Buscar

Filosofando - cap 13

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ll
8
A teoria do conhecimento é uma disciplina filo-
sófica que investiga as condições do conhecimento
verdadeiro.
Os filósofos da Antiguidade e da Idade Média inte-
ressaram-se por questões relativas ao conhecimento,
embora ainda não se tratasse propriamente de uma
teoria do conhecimento como disciplina indepen-
dente, pois esses filósofos não colocaram em dúvida
a capacidade humana de conhecer: eles explicavam
como conhecemos. A crítica do conhecimento só
começaria na Idade Moderna, com Descartes.
Veremos como surgiram as indagações sobre
o tema entre os gregos, desde os pré-socráticos a
Platão e Aristóteles, cujas teorias influenciaram de
maneira vigorosa o pensamento medieval.
O que veremos no capítulo a realidade na sua mudança, no seu devir. Todas
as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante
de nós em dado momento é diferente do que foi há
pouco e do que será depois: "Nunca nos banhamos
duas vezes no mesmo rio", pois na segunda vez não
somos os mesmos, e também as águas mudaram.
'a l#llawlcnia
Devir. Do latim deverá/re, "chegar': "vir de'j"dirigir se a
Para Heráclito, o ser é o múltiplo, não apenas no
sentido de que há uma multiplicidade de coisas, mas
por estar constituído de oposições internas. O que
mantém o fluxo do movimento não é o simples apa-
recer de novos seres, mas a luta dos contrários, pois
'a guerra é pai de todos, rei de todos". E da luta que
nasce a harmonia, como síntese dos contrários. O
dinamismo de todas as coisas pode ser representado
pela metáfora do fogo, expressão visível da instabi-
lidade, símbolo da eterna agitação do devir: "o fogo
eterno e vivo, que ora se acende e ora se apaga'
l
i
8
Costuma-se dividir a filosofia grega em três gran-
des momentos, tendo como referência central a
atuação de Sócrates. Distinguimos o período pré-
.socráfíco, o sogra//co (ou clássico) e o período pós-
.socráf/co (ou helenístico).
O período pré-socrático estende-se pelos séculos
Vll e VI a.C. quando os filósofos oriundos das colónias
gregas como aJânia (atual Turquia) e Magna Grécia
(sul da ltália e Sicília) iniciaram o processo de desliga-
mento entre a íilosoHia e o pensamento mítico.
Enquanto nos relatos míticos a natureza era
explicada a partir da geração dos deuses, os 6llósofo s
pré-socráticos investigavam essa origem de maneira
racional. Para eles, o princípio (a ar#/zé, em grego)
não se encontra na ordem do tempo mítico, mas
trata-se de um princípio teórico, fundamento de
todas as coisas. Relembramos que grande parte da
obra dos primeiros üllósofos foi perdida, deles nos
restando apenas fragmentos e os comentários feitos
pelos filósofos posteriores.
A filosofia pré-socrática
Costuma se dizer que Heráclito teve a intuição da
/óg/ca dia/ét/ca. que no século XIX foi elaborada por
Hegel e depois reformulada por Marx na teoria do
materialismo diabético.
» Parmênides: o ser é imóvel
Parmênides (c.540-c.470 a.C.) viveu em Eleia,
cidade do sul da Magna Grécia. Sua teoria filosó-
fica influenciou de modo decisivo o pensamento
ocidental. Criticou a filosofa heraclitiana: ao "tudo
flui" de Heráclito, contrapôs a imobilidade do ser.
.Para Parmênides, é absurdo e impensável afirmar
que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempos
 contradição opõe o princípio segundo o qual "o feri
e e o nao ser nao e
Parmênides, a partir do princípio estabelecidqã
conclui que o ser é único, imutável, infinito e imóveLã
Entretanto, não há como n egar a existência do movi-ã
mento no mundo, pois as coisas nascem e morremá
mudam de lugar e se expõem em in6lnita multiphg
cidade. Segundo Parmênides, porém, o moviment
existe apenas no mzz/zdo se/zsípe/, e a percepção
pelos sentidos é ilusória, porque baseada na opina
(dóxcz, em grego), e, por isso mesmo, não é conHiável
SÓ o mando /nZe/zkú'e/ é verdadeiro, pois está subm-
tido ao princípio que mais tarde Aristóteles chamou
de identidade e de não contradição.
'P!!p;!;wa;!l;!olpu
Outros filósofos pré-socráticos foram citados no
capítulo 3,"0 nascimento da fllosoíla", no qual tam
bém há o mapa da Grécia Antiga com a localização
da cidade de origem de cada um deles.
» Heráclito: tudo flui
Heráclito (544-484 a.C.) nasce u em Éfeso, naJânia.
Tal como seus contemporâneos, procura compre-
ender a multiplicidade do real. Ao contrário deles,
porém, não rejeita as contradições e quer apreender
Unidade 3 0 conhecimento
E;l: olnijdp) apepiaA ep e3snq y
(ç?[s[n eia ep ]]] )asl opi?e] sauaBo](] ap E? ? t?some:f
sleu.i y elosolç PP t?lio+slt4 euun ap soi:fslgai soilauulid se
epeiaplsum 'solosglç sop seuli+nop sep oç5elldwoy,.iaA
anca, 'u/aqdoiõ a '.,oç] u ]do,, 'oxgp ogaig o(] egei8oxo(]
,e:figos ap ezall:fns,, nglugls oms/qdg5
ieuegua ap oç5ualul uum '94-çuu ap 'osopdn oluJ)
open ap esn anb uigngle 'eras no 'seuisgos c?8aidwa
anb alanbe ieuluuouap lied OAjleiofad opl+uas o nli
lnbpe ouuJa+ o a:fuauuiolia+sod ,.eliopaqes ap los
sa:foid ,, 'l oy]auu no ],o]q çs,,'sgqdos ogaig o(] 'e+syoS
notHBt
-auaqn
TaA?ty{
Ol?Tuldi
op3dac
o+uauJ
-!Tdllp
'uiaJJO
IAOtU (
'laAgua
'optaal;
sop iodpi.luoo as ? uupit?sst?d sassaaa.lul forno 'oçs
-ua9st? una sa.luptoiauioo soTad ep?zTiotpA 'pT t?l
omap T?p ooTaga+ t?apT o tupieioqpTa sp+sUos SO
eotsUm B a PTuiouoi+sp ? 'pll+
-auioaS E 'uaT+gui-lTap B uapiaAloAuasap 'sooTigSplTd
sop oç5}ppi-l pu :po!-l?lpTP a poiig-lai '(saiopelolu! se
oçs IBnb BP) poli?ui?iS :sopn+sa ap olmliino uun ap
oç5pioqeTa plad 'TaAç-lou Toy ouçsua op oç5Pztleula+
STS p pipd oç5lnqtiluoo pnS opolsaH a oiauioH sel
.aod sop eArlponpa oç5Tppil ç as-opupTnouTA 'oduua-f
nas ou alaoy o+Tnui play?nHu} mplaolaxa s?+syos se
'pyosoliy pp aoppTio)STq 'casa?f aauaaM. opun$aS
V19010W113
saioTia-lsod sojosgly iod
se+!ay -- sesoTouapua] sazaA spllnm -- selougJayal
ap uigte 'sptypiSoxop spu sppTunai 'seaqo sons ap s(B
-uauiSpiJ uíplsal sou gs se-lsyos sop 'soo!+yioos-gid
se uioo naalmo ouioo ip.L soi-lno ai-lua 'souappgdlH
a ootpgld 'mpuulspiJ. t?puto a :sita ap 'st?!ddJH :('O'e:
08Ê:-98k) t?lUolS pu 'otougal ap 'spTSigD í(=)p tlt-
-ç;8t,) t?iapqy ap 'spioSy30id :uiBioy sosouiPI smu
SO saIR.rogS ap saiolnoolJa-luÇ OÇS salap sun8F
a eotssFto poodg pp a-tapd uuazpJ st?.lstyos SO
souaat?5aui03
slenb soTad 'uaodg pssap oçs su-lsyos se uigquipl
'mTIJtod a lpaou 'eT8otodoilup B pipd se-luauipuoR
-sanb se uueielTduie 'seot8gtouisoa sag-tsanb uaassR
-nosTP ppuTU pioquia 'opoJlad assap saioppsuad SO
por-lsJ.lip a p3T.IITod epm psua-luT naAtoAuasap st?ualy
p l-l?i ouiap B opupnb 'pSaiS t?in+Tno up painy pood?
pu a-luEuiaAoS 'salaligd ap OTno?s o ouioo oploaquw
uiÊ)qu?+ g Dt? A OTnogs O sala193sliy ap ai-lsau To5
a-luaulioTia-lsod anb 'o!+pTd OTndlaslp nas a salpiogS
a-tapd uuazBI opoliad assa(l seualy ap apupta E lied
spluglm sep as-noooTsap TuinITno oilua3 0 '(=)p AI
a A solno?s) oolss?lo no malga os opoliad ON
ieluauin8xe op
Balce e :selsHos SO
}as o,, it
oduia+
'las OP
opnl,, o
o+uaui
-9solU
'pTaT]]
ooll?xoouiap leap} o a eolls)Jos y <
TTL\X OTnogs op nadoina omsluluunll o t?uSlsap
anb çuiaTP oçssaadxa B opup+tuiT 'pâa.zF funil/Mnt.''
opeuluuouap aas B nosspd opuloTUT sala iod opoliad
o ')(IX oln3gs ou [aSaH Jod sopB+TtTqpai upioy se.]
sãos se anb apta(l PTouç+ioduT eiTapBpiaA ens ip-l
.essas ap eAT-le+ua-l pu e-Igual opôs ua) eol-lsHos up
hein-fp !i opor o-liam ap uiaSuuuT B 'o+uplua ON
elaolpul Ç PApoTtdp as OEU anb tpluapl3p olpJ
ap as-pAe+pl+ apepiaA eu '..iaqps op soTi?uaoiau,
ap soppuit?qo ias uuplpod Ten3oatalut lorPA iouaui
ap splsíUos sunBlp aS oloJJO nas SPTnt? spp mplzPI
'iu]osotU ap oxnt op uuaiep as pipd soo]l a]uauia]
-uafoyns ulaJas oçu iod 'a Blp?ui asspT) ç ult?!3ua-l
iad a+uawTpiaS sulstyos se 'o-lu?+ua ON 'soABlosa
sop oç5pdnao 't?louglslsqns ap oqluqPi+ op pppiaqll
eAp:lsa anb ?r 'oduia.l ap apt?pTTTqtuodslp ep 'elas no
OTog op PApzoS slod 'pn+oata+ut apepmí+u pp OTBgTU
-!ido t?t4u! elos?a30lslat? t? 'pS!-luy t?!o?iD eu :oipdai
uin lnbp aqu) ..oç3Tn.ITlsoid.. ap PApsn3p se sa.lpiagS
pnb olad OAljouu 'sulnp spTad ipiqoo uueApuu n.lsoo sp.l
sujos se 'soauçiodulalu03 smas a p olppuçasa piBd
sutapí ap oç5etn3iT3 a-luessaaut ç as-ulemap a-luaui
taAlssod 'sp.lsUos sop SBDjjslialoBipo 'sPTig+Tppiluo0
sagluldo ap OF5p+Taou E a ipsuad op olaJ:.uaxa a-]ue]
-suor O 'ip8nt uinquau uia uai?xy as umas 'a-luuiaut-lT
oulsua uun ap as-updnoo 'oSa# opunui op sa-lied se
sppol ap soPulA soSoSepad a sotqgs soppiaplsuoa
uialas ap o-lEI o g sol-yay!-luap! essod anb o zaATP.L
D;sãos ap OÇ5eu$jsap t? qos soptunai saioppsuad se
ai.lua poupa) appplsiaAlp auloua Tq 'iPSnT oitaulTid
ui:l aoaiayo sou oç5tppi} t? anb s?lsHos se aaqos epBd
-in.lap oçsü ç uipaBAat anb soar.loura se sollnul oçS
saTa+glsT [y a oç-Ibid 'sa-leiogS ap spoT+Jjo sep esnPO
iod sopra-laidialu! Frui aiduuas uieio] sp+slJos SO
op eli
Jod eF
eP og
o8oy o,
-Tqe+suT
opp+uas
0 'souç.
anb e3nl
siod 'soí
-pdp sal(
anb O s
SPUI 'SBS
ou grua(
sapTu?uaied
a o+TTo?iaH ap o+uauipsuad o ie.radns ue-lua:l
saTalglsT.ry a OE3pjd ruim a+uelpe souiaiaA
apeptTpaa
pu las apor oçu ipsuad souilnSasuoo oçu anb o a
oluauJpsuad op shot-lu?pT OBS sgu ap uioJ UJa:lstxa
anb SPSTm sp uosz/ad o a ias o ai?z/a apor.?/z/apí e ?
sapTu?uJiud ap plloa+ pp selou?nbasuoa SPP Ruía
.e as
.n119+o;s]J e n]99].
'LL oln:Fede) o a+lnsum 'iaslnb aS ouusauu is e len81 9
las opo:f 'eras no 'y = y lenb o opun8as 'apor.r;uap/
ap o/4iu/id o ? salap WO n18gl ep solda)ulid se iel
nuuioJ a nlsl:le+aw ep og5ni:fsum e ie:fuawepun+
lied sapluguuied ap selapl se uuewo+ sala+g:fsliy
opn:faiqos solosglg se o)lssçp opoliad ON
'uuelpP
o?u za.A
SOUIBtiUt
çq toJ an
a+ueTP sc
sePol 'al
li
da aristocracia rural. Nessas circunstâncias, a exi-
gência que os so6lstas satisfazem na Grécia de seu
tempo é de ordem essencialmente prática, voltada
para a vida, pois iniciavam os jovens na arte da retó
rica, instrumento indispensável para que os cida-
dãos participassem da assembleia democrática.
Por deslumbrarem seus alunos com o brilhan
cismo de sua retórica, foram duramente criticados
pelos seguidores de Sócrates, que os acusavam de
não se importarem com a verdade, pois, afeitos que
eram à arte de persuadir, reduziam seus discursos
a opiniões relativistas. Além disso, sabemos como
Sócrates e Platão não tinham simpatia pela demo-
cracia, por causa do risco da demagogia.
Os melhores deles, no entanto, buscavam aperfeiçoar
os instrumentos da razão, ou seja, a coerência e o rigor
da argumentação. Não bastava dizer o que se conside-
rava verdadeiro, era preciso demonstra-lo pelo racio-
cínio. Pode se dizer que aí se encontra o embrião (b
lógica, mais tarde desenvolvida por Aristóteles.
Protágoras, um dos mais importantes sofistas,
dizia que "o homem é a medida de todas as coisas'.
Esse fragmento -- entre os poucos conservados de
seus escritos perdidos -- pode ser entendido como a
exaltação da capacidade humana de construir a ver-
dade: o /egos não mais é divino, mas decorre do exer-
cício técnico da razão humana, a quem cabe confron-
tar as diversas concepções possíveis de verdade.
:] Sócrates e o conceito
Sócrates (c.470-399 a.C.) nada deixou escrito. Suas
ideias foram divulgadas por Xenofonte e Platão, dois
de seus discípulos. Nos diálogos de Platão, Sócrates
sempre figura como o principal interlocutor. Já o
comediógrafo Aristófanes o ridiculariza ao incluí-lo:
entre os soHlstas.
Para criticar os sofistas, Platão usava o conceito de
phórmakon, que significa ao mesmo tempo "remé
dio"e "veneno". É venenoquando os sofistas usam a
linguagem com eloquência pa ra seduzir, iludir. enga
na r. adulara assembleia sem se importar com a ver-
dade. Quando a linguagem seria "remédio"?
Se os soHlstas foram acusados pelos seus detrato
res de pronunciar discursos vazios, essa fama deve-se
ao fato de que alguns deles deram excessiva aten-
ção ao aspecto formal da exposição e da defesa das
ideias. E também porque em geral os soâlstas esta-
vam convencidos de que a persuasão é o instrumento
por excelência do cidadão na cidade democrática.
PARA SABER MAIS
Se quiser consulte o tópico "A experiência fl losóflca
no final do capítulo 1, onde já discorremos sobre o
método e o pensamento de Sócratesl
l
Sócrates costumava conversar com todos, fos-
sem velhos ou moços, nobres ou escravos. A partir
do pressuposto "só sei que nada sei", que consiste
justamente na sabedoria de reconhecer a própria
ignorância, inicia a busca do saber. Os métodos de
indagação de Sócrates provocaram os poderosos do
seu tempo, que o levaram ao tribunal sob a acusa-i
ção de não crer nos deuses da cidade e de corromper
a mocidade. Por essa razão foi condenado à morte.
Qual é, porém, o "perigo" de seu método? Ele
começa pela fase "destrutiva", a iron/a, termo que
em grego significa "perguntar, cingindo ignorar'
Diante do oponente, que se diz conhecedor de deter-
minado assunto, Sócrates afirma inicialmente nada
saber. Com hábeis perguntas, desmonta as certezas:
até que o outro reconheça a própria ignorância (ou
desista da discussão).
A segunda etapa do método, a maíéaf/ca (em
grego, "parto"), foi assim denominada em homenaá
.gem à sua mãe, que era parteira. Segundo Sócrateq
enquanto ela fazia parto de corpos, ele "dava à luz'i
ideias novas. Após destruir o saber meramente
opinativo (a dóxa), em diálogo com seu interlocutor.l
Ü
F
l
i
B
i
]
d
»Protágoras representado em mosaico da sala de leitura
principal da Biblioteca James Harmon Hoose, 2004.
Unidade 3 O conhecimento
apepioA ep e)snq y i
sa[eiogS ap oo18g]opo]aui ossaooid op oç5e] o]]dxa
t? uioo sanóp7 ogolylp op ouinsal aopaoaiplosa uin ?q lgT B gkl svulS?d seN t,661 'asuallTspiíi :olnpd
OBS 'salalglslay B sooll?loas-gid sop :penso/fop o?.íp?s?z/ ? o?inpoi?aT 'eualliBly 'lnyH) aEllnsuo3
'Jo+n30
a+uau
;znl ç E
sa+PJ3
Buaui(
wa) PJ
"0) Bl31
spzalia
pppu al
ia-lap a
.ipaouj
anb ou
aTg áop
'a+Joui
iaduaoi
OP Bobo
ap sopa
ptldold
a lslsuo:
Jlllt?d 'v
'soy 'se
t'ooz
le5uei] x eli8unH)
epgiD s eua+y ap
smlduullo so8oí
sou eWlJ8S]
Zeot;gsoltl oçssnastp e ezed openbape
oluaunpaoold uin g osso :olladsal e as-auototsod a eltUatl (q
Zse+stlos soe oçleld a saluxooS zod seliaJ se9Huo
sep OAtjeotput g sulAeled uioo iluilx8sa oppuas anb ui3 (e
:saglsanb sç epuodsax a selsllos se alqos
uiail o etalatl elnl e xmuaA elpd llqeq sleui g wanb laA ap uil;
e uieluoJ;uoo as salollsodo se puiu8sa eu anb souiaqeS oçlpld ap
'sarzbo7 o8olçtp op lelotun olunssp o ? 'sotsput8 sou uietpuazde
sogtlue so8azg se anb soba! sop um 'eunl8sa ep alce y
).#q#'
E
E
E
o aiqc
o:fxa+ wn
iezalaquua, no ,,ezailsap u]o] e)ueiq eu.lie lesn,, nç;Llu81s
anb 'ioiioLfeiAÉ?led e u.lm alloJO ouusaul O ia+ç?qap 'il+m
s[p uu?q ul e+ ng]u81s !ew]lgsa ap a+le e in]+eid 'i]uu]i8s]
a:feqap op as-eAlnbsa io+n)olialul o as opn+aiqos
'og)mos E?uun g+e p)u eAe ogu alPqap o no eil+ai as a:fuau
odo o anbiod apeplnul+um w?:f oçu sml+aiode sogolçlp
SO l..ezatiaJut,, '.,assed wl ., 'o+u e:Fiod '..o€5eBau,. e '..tuas es
-sed,, 'soiod o8ai8 op) eliode e oltadsai zlp anÕ oJl+giody/
'a oç5t?anpa iod apta:lua as anb o 'pias no 'oçssn3
-stp Pesa wapaoalup anb se:lTaouoo ap o-lTadsai t? ip8
-PpuT o? oçssmslp B pluaTloai sa-lPiagS suaAor sop
OÇ3BUJioH t?u t?uili8sa ap oulsua op PTouç:l:odui! e
aiqos iaiiooslp E sopPpmuoo oçs seTOIN a sanbel
slPiaua$ se 'io/oa o(7 no 'sanóp'7 o$oT?TP ON
e5T:tsnl Trás p5T:lsnr B anb uioo zul anb olmbe
't?fas no 'o81p ap o?zoi e le tyTuSls p pssed anb '(..pslaA
-uoo,, '..eüu]ed,, 'uanuioo uiager6utT eu) Fogo/ ouula] o
t?zITT+n sa+eaDgS a+uaiayTP opTluas saqt-opuep 'opep
-!-loo op se lt?sn no spAou spmppd iP:luaAu! esloaid
aluaospu piyosoly t? 'opoui asma(l pluasaidai B anb ps-iaATun o '..TS uua t?5!+snr,, e g anb o iaqPS ianb sa+piogS
'p5ltsnf ap sagssaadxa spsiaAR) sp spppiauunua uialas
sgdp :B3T)snr up olduuaxa o souiauio.L a-luplp }od
wlssB a apezTuaP e 'apepald B 'eTpiBAoo e 'ula8Bi03 B ?
anb o t?:lun8iad soSoTgtp se:lTnuu uia osso aod 'slpaoui
sag+sanb se e6aTmTid sa:lBiogS 'spsiaAuoa st?N
'sooT]9lode soSoT?TP soPeuipqo se
oçs :eATlluyap oçsnlouoo Pum e PApSaqo as aaduas
uuau 'lpuU ou 'anb iPiquual uioq ? a 'oç:IBID ap soSol
-?!p sou opei]snTT uiaq ?:]sa ossaooid asse un upEa
ap ..oi:luap ap,, assles oluauuloatiuoo o anb opoua
ap 'o;?aouoi op o?3?uZÉap up pimoid ç oloju! t?App
E
l
OT-JnT)u!
o 9f 'lo+
salpmg$
STOP 'oB]
sons 'o:l!
ula8uioa ap o3laouoo o
st?uu 'sosorpioo soseo ap solduiaxa OBS oçu panooid
saleaogS anb o 'uiyuX saQXTPd st?p sostnduiT soe
uua:lsTsai anb sop a Bo!-IJlod pp soSTaad se no p5uaop
p uue-luaijua anb sop 'soiTaquTipui sop uiaSeioo e
ouuoo 'paianS ap se-le se uJPssPdei:lln anb uiaSt3ioo
ap soda-l soi-lno e-l!) sosoípa03 las ap uiumap osso
iod ulau spul 'esoje-lupAsap OB31sod pum B oSluiluT
o ip5ioJ a iunoal uia alslsuoD pol-l?.l urna soilaiiang
ap soTduuaxa FP sa:lpi3gS ..osoreloo uuauuoq o ? eql
e.leq ap oduJm ou aSoy OEU a oSluulu! o eluaijua anb
alanbH, :iapuodsaa lloEy PqoB sanb?l ..ZuiaSBioo e
? anb o., :eSepu! a s?lap puas aqloosa sa-lpiogS 'sap
n3im sp ailua(l apn-fila ? anb o aiqos 'PplnSas uia
app
-U0#U03
-taxa op
,JaA B Jtr
B 0tU09 (
ap sopé/
SBST00 S
'se:lstyos
'S8
PP OÇuqt
-oloul olc
-apTsuoo
ioSu o a l
ipo3layia
li
Platão: o mundo das ideias A alegoria da caverna representa as etapas da
educação de um filósofo, ao sair do mundo das
sombras (das aparências) para alcançar o conheci-
mento verdadeiro. Após essa experiência, ele deve
voltar à caverna para orientar os demais e assumir
o governo da cidade. Por isso a análise da alegoria
pode ser feita pelo menos sob dois pontos de vista:
opo/#/co: com o retorno do filósofo-político que
conhece a arte de governar;
e o ep/sfemoZ(5gico: quando o filósofo volta
,para despertar nos outros o conhecimento
verdadeiro.
Para melhor sintetizar a teoria do conhecimento
de Platão, recorremos ao livro Vll de .4 /?epúb/;ca, em
que é relatada a famosa "alegoria da caverna":: pessoas
estão acorrentadas desde a infância em uma caverna,
de tal modo que enxergam apenas a parede ao fundo,
na qual são projetadas sombras, que eles pensam ser
a realidade. Trata-se porém da sombra de marione-
tes, empunhadas por pessoas atrás de um muro, que
também esconde uma fogueira. Se um dos indivíduos
conseguisse se soltar das correntes para contemplar
à luz do dia os rerdczde/ros o@efos, ao regressar à
caverna seus antigos companheiros o tomariam por
louco e não acreditariam em suas palawas. Í+!!a !!Bla;!!;!alar
A valorizacão da filosofia como conhecimento
superior leva Platào à idealização do re/:P/óso$o
para o Estado ser bem governado, é preciso que
'os filósofos se tornem reis, ou que os reis se tor-
nem filósofos". Consulte o capítulo 23, "A política
normativa
Platão (428 347 a.C.) era na ver-
dade o apelido de Arístocles de
Atenas (talvez porque tivesse
ombros largos ou o corpo meio
quadrado-.l, nascido de famí-
lia aristocrática. Após a conde
nação de Sócrates, seu mestre.
viajou por vários lugares, tentou P/anão. de Rafael
em vão interferir no governo de Sanzio,l5o6 l5lo.
Síracusa(Sicíliajeporflm retor- ''
nou a Arenas. onde fundou a escola denominada
Academia. Seus diálogos -- em que a maioria traz
Sócrates como interlocutor principal -- abrangem
as várias áreas da íllosofla nascente, e por isso é o
primeiro fl lósofo sistemático do pensamento ociden-
tal. Sua influência foi sentida no helenismo Ineopla-
tonismol e adaptada à doutrina cristã inicialmente
por Agostinho de Hipona 1354-43o). Até hoje vigora m
muitas de suas ideias sobre a relação corpo-alma, a
política aristocrática e a crença na superioridade do
espírito em detrimento dos sentidos.
!
P
E!
Platão distingue dois tipos de conhecimento: o
sensível e o inteligível, que se subdividem em outros
graus.
Observando a ilustração da caverna, identi6lca-
mos quatro formas da realidade:
as sombras: a aparência sensível das coisas;
as marionetes: a representação de animais, plan-
tas etc., ou seja, das próprias coisas sensíveis;
. o exterior da caverna: a realidade das ideias;
. o Sol: a suprema ideia do bem.
O muro representa a separação de dois tipos de
conhecimento: o sensível (que corresponde às duas
primeiras formas de realidade) e o inteligível (às
duas últimas).
&
P
11 u stracã o
rep resenta ndo
a alegoria da
caverna . de
Platã o, 2001
©
P
Ver a Leitura complementar, no final do capítulo.
Unidade 3 O conhecimento
el olnildp) apepiaA ep e)snq y
soidnuiid a
sepupssa sep og31n+ul ep 'olelpauul o+uauupat4um
op e+]nsai anb ]enpa]a]u] apep]A] E? E? ] slsagly
sede+a iod 'eras no 'og5n pap
no/a o€5npu] iod Piada anb o]uJ)o])ei o ] o/oup/G
loiAll op leug ou 'oliçlnqno/\
o laA) OJosgjç o auiio]um t?]leA 'egoso]g ul ] o8o
g[p 'ogssms]p ? 'uu n uim op]]uas ON n]+g]e](] /
a+sixa gs souauiguay sop opunui o 'apepaaA e3tuti B
o?s suTapT sp ouao=) sopé:luas sop soupSua sop oçã
-pindap t?lad a oç5elduua+uoo plad souulBui.tp anb
'slaA?:lnuil selou?ssa sp 'slpiaS selap! se ?q 'TaAJsuas
opunui otigsnlt op puuTop 'anb oç:lua souiaqaoaac[
'ol3eTd ap
sna(l o :ezalatl puiaidnS p uigquiu-l g ouaadns uatl
o :l uua8 op uapdTOT:lied o:luenbua oçuas uia+slxa
oç.u leias uia salas SO loS op eaoy?-lauu ç apuod
sáaioa 'ptioSalB pu -- SBpol ap leias STeua B a o?3
-!aliad uia ulTP STpua 2 'uiatl op PTapT p ?lsa spTap
odor ou a 'sppezTnbaeaalq o?s sl?aaS spTap! sy
slaA?-lnua! a spun splapT sç STaAg+nua a setdl-ITgui
spsloa sep as-ipAala puulp p yiPI anb 'aluapuaase
e3T-lgleTP plad opt?5ueole g taAISTta+uT opunuu O
'apepTTuai pilapepaaA B 'taA?-l
-nula 'eun aas aAap aq7aqp ap o?ap.? 22 'sodTI sopuTieA
STeuü sop spqTaqp spiauaguT uaPlstxa anb ouJsaui 'old
ulaxa iod opunuu oilapppiaA op Biquuos Band 'ou
-gsnl! g :oluaumouu op 'apupTorTdlllnuu ep Pool o
? 'sopé:luas sotad opTqaoiad 'TaAJsuas opunui O
sprapT spp o '7aa ãz/a u7 opz/nm op 'sou
-auiguaJ sop o '/a'ysz/as opunm o an8ul:lsTP olleld
'spzap? spp pzioa/ pu :saaoTaadns soe oluauuloaquoa
op saaoTaayul sneaS sop uiaSEssed B e:luasaidai TOS
op oBsTA e pipd SBaquuos sep iTPS o:luauToaquoa
op sopas sop B l-lgTelPe iodxa oç-IBID lied aseq ap
aulas anb piojy+aui e g pulaAeo ep elaoSaTP y
eolugleld eopglelp y q
'ipiquual g iaoaquoo
'spaApled sei:lno uüH SEploauiiopP se5uBiqtuaT sp
quite uu i ]iadsap eipd o?/saio seuadu oçs sopT+
uas se ouuoa PolTdxa OBjejd 'o?ou?os?u?mai PP o?i
oa/ PTad ..ewp ep OTnuO+,, o opuaapTsuoo 'odiou op
oiTauols[id leulo] as ou pppiSap as opupnb aoanbsa
opn] seus 'splapT st?p opunu o opt?tduialuoo eTia+ çr
o+Taldsa Dana o anb agdns oçleld Zseligsnl! selou?i
.ede sup opunuu o aesspdBilTn TaAJssod ? ouioD SÇ)
spnl
ap s
el0u90sluluax eP el:oall < l
F
k
}
F
b
F
k
E
F
l
E
IS uua oleAEn ap E?lapa,. ep edl)l:Lied o+uenbua
oleAn g gs oleAn uun oç+eld lied 'sa+uaiallp suagelad
a a+iod uum 'oleAn ap serei ap apepalieA ep iesady
ís
-ueTC
?s
F
b
F
F
soi3n
o :o+t
Paul)alalul OB51nlul
m1+9soll+
oluauu paq u m
b
t
!
>
anb
:oÚo
olu;tolouPIP)
mll?lodly oluJ)ol)eJ
mliçuia+euu
la ?JS/da) e!)u9!)
!
f
Jouu}3}1opial4 l aap on
souauüguay sop opunu o a 'oap;z/amiodias op aiayai
as SPtap! spp opunuu o :puualqoid o aAlosai o!:Ibid
laAgu! ç) las o uüanb eaEd 'saplu?uuipd ap o a 'las
op telouassa apPpltTqplnuu e uuuatye anb 'o-lllo?iaH
ap o3uampsuad o allua OB5lsodo B ipiadns ?lno
oid OF-jBtcl anb ie-l -lsuoa souiapod 'smT+Fmos-
-gad sop o+!adsai B o-llp Toy anb o souiieiquial aS
sala+g+sliy aod
pppollTio aluaun?inp apiu+slpuu 'opóPdz z7iPdPP o?i
oa/ ep as-e-lui.L pldgi no Piquuos spuadt? g IBnb op
seTap! SPP opunui op udlo!+aed anb wa Pptpau pu
oluauu pata u m
o+uam
e-roA
Is/lyd) p)uan
:slaAJsuas sapeplleai
\
J
anb ool
loxgP) ogluldo
toJsmlla )
laAJsuas op sua8euul
:P3sl.4 a
plioSall
Jiuinssi
aAap at
'!3atiuo
st?P OPI
eP seda
n!}91elP ogsumse V
Hadem -- que entre os romanos se chamava
Plutão -- designa ao mesmo tempo o deus e
o mundo dos mortos. também conhecido por
Infernos (ou "mundo inferior". por isso não
se confunde com o inferno cristão) e para
lá iam as almas após a morte. Era o mundo
escuro das trevas, temido por todos. Hadem
fazia-se acompanhar por Cérbero, um cão de
várias cabeças e cauda em forma de serpente.
Guardião dos Infernos. acolhia com grande
gentileza a entrada dos mortos. mas impedia
com ferocidade a sua saída.
Escultu ra do século IV representando
glutão IHadesl e o cão Cérbero
Assim explica Platão no diálogo JMê/zo/z
A alma é, pois, imortall renasceu repetidas vezes na
existência e contemplou todas as coisas existentes
tanto na Terra como no Hadem e por isso não há nada
que ela não conheçam Não é de espantar que ela seja
capaz de evocar ã memória a lembrança de objetos
que viu anteriormente, e que se relacionam tanto
com a virtude como com as outras coisas existentes.
Toda a natureza, com efeito, é uma só, é um todo
orgânico, e o espírito já viu todas as coisas; logo, nada
impede que ao nos lembrarmos de uma coisa o
que nós, homens, chamamos de 'saber' todas as
outras coisas acorram imediata e maquinalmente à
nossa consciência. ]...] Pois sempre, toda investigação
e ciência são apenas simples recordação.
Podemos não concordar na íntegra com a teoria da
reminiscência de Platão, mas pergu ntamos se não
a aceitaríamos em parte sob o seguinte aspecto:
quando nos defrontamos com algo novo, seja um
texto, uma imagem, um relato, só o compreen
deremos melhor se já tivermos um "pré-conhe
cimento" do assunto. Por exemplo, uma pessoa
não conseguirá entender um texto extraído de um
tratado avançado de física caso nunca tenha estu-
dado essa ciência antes. Você saberia dar outros
exemplos?
a
Desde o momento em que a razão se separou do
pensamento mítico, os Hllósofos gregos criaram con-
ceitos para instrumentalizá-la no esforço de com-
preensão do real. Entre as diversas contribuições
destaca-se a de Aristóteles, pela elaboração dos
princípios da lógica e dos conceitos que explicassem
o ser em gera/, área da HilosoHla que hoje reconhece-
mos como mez(!#síca. Embora sempre façamos refe-
rência à metafísica de Aristóteles, ele próprio usava
a denominação./i/os(@a prime/ríz.
Aristóteles: a metafísica
A fala transcrita no texto é de Sócrates, que con-
versa com Mênon. Para ilustrar a teoria da reminis-
cência, chama um escravo e Ihe pede que examine
umas figuras sensíveis e, por meio de perguntas, o
estimula a "lembrar-se" das ideias e a descobrir uma
PLATÃO. j14ã/zo/z. 8] d
Unidade 3 0 conhecimento
et olnildp) apepiaA ep eisnq y
oçluldo ep soueSua se iPaadrls laAJssod g lpnb op
;otan iod 'spsnpo st?Tad o-luaunoaquoi 'oiTapBpiaA
::o-luauiloaqu09 0uloo plouglo e auUap salalglsTiy
segURo selos o)uauilootluoo O q
llod 'nlsJJe:faw 'nlggl ap seaiç seu opn:faiqos 'ep
unia:fai owm arot4 ?+e nauewiad 'euiapoW apepl
pp il+ied e sppliJos snllln sep iesady seso1811ai
sasa} sç ope+depe 'io81A u]o] n18inssai o+uaules
uad nas 'e]paW apep] ep sopeaui w] (..ieu4uluut?)..
'o?+od a '..ap elloA ç,, '.riam ogai8 opl m/+?+odríad
owm epeuglsap g sazaA sç nll?:fo:fslie egosolB e
osso iod 'na3]] op uu]piero]ad weAeu4u]uum so]ndJ)
s[p se a saia:fg:fs]iy 'sun81e opungaS op!] o]ody ap
olduua:f op OL4ujzjA ias iod opeuieL4) LUJSSe ")'p olzÍ;
ula 'na)]] o nopunJ 'seua+y e e:f]oA a(] elugpmeW
ep 'apueiD o 'aipuexaly elieuio+ as anb soue EL ap
waAof op io:fdmaid loJ a saie8nl sosiaAlp iod nor
elA ')e Ztg una 'ogleld ap allouu E? sgdy ,.apepiaA
OLSL 9OSL epo81uueslew seuu'oçleld ap
'olzueS lae+ed ogluup noS,, :nmyl+snr apie+
ap 'sa/a+g+s/iy' sleuu anb snl+ln iod epeaui
ailua lo:f al+sauu oe apepll
apg y og+eld ap eluuapEoy
e no:fuanbaiJ sala:fg:fsliy
'soue ZL se apsap 'seua+y ul]
o?/,l/õo+sa ap oç5c?u81sap e
aqnai 'sazaA sç 'osso iod
P[ugpnc?W eu 'ei18e:fs] uua nn
seuoe zzç;-t'8€) sala+g+sliy
'q
a:
sol
sa(
UI
uc
OP
sapPpaTidoid Sons a las o aiqos it+aHai op 'so+!aa
-uoo cassa lpuluipxa t?olsHp+aui ç aqt?a 'o-lup+ua ON o-la
apeplpai 'apppHqlssod 'appplssa9au 'apepíun 'oB3Tay
-iad 'anual 'opo-l 'ato?dsa 'oiau?8 'p5uaialrp 'oE5tsodo
'apt?pT-luapr oui03 'aTa B a+uauit?laia) sopé?STT solTmuoa
sosiaAlp B a las oe aluauipnu!+um as-uiaiayai selou?ta
sp sapo-l 'pias nO uiapuadap smnb sop soTdlouud se
a uueSllsaAu! sela anb o.tajqo o 'uinuíoo o:luauiepun} o
optou?TO spl+no st? sepo+ B mauaoy anb eoTSHu+aui E S
sair?tno!-lied sag5euluuialap Sons
ap a-luauia-luapuadapul las o 'g o+sT '..las o3upnbua
ias o,, ppn-lsa as lenb eu 'eUosollJ t?p ieapnu a.liedep
as-p.lpiJ. sopTluas sop saque-lslp slpul sp 'o-tuu+lod 'a
'sTusaaATun STpui spsnea sp t?3snq anb B spui '-- TaAls
uas oluauiloaquoo op souiT3ipd anb ?l ia3aqu03
op uuapao pu piTauiTad ? oçu pnauaTJd eyosoly y
lnai nsloo p ollaouoo op ol?5unbapn
eu alsTsuoo ala p.ipd anb 'appplaA ç iuSaq) apta-raid
saia-]g]sliy 'o+uamToaquoo op PTioa] pns PTad
o-lla3u03 0 alpalsqp uapd oquTun?o oiTapep
-laA 'oç5n pap elad slodap '-- pstoaidun anbiod 'Blid
-giduaT oç3BI.lsqe euln ezTia-l) i a oç5pzTTpiaua8
ap ossmoid uu n g anb -- oç5nput PTad a-luauTeíolui
'slpsiaAlun sollaouoo se pioqpTa 'saipTno!-lapd sps
-TOD snp slaAJsuas suaSeuil SPP optar-lit?d 'ol3ala.lut
o Tpnb ptad 'oç5t?i-lsqP PTad uppolTdxa g SBlap! sup
UJaStio B 'aTa piBd 'mlugleld falou?9sluTuai pp t?u
-oa-l t? B t-llm saTalg-lsriy 'olDadsp asma qos :o+uaw
-!oaliuoo op a-luoy pitautid p oçs sopé-luas SO
Ol+no op uin uiapuadap sala ouüoa ini.lsuouuap a pu
-olopl op TaAJsuas oluauiloaquoo o irnSut+stp pat3d soa
-!sHP.lau] solla3uoo se psn ui?qmp.L 'o(hm uun ap oe5
-layiad t? 'o+p o 'Buuoy t? ouuoo t?uu p t? auyap sala:lg+sW
'(Buiioy) quite a (euç).lpu.i) odiou aalua oç5pTai B apoltdxa
op 'puulllç p lsaN pzz//p o aipos a po?s@a?aly seiqo spu
e+sodxa g 311?-1o-lslie o:luauuraaqu03 0p PTioal y
!
8'
0
>
0
$
0
()
)>Z
0
0=>
S
U
e
L
U
:0
0
!
F
F
E
É
E
[
E
!
k
}
E
E
E
E
}
l
l
ç) anb o las ap at3xlap uvas 'olu no ia-l
apor t?!ouçlsqns p anb olnqlilp o g aluaplap o '
a anb o ellas oeu
eTouçlsqns B 'asse?-IREI aqT as 'anb opoui IPI ap PT3
u?+sqns ç wgAu09 anb o+nqTa+p o ? elas?ssa p .
sípluapíou no slplouassa
las uaapod so]nqTi]B sass] solnqli:lP sop aliodns
o '..oulsauu TS uia ? anb OTTnbp,, ? el3uylsqns y
PTauçlsqns pum ç)
algwa anb aaç; eppo :p70z/??sons ap o+laouoo ou TaAIS
çla3u! o a TaAJsuas opunu o nTunai 'oçlpTc[ ap selapT
spp uíioa] t? ip-tTafaa t?apd 'anbiod ..plla] y n?o op
splap} su zpi.l,, salalglsliy anb iazlp as-pulnlso)
aluap!)o a opugssa :Dpu gisqnS
s?saPO oi+enb
st?p elioa-l B iapuaaiduuoD t?ipd uaaAlas 'zaA t?ns
aod 'se.ltaiuoo sais:l play).luuu-PuiioJ !p!)uç?lod-
o.lt? :a-luapl3e-el3u?ssa-píouçlsqns :ojosgttJ OTad
seppzITea.r slp+uauippunJ sag5ullstp s?l-l laAalo
sap souipA 'post?+o+sTip UTioa} B iapualua ei?d
TaAISTTa-luT opunuü a laAJsuas opunuu ai-lua
ol5Tsodo B aiqos TpolPpa oç5e+aidia+uT tens a OBjpjd
ap spTapT sep 13láoal B psnoal 'olup-l lied o+uaui
}Aoui op 'p5uepntu ep Bzalnluu E iapuaaaduíoo a
oluauiloaquoo OP el:ool V q
laAJsuas opunw op o:fuawj)aL4 um OE? seAl+elai
saQ+sanb sep wgle og+sa anb 'e)lslJ e wapumsuei+
an b seca:f ap i falei:f iod '..wgl e,, owm oplpua:fua lo;f
'lc?l)edsa a+uaweind '..slodap., asma 'a:fuawiolia+sod
,nlsl:f ep slodap,, 'eras no 'oi/sÚo+am :mlslJ ap s eiqo
se sêde oi/am/}doÚoso/l/' e no)olm 'sala:fg:fsliy
ap seiqo se inglssep oe 'sapos ap mluoipuy
opuenb ')e l oln)?s ou nlgins m/sláo+aw owia:f 0
Haripe:l:i:uí:ü'l:raE IÜ
li
Por exemplo: a substância individual "esta pes
soa" tem como características essenciais os atri-
butos da humanidade (Aristóteles diria que a
racionalidade é a essência do ser humano). Os aci-
dentais são, entre outros, ser gordo, velho ou belo,
atributos que não mudam o ser humano na sua
essencia.
Matéria e forma
Além dos conceitos de essência e acidente,
Aristóteles recorre às noções de n'zafér;a e ./brmcz.
Todo ser é constituído de matéria e forma, princí-
pios indissociáveis.
blatéria é o princípio indeterminado de que
o mundo físico é composto, é "aquilo de que é
feito algo". Trata-se da matéria indeterminada.
Quando nos reíêrimos à matéria concreta, tra-
ta .cn H n mnf/r;n epal/,7 Hn
Forma é "aquilo que faz com que uma coisa
seja o que é". Nesse sentido, a forma é geral (o
que íaz com que todo animal ou vegetal sejam
o que sãos.
!
PARA SABER MAIS
A semente, q ua ndo
enterrada, tende a
desenvolver se
e a tra nsforma r se
na arvore que e em
potência. Porta nto,
todo ser tende a
tornar atual a forma
que tem em
si como potência
A forma é o princípio inteligível, a essência
comum aos indivíduos da mesma espécie pela qual
todos são o que são, enquanto a matéria é pu ra pas-
sividade e contém a forma empofê/zc;íz.
O movimento (devir) é explicado por meio
das noções de substância e acidente, de matéria
e forma. Para Aristóteles, todo ser tende a tornar
atual a forma que tem em si como potência. Por
exemplo, a semente, quando enterrada, tende a se
desenvolver e a se transformar no carvalho que é
em potência.
Ao afirmar que todo ser tem em potência a sua
essência, Aristóteles desenvolve a teoria essenc/a-
//sta, que perdurou até a época contemporânea
filósofos como Ma rx, Níetzsche e Sa rtre a critica ram
quando aplicada para compreender o ser humano
Para Marx, não há essência humana, porque o ser
humano se produz pelo trabalho, conforme seu
contexto histórico-social. Nietzsche recusou todos
os modelos metafísicos para o mundo e para nós
mesmos. Para Sartre, apenas as coisas e os animais
são"em si",enquanto o ser humano é"para-si", por
estaraberto à possibilidade de construirele próprio
sua existência
Potência e ato
Ao explicitar os conceitos de matéria e íbrma, é
necessário recorrer aos de pofé/zc/cz e afo, que expli-
cam como dois seres diferentes podem entrar em
relação, aquando um sobre o outro. Então:
. A potência é a capacidade de tornar-se alguma
coisa, é aquilo que uma coisa poderá vir a ser.
Para se atualizar, todo ser precisa sofrer a ação
de outro já em ato.
O ato é a essência (a forma) da coisa tal como
e aqui e agora.
Recapitulando os conceitos aristotélicos: todo ser
é uma substância constituída de matéria e forma; a
matéria é potência, o que tende a ser; a forma é o
ato. O movimento é, portanto, a forma atualizando
a matéria, é a passagem da potência ao ato, do pos-
sível ao real.
O conceito aristotélico de potênc/a não deve ser
confundido com força: trata-se de uma potenc/a/i-
dade, a ausência de perfeição em um ser que pode
vir a possuir essa perfeição. Nesse sentido, até hoje
costumamos nos referiràs potencialidades de cada
um de nós. Seguindo o critério aristotélico, refeita:
quais são suas potencialidades essenciais? E as
acidentais?
Não se trata de uma atualização de uma vez por
todas, porque cada ser continua em movimento,
recebendo novas formas: os seres vivos nascem
e morrem, o feto se transforma em criança e, na
sequência, em adolescente, jovem, idoso e assim
por diante.
Unidade 3 0 conhecimento
.d
6S13'=nu ]l!!l!:!!! apepaaA ep üsnq y
o?3eld smb ouoo 'star?-l
nun selou?ssa spp opunu o aeTio uiau (saplu?uipd
ouüoo) ]as op apt?pTtlqouaT B ipoUI.lsnr osToaid g
OBU 'oss! uuoD 'lpnpulput estai upBO B sopeallde
OES so+Taouoo souisau sassa 'sTesaaATun so3Taouoa
uü09 ZPI as oluauuToaquoo o as 'sala-lg-tsi:rV eapd
oçlEld ap seTap} st?p t?!ioal B no-tlajai 'a:luaupn$1
laAlsuas opunuu ot? o.luauimoui o opulzn pai 'laAgulT g
[as o anb opBuaíUP ia-] iod 'sapTu?unpd eoT]Tio opouí
oulsaui o(l 'oduua-l ouisauü o? las o?u a las apod oçu
las uln anb 'oç51pBi-]uoo ap OTd]ouTad otad ']] aoauBuu
.iad anb opte a ppnuu a nb oSp ?q oç5euiaoysut?i} t?po}
uJa anb t?ilsuouiap saTalg-lsTay 'o+uauimou a+uB+suoa
uia PAe]sa opn] [enb o opurüas 'o.]]]o?iaH ei-]uo3
oç.Ibid a sapTu?uuat?d 'o-lTlo?aaH opn-laJqos 'uieaap
aoa-lup o anb soyosglU se n03T:lTao 'soolsHP-lauu saltão
uoo se a sooT8gT soFd;aulid cassa uio:y(..eoTtglo:lslip
n)TSgl,, 'l l otnlldm aaA) leuaoy poTSgl up soldloulid
se naoataqe+sa salalg+sTay 'poTSHelauu pp uagW
'ouça-la g sala:lglslW piBd aé:
'o:]uauiTAou o uieaT]dxa anb spsnuo sp OBS st?ss]
'(3-la psot8ltai oç5oAap e 'eu
g18 B 'ezataq B :en2?lsa e iazpy ap apBplputy p)
pllay g psloo B /pnó o pipdolTnbe g 7auZ/'psntlo e .
:(aiTnbpe en+?lsa B anb euiioy e)
ias o apz/a7 psToo B anb OTTnbB g /omiofesnBO B .
:(Blapoui B anb lolln3sa o) o?z/a ? to
op oslnduiT ?p anb elanbp g a/ua?o@a Psn?o p .
i(alouüJ'euü o)
p3Tay g psTm B anõ ap olTnbp g 7p?ia/p esneo e.
:pn-l?-lsa euinu 'olduiaxa iod
'etP9W aPeeI
ep sop+suo solosgtlJ solar ollala p pppAat
salalglslxy ap einllalal B uieatput soluz
se a uniel o plpd oç5nppll y (sesnea
selar oluauiloatiuoo) oillu6oo mn/DsnDD
:eo lg olslle Ptougla ep aseq B ulPlquial
anb splatnqel uie8aizeo solup 'ellosoltJ
ep oçqlepaui op open oy (80ST) otzueS
laeletl ap 03sal;p 'p!/osoilJ ap aqle+aQ
saxossooa)ue soe solo)glslxy op eo )}x)
g anb ..oç5Tayaad, ouioo 'Tpi:lp opn-l ala 'oç5ea:lt? iod
aAoui sna(l :lpuU psnea ouoo uiTS spu 'a+ualoya psnpo
ouço ao:loura oiTauiud o g o?u sna(l anbiod ZlaAgui!
opuas 'laAouu apod sna(l ouloo 'olHE-lua ON a.lua.l
slxa opor ap uiTaulrid BsnB=) 'oTl?ssaoaN aaS 'oinc[
o:ly ? sna(l 'sala:lglsTW opurüaS '(etoug+od euinquau
umas) olp oind uan uigquip:l g (Ol+no uinquau iod
opuoul las o?u aod) TaAguil Jo:loW oiTauaTid asse
pso1811ai ogu a mggsolg ? nll?+
o+slie P18oloa+ e osso iod ,.o+uauuesuad ap o+uauu
esuad,, g 'ouusaw is e esuad anb 'o+uawesuad oind
? a]] a+uauilenplAlpul salas se ewe ulau nat4um
oçu sna(] 'sa]a:fg]s]iy opun8aS iope]i) ? oçu sna(]
olue+iod 'euia+a g t?li? euu ç? 'so81:fue so8ai8 se lied
(alua8u13uoo OFU a) olaçssaoau
las uin 'ppesnpouT zaA ?ns aod 'esnpo eaTauiTid euln
}!:lTuipe osloaad ? 'st?snuo ap PTau?nuas eu o-lTuyu!
op il o?u eaPd 'aluBlp iod uiTssp a 'a-tuaSuT:luso g
uJ?quis:l anb 'las Olmo iod opTznpoid loy aluaSu!.l
uoo las opo:l 'Trás nO suta t? saioTia+xa susnpo iod
st3plznpoad oçs anb ilnTouoo osToaid ? '-- eTau?.l
.sua pns ap o?zt?l p spuusauu !s uia u93 oçu STod
-- sa?z/a8z/z7z/oi oçs sesloa se as 'anbiod sna(l 'Eras
no 'oll?ssaoau a ioTiadns aas uun ap PT)uglsTxa ep
o:luauiloaquoaai OB epal spsToo sp ai-lua sag5elaa spp
OE5liosap y PTSoToa+ puinu 'oumlp ou pooquiasap
eoTTg-lo:lsue etyosoTiy ep eoTiga-l pin-lni-lsa B epo.L
'leuty a a)ualaya
'puiioy 'lplaa-lBuu :osnoi pipd sopé-luas oi-lpnb ?H
eTidgid g aqT atü
BuuioJ t3 iBz]]t?aa ap uia) ias opo:] anb elougpua]
t?u a:lsTsuo) ilAap O ..Ol+no iod opTAoui aluau
-eTiessaoau g aAoui as anb o opn+,, :sala+93suy
ui03 0piooe ap apor//22snoo ap o?<zou?id o oiela
slpua WEuio-l saiolia-luP sag5eiapTsuoo sy
sosno] oilonb sop olioa} ylaAguil lo)OW o4aulxd :snaQ <
'P ! !a ;!;vla ;!l;!a !pu impregnação religiosa nos princípios morais,
tacos e jurídicos da sociedade medieval.
Como não poderia deixar de ser, a grande
tão discutida pelos intelectuais da Idade Mi
a relação entre razão e fé, entre 6llosoHla e te-
Destacaremos aqui duas tendências Htlosófii
patrística e a escolástica.
No período posterior à fllosoíla clássica teve início
o helenismo, marcado pela influência oriental. As
principais expressõesfl losóficas fora m o estoicismo,
o epicurismo e o ceticismo.Trata remos dos dois prk
meiros no capítulo 20, "Teorias éticas". Quanto ao
ceticismo, sugerimos consultar o capítulo g,"0 que
podemos conhecer?'
b Paüística
8
A Idade Média compreende mil anos de história
(do séc. V ao XV). Após a queda do Império Romano,
armaram-se os novos reinos bárbaros. Lentamente
bi introduzida a ordem feudal, de natureza aristo
crática, em cujo topo da pirâmide encontravam-se
os nobres e o clero.
A Igreja Católica consolidou-se como força espi-
ritual e política. A influência religiosa deveu-se a
diversos motivos. A Igreja representava um ele-
mento agregador, numa época em que a Europa
estava bastante fragmentada. Do ponto de vista
cultural, atuou de man eira decisiva, pois a herança
Breca-latina foi preservada nos mosteiros. Em
um mundo em que nem os nobres sabiam ler, os
monges eram os únicos letrados, o que justinlca a
A filosofia medieval: razão e fé A pafrúfíca é a filosofia dos chamados P;
da Igreja, que teve início no período de de
cia do Império Romano, quando o cristianist
expandia, a partir do século ll -- portanto,
na Antiguidade. No esforço de converter os pj
combater as heresias e justinlcar a íé, aqueles rel
sos escreveram obras de apologética, para jusl
o pensamento cristão.
/ Pagão. Aquele que não foi batizado. No contexto, os
religiosos chamavam pagãos os filósofos gregos, por
terem vivido antes do cristianismo.
Heresia. Doutrina que se opõe aos dogmas da Igreja.
Apologética. A apo/ogia é um "discu rso pa ra justificar;
defender ou louvar". A apologética tin ha por objetivo jus-
tificar racionalmente a fé cristã e defendê-la das heresias.
6
Os monges copistas cumpriram uma função
importante na Idade Média ao reproduzir ou
traduzir as obras clássicas. Os manuscritos, em
letra gótica. eram amados com iluminuras --
ilustrações com figuras e arabescos. Cada capítulo
geralmente começava com uma capitular -- a
primeira letra -- em tamanho maior e ricamente
trabalhada. Tratava-se de uma arte e, como tal.
exigia habilidade e talento.
Pense nas bibliotecas medievais. situadas em
abadias e conventos, e no tempo exigido para a
produção dos manuscritos. Ç)uem decidia o que
precisaria ser copiado? Ç)ue pessoas tinham o
acesso às obras? O que significou. no
século XVI. a invenção dos tipos móveis por
Gutenberg. permitindo a divulgação mais rápida
de livros pela imprensa?
O que mudou nos tempos atuais. com a
infomtação circulando pelas infovias da intemetv
Pesquise sobre a proporção de pessoas quem têm
acesso à internet atualmente. Ç)uais as consequências
da exclusão digital. num mundo em que a
infomtação está cada vez mais digitalizada?
!
Z
=
luminura medieval, l3oo-l3lo.
Unidade 3 O conhecimento
Et olnilde) opepiaA ep e)snq y
0L6t ap eppDgp eu seuade
'oçsupdxa ens gle 'sounle ap olulsal
oxaumu uin e uietpuale uienngas
as anb se a falsa 'unsse epuny (dSn)
olned oçS ap apeptslaAtuQ e 't€6t
ap elpp apeptslaAtun enaunid e
spui '(PL8t uia 'lun ewtlua8ua
IZ.281 uia 'soolpunl :808t uia
sooúmn3-00tp?ui) XIX oIRo?s
ou sope+ueldun uieíoJ salouadns
sosma ']]sel8 ON sop\uQ sopets]
sou '618t ua 'enaunJd e :XIX oln3gs
ou seuade uien&ns sapBptslaAlun
se 'oç5eztuoloo aP opolzad
o8uol oe OPuaP 'eou9uiV eN
llX olnogs op eles anb 'Pnale18ul
eu 'pzolxO ap appptslaAtuQ ep
otpgid o oulm 'aloq ?lp uialslxa
eoodg planbep sag5nxtsuoo setinyl
eDtlçuia+eui 'eluiouoilse 'eolsll
'ollaztp 'pulolpaw 'el;osollJ 'e}8oloal
eAepnlsa as stpnb seu 'edoln3 eu
l sapeptszaAtun 08 ap sleui sepppunJ
l uelol MX oe X oln3gs OQ
'çs .d 1861 'assnoae'l ;slit3d 'açsnoip'7 arzb?io7s?z/ st?/Jy :aluo=l
09€ 1. a OZZ 1. oiluo sepelio sepeplsioAluR
0ZZ 1. ap saque sepelio sapeplsiaAluR
t
H
q
4
ouloleS n
sqodÇN:H
.plsDiad B bb.. P ePIJ91 H
':ãilgZ.-$1:,i .. «"'p,..-
equolo8 H H cn66etJ !t$ H iallledluoH
",«'« -T T
H OÇt4ulAV
llloola/\ n
enpçd l olqouoJ9
ezuool/\
eoueuueles H
PlloPelle/\ H
elou91ed a
H asnolnol
H Shot.le0
elquulo0
.i
{
l
+
+
sue91J0 a
SIUvd a
vdoun3
B SJa6uV 0 )lINVllV
)NV330V9VUd a
í' ,çgu p-q'!o
o6pliquieo'ü:l: &.
.#----'-!--?%éw l
.9
!
\
Z
€ 8&UhlX ')gs :oe lllX ')gs)
seladoina sapeplsaaAluR
oulnby ap
s?uio.L TOJ n)!lsçTODsa t?p alut?luasaidaa tedlouTad
O ..plgoloal pp Baías,, ouioo pnu!.luoo Dizei B anb
uia 'gJ a oçzBI ai:lua u5uBlle B nTlstsiad 'opolaad
assai !+sTao elJosollJ pp oçssaadxa BAou ouoa
nTSins oo?/s?/ciosa 2 'sp5ut?pnu spssap i!+ipd y
len:loalalui oç5e:luauiiaJ ap atou?taoxa iod
soooy uiPiuuiol as anb a 'leuolopi OTad o:lso$ o papa
lpuT anb o 'Pdoin:l B ?pol iod sapupTsaaATun selada
tiuT ap ol3uT.ro e TOJ ossa30id assau le-luauuepunJ
eluuouolnp pns PAposnq OEzpi B anb uua sa-lpqap
a oç5e.lsa:luoo ap oduua:l Orou o uiPAelounue suis
aias a pfaiST t?p appplun t?p t?in-ldni ap sp5t?auiy
oupqin o3uauilospuaa op oçzel ua opn:laiqos 'lX
olnogs op iT-lied p ?r pin+ln) PP oduieo ou slu+uau
epunJ st35uppnui uielaaiooo 'pTpgN apzpl exTeq
ouloo opToaqu03 'tpAaTpaui opoliad opunSas ON
saioppsuad soTi?A ?faigl pp saiped sop t?!ou?nU
B aualoua !o:f 'eTp?lly apPpl t?31y ouoo PPToaqu
'lpAaTpauu opoliad op ape:latiu piTauulid eN
o.laaioo ipsuad
laAlssod guio-l a oçzpl t? puTunl! sna(l 'TOS o oul-
TP+ :s?uaala sapppiaA spp o:luaulToaquoo o sn;
ap souiaqmai 'o?iz2z/? n/? pp o?ioa/ E opung;
'spulATP seTap! st?lad ouiTlttl a-lsa nln:lllsqns spi
.splapT SPP opunui a TaAJsuas opunuu,, op eal
.g+pTd t?!uioloolp e noulo:laa oquTlsoSy eaTq
zp a.fiou op appplo 'puodlH ap odsTq '(0Elt,-t,SI
onu!+soSy toJ mllslaled pp auuou [udTouTid O
'!.lsiio ?uT}3nop B u(
asaluls apuPoS euun uueiuzlleai 'oçSpd oluaulpsu
o opupldEpy ooTUQlptdoau uln '(0Z,Z-t,0C) ouT:loH
ap eiqo ç a3uauiPloTu! ui?lallooal saipzd SO
.iapua3ua pss'
anb lied otai3. t? ylu8TS anb '..mo87//a/u7 7n opaiJ,
olssaidxa E uuoo fitou?puas essa ezl-la:luta oqullso}
upt?uTpioqns ela t? 'o+ut?.tlod 'a N pp iptttxnu oul(
o?zpl p imaquooai eApalylu8TS apt?piam pu oçzel
N ai-]ua p5ut?]p B 'pTpgW apPp] B ppo] aluein(l
'R
ZP
e0llsÇl00s: <
al€
st?alSgtoa+ sapepiaA sç eolss?la P5ueiaq
pp oç5pnbapp ap oqlpqBI) oe apt?pTnuT:luoo opupp
'e8Tlut? pin+Tno B uut?apupo:lai oolpgdoTOTaua iaqBS apq
]
b Tomas de Aquino: apogeu
da escolástica
contra o saber intransigente dos escolásticos, fiéis
demcais à astronomia e à física aristotélicas e, por-
tanto, avessos às novidades da ciência nascente.
Durante a primeira metade da Idade Média,
Aristóteles era visto com desconfiança, ai nda mais por-
que as traduções feitas pelos árabes teriam interpreta-
ções que os religiosos viam como perigosas para a fé. A
partir do século Xlll -- no período do apogeu da esco-
lástica --, Tomas de Aquino ( 1225-1274), m onge domi-
nicano, utilizou traduções de Aristóteles feitas direta-
mente do grego. Sua obra pri ncipal, a Suma reoZ(ágccz, é
a mais fecunda síntese da escolástica, por isso mesmo
conhecida como filosofa aristotélico-tomista.
Embora continuasse a valorizar a fé como instru-í
mento de conhecimento, Tomas de Aquino não des-
considera a importância do "conhecimento natu-
ral". Se a razão não pode conhecer, por exemplo, a
essência de Deus, pode, no entanto, demonstrar sua
existência ou a criação divina do mundo. Uma des-
sas provas é baseada na Me/c!/k/ca de Aristóteles,
quando o movimento do mundo em última instân-
cia é explicado por Deus, causa incausada.
Além disso, tal como Aristóteles, para explicar
o conhecimento, Aquino reconhece a participação
dos sentidos e do intelecto: o conhecimento começa
pelo contado com as coisas concretas, passa pelos
sentidos internos da fantasia ou imaginação até
a apreensão de formas abstratas. Desse modo, o
conhecimento processa um salto qualitativo desde
a apreensãoda imagem, que é concreta e particular,
até a elaboração da ideia, abstrata e universal.
Daí em diante, a influência de Aristóteles tornou-
se bastante forte, sobretudo pela ação dos padres
dominicanos e, mais tarde, dos jesuítas, que desde
o Renascimento, e por vários séculos, empenharam
se na educação dos jovens.
b A questão dos universais
O que são os universais?
O iznZpersa/ é o conceito, a ideia, a essência
comum a todas as coisas. Por exemplo, o conceito
de ser humano, animal, casa, bola, cadeira, círcúo.
Desde o século XI até o XIV uma polêmica mar-
cou as discussões sobre a gaesfão dos zz/zzpe aís. Em
outras palavras: os gêneros e espécies têm existência
separada dos objetos sensíveis? As espécies (como o
cão) e os gêneros (como os animais) teriam existência
real? Seriam rea/zdízdes, Zde/as ou apenaspa/arras?
As principais soluções apresentadas são: realismo
realismo moderado, conceptualismo e nominalismo.
. Para os realistas, como Santo Anselmo (séc.
XI) e Guilherme de Champeaux(séc. XII), o uni-
versal tem realidade objetiva (são res, ou seja,
"coisa"). Essa posição é claramente influenciada
pela teoria das ideias de Platão.
O realismo moderado é representado no
século Xlll por Tomas de Aquino. Como aristo-
télico, afirma que os universais só existem for-
malmente no espírito, embora tenham funda-
mento nas coisas.
Para os nominalistas, como Roscelino (séc. Xl}
o universal é apenas o que é expresso em um
nome. Ou seja, os universais são palavras, sem
nenhu ma reaHdade específica correspondente. A
tendência nominalista reapareceu com algumas
nuanças diferentes no século )(IV com o inglês
Guilherme de Ockam, franciscano que repre-
senta a reação à HilosoHia aristotélico-tomista.
A posição conceptualista é intermediária
entre o realismo e o nominalismo e teve como
principal defensor Pedro Abelardo (séc. XII),
grande mestre da polêmica. Para ele os univer-
sais são conceitos, entidades mentais, que exis-
tem somente no espírito.
As divergências sobre os universais podem ser
analisadas a partir das contradições e fissuras que
se instalaram na compreensão mística do mundo
medieval. Sob esse aspecto, os realistas são os par-
tidários da tradição, e como tais valorizavam o u ni-
versal, a autoridade, a verdade eterna representada
pela fé. Para os nominalistas, o individual é mais real,
o que indica o deslocamento do critério de verdade
da fé e da autoridade para a razão humana. Naquele
momento histórico do final da Idade Média, o nomi-
nalismo representou o racionalismo burguês em
oposição às forças feudais que desejava superar.
PARA SABER MAIS
O pensamento de Tomas de Aquillo ressurgiu
no século XIX por obra do papa Leão XIII. O neo
tomismo representa o esforço de restauração da
fi losoüa cristã". No Brasil, encontrou terreno fértil
Desde a Colónia osjesuítas ensinavam o tomismo
e, em lgo8, foi fundada no Mosteiro de São Bento,
em São Paulo, a Faculdade Livre de Filosofia e Letras,
na qual ministraram aulas filósofos belgas segui-
dores dessa tendência
No entanto, se a recuperação do aristotelismo
revelou-se recurso fecundo no tempo de Tomas de
Aquillo, no Renascimento e na Idade Moderna a
escolástica tornou-se entrave para a ciência. Basta
lembrar a crítica de Descartes e a luta de Galileu
Unidade 3 0 conhecimento
EI oinilde) apepieA ep e3snq y
ç;t, 'd 'ç;861 'palaluold UAON :oaTauef ap OQI 'prol 27p arroz/ O 'oliaquiQ '033
saTalg-lslW ap sosspd se
nln8as p.lsTuío.l a.lualaaA t? oluenbua 'ouisluo-lptdoau
otad pppTouanIJUT toJ euelu}.lsoSe oç5lpei-l E :..çlsTio
eUosoly,, ppuuauq) UTad suplznpoi:luT sag5e3depe se
spppiapTsuoo 'eipglq apppl pu nalloDO ousam O
sala-lg-lsriy Bíianb ouioo 'lpnplAlpu} esloo pppo
B soppottdp 'sTesaaAlun se-lTaou03 sop olaui iod opta
aquoo o g Trai as no seoluglpld st?!ap! se ols slpai
as :oup!+!loeiaq itAap ouça-la ou no eapluauuapd
appplllqom! pu oproaquooai g ata as :las op ossaap
ossou ?p as ruim uapAeatTdxa Tpnb eTad piTaueui
PP uaPípuadap sojosgTlJ se aa+ua Selou?SiaAtp sy
spTap atou?ssa p laoatluoo uua-lTunad sou no spsToa
st?p selou?ipdt? sç uuapuaid sou anb se-luaulni+su!
ouuoa oçzul pp a sopé-luas sop sag5unJ sp uup.r!:x
-sTP sogaaS se anb souiA OTn-lldeo op OTOJut OX
opueslAaB E;
apeplleai a wa8
en8ull al+ua oç5elai e ç) ogssn)slp wa olsod g anb
o 'uua8engull ep egosolB eu ouum 'sPauçioduua+um
seBosoly slen+e s c? N el)u?liadxa elad o81e imat4um
laAlssod g gs slod 'ls uua uua+slxa ogu selapl se anb
wailnl)um oe 'se:fslleuluuou oçs l)elltpuo) a awnH
'saqqoH) selslildwa se:fosglg SO elpgW apepl ç o+li+
-sai euualqoid wn ? oç?u slesiaAlun sop og:fsanb y
sipszaAlun sop ollsanb pp
oltsgdoíd e aunaqltng taJlf ltnlout souüeliapod lenb eu elougpua} e anal;tluapl
P'..sesl03 SB ellulf uiazelf sou opuenb seuade sou8ts ap sou8}s a sou8ts as-ulesn a
aAau e azqos sepe8ad sp oleado ap e\apt ep sou8ts uiela ouoo 'sou8}s solnd meia
'enA oçu epute anb oleADo uin aui-leln8lJ eles saque eAesn na anb 'setapt se anb
opor a(] [ ] le]n8uts op oç5tn]ut E 'oua]d o]uaunaaquoo o Fias assa ] (o]-çuiptp
septoap ouioD opoui o elas anb lanblpnb 'ozono oçu a oleAeD asma no) ollauni8 ?
anb sela.h eppudoldp eiDUBjslp p salaAllsa opuenb aluauios = otlaAeJ no ollaunz8
as pputp seqles oçu anb owsauí 'oleado uin g anb laztp sçxapod 'olzad sleui iaAtlsa
opuenb 'uilJ xod 3 ouse uin no oleado uin g as epute seqtes oçu anb ousaui 'leunue
uin auioo se-el-tullap 'i+ ap leunxolde as opuenÓ osualxa odzoo uin owoo el-tullap
uía se-al-JplualuoD 'pus anb o sapualua oçu a a8uol ap esl03 euin81e sgA nl aS,.
o5tAou oe eotldxa unssp a olfosgltl uin g
auuaqltng sauluo sun81e legtlsaAut ezed ZZet wa ellçll eu oueDtutulop onalsoui
uin e uiegaqo anb 'ospy o5}Aou o 'otndlastp nas a 'alltAzatse8 ap auilaqltnE) 'sg18ul
oupDslouelJ uin ap elzg+stt[ e e]uoo 'oo= opaquiQ ap aDupuioz 'osol op amou O
l986L) OSOJ
pp amou O ap
euuau Ê] o lied
oç5e+d epe eu
ja[[[Aia;]seE] ap
auuiayl! n OI
Álau uo) u eaS a
losPV o31Aou ol
ia+elS uel:fslit4)
\
Z

Continue navegando