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FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 24 3.1 - INTRODUÇÃO Transporte de energia térmica ou transporte de calor, é o transporte de energia que se dá devido a diferença de temperatura. A energia é transmitida sempre que existir um gradiente de temperatura no interior de um sistema, ou quando dois sistemas com diferentes temperaturas são colocados em contato. O processo pelo qual a energia é transportada, é chamado de transporte ou transmissão de calor. Teoricamente existem três formas de transmissão de calor, a saber: - CONDUÇÃO - CONVECÇÃO - RADIAÇÃO CONDUÇÃO: é a maneira pela qual o calor passa de uma parte a outra de um mesmo meio ( sólido, líquido ou gasoso ), ou entre meios em contato físico, sem deslocamento apreciável das partículas do mesmo. A energia é transmitida por meio de comunicação molecular direta. A transmissão por condução é mais frequente nos sólidos, enquanto que nos líquidos e nos gases é difícil evitar que seja acompanhada por convecção, uma vez que, o aquecimento ou esfriamento de fluidos provoca, via de regra, a formação de correntes convectivas. CONVECÇÃO: nos fluidos em geral, a transmissão de calor se dá por convecção. Aquecendo-se a parede de um recipiente em que está contido um fluido, nota-se perfeitamente que as partículas quentes, tornando-se mais leves, sobem e no lugar delas vem outras frias, criando uma corrente de fluido num determinado sentido. Não há somente transmissão de energia, mas também movimento de partículas materiais. As partículas quentes se afastam do lugar onde recebem calor e vão comunicá-lo às partículas frias. O transporte de energia térmica por convecção é parcialmente regido pela Mecânica dos Fluidos, uma vez que o fenômeno envolve movimento de fluidos. Se a convecção é induzida por diferença de densidades resultantes de diferença de temperaturas no seio do fluido, chamamos de convecção natural. FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 25 Se o movimento do fluido resulta da ação de forças externas, como um ventilador ou bomba, chamamos de convecção forçada. RADIAÇÃO: é a passagem da energia de calor através de ondas eletromagnéticas, ou fotons, com uma certa faixa de comprimento de onda. Por conseguinte, as mesmas leis que regem a faixa especial de comprimento de onda, que chamamos de luz visível, regem também as radiações de energia térmica, que chamamos calor. Embora ocorra transporte de energia por radiação através de líquidos, gases e sólidos, estes meios absorvem alguma ou toda energia e, portanto, esta energia é irradiada mais eficientemente através do espaço vazio. Na prática não ocorre transmissão de calor, que seja somente por condução, ou por convecção, ou por radiação, pois sempre acontece a superposição de pelo menos dois dos modos de transmissão de calor. Existem, entretanto, casos práticos, nos quais uma das modalidades de troca, passa a segunda ordem perante as demais, podendo ser desprezada sem grande sacrifício, da exatidão e com vantagem da simplicidade. 3.2 - CONDUÇÃO EM REGIME PERMANENTE A equação básica da condução de calor, no regime permanente, é conhecida como “Equação de Fourier”. dx dt.A.Kq −= (3.1) onde: q = fluxo de calor por condução (kcal/h) ou (W) A = área da seção, através da qual o calor flui, medida perpendicularmente à direção do fluxo de calor (m2) K = condutividade ou condutibilidade térmica do material (kcal/hmºC) dt/dx = gradiente de temperatura na seção, isto é, a relação da variação da temperatura, T, com a distância na direção x, do fluxo de calor (ºC/m) FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 26 O sinal negativo, na equação (3.1 pág. 26), significa que o calor aumenta na direção de x, assim o calor automaticamente fluirá dos pontos de temperatura mais alta para os de mais baixa. O fluxo de calor será positivo quando o gradiente de temperatura é negativo. Os materiais que têm alta condutibilidade térmica, são chamados condutores”, enquanto os de baixa condutibilidade térmica são denominados “isolantes”. Em geral, a condutibilidade térmica varia com a temperatura, mas, em muitos problemas de engenharia, a variação é suficientemente pequena para ser desprezada. Geralmente, um aumento de temperatura acarreta um aumento na condutividade dos gases e diminuição da condutividade dos sólidos e líquidos. As ordens de valor da condutividade decrescem marcadamente com o acréscimo da densidade. As substâncias usuais na engenharia, apresentam em geral condutividades dentro dos seguintes limites: Substâncias K (kcal/hmºC) Gases 0,0015 à 0,15 Líquidos 0,015 à 1,5 Sólidos 1,5 à 360 3.2.1 - INTEGRAÇÃO DA EQUAÇÃO DE FOURIER a) Parede plana: Em um sólido delimitado por duas superfícies planas e paralelas (figura 3.1, pág. 28), mantidas em temperaturas t1 e t2 diferentes e constantes (t1>t2), por motivos de simetria, as superfícies isométricas serão planos paralelos às superfícies e, portanto, os tubos de fluxo serão perpendiculares às mesmas superfícies (obs.: e = espessura da parede plana). FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 27 Figura 3.1 – Parede plana Integrando-se a equação 3.1, para os dados da figura 3.1 , tem-se: ( ) R ttq ou (3.2) K.A e ttq ttK.A.q.e dtK.Adxq dx dtK.Aq 21 21 12 t t e 0 2 1 −= −= −−= −= −= ∫∫ onde: R = Resistência Térmica por condução FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 28 A equação 3.1 pode ser integrada e resolvida para temperatura em qualquer ponto, figura 3.2. Figura 3.2 – Temperatura em qualquer ponto ( ) (3.3) x. A.K qtt ttttx. A.K q dtdx A.K q dt A.K dx.q dx dtA.Kq 1 11 t t x 0 1 −= −=−−= −= −= −= ∫∫ Esta equação mostra a linearidade entre a temperatura e a distância, nas condições descritas. FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO29 b) Parede plana composta: Quando a condução de calor ocorre através de uma placa plana, constituída por lâminas ou placas de condutividades diferentes, figura 3.3, o fluxo de calor q será o mesmo para todas as placas. Figura 3. 3 – Parede plana composta Pode-se escrever: 3 43 c 2 32 b 1 21 a e ttA.K e ttA.K e ttA.Kq −=−=−= Como geralmente só se conhece as temperaturas t1 e t4 , a equação para o cálculo do fluxo de calor deve estar em função dessas temperaturas. Dessa forma, explicitando as diferenças de temperatura: FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 30 A.K eqtt A.K eqtt A.K eqtt c 3 43 b 2 32 a 1 21 =− =− =− e somando-se as três equações, tem-se: térmicas asResistênci R RRR ttq ou (3.4) A.K e A.K e A.K e ttq ou A.K e A.K e A.K eqtt 321 41 c 3 b 2 a 1 41 c 3 b 2 a 1 41 = ++ −= ++ −= ++=− para “n” camadas, tem-se: n1i onde A.K e ttq n 1i i i 1n1 →= −= ∑ = + FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 31 c) Paredes cilíndricas: O fluxo de calor radial por condução, através de um cilindro circular oco, constitui um problema de condução de calor de importância prática considerável. Os exemplos típicos são a condução através de tubos e isolantes dos tubos. Se o cilindro é homogêneo e suficientemente longo, tal que os efeitos de extremidade possam ser desprezados e a temperatura interna é constante e igual a t1, enquanto que a superfície externa é mantida uniformemente igual a t2 , a equação de Fourier, para a figura 3.4, pode ser escrita: dr dtA.Kq −= Figura 3.4 – Parede cilíndrica A área “A” , normal ao fluxo de calor, é: rL2A π= assim, a equação de Fourier se torna: dr dtrL2Kq π−= FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 32 Separando as variáveis e integrando: ( ) ( ) −π= −π= π−= ∫∫ 1 2 n 21 21 1 2 n t t r r r rL ttLK2q ttLK2 r rqL dtLK2 r drq 2 1 2 1 Multiplicando e dividindo por (r2-r1), tem-se: ( )( ) ( ) ( )( ) ( ) 1 2 1 2 12 1 2 n 2112 12 1 2 n 2112 A A r r : pois rrA AL ttAAK rrr rL ttrrLK2q = − −−= − −−π= e fazendo “Am” , área média logarítmica: −= 1 2 n 12 m A AL AAA a equação fica: (3.5) KA rr ttq ou rr ttKAq m 12 21 12 21 m − −= − −= FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 33 Nos casos em que 2 r r 1 2 < , a área média logarítmica poderá ser calculada como sendo a área média aritmética, ocasionando um erro aceitável, inferior à 4% no cálculo do fluxo de calor “q”. A distribuição de temperatura na parede curva, é obtida integrando a equação de Fourier para um raio “ r ” qualquer: ( ) (3.6) LK2 r rqL tt ttLK2rqL dtLK2 r drq 1 n 1 11n t t r r 11 π −= −π= π−= ∫∫ d) Paredes cilíndricas compostas: A análise do cilindro composto, mostrado na figura 3.5 (pág. 35), decorre da combinação das análises da placa plana composta e da parede cilíndrica simples. Considerando-se três cilindros ocos concêntricos, por exemplo, um tubo com duas camadas diferentes de isolamento envolvendo-o, o fluxo de calor é o mesmo para todos os cilindros. Os cilindros têm condutividades térmica, respectivamente iguais a: Ka , Kb , Kc . As temperaturas desde a face interna do primeiro cilindro até a face externa do último são respectivamente: t1 > t2 > t3 > t4 . FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 34 Figura 3. 5 – Parede cilíndrica composta Como o fluxo de calor é o mesmo para todos os cilindros, pode-se escrever: −=− −=− −=− − −=− −=− −= c b a cba mc 34 43 mb 23 32 ma 12 21 34 43 mc 23 32 mb 12 21 ma AK rrqtt AK rrqtt AK rrqtt :vem onde de rr ttAK rr ttAK rr ttAKq FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 35 Somando-se as três equações, tem-se: 321 41 mc 34 mb 23 ma 12 41 mc 34 mb 23 ma 12 41 RRR ttq ou (3.7) AK rr AK rr AK rr ttq AK rr AK rr AK rrqtt cba cba ++ −= −+−+− −= −+−+−=− 3.3 - CONVECÇÃO 3.3.1 - INTRODUÇÃO A maioria dos processos de transporte de calor em fluidos, é acompanhada por alguma forma de movimentação do fluido, portanto, o transporte não se dá apenas por condução. O transporte de calor resultante da condução e escoamento do fluido simultâneo, é definido como convecção, que pode ser: forçada ou natural. Ocorre convecção forçada, quando o movimento é devido principalmente de um gradiente de pressão, ocasionado por exemplo por uma bomba ou um ventilador. Ocorre convecção natural, quando o movimento é provocado apenas pelas diferenças de massa específica associadas ao campo da temperatura. FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 36 Existem dois sistemas importantes para o estudo da convecção: o transporte de calor entre um fluido e uma placa plana, esquematizado na figura 3.6.a, quando o fluido escoa paralelamente à placa e o transporte entre um fluido que escoa em um tubo, esquematizado na figura 3.6.b . Figura 3 . 6 . a – Fluido e placa plana Figura3 . 6 . b – Fluido e tubo 3.3.2 - EQUAÇÃO DA TRANSMISSÃO DE CALOR POR CONVECÇÃO A transmissão de calor por convecção, entre um fluido e uma placa ou parede sólida, é regulada pela equação de Newton: ( ) (3.8) tthAq fs −= onde: q = fluxo de calor por convecção (Kcal/h) ou (W) h = coeficiente de convecção ou de película (Kcal/hm2 ºC) ou (W/m2 ºC) A = área considerada (m2) FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 37 ts = temperatura da superfície (ºC) tf = temperatura do fluido (ºC) Uma diferença fundamental entre as equações de Fourier e a de Newton, é que a primeira vale para quaisquer valores de ∆t (diferença de temperatura), enquanto que, a equação de Newton a rigor só vale com ∆t inferior a 10ºC. Isso significa que o coeficiente de película “h”, em vez de ser uma constante, varia em função de ∆t. Além disso, enquanto o coeficiente de condutibilidade térmica “K” é uma constante característica de cada corpo ou substância, e que varia apenas com a temperatura, “h” é função de uma série de constantes físicas e geométricas, relacionadas com: a) forma geométrica e orientação da superfície de contato b) as constantes físicas do fluido que cede e recebe calor c) o estado do movimento do fluido com relação à parede Portanto, pode-se ver que é impossível tabelar valores de “h”, como se faz com o coeficiente de condutibilidade térmica “K”, em virtude da enorme multiplicidade dos casos. O problema mais importante da transmissão de calor por convecção, é justamente o de determinar um valor aceitável de “h” para cada caso, em função das condições experimentais. 3.3.3 - TRANSMISSÃO DE CALOR POR CONVECÇÃO, ENTRE DOIS FLUIDOS SEPARADOS POR UMA PAREDE a) CASO DE PAREDE PLANA Sejam: t1 e t2 as temperaturas dos fluidos; “e” a espessura da parede sólida e K a sua condutibilidade térmica; h1 e h2 os coeficientes de convecção (película) relativos aos fluidos 1 e 2 , conforme ilustra a figura 3.7 (pág. 39), FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 38 Figura 3 . 7 – Convecção parede plana considerando a área “A” da parede plana, tem-se: ( ) ( )2211 t''tAhe ''t'tKA'ttAhq −=−=−= O fluxo de calor que atravessa o primeiro fluido, é dado por: ( ) Ah q'tt 'ttAhq 1 1 11 =− −= O mesmo fluxo de calor, que atravessa a parede sólida, é dado por: KA qe''t't e ''t'tKAq =− −= FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 39 E, finalmente, é cedido pela parede ao segundo fluido: ( ) Ah qt''t t''tAhq 2 2 22 =− −= Somando-se as diferenças de temperaturas, tem-se: ( ) (3.9) Ah 1 KA e Ah 1 ttq h 1 K e h 1 ttAq h 1 K e h 1 A qtt 21 21 21 21 21 21 ++ −= ++ −= ++=− Se a parede sólida for constituída por várias camadas, tem-se: (3.10) Ah 1 AK e Ah 1 tq 2 n 1i i i 1 ++ ∆= ∑ = FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 40 Geralmente denomina-se coeficiente global de transmissão de calor, representado por “U” , a equação 3.11: (3.11) h 1 K e h 1 1U 2 n 1i i i 1 ++ = ∑ = Logo, a equação do fluxo de calor se reduz a: (3.12) t A Uq ∆= onde: U = coeficiente global de transmissão de calor, (Kcal/hm2 ºC) ou (W/m2 ºC) b) CASO DE PAREDE CILÍNDRICA A figura 3.8 (pág. 42), ilustra um sistema no qual o calor passa: de um fluido à temperatura média global t1 ; através da parede do tubo; atravessa outra camada sólida, um isolante por exemplo, atingindo finalmente outro fluido, neste caso ar atmosférico, à temperatura média global t5. As temperaturas das interfaces são , respectivamente: t2 , t3 e t4 . O tubo tem coeficiente de condutibilidade térmica Kb . O isolante tem coeficiente de condutibilidade térmica Kc . Dessa maneira o fluxo de calor total, em regime permanente, é dado por: ( ) ( )5422 23 43 mc 12 32 mb2111 ttAhrr ttAK rr ttAKttAhq cb −=− −=− −=−= FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 41 Figura 3 . 8 – Caso de Parede Cilíndrica As diferenças de temperaturas são: 22 54 mc 23 43 mb 12 32 11 21 Ah 1qtt AK rrqtt AK rrqtt Ah 1qtt c b =− −=− −=− =− FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 42 Somando-se as diferenças de temperaturas e reagrupando, tem-se o fluxo de calor dado pela equação 3.13, abaixo: (3.13) Ah 1 AK rr AK rr Ah 1 ttq 22mc 23 mb 12 11 51 cb +−+−+ −= 3.3.4 - AVALIAÇÃO DOS COEFICIENTES DE CONVECÇÃO Existem quatro métodos gerais, disponíveis para a avaliação dos coeficientes de transmissão de calor por convecção, a saber: a) análise dimensional combinada com experiências b) soluções matemáticas exatas das equações da camada limite c) análise aproximada da camada limite por métodos integrais d) analogia entre transferência de calor, massa e quantidade de movimento Todas essas quatro técnicas têm contribuído, para a compreensão da transmissão de calor por convecção, contudo, nenhum método isolado pode resolver todos os problemas, porque cada um tem limitações que restringem seu alcance de aplicação. A análise dimensional é matematicamente simples e tem encontrado largo campo de aplicação. A limitação principal desse método é que os resultados obtidos por ele, são incompletos e não aproveitáveis, sem dados experimentais. Pouco contribui para a compreensão do processo de transmissão de calor, mas facilita a interpretação e estende o campo de aplicação de dados experimentais, correlacionando-os em termos de números adimensionais. FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIASEXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 43 3.3.4.1 - DETERMINAÇÃO DOS NÚMEROS ADIMENSIONAIS a) CONVECÇÃO FORÇADA A convecção forçada é um fenômeno que envolve as seguintes grandezas: h = coeficiente de convecção: kcal/hm2hºC V = velocidade do fluido: m/s ρ = massa específica do fluido: kgf s2/m4 Cp = calor específico: kcal/UTM ºC = kcal m/kgf s2 ºC D = dimensão linear: m K = condutividade térmica: kcal/hmºC µ = viscosidade dinâmica: kgf s/m2 Aplicando o método de Rayleigh e o Sistema Técnico com mais as grandezas primárias Q(quantidade de calor: kcal) e θ(temperatura: ºC), tem-se: fedcba KDCpVh µρϕ= FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 44 Grandezas Grandezas Primárias Secundárias Q F L T θ h 1 0 -2 -1 -1 Va 0 0 a -a 0 ρb 0 b -4b 2b 0 Cpc c -c c -2c -c Dd 0 0 d 0 0 Ke e 0 -e -e -e µf 0 f -2f f 0 Q ⇒ 1= c + e F ⇒ 0 = b – c + f L ⇒ -2 = a – 4b + c + d – e – 2f T ⇒ -1 = -a + 2b – 2c –e + f θ ⇒ -1 = -c – e Obs.: São quatro equações, pois a 1ª e a 5ª são iguais. Explicitando e, f, a, d em função de b, c , tem-se: e = 1 – c f = c – b a = b d = b – 1 FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 45 dessa maneira: cb cb K CpVD K hD ou D e K CpVDh µ µ ρϕ= µ µ ρϕ= onde: (3.14) Pr Re Nu :logo Prandtl de número K CpPr Reynolds de número VDRe Nusselt de número K hDNu cbϕ= µ= µ ρ= = FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 46 b) CONVECÇÃO NATURAL A convecção natural é um fenômeno que envolve as seguintes grandezas: D = dimensão linear característica: m ∆t = diferença de temperatura parede/fluxo: ºC ρ = massa específica: kgf s2/m4 µ = viscosidade dinâmica: kgf s/m2 βg = produto do coeficiente de dilatação cúbica e aceleração da gravidade: m/s2 ºC g = aceleração da gravidade: m/s2 Cp = calor específico: kcal m/kgf s2 ºC K = coeficiente de condutividade térmica: kcal/hm ºC Aplicando o método de Rayleigh e o Sistema Técnico com mais as grandezas primárias Q(quantidade de calor: kcal) e θ(temperatura: ºC), tem-se: ( ) gfedcba KCpgtDh βµρ∆ϕ= FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 47 Grandezas Grandezas Primárias Secundárias Q F L T θ h 1 0 -2 -1 -1 Da 0 0 a 0 0 ∆tb 0 0 0 0 b ρc 0 c -4c 2c 0 µd 0 d -2d d 0 (βg)e 0 0 e -2e -e Cpf f -f f -2f -f Kg g 0 -g -g -g Q ⇒ 1 = f + g F ⇒ 0 = c + d – f L ⇒ -2 = a – 4c – 2d + e + f – g T ⇒ -1 = 2c + d – 2e – 2f – g θ ⇒ -1 = b – e – f – g Explicitando-se a, b, c, d, g em função de “e” e “f ” , tem-se: a = 3e – 1 b = e c = 2e d = f – 2e g = 1 – f FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 48 dessa maneira: ( ) ( )( ) ( ) (3.15) PrGrNu :assim :pois Grashof) de (número gtDGr :onde K CpgtD K hD ou D K K CpgtDh KCpgtDh fe 2 3 fe 2 23 fe 2 23 f1fee2fe2e1e3 ϕ= ρ µ=νν β∆= µ µ βρ∆ϕ= µ µ βρ∆ϕ= βµρ∆ϕ= −−− Generalizando, pode-se dizer que as equações típicas para convecção natural, têm a forma Nu = ϕ Gr e Pr f e para a convecção forçada, têm a forma Nu = ϕ Re b Pr c . FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 49 3.3.5 - EQUAÇÕES EXPERIMENTAIS PARA O CÁLCULO DO COEFICIENTE DE CONVECÇÃO 3.3.5.1 - REGIMES DE ESCOAMENTO a) Tubos cilíndricos Escoamento no interior ou externamente a qualquer tubo de direção longitudinal. Regime Laminar: Re ≤ 2.320 Regime Transitório: 2.320 < Re ≤ 8.000 Regime Turbulento: Re > 8.000 b) Tubos retangulares Escoamento no seu interior. Regime Laminar: Re ≤ 350 Regime Turbulento: Re > 350 c) Placas planas Escoamento em torno de placas planas, na parte superior. Regime Laminar: Re ≤ 400.000 Regime Transitório: 400.000 < Re ≤ 600.000 Regime Turbulento: Re > 600.000 FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 50 3.3.5.2 - EQUAÇÕES PARA CONVECÇÃO NATURAL a) Líquidos e gases em escoamento externo a cilindros horizontais: ( ) ( ) ( ) 3/1129 25,094 2 45- -5 Pr .Gr 0,129 Nu 10 Pr .Gr 10 Para Pr .Gr 0,525 Nu 10 Pr .Gr 10 Para Pr .Gr Log x Nu Logy 0,0097x0,128x0,0475y 10 Pr .Gr 10 Para 0,4 Nu 10 Pr .Gr 0 Para =→≤< =→≤< == ++=→≤< =→≤< b) Líquidos e gases em torno de placas e cilindros verticais: ( ) ( ) ( ) 3/1129 25,094 2 41- Pr .Gr 0,129Nu 10 Pr .Gr 10 Para Pr .Gr 0,525Nu 10 Pr .Gr 10 Para Pr .Gr Logx Nu Logy 0,0097x0,122x0,191y 10 Pr .Gr 10 Para =→≤< =→≤< = = ++= →≤< FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 51 c) Líquidos e gases em torno de superfícies planas horizontais (dimensão característica: lado da placa): ( ) ( ) ( ) =≤< = = ≤< 3/1 107 25,0 25,0 75 Pr .Gr 0,14Nu esfriada sendoinferior aquecida, sendosuperior Superfície : 10x 3 Pr .Gr 10x 2 Para Pr .Gr 0,25Nu aquecida sendoinferior esfriada, sendosuperior Superfície Pr .Gr 0,54Nu esfriada sendoinferior aquecida, sendosuperior Superfície : 10x 2 Pr .Gr 10 Para 3.3.5.3 - EQUAÇÕES PARA CONVECÇÃO FORÇADA Os números adimensionais envolvidos são: Nusselt, Reynolds e Prandtl. a) Escoamento dentro e fora de tubos, direção longitudinal: - Regimes transitório e turbulento (líquidos e gases): aquecido sendo fluido para 0,4 n esfriado sendo fluido para 0,3 n Pr Re 0,023 Nu n0,8 = = = FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 52 - Regime laminar (líquidos e gases): 14,0 p 3/1 L .Pr . Re 86,1Nu µ µ φ= onde: L = comprimento do conduto φ = diâmetro característico µ = viscosidade dinâmica na temperatura de referência µp = viscosidade dinâmica na temperatura da parede b) Escoamento normal ao tubo (líquidos): 0,60 n 0,5b 10 Re 50 0,91n 0,385b 50 Re 1,0 Pr Re b Nu 4 0,31n ==≤< ==≤< = c) Escoamento ao longo de placas planas (líquidos e gases): - Regime laminar (gases): 0,5Re 0,66 Nu = FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 53 - Regime laminar (líquidos): parede da atemperatur na Prandtl de número Pr referência de atemperatur na Prandtl de número Pr Pr Pr Re 0,76 Nu p 25,0 p 0,43 = = = - Regime turbulento (gases): 0,8Re 0,032 Nu = - Regime turbulento (líquidos): parede da atemperatur na Prandtl de número Pr referência de atemperatur na Prandtl de número Pr Pr Pr Pr Re 0,037 Nu p 25,0 p 0,430,8 = = = 3.3.6 - OBSERVAÇÕES a) Para o cálculo de Gr e Pr , as propriedades dos fluidos devem ser tomadas com referência à temperatura da película: tref FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 54 a.1) parede e fluido: 2 tt t fluidoparederef += a.2) tubo e fluido: fluido do saída de atemperatur t fluido do entrada de atemperatur t :onde 2 ttt s e se ref = = += b) A dimensão característica D ou L: b.1) é o diâmetro interno, no caso de escoamento no interior de condutos circulares b.2) é o diâmetro hidráulico Dh = 4A/P (A = área ; P = perímetro), no caso de escoamento no interior de tubos não circulares ou exteriormente na sua direção longitudinal b.3) é um dos lados da placa ou a distância entre elas, no caso de escoamento em torno de placas ou paralelo às placas, ou entre placas. FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 55 3.4 - TRANSMISSÃO DE CALOR POR RADIAÇÃO As modalidades de transmissão de calor por condução e convecção, requerem para sua realização, a presença de um meio material. A transmissão de calor por radiação ocorre perfeitamente no vácuo, ou através de maios transparentes, pois é devida à propagação de uma radiação eletromagnética, que tem a mesma natureza da radiação luminosa e se propaga com a mesma velocidade. Todos os corpos emitem radiação, em qualquer temperatura, entretanto, a composição espectral da radiação emitida, varia de acordo com a temperatura, de maneira que somente em temperaturas elevadas a radiação se torna visível, sob forma de incandescência. Todavia, é fácil convencer-se, por exemplo, avizinhando-se a mão a um ferro de passar ligado, que o mesmo irradia calor, sem emitir radiação visível. A Física experimental submeteu no século XIX, a radiação a um estudo do qual resultaram várias conclusões importantes: a) a quantidade total de energia emitida é proporcional à área da superfície emitente e ao tempo e depende da natureza da superfície e de sua temperatura absoluta. b) analisando espectros relativos à radiação emitida, verificou-se que sua intensidade varia em função do comprimento de onda λ , sendo nula para λ = 0 e tendendo novamente a zero, quando λ tende para o infinito. A intensidade apresenta um máximo intermediário, cuja posição e altura dependem da temperatura absoluta do corpo que emite a radiação. c) entre todos os corpos da natureza, o máximo de energia emitida e a curva de emissão mais regular competem ao chamado “corpo negro” , que não existe na natureza, mas pode ser obtido com muita aproximação, enegrecendo uma superfície qualquer, com preto de fumaça, ou melhor ainda, pelo artifício de se estudar a radiação que sai por um fino orifício de uma cavidade fechada, enegrecida internamente. O corpo negro constitui, FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 56 portanto, um padrão ideal, com o qual são comparadas as emissões dos corpos reais. A radiação do corpo negro, pode ser representada num diagrama, cuja abscissa é o comprimento de onda λ e a ordenada é a intensidade de radiação Iλ . Figura 3 . 9 – Radiação do corpo negro onde: absoluta atemperatur T , T , T frequência propagação de velocidade 321 = =λ Para determinadas temperaturas, as curvas assumem a forma mostrada na figura 3.9. Os físicos tentearam relacionar sua forma, com a que deveria resultar da soma das emissões de todos os átomos superficiais do corpo, admitindo que a energia se distribui entre eles segundo as leis da mecânica clássica. FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 57 Assim: a) Wein chegou a formular sua 1ª lei: absoluta atemperatur T onda de ocompriment constantes K e K radiação de eintensidadI :onde máx. 0 para válida (3.16) T. K KI 21 25 1 = =λ = = ≤λ≤ λ λ= λ − λ b) Rayleigh e Jeans chegaram à: ∞≤λ≤ λ=λ máx. para válida (3.17) TKI 4 c) A verdadeira expressão matemática da curva completa, foi deduzida por Planck: Boltzmann de constante K frequência f Planck de constante h constante K :onde (3.18) e KI 1 1 T.K f.h 5 1 = = = = λ= − − λ FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 58 3.4.1 - ABSORÇÃO, REFLEXÃO E TRANSMISSÃO A energia radiante que incide sobre a matéria, pode ser absorvida, transmitida ou refletida. A fração de energia total que é absorvida, é chamada de absortividade “α”, a fração transmitida é a transmissividade “τ” e a fração refletida é a refletividade “ρ” . A soma dessas três parcelas é unitária: 1=ρ+τ+α Um corpo que tem absortividade unitária, é chamado de corpo negro. Se a soma da absortividade e da refletividade é igual a 1, para uma substância, ela é chamada de opaca. Alguns sólidos são somente opacos em seções muito finas, mas a absorção de energia, na maioria dos sólidos opacos, se dá essencialmente na superfície. Alguns sólidos, naturalmente são transparentes, como o são a maioria dos líquidos e gases. Refletividade e transmissividade são características presentes no dia a dia. Superfícies metálicas polidas, apresentam refletividade elevadas, enquanto que as superfícies granulares, apresentam refletividades baixas. Gases e líquidos geralmente transmitem a maior parte da radiação que incide sobre eles. A reflexão que acontece em uma seção macroscópica de uma superfície, depende grandemente das características da superfície (figura 3.10 , pág. 60). Se a superfície é muito lisa, os ângulos de incidência e reflexão serão os mesmos. Entretanto, a maioria das superfícies encontradas na engenharia, são suficientemente rugosas, para causar a ocorrência de reflexão em todas as direções. Se a reflexão total é independente do ângulo de incidência, ela é chamada de reflexão difusa. Essa hipótese é adotada na resolução da maioria dos problemas de engenharia. FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 59 Figura 3 . 10 - Reflexão em superfícies sólidas 3.4.2 - EMISSIVIDADE Se for colocado no interior de envoltório, submetido ao vácuo, um ou mais corpos não geradores de calor, eles irão, eventualmente, atingir um estado de equilíbrio térmico, no qual a quantidade de calor radiante que cada um recebe na unidade de tempo, é igual a quantidade de calor que ele perde. Seja E1 o fluxo total de energia por unidade de área, emitida pelo corpo de área A1 e E0 o fluxo de energia radiante emitido pelo envoltório que atinge o corpo na área A1; se α1 é a absortividade da superfície A1 , pode-se escrever: E1 A1 = E0 α1 A1 , assim: 0 1 1 EE =α da mesma maneira, para um segundo corpo: E2 A2 = E0 α2 A2 , assim: 0 2 2 EE =α FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 60 Para outros corpos pequenos no interior do envoltório, E0 permanecerá constante e pode-se escrever: (3.19) E..............EE n n 2 2 1 1 α==α=α Dessa maneira, em um sistema em equilíbrio térmico, todos os corpos terão a mesma temperatura e a mesma relação entre o poder emissivo total e a absortividade de cada um. Esse princípio é denominado de: Lei de Kirchoff. Por definição, a emissividade de uma superfície real, é a relação entre o poder emissivo desta superfície e o poder emissivo do corpo negro à mesma temperatura. A emissividade é representada por E1 , logo: 1 2 1 2 1 E E ε=α α= na qual o objeto 2 é escolhido como sendo um corpo negro. Pelo fato de que para o corpo negro α2 = 1 , tem-se a seguinte relação para os corpos não negros: α1 = ε1 Generalizando, pode-se dizer que em um sistema, que se encontra em equilíbrio térmico, a emissividade de qualquer objeto do sistema é igual à sua absortividade. A emissividade, assim como a absortividade, é baixa para metais polidos e é moderadamente elevada para superfícies metálicas oxidadas, sendo elevada para a maioria das substâncias não metálicas. 3.4.3 - LEI DE STEFAN – BOLTZMANN O poder emissivo total de um corpo negro, é proporcional à quarta potência de sua temperatura absoluta. Essa relação, conhecida como Lei de Stefan – Boltzmann, aplica-se à energia total radiante de todos os comprimentos de onda, emitida em todas as direções: FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 61 K)(º absoluta atemperatur T )Kº(kcal/hm Boltzmann-Stefan de constante )(kcal/hm superfíciepor energia E :onde (3.20) T E 42 2 4 = =σ = σ= Para um corpo real, sendo ε a emissividade da superfície, o poder total do corpo real, será: E = ε σ T4 A partir da teoria quântica de Planck, foi derivada, em 1900, uma expressão que representa o poder emissivo monocromático de um corpo negro, como uma função do comprimento de onda. Tal equação, conhecida como Lei de Planck, é dada por: constantes C e C K)(º corpo do absoluta atemperatur T (m) onda de ocompriment )(kcal/hm negro corpo um de icamonocromát emissiva potência E :onde 1e CE 21 3 T C 5 1 2 = = =λ = − λ λ λ − λ FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 62 3.4.4 - CÁLCULO DO FLUXO DE CALOR POR RADIAÇÃO a) Seja um corpo negro de superfície unitária, na temperatura T1 , situado num ambiente cujas paredes estejam à temperatura T2 (menor que T1) e seja um perfeito radiador. O ambiente estará, portanto, em equilíbrio com radiações da parede e a intensidade das radiações que enchem o ambiente e que incidem sobre o corpo: 4 2TE σ= O corpo negro emitirá a energia 41Tσ e absorverá a quantidade 42Tσ . O ganho líquido, é dado por: ( ) tempo de unidade na negro corpo pelo ambiente do recebidacalor de quantidade q :onde (3.21) TTSq 42 4 1 = −σ= Em se tratando de “um corpo cinzento” (real), o ganho líquido será: ( ) K)(º absolutas astemperatur T e T )(m superfície da área S Kºkcal/hm 4,92x10 Boltzmann-Stefan de constante (tabelada) corpodo deemissivida (kcal/h)calor de fluxoq :onde (3.22) TTSq 21 2 428- 4 2 4 1 = = ==σ =ε = −εσ= FENÔMENOS DE TRANSPORTE prof. José Casamassa Neto CAPÍTULO 3 – TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, AMBIENTAIS E DE TECNOLOGIAS PUC-CAMPINAS CURSO: ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO 63 b) Radiação entre duas superfícies Neste caso duas superfícies de coeficientes de emissão E1 e E2 e temperaturas T1 e T2 , trocam calor entre si. Dessa maneira, parte da radiação emitida por um corpo poderá não incidir no outro e vice versa. A equação (3.23) de Höttel, define esse caso: ( ) (tabelado) relativa posição e dimensões , forma sua corpos, dos um de superfície da depende que , superfície defator F (tabelado) de função é , deemissivida defator F )(m superfície defator do função área, S :onde (3.23) F.FTTSq s e 2 se 4 2 4 1 = ε= = −σ=
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