Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MOLÉCULAS, CÉLULAS, GÊNESE E NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO FARMACOLOGIA MÉDICA LARISSA DACIER LOBATO COMESANHA BELÉM – PA 2018 1 RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: HALOTANO LARISSA DACIER LOBATO COMESANHA MATRÍCULA: 201809740268 TURMA C 2018 RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA HALOTANO Esse relatório consiste na abordagem dos métodos utilizados durante a realização da aula prática pelo Professor Dr. Moisés Hamoy e, concomitantemente analisa os mecanismos farmacodinâmicos e farmacocinéticos do Halotano, como atribuição da nota parcial de Farmacologia Médica. BELÉM – PA 2018 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...............................................................................4 2. OBJETIVO...................................................................................6 3. METODOLOGIA.........................................................................7 4. RESULTADOS............................................................................8 5. DISCUSSÃO...............................................................................10 6. CONCLUSÃO.............................................................................15 7. REFERÊNCIAS..........................................................................16 3 1. INTRODUÇÃO Em um primeiro foco de análise, para compreender a atuação do Halotano no organismo humano, é imprescindível a classificação do mesmo como um Anestésico inalatório. Nesse sentido, inicialmente observa-se que o fármaco citado possui capacidades mais aprimoradas e com menos efeitos negativos para seu usuário ou até mesmo a capacidade de não ser inflamável. Somado a isso, para impulsionar o estudo sobre este medicamento especifico, é preciso associar sua lipossolubidade no que diz respeito ao funcionamento do seu mecanismo de ação. (DALE, 2012) Uma característica marcante e diferenciada desse grupo ao qual o Halotano está inserido é que seu mecanismo de indução à anestesia é similar ao de retorno à condição original sem anestesia, ou seja, ambos são realizados pela respiração, devido, principalmente o seu elevado coeficiente de partição, o qual afeta diretamente no aumento da afinidade do sangue pelo gás inalado e, dessa maneira, ele atua prevendo que o tempo de indução do fármaco será maior e seu efeito, mais potente. (GOLAN, 2009) Mediante o exposto, vale frisar que o Halotano não é considerado um analgésico, visto que seu índice analgésico, razão entre CAM e PA50 é reduzido, sendo considerado insatisfatório para tal funcionalidade. Ou seja, ao finalizar um procedimento cirúrgico com o Halotano o individuo retornará ao seu estado normal sentindo dores dependendo da cirurgia ocorrida. (GOLAN, 2009) Apesar das vantagens citadas, o Halotano possui alguns efeitos negativos quando usado, como por exemplo, seus metabolitos tóxicos gerando hepatotoxicidade fatal e a hipertemia maligna, sendo essa ultima enfermidade associada à questões genéticas. Dessa forma, o uso desse fármaco é mais indicado para pediatria, pois nesse segmento social, são menores os índices de efeitos adversos causados pelo medicamento. (GOLAN, 2009) Diante desse cenário, ao constatar-se as características químicas do Halotano, verifica-se que sua fórmula estrutural é o 2-bromo-2-cloro-1,1,1-trifluoroetano. 4 Além disso, ele é considerado um liquído volátil em temperatura ambiente, devendo ser armazenado em ambiente hermético e é sensível à luz, sendo suscetível a degradaçãoo espontânea, fato que contribui para que sua venda seja realizada em vidro âmbar com a adição de timol como conservante. (GOODMAN, 2012) Figura 1: Apresenta a formula estrutural do Halotano (Fonte: GOODMAN, 2012) Em se tratando dos metabólitos do Halotano, observa-se que o mesmo é metabolizado até intermediários hepatotóxicos em um modelo dependente do citocromo p-450 redutivo ou não dependem de O2. Dessa maneira, estudo foram capazes de confirmar que o grau de hepatotoxicidade correlaciona-se com a concentração de halotano e de citocromo P-450 hepático. (RICHARD ET AL, 1990). 5 2. OBJETIVO A aula ministrada pelo Professor Hamoy teve como objetivo primordial a explicação dos mecanismos teóricos envolvendo a ação do Halotano no organismo humano e a descrição de observações sobre o fármaco. Posteriormente, houve a realização da parte prática desse medicamento no rato de linhagem Winstar, a fim de comprovar os ensinamentos abordados anteriormente no decorrer do ano e/ou da aula. Nesse sentido, a junção prático-teórica e a elaboração desse relatório permitem uma maior elucidação dos alunos no que se refere a compreensão dos aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos do Halotano. 6 3. METODOLOGIA O método utilizado pelo docente foi o observacional, o qual proporcionou à comprovação dos assuntos ministrados anteriormente na porção da aula redirecionada a explicação teórica dos mecanismos de atuação do Halotano. Diante desse cenário, a aula prática teve inicio com a abordagem dos Planos de Gugdell, a fim de possibilitar uma maior compreensão dos discentes acerca das consequências esperadas quando o rato da linhagem Winstar fosse submetido ao contato inalatório do Halotano. Após essa breve explicação, o docente realizou a aplicação do fármaco pela via inalatória do animal e, com o passar de pouco tempo, foi possível observar os efeitos do medicamento no rato. Em um animal de 300g foi administrado a quantidade de Halotano pela via respiratória de acordo com os efeitos aparentes no momento que o mesmo ia inalando o fármaco, uma vez que, não há como calcular-se exatamente a quantidade a qual o animal foi exposto durante o experimento e, sim, pode-se quantificar pelo aspecto observacional, ou seja, das mudanças da via abdominocostal e seu tempo de existência de respiração visível. Os materiais utilizados na aula prática pelo professor foram: • Jaleco • Animal (rato da linhagem Winstar, pesando 300g). • Tubo contendo Halotano sólido • Vaporizador Figura 2: Apresenta o fármaco utilizado durante a aula prática 7 4. RESULTADOS A aula prática foi realizada no laboratório do Prof. Dr. Rômulo e, ao iniciá-la, o docente realizou uma breve explicação sobre os principais mecanismos de atuação dos anestésicos locais voláteis, com o propósito de otimizar a assimilação durante a aula prática. Nesse sentido, depois da parte inicial sobre a determinação dos Planos de Gudgel, o Prof. Hamoy realizou a primeira parte do experimento, a qual incluía o processo de colocar o rato da linhagem Winstar em contato com o Halotano presente no tubo utilizado na aula prática. Primeiramente, observou-se durante os primeiros 41 segundos a respiração do animal transformou-se em abdominocostal, devido sua indução ser rápida no organismo. Após 1 minuto, observou-se o aumento da frequência cardíaca e da atividade da Adrenalina, sendo considerados fatores de risco para o paciente, uma vez que, podem desencadear uma arritmia cardíaca. Depois de 2 minutos a respiração presente era somente abdominal. Ao fim de 2 minutos e 10 segundos de experimento, o docente retirou o anestésico, pois caso o mesmo continuasse presente na via respiratória do animal, poderia ocasionar sua morte. A via de excreção desse fármaco é realizada da mesma maneira que é inalado, ou seja, quanto mais ele expira, ele elimina o Halotano e, consequentemente, diminui seus efeitos. Posteriormente, o docentedecide realizar o mesmo procedimento, contudo, dessa vez ele utilizou o vaporizador e, ao mesmo tempo, explicitou seu mecanismo de atuação no processo de anestesia. Os efeitos surgidos em decorrência do contato com o fármaco são mais rapidamente visíveis na segunda vez. Mediante essa assertiva, constata-se que o Halotano possui certa pressão de vapor quando aberto e exposto ao contato com o ambiente externo. Quando em contato com o fármaco em um primeiro momento, o animal tende a tentar reagir devido a sua ação excitatória, porém logo após um curto período de tempo reacional o animal tende a diminuir a função e, concomitantemente, perder o controle dos músculos intercostais, passando essa função para o abdominocostal. No caso vivenciado pelos discentes, o docente afirma que pouca quantidade do Halotano deverá ser metabolizada 8 pelo animal, uma vez que, como citado anteriormente, a expiração contribui para a eliminação do anestésico. Somado a isso, o Prof. Hamoy comenta as vantagens de utilização do Halotano em comparação a outros fármacos, como por exemplo, o Etér, o qual não é mais tão indicado para uso por conta do seu cheiro característico associado, o qual costuma causar náuseas e mal-estar entre determinados indivíduos. Sendo assim, o Halotano é mais indicado pela não percepção de cheiro. Quanto maior for o tempo de contato com o fármaco, maior será o tempo de recuperação do paciente, visto que o mesmo entrará em contato com o sistema nervoso central e gordura (sendo esses fatores relacionados diretamente com o coeficiente de partição do fármaco, o qual é considerado elevado), por exemplo. Desse modo, os principais efeitos visualizados foram o relaxamento muscular, além da mudança na pupila (a qual não pôde ser visualizada no animal), respiração e frequência cardíaca. 9 5. DISCUSSÃO 5.1 Aspectos Farmacodinâmicos: A partir da compreensão da aula prática, é necessária a junção dos conhecimentos teóricos em relação à atuação do Halotano no organismo humano. Mediante essa assertiva, para se iniciar o estudo dos aspectos farmacodinâmicos do Halotano, vale frisar a consideração da sua classificação como anestésico inalatório, o qual implica na funcionalidade de alteração da atividade metabólica e elétrica do cérebro. Sendo esses efeitos anestésicos no cérebro estimuladores da formação de quatro estágios o nível de profundidade crescente de depressão do Sistema Nervoso Central (SNC), chamados de sinais de Guedel. Tais sinais são: I → Analgesia: Inicialmente ocorre analgesia, sem amnésia. II → Excitação: Surgem sinais de delírio, porém o paciente se encontra amnésico. Sua respiração é rápida e ocorre um aumento tanto na frequência cardíaca, quanto da pressão arterial. III → Anestesia cirúrgica: Ocorre lentificação da respiração e da frequência cardíaca, até alcançar o nível de cessação da respiração (apneia). Além da diminuição do movimento ocular. IV → Depressão medular: Representa um estágio profundo de anestesia, com uma grave depressão do SNC, incluindo o vasomotor no bulbo e o centro respiratório no tronco encefálico. Caso não haja a utilização de aporte respiratório e circulatório, o paciente poderá rapidamente vir ao óbito. Esquema 1: Representa os estágios dos sinais de Guedel para anestésicos inalatórios. (KATZUNG, 2014). Os principais efeitos nos sistemas orgânicos associados à utilização do Halotano são: a) Efeitos cardiovasculares: uma vez que o fármaco tende a deprimir a contratilidade cardíaca normal, ocasionando a diminuição da pressão arterial média em comparação a sua concentração alveolar. Esse efeito 10 ocorre, pois há a depressão do miocárdio, gerando pouca alteração da resistência vascular sistêmica. Somado a isso, o Halotano consegue sensibilizar o miocárdio à epinefrina e às catecolaminas circulantes. A depressão miocárdica é tida como resultado da atenuação dos transientes intracelulares de cálcio induzidos pela despolarização. (GOODMAN, 2012) b) Efeitos no cérebro: analisa-se em decorrência da compreensão de que a potencia do anestésico atualmente é descrita como a concentração alveolar mínima (CAM) necessária para impedir uma resposta do paciente à incisão cirúrgica. Ou seja, o Halotano tende reduzir a taxa metabólica cerebral (TMC) e, em geral, aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro de acordo com a quantidade inalada pelo paciente. Esse aumento pode ocasionar edema cerebral ou hipertensão intracraniana preexistente (KATZUNG, 2014) c) Efeitos respiratórios: Possui ação broncodilatadora e, dessa forma, são mais indicados ao uso para pacientes que já apresentam algum tipo de problema no trato respiratório. Ademais, o Halotano causa diminuição do volume corrente dependente da dose, bem como aumento da frequência respiratória. Sem contar a realização do aumento do limiar apneico e a diminuição da resposta ventilatória à hipóxia. A elevação do CO2 não provoca um aumento compensatório na ventilação, pois o halotano inibe de forma dependente da concentração a resposta ventilatória ao CO2. Desse modo, acredita-se que essa ação seja mediada pela depressão dos mecanismos quimiorreceptores centrais, os quais também inibem as respostas quimiorreceptoras periféricas à hipoxemia arterial (GOODMAN, 2012) d) Efeitos renais: diminui a taxa de filtração glomerular (TFG) e o fluxo urinário. Dessa maneira, o Halotano causa a eliminação de um pequeno volume de urina concetrada, pois a redução induzida causada pelo fluxo sanguíneo renal. Todavia, as alterações renais causadas pelo uso do fármaco são reversíveis (GOODMAN, 2012). e) Efeitos hepáticos: Halotano causa a diminuição dependente da concentração do fluxo sanguíneo da veia porta, o qual acompanha o 11 declínio do débito cardíaco produzido pelo fármaco, como consequência da redução da pressão de perfusão (KATZUNG, 2014) f) Efeitos no musculo liso uterino: Halotano pode causar aumento do sangramento uterino, uma vez que, o mesmo inibe as contrações uterinas durante a parturição, prolongando o trabalho de parto (GOODMAN, 2012) Vale frisar que, hodiernamente, o Halotano tende a não ser muito utilizado nos processos cirúrgicos, haja vista que o mesmo sofre metabolização substancial, sendo uma parcela transformada em brometo, ácido trifluoracético e outros metabólitos que estão associados ao surgimento de casos de toxicidade hepática (DALE, 2012) 5.2 Aspectos Farmacocinéticos Ao se refletir sobre as principais características farmacocinéticas associadas ao Halotano, constata-se que a velocidade com a qual a concentração sanguínea arterial, que é responsável pelo efeito farmacológico no cérebro, segue-se às alterações da pressão parcial do fármaco no ar inspirado. Nesse sentido, os pulmões são a única via importante pela qual o anestésico inalatório entram e são excretados pelo corpo, sendo consideradas moléculas lipofílicas que adentram rapidamente a membrana alveolar. (DALE, 2012) Existem inúmeros fatores que determinam a velocidade da indução e recuperação do Halotano no organismo, sendo os principais: coeficiente de partição sangue/gás (determina a velocidade de indução ou recuperação), coeficiente de partição óleo/gás (mede a solubilidade do fármaco na gordura), taxa de ventilação alveolar e débito cardíaco. A cinética de transferência do anestésico entre o ar inspirado e o sangue arterial determina, portanto, a cinética do efeito farmacológico. (DALE, 2012) 12 Figura 3: Demonstra os fatores que afetam na taxa de equilíbrio dos anestésicosinalatórios no corpo (DALE, 2012) Quando o gás anestésico é inalado, ele chega aos alvéolos e, posteriormente, se difunde através do epitélio respiratório para o leito capilar alveolar. Da mesma forma, os leitos capilares teciduais distribuem o oxigênio rapidamente para todas as células do corpo, visto que, as distancias entre as arteríolas são pequenas. (GOLAN, 2009) O modelo de absorção e distribuição dos anestésicos agrupam os tecidos do corpo de acordo com suas semelhanças, ou seja, cada subgrupo tem uma capacidade especifica para o Halotano e um nível característico para distribuir o anestésico. São eles os grupos: grupo ricamente vascularizado (GRV), composto pelo SNC e pelas vísceras, grupo muscular (GM), constituído pelos músculos e pela pele, grupo adiposo (GA) e grupo pouco vascularizado (GPV) formado por ossos, cartilagens e ligamentos. (GOLAN, 2009) Diante do exposto, conclui-se que os tecidos adiposos do corpo possuem maior afinidade em absorver e solubilizar o fármaco. Devido o baixo fluxo sanguíneo para o tecido adiposo, é necessário um maior período temporal para que o fármaco entre e saia da gordura, resultando em uma fase lenta pronunciada de equilíbrio. (DALE, 2012) Na medida em que o paciente não está em contato com o vaporizador, ou seja, respira normalmente, o medicamento vai ser excretado do organismo 13 em um processo de sentido inverso ao de metabolização inicial. Ou seja, vale compreender que o tempo da anestesia depende da velocidade de eliminação do anestésico do cerebro. Duas características diferenciam a fase de recuperação da de indução, são elas o fator de transferência de um anestésico dos pulmões para o sangue, uma vez que, ele pode ser intensificada por um aumento de sua concentração no ar inspirado e, no processo de indução inversa não pode ser aumentado, pois a concentração nos pulmões não pode ser abaixo de zero e a outra diferenciação é que na fase de recuperação a tensão do Halotano pode ser diferente nos diversos tecidos, dependendo da duração da anestesia e, durante a indução inicial a tensão do anestésico nos tecidos corresponde a zero. (KATZUNG, 2014) 14 6. CONCLUSÃO Com intuito de analisar os benefícios acerca da dinâmica utilizada pelo Prof. Dr. Hamoy, verifica-se que a indução às pesquisas acadêmicas tende a estimular os discentes a adentrarem em um cenário de busca por informação extra, a qual poderá contribuir positiva e sensivelmente na formação acadêmica. Além disso, a demonstração prática da administração do anestésico inalatório no animal contribuiu para uma maior associação entre os assuntos ministrados pelo docente e a futura prática profissional dos discentes. Desse modo, não somente o conjunto prático-teórico, como também a interação com o desenvolvimento do contato com as pesquisas acadêmicas favorecem positivamente para a concretização de uma excelente carreira médica no futuro. 15 7. REFERÊNCIAS RICHARD, C. et al. Covalent binding of oxidative biotransformation intermediates is associated with halothane hepatotoxicity in Guinea Pigs. Anesthesiology, v.73, p.1208-1213, 1990 Golan, David; Simon, Josef; Cairo, Christopher. Princípios de farmacologia, 2009, 2 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Página: 230 KATZUNG, B, G; MASTERS, S, B; TREVOR, A, J. Farmacologia básica e clinica. 12 edição. Porto Alegre: AMGH Editora, 2014. Pagina: 433-446 Dale, M et al. Farmacologia. 7 edição. Elsevier editora Ltda, 2012, página: 497- 501 BRUNTON, Laurence L.; CHABNER, Bruce A.; KNOLLMANN, Björn C. As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman & Gilman-12. AMGH Editora, 2012. Página 541 16