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CONCURSO DE CRIMES ART. 69, 70, 71 DO CÓDIGO PENAL CONCURSO MATERIAL, CONCURSO FORMAL, CRIME CONTINUADO. CONCURSO DE CRIMES • O concurso de crimes é o instituto que se verifica quando o agente criminoso pratica uma ou mais condutas e dessa prática resultam 02 ou mais crimes. • Características: 1-Unidade ou pluralidade de condutas. 2-Sempre haverá pluralidade de crimes. Espécies de Concurso de Crimes • A) Concurso material (Art.69 do CP) • B)Concurso Formal (Art.70 CP) • C)Crime Continuado (Art.71 CP) Sistemas de aplicação de pena no concurso de crimes • Sistema do cúmulo material • Sistema da exasperação • Sistema da absorção Sistemas de aplicação de pena no concurso de crimes • Sistema do cúmulo material: No sistema do cúmulo material o juiz soma as penas correspondentes a cada um dos crimes. O sistema do cúmulo material foi adotado no concurso formal impróprio/imperfeito e no concurso material. Sistemas de aplicação de pena no concurso de crimes • Sistema da exasperação: No sistema da exasperação aplica-se somente a pena de um dos crimes aumentada de determinado percentual. O sistema da exasperação foi adotado no concurso formal próprio/perfeito e no crime continuado. Sistemas de aplicação de pena no concurso de crimes • No sistema de absorção aplica-se somente a pena do crime mais grave que absorve todas as demais. • Esse sistema foi adotado pela jurisprudência quando estava em vigor o decreto 7661/1945. (antiga lei de falências) • Hoje não há aplicação. Concurso material • O concurso material é também chamado de concurso real. • Fórmula= Ocorre concurso material quando, ocorre: • pluralidade de condutas+ pluralidade de crimes • Ex: João dá um tiro e mata Maria. Dá outro tiro e mata Isabela. Concurso material-Previsão art.69 do CP • Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela Concurso material • Ele se subdivide em: Concurso material homogêneo: Quando o agente mediante mais de uma conduta pratica 02 ou mais crimes idênticos. (Ex: homicídio +homicídio.) Concurso material heterogêneo: Quando o agente mediante mais de uma conduta pratica 02 ou mais crimes diferentes. (Ex: Estupro+ homicídio) Concurso material • No concurso material o código penal adotou o sistema do cúmulo material, ou seja, o juiz soma as penas. • O momento adequado para somar as penas: • Se for a mesma ação penal o momento adequado é na própria sentença condenatória ou acórdão. • Se for em ações penais diversas a soma será efetuada pelo juiz da execução penal. (ver art.66 da lei de execuções penais-7210/84) Concurso material • No concurso material pode ocorrer a imposição cumulativa de penas de reclusão e detenção. (Ex: furto-reclusão + ato obsceno detenção) • Nesse caso o agente cumprirá primeiro a pena de reclusão e depois a pena de detenção. • Esse dispositivo consagra o princípio de que primeiro se executam as penas mais graves. (art.69 CP) Concurso Formal • artigo 70 do Código Penal. • No concurso formal o agente mediante uma única conduta pratica dois ou mais crimes. • concurso formal = unidade de Conduta+ pluralidade de crimes. • o concurso formal pode ser homogêneo ou heterogêneo Concurso Formal • o concurso formal pode ser homogêneo ou heterogêneo. • ocorre concurso formal homogêneo se os crimes são idênticos • ocorre concurso formal heterogêneo se os crimes são diversos. • concurso formal também subdivide-se em concurso formal perfeito/próprio ou imperfeito/impróprio. Concurso Formal Próprio • o concurso formal perfeito/ próprio é aquele em que não há desígnios autônomos. • a pluralidade de crimes não deriva de desígnios autônomos ( não há dolos autônomos) • • não há dolo (intenção) de produzir dois ou mais crimes. • • concurso formal próprio ocorre entre: crime doloso + crime culposo ou crimes culposos. • • A pena no concurso formal próprio ou perfeito: • • no concurso formal próprio ou perfeito o código sistema da exasperação, ou seja o juiz aplica somente uma das penas. qualquer delas se idênticas ou a mais grave se diversas, aumentada de ⅙ até a ½. Concurso Formal Próprio • no concurso formal próprio ou perfeito o código sistema da exasperação, ou seja o juiz aplica somente uma das penas. qualquer delas se idênticas ou a mais grave se diversas, aumentada de ⅙ até a ½. • o critério que vai nortear o juízo aumento da pena exclusivamente o número de crimes. • • O STF e STJ construíram uma tabela. • • 2 crimes_______ ⅙ • 3 crimes_____1/5 • • 4 crimes_____ ¼ • • 5 crimes_____ ⅓ • • 6 ou mais crimes___ ½. • • 6 crimes para chegar no aumento máximo (½). no 7º crime em diante nós vamos aumentar a pena-base ser utilizados como circunstâncias judiciais desfavoráveis. Concurso Formal Impróprio ou Imperfeito • concurso formal impróprio ou imperfeito • Aquele em que há desígnios autônomos. • há dolos autônomos. • é o concurso formal entre crimes dolosos. há dolo no tocante a todos os crimes. • Tanto pode ser o dolo direto quanto o dolo eventual. • nesse concurso formal impróprio ou imperfeito O Código Penal adota o sistema do Cúmulo Material, ou seja somam-se às penas correspondentes aos crimes praticados pelo réu. Concurso Formal Impróprio ou Imperfeito • Ex: o sujeito quer matar uma família ele pode dar um tiro no pai, um tiro mãe e um tiro filho, mas com um único tiro de fuzil ele atira e mata os três com um único tiro. • No concurso formal impróprio ou imperfeito a gravidade é a mesma do concurso material. A diferença é que no concurso material temos pluralidade de condutas ao passe no concurso formal impróprio temos uma única conduta que também tem desígnios autônomos (intenções). • Concurso Material benéfico O concurso material benéfico está previsto no artigo 70 parágrafo único do Código Penal. Ele somente é aplicável concurso formal próprio ou perfeito. Já que o concurso formal próprio ou perfeito é um instituto que se destina a favorecer o réu, quando a aplicação do sistema da exasperação for menos benéfico do que a aplicação do sistema do cúmulo material, deveremos desprezar o sistema da exasperação utilizar o sistema do cúmulo material. • Concurso Material benéfico • exemplo: Imagine que o José com a intenção de matar Afonso dispara um tiro de fuzil sendo que com um tiro disparado José consegue lograr êxito e mata Afonso, a bala passa pelo corpo de Afonso e atinge de raspão o braço de Gerusa. • José é condenado por homicídio qualificado a uma pena de 12 anos e lesão corporal culposa cuja pena é de três meses. • Estamos diante de um típico caso de concurso formal próprio, isso porque o réu mediante uma única conduta e com um único dolo produziu um crime de resultado doloso ( houve um desígnio autônomo/ intenção de produzir resultado) e outro crime de resultado culposo ( neste não havia desígnio autônomo intenção reproduzir o resultado). • Se aplicarmos o sistema da exasperação, devemos aplicar a pena do crime mais grave acrescido de ⅙. sendo a pena do crime mais grave 12 anos aplicando-se ⅙ (2 anos) resultará uma condenação de 14 anos. • Vejamos que se ao invés de utilizarmos o sistema da exasperação utilizarmos o sistema do Cúmulo Material, haverá soma das penas e não aplicação da regra da exasperação ( regra de um sexto até metade). • Aplicando-se o sistema do cúmulo material a pena será mais branda, pois se somarmos 12 anos com três meses de reclusão resultará numa pena de 12 anos e3 meses de reclusão. vejam que a aplicação do sistema do Cúmulo Material é muito mais benéfica do que a aplicação do sistema da exasperação, portanto, devemos aplicar o sistema do cúmulo Material benéfico previsto no parágrafo único do artigo 70 do Código Penal. • Então é preciso verificar qual o sistema a ser aplicado é mais vantajoso. Crime continuado também chamado de continuidade delitiva Está previsto no artigo 71 do Código Penal. • É um instituto tipicamente de defesa. É muito parecido com concurso material, entretanto tem demais requisitos específicos. surgiu na Itália no século XIV, e desenvolveu-se no séculos XV e XVI. • o crime continuado surgiu como uma reação às leis penais Extremamente severas naquela época e em especial a chamada Lei Carolina. • essa lei dizia que se o ladrão praticasse o terceiro furto seria considerado ladrão famoso e por isso deveria ser condenado à pena de morte. • Imagine que o sujeito furtou um porco na primeira semana, na semana seguinte furtou uma galinha e na terceira semana cortou um carneiro. pela lei Carolina sujeito que estivesse nessa situação deveria ser condenado à pena de morte tendo em vista que seria considerado um ladrão famoso pois teria praticado o terceiro furto. • Instituto do crime continuado surgiu justamente como uma reação a esta situação, pois diante do rigor da punição, começaram a entender que o mesmo sujeito poderia ter cortado o porco, a galinha e o carneiro, num único ato. por isso criaram a teoria da ficção jurídica do crime continuado. • Essa teoria da ficção jurídica do crime continuado utilizada exclusivamente para fins de aplicação de pena. Requisitos do crime continuado a) Pluralidade de condutas. o agente pratica mais de uma conduta( ação ou omissão) b) pluralidade de crimes da mesma espécie sobre a definição de crimes da mesma espécie temos duas posições: 1ªposição: crimes da mesma espécie são aqueles que apresentam características comuns pouco importando se estão no mesmo tipo penal ou não. Ex: furto mediante fraude + estelionato. 2ª posição: Amplamente majoritária no STF e STJ a segunda posição definir crimes da mesma espécie são aqueles que estão no mesmo tipo penal e ofendem o mesmo bem jurídico. (Ex: furto simples + furto qualificado) Requisitos do crime continuado • c) Conexão • c.1) Conexão temporal • A jurisprudência adotou o critério objetivo que tempo, ou seja entre cada um dos crimes não pode haver um intervalo superior a 30 dias. • c.1) Conexão espacial • Por essa conexão espacial os crimes devem ser praticados na mesma cidade ou no máximo em cidade contíguas. ( cidades contíguas são aquelas próximas entre si. Ex: São Paulo, Guarulhos) • Obs: Nós devemos considerar a distância física entre as cidades pouco importando o tempo de locomoção. • c.3) Conexão Modal • conexão modal diz respeito ao modo de execução, ou seja os crimes devem apresentar modo de execução semelhantes. ( não precisam ser idênticos mas semelhantes) • EX: uma empregada doméstica trabalha na casa de uma Senhorinha idosa, sendo que toda sexta-feira a empregada doméstica abre uma caixinha onde essa Senhorinha guarda dinheiro e retira r$ 100. com intuito de que sem que a velhinha descubra ao final essa empregada terá subtraído a quantia de r$ 1000. • no citado exemplo temos semelhantes modos de execução o que cria a chamada conexão modal. • veja que se a velhinha trancar a gaveta com um cadeado e em determinado momento a empregada ao invés de abrir a gaveta como estava fazendo reiteradamente, vier a furtar estourando a gaveta, haverá modificado o modo de execução e portanto não haverá a chamada conexão modal. Requisitos do crime continuado Além dos requisitos do artigo 71 do Código Penal para a configuração do crime continuado há a necessidade de outros requisitos? também necessita de chamada unidade de desígnio? temos duas teorias sobre o assunto: Teoria objetiva pura ou puramente objetiva Para essa teoria puramente objetiva o crime continuado se contenta apenas com a presença dos requisitos objetivos previstos no artigo 71 do Código Penal não exigindo nenhum outro requisito. A exposição de motivos do Código Penal adota essa teoria. Teoria objetivo-subjetiva Para essa teoria além dos requisitos objetivos do artigo 71 do Código Penal também exige o requisito subjetivo, qual seja:a unidade de desígnios (Unidade de desígnios implica em dizer que desde o começo o agente criminoso já tinha na mente a prática de todo crime. no exemplo citado da velhinha e da empregada se a empregada quando retirava r$ 100 todo mês com intuito de que ao final conseguir juntar r$ 1000 furtando sucessivamente r$ 100 todo mês, estamos diante de um típico caso de unidade de desígnios, ou seja as condutas parcelares tinham por finalidade a realização de um único dolo, ou seja que ao final conseguisse a empregada juntar r$ 1000. na prática essa teoria é amplamente dominante na jurisprudência do STF e do STJ. o STF e o STJ adota a Teoria objetivo-subjetiva para diferenciar o crime continuado da habitualidade criminosa. habitualidade criminosa é fazer na prática de crimes um mês de vida. Crime continuado. • Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se- lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. • 1/6 a 2/3
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