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LEP - Do travalho do preso

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DIREITO PROCESSUAL PENAL VI
LEI DE EXECUÇÃO PENAL
DO TRABALHO DO PRESO
O trabalho do preso é obrigatório e é uma das formas de cumprimento de pena e ao mesmo tempo de ressocialização .
Por outro lado, é necessário observar que a constituição federal veda a imposição de pena de trabalhos forçados (art. 5°, XLVII/CF). Dessa forma, não se pode exigir do preso o trabalho sob pena de sanções corporais ou outras formas de punição ativa. Da mesma forma não se pode exigir a prestação de serviços sem qualquer benefício ou remuneração. 
A obrigação do trabalho gratuito seria o mesmo que redução à condição análoga a de escravo o que, é vedado em nosso ordenamento, além de ilícito penal.
Previsões relativas ao estudo:
“Art. 39. Constituem deveres do condenado:
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas”
“Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.”
OBS: O TRABALHO DO PRESO NÃO ESTÁ SUJEITO AO REGIME DA CLT.
Como o trabalho é uma obrigação decorrente da própria pena, a inobservância dessa imposição constitui falta grave (art. 50, VI/ LEP).
“Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei”
Uma vez configurada a falta grave, o preso perderá direito a certos benefícios como, p. ex.: a progressão de regime, o livramento condicional, o indulto, os dias reunidos pelo trabalho, etc.
O exercício do trabalho, não obstante seja uma obrigação traz o benefício da remição da pena ( a cada 3 dias de trabalho, diminui 1 da pena).
REMUNERAÇÃO PELO TRABALHO REALIZADO
O trabalho do preso é remunerado conforme tabela prévia, não podendo ser inferior a 3/4 do salário mínimo. (art. 28, §2° LEP)
A LEP determina que o produto da remuneração deverá ser destinado a: indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não reparados por outros meios; assistência à família, pequenas despesas pessoais e; ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado em proporção a ser fixada e sem prejuízo das despesas anteriormente citadas.
 REPARAÇÃO DOS DANOS DO CRIME PRATICADO
DESTINO DA REMUNERAÇÃO ASSISTÊNCIA À FAMILIA
 DO PRESO DESPESAS PESSOAIS 
 RESSARCIMENTO AO ESTADO DAS DESPESAS 
 COM A SUA MANUTENÇÃO
Nota-se, portanto que, se o valor percebido pelo preso deve ser de, pelo menos ¾ do salário mínimo e voltado a toda uma lista de destinações impostas pela lei, o montante recebido é irreal . 
OBS: a prestação de serviços à comunidade é, por definição, u,a pena alternativa à prisão e, por tal motivo, pressupõe que o serviço prestado pelo condenado, nessas condições se dê de forma inteiramente gratuita como forma de reparação pelo dano social causado.
O trabalho do preso é obrigatório,sendo um viés pedagógico da própria pena.
Contudo, a LEP excepciona dessa obrigação o preso provisório em razão da própria natureza da prisão que é cautelar, não existindo pena imposta ao mesmo, vigora o princípo do estado de inocência. (art. 31, Parágrafo único LEP)
“Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento.”
OBS: Guilherme Nucci entende que, desde o momento em que se passou a admitir o cumprimento de pena pelo preso provisório, este passa a ser obrigado ao trabalho sendo esta uma ferramenta inclusive para avaliação de bom comportamento e progressão de regime de cumprimento da pena.
Evidentemente que, na atribuição do trabalho serão levadas em conta a habilitação, condição pessoal e necessidades futuras do preso (art. 32 LEP) 
Atividades como artesanato ou sem expressividade econômica serão limitadas, exceto em regiões de turismo.
Os maiores de 60 anos poderão solicitar ocupação adequada à sua idade, bem como os deficientes físicos conforme suas limitações.
JORNADA DE TRABALHO DO PRESO
De acordo com a LEP (art, 32) a jornada de trabalho do preso não será inferior a 6 e nem superior a 8 horas por dia, assegurado o descanso nos domingos e feriados.
OBS: ficam aqui ressalvados os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento que poderão ter horários especiais.
BANCO DE HORAS
As hora trabalhadas serão computadas pelo condenado, desde que em serviço reconhecido pela direção do presídio, não valendo atividades particulares de artesanato e passa tempo.
Ocorre que, vários presos terminam desenvolvendo trabalho por período inferior a 6 horas diárias. Assim, computa-se o trabalho POR HORA. Ex: se durante 3 dias o preso somente trabalho por 2 horas diárias, terá computado para fins de trabalho efetivo apenas 1 dia (seis horas), sendo esse o montante considerado para o benefício da remição penal.
O TRABALHO PODERÁ SER GERENCIADO POR FUNDAÇÃO OU EMPRESAA PÚBLICA COM AUTONOMIA ADMINSITRATIVA COM OBJETIVO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PRESO (ART. 34 LEP)
O ESTADO E A RESPONSABILIDADE PELO TRABALHO DO PRESO
O art. 34 e 35 determinam que a responsabilidade pelo gerenciamento do trabalho do preso deve ser do Estado que arcará com os custos inclusive da comercialização dos produtos do trabalho e da remuneração do preso, podendo-se servir de fundações ou empresas públicas para isso.
É possível, ainda a formação de convênios com entidades privadas para que estas gerenciem o trabalho, contudo, o trabalho do preso NÃO PODE GERAR LUCRO A EMPRESAS PRIVADAS, pois seria uma distorção da própria natureza da execução da pena. O preso receberia ¾ do salário mínimo e produziria produtos de alto valor em oficinas montadas e administradas pela iniciativa privada com lucro certo, sem conferir ao preso benefícios da CLT. Isso importaria em situação ilegal e configuraria enriquecimento ilícito da empresa.
Há que se lembrar que o cumprimento da pena e o trabalho do preso não têm por fim dar lucro, mas ressocializar o preso, sendo um ÔNUS ESTATAL A SER SUPORTADO PELO PODER PÚBLICO.
TRABALHO EXTERNO
O art. 36 da LEP autoriza o trabalho externo para presos em regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da adminsitração direta ou indireta ou entidades privadas, DESDE QUE TOMADAS CAUTELAS CONTRA FUGA E EM FAVOR DA DISCIPLINA.
O limite máximo de presos na obra será de 10% do total de empregados ali ativados.
A remuneração por esse trabalho ficará a cargo da entidade que realizar a empreita.
O trabalho externo dependerá sempre de consentimento expresso do preso.
O trabalho externo é exceção à regra pois o preso ainda não foi ressocializado, está em processo de ressocialização e dependerá do preenchimento de alguns requisitos.
REQUISITOS PARA O TABALHO EXTERNO
Como mencionado, o trabalho externo é uma exceção, haja vista que o preso ainda não está ressocializado (regime fechado) e há necessidade de o Estado tomar cautelas para impedr a sua fuga designado agentes para a fiscalização.
Assim, exige-se para o trabalho externo que o preso:
 - tenha aptidão para o serviço específico;
 - possuir disciplina e responsabilidade : o que é avaliado pelo bom comportamento no presídio em que se encontra e bom desempenho das atividades laborativas no presídio);
 -já ter cumprido 1/6 da pena.
OBS: tais requisitos autorizam ao preso, além de pleitear o direito ao trabalho externo quando necessário, o de requerer o benefício da progressão de regime para o semi aberto.
CAUSAS DE REVOGAÇÃO DO TRABALHO EXTERNO
São causas de revogação do direito ao trabalho externo: 
 1 – praticar fato definido como crime: evidentemente não se exige condenação, basta a conduta típica para que se revogue o direito;
 2 – cometer e
ser punido por falta grave: aqui, não basta que tenha o agente cometido a falta (art.50 LEP), é necessário que já exista a devida punição;
 3 –ter comportamento inadequado no trabalho em que foi designado, agir com indisciplina e irresponsabilidade. (o oposto aos requisitos que autorizam o trabalho externo).

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