o coordenador da CIPATR será escolhido pela representação do empregador, no primeiro ano do mandato, e pela representação dos trabalhadores, no segundo ano do mandato, dentre seus membros. https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-31.pdf Competência 01 17 Finalizando o processo eleitoral e estando organizada a CIPATR, toda documentação relacionada à votação, assim como as atas de eleição e posse, e o calendário das reuniões, devem estar sempre disponíveis no estabelecimento à disposição de uma possível fiscalização do trabalho. Vale ressaltar que o empregador não poderá reduzir o número de representantes, como também não poderá inativar a CIPATR antes do término do mandato de seus membros, mesmo que haja a redução do número de empregados. Nesses casos, em que ocorra redução do número de empregados, por alguma modificação na atividade econômica, quem decidirá sobre a redução ou não da quantidade de membros da CIPATR será a Delegacia Regional do Trabalho. Agora que você sabe o que significa a CIPATR e como esta é formada, vamos prosseguir nossos estudos conhecendo algumas atribuições desse grupo: Uma delas é de acompanhar a implementação das medidas de prevenção, assim como a avaliação das prioridades de ação no ambiente laboral. Outra atribuição é de identificar as possíveis situações de riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores, no estabelecimento rural, quando isto ocorrer o empregador deverá ser informado para que este tome as devidas providências. Cabe também aos membros da CIPATR a participação, juntamente com o SESTR, das discussões para avaliação dos impactos de possíveis alterações no ambiente laboral, relativos à segurança e saúde dos trabalhadores, seja quanto à introdução de novas tecnologias, alterações nos métodos, condições e processos produtivos, devendo ser divulgada aos trabalhadores as informações relativas à segurança e saúde no trabalho. Lembrando que também é atribuição da CIPATR interromper o funcionamento de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores, desde que informando ao SESTR ou ao empregador. A CIPATR também deverá participar, em parceria com o SESTR, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho, propondo medidas de solução para estes, constituir grupos de trabalho para o estudo das causas dos acidentes e, de uma forma geral, contribuir com o Fique atento! Você viu que a CIPATR não poderá ser desativada pelo empregador, porém para esta regra há uma exceção, e esta ocorre quando as atividades da empresa se dão por encerradas! Apenas neste caso, o empregador estará acobertado para tornar inativa uma CIPATR. Competência 01 18 desenvolvimento e implementação das ações da Gestão de Segurança, Saúde e Meio ambiente de trabalho. É de responsabilidade da CIPATR propor atividades com o intuito de despertar o interesse dos trabalhadores sobre a prevenção de acidentes de trabalho. Isso pode ser feitoatravés de campanhas internas como, por exemplo, a semana interna de prevenção de acidentes no trabalho rural. Além disso, trazer propostas ao empregador quanto à realização de cursos e treinamentos para os trabalhadores, em prol da melhoria das condições de segurança e saúde no trabalho. E por fim, os membros da CIPATR são responsáveis por elaborar o calendário anual de reuniões ordinárias e convocar os trabalhadores para contribuir, com relatos e informações, no estudo dos acidentes de trabalho ocorridos. Agora que você conhece as atribuições desta importantíssima comissão, vale salientar que o empregador também tem participação ativa no funcionamento da CIPATR. Vejamos a seguir de que forma estas ações tornam-se efetivas: a) Através da convocação de reuniões ordinárias e extraordinárias da CIPATR; b) Ao conceder os meios necessários, garantindo que os componentes da CIPATR possam desempenhar suas atribuições; c) Avaliando as recomendações e tomando as medidas necessárias, sempre informando a CIPATR; d) Realizando treinamento sobre prevenção de acidentes de trabalho para todos os membros da CIPATR, em horário de expediente normal. Quanto aos encontros que irão ocorrer conforme calendário preestabelecido por parte dos membros da CIPATR, as chamadas reuniões ordinárias, ocorrerá bimestralmente, em local apropriado e em horário normal de expediente. Já as reuniões convocadas em caráter emergencial, as chamadas reuniões extraordinárias, irão ocorrer em caso de acidentes com consequências de maior gravidade, sendo necessária a presença do responsável pelo setor em que ocorreu o acidente, no máximo até cinco dias úteis após a ocorrência. Outra informação importante está relacionada à contratação de empreiteiras ou empresas terceirizadas. A CIPATR da empresa contratante deve, juntamente com a contratada, Competência 01 19 definir ações de integração, garantindo a participação de todos os trabalhadores em relação às decisões tomadas pela referida comissão. Vale salientar que os membros eleitos pelos empregados, isto é, aqueles que foram escolhidos através do processo eleitoral, não poderão ser dispensados de forma arbitrária, ou seja, quando esta não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. Já que falamos bastante no termo “processo eleitoral” para a formação da CIPATR, o que você acha de conhecer um pouco sobre este assunto e como se dá esta forma de escolha dos representantes dos empregados? Vamos lá então! A eleição para a formação de um novo mandato da CIPATR deverá ser convocada pelo empregador, pelo menos quarenta e cinco dias antes do encerramento do mandato anterior e realizada com antecedência mínima de 30 dias do término do mandato. Para que a eleição ocorra dentro da legalidade deverão ser seguidas algumas condições, dentre elas podemos destacar: • A divulgação de um edital, no prazo mínimo de quarenta e cinco dias antes do término do mandato em curso. Este edital deverá ser disposto em locais de fácil acesso e visualização, por TODOS os empregados do estabelecimento, para que seja dada a oportunidade de participação de forma igualitária; • O início do processo eleitoral deve ser comunicado ao sindicato dos empregados através do envio de cópia do edital de convocação, em no mínimo 40 (quarenta) dias antes da eleição; • O período mínimo para inscrição será de quinze dias, e deverá haver liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento, independentemente de setores ou locais de trabalho. O candidato deverá receber o comprovante de inscrição e deverá ter seu emprego garantido até o dia da eleição; • A realização da eleição deverá ter o prazo mínimo de trinta dias antes do término do mandato da CIPATR, quando houver, esta ocorrerá em dia normal de trabalho, levando em consideração os horários dos turnos, possibilitando a participação da maioria dos empregados, os quais atuarão de forma ativa através de voto secreto; Competência 01 20 • Os votos serão apurados imediatamente após o término da eleição, em horário normal de trabalho, tendo acompanhamento de um representante dos empregados e um representante do empregador; • Toda documentação relativa à eleição, deverá ser guardada pelo empregador por um período mínimo de cinco anos. Caso haja alguma denúncia sobre o processo eleitoral, esta deverá ser encaminhada à Delegacia Regional do Trabalho, até trinta dias após a divulgação do resultado da eleição. Em caso de denúncia formal de alguma irregularidade, a CIPATR anterior, quando houver, deve ser mantida até que Delegacia Regional do Trabalho tome as devidas providencias, e quando estas levem a anulação da eleição, deve ser mantida a CIPATR anterior, quando houver, até a complementação do processo eleitoral. Você percebeu o quanto deve ser levado a sério o processo eleitoral de uma CIPATR? Qualquer irregularidade que ocorra, dará o direito ao trabalhador de realizar sua denúncia ao órgão competente, e por sua vez cabe à Delegacia Regional do Trabalho informar ao empregador rural sobre a existência da denúncia de irregularidade identificada. Vale salientar que havendo participação inferior a cinquenta por cento dos empregados na votação, não haverá a apuração dos votos. Quando isto ocorre, outra votação deverá ser organizada no prazo máximo de dez dias. Finalizando o processo eleitoral dentro das devidas normalidades, os novos membros da CIPATR tomarão posse no primeiro dia útil após o término do mandato anterior. Em caso de primeiro mandato, ou seja, a primeira formação de uma CIPATR, a posse será realizada no prazo máximo de quarenta e cinco dias após a eleição. Os candidatos mais votados assumirão a condição de membros, e em caso de empate, assumirá aquele candidato que tiver maior tempo de serviço no estabelecimento. A partir desse Você sabia que o processo eleitoral é passível de anulação quando ocorre o descumprimento de qualquer uma destas determinações apresentadas? Esta anulação é de competência da Delegacia Regional do Trabalho, quando confirmadas as irregularidades no processo eleitoral, e ela determinará a sua correção ou procederá com a anulação quando for o caso. Competência 01 21 ponto, o empregador deverá promover, antes da posse, treinamento em segurança e saúde no trabalho para os membros que irão compor a CIPATR, de acordo com o conteúdo mínimo que é estabelecido na própria NR -31, conforme apresentado a seguir: • Noções sobre a organização, o funcionamento, a importância e a atuação da CIPATR; • Estudo das condições de trabalho, levando em consideração a análise dos riscos originados do processo produtivo e as medidas de controle a serem adotadas; • Estudo dos acidentes ou doenças do trabalho, e métodos de investigação e análise a serem desenvolvidos; • Prevenção de DST, com ênfase na AIDS; • Tratar sobre as dependências químicas; • Noções sobre legislação trabalhista e previdenciária referente à Segurança e Saúde no Trabalho; • Noções de primeiros socorros e sobre prevenção e combate a incêndios; • Conhecer os princípios gerais de higiene no trabalho; relações humanas no trabalho; proteção de máquinas equipamentos e noções de ergonomia. Este treinamento terá carga horária mínima de 20 (vinte) horas, sendo permitido no máximo 8 (oito) horas diárias, por ser o limite legal de jornada de trabalho, nele deve ser abordado os principais riscos a que estão expostos os trabalhadores em cada atividade especifica desenvolvida. Agora que você conhece como funciona uma CIPATR em sua constituição, processo eleitoral e atribuições, é possível perceber que esta apresenta muita semelhança com a CIPA tratada na NR – 05 concorda? Porém a CIPATR traz algumas particularidades que serão apresentadas em nossa vídeo aula da referida competência. Vamos conferir essas principaisdiferenças? Vamos pausar um pouco a leitura e assistir a videoaula sobre as Principais diferenças entre a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - NR 05 e a CIPATR - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural – disposta na NR31. Competência 01 22 2.4 Área de vivência Uma área de vivência é o local destinado aos trabalhadores em momentos de almoço, intervalos de trabalho e pausas para descanso, a qual deverá ser composta de instalações que garantam segurança e conforto para os trabalhadores, garantindo seu bem-estar. A própria NR-31 estabelece como atribuição do empregador a disponibilização da área de vivência, e esta deverá ser composta por: instalações sanitárias, locais para refeição, alojamentos, local adequado para preparo de alimentos e lavanderias. As áreas de vivência devem atender a alguns requisitos, tais como: Condições adequadas de conservação, asseio e higiene; Paredes de alvenaria, madeira ou material equivalente; Piso cimentado, de madeira ou de material equivalente; Cobertura que proteja o trabalhador contra as intempéries (sol e chuva); Iluminação e ventilação adequadas. Infelizmente, apesar de ser uma prática obrigatória, muitas empresas ainda não seguem essas determinações, deixando o trabalhador sem as mínimas condições que permitam a realização de seu trabalho com dignidade. No ambiente rural isso é bastante comum! Acompanhe a seguir, um caso recente ocorrido no interior do RN, que trata de uma operação de fiscalização, na qual foram resgatados 25 trabalhadores que desenvolviam suas atividades em situação precária, deixando-os vulneráveis a acidentes. A partir do que foi apresentado na reportagem acima, qual a conclusão que você, como profissional da área de segurança do trabalho, tira em relação a importância da área de vivência para que o trabalhador desempenhe melhor suas atividades? Área de vivência é algo básico que o empregador deve oferecer? Que ações você, como Técnico em segurança, tomaria diante a situação apresentada? Boa reflexão! A partir agora vamos adiante! Operação do Ministério do Trabalho resgata 25 pessoas de trabalho escravo no interior do RN https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2018/11/15/operacao-do- ministerio-do-trabalho-resgata-25-pessoas-de-trabalho-escravo-no-interior-do- rn.ghtml https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2018/11/15/operacao-do-ministerio-do-trabalho-resgata-25-pessoas-de-trabalho-escravo-no-interior-do-rn.ghtml https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2018/11/15/operacao-do-ministerio-do-trabalho-resgata-25-pessoas-de-trabalho-escravo-no-interior-do-rn.ghtml https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2018/11/15/operacao-do-ministerio-do-trabalho-resgata-25-pessoas-de-trabalho-escravo-no-interior-do-rn.ghtml Competência 01 23 Você conhecerá o que a NR-31 estabelece para a garantia destas condições mínimas de conforto que nós, profissionais de segurança, juntamente com o empregador devemos proporcionar a nossos trabalhadores. • Instalações sanitárias: As instalações sanitárias devem dispor dos seguintes itens e seus respectivos dimensionamentos: Lavatório e vaso sanitário (na proporção de uma unidade para cada grupo de vinte trabalhadores ou fração); Mictório e chuveiro (na proporção de uma unidade para cada grupo de dez trabalhadores ou fração). Além disso, estas instalações devem conter: Portas de acesso que garantam a privacidade do trabalhador que está utilizando; ser separadas por sexo; ter instalações em locais de fácil e seguro acesso para o trabalhador; ter sempre disponível e água limpa para higienização das mãos e corpo além de papel higiênico; estar ligadas à sistema de esgotamento sanitário, fossa séptica ou equivalente; e possuir recipiente para coleta de lixo (ideal que seja com tampa). Outra exigência para as instalações sanitárias é referente a água destinada para banho, que deve ser disponibilizada de acordo com os usos e costumes da região ou na forma estabelecida em convenção ou acordo coletivo. Um exemplo disso seria a disponibilização de água quente em regiões frias, que não é nosso caso! As instalações sanitárias nas frentes de trabalho, devem ser disponibilizadas de modo fixo ou móvel, devendo esta última ser composta por vasos sanitários e lavatórios, na proporção de um conjunto para cada grupo de quarenta trabalhadores ou fração, sendo permitida a utilização de fossa seca. O termo Frentes de trabalho significa: uma área de trabalho móvel e temporária muito comum em atividades rurais, onde um grupo de trabalhadores se desloca, por exemplo, para atuação em lavouras situadas a grandes distancias de estruturas fixas. Competência 01 24 Figura 5: Representação de uma frente de trabalho Fonte: Canal Rural - Disponível em: https://canalrural.uol.com.br/noticias/quem-podera-integrar-cadastro-agricultura- familiar-68099/ Descrição da imagem: A imagem apresenta um grupo de trabalhadores atuando na lavoura, onde não se visualiza estrutura fixa apenas vegetação. • Locais para refeição: Os locais destinados as refeições do trabalhador rural devem garantir boas condições de higiene e conforto; devendo possuir quantitativo de assentos que possibilitem que todos realizem suas refeições sentados; água limpa para higienização de mãos e utensílios; mesas com tampos lisos e laváveis; água potável, em condições higiênicas e depósitos de lixo, com tampas. Independentemente do número de trabalhadores o empregador deverá disponibilizar de local ou recipiente para a guarda e conservação de refeições, em condições de higiene e em caso de frentes de trabalho cabe ao empregador disponibilizar abrigos, sejam eles fixos ou moveis, que protejam os trabalhadores contra as intempéries, durante suas refeições. https://canalrural.uol.com.br/noticias/quem-podera-integrar-cadastro-agricultura-familiar-68099/ https://canalrural.uol.com.br/noticias/quem-podera-integrar-cadastro-agricultura-familiar-68099/ Competência 01 25 Figura 6: Exemplo de adaptação para proteção do trabalhador contra intempéries. Figura: Rosana Bunho - Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11141/tde-19122011- 091838/pt-br.php Descrição da imagem: A imagem apresenta o momento de refeição de um grupo de trabalhadores, onde foi adaptado um refeitório na lateral de um ônibus que utiliza uma estrutura móvel de coberta, estilo um toldo, com intuito de proteção contra intempéries. • Alojamentos: Em casos onde o trabalhador permaneça no local de trabalho entre jornadas, o empregador deverá dispor de alojamento para que estes trabalhadores sejam atendidos, devendo estes locais dispor de: camas com colchão, tendo separação umas das outras de no mínimo um metro, podendo ser utilizado camas tipo beliches, desde que limitados a duas camas na mesma vertical e com espaço livre mínimo de cento e dez centímetros acima do colchão. As camas poderão ser substituídas por conforme costume local, uso de redes por exemplo, desde que seja obedecido o espaçamento mínimo de um metro entre as mesmas; o empregador deverá disponibilizar armários para guarda de objetos pessoais do trabalhador de forma individual; O alojamento deve ter portas e janelas que ofereçam boas condições de vedação e segurança; ter recipientes para coleta de lixo; e além disso, ser separados por sexo. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11141/tde-19122011-091838/pt-br.php http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11141/tde-19122011-091838/pt-br.php Competência 01 26 No interior dos alojamentos, é terminantemente proibido o uso de fogões, fogareiros ou similares, visto que a própria NR-31 estabelece a obrigatoriedade de locais destinado a preparo das refeições, o que será visto noitem a seguir. • Locais para o preparo de refeição: Os locais destinados para preparo de refeições não podem ter ligação direta com os alojamentos, conforme dito anteriormente. Devem dispor de lavatórios, sistema de coleta de lixo e instalações sanitárias de uso exclusivo para os profissionais responsáveis por manipular os alimentos. Agora que você conhece os Procedimentos e Rotinas do Trabalho na Agroindústria, iniciaremos nossa segunda competência que tem por objetivo apresentar programas, técnicas e fundamentos legais na prevenção de acidentes na agroindústria. Vamos lá? Atenção! Não é permitida a permanência de pessoas com doenças infectocontagiosas no interior do alojamento. https://docs.google.com/document/d/1eUbORhm5rQB9Ukr02L4-lNENUY3q9_la/edit#heading=h.1t3h5sf https://docs.google.com/document/d/1eUbORhm5rQB9Ukr02L4-lNENUY3q9_la/edit#heading=h.1t3h5sf Competência 02 27 2.Competência 02 | Conhecer e Aplicar Programas e as Técnicas e Fundamentos Legais na Prevenção de Acidentes na Agroindústria Iniciaremos a partir de agora mais uma competência de grande relevância para sua formação! É nela que você identificará os riscos os quais os trabalhadores rurais estão expostos. Para isso, é necessário conhecer a área de atuação profissional para uma melhor identificação de possíveis riscos e consequentemente atuar de forma efetiva na causa raiz que levam a acidentes e doenças ocupacionais. Isto se aplica para qualquer atividade, por isso nunca esqueça! Para adoção de medidas preventivas mais eficazes é necessário conhecer o ambiente de trabalho, bem como as atividades que nele são desenvolvidas. Vamos lá então? Inicialmente gostaria de apresentar para você de forma breve, visto que este tema é desenvolvido com maior aprofundamento em outra disciplina, sobre os riscos ocupacionais tratados na NR -09, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, que são eles: Riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes ou mecânicos. Será que o trabalhador Rural está exposto a algum deles? Ou a todos eles? Pois bem, a resposta vai de acordo com a atividade exercida, mas acredite: Em grande maioria, na atividade rural, o trabalhador acaba se expondo a todos estes riscos de forma concomitante, ou seja, todos ao mesmo tempo. O risco Físico que o trabalhador rural geralmente está vulnerável se dá principalmente a partir da exposição excessiva à radiação solar intensa por períodos longos. Pode-se citar como exemplo o trabalho de um cortador de cana. Ainda se enquadram neste tipo de agente, a exposição a ruídos elevados, presente em atividades com uso de máquinas e equipamentos como motosserras e tratores, por exemplo, o que pode também expor o trabalhador à vibração, ao manusear ou operar alguns destes equipamentos. Já exposição ao risco químico, tem como principal vilão o manuseio de defensivos agrícolas, que são os fertilizantes, agrotóxicos, produtos veterinários e venenos utilizados no controle de pragas e parasitas. Competência 02 28 Tratando-se dos riscos biológicos, podemos citar os ataques de animais peçonhentos e os contatos com agentes nocivos, infecciosos e parasitários que transmitem doenças, tanto de origem animal quanto vegetal. Os riscos mecânicos ou de acidentes são bastante comuns a partir do manuseio de ferramentas e máquinas agrícolas, acidentes por contato com animais (coices, mordidas e cabeçada), transporte de funcionários juntamente com ferramentas, entre outros. E, por fim, as condições ergonômicas como as intensas rotinas de trabalho, atividade repetitiva sem pausa para descanso, como por exemplo a atividade de colheita, as quais podem resultar nas famosas LER/ DORT - Lesões por Esforços Repetitivos/Doenças Osteomusculares Relacionadas com o Trabalho. Agora que você já tem uma noção com relação aos riscos que o trabalhador rural pode se expor, seria interessante assistir ao vídeo disponibilizado a seguir. Faça uma reflexão sobre o que está sendo apresentado em relação ao uso do agrotóxico, tema que será abordado inicialmente. Ao assistir ao vídeo qual foi a sua percepção quanto ao nível de conhecimento do trabalhador que utiliza o agrotóxico? Será que ele tem a ciência quanto ao dano que este pode causar a sua saúde? Esta reflexão recai mais uma vez no que foi abordado anteriormente: “ É atribuição do empregador informar ao trabalhador sobre os riscos os quais poderá estar exposto ao desenvolver suas atividades”, lembra? Cabe também a você estudante, que será um futuro profissional de segurança, garantir que o trabalhador esteja ciente quanto a estes riscos, e como deve atender as medidas preventivas propostas pela empresa a fim de garantir sua integridade física. 2.1 Riscos químicos na atividade rural - Agrotóxicos O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento define agrotóxico como produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, que tem utilização em setores de produção, Prevenção de acidentes na área Rural. https://www.youtube.com/watch?v=cqiHWCQKfhU https://www.youtube.com/watch?v=cqiHWCQKfhU Competência 02 29 de armazenamento e de beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais. No seu ponto de vista, a utilização de agrotóxicos no Brasil é muito elevada? Se você acredita que sim, isso nos leva a concluir que essa utilização em grande escala, eleva juntamente o número de trabalhadores expostos? Este pode ser considerado um fator preocupante visto que a técnica de uso, aplicação e descarte ainda estão longe de atingirem patamares de excelência em algumas propriedades. Para que você tenha propriedade sobre estes questionamentos é necessário obter conhecimento acerca do tema concorda? Então siga adiante! A FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, realizou um estudo no qual foi gerado um relatório em que compara o valor investido em pesticidas nos 20 maiores mercados globais no ano 2013. Esse relatório mostra que o Brasil utilizou cerca de 10 bilhões de dólares em agrotóxicos. Você consegue mensurar este valor? Isto levou o Brasil ao topo no ranking mundial de aquisição de agrotóxicos. Vale salientar que nossa área cultivável é considerada a maior, o que significa que nossa utilização de agrotóxico por hectare é menor, quando comparada aos outros países que compõem o referido ranking. Ainda de acordo com a FAO, o Brasil se enquadra como o terceiro maior exportador agrícola do mundo, visto que no ano de 2016, sua produção foi equivalente a 5,7% da produção do planeta, abaixo apenas dos Estados Unidos, com 11%, e da União Europeia, com 41%. Você pode acessar o link a seguir para um maior aprofundamento no referido estudo, o qual conta com a representação gráfica dos números apresentados, o que facilitará o entendimento sobre a temática. A matéria ainda aborda estimativas e curiosidades que não podem deixar de ser vistas como, por exemplo: “É possível estimar quantos litros de agrotóxico cada brasileiro bebe? ” Isso desperta a curiosidade, não é mesmo? Não se limite ao que é disposto no e-book. Vá em busca de informações! Competência 02 30 Você sabia que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, disponibiliza informações técnicas atualizadas acerca dos agrotóxicos? Uma outra fonte de pesquisa bastante rica, que vale muito a pena o aprofundamento, está disposto na página eletrônica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Os agrotóxicos têm sua utilização nas atividades agrícola, com o objetivo principal de extinguir as pragas que infestam as plantações. O uso destes compostos, quando em excesso ou de forma inadequada, podem trazer sérios danos à saúde humanae ao meio ambiente. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil os agrotóxicos se enquadram como um dos principais responsáveis por causar intoxicação. Segundo a ANVISA no ano de 2018, foram liberados no Brasil 450 tipos de agrotóxicos, e muitos desses apresentam em sua composição substancias que já são proibidas em outros países, consideradas altamente tóxicas, por causarem alterações no sistema nervoso central, e até mesmo gerar mutações genéticas severas. Para termos acesso a esses dados contamos com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas – SINITOX, que é um órgão vinculado à Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ e tem por atribuição coletar, analisar e divulgar os casos de intoxicação e envenenamento registrados pela Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica – RENACIAT. Afinal, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do mundo? https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2019/06/afinal- o-brasil-e-o-maior-consumidor-de-agrotoxico-do-mundo.html Confira a riqueza de material disposta nos link’s a seguir e bons estudos: • http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos- agropecuarios/insumos-agricolas/agrotoxicos/informacoes-tecnicas • http://portal.anvisa.gov.br/agrotoxicos/noticias https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2019/06/afinal-o-brasil-e-o-maior-consumidor-de-agrotoxico-do-mundo.html https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2019/06/afinal-o-brasil-e-o-maior-consumidor-de-agrotoxico-do-mundo.html http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-agricolas/agrotoxicos/informacoes-tecnicas http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-agricolas/agrotoxicos/informacoes-tecnicas http://portal.anvisa.gov.br/agrotoxicos/noticias Competência 02 31 Uma forma de classificação do agrotóxico é dada a partir do uso que o mesmo é destinado, podendo ser: agrotóxicos de uso agrícola e os não agrícolas, nos quais se enquadram os agrotóxicos de uso doméstico, produtos veterinários e raticidas. Conforme apresentado no vídeo a ANVISA deferiu no mês de julho de 2019 um novo marco regulatório relativo à avaliação e classificação toxicológica de agrotóxicos. Esta mudança trará alterações nas informações contidas nas embalagens desses produtos e os fabricantes destes terão o prazo de um ano para se adequar as novas determinações. A identificação nas embalagens trará especificações a partir de cores e frases tais como: “mata se for ingerido”, “tóxico se em contato com a pele” e “provoca queimaduras graves”. Ainda contará com um informativo mais compreensivo com advertência, pictogramas, e frases de perigo. Além disso, o novo marco remove a exigência de teste em animais para a regulação dos produtos. Os novos rótulos dos produtos terão 6 tipos de classificações, em substituição das 4 utilizadas atualmente, e essas novas classificações serão feitas da seguinte maneira: extremamente tóxico, altamente tóxico, moderadamente tóxico, pouco tóxico, improvável de causar dano agudo e não classificado (por não ter toxidade). Com esta mudança O Brasil passa a adotar o padrão internacional Sistema de Classificação Globalmente Unificado (Globally Harmozed System of Classification and Labelling of Chemicals — GHS). De acordo com a ANVISA, este método é mais determinante que o usado atualmente, pois este trata o risco de morte e o de irritação da mesma maneira. Agora que você já sabe o que são os agrotóxicos e qual a sua representatividade no nosso país, vamos aos danos que estes podem causar aos trabalhadores caso estes não tenham a devida orientação. Você sabia que a ANVISA mudou recentemente as regras para a classificação de risco dos agrotóxicos? Acompanhe essas mudanças a partir do vídeo a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=P03BNLqZKcM https://www.youtube.com/watch?v=P03BNLqZKcM Competência 02 32 2.1.1 Principais danos causados pelo uso de agrotóxicos Independentemente de qual substância está presente em sua composição, o fato é que todo agrotóxico é prejudicial à saúde e ao meio ambiente. Quanto as questões ambientais, que também é de grande relevância e não podemos ser omissos diante destas, os danos causados geralmente é advindo do manejo, utilização e descarte sem o devido cuidado. A Contaminação do ar e do solo (no processo de aplicação de agrotóxico), e dos mananciais (por ação da chuva ou do próprio sistema de irrigação o material aplicado é carreado, atingindo os corpos d’água o que causa a contaminação de forma efetiva) são os principais danos. Além dos danos ambientais, os agrotóxicos atingem a saúde humana, foco de nosso estudo, muitas vezes de forma severa e irreversível. O vídeo a seguir apresenta uma problemática enfrentada no brasil referente a intoxicação a partir do agrotóxico, atingindo não apenas os trabalhadores que o manuseia. Os casos de intoxicações vão além, atingindo a população do entorno. Conforme pesquisa realizada pela FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz e pelo Ministério da Saúde , foi constatado o aumento do número de mortes e intoxicações referentes ao uso de defensivos agrícolas no Brasil. No ano de 2017 o número de registros foi de 4.003 casos de intoxicação por contato com agrotóxicos no país, dentre estes, foi totalizado o número de 164 mortes e 157 casos de profissionais incapacitados para o trabalho, além disso, vale salientar sobre os casos de intoxicações que desencadeiam doenças denominadas crônicas, como por exemplo, o câncer e a impotência sexual. Mas você sabe de que forma essas intoxicações acontecem? Intoxicação por agrotóxicos se dão por 3 vias: respiratória, digestiva e cutânea. Tema que deve ser conferido na nossa vídeo aula desta competência, que abordará também a classificação destas intoxicações quanto a sua gravidade. Brasil registra 40 mil casos de intoxicação por agrotóxicos em uma década https://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo- rural/noticia/2019/03/31/brasil-tem-40-mil-casos-de-intoxicacao-por- agrotoxicos-em-uma-decada.ghtml Competência 02 33 As intoxicações geralmente ocorrem pela exposição de uma ou mais substâncias consideradas tóxicas, podendo se enquadrar em: • Intoxicação Intencional: Nos casos de tentativa de suicídio, de homicídio, e de tentativa de aborto; • Intoxicação acidental: no caso de reutilização de embalagens, contato de crianças ou animais ao produto; • Intoxicação ocupacional: ocorre no desempenho da atividade laboral, foco de nosso estudo e por fim; • Intoxicação Ambiental: Nos casos onde são atingidos a água, o ar, e o solo. 2.1.2 Medidas de proteção e boas práticas quanto a utilização de agrotóxicos Para a realização das atividades de manipulação, preparo e aplicação de defensivos agrícolas é necessário que além do uso dos equipamentos de proteção individual, o trabalhador rural atenda aos procedimentos indicados, tanto nas embalagens dos produtos utilizados quanto nas orientações dadas através dos treinamentos, os quais garantirão a sua integridade física na realização de seu trabalho. Em relação aos equipamentos de proteção, é atribuição do empregador o fornecimento do EPI adequado bem como promover os devidos treinamentos quanto ao uso, já o trabalhador tem o papel de seguir essas recomendações, sendo considerado ato faltoso o não cumprimento destas. O EPI utilizado em atividades agrícolas, sendo de boa qualidade e utilizado de maneira correta, deve impossibilitar a ocorrência de intoxicações, as quais são dadas pelas vias de contaminação tratadas anteriormente em nossa vídeo aula. Vale ressaltar que o EPI atua como uma proteção extra ao trabalhador, desta forma o mesmo não deve substituir outros cuidados necessários para se evitar a contaminação e sim complementar esta barreira. Para desempenhar a atividade deaplicação de agrotóxicos, o trabalhador deve estar provido de EPI’s específicos, assim como para o tipo de agrotóxico que o mesmo irá manusear. São Vamos dar uma pausa e assistir a videoaula sobre as vias de intoxicação por agrotóxicos e danos que estes podem causar a saúde humana. Competência 02 34 luvas, protetor facial, máscara, jaleco ou camisa de manga longa, calça hidro-repelentes, capuz ou touca, avental e botas, itens indispensáveis conforme apresentado a seguir: Figura 7: Trabalhador devidamente protegido para o trabalho com aplicação de agrotóxicos. Fonte: Preço Ideal - disponível em: http://www.precoideal.com.br/conjunto-para-aplicac-o-de-agrotoxicos-agr-300- sayro.html Descrição da imagem: A imagem apresenta um trabalhador devidamente protegido utilizando luvas, protetor facial, máscara, jaleco, calça hidro-repelentes, touca árabe, avental e botas. Vale salientar que ao tratar de questões de segurança devemos levar em consideração alguns aspectos como a exposição do trabalhador (direta ou indireta), a toxicidade do produto que está sendo manuseado e o risco o qual o trabalhador está exposto. Podemos dizer que a exposição se classifica como direta quando há contato com a pele, olhos, boca ou nariz durante a aplicação, e indireta quando há contato com plantas, alimentos, roupas ou objetos contaminados por quem não manuseou o produto. Já em relação a toxicidade, esta pode ter interferência tanto da dose do produto, isto é, a quantidade utilizada, quanto da sensibilidade individual, ou seja, o que é tóxico para um indivíduo pode não ser tóxico para outro. O critério de classificação toxicológica é estabelecido pelo Ministério da Saúde/ANVISA conforme apresentado anteriormente. Quanto ao risco de intoxicação, que pode ser classificado como alto e baixo, são levados em consideração dois fatores que são: a toxicidade do produto e o tempo de exposição do aplicador, sendo assim esta correlação pode ser observada conforme imagem a seguir: http://www.precoideal.com.br/conjunto-para-aplicac-o-de-agrotoxicos-agr-300-sayro.html http://www.precoideal.com.br/conjunto-para-aplicac-o-de-agrotoxicos-agr-300-sayro.html Competência 02 35 Figura 8: Tabela de correlação entre a toxicidade e exposição ao produto. Fonte: ANDEF - disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/355446/ Descrição da imagem: A imagem apresenta uma tabela onde o risco que o trabalhador está exposto é classificado a partir da correlação entre a toxicidade do produto e o tempo de exposição do trabalhador. Na primeira coluna estão classificados o grau de toxicidade em alta e baixa, na segunda coluna estão classificados a exposição em alta e baixa o que resulta na terceira coluna que é o produto entre a primeira e a segunda, resultando no risco que é dado por alto e baixo. Vale ressaltar que que além dessa correlação, também devemos levar em consideração as condições do ambiente de trabalho, as quais poderão demandar ou dispensar o uso de determinados equipamentos de proteção. Isto acontece quando a maneira e a sequência de retirada não são feitas de forma correta, o que ocasiona o contato do EPI contaminado com as vias respiratória, cutânea e digestiva. A higienização do equipamento e vestimentas deve ser realizada de forma separada de qualquer outra roupa, a fim de se evitar a contaminação da mesma. Quanto à forma correta de retirar a vestimenta você pode conferir no vídeo a seguir: Diante da tabela apresentada acima, gostaríamos que você como profissional de Segurança refletisse: De que forma podemos reduzir o risco já que não é possível ao usuário alterar a toxicidade do produto? Compartilhe esta temática conosco no nosso fórum de dúvidas e discussões. Você sabia que na retirada do equipamento de proteção Individual poderá ocorrer intoxicação ao trabalhador? https://slideplayer.com.br/slide/355446/ Competência 02 36 Agora que você já sabe a importância de vestir e retirar o EPI de maneira correta, o que acha de associar esse conhecimento a boas práticas que devem ser seguidas na aplicação dos agrotóxicos? Vamos lá? Essas boas práticas estão relacionadas às medidas preventivas que devem ser seguidas pelo trabalhador ao desenvolver suas atividades. Vale ressaltar que o empregador deve ter participação nesta ação através da orientação e incentivo a seu funcionário. Você irá perceber que dentre estas práticas há atribuições que devem ser seguidas pelo empregador, justificando assim a importância de seu engajamento, são elas: • O trabalhador deverá ser informado sobre os riscos os quais estará exposto ao desenvolver sua atividade, além disso deverá ter o conhecimento devido sobre os cuidados a serem seguidos a fim de evitar intoxicação; • Ter acesso a ficha de informações de segurança de produtos químicos – FISPQ; • O empregador deve garantir vigilância médica contínua aos trabalhadores expostos a agrotóxicos, através da realização de exames periódicos; • O trabalhador deverá ser orientado quanto o descarte adequado de resíduos de agrotóxicos e suas embalagens; • O trabalhador deverá aguardar o período estipulado entre a aplicação do agrotóxico e a colheita ou consumo; • Devem ser seguidas pelo trabalhador as recomendações relativas a higienização das mãos antes de manipular alimentos e no final da jornada de trabalho. Uso correto de EPI - Boas Práticas Agrícolas https://www.youtube.com/watch?v=WQ0YSGixjHQ O que acha de conhecer um pouco mais sobre o que é a FISQP? Acesse o link a seguir e descubra qual a sua importância para a segurança e saúde do trabalhador. https://areasst.com/fispq/ https://www.youtube.com/watch?v=WQ0YSGixjHQ https://areasst.com/fispq/ Competência 02 37 • Quanto a higienização da roupa do trabalho, deve ser realizada separadamente das demais, sendo indicado que a mesma ocorra no próprio local de trabalho, a fim de evitar que os contaminantes sejam levados para o ambiente doméstico; Ainda referente as boas práticas, destacamos ações a serem seguidas quanto ao preparo e aplicação do produto, conforme apresentado a seguir: • Nunca deve se trabalhar sozinho quando for manusear os produtos tóxicos; • Deve ser levado em consideração os cuidados ao preparo do material a ser aplicado (diluição), estando sempre atento às indicações do rótulo do produto; • Circulação de pessoas não autorizadas no local não devem ser permitidas; • Deve ser considerada as condições climáticas no momento da aplicação, tais como: temperatura e umidade relativa do ar, fatores estes que interferem na evaporação do produto. Recomenda-se o início da manhã e o final da tarde para a realização da atividade; • O trabalhador nunca deve estar contra o vento no momento do manuseio e aplicação do produto; • O descarte das embalagens vazias deve ser realizado de forma que não traga danos à saúde e ao meio ambiente. Existem inúmeras práticas que devem ser seguidas, as quais deverão ser implantadas de acordo com as características da atividade, respeitando as particularidades de cada uma delas, ou seja, não existe uma “receita padrão” e sim as adaptações necessárias para cada realidade! E você como profissional da área terá papel fundamental no atendimento destas demandas. Agora que você conhece algumas das boas práticas da referida atividade, o que acha de compartilhar conosco ações que não foram contempladas no nosso material, mas que você considera de grande relevância? Você já ouviu falar sobre a tríplice lavagem? Este tema é de grande relevância tanto para a saúde do trabalhador quanto para o meio ambiente! Confira este tema na a videoaula desta competência. Competência 02 38 2.2 Riscos Ergonômicos na atividade rural Uma das atribuições do empregador rural é a de adotar medidas voltadas para a ergonomiaa fim de garantir a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, com o intuito de promover melhorias relativas à segurança, além de fornecer conforto no ambiente laboral. Você, como profissional da área, consequentemente responsável por essa ação juntamente ao empregador, acredita que medidas em prol desse objetivo vem sendo tomadas? De que forma você poderia contribuir neste âmbito? Sabemos que no desenvolvimento da atividade rural, que é bastante diversa, nos deparamos com situações onde a ergonomia e a preocupação com o conforto do trabalhador é inexistente. Inúmeras são as doenças ocupacionais causadas por posturas inadequadas, levantamento de cargas, repetitividade de esforços, sobrecargas de trabalho, entre outros. Estas situações inadequadas, as quais os trabalhadores estão expostos, podem aumentar os riscos de acidentes, reduzir o desempenho na realização de suas atividades além de provocar danos à sua saúde, com o surgimento de lesões por esforços repetitivos - LER e doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho – DORT. A ação mais indicada para evitar estes problemas é sem dúvida a prevenção. Os métodos que podem ser adotados são: exercício laboral, alongamentos e pausas, a fim de proporcionar aos trabalhadores melhores condições ao realizarem suas atividades. Além destas, uma medida preventiva de grande relevância é a realização de Análise Ergonômica do Trabalho – AET, que trata do estudo de itens e ações desenvolvidas a partir da observação dos postos de trabalho. Orientações dadas através de informativos e treinamentos é uma outra medida bem aceita pelos trabalhadores, um exemplo disto pode ser visto no vídeo a seguir que apresenta um programa que oferece informações importantes a serem seguidas. Compartilhe conosco as boas práticas que você, no papel de Técnico de Segurança, adotaria na sua empresa a fim de garantir a integridade física de seus trabalhadores. Aguardamos você no nosso fórum de dúvidas e discussões! Competência 02 39 2.3 Riscos Biológicos na Atividade Rural Os riscos biológicos na atividade rural apresentam, em sua grande maioria, relação com a exposição e contato com pólen, fibras, detritos de origem animal e animais peçonhentos. Vamos agora conhecer os danos causados por cada um destes. • Animais peçonhentos: São considerados animais peçonhentos aqueles que produzem peçonha (veneno), apresentam capacidade natural em atingir predadores e presas através da inoculação do veneno por picadas ou mordidas. Geralmente esses animais possuem dentes modificados, ferrões, cerdas abrasivas (que provocam arranhões), espinhos, entre outros. No Brasil há algumas espécies que se destacam por serem consideradas as que mais causam acidentes na atividade rural, dentre estas podemos ressaltar: serpentes, escorpiões, aranhas, mariposas e suas larvas, abelhas, formigas, vespas, besouros, lacraias, águas-vivas, caravelas e até mesmo algumas espécies de peixes. Pelo fato de haver um grande número de notificações, relativas a acidentes causados por animais peçonhentos, todas as ocorrências devem ser notificadas ao Governo Federal assim que confirmadas, esta ação irá contribuir em ações prevencionistas a esse tipo de acidente. Em caso de acidentes com abelhas, as quais utilizam ferrões para injetar o veneno, é importante considerar que a sensibilidade individual do trabalhador pode fazer com que este apresente sintomas, que variam desde uma pequena inflamação local até uma reação alérgica grave, o que pode levar o indivíduo a um choque anafilático ou até mesmo a óbito. Essa afirmação ressalta a importância de encaminhar o trabalhador acidentado a um serviço médico especializado, visto que não podemos mensurar o dano que este acidente pode causar a sua saúde. Falando em abelhas, você acredita que é possível adotar medidas que venham a atenuar problemas relacionados a acidentes com o trabalhador que as manipulam? O vídeo a seguir apresenta Informações sobre educação postural para o trabalhador rural. https://www.youtube.com/watch?time_continue=12&v=AbTShvrdFRU https://www.youtube.com/watch?time_continue=12&v=AbTShvrdFRU Competência 02 40 uma nova modalidade de criação que certamente poderá ser uma alternativa para eliminar riscos de acidentes para os apicultores. A seguir você irá verificar algumas recomendações que devem ser adotadas pelo trabalhador na prevenção de acidentes com animais peçonhentos, são elas: • Utilizar calçados fechados, luvas de raspa de couro e EPI’s necessários conforme demanda da atividade, tais como: o transporte de lenhas, corte de vegetação, limpeza de áreas e atividades rurais em geral; • Ficar sempre atento ao local de trabalho e seu entorno além de caminhos a serem percorridos; • Não pôr as mãos em tocas, buracos na terra, ocos de árvores, espaços entre lenhas ou pedras, porém sendo necessário mexer nesses lugares, o mesmo deve utilizar materiais que impeçam o contato direto, tais como um pedaço de madeira ou ferramentas. • Verificar roupas, luvas e calçados antes de vesti-los. 2.4 Riscos Mecânicos ou de Acidentes na atividade Rural Os riscos mecânicos ou de acidentes que ocorrem na atividade rural são na maioria relacionados ao uso de ferramentas manuais cortantes, operação de máquinas e implementos agrícolas, contato com animais peçonhentos, transporte de materiais, sendo estes bastante debatidos, porém não podemos esquecer que o trabalho desenvolvido em silos de armazenamento tem se tornado muito frequente, chegando a bater recordes sucessivos em seus registros. Utilização de espécie de abelhas sem ferrão pode ser uma alternativa na prevenção de acidentes. https://www.youtube.com/watch?v=Gm14SXaZq0o https://www.youtube.com/watch?v=Gm14SXaZq0o Competência 02 41 A BBC News Brasil, realizou um levantamento o qual revelou que de 2009 a 2018, pelo menos 106 trabalhadores vieram a óbito ao desenvolverem suas atividades em silos de armazenamento de grãos no país, onde grande maioria das mortes se deram por soterramento. Preocupante não é mesmo? E porque não ouvimos falar nesses acontecimentos? Pois bem, a resposta que vou lhe fornecer é ainda mais preocupante! Neste número apresentado foram apenas contabilizados os casos noticiados pela imprensa, ou seja, o número de ocorrências é bem maior que isso. De acordo com a referida pesquisa, no ano de 2017 houve o maior registro de acidentes fatais, totalizando o número de 24 óbitos. Para entender melhor a dinâmica de ocorrência desses acidentes precisamos conhecer um conceito muito importante: o que são Silos? Agora que você já sabe o que são silos, vamos conhecer como é dada a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais no interior deles, e em seguida apresentaremos algumas práticas que devem ser seguidas. • Explosões: Sim, um silo de armazenamento pode vir a explodir, isso acontece quando um caminhão, ao descarregar o produto no interior do silo, produz uma nuvem de poeira, em condições e concentrações favoráveis a uma explosão. Um outro fator que contribui para esse tipo de acidente ocorre quando a poeira de grãos armazenados é aquecida até o ponto de liberação de gases de combustão que, podendo dá início ao incêndio a partir de uma fonte de ignição com energia. O aquecimento da massa de grãos acontece de forma natural, visto que o grão é um material vivo e em metabolismo ativo, o que faz ocorrer a liberação de gases e vapores inflamáveis. Essa ocorrência também se dá em processo de decomposição. Explosões em silos também são comuns em serviços de manutenção destes, isto O silo é um reservatório fechado, podendo ser de material metálico, concreto ou similar. São de construção acima ou abaixo do solo, e tem por finalidade o armazenamento de material, como: cereais, grãos, cimento
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