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alegaçoes finais - seção 5

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR (A) JUIZ DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG
AUTOS N°
Eu, Lúcio Teixeira, brasileiro, casado, médico registrado no Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais nº_____/ CRM-MG, portador da cédula de identidade de n º................SSP/....., inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob o nº ............, natural de ........... – ... em ..../.../...., domiciliada na Rua .........., ....., Bairro . ........., Belo Horizonte/MG – CEP ......., telefone (.....) ................, e-mail: ..............@hotmail.com, vem respeitosamente, por seu advogado que ao final subscreve, vem respeitosamente oferecer
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
Com fulcro no artigo 411, §4º c/c §3º do art. 403 do Código de Processo Penal, nos autos de ação penal que lhe move o Ministério Público, com base nos fundamentos de fato e de direito a seguir expostos.
DA SÍNTESE FÁTICO-PROCESSUAL
O Ministério Público do Estado de Minas Gerais ofereceu denúncia em face do cidadão acusado, imputando ao mesmo, a prática do delito de homicídio doloso descritos respectivamente, no artigo 121 do Código Penal.
Na denúncia consta que as investigações encabeçadas pela Autoridade Policial se iniciaram e, de prontidão, a paciente foi localizada em um dos hospitais da Capital Mineira, em estado crítico de saúde, vindo a falecer às 03h do dia 18/12/2018.
Assim, no dia seguinte a morte da paciente (19/12/2018) as autoridades se dirigiram à residência de Lúcio para conduzi-lo à Delegacia mais próxima.
Ressalte-se que todas as informações que as autoridades policiais possuíam até este momento eram aquelas repassadas por Mariana, sem o conhecimento de Lúcio, por meio da denúncia anônima. A paciente (vítima), por estar sedada e em estado de saúde crítico, não prestou qualquer esclarecimento ou informação às Autoridades. 
Ocorre que a paciente realizou uma bioplastia de glúteos, com aplicação de 200 ml de silicone em ambas as nádegas no dia 14 de dezembro de 2018, às 12h45min. 
Ao chegarem à Delegacia, o Delegado Souza, de posse de todas as informações, que à época eram mínimas, (relatos do disque denúncia e dos policiais) deu voz de prisão a Lúcio, lavrando o respectivo auto de prisão em flagrante delito da forma estabelecida na legislação pátria (pela prática do delito de homicídio doloso, previsto no artigo 121 do Código Penal) e o encaminhou ao Juiz competente no prazo devido.
Ouvido o Réu, e acatando o pedido de relaxamento de prisão, Excelentíssimo Juiz ............ da ....Vara Criminal de Belo Horizonte/MG, decidiu-o converter a prisão em flagrante para prisão preventiva, a fim de preservar e / ou garantir a ordem pública.
Desse modo, foi impetrado Ordem de Habeas Corpus com pedido liminar perante o Tribunal de Justiça, em virtude da patente coação ilegal subtraída da decisão da Autoridade Coatora que, apesar de considerar o auto de flagrante nulo, decidiu por converter a prisão em flagrante em preventiva. O writ foi distribuído para a 1ª Câmara Criminal, de relatoria do Desembargador Edison Moreira de Souza. 
Em juízo de cognição sumária, o ilustre Relator indeferiu a liminar, sob o argumento de que ela se confundia com o mérito da impetração e, por isso, necessitava de uma análise mais aprofundada dos autos. 
Prestadas as devidas informações por parte da Autoridade Coatora (Magistrado que decretou a prisão de Lúcio) e ouvido o representante do Ministério Público, foi marcada a sessão de julgamento para o dia 20 de fevereiro de 2019, tendo sido, no mérito, denegada a presente ordem, à unanimidade dos votos.
Dessa vez, a Turma Julgadora considerou que a manutenção da prisão preventiva de Lúcio se justificava em razão da garantia da ordem pública, em função da gravidade abstrata do crime a ele imputado e da suposta intranquilidade social que sua liberdade poderia causar. 
Em decorrência da não concessão da ordem, foi interposto Recurso Ordinário em Habeas Corpus perante o C. STJ. 
Ato seguinte, o Magistrado considerou que os pressupostos processuais e as condições da ação do art. 41 do CPP estavam presentes, bem como ressaltou que a peça acusatória descreveu o fato criminoso de maneira eficaz, inclusive com suporte probatório capaz de evidenciar a justa causa para a ação penal em desfavor de Lúcio, 
Assim, recebida a denúncia no dia 22 de abril de 2019, o MM Juiz determinou que o acusado Lúcio Teixeira fosse devidamente citado do recebimento da denúncia, o que acertou no dia 23 de abril de 2019, porém a intimação para prestar depoimento na referida audiência de instrução e julgamento não foi devidamente cumprida, não tendo sido ele intimado pessoalmente.
A audiência de instrução e julgamento ocorreu em dia 14 de junho de 2019.
A Defesa apresentou o pedido de admissão de assistente técnico, bem como a oitiva do Dr. Clésio em audiência, para poder questionar as conclusões do laudo, em razão de graves contradições no laudo. Não obstante, tal pedido foi indeferido pelo MM. Juiz, sob o argumento de que o laudo pericial seria extremamente claro, não pairando quaisquer dúvidas sobre a veracidade de seu conteúdo.
Nas alegações finais o Ministério Público ratificou a denúncia como pratica delito de dolo eventual na conduta do denunciado.
 O MM. Juiz determinou a elaboração de alegações finais escritas, nos termos do artigo 403, §3º do CPP.
DO DIREITO
Incialmente cumpre ressaltar que o denunciado é primário, possui residência fixa e trabalho lícito, conforme documentos acostado aos autos.
Cumpre esclarecer, que a intimação do Lúcio Teixeira para prestar depoimento na referida audiência de instrução e julgamento não foi devidamente cumprida, não tendo sido ele intimado pessoalmente, consequentemente, o não interrogatório do Réu à AIJ, contrária, dessa maneira, os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.
Na mesma circunstância, a decisões de indeferimento dos pedidos de admissão do assistente técnico, de oitiva do perito em audiência e remarcação da AIJ, geraram também, ofensa aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório como estabelece art. 5º, LV da CF/88 e às regras do art. 159, §§3º a 5º do CPP.
§3º. Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
§4º. O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.
§5º. Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência
	E ainda, a não inquirição fere a produção de provas, a formalidade do ato, prejudicando a audiência de instrução, conforme descreve os atos processuais previsto no artigo 411 do CPP.
Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. 
§1º. Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento e de deferimento pelo juiz. 
§2º. As provas serão produzidas em uma só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
E, se tratando de ofensa à norma constitucional, temos evidenciada uma hipótese de nulidade absoluta do processo, com base no art. 564, IV do CPP.
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
(...) IV - por omissão de formalidade
que constitua elemento essencial do ato.
O elemento subjetivo constante do art. 121 do CP é o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de matar alguém. O agente atua com o chamado animus necandi ou animus accidendi. A conduta do agente, portanto, é dirigida finalisticamente a causar a morte de uma pessoa.
É necessário vislumbrar os diferentes tipos de dolo. Para Reale Júnior diferencia dolo em dolo direto e dolo indireto.
O DOLO DIRETO nada mais é do que a vontade de realização do crime, quando o resultado é intencionalmente buscado pelo autor do fato de modo claro. Ocorre quando “o agente realiza em seu espírito a certeza de que com a sua conduta se darão todos os elementos componentes da figura penal”.
O DOLO INDIRETO, por sua vez, ocorre quando o agente assume o risco de produzir o resultado. Tal ação não tem o fim direto de praticar o crime, se mostrando, portanto, como eventual. Assim, se mesmo representando como possível ou provável um determinado resultado criminoso, o agente vem a agir, o faz com dolo (eventual) (REALE JÚNIOR, Miguel). 
Ainda, o autor Luiz Régis Prado descrever, que o agente considera seriamente como possível a prática do tipo penal, mas se conforma com ela. Ou seja, “o agente conhece consente, ou se conforma se resigna ou simplesmente assume a realização do tipo penal.” e que já a CULPA INCONSCIENTE é a culpa comum, que se verifica quando o autor não prevê o resultado que lhe é possível prever. Desta maneira, a lesão ao dever objetivo de cuidado lhe é desconhecida, embora conhecível. Por outro lado, na culpa consciente, há a efetiva previsão do resultado, sem a aceitação do risco de sua produção, pois confia que o evento não ocorrerá. 
Logo, podemos diferenciar o dolo da culpa consciente, no sentido que, no primeiro, o agente tem a vontade de realização do crime, quando o resultado é intencionalmente almejado por ele. Ao contrário, na culpa consciente, o agente afasta ou repele, embora inconsideradamente, a hipótese de superveniência do evento e empreende a ação na esperança de que este não venha a ocorrer. Portanto, apesar de prever o resultado como possível, não o aceita, muito menos o consente.
Por meio da análise das informações do processo, percebe-se que a denúncia apresentada pelo Ilustre Representante do Ministério Público não possui qualquer acervo probatório a fim de comprovar o suposto animus necandi do crime de homicídio praticado por Lúcio, assim, não restam dúvidas de que Lúcio, ao invés de dolo direto, agiu com culpa consciente.
 Portanto, não há qualquer prova nos autos de que ele seja o real responsável pelo falecimento da vítima (conforme depoimento das testemunhas), que comprove a conduta imputada ao denunciado, não há que se falar em crime de homicídio doloso.
Ademais, como citado anteriormente não houve intenção de levar a paciente a óbito, descaracterizando visivelmente o homicídio doloso do artigo 121, mas sim, culpa artigo 121, §3, ambos do Código Penal.
Por todo o exposto, requer seja o delito imputado ao Réu desclassificado para o de crime homicídio culposo descrito no art. 121, §3º CPP.
DO PEDIDO
Ante todo exposto, requer a defesa:
A anulação absoluta do processo evidenciada pela omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato, com base no art. 564, IV do CPP.
Caso não seja a anulação o entendimento de V.Exa., que seja acolhida a tese de DESCLASSIFICAÇÃO para o delito de homicídio culposo art. 121, §3º CP. , com fundamento no artigo 419 do CPP, com consequente, requer seja determinada a remessa dos autos ao juízo competente.
Temos em que, e aguarda deferimento.
Belo Horizonte, 17 de Junho de 2019.
Nome do Advogado
..................../OAB
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