Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTITUTO FEDERAL DE BRASÍLIA Campus Brasília Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública JUNILENO LUAN DE ARAUJO GONÇALVES SISTEMA DE CONTROLE INTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL: UM ESTUDO DE CASO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIZONA/GO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, Campus Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Pública. Orientador: Prof. Sérgio Reis Ferreira dos Santos; Especialista. BRASÍLIA 2019 1 SISTEMA DE CONTROLE INTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL: UM ESTUDO DE CASO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIZONA/GO INTERNAL CONTROL SYSTEM IN MUNICIPAL PUBLIC ADMINISTRATION: A CASE STUDY OF THE ORIZONA/GO CITY HALL Junileno Luan de Araujo Gonçalves1 junileno@hotmail.com RESUMO O presente artigo aborda o Sistema de Controle Interno na Administração Pública Municipal, tendo como objetivo elencar as suas principais características, analisar a sua estrutura e como se dá a sua atuação na Prefeitura Municipal de Orizona-GO, em comparativo com os seus municípios limítrofes. Para demonstrar estas questões, a metodologia utilizada nesse trabalho foi pesquisa documental e bibliográfica, baseada em uma análise de conteúdo, realizando um paradoxo entre as possíveis divergências e consonâncias entre as diversas leis e regimentos do controle interno municipal e a realidade do município de Orizona-GO. Assim, foi realizado uma abordagem conceitual e uma fundamentação legal sobre o tema em estudo. Posteriormente foi realizado entrevistas com gestores públicos responsáveis pelo controle interno da cidade de Orizona-GO e de seus municípios limítrofes, por meio de um questionário acerca do tema em questão, sendo possível conhecer as estruturas e observar os procedimentos adotados pelas demais prefeituras, observando a importância e como se dá sua atuação, bem como as limitações existentes, concluindo-se que a Prefeitura de Orizona-GO, atende em partes o que lhe é recomendado e carece de inúmeros desafios pertinentes a eficiência e eficácia do Sistema de Controle Interno Municipal. Palavras-chave: controle. controle interno. controladoria. gestão pública. ABSTRACT This article deals with the Internal Control System in the Municipal Public Administration, aiming to list its main characteristics, analyze its structure and how it operates in the Orizona-GO City Hall, in comparison with the neighboring municipalities. To demonstrate these questions, the methodology used in this work was documentary and bibliographical research, based on a content analysis, making a paradox between the possible divergences and consonances between the various laws and regulations of municipal internal control and the reality of the municipality of Orizona- GO Thus, a conceptual approach and a legal foundation on the subject under study were performed. Subsequently, interviews were conducted with public managers responsible for the internal control of the city of Orizona-GO and its neighboring municipalities, through a questionnaire about the theme in question. It was possible to know the structures and observe the procedures adopted by the other municipalities, observing the importance and how it acts, as well as the existing limitations, concluding that the City Hall of Orizona-GO, meets in part what is recommended and lacks numerous pertinent challenges to the efficiency and effectiveness of the Municipal Internal Control System. Keywords: control. internal control. controllership. public management. 1 Junileno Luan de Araujo Gonçalves, graduando do curso de Tecnologia em Gestão Pública do Instituto Federal de Brasília, Campus Brasília, junileno@hotmail.com, (61)981180866. 2 INTRODUÇÃO Na perspectiva de se tratar do Controle Interno na Administração Pública, o presente artigo restringe-se ao Município de Orizona, no Estado de Goiás, tendo o propósito de identificar as características, a estrutura e a atuação do Sistema de Controle Interno, e em comparativo com os seus municípios limítrofes, visando assim uma gestão pública mais eficiente da administração municipal. Tal abordagem confrontará o olhar dos responsáveis pelo sistema de controle interno municipal e suas estruturas, com o olhar e a prática dos diferentes órgãos de controle dos municípios vizinhos, a fim de identificar práticas que possam contribuir para a eficiência da gestão administrativa. O Município, como ente federativo, constitui uma organização político-administrativa do Estado, e a efetivação de um sistema de controle interno no âmbito municipal, mais que uma função administrativa determinada por exigência legal, deve configurar-se em uma estratégia para buscar uma gestão pública mais eficiente. Apesar de existirem dificuldades em sistematizar o controle interno e de entender suas nuances no meio acadêmico e nas grandes entidades, esse problema se torna ainda maior nos pequenos municípios, onde várias tarefas são executadas por uma mesma pessoa e a administração tende a ser fortemente centralizada, concentrando suas atividades em uma mesma unidade ou servidor, perdendo assim a noção de segregação de funções, onde o risco de perda de continuidade de trabalho aumenta. Verifica-se ainda, que vários desses serviços sob controle individual, nem sempre estão nas mãos de servidores estáveis, fazendo com que com as alternâncias de poder provoquem descontinuidade de tarefas e de sistemas, havendo ainda risco de desvios por manipulação de vários processos e etapas por uma única pessoa. Segundo o IBGE, essa é uma realidade que está presente na grande maioria dos municípios considerados legalmente “pequenos”, ou seja, com população inferior a 20 mil habitantes, o que representa 70% dos municípios brasileiros, e no qual Orizona-GO, município referência deste trabalho está inserido, com seus 14.292 habitantes. (Censo IBGE/2010). 3 Diante dessa realidade, crescem em importância os sistemas, a contabilidade, os assuntos jurídicos e o controle. Estas áreas e setores procuram superar as deficiências administrativas por meio de controles contábeis, auditorias e suporte jurídico com atuação prévia aos atos praticados pela autoridade máxima. Portanto, justifica-se o presente artigo, visando elucidar estas deficiências administrativas, bem como contribuir com a academia no que concerne à falta de estudos específicos ligados aos controles internos nos municípios, além de auxiliar com eficiência e eficácia a gestão do Município de Orizona-GO. Entre outros objetivos específicos deste artigo, estão o de se conhecer a estrutura e identificar a atuação do Sistema de Controle Interno na Prefeitura Municipal de Orizona-GO; de se abordar o histórico do Controle Interno no município; de se avaliar as fragilidades existentes perante a legislação e sugerir possíveis melhorias; identificar o grau de qualificação dos servidores pertencentes ao quadro do Controle Interno, avaliar a consonância e aplicação das recomendações dos órgãos de controle superiores; e avaliar e comparar a estrutura do Sistema de Controle Interno de Orizona com órgãos semelhantes de outros municípios vizinhos. Assim sendo, e de acordo com todo o exposto, surge o referido problema da pesquisa, que de forma ampla, consiste na seguinte questão: Como está estruturado e como atua o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo do Município de Orizona-GO, e em comparação com os seus municípios limítrofes? REFERENCIAL TEÓRICO Conceito de Controle O vocábulo controle tem origem no latim rotulum,que designava a relação dos contribuintes. Era a partir dessa lista que se contratava a operação do cobrador de impostos. Incorporado em definitivo pelos diversos idiomas, o vocábulo controle tem sentido amplo, podendo significar dominação (hierarquia/subordinação), direção (comando), limitação (proibição), vigilância (fiscalização contínua), verificação (exame), registro (identificação). (CASTRO, 2013, p.323). Historicamente, a palavra controle sempre esteve ligada às finanças. Em francês, contrôler significa registrar, inspecionar, examinar. A palavra é originária de contre-rôle, registro efetuado em confronto com o documento original, com a finalidade 4 da verificação da fidedignidade dos dados. Para o direito inglês, significa vigilância. No italiano, controllo é o mesmo que registro ou exame. (CASTRO, 2013, p.323). De acordo com Fayol (apud ANTUNES, 1998, p.61), criador da corrente Anatômica da Administração, “o controle consiste em verificar se tudo ocorre em conformidade com o plano adotado, as instruções emitidas e os princípios estabelecidos. Tem por objetivo apontar as falhas e os erros para retificá-los e evitar sua reincidência. Aplica-se a tudo: coisas, pessoas, ato”. Segundo Taylor (apud CHIAVENATO, 2001), o grande mestre da Administração Científica, considerava o controle como um dos quatro princípios da administração e que tinha com função “controlar o trabalho, para se certificar de que o mesmo está sendo executado de acordo com as normas estabelecidas e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar com os trabalhadores, para que a execução seja a melhor possível”. Já na lição de Hely Lopes Meirelles (1999), “controle, na administração pública, é a faculdade de vigilância, orientação e correção que um Poder, Órgão ou Autoridade exerce sobre a conduta funcional de outro.” O termo controle foi introduzido no Direito Brasileiro por Seabra Fagundes, em 1941, em sua monografia o Controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário (MEIRELLES, 1999). Controle na Administração Pública Na Administração Pública os dirigentes devem agir de acordo com normas legais que fixam as competências dos órgãos; delimitando o seu campo de atuação e estabelecendo controles aos quais devem se sujeitar, ou seja, o gestor não pode agir com independência absoluta, praticando atos não autorizados em lei e sem objetivar o interesse ou o fim público. Para tanto, se faz necessário o exercício do controle na Administração Pública. Segundo Castro (2013 p.332), do ponto de vista do Estado, várias sãs as formas pela qual o controle é efetivado num regime democrático: • O sistema de freios e contrapesos representado pela divisão e independência dos Poderes da União e pelos diferentes níveis de governo da Federação; • A fiscalização dos partidos políticos; • A eleição periódica dos governantes; 5 • A pressão exercida pela opinião pública e pela imprensa; e • Os sistemas de controle interno e externo. Em sentido amplo, a Administração Pública é o instrumento de ação do Estado para a prestação de serviços que visam a atender às necessidades coletivas. Segundo Meirelles (2005, p. 65), “a Administração Pública corresponde a todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços”. Como instrumento de ação do Estado para prestar serviços e atender à coletividade, a Administração Pública deve submeter-se a um conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos que possibilita examinar a legitimidade dos atos estatais, inspecionar a conduta funcional dos agentes públicos e garantir a defesa dos direitos dos administrados. Esses mecanismos permitem o exercício da fiscalização, orientação e revisão da atuação administrativa de forma a viabilizar o seu controle e assegurar que a Administração Pública atue em consonância com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, conforme esclarece Alexandrino e Vicente (2010). Em se tratando de Administração Pública, o controle corresponde à “faculdade de vigilância, orientação e correção que um Poder, órgão ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de outro”, como explicita Meirelles (2005, p. 645). Para que o controle funcione, faz-se necessária a existência de uma estrutura organizacional sem a qual não há a definição de pelo menos dois condicionantes para o exercício desse controle, quais sejam: a autoridade e a responsabilidade. De acordo com Lacombe (2004, p. 141), a estrutura de uma organização pode ser compreendida como “[...] a definição dos órgãos, dos seus nomes, dos seus níveis, das suas chefias e das suas atribuições, das relações formais entre eles, das autoridades e responsabilidades de cada um e da forma como se coordenam e se comunicam as pessoas na organização”. No âmbito da Administração Pública, não só as estruturas, mas também as ações das organizações estão subordinadas à determinação legal. O administrador público realiza suas atividades com fundamento nas normas do direito administrativo, sendo que, dentre elas, está o dever de prestar contas, cujo encargo é mais amplo do que qualquer outro administrador, uma vez que a gestão se refere aos bens e interesses da coletividade. Nesse sentido, a prestação de contas refere-se não só à gestão financeira, mas abrange também todos os atos de governo e de administração, conforme explica Meirelles (2005). Assegurada constitucionalmente, a função do controle deve ser exercida em decorrência de exigências legais e deve procurar averiguar a legalidade, a legitimidade e a 6 economicidade da atividade pública, a fim de garantir o atendimento dos interesses coletivos e de buscar os melhores resultados com foco na eficiência, compreendida como o uso racional dos recursos públicos, e na eficácia, entendida como o alcance das metas preestabelecidas. Para o exercício do controle da atividade administrativa estatal, a Constituição Federal de 1988 determina que os Poderes mantenham sistemas de controle interno e externo, conforme disposto nos artigos 31, 70, 71 e 74 do texto constitucional. Enquanto no sistema de controle interno o órgão controlador pertence à mesma estrutura burocrática que pratica os atos sujeitos ao controle, no de controle externo o órgão controlador não integra a estrutura do órgão controlado, sendo mais precisamente realizado pelo Poder Legislativo com o auxílio dos Tribunais de Contas, embora o Poder Judiciário também possa exercer esse controle. Apontado como necessário à execução das atividades administrativas do Estado, o sistema de controle interno, objeto de estudo deste artigo, foi legalmente exigido bem antes da Constituição Federal de 1988. Desde a década de 1960, com a edição da Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, a Administração Pública é, legalmente, obrigada a manter um sistema de controle interno que viabilize o acompanhamento e a fiscalização dos recursos públicos. Essa lei introduziu as expressões “controle interno” e “controle externo”, especificando as competências para o exercício de suas atribuições sem delimitar qualquer vínculo entre eles. Posteriormente, o Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, considerado o primeiro marco da Administração Pública Gerencial no Brasil por buscar superar a rigidez burocrática, coloca o controle no mesmo patamar do planejamento, da coordenação, da descentralização e da delegação de competências, conferindo-lhes o atributo de princípios fundamentais que norteiam a atividade pública,conforme expresso no art. 6º, I a V, do referido instrumento normativo. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o controle da atuação administrativa do Estado tem a sua função ampliada, não se restringindo apenas à verificação da regularidade dos atos, tendo também como atribuição o exame da eficiência, economicidade, eficácia e efetividade das atividades da administração estatal. 7 Controle Interno na Administração Pública Municipal – Base Legal A legislação procura estabelecer parâmetros que o controle interno deve seguir em uma organização. Assim, são abordados os artigos 31, 70 e 74 da Constituição Federal, o art. 82 da Constituição Estadual de Goiás, a Lei Federal nº 4.320/64 e a Lei de Responsabilidade Fiscal-LRF. Nos termos da Constituição Federal de 1988, o artigo 31 aplica-se somente aos municípios. Já o artigo 70, se aplica à todas as esferas do governo, em especial a União, os Estados e Distrito Federal, onde entende-se que cada poder terá o seu sistema de controle interno. Segundo Cavalheiro, (2007, p.35) "o objetivo dos artigos 31 e 70 do texto Constitucional é fixar quem procederá a fiscalização”, ou seja, o controle externo e o Sistema de Controle Interno. Nos artigos 31 e 71 tratam do controle externo, exercido pelo Legislativo com o auxílio do Tribunal de Contas. Sua finalidade é verificar a probidade da administração, a guarda, o emprego legal do erário e o cumprimento da lei orçamentária. Os artigos 70 e 74 da Constituição Federal tratam do controle interno municipal, exercido pelos Poderes Executivo e Legislativo, sendo assim, qualquer controle efetivado pelo executivo sobre seus serviços ou agentes é considerado controle interno. No contexto da Reforma Administrativa do Estado, iniciada em 1995, com o propósito de tornar mais eficiente o modo de gerir a atuação administrativa, foi editada a Lei Complementar nº 101, em 04 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Essa lei trouxe inovações para as práticas de gestão das finanças públicas, pressupondo ação planejada e transparente, focada no desempenho, na responsabilização e no dever de prestação de contas, resgatando, na área pública, o planejamento e o controle como instrumentos de gestão. Apesar da existência de um aparato normativo referente à necessidade da implantação e manutenção de um sistema de controle interno no campo de ação da Administração Pública, verifica-se certa dificuldade em efetivar esse sistema no âmbito dos três Poderes, sobretudo no Poder Executivo municipal. Tal fato, segundo Cruz e Glock (2007), decorre da manifestação de uma cultura que considera que não deveria existir o controle sobre o patrimônio público, posto que, aparentemente, os recursos públicos eram tidos como “sem dono”, identificados de forma pejorativa como “dinheiro da viúva”, possibilitando gastos sem o devido planejamento. Ainda de acordo 8 com Botelho (2008), apesar da exigência legal, o administrador público, muitas vezes por razões políticas, tem certo receio em implantar os mecanismos de controle dos atos de sua administração, uma vez que a efetivação desses mecanismos poderia impor limites e estabelecer procedimentos que dificultassem a gestão. O Município, elencado como ente federativo na Constituição Federal de 1988, é a organização político-administrativa mais próxima do cotidiano da população. Com o advento da reforma administrativa brasileira, iniciada em 1995, os Municípios também se viram diante da necessidade de modernização, para melhor gerenciar os recursos disponíveis em prol da efetivação das políticas públicas que se concretizam por meio do desempenho de um bom governo, entendido pela capacidade institucional de atingir a eficiência, a eficácia e a efetividade na prestação de seus serviços. Como dever e poder de vigilância, orientação e correção da atividade administrativa do Executivo municipal, o sistema de controle interno, uma vez devidamente implantado, pode, além de averiguar a regularidade da atuação administrativa, favorecer a utilização adequada dos recursos públicos, prevenir e combater desperdícios, coibir ações e políticas públicas com foco distorcido e contribuir para que a aplicação dos recursos disponíveis seja, de fato, revertida em serviços que propiciem benefícios à população. A implantação e a manutenção de um sistema de controle interno não só podem viabilizar o acompanhamento do exercício das atividades orçamentária, financeira, contábil, patrimonial e operacional como também podem conferir suporte e orientação concernentes à legalidade, moralidade e eficiência da atividade pública, de modo a assegurar o atendimento aos interesses da coletividade. Ainda pode configurar-se como um instrumento organizacional capaz de fornecer às autoridades informações gerenciais relevantes para a tomada de decisões que visem a alcançar as metas preestabelecidas. Assim como as demais organizações, o ente governamental também vivencia constantes transformações e enfrenta mudanças de caráter político, econômico e social. A sociedade, por sua vez, ciente de que custeia a atuação da administração pública por meio do pagamento de tributos que lhe são impostos por lei, passa a cobrar mais transparência e ética na atuação administrativa do Estado e, consequentemente, espera uma aplicação mais adequada dos recursos como também a melhoria da qualidade na prestação dos serviços públicos. 9 Ainda, em se tratando do Sistema de Controle Interno no âmbito municipal, alguns especialistas na área pública, mencionam a necessidade de sua estruturação, apresentam orientações para sua implantação e retratam algumas características de sua organização e atuação. Dentre esses, citam-se os estudos elaborados por Cavalheiro e Flores (2007), Roncalio (2009) e Soares (2012). Os autores supracitados, com base em estudos teóricos e em exigências legais, tratam de aspectos das práticas de controle interno, como também do alcance das suas ações no controle dos gastos públicos, enfatizando, particularmente, os aspectos da contabilidade pública. METODOLOGIA Caracterização de pesquisa Com relação aos objetivos, a pesquisa será classificada como exploratória, uma vez que tem por finalidade ampliar o conhecimento a respeito do sistema de controle interno, apresentando os conceitos relacionados ao tema, a origem legal da obrigatoriedade de sua implementação no âmbito dos municípios brasileiros, em especial os do Estado de Goiás, delimitado ao Município de Orizona-GO em comparativo com seus municípios limítrofes, e os princípios fundamentais do sistema e técnicas aplicáveis aos controles internos (GIL, apud ZANELLA, 2009, p.79). Pode também ser classificada como descritiva, pois, uma vez adquiridos os conceitos propostos a respeito dos sistemas de controle interno, pretende-se compará-los com a forma de instalação do referido sistema no âmbito do município de Orizona-GO, determinando se o sistema de controle interno neste município está em consonância com os conceitos e técnicas sugeridos na bibliografia consultada (GIL, apud ZANELLA, 2009, p.80). Quanto ao método e à forma de abordar o problema, a presente pesquisa será qualitativa, pois não haverá a utilização de instrumentos estatísticos na análise dos dados e tampouco preocupa-se com o resultado do trabalho, mas sim em se ter o conhecimento da forma de execução do sistema de controle interno no município em questão (ZANELLA, 2009, p.80). Os procedimentos adotados na coleta de dados, podem ser classificados como uma pesquisa bibliográfica e documental, pois para a construção dos conceitos relativosao Sistema de Controle Interno serão utilizadas fontes bibliográficas, tais 10 como: livros, artigos científicos e fontes de dados secundários disponíveis na internet, bem como aqueles fornecidos pela organização pesquisada, contemplando-se também dados extraídos da legislação vigente e de documentos institucionais. (GIL, apud ZANELLA, 2009, p.82). A pesquisa pode ser enquadrada como um Estudo de Caso, que Segundo Yin (GIL, 2002), é uma indagação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidências são utilizadas, sendo portanto, uma forma de pesquisa que procura conhecer em profundidade a realidade do sujeito pesquisado, utilizando para isso o desenvolvimento prévio de preposições teóricas para conduzir a coleta e análise dos dados. (ZANELLA 2009, p.86). A utilização do estudo de caso é maior em estudos exploratórios e descritivos (GIL, 2002). Dessa forma, quanto ao objeto da pesquisa e seu desenvolvimento, esta irá conhecer a realidade do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo do Município de Orizona-Go, em comparativo com os municípios limítrofes ao seu, e em contraste com os conceitos desenvolvidos no referencial teórico. Local de Pesquisa A pesquisa será realizada na Prefeitura Municipal de Orizona, localizado no interior do Estado de Goiás. O município pertence à Mesorregião do Sul Goiano e Microrregião de Pires do Rio (Sudeste do Estado de Goiás), também denominada região da Estrada de Ferro, situada a cerca de 130km da capital do Estado. Ocupa uma área de 1.972,865 km², e em 2010 sua população foi estimada pelo IBGE em 14.292 habitantes. O município é limítrofe de Luziânia, Silvânia, Vianópolis, Pires do Rio, Ipameri e Urutaí, onde serão utilizados como comparativos da atuação e estrutura do Sistema de Controle Interno. Técnicas de Pesquisa Além da pesquisa documental e bibliográfica, foram realizadas entrevistas com gestores públicos municipais relacionados com o Controle Interno, através da aplicação de um questionário, que seguirá as orientações de Rauen (2002, p. 124) e elaborado por Buligon (2012, p.218), com adaptações e composto de algumas 11 perguntas fechadas abordando a importância e a estruturação do Controle Interno no Município de Orizona-GO, e de seus municípios limítrofes. Análise dos Dados Na fase de análise de dados serão feitas as tabulações dos dados coletados segundo sua natureza qualitativa ou quantitativa, gerando resultados, bem como a classificação das informações obtidas com as questões fechadas, com sua devida compartimentação. Em seguida, se buscará estabelecer relações entre o fenômeno estudado e outros fatores, como relação de causa-efeito e análise de conteúdo. Por fim, prossegue-se com a interpretação das informações geradas na análise de dados, buscando-se estabelecer um significado mais amplo às respostas obtidas, relacionando-as a outros conhecimentos e aos objetivos e temas propostos RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da pesquisa realizada e dos dados coletados, verificou-se que o Sistema de Controle Interno foi implantado no Município de Orizona, no ano de 2003, através da Lei Municipal nº 892 de 31 de dezembro de 2002, onde “Institui o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo e dá outras providências”, em consoante atendimento à Resolução Normativa nº 004/01 do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás – TCM/GO, a qual “estabelece normas e recomenda procedimentos à Administração Pública municipal, visando à implantação do Sistema do Controle Interno nos Poderes Legislativo e Executivo, consoante estabelecem os artigos 74 da Constituição Federal e 82 c/c o artigo 29 da Constituição do Estado” e em seu artigo 1º determina: Art. 1º As Prefeituras e Câmaras Municipais que exercitem autonomia financeira criarão e manterão Sistema de Controle Interno, conforme determinado nos arts. 74 e 75 da Constituição Federal e art. 82 c/c art.29 da Constituição Estadual. (RN nº 004/01 – TCM/GO, pág 2). Tal determinação, fora depois, acrescido pela Resolução Normativa nº 004/02 do mesmo TCM/GO, a qual em seu artigo 2º estabelece, que “os Municípios que ainda não possuem sistema de controle interno, terão até a apresentação das contas do mês de janeiro de 2003 para o instituírem.” Recomendações estas que foram bem implantadas pelo Munícipio de Orizona/GO. 12 A atuação do Controle Interno do Munícipio de Orizona com suas atribuições e objetivos e o relativo a sua estrutura, é segundo o encontrado em sua lei de criação, conforme está em seu artigo 1º e 2º o qual diz: Art. 1º - Fica Instituído o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo, bem como de suas autarquias, fundações e dos fundos especiais com contas e orçamentos específicos, neles incluídos o FUNDEF, o Fundo Municipal de Saúde e o Fundo de Previdência Municipal, Fundo Municipal de Assistência Social, Fundo Municipal da Infância e Adolescente e Fundo Municipal do meio Ambiente. Parágrafo Único – O Controle Interno criado pela presente Lei será estruturado através do Sistema de 01 (um) Controle Central e de Controles Setoriais, sendo 01 (um) Controle para cada secretaria, órgão, fundo, autarquia e fundação, em cada Poder, devendo: a) Cada Controle Setorial responsabilizar-se pelo Controle Interno a que tiver afeto; b) Prestar todas as informações ao Controle Central, para sua sistematização; c) Prestar solidariedade com o Controle Central na efetivação da sua missão institucional; d) Exercer as suas atribuições, subordinadamente ao Secretário Municipal do Controle Interno Central, com afinidade e observância às normas de Controle Interno, de forma harmônica e adequada à consolidação do Sistema. Art. 2º - O Controle Interno de que trata esta Lei terá as seguintes finalidades: I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas do governo e dos Orçamentos Municipal; II – aferir a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração municipal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado. III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres do Município; IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. Art. 4º Serão objeto de controles, específico, do Controle Interno: I – a execução orçamentária e financeira; II – o sistema de pessoal ativo e inativo; III – a incorporação, tombamento e baixa dos bens materiais; IV – os bens em almoxarifado; V – as licitações, contratos, convênios, acordos e ajustes; VI – as obras públicas, inclusive reformas; VII – as operações de crédito; VIII – os suprimentos de fundos; IX – as doações, subvenções, auxílios e contribuições concedidos. (Lei Municipal nº 892/02 – Orizona-GO, págs 01 a 03) Cabe ressaltar aqui também, o que relatado no artigo 8º, da mesma Lei Municipal nº 892/02 – Orizona/GO, a qual diz: Art 8º - Fica criado, dentro da estrutura administrativa do Município, 01 (um) cargo de provimento em comissão de Secretário Municipal do Controle Interno, no nível dos demais Secretários Municipais ao qual compete exercer a gestão das ações do Sistema, de que trata o art. 1º, da presente Lei. (Lei Municipal nº 892/02 – Orizona-GO, pág 05) Apesar de todo o especificado referente a sua estrutura na referida Lei de criação e implementação, notou-se que nunca foi criado tais unidades setoriais 13 conforme relatado, existindo desde entãoapenas o controle central do Controle Interno, na figura da Secretaria Municipal de Controle Interno, órgão este existente até a data atual, com mesma nomenclatura e estrutura administrativa desde sua criação, tendo como servidores pertencentes, apenas o de Secretário Municipal de Controle Interno, cargo de provimento em comissão, indo portanto na contramão do recomendado e determinado pelo Tribunal de Contas dos Municípios Goianos – TCM- GO, tendo inclusive a Prefeitura Municipal, suas contas aprovadas com ressalvas, em sua última Prestação de Contas julgadas por àquela Corte, a qual se recomendou: “ ... 3 – RECOMENDAR ao Chefe de Governo atual que: (b) promova as medidas necessárias para compor seu sistema de Controle Interno com servidores do quadro efetivo, com a finalidade de se evitar a alternância inadequada de pessoas nesta função, nos termos da IN TCM nº 008/2014;...” (ACÓRDÃO Nº 02850/2019 – Tribunal Pleno – TCM/GO, pág 3) Percebe-se também, de forma importante, que embora estabeleça em sua referida Lei de criação sobre as competências e objetivos de seu Controle Interno e a expectativa de se ter uma estrutura atuante e que consiga no mínimo atender o que se foi proposto, e agir com legalidade, economicidade, eficiência e eficácia, o que têm- se é o de que a sua atuação é bem limitada, sendo quase nula, não atuando em quase nenhum ponto dos quais estão expostos em sua Lei e a qual deveria estar cumprindo e se efetivando, havendo portanto, Contratos firmados com terceiros para realização do proposto nas atribuições do Controle Interno, em clara afronta aos princípios administrativos que regem a Administração Pública. Cabe aqui ressaltar, que dentre esses Contratos, está o de nº 20180030, o qual “Contrata-se Advogado especializado para Assessoria e Consultoria Jurídico/Administrativa para o Departamento de Controle Interno do Município de Orizona.”, e entre a execução de seus serviços, estão os de: 1 – Acompanhamento da elaboração dos Pareceres do Controle Interno, análises de procedimentos licitatórios finalizados, assessorando o Gestor responsável, quanto à observância das Normas Técnicas pertinentes ao Controle Interno ditadas pela legislação federal, estadual, municipal e normas correlatas; 2 – Estudos e sugestões nas soluções de assuntos de ordem econômica financeira orçamentária, exigidos pela LRF e em outras disposições legais; 3 – Acompanhamento e orientações técnicas, atendendo às recomendações emanadas da Administração superior e dos órgãos de fiscalização; 4 – Consultoria da apuração dos atos e fatos suspeitos de ilegalidade ou irregularidade formalmente apontados, praticados quando da utilização de recursos públicos, dando ciência destes ao Gestor responsável e ao Órgão de Controle Externo; 5 – Atuação no patrocínio do Controle Interno nas ações que for demandado perante o Judiciário 1ª Instância, TCM-GO, TJGO e demais Tribunais Superiores e órgãos.” (Contrato nº 20180030, Orizona-GO, pág 01 e 02) 14 Observa-se ainda, outros Contratos com mesmo teor, onde usurpam as competências do Secretário de Controle Interno, tornando-o este um mero figurante e apenas chancelador daquilo que é determinado por lei, entre os quais estão: a de Contratação de Empresa para Acompanhamento e Controle de Obras; Contratação de Empresa que possua sistema de informática com módulos de contabilidade pública, sistema de folha de pagamento e recursos humanos, sistema de gestão de patrimônio, sistema de frotas, Sistema de Controle Interno, sistema de licitações, compras e controle de estoque, dentre outros, indo em claro desencontro ao determinado também pela IN nº 008/2014 – TCM-GO, a qual em seu artigo 6º, diz: “É vedado o exercício das atribuições de controle interno por terceiros contratados, sejam eles pessoa físicas ou jurídicas.” Após se conhecer a estrutura e a atuação do Sistema de Controle Interno do munícipio de Orizona, buscou-se então fazer o comparativo de tal estrutura e atuação com os seus munícipios limítrofes, tendo portanto, durante o mês de outubro de 2019 enviado questionários com questões do tipo fechadas às Prefeituras Municipais de Orizona, Luziânia, Silvânia, Vianópolis, Pires do Rio, Urutaí e Ipameri, do Estado de Goiás, e coletado outras informações por meio de suas transparências na internet, a fim de se conhecer e identificar a estrutura do Controle Interno existente nesses municípios, como base para se comparar e avaliar a atuação do Sistema de Controle Interno em Orizona-GO. Ao final do período de coleta de dados, os profissionais que responderam ao questionário em nome dos Municípios foram, em grande maioria, os Secretários Municipais e equivalentes, ou os responsáveis pelo Departamento de Controle Interno, tendo todos sido respondidos. Para compilar os dados, foram utilizados procedimentos estatísticos simples. Para tentar atingir ao objetivo do presente estudo, as questões buscaram investigar a situação dos Municípios em relação à existência do departamento de controle interno ou semelhante, a fim de se comparar com a estrutura adotada e a sua atuação no Município de Orizona-GO. Verificou-se que 100% dos municípios aqui pesquisados e como base para o comparativo, possuem um Departamento de Controle Interno ou um órgão similar com as mesmas características, tendo sido todos estes criados por Lei, conforme respostas ao questionário. 15 Observa-se que nas cidades de Orizona, Urutaí e Vianópolis, este órgão central de Controle Interno, possui uma Secretaria própria, denominada Secretaria Municipal de Controle Interno, possuindo em seus quadros um único responsável, no perfil do próprio Secretário da pasta, cargos estes ocupados por servidor comissionado de livre nomeação e exoneração, sem qualquer vínculo com a Administração, realidade esta, que foi também encontrada em todos os outros municípios pesquisados, com exceção da cidade de Pires do Rio, onde o responsável pelo Controle Interno é funcionário de cargo efetivo, provido por concurso público. Já nas cidades de Luziânia e Ipameri, este órgão responsável pelo Controle Interno, denomina-se de Controladoria Geral Interna e Controladoria Interna respectivamente, sendo um órgão de Assessoramento diretamente vinculados ao Gabinete dos Prefeitos nas respectivas Estruturas Administrativas, diferente dos munícipios de Pires do Rio e Silvânia, que possuem em suas estruturas, um denominado Departamento de Controle Interno, vinculados ao órgão hierárquico da Secretaria Municipal de Finanças. Quanto ao ano de implantação dessas estruturas de controle interno nestes municípios, nota-se que apesar da obrigatoriedade de implantação das controladorias/controle interno que remonta ao ano de 1988, por imposição dos artigos 31, 70 e 74 da Constituição, observa-se que todos estes municípios só implantaram a controladoria/sistema de controle interno nada menos de 12 (doze) anos após sua efetiva obrigatoriedade, mas precisamente entre os anos de 2000 a 2005, decorrendo unicamente do fato de que através da RN 004/2002 – TCM/GO, foi estabelecido esses prazos, onde se "determinou" que os municípios implantassem o sistema de controle interno, sob pena de emissão de parecer prévio pela irregularidade das contas, sendo portanto bem atendidos. Quanto à formação acadêmica dos profissionais responsáveis pelas controladorias/controles internos, revelou-se que a formação em Ciências Contábeis representa 42,8% (Vianópolis, Luziânia, Ipameri), e em Direito 28,6% (Orizona e Silvânia), tendo ainda 14,3% (Pires do Rio) com formação em Administração e outros 14,3% (Urutaí) com formação superior em outra área não especificada. Observa-se ainda quea quase totalidade dos respondentes possui formação Contábil, em Direito, em Administração ou Economia, formações estas que são as recomendadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás. 16 No que diz respeito aos quadros do Controle Interno e no tocante ao que estabelece a Instrução Normativa nº 008/2014 – TCM/GO, a qual “orienta os Municípios goianos a comporem seus Sistemas de Controle Interno com servidores do quadro efetivo, com a finalidade de se evitar a alternância inadequada de pessoas nestas funções”, verifica-se que apenas o munícipio de Pires do Rio atende este requisito, tendo como responsável pelo Controle Interno, servidor estável do quadro efetivo. Todos os demais munícipios aqui pesquisados possuem uma estrutura além de precária, em desacordo com as determinações do Tribunal de Contas dos Munícipios Goianos, tendo as cidades de Orizona e Urutaí ainda, apenas um responsável nessa estrutura, de forma comissionada, exercendo apenas o papel de Secretário da pasta, não possuindo nenhum tipo de departamentalização em sua estrutura. Porém, nos munícipios de Vianópolis, Luziânia, Ipameri e Silvânia, apesar de comporem seus quadros também apenas com servidores comissionados, em desacordo com a determinação do TCM-GO, estes possuem uma estrutura mais robusta, com departamentos bem definidos em vários níveis e atribuições bem explícitas, chegando a ter até 6 servidores em sua estrutura de pessoal, como são os casos de Luziânia e Ipameri. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho buscou conceitos e classificações sobre o controle interno, a fim de verificar a estrutura existente e identificar como se atua o Sistema de Controle Interno na Prefeitura Municipal de Orizona-GO, objeto principal desta pesquisa. Tal estudo, evidenciou e apontou uma necessidade emergencial da implantação e estruturação de um Sistema de Controle Interno efetivo, atuante e sobretudo condizente com a legislação, objetivando benefícios à administração e a população em geral. Ao evidenciar a presente pesquisa, buscando trazer respostas aos objetivos propostos, constatou-se que embora o município de Orizona-GO possua um Sistema de Controle Interno criado por Lei, e obedecendo recomendação de órgão de controle superior, no caso o TCM-GO, tal estrutura é precária e não atuante, indo inclusive na contramão do que é regido pela própria Lei de criação, onde deveria existir de fato uma estrutura mais robusta e ativa, conforme seus objetivos e metas ali propostos, 17 mostrando-se ainda bem distante do modelo adotado pelo governo federal, não possuindo nem autonomia satisfatória. Constatou-se também que tal estrutura possui apenas um órgão, contando apenas com um servidor, no caso o Secretário Municipal desta Secretaria de Controle Interno, sendo este servidor não efetivo, contrariando assim a determinação do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás – TCM-GO que determina que os Controles Internos possuam em seus quadros servidores efetivos, tendo tido inclusive em sua última prestação de contas junto àquela Corte, uma ressalva e recomendação para que se atente a esta norma e a contemple, sendo esta mais uma fragilidade perante a legislação encontrada no munícipio, entre tantas outras, como também a de se contratar empresa especializada para realizar os serviços e objetivos do Controle Interno, os quais estão expressos na Lei, usurpando assim suas atribuições, e ferindo os princípios administrativos e determinações dos órgãos de controle superiores. Por fim, ao se avaliar a estrutura do Controle Interno do Munícipio de Orizona, e compará-lo com a estrutura de órgãos semelhantes dos municípios vizinhos, notou- se que embora todos possuam algum órgão ou departamento de Controle Interno, Orizona fica bem distante no que diz respeito a estrutura existente e a sua forma de atuação, onde com exceção do município de Urutaí, todos os outros citados possuem uma estrutura ampla, em vários níveis, com atuações bem definidas e sobre maneira bem atuantes, onde devem servir de modelo e como sugestão para o Município de Orizona, na forma de atuação e principalmente estrutural, podendo inclusive, se implantar uma Controladoria, de forma autônoma e não vinculada ao Gabinete do Prefeito, se tornando um órgão permanente de Estado, atuando no impedimento de desvios ao erário, trazendo economia para os cofres públicos e um melhor gerenciamento dos gastos governamentais, além de não ter seus serviços interrompidos. Portanto, tem-se que na Prefeitura de Orizona, é ineficiente, ineficaz e mal gerido o seu Controle Interno, sendo inegável que a implantação desse Sistema de forma bem estruturada e atuante, é algo que se torna evidente e extremamente necessário, onde além da predisposição à fiscalização da própria administração e de seus atos, tem também a competência de contribuir para a redução dos gastos públicos, fato este bastante notável no munícipio de Orizona, contribuindo assim com uma gestão pública com eficiência, eficácia e correspondente aos princípios norteadores da administração. 18 Pode-se ter aqui como forma de contribuição para futuras pesquisas, a necessidade de estudos de casos em Municípios que tem implantado o Controle Interno de forma ampla e irrestrita, bem estruturado e atuante, sobre maneira na implantação das Controladorias, a fim de evidenciar os benefícios desse sistema, no propósito de uma administração eficiente, eficaz e bem gerida. Embora a presente pesquisa tenha cumprido os seus objetivos, que era de se conhecer e avaliar a atuação do Sistema de Controle Interno do Munícipio de Orizona- GO, deixa aqui também consignado a relação existente entre a efetividade do sistema de controle interno e a melhoria da gestão pública, onde acredita-se ter contribuído na literatura acerca do controle interno como sistema de controle apto a auxiliar nesta melhoria da gestão. Fica assim, a expectativa de contribuição levando a se discutir mais do tema, estimulando novas pesquisas e estudos comparativos, objetivando observar os desígnios dessa importante área da Gestão Pública. REFERÊNCIAS ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito constitucional descomplicado. 5 ed. São Paulo: Método, 2010. ANTUNES, J. Contribuição ao estudo da avaliação de risco e controles internos na auditoria demonstrações contábeis no Brasil, 1998. Dissertação (Mestrado em Contabilidade) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, p.61-64, 1998. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponíveis/12/12136/tde-25012005-164416/. Acesso em: 17 set.2019 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 20 set.2019. BRASIL, Decreto-Lei nº 200, de 25 de Fevereiro de 1967. Diário Oficial da União, Poder Executivo. Brasília, DF, 27 de fev. de 1967. Disponível em: http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/24/1967/200.htm Acesso em: 10 out. 2019. BRASIL. IBGE. Cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php. Acesso em 17 out. 2019. BRASIL, Presidência da República. Legislação. Leis. Leis Ordinárias de 1980 – 1960 – Lei 4320, de 17.3.64. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L4320.htm Acesso em: 20 de out. 2019 19 BOTELHO, Milton Mendes. Manual prático de controle interno na administração pública municipal. Curitiba: Juruá, 2008. BULIGON, Diego. O controle interno na administração pública como instrumento de governança e governabilidade na gestão dos municípios paranaenses. 2012. 245f. Dissertação(Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Governança Pública) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Disponível em: <http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/380> Acesso em: 21 out. 2018. CASTRO, Domingos Poubel de, Auditoria, Contabilidade e Controle Interno no Setor Público, São Paulo, Ed. Atlas, 5ª Edição, 2013. CAVALHEIRO, Jader Branco; FLORES, Paulo Cesar. A organização do Sistema de Controle Interno municipal. 4.ed. Porto Alegre: Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, 2007. Disponível em: http://www.crcrs.org.br. Acesso em: 20 out.2019. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6. Edição - Rio de Janeiro: Campus - 2001. CRUZ, Flávio; GLOCK, José Osvaldo. Controle interno nos municípios: orientação para a implantação e relacionamento com os tribunais de contas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GOIÁS. Constituição do Estado de Goiás, de 5 de outubro de 1989. GOIÁS, Tribunal de Contas dos Municípios. Resolução Normativa nº 004/01, de 06 de setembro de 2001. Estabelece normas e recomenda procedimentos à Administração Pública municipal, visando à implantação do Sistema do Controle Interno nos Poderes Legislativo e Executivo. Disponível em: <https://www.tcm.go.gov.br/site/wp-content/uploads/2017/08/RN004-2001.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2019. GOIÁS, Tribunal de Contas dos Municípios. Instrução Normativa nº 008/14, de 09 de julho de 2014. Orienta os Municípios goianos a comporem seus Sistemas de Controle Interno com servidores do quadro efetivo. Disponível em: < https://www.tcm.go.gov.br/site/wp-content/uploads/2017/08/IN008-2014.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2019. GOIÁS, Tribunal de Contas dos Municípios. Acórdão nº 02850/2019 Tribunal Pleno. Contas de Governo, Município Orizona, Exercício de 2017. Disponível em: < http://acessoainformacao.orizona.go.gov.br/resp_fiscal/tcparecer/id=1> Acesso em: 06 ago. 2019 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico (2010). 20 Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 18 ago. 2019. LACOMBE, Francisco José Masset. Dicionário de Administração. São Paulo: Saraiva, 2004. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Helvética, 1999. MEIRELLES, Helly Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 31 ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2005. ORIZONA, Prefeitura Municipal. Lei Municipal nº 839, de 31 de dezembro de 2002. Institui o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo e dá outras providências. Disponível em: <http://acessoainformacao.orizona.go.gov.br/legislacao/lei/id=15>. Acesso em: 1 jul 2019. ORIZONA, Prefeitura Municipal. Contrato de Prestação de Serviços Técnicos Especializados nº 20180030. Contratação de Advogado Especializado para Assessoria e Consultoria Jurídico/Administrativa para o Departamento de Controle Interno do Município de Orizona. Disponível em: < http://acessoainformacao.orizona.go.gov.br/informacao/contrato/id=829> Acesso em: 1 set. 2019. PREFEITURA MUNICIPAL DE IPAMERI. Ipameri, 2019. Disponível em: <https://www.ipameri.go.gov.br/ >. Acesso em: 10 out. 2019 PREFEITURA MUNICIPAL DE LUZIÂNIA. Luziânia, 2019. Disponível em: <https://www.luziania.go.gov.br/ >. Acesso em: 10 out. 2019 PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIZONA. Orizona, 2019. Disponível em: <https://www.orizona.go.gov.br/ >. Acesso em: 10 out. 2019 PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRES DO RIO. Pires do Rio, 2019. Disponível em: <https://www.piresdorio.go.gov.br/ >. Acesso em: 10 out. 2019 PREFEITURA MUNICIPAL DE SILVÂNIA. Silvânia, 2019. Disponível em: <https://www.silvania.go.gov.br/ >. Acesso em: 10 out. 2019 PREFEITURA MUNICIPAL DE URUTAÍ. Urutaí, 2019. Disponível em: <https://www.urutai.go.gov.br/ >. Acesso em: 10 out. 2019 PREFEITURA MUNICIPAL DE VIANÓPOLIS. Vianópolis, 2019. Disponível em: <https://www.vianopolis.go.gov.br/ >. Acesso em: 10 out. 2019 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei Complementar Federal 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em: 21 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm.> Acesso em 25 de set. 2018. RAUEN, Fábio José. Elementos de iniciação à pesquisa: inclui orientações para a referenciação de documentos eletrônicos. Rio do Sul: Nova Era, 2002. RONCALIO, Michele Patricia. Controle interno na administração pública municipal: um estudo sobre a organização e atuação dos órgãos centrais de controle interno de municípios catarinenses com mais de 50.000 habitantes, frente às funções estabelecidas pela Constituição Federal. 2009. 191 f. Dissertação (Mestrado em Contabilidade) – Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis-SC, 2009. SOARES, L. R. Características do sistema de controle interno municipal: um estudo da prefeitura municipal de Ouro Preto. 2012. 96f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade FUMEC, 2012. YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. ZANELLA, Liane Carly Hermes. Metodologia de estudo e de pesquisa em administração. Florianópolis: UFSC, Departamento de Ciências da Administração; [Brasília]: CAPES: UAB, 2009.
Compartilhar