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1 SHIRLEI FOLONI VEIGA ATENDIMENTO PADIS (PROGRAMA DE ATENDIMENTO DO DISCENTE) COMO APOIO AOS DISCENTES DO ENSINO SUPERIOR NO AUXÍLIO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM PATO BRANCO – PR 2019 2 SHIRLEI FOLONI VEIGA ATENDIMENTO PADIS (PROGRAMA DE ATENDIMENTO DO DISCENTE) COMO APOIO AOS DISCENTES DO ENSINO SUPERIOR NO AUXÍLIO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Monografia apresentada ao Curso de Pós- Graduação Lato Sensu em NEUROPSICOPEDAGOGIA, da União das Escolas Superiores do Vale do Ivaí e do Instituto de Estudos Avançados e Pós- Graduação, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista. Orientadora: Profª Me. Eliane Maria Cher Vambommel PATO BRANCO – PR 2019 3 SHIRLEI FOLONI VEIGA ATENDIMENTO PADIS (PROGRAMA DE ATENDIMENTO DO DISCENTE) COMO APOIO AOS DISCENTES DO ENSINO SUPERIOR NO AUXÍLIO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Monografia apresentada ao Curso de NEUROPSICOPEDAGOGIA do ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação, como requisito parcial à obtenção do título de especialista. COMISSÃO EXAMINADORA _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ Pato Branco, 12 de setembro de 2019. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm minha vida, a minha linda e abençoada família, e aos meus amados pais. 5 AGRADECIMENTOS A minha orientadora Ms. Eliane Maria Cher Vambommel, pela orientação, apoio е empenho dedicado à elaboração deste trabalho. Bem como, por todo suporte nо pouco tempo qυе lhe coube, pelas suas correções е incentivos. Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas racional, mаs, а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação profissional. Por toda dedicação que tiveram não apenas ao ensinar mas na preocupação de termos aprendido. А palavra Mestre, nunca fará justiça аоs professores dedicados, аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos agradecimentos. 6 Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes. Alves (1994, p.24) 7 Foloni Veiga, Shirlei. Atendimento PADIS (Programa de Atendimento ao Discente) como apoio aos discentes do Ensino Superior no auxílio das dificuldades de aprendizagem. Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação – ESAP / União das Escolas Superiores do Vale do Ivaí. Monografia do curso de pós- graduação Lato Sensu em Neuropsicopedagogia. Pato Branco – PR. 2019. RESUMO O estudo científico desenvolvido fundamenta-se numa proposta qualitativa de fontes bibliográficas, partindo da atuação da análise das dificuldades do processo de aprendizagem e atuação sob o olhar da intervenção da Neuropsicopedagogia perante os acadêmicos universitários através do Projeto de Atendimento ao Discente (PADIS). Uma vez que a presença do fracasso escolar é um dos maiores desafios para a qualificação dos sistemas educacionais. Neste trabalho procura-se desenvolver e analisar uma pesquisa das possíveis dificuldades de aprendizagens dos acadêmicos e a contribuição da Neuropsicopedagogia para que os acadêmicos possam ter um resultado de sucesso, assegurando a todos os acadêmicos a igualdade de condições para o exercício das atividades acadêmicas. Discorrer a respeito de cognição e de aprendizagem na visão neuropsicológica nos conduz para o enfoque na aprendizagem, buscando interrrelações entre os estudos das neurociências com os conhecimentos da psicologia cognitiva e da pedagogia. Com base nesta premissa, foi realizado o presente estudo focalizando a revisão de literatura, obedecendo criteriosamente à natureza da pesquisa qualitativa de cunho exploratório. A referida pesquisa teve como fundamentação teórica os seguintes autores: Bossa (2017), Dabas (1988), Fonseca (2015), Pain (1992), Piaget (1971), Rotta (2017), Sanchez (2004), Seabra (2012), dentre outros. Concluímos que o trabalho realizado servirá de base para o entendimento e auxílio ao processo de desenvolvimento e aprendizagem do acadêmico perante os agravantes que surgirão nas salas de aula, considerando interações da neuropsicopedagogia para a melhoria da aprendizagem. PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Neuropsicopedagogia. Educação Superior. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09 CAPÍTULO I ..................................................................... Erro! Indicador não definido. 1 Projeto Padis (Projeto De Atendimento Ao Discente) com acadêmicos do Ensino Superior ........................................................................... Erro! Indicador não definido. CAPÍTULO II ............................................................................................................. 14 2 O processo de cognição na Visão Neuropsicopedagógica ............................ 14 2.1. Desenvolvimento Cognitivo. ............................................................................... 15 2.2. Processo de Aprendizagem. ............................................................................... 17 2.3 Dificuldades de Aprendizagem ............................................................................18 2.3.1 TEA – Transtorno do Espectro Autista .............................................................22 2.3.2 Deficiência Intelectual/Mental ..........................................................................23 2.3.3 Deficiência Auditiva/Surdez .............................................................................25 2.3.4 Deficiência Visual ............................................................................................26 2.3.5 TDA/H – Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade ..............................27 2.3.6 Transtornos de Aprendizagem .........................................................................29 2.3.7 Transtorno da Expressão Escrita .....................................................................30 2.3.8 Transtorno de Leitura .......................................................................................31 2.3.9 Dislexia ............................................................................................................31 2.4.0 Discalculia .......................................................................................................32 2.4.1 Disortografia ....................................................................................................33CAPÍTULO III ............................................................................................................ 35 3 Formas de atuação diante das Dificuldades de Aprendizagem ............................. 35 3.1. 3.1 TEA – Transtorno do Espectro Autista.........................................................35 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 40 REFERENCIAS ........................................................................................................ 41 9 INTRODUÇÃO Esta pesquisa propõe-se apresentar um projeto de atendimento aos discentes (PADIS) de uma Instituição de Ensino Superior, espaço este de atendimento às necessidades cotidianas dos acadêmicos, sempre respeitando as especificidades de cada um. Aprender envolve processos complexos e determinado número de condições e oportunidades. Os processos complexos, uns de natureza psicológica, outros de natureza neurológica, além da área pedagógica agem sobre o indivíduo. Para isso, buscou-se identificar as contribuições da área da Neuropsicopedagogia para nortear os docentes e discentes perante as dificuldades de aprendizagem no nível de ensino citado. Observa-se então, que as tendências do mundo atual têm influenciado as sociedades e pessoas na busca pela aprendizagem. Aprendizagem esta que dever ser significativa e que consequentemente gere o sucesso do desempenho acadêmico e profissional dos discentes, contribuindo para minimizar obstáculos relacionados ao desenvolvimento cognitivo que os acadêmicos possam apresentar. Com a visão interdisciplinar, a Neuropsicopedagogia se preocupa em observar as características da aprendizagem humana, relação que se efetiva entre a pessoa e o seu desenvolvimento, que resulta da plasticidade adaptativa de comportamentos. Desta maneira, a Neuropsicopedagogia estuda como se concretiza o processo de ensino-aprendizagem nas diversas áreas envolvidas, psicologia, neurologia e pedagogia, observando o aprender, suas variações e os fatores envolvidos, como ocorrem as alterações na aprendizagem e como preveni- las, ou tratá-las. É através do auxílio na identificação dos problemas no processo de aprender, e lidando com suas dificuldades por meio de instrumentos e técnicas específicas, busca suporte para responder aos sintomas da problemática de ensino- aprendizagem. As dificuldades de aprendizagem que expomos demonstram as desordens manifestadas no PADIS como a aquisição e a compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do raciocínio lógico-matemático, como também, problemas de autorregulação do comportamento, na percepção e na interação social. Além de, tratarmos da dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno do Espectro Autista (TEA), deficiência intelectual 10 (DI), deficiência auditiva (DA), deficiência visual (DV), entre outros. Desta forma, solicita-se a atividade neuropsicopedagógica norteada para a mudança da exclusão, destacando os ambientes diversificados que estimulam a aprendizagem de todos os acadêmicos. Para tanto, após pesquisas centralizamos estudo de fatores e das condições que acontece a aprendizagem normal e atípica, buscando uma análise neuropsicopedagógica, aberta e sistêmica. Assim, buscou-se possibilidades de atuação perante as dificuldades apresentadas e possíveis transformações do insucesso escolar e das dificuldades de aprendizagem – assegurando o potencial de cada acadêmico que temos a responsabilidade de educar. 11 CAPÍTULO I 1 PROJETO PADIS (PROJETO DE ATENDIMENTO AO DISCENTE) DESENVOLVIDO COM ACADÊMICOS DO ENSINO SUPERIOR O PADIS está fundamentado nos termos do Ato Normativo 001 de 15 de abril de 2009 – de uma Instituição de Ensino Superior do Sudoeste do Paraná. Este é um espaço de atendimento às necessidades cotidianas dos acadêmicos, sempre respeitando as especificidades de cada um. Os atendimentos são realizados por professores e profissionais das áreas de demanda. O PADIS é direcionado aos discentes dos cursos de graduação dessa instituição de ensino. O PADIS é responsável por acolher, orientar e conduzir os alunos da instituição em questões acadêmicas e pessoais, prestando atendimento humanizado, assegurando a igualdade de condições para o exercício da vida acadêmica. As políticas de atendimento ao discente estão direcionadas a promover o acesso e a permanência nos estudos, na perspectiva da inclusão social e da democratização do Ensino Superior. O Programa visa orientação pedagógica e psicológica, a promoção à saúde e o acesso a atividades socioculturais e esportivas para todos os acadêmicos, contribuindo assim, para a melhoria do desempenho acadêmico, o que minimiza a reprovação e a evasão escolar. Os objetivos do PADIS são assegurar a todos os acadêmicos a igualdade de condições para o exercício das atividades acadêmicas. Promover o ingresso e garantir a permanência, independente da condição física ou socioeconômica, através da elaboração de planos de atendimentos individualizados. Propiciar a todos os estudantes formação humana integral, estimulando a participação em atividades científicas, culturais, artísticas, de saúde, esportivas e lazer. Desenvolver parcerias com a sociedade civil organizada, para a implantação de programas e projetos de acordo com o interesse da comunidade acadêmica. Favorecer o acesso a mecanismos e estratégias institucionais capazes de garantir a permanência e integração na instituição de ensino. Atuar na perspectiva neuropsicopedagógica para orientar o processo de ensino aprendizagem dos acadêmicos. Oferecer acompanhamento psicológico, pedagógico, e serviços de saúde (enfermagem). Desde modo, trago neste colóquio minha experiência como psicopedagoga em uma Instituição Educacional de Ensino Superior que oferece este acompanhamento aos acadêmicos, um espaço de atendimento às necessidades cotidianas dos acadêmicos, sempre respeitando as especificidades de cada um. É 12 nossa responsabilidade acolher, orientar e conduzir os alunos em questões acadêmicas e pessoais, prestando atendimento humanizado, assegurando a igualdade de condições para o exercício da vida acadêmica. Buscamos promover o acesso e a permanência nos estudos, a percepção de suas habilidades e estilos de aprendizagem na perspectiva da inclusão social e da democratização do Ensino Superior contribuindo assim, para a melhoria do desempenho acadêmico, o que minimiza o fracasso nesse quesito, a reprovação e a evasão escolar. Ademais, realizamos atendimento pedagógico, todavia com um olhar neuropsicopedagógico ao acadêmico através de demanda encaminhada pela coordenação de curso ou espontânea. Para que possamos realizar uma educação realmente inclusiva e obtenhamos êxito nesse processo, é necessário, inicialmente, conhecer os acadêmicos, realizando o acolhimento, uma escuta atenta para identificar o que eles sabem ou não, para assim, partindo desse conhecimento orientá-los a desenvolver novos conteúdos com bases científicas, bem como possibilitar ao acadêmico o resgate da autoestima, porque ninguém consegue aprender se não investir na própria aprendizagem se não houver desejo de aprender, de crer nas suas possibilidades e potencialidades. Ainda, buscamos garantir e incentivar a autonomia e valorizar a subjetividade do acadêmico, que constrói seu conhecimento articulando à sua prática experiênciassignificativas de aprendizagem. Neste sentido, é significativo usufruir de todas as oportunidades do cotidiano para questioná-los e observá-los atentamente, buscando desenvolver atividades diversas que o auxilie na sua dinâmica de aprendizagem para observar as oportunidades de acerto, as experiências positivas que os conduzam ao desejo de continuar aprendendo para continuar acertando. A aprendizagem se torna significativa a partir do momento em que o acadêmico constrói e compreende os conceitos e estabelece relações com a sua realidade. As principais dificuldades de aprendizagem se apresentam a partir de indicações das desordens manifestadas na aquisição e na utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do raciocínio lógico- matemático, como também, problemas de autorregulação do comportamento, na percepção e na interação social. Bem como, a dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno do Espectro Autista (TEA), deficiência intelectual (DI), deficiência auditiva (DA), deficiência visual 13 (DV), entre outros. Para isso exige-se uma atuação neuropsicopedagógica voltada para alterar a situação de exclusão, enfatizando a importância de ambientes heterogêneos que promovam a aprendizagem de todos os acadêmicos. Desde modo, nosso atendimento neuropsicopedagógico procura intervir de forma a considerar a individualidade de cada um, visando suporte para o desenvolvimento intelectual, organizacional, sócio emocional, à vida pessoal, tendo em vista os seus projetos de vida. Além do movimento institucional de garantir o acesso, a permanência e o êxito no processo educativo. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. (BRASIL, 2007, p. 14). Pelo exposto, fica clara a necessidade do olhar da neuropsicopedagogia no Ensino Superior agregando conhecimento científico, para possibilitar aumento da qualidade do ensino, no desempenho individual do aprendiz e sucesso acadêmico no Ensino Superior, e diminui, assim, defasagens, evasões e intensificando o processo de ensino aprendizagem. À visto disso, assegura-se uma formação intelectual, ética, moral e social dos envolvidos neste processo. É importante favorecer valores que se manifestam por meio do desenvolvimento social. Em suma, uma mediação adequada pode contribuir para que o aprendiz consiga refletir sobre sua ação e possa, portanto, modificá-la. 14 CAPÍTULO II 2 O PROCESSO DE COGNIÇÃO NA VISÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA Discorrer a respeito de cognição e de aprendizagem na visão neuropsicológica nos conduz para o enfoque na aprendizagem, buscando interrrelações entre os estudos das neurociências com os conhecimentos da psicologia cognitiva e da pedagogia. Desde modo, a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp) através do artigo 10º do Código Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia, ressalta que: A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociências aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana na perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional. (SBNPp, 2016, p.3) Desde modo, a Neuropsicopedagogia enfoca o entendimento da conexão entre funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana, fundamentados na interação entre Neurociências Aplicada a Educação, Psicologia Cognitiva e Pedagogia em uma perspectiva transdisciplinar, propiciando desse modo a identificação, diagnóstico, reabilitação e prevenção diante das dificuldades e distúrbios de aprendizagens. Aprender a aprender, a pensar, a argumentar, a fazer. Bem como, aplicar estratégias de resolução de problemas para que as futuras gerações possam adquirir conhecimento de forma diferenciada, flexível e significativa, é uma necessidade primordial do sistema educacional, a tarefa mais substancial da escola. Ademais, “Todo estudante tem o direito de desenvolver ao máximo o seu potencial cognitivo e os governos têm a responsabilidade de lhe garantir oportunidades e meios adequados para o fazer.” (FONSECA, 2015, p.7) Dessa maneira, a visão da educação cognitiva, pode perpassar por todos os níveis de ensino. Uma vez que se acredita, que o estudante como ser aprendente, é equipado de competências, de saberes para aprender e para mudar. A educação cognitiva caminha na visão sistemática da inteligência, embasada nas diversas contribuições das diferentes áreas de conhecimento, como da psicologia cognitiva, da neuropsicologia, do processamento de informação e das abordagens contextuais do desenvolvimento cognitivo. Além disso, tem por objetivo possibilitar e favorecer ferramentas psicológicas que ampliam a capacidade de aprendizagem generalizando conhecimentos e não apenas memorização. 15 Para além, Fonseca (2015, p.14) corrobora que “[...] a educação cognitiva visa promover e enriquecer o pensamento criativo e a resolução de problemas dos estudantes, algo essencial para o seu futuro [...]”, visto que o conhecimento se apresenta cada vez mais como incerto e questionável. Por consequência, o professor torna-se um mediador, um mentor, como apoio pedagógico aos educandos. Como também, para o acompanhamento dos educandos com problemas de aprendizagem, de comportamento e com baixo rendimento. Desta forma, a cognição dá-se por um processo de construção e aquisição de conhecimento amparado na interação dos seus vários integrantes. 2.1 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Não há uma definição única ou ideal de inteligência ou de cognição, ela não se encerra nem se limita a constructos, porém é compreendida na dimensão de complexidade. Complexidade altamente organizada em que implica ações, interações e retroações. Sob o mesmo ponto de vista, Fonseca nos relata que cognição Compreende os processos e produtos mentais superiores (conhecimento, consciência, inteligência, pensamento, imaginação, criatividade, produção de planos e estratégias, resolução de problemas, inferência, conceptualização e simbolização, etc.), através dos quais percebemos, concebemos e transformamos o envolvimento... Não é uma coleção, mas um sistema complexo de componentes. (FONSECA, 2015, p. 31) Desde modo, que cognição é um processo de conhecimento a partir do qual o sujeito tem a capacidade de distinguir, adquirir, entender e firmar informações, para adiante expor e executar o conhecimento nas diversas situações que surgir. O desenvolvimento cognitivo é um processo interno, que envolve o processo de pensamento, abrangendo as capacidades de: compreensão de fatos que ocorrem ao seu redor, percepção de si mesmo e do meio, percepção de semelhanças e diferenças, memória, execuçãode ordens, compreensão de cor, forma, tamanho, espaço, tempo, aquisição de conceitos e o estabelecimento de relação entre fatos e conceitos. O desenvolvimento cognitivo encaminha-se para o equilíbrio, assim como ocorre um crescimento orgânico, também a vida mental evolui chegando à maturidade como espírito adulto. O processo de maturação também regula o desenvolvimento da inteligência e das condutas de aprendizagem. 16 De acordo com Piaget (1971), a estrutura cognitiva é composta por estágios e cada estágio integra as anteriores, havendo a composição do conhecimento por uma atividade mútua e interativa do sujeito com o meio. A sistematização da realidade passa através do pensamento estruturado, que se manifesta diante do processo de adaptação. Desde modo, a construção mental e o conhecimento são marcados por uma conexão lógica entre a maturação biológica e o ambiente. Assim, a estabilidade desses processos resulta de uma adaptação ao mundo cada vez mais adequada e de uma organização mental. Tal qual para Vigotsky (1991), desenvolvimento e aprendizagem compõem uma unicidade. A aprendizagem, ocorrendo de forma significativa, incita e incentiva a busca para nível de complexidade maior que, por sua vez, sustenta novas aprendizagens. Desde modo, o plexo desses dois aspectos aprendizagem e desenvolvimento são essenciais para o processo de amadurecimento e que mais adiante se tornarão funções consolidadas, estabelecendo um desenvolvimento real do indivíduo. Sendo, um dos objetivos da instituição educacional deve ser o de ofertar ao acadêmico situações de experimentar oportunidades de realizar aprendizagens. Para tanto, destacamos a importância das interrelações entre professor/aluno; aluno/aluno; desenvolver/aprender, para a abertura de novos caminhos de aprendizagem e desenvolvimento. Segundo Gomes (2002), Feuerstein discípulo de Piaget, na sua Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural (TMCE) propõe conceitos no campo da cognição, com foco na aprendizagem e no desenvolvimento humano. Feuerstein averigua como o sujeito chega à solução do problema, empregando a analogia do computador – entrada, processo e saída – e propõe o mapa cognitivo como ferramenta de análise do ato mental. Esse mapa demonstra como o sujeito aprende e, o mais importante, permite-lhe aprender a aprender. A teoria tem como um dos aportes conceituais centrais o pressuposto de que o ser humano é dotado de uma mente plástica, flexível, aberta à mudança, assim como de um potencial e de uma propensão natural para a aprendizagem. Desde modo, temos o entendimento da composição neuropsicológica da cognição, como “[...] um paradigma fundamental da educação e reabilitação” (FONSECA, 2016, apud LURIA, 2015, p. 61). Uma que vez, que a meta da educação cognitiva é potencializar o aprendizado de educandos com rendimentos 17 ditos normal ou superior. Da mesma maneira, tem por intenção de intervenção dispor-se a equivalência e o melhoramento do potencial de sujeitos portadores de desigualdades sociais, transtornos, dificuldades e desordens de psicológicas de aprendizagem. 2.2 PROCESSO DE APRENDIZAGEM Muitas são as definições de aprendizagem existentes, no âmbito acadêmico. Contudo, para a maioria dos teóricos do assunto, a definem como Um processo que se cumpre no sistema nervoso central (SNC) em que produzem modificações permanentes, que se traduzem por uma modificação funcional ou conductual, permitindo uma melhor adaptação do indivíduo ao meio como resposta a uma solicitação interna ou externa. (ROTTA, 2016, p.4) As pessoas constroem os seus conhecimentos, baseado em um interesse de realizar interações entre o que conhece e a nova informação que procura saber. Essa forma de aprendizagem acontece no decorrer de toda a vida, através de uma sucessão de eventos, singular para cada sujeito, caracterizando um processo específico, único. Segundo a abordagem neurobiológica do aprendizado, aceita-se a existência de uma interface entre duas áreas: a educacional e a saúde. A qual denomina-se neuropsicopedagogia. Desta forma, é de suma importância que os profissionais dessas áreas terem conhecimento a respeito do Sistema Nervoso Central - SNC, especificamente das estruturas que envolvem o aprendizado do sujeito. Conforme Ohlweiler (2016), aprendizagem baseia-se em um processo de aquisição, conservação, evocação do saber e acontece a partir de modificações do SNC no momento em que o sujeito entra em contato com estímulos e/ou experiências que se transformam por alterações cerebrais. Assim, a aprendizagem é uma modificação de comportamento em resposta a uma experiência. Ela acontece quando os seres se beneficiam da experiência para que seus próximos atos sejam adequados ao ambiente. De acordo, com Fonseca (2016, p.162) a aprendizagem envolve [...] um processamento de informação, jogando com os processos sensoriais (recepção), neurológicos (descodificação, transdução, retenção e codificação) e psicológicos (percepção, imagem, simbolização e (conceitualização). Em suma, a aprendizagem coloca simultaneamente dois 18 problemas, um neurológico e outro de comportamento, daí que uma dificuldade de aprendizagem seja entendida, por um lado, como uma disfunção cerebral e, por outro, como um problema de comportamento. (grifo do autor) Desde modo, entendemos aprendizagem como um processo de transformação de comportamento, postura, atitude por meio da experiência elaborada por aspectos emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é fruto da interação, integração de estruturas mentais e do meio. Na perspectiva educacional, baseada na aprendizagem, o professor é o mediador do processo de ensino dos acadêmicos. Neste sentido, a aprendizagem é centrada no conhecimento que é construído e reconstruído continuamente, da qual resulta uma plasticidade adaptativa de comportamentos ou de condutas. O entendimento de comportamento bem como sua transformação, solicita a consciência das estruturas e das funções do órgão que o coordena e o organiza, ou seja, o cérebro, o órgão mais regulados do nosso organismo. A compreensão, a previsão e o domínio do comportamento e da aprendizagem humana requerem muito esforço e análise, bem como, sua aplicação no futuro na prática educacional, para que todos tenham direito às mesmas oportunidades de ensino aprendizagem. 2.3 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Aprender abrange o sincronismo da integridade neurobiológica – uma estrutura mental funcional e uma organização neuronal plástica; a aplicação de estratégias de interação e mediação sociocultural visando a promoção de automatismos cognitivos precisos, bem como a presença de um contexto social facilitador. Neste sentido, a Instituição Educacional pode vir a humilhar, ameaçar e desencorajar, mais do que reforçar ou encorajar o estudante. Ademais, costuma-se ensinar a pensar de forma errônea que induz o aluno a perder sua espontaneidade e a sua curiosidade, submetendo-os a normas de rendimento e eficácia, ou a métodos e correntes pedagógicas que estão na atualidade. Nesta perspectiva, ao nos depararmos com a problemática das Dificuldades de Aprendizagens (DAs), não podemos deixar de ponderar a respeito da escola e/ou 19 universidade, como instituição, que é basicamente reveladora dos problemas das crianças e/ou jovens, e não, de seus atributos e competências. Assim, o futuro profissional deste aluno, fica comprometido diante de uma sociedade cada vez mais exigente, não lhes proporcionando lugar para se inserirem e desenvolverem como cidadãos produtivos.O conceito de fracasso escolar é algo mutável e está profundamente conectado com os conhecimentos demandados pela sociedade, em um período histórico específico. Uma criança que fracassa é alguém que, em determinado momento e na avaliação da escola, não consegue aprender o que a instituição espera que aprendam os alunos de sua idade, necessitando de medidas concretas para corrigir a situação. Isso demonstra que o fracasso escolar não se limita apenas ao não aprender por parte do aluno. É também o reconhecimento oficial, a legitimação desse aprender, é o que diz a escola a esse respeito. (ROVIRA, 2009, apud NUNES E SILVEIRA, 2008, p.176-177) Desde modo, as instituições de ensino não podem resistir a mudança, ter- se-ão que se adaptar à diversidade, além de necessitar utilizar novos processos de atuação diante do fracasso que se apresenta. Por consequente, segundo Rovira (2009, apud NUNES; SILVEIRA, 2008, p.176-177), [...] fala-se em fracasso escolar de uma maneira global, como se o aluno fracassasse em sua totalidade, ou seja, como se não progredisse em nada durante os anos escolares, no que tange aos seus conhecimentos ou seu desenvolvimento pessoal e social. Os sistemas de ensino e de formação precisam rever suas metodologias e estratégias para que possam desenvolver as competências e capacidades de seu alunado. Atuando também com novos processos de prevenção, de avaliação ativa e de recursos na intervenção preventiva, individual e clínica do alunado. Das muitas definições a respeito da DA, optamos pelo do Comitê Nacional Americano de Dificuldades de Aprendizagem (National Joint Committee of Learning Disabilities – NLCLD), de 1988 é, presentemente, a que reúne maior consenso. Assim, Dificuldades de aprendizagem é uma expressão genérica que refere um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e no uso da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e da matemática. Tais desordens são intrínsecas ao indivíduo, presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do sistema nervoso que pode ocorrer e manifestar-se durante toda a vida. Problemas na autorregulação do comportamento, na atenção, na percepção e na interação social podem coexistir com as DA. (FONSECA, 2016, p.23) 20 Desde modo, a denominação “DA” é usada para exprimir episódios complexos, indiferente desta definição. De acordo com Sanchez (2004, p.22) a definição consensual do NJCLD tem por base cinco princípios que foram desenvolvidos pelo comitê 1. As DAs são heterogêneas, inter e intra-individualmente. 2. As DAs pressupõem dificuldades significativas na aquisição e no uso da compreensão, na fala, da leitura, da escrita, do raciocínio e/ou das habilidades matemáticas. 3. As DAs são intrínsecas ao indivíduo. 4. As DAs podem ocorrer de forma concomitante com outros problemas que constituem por si mesmos uma DA. 5. As DAs não se originam por influências extrínsecas. Para tanto, deve-se levar em consideração todo indício de discrepâncias entre aptidão cognitivo/rendimento, como também as diferenças individuais dos pontos fortes e fracos do aluno. Sanchez (2004, p. 32) relata que o diagnóstico prescritivo é baseado em quatro passos: 1. A avaliação das necessidades especiais da criança, sejam físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou educativas; 2. A determinação do que deve ser o foco educacional do desenvolvimento dos objetivos anuais e a curto prazo do Programa de Desenvolvimento Individual; 3. Decidir COMO há de se proporcionar a educação mediante a utilização da análise de tarefas e o uso de técnicas educacionais especializadas; 4. Medir os progressos da criança após a aplicação de programas de educação especial. Nota-se a importância de um olhar amplo para o educando, para que assim possa, se determinar um diagnóstico no decorrer de todo o processo de avaliação. Consonante Sanchez (2004, p. 32) relata que a avaliação é norteada em três áreas fundamentais: 1. A avaliação compreensiva de necessidades completas da criança; 2. O diagnóstico mediante testes de áreas de habilidades e déficits; e 3. Análise dos padrões e dos perfis das diferenças individuais, sejam inter ou interindividuais. Deveras, o termo “DA” é utilizado para qualificar um caso complexo, de uma área repleta de diversos problemas pedagógicos inadequados até uma ampla variedade de fatores diversificados ao processo ensino-aprendizagem. Dos múltiplos comportamentos de estudantes com DA, pela literatura internacional especializada, Fonseca (2016, p.23-24) relata os dez mais referenciados: 21 Problemas de hiperatividade; Problemas psicomotores; Problemas de orientação espacial; Labilidade emocional e motivacional; Impulsividade; Problemas de memória; Problemas cognitivos de processamento de informação; Problemas de audição e de linguagem; Sinais neurológicos difusos; Dificuldades específicas na aprendizagem da leitura, da escrita e da matemática. Por certo, as DA mobilizam disfunções em um ou mais processos de recepção, integração, elaboração e expressão de informação, que atingem o desempenho e o rendimento escolar. Segundo Fonseca (2016), o conceito de necessidades educativas especiais (NEE), mencionado no Decreto-Lei nº 319/91, é de grande valia por todos os parâmetros e pressuposições já conhecidas. O quesito das DA está em não a considerar como uma questão pessoal ou individual, e menos ainda como um modo de insucesso da criança ou do jovem aprendiz uma vez que não existe características ou comportamentos específicos de alunos com DA. Há sim, características semelhantes em termos globais como citadas acimas além do mais cada pessoa tem sua particularidade e especificidade. Desta forma, a avaliação neuropsicopedagógica pode auxiliar no encontro de melhores métodos e estratégias de intervenção para alcançar esses alunos. Com isso, os professores podem propiciar um suporte fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Neste contexto o intuito do PADIS – Programa de Atendimento ao Discente é contribuir com análises e sugestões a respeito das condições de ensino de modo amplo, visando aprimorar o atendimento ao aluno que apresente qualquer condição que acarrete dificuldades para permanecer e ter sucesso no contexto escolar sejam elas permanentes ou temporárias. Para que a educação inclusiva obtenha êxito, faz-se necessário inicialmente conhecer os alunos, o que eles sabem ou não, para assim, partindo desse conhecimento orientá-los a desenvolver novos conteúdos com bases científicas. É importante aproveitar todas as oportunidades do dia a dia para questioná-los e observá-los atentamente com discrição, bem como evitar as atividades mecânicas e repetitivas e apresentar conceitos acabados, pelo fato de não serem significativas para os alunos. A aprendizagem se torna significativa a partir do momento em que o 22 aluno constrói e compreende os conceitos e estabelece relações com a sua realidade. De maneira geral, as PCDs – Pessoas com Deficiência, aprendem de forma semelhante aos demais alunos, o que os difere é o fato de que podem necessitar de mais apoio, sequências e ritmo diferentes e em algumas situações de outros recursos (humanos ou materiais). Para o desenvolvimento da autonomia desses alunos é importante que lhes sejam ofertadas possibilidades de escolhas entre diferentes tipos de atividades, além disso, que possam escolher como realizá-las. Esses procedimentos auxiliam os alunos a tornarem-se mais responsáveis pelo seu processo de ensino aprendizagem. Destaca-se que tanto pedagogos, como professoresque realizam atendimentos a PCDs devem estar permanentemente atualizando-se e ampliando os seus saberes para responder adequadamente as diferentes necessidades dos alunos. Neste contexto, a partir das demandas existentes nesta instituição de ensino e que buscam suporte pedagógico junto ao PADIS é realizada a escuta atenta e acolhimento ao acadêmico, buscando elementos que possam contribuir para a elaboração de estratégias efetivas de aprendizagem que estejam de acordo com a especificidade de cada um. Assim, algumas das demandas atendidas neste setor, bem como os procedimentos e/ou estratégias adotados, destacam-se: 2.3.1 TEA – Transtorno do Espectro Autista O transtorno do Espectro Autista (TEA) envolve inúmeras condições determinadas por impactos do desenvolvimento neurológico, todas relacionadas com dificuldade no relacionamento social que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. De acordo com Schimid (2010, p.29), [...] o autismo é um transtorno global definido pela presença de desenvolvimento anormal antes dos três anos de idade. Há comprometimento da interação social, da comunicação e um padrão de comportamento restrito e repetitivo. 23 O que se propõe inicialmente a este acadêmico é o desenvolvimento das habilidades comunicativas através da promoção do diálogo, o qual precisa ser realizado pausadamente, utilizando palavras simples, entonação que apresente ânimo, volume adequado, dentre outros. Para que a aprendizagem seja assegurada, faz-se necessário seguir alguns procedimentos com relação a esse acadêmico: 1. Assegurar a motivação aos estudos; 2. Propor atividades de forma clara, de acordo com o seu nível de compreensão; 3. Oferecer ajuda constante; 4. Utilizar reforçadores imediatos. No manual DSM-5, a Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2013) classifica o transtorno do espectro do autismo (TEA) entre os chamados transtornos do neurodesenvolvimento. O TEA “[...] é definido como um transtorno do desenvolvimento neurológico e global, que deve estar presente desde a infância, apresentando importantes déficits nas dimensões sociocomunicativas e comportamentais” (NUNES; et al, AZEVEDO; SCHMIDT, 2013, p. 558) Desta forma, entendemos que o autismo é caracterizado por um déficit na interação social visto pela inabilidade em relacionar-se com o outro, usualmente combinado com déficits de linguagem e alterações de comportamento. Cada sujeito com TEA apresenta sinais e sintomas específicos, contudo alguns deles costumam ser mais comuns, como estereotipias, manipulação digital persistente, olhar fixo, insistência em aderir a rotinas, interesse e sensibilidade sensoriais atípicos, entre outros. 2.3.2 Deficiência Intelectual/Mental A deficiência intelectual se apresenta por dificuldades em capacidades mentais genéricas, como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, aprendizado acadêmica e aprendizagem por experiência. Desde modo, a deficiência Intelectual segundo DSM.V (F70 – 317) é um transtorno com início no período do desenvolvimento que inclui déficits funcionais, tanto intelectuais quanto adaptativos, nos domínios conceitual, social e prático. O conceito de deficiência intelectual é também definido como déficit de inteligência, abrangendo variadas causas pré, peri e pós-natais. Ao se referir à aprendizagem do indivíduo com deficiência intelectual, não se toca apenas na aprendizagem acadêmica, mas de aprendizados da vida cotidiana e da vida prática. A Associação Americana de Deficiência Mental (DM) define-a como 24 [...] todos os graus de defeito mental devidos ou que levam a um desenvolvimento mental insuficiente, dando como resultante que o indivíduo é incapaz de competir, em termos de igualdade, com os companheiros normais, ou é incapaz de cuidar de si mesmo ou de seus negócios com a prudência normal. (Plano Estratégico 2016-2020, p.05) Assim, é um transtorno de desenvolvimento que faz com que o indivíduo tenha um nível cognitivo e comportamental muito abaixo do que é esperado para a sua idade cronológica. As pessoas com déficit intelectual apresentam limitações nas suas habilidades mentais, têm dificuldades em compreender ideias abstratas, resolver problemas, compreender e cumprir regras, estabelecer relações sociais e realizar atividades cotidianas, por exemplo. As causas que levam ao déficit intelectual são variadas. No entanto, fatores genéticos costumam ser os principais responsáveis por essa condição. Outros fatores que também contribuem para a deficiência mental são de natureza perinatal, ou seja, complicações durante a gestação do bebê, como a má-formação fetal, por exemplo. O indivíduo que apresenta deficiência intelectual deve ser avaliado e acompanhado por um suporte psicológico e pedagógico. Em alguns casos, também é importante acompanhamento fonoaudiológico e de médicos, por outros transtornos ou doenças podem estar associados à deficiência intelectual. Desse modo, o acadêmico precisa de intervenções organizadas que facilitem a sua capacidade de independência nos modos de se relacionar com o mundo. Faze – se direcionar a atenção do educando para o que se quer ensinar de forma contextualizada que resultará em aprendizagens significativas. Assim, nesta ótica, basear as intervenções apoiadas no lúdico, como uma forma de assegurar a elaboração de conhecimentos, porque acredita-se que as mesmas são favoráveis a expressão do imaginário, a aquisição de regras e a apropriação do conhecimento. Dessa maneira, como estratégia para esses acadêmicos, a realização de testes de memória; atividades que desenvolvam a memória de curto, intermediário e longo prazo gradualmente, de forma a alcançar esses níveis. As atividades precisam oferecer diferentes graus de complexidade, explorar a utilização de materiais diferenciados, organizar uma rotina de estudos através da elaboração de plano de estudos, utilizar reforçadores positivos, dentre outras estratégias. 25 2.3.3 Deficiência Auditiva/Surdez A linguagem desempenha um papel essencial na organização perceptual, na recepção e estruturação das informações, na aprendizagem e nas interações sociais do ser humano. A audição constitui-se em um pré-requisito para a aquisição e o desenvolvimento da linguagem. Audição e linguagem são funções correlacionadas e interdependentes. Segundo Montelli (2002) deficiência auditiva é apontada como a diferença existente entre o desempenho da pessoa e a habilidade normal para a percepção sonora de acordo com padrões estabelecidos pela American National Standards Institute (ANSI – 1989). Admite-se, que a audição dita como normal corresponde à habilidade para a percepção sonoro até 20 dB N.A (decibéis, nível de audição). A deficiência auditiva, também conhecida como hipoacusia ou surdez, caracteriza-se pela perda ou redução, parcial ou total, da habilidade de detectar sons. Ela pode se apresentar desde o nascimento, através da má-formação do aparelho auditivo humano, mas também pode ser causada por lesões, doenças provocadas por ruídos ou pelo envelhecimento humano, que é uma consequência natural do organismo. Na maioria dos casos em que ela se apresenta a deficiência auditiva não tem cura, porém em muitos deles, realiza-se o tratamento com o uso de aparelhos auditivos. Os princípios norteadores da educação em nosso país ainda são baseados na normalização e integração que não priorizam o respeito às diferenças. Com este acadêmico, inicialmente, realiza-se uma análise de suas capacidades comunicativa, cognitiva e social, bem como as suas possibilidades de aprendizagem.Durante esse atendimento deve-se falar dirigindo o olhar e empregar todo tipo de meios de informação. Busca-se orientar o acadêmico que em sala de aula, para que se sente próximo ao local onde o professor fique com mais frequência e evite sentar próximo à janela; sempre que considerar necessário solicitar ao professor que repita as informações que não conseguiu acompanhar, e até repeti-las individualmente para que entenda o conteúdo. E se necessário, o apoio de um intérprete. 26 2.3.4 Deficiência Visual A visão é um sentido muito importante para o desenvolvimento do ser humano, por através dela adquirir mais da metade dos conhecimentos sobretudo o que cerca. Segundo, Marta Gil (2002, p. 8) A cegueira, ou perda total da visão, pode ser adquirida, ou congênita (desde o nascimento). O indivíduo que nasce com o sentido da visão, perdendo-o mais tarde, guarda memórias visuais, consegue se lembrar das imagens, luzes e cores que conheceu, e isso é muito útil para sua readaptação. Quem nasce sem a capacidade da visão, por outro lado, jamais pode formar uma memória visual, possuir lembranças visuais. O impacto da deficiência visual (congênita ou adquirida) sobre o desenvolvimento individual e psicológico varia muito entre os indivíduos. Depende da idade em que ocorre, do grau da deficiência, da dinâmica geral da família, das intervenções que forem tentadas, da personalidade da pessoa – enfim, de uma infinidade de fatores. A fonte de informações mais importante para o educador traçar sua diretriz de ação junto ao educando é saber como ele é (como percebe, age, pensa, fala e sente). O deficiente visual percebe a realidade que está a sua volta por meio de seu corpo, na sua maneira própria de ter contato com o mundo que o cerca. Para conhecer o deficiente visual e seus significados (interesses e conhecimentos) e habilidades, é necessário acompanhá-lo nesse trajeto percorrido pelo seu corpo, prestando atenção ao referencial perceptual que ele irá revelar, que não é o da visão. Partindo dos próprios caminhos perceptuais dos deficientes visuais, o educador pode oferecer-lhes oportunidades para entrarem em contato com novos objetos, pessoas e situações e, assim, saber (ou aprender). O convívio com pessoas portadoras de deficiência (de qualquer tipo) contribui para facilitar a quebra de tabus e de estigmas, favorecendo a plena inclusão do portador de deficiência na sociedade. Com esses acadêmicos, de maneira geral, são utilizados livros ou textos falados, lupas, adaptação de materiais escritos, ampliação de textos com variação do espaço entre as linhas, cadernos com pautas ampliadas, onde o verso da página não é usado para que a sombra não prejudique a leitura, desenhos simples sem muitos detalhes, dispor de um tempo maior para realização das atividades, etc. Bem como, para as aulas de acordo com Gil (2000): 27 A apresentação do professor ao acadêmico é fundamental a para que o educando cego reconheça seu professor pelo reconhecimento de sua voz. Conhecimento do histórico do acadêmico (quando perdeu a visão, estratégias de estudo já construídas, instituição que o acompanha, se possui memória visual, se necessita de material ampliado, se trabalha com Braile ou com softwares, etc.); O conteúdo programático deve ser ofertado no modo digital ou em Braile, ou em forma ampliada para o acadêmico com baixa visão; Os textos e demais leituras que serão solicitados aos acadêmicos necessitam estar convertidos a formatos acessíveis (Braile, áudio, texto eletrônico - email, pen drive, CD, forma ampliada, etc.). Quando forem usadas imagens, explorar a fala narrativa e descritiva; Quando forem utilizados equipamentos, explorar a fala descritiva e o tato. Caso o acadêmico deseje gravar (em áudio ou vídeo) a aula, ele deve obter autorização do professor em questão – o professor tem direito autoral sobre a sua aula. Na avaliação deve-se explorar as potencialidades dos acadêmicos - foco na habilidade, não na deficiência, sem minimizar o grau de exigência; O acadêmico ou professor por optar por uma forma adaptada de avaliação ou por algum apoio pedagógico. Desta forma, a instituição escolar ou acadêmica proporciona as pessoas com dificuldade um espaço de inclusão, promovendo trocas enriquecedoras para os alunos e toda a equipe escolar. 2.3.5 TDA/H – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a vida. Caracteriza-se por um padrão de manifestações de dificuldades ao desenvolvimento na manutenção da atenção, no controle dos impulsos, assim como na regulação da conduta motora em resposta às demandas da situação. Segundo Rotta (2017, p. 276) o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) como 28 como uma síndrome neurocomportamental com sintomas classificadas em três categorias: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Portanto, o TDAH se caracteriza por um nível inadequado de atenção em relação ao esperado para a idade, o que leva a distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais. As dificuldades de aprendizagem que apresentem podem ser abordadas de forma específica semelhantes às DAs, pelo que podem se beneficiar dos avanços na área das DAs, ao menos nos aspectos acadêmicos. De acordo Sánchez (2004 apud Anastopoulos e Barkley, 1992, p. 41) detectaram outras comorbidades, tais como: Problemas de conduta, como transtorno desafiador de oposição; Implicações emocionais, como hipersensibilidade, baixa auto-estima, baixa tolerância à frustação e até mesmo sintomas de depressão e ansiedade; Problemas de socialização; Problemas familiares; dificuldades no desempenho acadêmico, apresentando rendimentos menores do que os esperáveis por seu potencial estimado;] Habilidades cognitivas e linguísticas. O diagnóstico mais indicado seria uma avaliação ampla e interdisciplinar para observar as características mais marcantes como o controle no comportamento voluntário, com movimentação física constante e fala excessiva, bem como, a incapacidade de manter-se sentado por um período longo, impulsividade, baixa tolerância, entre outros. Segundo Seabra e Dias (2012, p. 148) alega que o diagnóstico é feito com base essencialmente clínica, sendo suportada pelos critérios provenientes dos sistemas classificatórios como o DSM IV-TR (APA, 2002) ou o CID-10 (OMS, 1993). Porém, devido a mudanças no ambiente familiar, o alto número de crianças por sala de aula e a sofisticação do sistema de comunicação, as crianças estão cada vez mais desenvolvendo comportamentos de risco, que podem ser precipitadamente diagnosticados como sintomas de TDAH. Desde modo, o diagnóstico precisa ser baseado no quadro clínico comportamental, já que não há um registro preciso para todos os casos de TDAH. Inicia com a escuta do histórico de fatores que motivou a preocupação predominada por desatenção, hiperatividade ou se ambas estão presentes. Alunos com TDA/H precisam de apoio pedagógico intenso. A preocupação maior está em desenvolver o potencial de cada um, respeitando as diferenças individuais, reforçando os pontos fortes e buscando auxiliá-los na superação dos 29 pontos fracos. Desde modo, o diagnóstico é fundamental para que o neuropsicopedagogo possa atuar de forma tranquila e significativa. Para tanto, faz-se necessário manter um grau elevado de comunicação com o acadêmico, detectando as dificuldades e o tipo de ajuda que ele necessita. São realizadas com esses acadêmicos autoavaliaçõespara que se (re)conheça melhor e identifique potenciais situações que lhe tirem o foco e retomando-o, bem como teste de Neurolinguística, visando identificar o canal de aprendizagem mais desenvolvido e assim propor estratégias efetivas de aprendizagem. A desatenção demonstra-se por comportamentos no TDAH como divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização – e não constitui falta de entendimento. A hiperatividade concerne a atividade motora excessiva quando não adequado - nos adultos tende a aparecer como inquietude extrema. A impulsividade alude a ações precipitadas que acontecem em momentos não planejados e com possível dano à pessoa. Desta forma, atuamos repassando orientações de como obter um melhor aproveitamento da aula, tais como: gravá-las, utilizar o computador para acompanhar os materiais utilizados pelos professores, os quais devem ser organizados previamente e organizados em pastas separadas por disciplinas, fazer uso de canetas ou lápis coloridos para as anotações no caderno, para realçar ou reescrever informações relevantes, tomar água enquanto aguarda as instruções e/ou ouve o professor, utilizar palavras chaves para relembrar os conteúdos, elaboração de mapas conceituais, leitura ativa, como se fazer apontamentos mais objetivos dentre outras. 2.3.6 Transtornos de Aprendizagem Os transtornos da aprendizagem, frequentemente, são diagnosticados quando dos resultados dos testes padronizados, apresentam desempenho abaixo do esperado para a idade cronológica, escolarização e nível de inteligência. Apresentam-se geralmente associado à desmoralização, baixa autoestima e déficits nas habilidades sociais. Conforme o DSM.V (F8, 315) O transtorno específico da aprendizagem é um transtorno do neurodesenvolvimento com uma origem biológica que é a base das anormalidades no nível cognitivo as quais são associadas com as manifestações comportamentais. 30 Desde modo, uma característica básica do transtorno de aprendizagem são as dificuldades perseverantes para aprender habilidades acadêmicas fundamentais. Tais como: inteligência normal; ausência de alterações motoras ou sensoriais; bom ajuste emocional, nível socioeconômico e cultural aceitável. 2.3.7 Transtorno da expressão escrita A expressão escrita envolve a efetividade prática da transmissão de informações de forma compreensiva, para que qualquer pessoa possa entender o que está escrito. Para Zorzi (2003, p.129), escrever não se reduz a um simples processo de “codificação”, ou seja, de simples transformação da fala em escrita, mas é uma forma de representação da linguagem oral e, como tal “[...] escrever também diz respeito ao ato de significar, de representar ideias, conceitos ou sentimentos através de símbolos, mas de ordem gráfica e não sonora”. Durante o processo de evolução e de construção da escrita, mesmo sem comprometimento intelectual, podem ocorrer dificuldades significativas na sua aquisição, a isso se denomina transtorno da expressão escrita. Conforme consta no DSM.IV (F81.3 – 315.2), as habilidades de escrita, frequentemente, existe uma combinação de dificuldades na capacidade do indivíduo de compor textos escritos, evidenciando erros de gramática e pontuação dentro das frases, má organização dos parágrafos, múltiplos erros ortográficos e caligrafia excessivamente ruim. O diagnóstico de Transtorno da Expressão Escrita em regra não é fornecido quando há somente erros ortográficos ou caligrafia precária. Tarefas nas quais o acadêmico é solicitado a copiar, escrever um ditado e escrever de forma espontânea podem ser essenciais para a indicação de presença deste transtorno. Segundo Zorzi (2003) quando a criança chega à fase alfabética, pode-se dizer que teve início o processo de alfabetização, sendo que o desafio passa a ser o domínio das regras que determinam as convenções da escrita, isto é, a ortografia. O Transtorno da Expressão Escrita pode gerar problemas psicológicos e de interação social. A intervenção nos transtornos da expressão escrita deve inserir estimulação da consciência fonológica e da associação grafema-fonema. O ideal é que não se dê 31 destaque para atividade de memorização visual, e sim no sentido de oferecer sinais (proprioceptivas, auditivas e visuais) à criança, para que ela possa compreender as normas ortográficas, quando estas existirem, através de considerações fonológicas e lexicais (SANTOS; NAVAS, 2002). Desta forma, ressaltamos que aprender a ler e não depende unicamente das habilidades das crianças e jovens – mas do contexto inseridos sendo importante o contato com a língua escrita através da convivência com pessoas que saibam ler e escrever. Desta maneira, o papel da escola também é um fator preponderante por ter responsabilidade de conhecer a história de cada educando, e oferecer condições favoráveis para aprender, considerando as individualidades e os diferentes ritmos de aprendizagem. 2.3.8 Transtorno de Leitura O aprendizado é um processo intricado, dinâmico, que resulta em alterações estruturais e funcionais permanentes do SNC. E, as dificuldades na aprendizagem das funções verbais escritas, leitura e escrita, são um critério básico na consideração dos problemas especiais do alunado. Também conhecido como dislexia, é um transtorno descrito por especificidade em compreender palavras escrita. Segundo Ohlweiler (2017, p. 109) o transtorno de leitura é descrito como dificuldade específica em entender palavras escritas. Assim, o transtorno de leitura compreende a capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de interpretar um texto. Os portadores desta dificuldade não conseguem combinar a memória fonética, ou seja, interligar os fonemas às letras. 2.3.9 Dislexia A dislexia revela uma dificuldade na aprendizagem da leitura, uma inabilidade de aprender a ler, ou para assimilar a linguagem escrita. García (1998, p.173) define “[...] dislexia como um déficit no desenvolvimento do reconhecimento e compreensão dos textos escritos. [...] Somente se classifica como tal se é produzida uma alteração relevante do rendimento acadêmico ou da vida cotidiano.” 32 De forma conjunta, habituam aparecer dificuldades na fala e na linguagem significativa. Nada obstante a leitura é uma tarefa complexa, que coloca em funcionamento inúmeros cognitivos, as dificuldades de aprendizagem da leitura podem ser provocados – hipoteticamente – por déficits ou não aprendizagem dos processos perceptivos, seja nos movimentos repetitivos ou nas fixações, ou melhor, na análise visual, por deficiências ou não aprendizagem no modo léxico, ou do reconhecimento das palavras, que seria o núcleo do transtorno na maioria dos casos. Nunca é tarde demais para ensinar disléxicos a ler e a processar informações com mais eficiência. Obviamente, não existe um tratamento padrão adequado a todas as crianças com dislexia, pelo que o recurso a uma intervenção individualizada deverá ser a preocupação principal de quem quer ajudar. 2.4.0 Discalculia O cálculo é uma função cerebral complexa; em uma operação aritmética simples, diversos instrumentos cognitivos são implicados, como processamento verbal e/ou gráfico da informação, percepção, reconhecimento e produção de números, representação número/símbolo, discriminação visuoespacial, memória de curto e longo prazo, memória de trabalho, raciocínio sintáxico e atenção. A discalculia é definida como uma alteração específica em aritmética, não atribuível exclusivamente a uma retardo mental global ou à escolarização inadequada.O déficit concerne ao domínio de habilidades computacionais básicas de adição, subtração, multiplicação e divisão mais do que às habilidades matemáticas abstratas envolvidas em álgebra, trigonometria ou cálculo. (DSM.V, F81.2 – 315.1) Segundo o DSM.V – F.79.9, a característica essencial do Retardo Mental é um funcionamento intelectual significamente inferior à média, acompanhado de limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança. Muitos dos alunos revelam problemas na aprendizagem desta disciplina. Muitos deles não compreendem os enunciados dos problemas, outros demoram muito tempo a perceber se precisam de somar/dividir/multiplicar e alguns não 33 conseguem concluir uma operação aparentemente simples. Desde modo, é perigoso aludir que estas dificuldades podem estar associadas a fatores como a preguiça/desmotivação/desinteresse (como alguns pais/professores julgam), mas relacionadas com a discalculia. Para Silva (2008), não existe uma causa única e simples que possa justificar o aparecimento da discalculia. Os estudos efetuados nesta área são recentes e as conclusões não podem, ainda, ser generalizadas. No entanto, têm sido feitas investigações em vários domínios, como a neurologia, a linguística, a psicologia, a genética e a pedagogia. Os alunos que demonstram tempo de produção mais moroso, muitas vezes, usam os dedos para contar. Geralmente, são ansiosos, desmotivados e têm medo de errar, causa do descaso por parte dos colegas de turma, professores e/ou pais/familiares. Estas dificuldades podem conduzir, em casos extremos, a uma fobia à matemática. As diversas pesquisas sobre o tema demonstram que as habilidades do cálculo matemático exigiam, teoricamente: 1. Habilidades de orientação 2. Habilidades de alinhamento de números e símbolos 3. Habilidades de monitorizar e formar números 4. Habilidades de direcionalidade, tais como: acima-abaixo, direita- esquerda, aspectos diagnonais 5. Habilidades de memória e atenção 6. E, inclusive, habilidades superiores de raciocínio matemático-quantitativo de ordem superior 7. Habilidades matemáticas conceituais. (GARCIA, 1998 apud MORRIS; WALTER, 1991, p. 221) Quando se trata de jovens e adultos com dificuldades de aprendizagem de matemática, são encontrados vários modos que, de alguma forma, são semelhantes aos das crianças com dificuldades de aprendizagem da matemática. 2.4.1 Disortografia Disortografia deriva dos conceitos “dis” (desvio) + “orto” (correto) + “grafia” (escrita), ou seja, é uma dificuldade manifestada por “[...] um conjunto de erros da escrita que afetam a palavra, mas não o seu traçado ou grafia” (Torres; Fernández, 2001, p. 76). 34 Desta forma, nota-se problemas nos procedimentos da escrita, que resultam na produção deficiente de textos por não conseguirem relacionar os símbolos gráficos que representam os sons falados. Para Torres e Fernández (2001), no entanto, as razões da disortografia estão baseadas em aspectos perceptivos, intelectuais, linguísticos, afetivo- emocionais e pedagógicos. Uma criança com disortografia demonstra, geralmente, falta de vontade para escrever e os seus textos são reduzidos, com uma organização pobre e pontuação inadequada. É fundamental citar que seja qual for a intervenção escolhida, é relevante que o especialista (seja ele o professor, o psicólogo, o pai) leve em consideração as verdadeiras habilidades e dificuldades do aluno e seja capaz de planejar um conjunto de atividades que vão ao encontro dessas (in)capacidades específicas. Torres (2001, p.86) [...] especifica sete categorias de disortografia: disortografia temporal que a pessoa não é apta a ter clareza dos fatores fonéticos da classe falada com a ordenação e a separação dos elementos. Disortografia perceptivo – cinestésica que se norteia na incapacidade que a pessoa tem para repetir os sons, apurando as substituições no modo de articular os fonemas. Disortografia cinética que se norteia uma deficiência de ordenação e sequenciação dos elementos gráficos concebendo erros de união – separação. A disortografia visuo-espacial é uma modificação perceptiva da figura dos grafemas; a disortografia dinâmica que averigua variação na sentença escrita das ideias e na estrutura sintática das proposições; a disortografia semântica esclarece como a análise é fundamental para a limitação dos marcos das palavras e a disortografia cultural que o acadêmico demonstra dificuldade na aprendizagem da ortografia convencional. O Programa de Atendimento ao Discente possui um número expressivo de estratégias pedagógicas, as quais foram elaboradas pensando em cada necessidade que surge e estas são utilizadas de acordo com a demanda específica. Todos os atendimentos pedagógicos são realizados com o entendimento de que cada ser humano é único e precisa ser atendido de forma a ter as suas dificuldades sanadas/amenizadas, sem “receita pronta”, mas respeitando cada um de acordo com as suas particularidades. 35 CAPÍTULO III 3 FORMAS DE ATUAÇÃO DIANTE DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM A Neuropsicopedagogia se faz presente em qualquer ambiente onde se processa aprendizagem, em todos os momentos, em todas as faixas etárias e em todos estágios da vida. Afinal, aprendizagem humana é contínua e permanente, mesmo quem se nega a aprendizagem está adquirindo conhecimento de alguma maneira. Segundo Elina Dabas (1988), a aprendizagem é um processo pelo qual o indivíduo interage com o meio, que absorve o conteúdo transmitido por este, baseado em suas necessidades e interesses, a qual é constituída por estruturas psíquicas (levando em conta a relação social e o funcionamento do inconsciente e da cognição), alterando sua postura diante de novas situações e realiza transformações particulares no ambiente. Desde modo, a aprendizagem criativa pede uma capacidade crítica do indivíduo. Assim, tem-se como objetivo estudar o ato de aprender e de ensinar, com a preocupação sempre nas realidades internas e externas da aprendizagem, em sua totalidade. Busca-se compreender a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, conduzindo a paridade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe são subentendidos. A Neuropsicopedagogia não se limita ao estudo das dificuldades e dos transtornos de aprendizagem, mas à aprendizagem de um modo geral, seja no seu estado normal ou patológico, qualquer pessoa, seja qual for a faixa etária. Essa pode melhorar seu rendimento escolar e acadêmico, como entender o seu processo de aprendizagem, tornando a aprendizagem mais significativa e o aprendiz um ser mais ativo neste processo. 3.1 TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA O autismo é uma condição que dura para a vida toda. Os indivíduos com esse transtorno necessitam de cuidados específicos. Alguns fatores indicam uma possibilidade melhor: quando a criança consegue falar até os cinco anos, apresentam um nível intelectual médio e uma boa resposta às intervenções educacionais Inúmeros saberes direcionam que quanto antes for realizado o diagnóstico e iniciada a intervenção, melhor é o prognóstico da pessoa. Para tanto, é fundamental que todos os envolvidos como pais, professores, médicos e pessoas que atuam 36 junto com indivíduos com TEA observam seus gestos precocemente, além dos marcadores do desenvolvimento infantil. A. Déficits persistentesna comunicação social e na interação social em múltiplos contextos de acordo com DSM.V (299.00 F84.0) 1. Déficits na reciprocidade socioemocional (dificuldade para estabelecer uma conversa normal, compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais). 2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social (comunicação verbal e não verbal pouco integrada, dificuldade em estabelecer contato visual e linguagem corporal, déficits na compreensão e uso gestos). 3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos (dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a contextos sociais diversos, compartilhar brincadeiras imaginativas ou em fazer amigos, ausência de interesse por pares). Desta forma, os prejuízos na comunicação social incluem dificuldades quanto aos aspectos verbais e não verbais da linguagem e variam nos indivíduos com TEA desde a ausência da fala até atraso na linguagem ou dificuldade de compreensão da fala ou dos aspectos não verbais da comunicação. Mesmo indivíduos autistas com boas habilidades de vocabulário e gramática podem apresentar prejuízos na comunicação social recíproca pelo uso literal da linguagem, o que leva a dificuldades de compreensão dos conteúdos que não devem ser levados ao pé a letra e dos gestos ou da postura corporal do outro durante as interações sociais. B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes como discorre DSM.V (299.00 F84.0) 1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (estereotipias motoras simples, alinhar brinquedos ou girar objetos, ecolalia, frases idiossincráticas). 2. Insistência nas mesmas coisas, inflexibilidade com rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (sofrimento extremo em relação a pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, rituais de saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos diariamente). 3. Interesses fixos e altamente restritos que são intensos (forte apego ou preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverativos). 4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (indiferença aparente a dor/temperatura, reação contrária a sons ou texturas específicas, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes ou movimento). 37 Desde modo, alguns padrões de fascinação ou apego a comportamentos repetitivos podem relacionar-se a hiper ou hipo reatividade a estímulos sensoriais, manifestados através de interesse excessivo por sons, texturas, luzes, objetos que giram, etc. Outras reações extremas como restrição alimentar, medo de sons ou indiferença à dor ou temperaturas extremas também são comuns. C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (mas podem não se tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida). É importante salientar que as intervenções devem ser aplicadas de acordo com a demanda de casa pessoa, porque as necessidades de uma podem ser diferentes de outra. D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente Uma mudança no diagnóstico de TEA presente no DSM-V é a adoção de classificações de acordo com o grau de severidade dos sintomas. Como pode ser observado na tabela abaixo, indivíduos com TEA, atualmente, são classificados como grau leve (nível 1), moderado (nível 2) ou severo (nível 3). Os graus diferem de acordo com o nível de apoio que o indivíduo precisa para atender suas necessidades. Arquivo pessoal 38 Entre as práticas de intervenção focada nas pessoas com TEA, quanto a organização do ambiente de trabalho inclui-se facilitar a identificação da tarefa, a organização de sua sequência através de informação de qual é a atividade – quando começa e quando acabe – qual a próxima atividade. Para intervir quanto a rotina há de se ofertar possibilidade de um entendimento do que está ocorrendo estabelecida na apresentação das atividades. Propicia desta forma segurança e confiança. Além disso, como as pessoas com autismo são rotineiros por natureza, esse recurso é utilizado para substituir as rotinas negativas e inúteis que apresentam por atividades e atitudes funcionais. Segundo Gadia, et al (2009, p.444) afirma que “[...] práticas baseadas em evidências devem ser cuidadosamente selecionadas para atender as necessidades do aluno e devem ser implementadas com o objetivo de se atingir o benefício educacional”. É fundamental observar os objetivos de curto e longo prazo, o que viabilizará a opção de estratégias de ensino mais indicado. Quando observamos indivíduos com autismo percebemos um modo cognitivo diferenciado, isto indica que seu cérebro opera as informações de um modo incomum. Eles ouvem, sentem e veem, contudo o seu cérebro organiza estas informações de uma forma singular. Destaca-se o quão o importante dar ordens curtas e claras; atrair o educando pelo olhar; mostrar como se faz e não apenas falar; falar direcionado para ele e não para o grupo; atenção como reforçador; deixar claro de quando começa e quando acaba a atividade; orientar iniciar por atividades simples, enfim, uma sala simples sem muitos distratores e com poucas mudanças. Para tanto, as intervenções devem ser adequadas às suas singularidades e complexidades, tendo em vista, atividades específicas e individualizadas, que garantam a previsibilidade das atividades diárias e a motivação nas atividades propostas, estimulando a socialização para que este conquiste dentro de sua realidade a maior independência possível. Segundo Gadia (2009, p.446) afirma que “[...] tecnologias assistidas oferecem uma forma de ensino e engajamento que capitaliza os pontos fortes e as preferências dos alunos com TEA”. Em sumo, o acadêmico autista é capaz de aprender, desde que receba um programa individualizado e personalizado, para isso - é fundamental a organização de uma rotina de estudos. Para tanto, realiza-se a elaboração de um plano de 39 estudos com horários e disciplinas organizadas para os estudos diários, isso irá ajudá-los a se concentrar nas atividades e obter melhor rendimento no processo de ensino aprendizagem. Através da utilização de estratégias diferenciadas, de flexibilização e de reforços positivos, bem como o desenvolvimento da comunicação, da interação social e da autonomia possam propiciar uma aprendizagem mais efetiva. É importante também não exigir dos autistas habilidades que eles não conseguem desenvolver. 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho se pautou na busca por compreender como é importante a inclusão dos acadêmicos com ou sem dificuldades de aprendizagem, mas, com o apoio especializado da Neuropsicopedagogia, a Educação Superior avança com movimentos para a tentativa de ofertar uma formação de qualidade. Pensando assim, apresenta-se como objetivo geral apresentar o Projeto de Atendimento ao Discente – PADIS, diante da proposta de auxiliar e acompanhar os acadêmicos diante de suas dificuldades de aprendizagem, com o suporte da área Neuropsicopedagógica.
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