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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira Professora Me. Renata Cristina de Souza GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; OLIVEIRA, Julimari Aparecida Bonvechio de; SOUZA, Renata Cristina de. Gerenciamento de Resíduos. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira; Renata Cristina de Souza. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2013. Reimpresso em 2019. 181 p. “Graduação - EaD”. 1. Gestão Ambiental. 2. Resíduos. 3. Efluentes. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-8084-644-7 CDD - 22 ed. 304.2 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Silvio Silvestre Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Rafael Szpaki Sangueza Qualidade Textual Jaquelina Kutsunugi Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R A S Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira Possui graduação em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (1992) e mestrado em Administração pela Universidade Estadual de Londrina (2012). Professora Me. Renata Cristina de Souza Possui graduação em Tecnologia Ambiental pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Especialista em Gestão Ambiental pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão - FECILCAM. Mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá - UEM. SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) acadêmico(a), é com muito prazer que apresentamos a você o livro que fará parte da disciplina Gestão de Resíduos. Nós o preparamos com empenho e carinho para que você adquira conhecimentos so- bre a Gestão de Resíduos: tipologia, caracterização, coleta, armazenamento, destino fi- nal e legislação pertinente. Sou a Professora Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira, sou graduada, especialista e mestre em Administração, professora e pesquisadora dessa área, e confesso que sou apaixonada pelo tema e muito me importa em contribuir para sua formação e cons- ciência cidadã sobre as questões ambientais. Juntos, podemos melhorar a qualidade ambiental. Sou a Professora Renata Cristina de Souza, sou graduada em Tecnologia Ambiental, Es- pecialista em Gestão Ambiental e Mestre em Engenharia Urbana, sou professora e pes- quisadora na área ambiental, principalmente nos temas de gerenciamento de resíduos, tratamento de águas e tratamento de efluentes. Espero colaborar para sua formação em questões ambientais. Caro(a) aluno(a), este livro tem como finalidade introdutória apresentar a compreensão sobre o sistema de gestão ambiental, uma vez que os fundamentos teóricos fazem par- te dos estudos das ciências socioaplicadas, e ajudá-lo a aplicar tais conhecimentos na vivência organizacional e individual. Neste interesse, almejamos apresentar o tema de forma que permita novas discussões, análises e inovações, visando ampliar a qualidade ambiental. Em nosso país, o gerenciamento de resíduos ainda não abrange a pauta das grandes discussões relacionadas às questões político-ambientais. Esse assunto está fundamen- tado no limite legal, ou seja, as empresas visam atender apenas às exigências legais para se livrarem de punições econômicas, deixando de lado as possibilidades de melhoria ambiental por considerarem o custo. Porém, temos a pretensão de sensibilizá-lo a ponto de torná-lo agente disseminador em suas atividadesdiárias e organizacional, o que se revela em oportunidade para se destacar em empreendedor ou como profissional capa- citado a gerir os resíduos. Será preciso muito empenho para assimilar os conhecimentos por meio de leituras, as- sim como atenção às videoaulas e responder aos exercícios. Ainda, por não se tratar de uma teoria cabal, desejamos que possa contribuir com novas discussões e possibilida- des sobre o assunto nos trazendo sugestões de leituras e opiniões díspares. Na unidade I, começamos a introduzir o assunto Sistema de Gestão Ambiental e, assim, apresentamos definições bem como uma contextualização sobre o problema da po- luição e seu tratamento. Sumariamente, também foram apresentadas a concepção de resíduos e a metodologia 3 Rs como uma prática diária para minimização dos impactos ambientais. Na situação organizacional, também abordamos as vantagens dos Rótulos APRESENTAÇÃO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS Ambientais e do ISO 14000 para mercados consumidores conscientes, as quais são iniciativas de caráter ambiental que, economicamente, repercutem de maneira fa- vorável para as empresas, trazendo também, dessa forma, benefícios para a nação. Na unidade II, será possível conhecer as principais tipologias e características dos resíduos sólidos que são oriundos das atividades humanas domésticas, organizacio- nais, hospitalares e também de queda de árvores, entre outros. Os resíduos sólidos, quando não tratados, além da grande expansão espacial que exigem para seu ar- mazenamento, representam nocividade para o meio ambiente. Nesta unidade, será possível conhecê-los e compreender como gerenciar estes resíduos atendendo à legislação existente e contribuindo com a minimização dos efeitos nocivos. Na unidade III, caro(a) aluno(a), você conhecerá o conceito de efluente. As orga- nizações eliminam grandes volumes de águas residuárias das atividades de seus processos. Contudo, boa parte desses resíduos é constituída de matéria orgânica, micro-organismos patogênicos, sólidos e produtos químicos. Com isso, será pos- sível conhecê-los e compreender como gerenciar estes resíduos atendendo à le- gislação existente e, a partir da caracterização, apresentaremos as possibilidades para tratá-lo: o pré tratamento, o tratamento e destino final em cumprimento da exigência legal. Na unidade IV, serão expostas as bases conceituais das emissões atmosféricas. A partir da compreensão sobre as fontes de poluição, você poderá avaliar as possibi- lidades de gerir e minimizar a emissão de gases, pois estes contribuem com chuva ácida e aquecimento global. Chama-se atenção, ainda, ao fato de que as organi- zações que não atendem aos padrões de emissões estão suscetíveis a penalidades severas pelos órgãos ambientais. Assim, faz-se necessário introduzir mecanismos nos processos para tratar estes gases antes de emiti-los. Na Unidade V, discutiremos sobre o conceito de lixão e aterros. Você perceberá que grande parte dos resíduos sólidos é descartada a céu aberto, sem nenhum trata- mento. Veremos também que o trânsito nestes locais de pessoas e animais que es- tão em busca de alimentos agrava ainda mais a situação, o que expressa não só a degradação ambiental como também a social. Sendo assim, aprenderá, nesta uni- dade, que os aterros sanitários e industriais, quando licenciados, obrigatoriamente são planejados com estruturas que têm os gases e o chorume líquido eliminados pela decomposição de resíduos. Esses processos minimizam expressivamente o efeito nocivo ao ambiente. E podem se tornar fontes alternativas de energias. Dessa forma, buscaremos passar pelos principais conceitos sobre o Gerenciamento dos Resíduos, oferecendo uma visão abrangente e ao mesmo tempo alinhado com as especificidades de cada situação. Todo este estudo almeja fornecer e clarificar seu conhecimento sobre resíduo. APRESENTAÇÃO Esperamos assim possibilitar uma transformação antrópica que se repercute no comportamento organizacional e, quem sabe, em oportunidades empreendedoras para tratar resíduos ou mesmo reaproveitá-los como materiais. Para finalizar, gostaríamos de frisar: nosso desejo é que o conhecimento deste con- teúdo não se restrinja à aplicação nas questões organizacionais, mas, sobretudo, melhore a qualidade de vida do globo. Sua atitude pode trazer mudanças globais! Bom estudo! APRESENTAÇÃO SUMÁRIO UNIDADE I SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS 15 Introdução 16 Gestão Ambiental e Compreensão dos Resíduos 21 Abordagem da Gestão Ambiental para Tratamento dos Resíduos 28 Tipologia dos Resíduos 34 Considerações Finais UNIDADE II RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE 39 Introdução 40 Definição dos Resíduos Sólidos 44 Tratamento dos Resíduos Sólidos 47 Evolução dos Resíduos 54 Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais 66 Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde: Definição e Classificação 78 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE III EFLUENTES 83 Introdução 85 Esgotos Sanitários (Domésticos) 96 Efluentes Industriais 102 Lixiviado (Chorume) 103 Tratamento de Efluentes 108 Tratamento Secundário de Efluentes 114 Considerações Finais UNIDADE IV POLUIÇÃO DO AR 119 Introdução 120 Breve Histórico da Poluição Atmosférica 128 Características dos Poluentes Atmosféricos 137 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE V LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL 143 Introdução 144 Compreendendo os Conceitos de Lixões, Aterros Contralados e Aterros Sanitários 159 Aterro Industrial 169 Considerações Finais 173 CONCLUSÃO 175 REFERÊNCIAS U N ID A D E I Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira Professora Me. Renata Cristina de Souza SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender o significado de poluição e resíduos. ■ Apresentar os movimentos e discussões que pressionaram a adoção de mecanismos de tratamento de poluição. ■ Entender os 3 Rs – reduzir, reusar, reciclar. ■ Discorrer sobre as diferenças entre prevenir e controlar a poluição. ■ Classificar, sumariamente, os resíduos mais comuns nas organizações: sólidos, efluentes e emissões atmosféricas. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Gestão Ambiental e compreensão dos resíduos ■ Abordagem do tratamento ambiental para o tratamento de resíduos ■ Sistema de Gestão Ambiental (SGA), Rótulos e ISO 14000 ■ Os resíduos: sólidos, efluentes (líquidos) e emissões atmosféricas INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), na unidade I, apresentaremos o conceito de Gestão Ambiental e de Resíduos bem como as possíveis consequências negativas oridunas do pro- cesso industrial para o meio ambiental. Nos últimos séculos, as inovações tecnológicas e o amparo ao processo produtivo avançaram velozmente. Esse avanço, contudo, ainda que produzisse diferenciais importantes para o progresso econômico, analogamente não garan- tiu o progresso social. Avançaram também a desigualdade social e o perigo para a dimensão ambiental no que diz respeito à exploração de recursos e poluição. A discussão sobre a poluição ambiental requer amparo nas ciências e no compromisso de toda nação com o progresso sustentável. Neste sentido, nos fixaremos nos comportamentos organizacionais que ora aderem às políticas públi- cas (leis), ora avançam em selos e, muitas vezes, nem a um nem a outro. Assim, apresentaremos as possíveis alternativas para as organizações que estrategica- mente desejam adotar o tratamento da poluição em termos de políticas internas. Para o tratamento da poluição, apresentamos um modelo de prevenção e outro de controle. No primeiro caso, as mudanças exigem alterações de layout, inovações eassimilação do conceito de 3Rs. No segundo modelo, as organizações implementam alternativas de controle, ou seja, no fim do processo e com pouca alteração em seu layout, uma vez que visam apenas atender às exigências legais. E para finalizar a unidade, conceituaremos as os três tipos de resíduos mais comuns nas organizações: sólidos, efluentes e emissões atmosféricas. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 GESTÃO AMBIENTAL E COMPREENSÃO DOS RESÍDUOS No modelo atual de desenvolvimento econômico, há um crescente aumento da exploração de recursos naturais visando tão somente à maximização de lucros. Soma-se a isso o desenfreado desejo de produzir infinitamente, o que gera des- carte de sobras ao ambiente natural (meio ambiente). Este material descartado ao meio ambiente causa danos ao ar, água, solo e à saúde dos animais em geral. Como afirma Faria, “Os industriais modernos são como homens que acabaram de chegar a uma terra virgem e fértil, podendo viver por um bom tempo sem o mínimo trabalho” (FARIA, 2002, p. 53). O nosso planeta é indivisível, não há barreiras que possam proteger regiões de serem atingidas pela poluição. E, por isso, as emissões, os efluentes descar- tados em lagos e rios, e problemas por descarte de resíduos periculosos à saúde atravessam países. Assim, a queima de carvão na China afeta os EUA, a chuva ácida dos países poluentes destroi várias florestas, a contaminação em rios sufoca a vida de muitas espécies que dependem desta água e contribuem com seu desa- parecimento, um acidente radioativo pode provocar câncer em várias regiões. (FARIA, 2002) Para Barbieri (2011, p.15), “[...] a poluição é dos aspectos mais visíveis dos nossos problemas ambientais [...]”. A poluição não respeita fronteiras entre um país e outro. As consequências estão visivelmente ao nosso redor, no nosso dia a dia, no trabalho, em qualquer atividade humana. Neste entendimento, vamos acatar ao conceito de Barbieri (2011) sobre poluir e contaminar para refletirmos sobre a poluição. Poluir é sujar, degradar, conta- minar, manchar e mesmo alterar as condições naturais do ambiente. Poluente é o que polui, uma vez que produz algum tipo de situação indesejada ao meio e à vida humana. A poluição pode ser vista em vários aspectos como apresenta a figura 1 a seguir: Meio Receptor Intermediato: » Ar » Água » Solo Final: » Organismos » Materiais » Ecossistemas Fonte de poluição Origem: » Natural » Antropogênica Fonte » Móvel » Fixa ou estacionária Emissão: » Pontual » Difusa Poluente: » Físico-químico, biológico, sonoro, radioativo etc. Poluente: » Agricultura » Geração de energia » Mineração » Transporte » Construção Civil » indústria de transformação » Serviços de saúde » Serviços educacionais » Etc. Impacto sobre o meio ambiente Alcance » Local » Regional » Global Danos: » Aos seres humanos: – Toxicidade aguda e crônica – Alterações genéticas – Redução da capacidade física – invalidez, morte » À �ora, à fauna e aos solos » Solo materiais, construções, equipamentos, instalações, monumentos, sítios históricos e arqueológicos etc. Tipos de impactos: » Eutro�zação » Acidi�cação » Destruição da camada de ozônio » Perda da biodiversidade » Aquecimento global » Redução da fertilidade do solo » Esgotamento de recursos » Etc. Gestão Ambiental e Compreensão dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 Figura 1: Poluição – alguns critérios de classificação Fonte: Barbieri (2006, p. 16) Como se observa pela figura 1, os poluentes podem ser emitidos de diversas fontes: indústrias, homem, hospitais, veículos; naturalmente, como material de vulcões, decomposição de material orgânico. E podem alcançar ar, água, solo e organismos vivos. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 SETOR POLUENTES Agropecuária Metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), compostos orgânicos voláteis (COV), metais pesados, embala- gens de agronegócios, fertilizantes não aproveitados, materiais particulados. Mineração CO2, monóxido de carbono CO, óxido de nitrogênio (NO), óxido de enxofre (SO), materiais pesados, águas residuais, resíduos sólidos, ruídos, vibração. Siderurgia Materiais particulados, SO2, NO2, CO, COV, DBO, escó- rias e lodos de tratamento de efluentes, ruídos. Metais não metálicos SO2, CO, materiais particulados, DBO, lodos de trata- mento de efluentes, ruídos. Usinas Termoelétricas CO, CO2, CH2, NO2, materiais particulados e lodo. Têxtil Materiais particulados, lodo, ruídos, SO2, NO2, CO, COV, DBO e HC. Refinarias de petróleo SO2, NO2, SO2, materiais particulados, lodo, ruídos, derramamento de óleo e combustíveis. Transportes CO, CO2, NO2, SO2, materiais particulados, ruídos, der- ramamento de óleo e combustíveis. Quadro 1: Exemplos de alguns poluentes em cada setor produtivo Fonte: adaptado de Barbieri (2006, p. 17) Cabe à empresa inserir em sua estratégia organizacional a Gestão Ambiental e de Resíduos, observando as vantagens tanto econômicas quanto socioambientais. Nessa concepção, adotamos o conceito de Gestão Ambiental (SGA) de Barbieri (2006, p. 19): como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como: planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos sobre o ambiente, que redu- zindo ou eliminando os danos problemas causados pelas ações huma- nas, quer evitando que eles sujam. A gestão ambiental tem o objetivo de proteger o meio ambiente dos danos pro- vocados pelos efeitos nocivos dos materiais indesejados pelas empresas, os quais às vezes são descartados incorretamente no ambiente natural. Tal comporta- mento poluidor/degradador expõe a empresa a situações perigosas. Os resíduos indesejados e descartados sem tratamento no ambiente podem levar a empresa Gestão Ambiental e Compreensão dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 a punições severas no âmbito legal e inferir conotação negativa ao mercado alvo que deseja atrair. Além disso, a empresa deixa de aproveitar “potencial” ganho com o reuso, reciclagem e reaproveitamento econômico de certos materiais ainda com vida útil em seu ciclo de vida. Com a Revolução Industrial (séc. XVIII), a discussão sobre o tratamento da poluição (resíduos) começou a se fortalecer, uma vez que o lixo urbano infes- tava as cidades e causava danos a saúde dos habitantes. E, a partir do século XIX, a preocupação com a poluição deixa de ser assunto somente de cientistas e ambientalistas, passando a ser mais uma responsabilidade para setores produ- tivos e políticas públicas. Sendo que os maiores exemplos para as organizações repensarem seus processos foram as catástrofes ambientais de grande propor- ção como Seveso, Minamata, Three Miles Island, Bophal, Exxon Valez, Cubatão, Chernobil, Baia de Guanabara e muitas outras provocadas por derrames de óleos, poluição atmosférica e outras que danificaram consideravelmente o ambiente e causavam problemas a saúde humana (BARBIERI, 2006). De modo geral, pode-se dizer queo objetivo principal da SGA é melho- rar o desempenho econômico e ambiental da organização, reduzindo a demanda por recursos e aumentando a produtividade. Sua vocação é holística, pois suas metas dialogam com outros sistemas, como a gestão da qualidade e segurança no trabalho (ACADEMIA PEARSON, 2011, p. 121). A sociedade cada vez mais atenta aos prejuízos sofridos com descartes de resíduos e poluição generalizada compreende agora que a solução para o problema dos resíduos exige o envolvimento do governo com legislação rigorosa, do mercado com a escolha consciente do consumidor por marcas ambientalmente corretas, e da sociedade com Organizações não governamentais (ONGs), cientistas e pessoas que exprimem seu poder de denunciar a poluição aos órgãos punidores e mídia. Os gestores devem adotar, em seu planejamento estratégico, novas aborda- gens tecnológicas e administrativas para segregar, acondicionar, tratar e destinar corretamente os resíduos. E assim, espera-se que as empresas deixem de ser problemas e contribuam positivamente nas questões relacionadas aos resíduos. Destacamos na sequência alguns movimentos relevantes que pressionaram decisões políticas a encarar e exigir compulsoriamente o destino dos resíduos (BARBIERI, 2006): SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 1. A intensificação dos processos de abertura comercial expondo produtores com diferenças pronunciadas de custos ambientais e sociais a uma com- petição mais acirrada e de âmbito mundial reforçaram a necessidade de regulamentações em por todos participantes do mercado internacional. Uma vez que os países com legislações menos rigorosas estavam prati- cando dumping ambiental. 2. A criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) que passou a pontuar criticamente as diferenças nos custos de produção por países sem práticas corretas em termos ambientais, em outras palavras, sem trata- mento de seus resíduos. 3. A preocupação dos investidores que procuraram minimizar os riscos de seus investimentos. As empresas que não adotassem em suas estraté- gias técnicas de despoluição e tratamento estavam acumulando passivos ambientais (impactos ambientais por poluição), o que vem prejudicar os altos lucros desejados por estes investidores. Neste interesse, passaram destinar seus recursos em empresas mais saudáveis ambientalmente. Na atualidade, existem critérios próprios por parte das instituições financei- ras que devem ser cumpridas pelos tomadores de créditos. Em 2002, o PNUMA – Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente –promo- veu a discussão no setor e conseguiu a adesão de 35 bancos em diversos países cuja atuação visava respeitar a legislação ambiental por parte dos tomadores. 4. O setor de seguro também tem tido forte presença no controle à polui- ção de seus segurados, uma vez que passaram a exigir das empresas que assinaram os contratos modelos preventivos e normatizados segundo as regras ambientais para evitar os altos custos dos seguros. E as organiza- ções se comprometeram a rever o plano organizacional para evitar riscos ambientais em atividades básicas como, por exemplo, a introdução de chaminés com filtros, lagoas de tratamento de efluentes em dimensões adequadas, localização da indústria distante de áreas socias. 5. O aumento da consciência ambiental da população que, despertada pelos danos causados pela poluição, considera em suas escolhas as empresas com práticas ambientais saudáveis, o que veio a contribuir com adesão dos rótulos verdes pelas empresas para apresentar boas práticas ope- racionais. No caso brasileiro, destacamos o Procel que estima o gasto energético dos aparelhos eletrônicos. Abordagem da Gestão Ambiental para Tratamento dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 ABORDAGEM DA GESTÃO AMBIENTAL PARA TRATAMENTO DOS RESÍDUOS O tratamento dos resíduos pelas iniciativas estratégicas empresariais depende de como ele interpreta sua relação com o meio ambiente e sua reputação ambien- tal. Neste fim, vamos considerar duas abordagens distintas: controle da poluição e prevenção da poluição. Veja abaixo o quadro 2 resumo: CARACTERÍSTICAS ABORDAGENS CONTROLE DA POLUIÇÃO PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO ESTRATÉGICA Preocupação básica Cumprimento da Legislação e respos- tas às pressões da comunidade Uso eficiente dos insumos Competitivi- dade Postura típica Reativa Reativa e proativa Reativa e proativa Ações típicas Corretivas Uso de tecnologias de remediação e de controle no final do processo (end-of-pi- pe) Aplicação de normas de segurança Corretivas e pre- ventivas. Conservação e substituição de insumos. Uso de tecnolo- gias limpas Corretivas, preventivas e antecipató- rias Antecipação de problemas e captura de oportunida- des utilizando soluções de médio e lon- go prazo Percepções dos em- presários e adminis- tradores Custo adicional Redução de custo e aumento da produtividade Vantagens competitivas Envolvimento da alta administração Esporádico Periódico Permanente e sistemático SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 Áreas envolvidas Ações ambientais confinadas nas áreas geradoras de poluição Crescente envol- vimento de outras áreas como pro- dução, compras, desenvolvimento de produto e marketing Atividades ambientais Disseminadas pela organi- zação Ampliação das ações am- bientais para a cadeia de suprimento Quadro 2: Gestão ambiental na empresa - abordagens Fonte: Barbieri (2011, p. 107) CONTROLE DA POLUIÇÃO O controle da poluição se caracteriza como práticas operacionais para impedir o acúmulo de passivo ambiental e por exigências da legislação o cumprimento de regras para tratar e destinar corretamente dos resíduos. Para o controle da poluição são necessárias aquisições de equipamentos como filtros, construção de tanques de tratamento de efluentes ou containers para reservar resíduos para destinar materiais à reciclagem e/ou, nos casos em que a empresa desejar, destinar a terceiros o tratamento final dos resíduos. E, neste contexto operacional, a empresa adota uma postura reativa, em outro entendimento, significa tratar os resíduos para manter-se em conformidade legal. Segundo Barbieri (2006), as soluções tecnológicas típicas dessa abordagem visam controlar a poluição sem que sejam alterados os processos e produtos que as conduziram, podendo ser de dois tipos: tecnologia de remediação e tecnolo- gia de controle no final do processo, como será descrito em sequência. As tecnologias de remediação visam reparar problemas e impactos ambientais que já danificaram o meio ambiente. As reparações mais comuns são: desconta- minar o solo por produtos químicos prejudiciais, conter o derramamento de óleo no mar, conter o descarte de efluentes em rios, limpar praias e outros impactos decorrentes das atividades operacionais. Abordagem da Gestão Ambiental para Tratamento dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 Já as tecnologias de controle no final do processo, ou end-of-pipe control, pre- tendem reter e tratar os resíduos (poluição) antes que cheguem ao ambiente ou causem impactos significativos. Essas atividades exigem, por exemplo, novos equi- pamentos como filtros detentores, ciclones, estações detratamento de efluentes, incineradores e outros equipamentos peculiares a cada tipo de processo produtivo. Para Barbieri (2011), são soluções que nem sempre eliminam os problemas de modo definitivo, ocorrendo muitas vezes a permanência dos poluentes em novas formas, tais como a cinza e lodo resultantes de transformação de gases e líquidos poluentes; esses resíduos sólidos deverão ser tratados e destinados segundo a legislação pertinente de cada setor. Para o setor empresarial, essa abordagem acaba contribuindo com aumento dos custos empresariais e não agregam valor ao produto. No entanto, nos países que contam com legislação rigorosa, as multas por denúncias ou por audito- rias do órgão fiscalizador podem aumentar ainda mais os custos ambientais. Considera-se ainda, nesse sentido, a imagem organizacional danificada por evi- dências de poluição no ambiente. Do ponto de vista socioambiental, compreender que o custo operacional do tratamento ambiental pode ser estrategicamente muito positivo para a empresa é um padrão de comportamento solidificado por muitos empresários e que difi- culta a aquisição de novas tecnologias limpas. PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO Nessa abordagem, como o próprio nome designa, a empresa propõe atitudes estratégicas de prevenção à poluição. Nessa estratégia, os gestores assumem uma postura proativa, indo muito além do tratamento da poluição, eles reinventam seus processos para mitigar a produção de resíduos. “Inspirados pelos padrões de ecoeficiência, eles modificam radicalmente os seus processos, evitando a polui- ção antes que ela seja gerada” (ACADEMIA PERSON, 2011, p. 118). A gestão da poluição por meio da prevenção traz muitos benefícios econô- micos para a empresa uma vez que reduz gastos com materiais, energia e descarte de sobras. Essas reduções implicam em redução de custos para o tratamento de SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 descartes e despejos. Segundo Academia Person (2011), para poupar os despe- jos, torna-se necessário utilizar a abordagem dos 3 Rs, reduzir na fonte, reusar materiais, reciclagem de materiais. Reduzir significa otimizar recursos, insumos e resíduos. Para alcançar a meta, exigem-se da empresa investimentos em equipamentos, em materiais menos poluentes e uso de fontes energéticas limpas. Reusar nasce da ideia de poupar e reaproveitar recursos de formas diferentes. Exemplificando: o motor termodinâmico utilizado em carros híbridos ecoeficien- tes captura o calor liberado pela combustão e o utiliza em seguida para mover o carro, promovendo uma economia expressiva de combustível. Outro exem- plo vem da fabricação do Ecolápis da Faber Castell que separa a serragem e a madeira restante da produção, os quais são vendidos para outras fábricas que as reaproveitam em outras mercadorias (ACADEMIA PEARSON, 2011). Reusar é uma estratégia relevante para otimizar o uso de recursos da pro- dução. Para evitar a extração de novos materiais originais, algumas empresas reutilizam novamente nos processos. Por exemplo: nas recicladoras de PETs, as novas tecnologias reaproveitam a água utilizada para a limpeza das garrafas. Inclui-se ao processo um tanque de tratamento dos efluentes que uma vez tratado retorna ao processo de lavagem das garrafas. Nessa estratégia, ainda, devemos considerar que a reciclagem de garrafas torna-se também fonte de materiais (não originais) que serão reusados em novos processos (Fábrica de reciclagem de PETs em Astorga/PR). É relevante, também, nessa combinação estratégica a contribuição com o uso limitado de água para o processo. A estratégia dos 3 Rs e processos com tecnologias limpas ou produção mais limpa são de extrema relevância para a evolução das causas ambientais. As orga- nizações podem adotar estratégias radicais com mudanças técnicas em todo processo operacional ou mudanças incrementais adicionando mudanças gra- duais nos modelos de produção. Diferenças nas Abordagens Redução na Fonte Reuso e Reciclagem Recuperação Energética Tratamento Disposição �nal • Uso Sustentável dos Resíduos. • Abordagem reativa e Proativa. • Controle da Poluição. • Abordagem reativa. Abordagem da Gestão Ambiental para Tratamento dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Figura 2: Diferenças nos comportamentos organizacionais proativo e reativo Fonte: adaptada de Barbieri (2011, p. 111) Há, nesta convicção, uma combinação importante em termos econômicos para a empresa e para o ambiente e, por fim, constroi-se imagem positiva em termos de marketing e publicidade verde usadas por várias empresas como Petrobrás, Ambev e Honda (ACADEMIA PEARSON, 2011). Vejamos na sequência um exemplo de ações ambientais implantadas para reduzir recursos e beneficiar também os consumidores com minimização de recursos e reaproveitamento energético. A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESA WHIRLPOOL A Whirlpool é líder do setor de eletrodomésticos no Brasil com suas marcas Brastemp, Consul e Kitchen Aid e decidiu encarar o desafio de implantar pro- jetos ambientais avançados, indo além do exigido pela lei quando há seis anos elegeu a sustentabilidade como um seus pilares estratégicos no planejamento da empresa. “Diminuir o desperdício em nossa operação é apenas uma parte das nossas preocupações”. Segundo Enrico Zito, presidente da divisão de eletrodo- mésticos, “o sucesso de nossas ações só é complexo se levarmos sustentabilidade também à casa do consumidor, com produtos que gastem menos água e energia”. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 A preocupação faz sentido, pois os aparelhos como refrigeradores, freezers e ar condicionados representam cerca de 70% das despesas mensais de uma família com gastos energéticos. Para reduzir essa conta, um dos objetivos é desen- volver produtos mais eficientes. No caso dos refrigeradores, 83% dos modelos da Whirlpool são classificados na categoria A (menor consumo energético). O modelo lançado em 2011, O Inverse Viva, pode ter 80% dos seus componentes reutilizados na fabricação de outros produtos. “Poucos eletrodomésticos têm essas características”, afirma o presidente (REVISTA GUIA EXAME). Outra iniciativa importante é a substituição dos gases HFC e HCFC, de efeito estufa, por hidrocarbonetos (HC), menos nocivos à camada de ozônio. O HFC não poderá mais ser utilizado, segundo a legislação nacional, a partir de 2040. Contudo, a empresa se reorganizou para alcançar metas sustentáveis em sua gestão ambiental, assim, a Whirlpool vem construindo números expressi- vos que traduzem benefícios no campo ambiental, econômico e social. Vejam: 15% dos bônus 17%de redução 96% dos resíduos 136 tonela- das dos executivos de- pendem de planos ligados a questão socioambiental no uso da água, com medidas como a captação de chuva para testes das lavadoras gerados em 2011 foram aproveitados para a geração de energia elétrica Isopor, pape- lão e plástico das embala- gens foram coletadas para recicla- gem Quadro 3: Percentuais de ganhos dos executivos da Whirlpool nas ações implantadas a favor da sustentabilidade Fonte: Grissoto (2012, p. 158) SGA , RÓTULOS E ISO 14000 As ações do sistema de gestão ambiental podem avançar muito além das neces- sidades acanhadas para cumprimento legal e se estender a ambições maiores como os rótulos ambientais. A norma ISO 14000 certifica ambientalmente uma organização. Ela auxi- lia a organização a certificar seus processos com tratamento de resíduos.Esses Resíduos Sólidos Abordagem da Gestão Ambiental para Tratamento dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 procedimentos podem seguir uma orientação descrita na norma e contribui para construir ideias favoráveis para o SGA da organização como os programas, os treinamentos, os interessados e as auditorias internas. Além disso, a ISO 14000 apresenta as diretrizes para as organizações que desejam certificar-se por um rótulo verde. Os rótulos devem ressaltar as carac- terísticas ambientais dos produtos e serviços por meio de símbolos, declarações ou gráficos em suas embalagens que identificam um procedimento ambiental- mente correto (NASCIMENTO, 2008). Conforme Nascimento (2008, p. 207), “os “selos verdes”, designados Tipo I, conferem diferenciação em relação aos concorrentes; os Tipos II indicam a con- dição de reciclável do produto; e o Tipo III utiliza-se de dados quantificáveis dos produtos como a economia apresentada, fonte do recurso e outros”. Contudo, vale destacar a necessidade de a empresa apresentar-se a um órgão competente para certificar a empresa. Você pode pesquisar mais detalhes em <www.iso14000.org>. Na sequência, serão descritos tipos de resí- duos. Neste estudo, nos reportaremos apenas aos resíduos sólidos, líquidos (efluentes) e emissões atmosféricas que devem obedecer a tratamento legal, o que, como já descrito anteriormente, podem refletir favoravel- mente à imagem, ganhos e percepção social da empresa. Cada um deles terá uma unidade individualizada. Nesta unidade, apresentare- mos as principais características das emissões sólidas, gasosas e dos efluentes. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 TIPOLOGIA DOS RESÍDUOS A produção de resíduos sólidos faz parte das atividades diárias das pessoas, seja em nossas residências, nas indústrias, nos serviços, enfim, em todas as atividades humanas nos deparamos com sobras de materiais. O aumento populacional em ritmo acelerado e o modo de consumo das pessoas têm contribuído com aumento dos resíduos e consequentemente com aumento dos problemas ambientais. Conforme esclarece Philippi Jr. (2005), a questão dos resíduos sólidos é uma questão pública que envolve a sociedade e envolve interesses econômicos, aspec- tos culturais e políticos. Uma discussão pertinente é a geração inadequada de lixo (resíduos). Assim, concordamos com a seguinte definição: “o conceito atualmente para resíduos sólidos está vinculado à referência a tudo aquilo que resulta das ativi- dades do ser humano na sociedade e que, aparentemente, não possui mais ou deixou de ter utilidade” (ZILBERMAN, 1997, p.48). Outra definição acatada mundialmente é a que consta na Agenda 21: os resíduos sólidos compreendem todos os restos domésticos e resíduos não perigosos, tais como resíduos comerciais e institucionais, o lixo da rua e os entulhos de construção. Em alguns países, o sistema de gestão de resíduos sólidos também se ocupa dos resíduos humanos, tais como excrementos, cinzas de incineradores, sedimentos de fossas sépticas e de instalações de tratamento de esgoto. Se manifestarem características perigosas, esses resíduos devem ser tratados como resíduos perigosos (CNUMAD, 1997 apud PHILIPPI JR., 2005, p. 271). A classificação dos resíduos sólidos depende, inicialmente, da compreensão da origem do resíduo. São classificados em doméstico, industrial, comercial, institu- cional, varrição, demolição ou construção. Quanto à natureza em base orgânica, inorgânica, combustíveis, não combustíveis, putrescíveis, não putrescíveis, cin- zas, radioativos, sobras industriais. Cabe ainda referência aos resíduos tóxicos como fungicidas, produtos químicos e materiais perigosos. Philippi Jr. (2005, p. 275) ainda destaca que reconhecer as características dos resíduos sólidos facilitam seu manuseio e operação: 1. Densidade aparente, medida em unidade de massa por unidade de volume. Tipologia dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 2. Umidade, em porcentagem de massa. 3. Composição qualitativa que corresponde à lista dos materiais e substân- cias de interesse presentes nos resíduos. 4. Composição quantitativa que corresponde à quantidade percentual dos materiais ou à quantidade massa/massa de substâncias de interesse. 5. Caracterização química que corresponde à quantificação dos elemen- tos químicos presentes ou ao comportamento do resíduo submetido a testes químicos específicos, como lixiviação, solubilização e combustão. A compreensão sobre os resíduos sólidos vem a facilitar a compreensão sobre os problemas por eles causados e as possibilidades de soluções, as quais serão apresentadas na unidade II. RESÍDUOS LÍQUIDOS – EFLUENTES Assim como o crescimento populacional exigiu nova postura nas dimensões sociopolíticas e econômicas, também o mesmo ocorre com o uso da água. Na situação brasileira, as políticas públicas favoreceram a concentração de indús- trias e mão de obra em grandes centros urbanos, o que exigiu investimentos em infraestrutura, sobretudo no saneamento das cidades, contudo, não houve investimentos suficientes para atender a essa demanda (mão de obra), faltando saneamento básico e galerias pluviais (PHILIPPI JR., 2005). Outro ponto a destacar, diz respeito aos avanços tecnológicos que produzi- ram alterações físico-químicas nesses resíduos, aumentando a concentração de poluição e contaminação de recursos hídricos. E boa parte dos municípios bra- sileiros não possuem os ligamentos e tratamento sanitários. A falta de tratamento dos resíduos líquidos agrava a saúde pública. O mesmo autor afirma existir uma relação direta entre serviços de saneamento e quali- dade de vida e saúde, pois as doenças veiculadas a esses resíduos diminuem com avanço das políticas de cobertura de saneamento básico. Quanto às características, vamos iniciar pela contaminação da água. Dessa maneira, a poluição das águas pode ser definida como a adição de substâncias, SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 direta ou indiretamente, que alteram a natu- reza do corpo da água de tal maneira que prejudique o uso dela (PHILIPPI JR., 2005). Assim, conforme Philippi Jr., (2005) nas áreas urbanas, as principais fontes de águas residuárias compreendem: 1. Esgotos domésticos, provenientes de residências, comércio e instituições públicas. 2. Esgotos industriais, oriundos das indústrias. 3. Esgotos especiais, provenientes de serviços hospitalares, shopping cen- ters, aeroportos em que as especificidades demandam gerenciamento diferenciado. No caso dos efluentes domésticos, sua vazão é calculada pelo conceito de retorno, que situa entre 80% da quantidade de água distribuída no abastecimento, assim em cada 100 litros consumidos, descartaremos em média 80 litros nos esgotos. No caso das indústrias, a vazão depende das tecnologias adotadas pelo processo industrial. Com os avanços tecnológicos, diversas vem implantando soluções que evitem o uso ou que possam reaproveitar a água residuária, como é o caso de algumas lavanderias industriais. Veja alguns exemplos de indústrias e seu consumo: TIPO DE INDÚSTRIA UNIDADE Q U A N T I D A D E DE DESPEJO POLUENTES PRINCIPAIS MATADOURO Bovino Suíno Aves Litros/cabeça 2.500 1.2000 25-50 Carga orgâ- nica CERVEJARIA Litros/litroscerveja 08 – 40 Carga orgâ- nica CURTUME Litros/quilos de pele 30 – 100 Cromo Tipologia dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 GALVANOPLASTIA Litros/hora 250 – 2000 Cromo, cobre, zinco, cadmo, cian- tos, etc. FECULARIA Litros/toneladas de matéria-prima mani- pulada 2000 – 4000 Ácido cianí- trico Quadro 4: Tipos de indústrias e seus poluentes Fonte: adaptado de Philippi Jr. (2005, p. 194) Eis alguns dos problemas ambientais característicos dos efluentes (PHILIPPI JR., 2005, p. 195): 1. Impacto visual pode apresentar toxicidade, dificulta a penetração da luz e impacta na fauna e flora aquática. 2. No caso em que os sólidos ficam em suspensão e gases dissolvidos, difi- cultam o tratamento sanitário. 3. Quando a diminuição do oxigênio e efeitos tóxicos se manifestam, há degradação estética e problemas de bioacumulação. 4. O excesso de efluentes causa problemas de incrustação nas tubulações de caldeiras e aquecedores. A Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), e a Lei 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Hídricos (PNRH), regulamentam as ações necessárias para o gerenciamento dos recur- sos ambientais hídricos. Nessa época, a discussão se ampliou na sociedade, instituíram-se comitês espalhados pelo país para discutir a questão da poluição da água, compar- tilharam-se os fundamentos do Princípio Poluidor Usuário, tendo também participado desse debate ONGS (27%), Órgãos Públicos (17,8%), Universidades (12,4%), Órgãos de abastecimento (10%), Prefeituras (6,2%), Associações profis- sionais (4,5%), Câmaras Municipais (4,5%), Órgãos gestores/saneamento (4,2%), Indústrias (4,32%), Agricultura (2,3%), outros não identificados (2,4%). SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 As discussões dos comitês amparadas pela regu- lação legal sobre o uso correto da água contribuíram para o avanço no controle do uso da água e pela busca de soluções cada vez mais eficazes para o tra- tamento da poluição. Ainda que o controle da água exija melhor monitoramento dos órgãos competen- tes, os instrumentos legais de controle devem visar estrategicamente ao cuidado com a exploração desse recurso como de extrema necessidade para a sobre- vivência social (PHILIPPI JR., 2005). RESÍDUOS ATMOSFÉRICOS As atividades antrópicas, ao longo de décadas, têm apresentado variados impac- tos para o meio ambiente e para a saúde pública. As emissões dos processos produtivos, como o uso de queima de madeira, carvão e outros combustíveis fósseis para atender às demandas de consumo do mercado, cresceram ao longo do tempo em função de fatores culturais e tecnológicos (PHILIPPI JR., 2005). O depósito efetivo do descarte atmosférico também recebeu concentrações de substâncias induzidos pela própria natureza, como erupções vulcânicas, eva- poração, ventos, decomposição de vegetais e animais e de incêndios florestais, entre outras atividades naturais. No entanto, ressaltemos que a concentração da população em área urbana e o forte consumo elevaram expressivamente os níveis de poluição do ar nas cidades. O que podemos perceber (considerando centros industriais) é a exaustão da capacidade natural do nosso ecossistema em auto- depurar essa poluição (PHILIPPI JR., 2005). É fato histórico geral que, quando um país subdesenvolvido inicia seu desenvolvimento industrial, sua qualidade do ar piora significativa- mente. Essa situação continua a deteriorar-se até que um nível impor- tante de riqueza seja alcançado, ponto no qual o controle das emissões passa a ser regulamentado por lei e torna-se obrigatório, e então, o ar começa a purificar-se. Assim, embora a qualidade do ar esteja melho- rando por um tempo na maioria dos países desenvolvidos, ele está pio- Tipologia dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 rando nas grandes cidades dos países em desenvolvimento (BAIRD, 2002, p. 107). A camada de gases que envolve o planeta Terra é composta por uma mistura de gases, nitrogênio e oxigênio, que representam 99% de sua composição, sendo denominada atmosfera. “A poluição do ar pode ser definida como presença de matéria ou energia na atmosfera, de forma a torná-la imprópria, causar preju- ízos aos usos antrópicos, à saúde pública e ao ecossistema natural” (PHILIPPI JR., 2005, p. 443). A poluição atmosférica é tão grave à saúde humana que, em países em desen- volvimento, aproximadamente meio milhão de pessoas morrem anualmente por consequência da poluição atmosférica. Por exemplo: em Londres e no México, pessoas morreram durante o inverno por conta de uma exposição a smog (com- posta de fuligem e enxofre expelidos na atmosfera) (BAIRD, 2002). Esses exemplos exigem da sociedade ações articuladas de modo a rever- ter esse quadro, e o enfrentamento dessa questão deve incluir: (PHILIPPI JR., 2005, p.441) 1. O estabelecimento de políticas que priorizem ações integradas na rever- são dessa problemática; 2. O desenvolvimento de programas de educação ambiental formal e não formal; 3. A minimização da produção de resíduos, por meio da mudança nos padrões de consumo e de produção; 4. A definição e aplicação de procedimentos adequados, do ponto de vista da proteção ambiental e responsabilidade social, de tratar resíduos gerados; e 5. Repensar a forma de ocupação do uso do solo, respeitando os limites e capacidade de suporte e do tempo de autodepuração dos espaços. Dada à relevância do assunto, na unidade IV, apresentaremos abordagens sobre a mitigação da poluição e tratamento. Na sequência, veja uma atitude importante da Empresa Masisa para reduzir o uso de uma substância tóxica na fabricação de painéis de madeira. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para melhor concluir a unidade, vamos relembrar alguns pontos: discutimos como as inovações e o como o consumo exagerado pode interferir no acúmulo de resíduos descartados ao meio ambiente. Na sequência, apresentamos o conceito de gestão ambiental e os resíduos mais comuns nas organizações. Revelando que as organizações já podem contar com dois modelos estratégicos para a gestão dos resíduos: prevenção ou controle. Na prevenção, as modificações exigidas nos processos produtivos são mais abrangentes e incluem mudanças e adoção dos 3 Rs. Na segunda, controle, aten- dem às questões legais e têm por objetivo tratar a poluição no final do processo. Outro ponto relevante no SGA apresentado diz respeito à possibilidade des- sas organizações adotarem selos verdes como rótulos ou ISO 14000, o que implica em melhoria nos processos e evidente preocupação ambiental. Os selos reper- cutem favoravelmente na imagem organizacional, e algumas situações passam a ser uma exigência dos mercados. Por fim, compreendemos as diferenças entre resíduos sólidos, efluentes e emissões atmosféricas. Tal conhecimento facilita a adoção de novas estratégias e compromisso com o tratamento e a melhoria ambiental. Espero que as discussões introdutórias sirvam de base para a compreensão das unidades sequenciais. 35 1. Legalmente, gestores devem adotar, em seu planejamento estratégico, novas abordagens tecnológicas e administrativas para segregar, acondicionar, tratar e destinar corretamente os resíduos. E, assim, espera-seque as empresas dei- xem de ser problemas às questões relacionadas aos resíduos. Porém, são várias pressões para que as organizações se alinhem à minimização e tratamento de resíduos. Apresente as principais discussões realizadas. Descreva também as evi- dências observadas em seu dia a dia sobre a questão ambiental. 2. Atualmente, as organizações podem contar com boas alternativas para prevenir ou tratar a poluição. Discorra sobre elas e apresente exemplos práticos para cada uma delas. 3. Alguns mercados exigem que seus participantes assumam o compromisso com a questão da poluição. De que maneira as organizações podem melhorar sua imagem a partir dos selos ambientais? Pesquise sobre o Selo Procel e a ISO 14001. Masisa – Façam o que eu faço Desde outubro, o marceneiro que compra um painel de madeira no Brasil pode verificar se o produto emite formaldeído, substância tóxica que pode causar câncer, em nível seguro ou não. A informação vem no Rótulo Ecológi- co, Certificação Brasileira de Normas Técnicas. A chilena Masisa, que detém 12% do mercado de painéis de madeira no Brasil, é a primeira e, por enquan- to, a única empresa a receber esse selo. Em sua produção, o componente básico da resina usado na fabricação de painéis, o formaldeído é emitido continuamente, como gás, enquanto a chapa não é totalmente revestida. Ele pode intoxicar os empregados do fa- bricante, o marceneiro que trabalha com o material e até o consumidor final dos móveis. No Brasil, a concentração de substâncias não pode ultrapassar 30 miligra- mas por 100 gramas do produto final. Para receber o selo verde da ABNT, a Masisa foi além: limitou o nível de formaldeído a 8 miligramas por 100 gra- mas do produto final, dentro do padrão mais rigoroso da norma europeia. “Adequar-se à norma europeia significa menos lucro, uma vez que precisa- mos usar mais resina cara e adotar os cuidados para proteger os funcioná- rios”, diz Marise Barroso, presidente. Traduzindo em números, isso representa 8% menos de Ebitida, indicador que mede a geração de caixa da empresa. Apesar disso, é uma medida ne- cessária. “Demos o primeiro passo, agora a sociedade pode exigir que outras empresas adotem o mesmo padrão”, disse a presidente. Fonte: YANO, Célio. Façamos o que eu faço. Exame 2012, p. 148. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 U N ID A D E II Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE Objetivos de Aprendizagem ■ Identificar as principais características dos resíduos sólidos e da saúde. ■ Analisar o processo de geração de resíduos e possibilidades de minimização. ■ Compreender as alternativas disponíveis de tratamento. ■ Conhecer sobre a periculosidade dos resíduos da saúde. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Características dos resíduos sólidos: doméstico, industrial e construção civil ■ Classificação quanto à periculosidade ■ A identificação na fonte geradora ■ As alternativas de tratamento ■ Caracterização dos resíduos de serviço da saúde INTRODUÇÃO Um dos grandes desafios da sociedade contemporânea é dar o destino correto a milhões de toneladas de resíduos gerados a cada ano. Nesse desafio, a que se considerar o crescimento do consumo das classes C e D que vão ampliar ainda mais o descarte de resíduos. Para se ter uma ideia, conforme recente estudo do Instituto Ethos, o brasileiro é responsável por 352 quilos anuais(ETHOS, on line). Outro aspecto relevante são as conclusões de pesquisas sobre o destino incorreto dos materiais indesejados por pessoas (resíduo doméstico) e indús- triais (processo de fabricação). As conclusões nos revelam que boa parte desses materiais são descartados a céu aberto sem tratamento, por exemplo, sobras de plásticos descartados no solo ou rios podem ser focos de doenças, pois poluem nosso ar, nosso solo, nossos rios e mares. Um ambiente danificado pela poluição (impactado por resíduos) terá difi- culdade também em manter as condições saudáveis para reposição de recursos necessários para o processo industrial. Temos que considerar que o meio ambiente é a fonte de recursos necessários à sobrevivência humana, portanto, é nosso dever mantê-lo sadio. O que fazer com o crescente descarte de resíduo no meio ambiente? Há muito o que fazer. Podemos segregar os resíduos, acondicioná-los e destiná-los corre- tamente de tal forma que não exaura nosso meio ambiente. Para tanto, devemos apoiar as iniciativas das ONGs para proteção ao meio ambiente (assim como faz Greenpeace, WWF e outras), políticas públicas e legislação para condicionar o comportamento das pessoas a favor do meio ambiente, empresas produtoras e uma sociedade disposta e informada a rever suas formas de consumo e trata- mento das sobras. Esta unidade apresenta o conceito de resíduo sólido, classificação quanto à periculosidade e as possibilidades de tratamento. Assim, teremos os resíduos sólidos: domésticos, industrial e da saúde. O desafio desse tratamento pode se tornar fonte rentável para novos negócios na cadeia produtiva e contribuir com sustentabilidade do planeta. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E40 DEFINIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS A definição e classificação dos resíduos sólidos estão inscritos no CONAMA 313/02 e na ABNT NBR 10004 (2004), envolvendo a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e características, e a compa- ração desses constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido (ABNT NBR 10004, 2004). A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser estabelecida de acordo com as matérias-primas, os insumos e o processo que deram origem a esses resíduos. Os resíduos são classificados em dois grupos – perigosos e não perigosos –, sendo ainda este último grupo subdi- vidido em não inerte e inerte. Essa norma estabelece os critérios de classificação e os códigos para a identificação dos resíduos de acordo com suas características. Assim todos os resíduos ou substâncias listados (A, B, D, E, F e H), segundo a norma, têm uma letra para codificação, seguida de três dígitos. Os resíduos perigosos constantes no anexo A são codificados pela letra F e são originados de fontes não específicas. Os resíduos perigosos constantes no anexo B são codifica- dos pela letra K e são originados de fontes específicas (ABNT NBR 10004, 2004). Os resíduos perigosos classificados pelas suas características de inflamabi- lidade, corrosividade, reatividade e patogenicidade são codificados conforme indicado a seguir: D001: qualifica o resíduo como inflamável; D002: qualifica o resíduo como corrosivo; D003: qualifica o resíduo como reativo; D004: qualifica o resíduo como patogênico. Os códigos D005 a D052 constantes no anexo F identificam resíduos perigosos devido à sua toxicidade, conforme ensaio de lixiviação realizado de acordo com norma ABNT NBR 10005. Os códigos identificados pelas letras P e U, constantes nos anexos D e E, respec- tivamente, são de substâncias que, dada a sua presença, conferem periculosidade aos resíduos e serão adotados para codificar os resíduos classificados como Residuos Resíduo perigosoclasse I Resíduo inerte classe II B Resíduo não-Inerte classe II A Resíduo não perigoso classe II O resíduo tem origem conhecida? Consta nos anexos A ou B? Têm características de: in�amabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade? Possui constituintes que são solubilizados em concentrações superiores ao anexo G? Não Não Não Sim Sim Sim Definição dos Resíduos Sólidos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 perigosos pela sua característica de toxicidade (ABNT NBR 10004, 2004). A figura 2, a seguir descreve o processo. Figura 3: Caracterização e classificação dos resíduos sólidos Fonte: ABNT NBR 10004 (2004) RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E42 DEFINIÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS São considerados resíduos sólidos: Resíduos nos estados sólido e semissólido resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de polui- ção, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT NBR 10005, NBR 10006, NBR 10.007, NBR 12808, 1993). Os resíduos sólidos são classificados em Perigosos e Não Perigosos. 1. Perigosos ou periculosidade de um resíduo: Característica apresentada por um resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocon- tagiosas, pode apresentar: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Eles podem provocar ou conter: a. Risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices. b. Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma ina- dequada. c. Toxicidade: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provo- car, em maior ou menor grau, um efeito adverso em consequência de sua interação com o organismo. Agente tóxico: qualquer substância ou mistura cuja inalação, ingestão ou absor- ção cutânea tenha sido cientificamente comprovada como tendo efeito adverso (tóxico, carcinogênico I, mutagênico, teratogênico ou ecotoxicológico II); d. Aguda: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provocar um efeito adverso grave, ou mesmo morte, em consequência de sua intera- ção com o organismo, após exposição a uma dose elevada ou a repetidas doses em curto espaço de tempo. e. Agente teratogênico: qualquer substância, mistura, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrioná- Definição dos Resíduos Sólidos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 ria ou fetal, produz uma alteração na estrutura ou função do indivíduo dela resultante. f. Agente mutagênico: qualquer substância, mistura, agente físico ou bio- lógico cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea possa elevar as taxas espontâneas de danos ao material genético e ainda provocar ou aumen- tar a frequência de defeitos genéticos. g. Agente carcinogênico I: substâncias, misturas, agentes físicos ou bioló- gicos cuja inalação, ingestão e absorção cutânea possibilita desenvolver câncer ou aumentar sua incidência. O câncer é o resultado de processo anormal, não controlado da diferenciação e proliferação celular, podendo ser iniciado por alteração mutacional. Exemplo: excesso de chumbo. h. Agente ecotóxico II: substâncias ou misturas que apresentem ou possam apresentar riscos para um ou vários compartimentos ambientais. 2. Não Perigosos: são resíduos resultantes de atividades produtivas como sobras de materiais plásticos, papel, tijolos, alumínio e que, sem alterações físico-quími- cas, não trazem danos à saúde humana e ao meio ambiente. Porém, deverão ser tratados em função do seu acúmulo pois podem promover impactos ambientais. Exemplos: sobras de materiais de construção descartados em várzeas e bordas de rios destroem a paisagem e interferem na saúde da fauna local. Outro exemplo é descarte de sacolas plásticas em espaços abandonados, o que aparentemente não é nocivo, porém atrapalha o escoamento de águas pluviais, podendo con- centrar microrganismos nocivos à saúde humana como a dengue. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS Classe I – Resíduos perigosos Normalmente com características inflamáveis tóxicas, de reatividade, de corrosão e patogênicas, podendo causar problemas à saúde humana, provocam impactos ao ambiente (ABNT NBR 10004, 2004). Os resíduos de serviços de saúde deve- rão ser classificados conforme ABNT NBR 12808. RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E44 Os resíduos gerados nas estações de tratamento de esgotos domésticos e os resíduos sólidos domiciliares, excetuando-se os originados na assistência à saúde da pessoa ou animal, não serão classificados segundo os critérios de patogenicidade. Classe II - Resíduos não perigosos São subclassificados em duas categorias: classe II A e classe II B. Classe II A - Resíduos não perigosos Nesta classe, estão os resíduos que podem ser biodegradáveis, solúveis em água ou em combustíveis. São exemplos: sucatas metálicas, papéis, materiais orgâni- cos. Segundo a ABNT NBR 10004 (2004), são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B - Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos classe II A – Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solu- bilidade em água. Classe II B – Resíduos inertes São os resíduos considerados não combustíveis e inertes. Por exemplo: vidro, tijolo e outros. Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma repre- sentativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, ou seja, não alterarem. TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS A partir de 1990, o planejamento do tratamento dos resíduos sólidos passa a ser de responsabilidade do governo municipal (prefeituras). Nesse plano, desenvolvem-se Tratamento dos Resíduos Sólidos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 ações partilhadas entre governo, ONGs, cooperativas, associações e geradores. As cooperativas e associações formadas por catadores de ruas, agora, em vários municípios, estão organizadas formalmente e com domicílio para exercer o tra- tamento dos resíduos sólidos não perigosos de fim doméstico, e passam a fazer parte da coleta seletiva dos municípios. Já os resíduos sólidos de origem empre- sarial, formados pelas sobras processos produtivos, terão este e outros destinos, como veremos na sequência. RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS No que tange aos resíduosdomésticos, a coleta e o tratamento ficam por respon- sabilidade das cooperativas e coleta municipal. Os catadores contratados pelas prefeituras saem pelas ruas diariamente coletando os materiais não utilizados pelas residências e alguns comércios, des- pejando o que recolheram nos aterros. Os catadores das cooperativas circulam pelas cidades e coletam os resíduos (não incluir os orgânicos) e levam até as cooperativas onde serão segregados: plásticos, papelão, alumí- nio e vidros. São acondicionados de modo que diminuam seu volume. E então vendidos, por meio de intermediários ou diretamente, às empresas de reciclagem. Essa atividade refletiu em inclusão social, renda para os membros das cooperativas e respeito ao meio ambiente, uma vez que os resíduos domésticos serão tratados com técnicas ambientalmente corretas reduzindo o impacto ambiental e dimi- nuindo o destino de áreas geográficas importantes para a instalação de aterros. Nesse interesse, vale destacar a necessidade da Educação Ambiental da socie- dade que deverá, em suas residências, separar o resíduo sólido dos orgânicos. Esse modelo é chamado de Economia Solidária e inspirou a criação de um programa chamado de “Programa Nacional Lixo & Cidadania” e conta com o RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E46 apoio da Unicef para retirar as crianças dos lixões, as quais catavam sobras para a sua subsistências, sendo ainda incluídas nas escolas. O movimento avançou e em 2000, quando foi criado o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis; a atividade foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho e incorpo- rada ao Código Brasileiro de Ocupações (JACOB, 2006). Ainda cabe ao município a responsabilidade de coletar os resíduos orgânicos, assim como aqueles que não foram segregados nas residências, e os encaminhar até o aterro municipal. Nesse aterro, deverão ser separados os resíduos sólidos dos orgânicos. Os sólidos deverão ser encaminhados à reciclagem e os orgâni- cos serão destinados aos aterros. Estimativas revelam que as prefeituras realizam a coleta seletiva dos resí- duos sólidos em 52% das cidades pesquisadas; empresas particulares executam a coleta em 26%. Mais da metade (62%) apoia ou mantém cooperativas de cata- dores como agentes executores da coleta seletiva municipal (PORTAL BRASIL, on-line,). De acordo com o mesmo estudo, em 27,7% das cidades, o lixo vai para os aterros sanitários e em 22,5% delas (somente), para os aterros controlados, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE, 2012). Infelizmente, tal prática ambientalmente correta nem sempre é vista em todos os municípios brasileiros. Considerando a falta de consciência e de res- peito ao meio ambiente, muitos municípios coletam tudo e enterram. Os “lixões” continuam sendo o destino da maior parte dos resíduos urbanos produzidos no Brasil, com graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde e à qualidade de vida da população. A situação exige soluções para a destinação final do lixo no sen- tido de reduzir o seu volume, ou seja: no destino final, é preciso ter menos lixo (VAZ; CABRAL, 2006). Para reforçar, o custo da coleta seletiva também é alto quando comparado ao da coleta convencional. O preço médio da coleta seletiva nas grandes cidades calculado pela pesquisa do CEMPRE foi de R$ 376,20. Já a coleta regular de lixo custa, em média, R$ 85,00, quatro vezes menos (CEMPRE, on-line). Evolução dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 EVOLUÇÃO DOS RESÍDUOS As políticas públicas devem avançar e priorizar as demandas por tratamento dos resíduos sólidos em parcerias. Essas parcerias podem ser feitas entre governos, ONGs, cooperativas e a população, visando discutir a problemática do lixo. E a partilha do conhecimento entre governos, Organizações não governamentais (ONGs), sociedade e cooperativas tem elucidado a possibilidade da inclusão socioeconômica e ambiental. Segundo a pesquisa do IBGE, cerca de 22 milhões de brasileiros têm acesso a programas municipais de coleta seletiva. Mas, apesar do número de progra- mas ter dobrado no Brasil entre 2000 e 2008 (passou de 451 para 994), na maior parte das cidades do país, o serviço não cobre mais que 18% da população local (PORTAL BRASIL, on-line). De onde vem e pra onde vai nosso lixo? Caro(a) aluno(a), no link abaixo, você vai conhecer um pouco da nossa rea- lidade sobre o descarte dos materiais que já tiveram uso no nosso dia a dia, mas agora se tornaram um incômodo. <http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/de-onde- -vem-e-pra-onde-vai-o-lixo-nosso-de-cada-dia>. RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E48 TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DOMÉSTICOS – “LIXO URBANO”- NORMA LEGAL O tratamento e destino do lixo urbano das residências, indústrias e comércio deve obedecer à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em agosto de 2010, ela disciplina a coleta, o destino final e o tratamento de resíduos urbanos, perigosos e industriais, entre outros. A Lei estabeleceu metas importan- tes para o setor como o fechamento dos lixões até 2014 e a elaboração de planos municipais para o destino final dos resíduos. Segundo o texto, parte dos resíduos que não puder ir para a reciclagem, os chamados rejeitos, só poderá ser destinada para os aterros sanitários. Obriga-se, nesse sentido, o tratamento dos resíduos evitando que sejam enterrados, tão simplesmente (PORTAL BRASIL, on-line) De acordo o texto do Plano, as novas responsabilidades definidas na PNRS reduzem gastos públicos municipais e ampliam a capacidade de investimentos das prefeituras em sistemas de reaproveitamento de resíduos de forma consor- ciada, assim como compartilhamento de aterros sanitários entre municípios de uma mesma região. Define ainda metas de redução de geração de resíduos e investimentos para a educação ambiental (PORTAL BRASIL, on-line). Para refletir sobre a importância do Plano, estudos do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE, on-line) apontam que, nos últimos anos, o volume de lixo urbano reciclado no Brasil aumentou. Entre 2003 e 2008, passou de 5 milhões de toneladas para 7,1 milhões, equivalente a 13% dos resí- duos gerados nas cidades. (CEMPRE, on-line). Contudo, tal incremento não alcançou a amplitude do aumento de resíduos em virtude da ampliação de con- sumo social. Ficando grande parte dos resíduos aterrados sem tratamento. Outra questão importante, diz respeito à educação ambiental para orientar a sociedade quanto à necessidade de segregar os materiais (residências, indús- trias e comércio) e a necessidade de preparar as cidades para a coleta seletiva. Apesar da importância que tem para o processo de reciclagem, a coleta seletiva só existe em 443 cidades brasileiras (8% do total), segundo uma pesquisa feita pela associação (CEMPRE, on-line). Evolução dos Resíduos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS As empresas que produzem resíduos nos seus processos têm obrigação legal sobre a coleta, armazenamento interno e externo, incluindo reciclagem, incine- ração, coprocessamento e destino final desses resíduos. Os resíduos industriais são classificados
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