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01
Ebook
Gestão da educação
UNIDADE 1 - História da gestão educacional no Brasil
A gestão educacional nos tempos coloniais e imperiais .............................................................................07
A gestão educacional nos tempos republicanos I: de 1889 à era Vargas ....................................................13
A gestão educacional nos tempos republicanos II: do fim do estado novo à abertura política .......................16
A gestão educacional na contemporaneidade brasileira ............................................................................20
Síntese ...................................................................................................................................................24
Referências Bibliográficas ........................................................................................................................26
Sumário
05
Por que é importante estudar Educação no contexto histórico? Você já pensou em 
como eram as escolas nos tempos do Brasil-Colônia? Será que os jesuítas tinham 
apenas a missão de converter os indígenas à fé católica? E, no Brasil Imperial, como se 
desenvolveu a Educação no Brasil?
Desejamos que essas perguntas tenham lhe trazido à memória conhecimentos que você 
já adquiriu ou que tenham aguçado sua curiosidade para saber mais sobre esse assunto, 
pois nesta unidade você reconstituirá a trajetória histórica da atual gestão escolar para 
compreender as bases históricas, sociais e políticas em que ela se assenta. Para isso, 
serão apresentados os seguintes temas:
•	 a gestão educacional nos tempos coloniais e imperiais;
•	 a gestão educacional nos tempos republicanos I: de 1889 à Era Vargas;
•	 a gestão educacional nos tempos republicanos II: do fim do Estado Novo à 
abertura política;
•	 a gestão educacional e a contemporaneidade brasileira.
Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de:
•	 conhecer os marcos iniciais da constituição da gestão educacional no Brasil;
•	 identificar fatos marcantes no contexto histórico da instituição escolar nas 
primeiras décadas do século XX;
•	 identificar o contexto socioeconômico, histórico e social em que se deu a 
democratização do ensino e da escola;
•	 relacionar a trajetória histórica da escola com o contexto atual de gestão 
escolar.
Unidade 1Apresentação
07
Capítulo 1História da gestão 
educacional no Brasil
A gestão educacional nos tempos coloniais e 
imperiais
Você sabe como se constituíram as escolas no Brasil entre os séculos XVI e XIX? Como os 
jesuítas administraram a educação no tempo em que dela cuidaram? O que aconteceu com 
a estrutura educacional montada pela Companhia de Jesus após a expulsão dos jesuítas pelo 
Marquês de Pombal? Qual a importância e consequência(s) para a educação nacional da 
vinda da família real portuguesa para o Brasil?
Essas são algumas questões a serem respondidas sobre como se constituiu o sistema 
educacional e sua administração no Brasil.
Assim, a fim de estudarmos aspectos da gestão educacional no século XVI, lembremo-nos de 
que esse foi o século que marcou o ano da chegada dos portugueses ao Brasil – 1500. Já 
trinta anos depois, chegaram os primeiros jesuítas da Ordem de Santo Inácio de Loyola – os 
inacianos –, com a missão de catequizar os índios e expandir a fé católica. Além disso, a 
Coroa portuguesa propôs que os jesuítas também educassem os brancos e responsabilizou os 
padres pela criação dos colégios: o primeiro foi fundado na Bahia, em 1549; depois, Olinda 
e Rio de Janeiro, por volta de 1585. Em torno de 1570, a obra jesuítica já era composta de 
cinco escolas de instrução elementar – Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São 
Paulo de Piratininga – e três colégios – Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia.
Desse século XVI até o século XIX, o Brasil assistiria, na metade do século XVIII (por volta de 
1750), à expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal – reforma pombalina acontecida na 
economia e na educação portuguesa, que veremos no segundo tópico desta unidade. Já em 
1808, início do século XIX, a família real chegou ao Brasil trazendo profundas modificações 
para a Colônia, especialmente no campo educacional. A Colônia, principalmente o Rio 
de Janeiro, onde a Corte portuguesa se instalou, recebeu um significativo impulso cultural 
e educacional, cujo resultado foi um grande avanço para todo o país, já que atingiu 
principalmente a formação de lideranças intelectuais e políticas.
Finalmente, nosso estudo desta unidade trata de aspectos da gestão da educação no Império, 
período importante para compreendermos as relações entre Estado e educação no Brasil, 
pois foi uma época de significativas rupturas políticas e socioculturais que interfeririam e 
modificariam a instrução pública, em especial a primária.
O nosso desafio neste tópico é alcançar o seguinte objetivo de aprendizagem: conhecer os 
marcos iniciais da constituição da gestão educacional no Brasil. Tais marcos abrangem um 
longo tempo e modificações significativas no âmbito da implantação e implementação da 
educação formal em solo brasileiro.
Para isso, vamos iniciar o estudo tratando sobre a chegada dos jesuítas ao Brasil e como eles 
deram início a um sistema educacional em terras brasileiras.
08 Laureate- International Universities
Ebook - Gestão da educação
A administração escolar no sistema de ensino jesuítico
Meio século após a chegada dos primeiros portugueses ao Brasil, o governador-geral Tomé 
de Souza aportou em terras nacionais trazendo consigo os primeiros jesuítas, encabeçados 
por Manuel da Nóbrega, que tinham como missão inicial converter os indígenas locais para 
a fé cristã pela catequese e pela instrução, servindo, ao mesmo tempo, aos interesses do 
colonizador e da Igreja contrarreformista. Pode-se dizer que o início da organização escolar no 
Brasil colonial esteve diretamente vinculado à política colonizadora dos portugueses.
Tão logo chegaram os missionários, que já instalaram, na recém-fundada Salvador, uma 
“escola de ler e escrever”, sendo este o início do processo de criação de escolas elementares, 
secundárias, seminários e missões, espalhados pelo Brasil, consolidando-se nos próximos 200 
anos – até por volta de 1760, quando foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal. Mais 
tarde criaram o Colégio de São Vicente, e em 1554 fundaram o Colégio de São Paulo. Em solo 
brasileiro, os colégios implantados pelos jesuítas foram os instrumentos de formação da elite 
colonial, pois, durante grande parte desse período, a prática educacional no Brasil foi levada a 
cabo pelos padres jesuítas, que acabaram por estabelecer um sistema de educação no país.
As estruturas de ensino foram organizadas de acordo com o plano de estudos de Manuel de 
Nóbrega. A aprendizagem da língua portuguesa e da doutrina cristã marcavam o início do 
plano de estudos. Depois disso, os alunos seguiam para as escolas de ler e escrever, onde 
também podiam ter acesso ao canto orfeônico e à música instrumental. Mais tarde, recebiam 
formação profissional e agrícola e aprendiam a língua latina. A partir de 1600, a organização 
e as atividades dos colégios jesuíticos pautaram-se no Ratio Studiorum, documento pensado 
e escrito por Inácio de Loyola para ordenar as instituições de ensino de uma única maneira, 
buscando a uniformização das ações administrativo-pedagógicas e da formação dos alunos em 
todos os colégios da Ordem Jesuítica em qualquer parte do mundo.
E o que vem a ser o Ratio Studiorum?
Era um detalhado manual, composto de trinta conjuntos de regras, que indicava a 
responsabilidade, o desempenho, a subordinação e o relacionamento entre os membros 
da hierarquia, entre os professores e os alunos. Era também um manual de organização e 
administração escolar, além de apresentar, no campo da metodologia, sugestões deprocessos 
didáticos para a aquisição de conhecimento e incentivo pedagógico para assegurar e 
consolidar a formação do aluno. O Ratio expressava formas de organização e administração, 
currículos e métodos de ensino e orientava o professor na organização de sua aula.
Esse programa de estudos iniciava com um curso de Humanidades, passando por um curso de 
Filosofia e, por último, de Teologia. Os que pretendiam seguir as profissões liberais iam estudar 
na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências 
jurídicas e teológicas, e na França, a mais procurada na área da medicina.
Já que estamos tratando da administração, convém reconstruirmos as linhas principais do Ratio 
Studiorum no tocante a esse aspecto. A administração geral da Companhia de Jesus, localizada 
em Roma, era exercida pelo geral – o responsável pelo andamento das casas e colégios 
da Ordem em todas as províncias. Na hierarquia da Ordem dos Jesuítas, abaixo do geral, 
encontrávamos a figura do provincial, que estava à frente de cada província.
O provincial tinha papel fundamental na consecução dos objetivos da ordem e, no que se 
refere aos estudos, era sua prerrogativa: nomear o reitor e o prefeito de estudos; zelar pela 
formação de bons professores e promover os estudos na sua província, exercendo uma alta 
vigilância sobre a observância exata das normas traçadas pelo Ratio; propor ao geral as 
modificações sugeridas pelas circunstâncias de tempo e lugar, peculiares à província.
09
Nessa hierarquização, o reitor era a autoridade máxima nos colégios, auxiliado pelo prefeito 
de estudos e, se houvesse necessidade em razão do número de alunos, nomeava-se o prefeito 
de disciplina. Havia grandes estabelecimentos, em que se reuniam as faculdades superiores e 
os cursos de Humanidades. Neles existia a figura do prefeito de estudos inferiores, subordinada 
ao prefeito de estudos gerais, encarregado dos estudos nas faculdades, atuando como seu 
auxiliar. Havia ainda, nessa hierarquia, o professor, o aluno e o bedel.
Essa hierarquia administrativa e docente dos colégios prescrita pelo Ratio Studiorum também foi 
instalada no Brasil e era supervisionada pelos padres visitadores enviados da Europa pelo geral 
da Companhia de Jesus.
Ao estudar a história da educação no Brasil, observamos que o modelo educacional 
implantando na Colônia evoluiu da catequese e atingiu os níveis mais altos previstos em 
seu rigoroso plano de estudo. Quanto à administração da escola jesuítica, para assegurar 
a efetivação dos objetivos da Companhia de Jesus, os jesuítas se viram forçados pelas 
circunstâncias locais a flexibilizarem a rígida hierarquia traçada detalhadamente pelo Ratio 
Studiorum, fazendo verdadeiras mudanças em suas orientações, a fim de desenvolver novos 
meios de atuarem junto à comunidade.
Tais adaptações que os jesuítas precisaram fazer surgiram do fato de o trabalho a ser 
implementado por eles no Brasil ser muito diferente daquele a que estavam habituados em 
terras europeias, qual seja, dedicavam-se lá à tarefa educacional. Aqui, catequese, fim 
último da Ordem, e educação deveriam andar atreladas, uma vez que instruir os indígenas 
de acordo com os preceitos divinos significava também lhes dar um aparato educacional. O 
desenvolvimento da Colônia estaria atrelado à educação, já que as crianças aqui nascidas, 
independentemente de serem fruto da miscigenação, precisavam ser educadas moral e 
intelectualmente. Em terras brasileiras, o trabalho dos jesuítas exigiu deles inovações para que 
pudessem dar conta.
Assim, algumas concessões foram feitas: a primeira delas teria sido o esforço empreendido no 
sentido de aprender a língua dos indígenas. Como poderiam os jesuítas catequizar e educar os 
indígenas sem conhecer a língua nativa? José de Anchieta elaborou a primeira gramática da 
língua tupi e, assim, foi possível a tradução de orações e músicas católicas para essa “língua 
geral”.
A educação escolar também teve de sofrer modificações, a começar pela alteração do 
conteúdo que deveria ser ensinado pelos jesuítas. Foi necessáro, por exemplo, que os padres 
empregassem suas habilidades manuais na construção de suas casas e colégios, caso contrário 
não conseguiriam trabalhar nesse ambiente, que logo se mostrou hostil aos desejos desses 
homens. Assim, introduziu-se o ensino profissional, formando mão de obra nos mais variados 
ofícios necessários à vida na Colônia.
Outras duas adaptações podem ser destacadas: os aldeamentos e os níveis educacionais que 
foram implantados nos colégios dirigidos pelos inacianos no Brasil. O primeiro foi uma solução 
encontrada com o intuito de solucionar o problema da cristianização, que, até então, não 
tinha alcançado o êxito desejado. Por mais que os índios aderissem às ideias católicas, sempre 
voltavam a praticar seus rituais e adorar seus deuses; já em relação aos níveis educacionais 
implantados nas instituições jesuíticas, a inovação era a implantação do ensino elementar com 
classes de ler, escrever e contar e a do ensino de Humanidades.
Com todo o trabalho catequético e educacional implementado pelos inacianos no Brasil, por 
volta do ano de 1750, eles foram expulsos do Brasil e de Portugal, visto que aos olhos da 
Coroa esse trabalho em prol da fé não fazia mais sentido. As escolas, segundo esta, deveriam 
funcionar em favor do Estado.
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A administração escolar e a reforma pombalina
O período pombalino iniciou-se na segunda metade do século XVIII e tem esse nome devido 
às transformações socioeconômicas e educacionais promovidas, tanto em Portugal quanto no 
Brasil, após a nomeação do Marquês de Pombal como primeiro-ministro português. Uma das 
ações centrais da chamada reforma pombalina foi a expulsão da Companhia de Jesus, em 
1759, de Portugal e da Colônia.
Qual teria sido o impacto dessa expulsão no sistema educacional brasileiro?
Se considerarmos que, no encerramento de suas atividades, a Companhia de Jesus possuía, 
só no Brasil, “25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, sem contar os seminários 
menores e as escolas de ler e escrever, instaladas em quase todas as aldeias e povoações 
onde existiam casas da Companhia” (AZEVEDO, 1963, p. 539), é de se imaginar que a 
saída dos jesuítas do Brasil tenha desmantelado essa estrutura educacional, prejudicando 
significativamente o sistema.
A publicação do Alvará Régio de 28 de junho de 1759 deu início à reforma do ensino, 
decretando o final do predomínio dos jesuítas da Companhia de Jesus na condução dos 
assuntos educacionais em Portugal e seus domínios coloniais, estabelecendo as bases da 
intervenção do Estado nos assuntos educacionais e inaugurando, no contexto europeu, as 
raízes dos sistemas públicos estatais em educação. 
E o que vem a ser o Alvará Régio?
O Alvará determinava uma série de providências com a finalidade de estabelecer uma estrutura 
para implantar a reforma educacional, tanto em Portugal como em seus domínios reais. Entre 
as providências a serem tomadas, estava a criação de uma Diretoria-Geral dos Estudos, cujo 
diretor-geral seria nomeado pelo soberano e ficaria sob sua jurisdição direta.
A responsabilidade do diretor-geral dos estudos seria a implantação e fiscalização da reforma, 
devendo, ao fim de cada ano, prestar conta por meio de relatórios, informando ao soberano os 
meios mais convenientes para se adiantar os estudos. Ainda, esse mesmo Alvará determinava 
que, ao diretor-geral, caberia a função primordial de fiscalizar o trabalho dos professores, 
que seriam contratados por meio da prestação de exames; as licenças para o exercício do 
magistério seriam concedidas pelo diretor-geral, sendo proibido o ensino público e particular 
sem tal licença. Caberia a ele, ainda, a designação de comissários para o levantamento sobre 
o estado das escolas e dos professores,tentando controlar e fiscalizar o ensino ministrado. 
A Diretoria-Geral dos Estudos foi a primeira entidade educacional, na história do ensino 
português, subordinada ao poder. Ela superintendia nos serviços do ensino elementar e médio, 
equivalente ao que seria nos dias atuais a um diretor-geral de ensino.
Na Colônia, o ensino público oficial só foi implantado por volta do ano 1772, quando o 
curso de Humanidades foi modificado para o sistema de aulas régias de disciplinas isoladas. 
Elaborou-se, então, um mapa de cidades, tipos de aulas e número de professores necessários, 
tendo sido criadas 17 escolas de ler e escrever, distribuídas nos estados mais povoados. O 
pagamento dos professores passou a ser realizado por meio da arrecadação de um imposto 
instituído pelo governo, conhecido como “subsídio literário”.
A Diretoria-Geral dos Estudos também organizou um sofisticado sistema de censura, que 
permitia ou não o uso de determinados livros nas escolas reformadas. De acordo com o Alvará, 
estabeleceu-se um novo método para o ensino da Gramática Latina em todas as classes do 
Reino e seus domínios, fazendo-se publicar uma memória dos livros aconselháveis e permitidos 
para o novo método. Além dessas medidas de controle, atribuiu-se à Diretoria-Geral o 
privilégio da impressão de todos os livros clássicos e dicionários.
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Você pode estar se perguntando: Se os resultados da Reforma Pombalina no campo da 
educação parecem ter sido catastróficos, qual a importância dela na história da educação?
A reforma pombalina se constituiu em um dos mais importantes momentos da história da 
educação, porque não apenas laicizou o ensino, ou seja, desatrelou a educação da religião, 
estabeleceu salários aos professores e concedeu-lhes aposentadoria, mas também, e 
principalmente, lançou as bases de um futuro aparelho estatal no campo educacional que teve 
na figura do diretor-geral dos estudos o seu modelo inicial.
As bases de nossa evolução cultural só começam a ser lançadas por volta de 1808, quando a 
família real portuguesa veio para estabelecer-se na Colônia, fugindo das tropas napoleônicas. 
A corte portuguesa instalou-se no Rio de Janeiro, que, assim, recebeu um significativo impulso 
cultural e educacional por meio da formação de lideranças intelectuais e políticas necessárias à 
instalação da sede administrativa do Reino Unido de Portugal.
Várias instituições foram fundadas: a Imprensa Régia, possibilitando a produção tipográfica; a 
Biblioteca Nacional; o Museu Nacional; as escolas de ensino superior, como a Academia Real 
de Marinha e a Academia Real Militar, os cursos superiores de Cirurgia, Anatomia e Medicina e 
os cursos para a formação de técnicos, em áreas como Economia, Desenho Técnico, Química, 
Agricultura e Indústria. 
A partir desse período, considerando essas mudanças, teve origem o que viria a ser a estrutura 
do ensino imperial, composta dos três níveis – o primário, o secundário e o superior. Com D. 
João, iniciou-se um controle progressivo do Estado sobre a educação formal, embora diversas 
formas e locais de ensino coexistissem.
No que se refere ao ensino primário, continuava sendo oferecido por escolas de ler e escrever; 
já em relação ao ensino secundário, permaneceu a organização de aulas régias de Gramática 
Latina, tendo o diretor-geral dos estudos como figura central de sua administração, controle e 
fiscalização. Nesse sentido, vemos que, no âmbito da administração escolar, praticamente nada 
mudou em relação ao estabelecido pela reforma pombalina; já no âmbito do ensino superior, 
os interessados em cursá-lo deveriam estudar na Europa.
A administração escolar no período imperial
Na sequência de nossa retrospectiva histórica da administração educacional no Brasil, 
chegamos ao Império, tempo em que o Brasil declarou sua independência política de 
Portugal, deixando, então, de ser Colônia portuguesa. Nesse Império nascente, diferentes 
aspectos da vida brasileira favoreciam a criação de novos rumos para a educação nacional: 
formação de uma nova elite burocrática para substituir a administração portuguesa; garantia 
de instrução primária à população branca e livre; crescimento da elite proprietária de terras; 
desenvolvimento de uma vida urbana, onde se concentrava o aparelho administrativo e as 
atividades comerciais.
Nesse contexto, foi promulgada aquela que é considerada a primeira lei da educação 
brasileira: a Lei Geral de 1827, decretada como Lei Nacional, que apresentava uma 
organização mínima para a existência de escolas de primeiras letras: propunha, inicialmente, 
a criação de escolas determinando as matérias e o método, estabelecia os salários dos 
professores, as gratificações e a obrigatoriedade do concurso público para o provimento das 
aulas, além da criação de escolas de meninas.
A Lei Geral perdurou até 1834, quando foi decretado o Ato Adicional que reformou a 
Constituição Brasileira de 1824. Tal Ato descentralizou a administração pública do país e, no 
campo da educação, tornou a garantia da instrução primária gratuita um dever das províncias. 
Desse modo, responsabilizou a Assembleia-Geral e o Governo-Geral apenas pela instrução 
primária e pelo ensino secundário do município da corte, e no restante do Império caberiam às 
12 Laureate- International Universities
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assembleias legislativas e aos presidentes de cada província. Isso significa que a Constituição 
garantiu a gratuidade da instrução e, na sua reforma, o Ato Adicional delegou às províncias a 
sua execução. Para assegurar o cumprimento das diretrizes pelas escolas e pelos professores, 
realizava-se a inspeção escolar pelas Câmaras Municipais.
Para saber mais sobre a Lei Geral de 1827 e o Ato Adicional de 1834, que deram 
início de fato à responsabilidade do Estado para com a educação nacional, acesse os 
sites do Palácio do Planalto (<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM-15-
10-1827.htm>) e da Câmara dos Deputados <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/
lei/1824-1899/lei-16-12-agosto-1834-532609-publicacaooriginal-14881-pl.html> 
respectivamente.
NÃO DEIXE DE SABER!
Durante uma década não houve alterações significativas nas estruturas criadas. Só em 1846 
a Província de São Paulo decretou a Lei Geral nº 34, de 16 de março de 1846, propondo 
a ordenação e a fiscalização de toda a instrução pública e também criando uma Escola 
Normal para a formação de professores na capital da província. Além disso, trouxe mudanças 
significativas para o sistema educacional na província, por exemplo: determinou as matérias 
que deveriam ser ensinadas; criou a chamada “segunda aula”, que acrescentava, numa 
perspectiva de seriação, mais matérias às aulas de primeiras letras de escolas; estabeleceu a 
abertura e inspeção das escolas particulares, entre outras providências.
Devido à amplitude do alcance dessa lei, houve também necessidade de ordenar a carreira 
docente. Para tanto, criaram-se Comissões Inspetoras.
E o que vêm a ser as Comissões Inspetoras?
Essas comissões estabeleciam um rígido sistema de fiscalização e eram compostas de três 
cidadãos residentes no local onde se pretendia criar as escolas, representando o governo 
provincial, o poder municipal e a Igreja, os quais prestariam contas das informações 
diretamente ao presidente da província. Toda a rotina das escolas, dos alunos e dos professores 
deveriam passar pelo crivo dessas comissões, pois não existiam diretores nas escolas – nem 
nas escolas primárias e tampouco na Escola Normal recém-criada –; os próprios professores 
deveriam prestar contas diretamente ao governo da província.
No mesmo ano de 1846, por meio da Lei nº 33, foram criados também os primeiros liceus 
(instituto oficial, colégio ou estabelecimento de instrução secundária) de São Paulo e, para 
eles, foi previsto o cargo de diretor, cujas atribuições foram, mais tarde, definidas pela Lei nº 
29, de 16de março de 1847, que estabelecia os regulamentos dos liceus em São Paulo e 
assim prescrevia: “O governo nomeará um cidadão de intelligencia e reconhecida probidade e 
patriotismo para directhor do licêo” (COLLEÇÃO..., 1868)e. 
Ao diretor cabia tomar conta do liceu, reportando-se ao presidente da província. Assim, 
entre suas responsabilidades, estava não só a inspeção da conduta dos professores, 
encaminhando os problemas e sugerindo alterações para mudanças, tanto na rotina do 
colégio como na vida profissional de seus professores, ao referido presidente. Além disso, 
deveria elaborar um relatório anual dando conta do estado moral e intelectual do liceu e um 
mapa dos alunos frequentes, declarando os aprovados, os reprovados e os que não fizeram 
os exames, especificando, inclusive, os considerados incorrigíveis. Era também responsável 
pelo andamento rotineiro das atividades no liceu: frequência dos empregados; discussão em 
conselho, com os professores, dos problemas do liceu; repreensão aos alunos; designação dos 
horários das aulas etc. 
13
A figura do diretor e da diretora, na Província de São Paulo, aparecia também nos seminários 
– estabelecimentos de caridade que surgiram por volta de 1825 para abrigo e formação de 
crianças pobres, em particular órfãs de militares falecidos a serviço da Coroa.
No tempo do Império, a responsabilidade de alfabetizar e administrar esses espaços 
de recolhimento de meninas era da mulher, mas ela não era considerada capaz de se 
encarregar sozinha da administração escolar. Por essa razão, o estabelecimento para 
as meninas órfãs, ou Seminário de Meninas, era administrado por uma família, a fim 
de garantir uma administração ilibada.
NÃO DEIXE DE SABER!
A intervenção estatal na educação foi consolidada por meio da promulgação de dois 
regulamentos importantes: o primeiro, decretado em 1846, organizava as Comissões 
Inspetoras responsáveis pela fiscalização das escolas em todos os lugares onde existissem 
escolas particulares ou públicas; o segundo, de 1851, revogou essa prescrição e criou uma 
estrutura de inspeção centralizadora, ratificando a intervenção direta do Estado na fiscalização 
das escolas, dos alunos e dos professores, por meio da Inspetoria Geral da Instrução Pública 
e do cargo do inspetor-geral. Essa ação centralizadora do Estado marcou não apenas a 
educação, pela intervenção da província no processo de escolarização, mas também marcaria 
a própria reordenação política e econômica da sociedade no decorrer do século XIX.
Essa ação centralizadora permaneceu até o fim do Império, em que pesem todas as alterações 
havidas no meio político e econômico a partir de 1850 e mesmo com a reforma da instrução 
pública decretada em 1868. As leis decretadas nesse período não alteraram a condição das 
escolas em relação à sua administração, mas contribuíram para a constituição da escola 
pública que conhecemos atualmente. 
A instituição oficial da administração interna das escolas aconteceria na República, com a 
criação dos Grupos Escolares. 
A gestão educacional nos tempos republica-
nos I: de 1889 à era Vargas
O contexto socioeconômico e cultural dos primeiros tempos republicanos pode ser relembrado 
por meio de uma telenovela veiculada no início dos anos 2000. Você se lembra da novela Terra 
Nostra? E de seus personagens italianíssimos Matteo e Giuliana e todos os seus companheiros, 
camponeses italianos, que chegaram ao Brasil a bordo do navio Andrea I? Eles fugiram da 
crise econômica no seu país para tentar a sorte no Brasil, que, naquele momento, precisava de 
mão de obra para substituir o trabalho escravo nas plantações de café.
Essa novela mostrou a efervescência da cidade de São Paulo, as primeiras indústrias, 
os grandes cafeicultores, num cenário de intensas modificações culturais e econômicas 
acontecidas no início do novo século XX – anos 1900 – e meados do fim do milênio – para nós 
a Era Vargas.
O desafio neste tópico é alcançar o seguinte objetivo de aprendizagem: identificar fatos 
marcantes no contexto histórico da instituição escolar nas primeiras décadas do século XX. 
Para isso, vamos buscar quais foram as modificações mais importantes no campo da educação 
e, principalmente, no modo de administrar a educação e/ou a escola em nosso país, 
circunscritas às décadas iniciais do século XX.
14 Laureate- International Universities
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Vamos conhecer um pouco dessa história?
Os anos iniciais da República e a administração escolar
O final do século XIX e início do século XX foi um período marcado pela urbanização e 
industrialização das cidades, fazendo surgir na sociedade uma nova classe, a operária, que 
paulatinamente conseguiu uma pequena participação política, embora sem obter conquistas ou 
mudanças significativas na ordem vigente.
A vida urbana, incrementada pelo crescente número de indústrias e pelo aumento contínuo 
da população resultante da imigração, foi aos poucos também aumentando a demanda por 
ensino público, fazendo reviver o desejo de melhorar a educação e impondo-se a necessidade 
de reformá-la. A primeira reforma educacional, logo após a proclamação da República, 
aconteceu na Escola Normal, por acreditarem que era preciso formar bons professores para 
que o ensino fosse eficaz. Para tanto, reformulou-se o programa de estudos e houve as 
primeiras indicações oficiais do cargo de diretor de escola pública com a criação da Escola-
Modelo, escola de prática de ensino, vinculada à Escola Normal.
O responsável pela administração da Escola-Modelo era denominado professor-diretor, e suas 
atribuições referiam-se mais à coordenação pedagógica da escola do que à sua administração. 
Entre os professores normalistas, preferencialmente com pelo menos dois anos de efetivo 
exercício no magistério primário, o diretor era nomeado pelo governo. 
Embora a Lei nº 88, de 8 de setembro de 1892, tenha reformado toda a instrução pública 
primária e secundária, ela não alterou a estrutura herdada do Império, controlando a instrução 
mantendo o Conselho Superior, o diretor-geral da instrução pública e as Câmaras Municipais 
subordinados ao presidente do Estado, através da Secretaria do Interior. 
Tal lei determinou que a Escola Normal e a Escola-Modelo tivessem um diretor. Nesse sentido, 
a administração interna da escola e o controle externo, comandado pelo presidente do Estado, 
passaram a coexistir. 
A reforma da educação não parou por aí. Não bastava reformular os programas de estudos 
na Escola Normal, criar a Escola-Modelo e designar diretores. Para dar conta da modernidade 
pedagógica, criou-se o Grupo Escolar, e isso teve grande importância para a gestão 
educacional nos tempos republicanos.
O Grupo Escolar no contexto da educação nacional
O Grupo Escolar foi uma proposta de reunião de escolas isoladas agrupadas de acordo 
com a proximidade entre elas. Os grupos escolares, criados, inicialmente, em São Paulo 
pelo Decreto Estadual nº 248, de 26 de setembro de 1894, foram responsáveis por um novo 
modelo de organização escolar no início da República, valorizando o ensino seriado, as classes 
homogêneas e reunidas em um mesmo prédio, sob uma única direção, bem como o uso de 
métodos pedagógicos modernos. Para atender às novas condições urbanas de concentração da 
população, havia um professor para cada classe e professores auxiliares.
Você sabe qual a importância atribuída à criação do Grupo Escolar?
A criação do Grupo Escolar possibilitou a padronização de métodos de ensino, a ampliação 
da escolarização, a seriação do ensino, fundamentada no nível de conhecimentos dos 
alunos, buscando classes mais homogêneas, e, ainda, a administração e supervisão escolar 
controladas pelo Estado. A administração cabia a um diretor escolhido pelo presidente do 
Estado, entre os professores diplomados por Escola Normal preferencialmente. Esse novo 
modelo educacional exigiua instauração de novos papeis dentro da escola, facultando uma 
15
divisão de trabalho; nesse sentido, fez-se necessário alguém que garantisse a efetivação da 
reforma, razão por que se criou o cargo de diretor para o Grupo Escolar. 
Os diretores eram considerados representantes do poder do Estado e do Governo, portanto 
dignos de respeito, sendo muitas vezes convidados a palestrar sobre diversificados temas em 
conferências públicas, festas escolares, jornais e revistas. Na maioria das vezes, seu papel 
extrapolava os muros da escola e eles se tornavam propagadores de valores coerentes com os 
princípios republicanos.
O aumento da quantidade de grupos escolares, ao longo dos anos iniciais do século XX, não 
atendeu à demanda escolar, tanto em razão do crescimento populacional quanto para atender 
à seriação das aulas. Embora com muitos professores contrários à ideia, os grupos escolares 
passaram a funcionar em dois turnos. Além disso, muitas crianças estavam na escola e, 
portanto, os índices de analfabetismo eram muito altos, levando o Governo a propor a redução 
da escolaridade obrigatória de quatro para dois anos, investindo em uma nova reforma, 
aprovada pela argumentação baseada na extinção do analfabetismo. A obrigatoriedade da 
frequência escolar é que poderia garantir o sucesso dessa reforma, e torná-la efetiva era papel 
da inspeção. Então foram criadas 15 Delegacias Regionais de Ensino e elevado a 35 o número 
de inspetores escolares. 
Resumindo, erradicar o analfabetismo, investir na formação de professores e de professores 
aptos a dirigir as escolas – criando a Faculdade de Educação do Estado de São Paulo –, a 
obrigatoriedade da frequência às aulas e a fiscalização das escolas foram as medidas tomadas 
visando não só racionalizar o espaço escolar, mas também buscar uma transformação de toda 
a educação brasileira. 
A gestão educacional na Era Vargas – 1930–1945
No início da década de 1930, foi criada a Secretaria de Estado dos Negócios da Educação 
e da Saúde Pública, em cujas subdivisões havia o Departamento de Educação, ao qual se 
subordinava a Diretoria-Geral da Instrução Pública, dirigida por Lourenço Filho – um educador 
pertencente ao grupo dos renovadores, assim chamados por traduzirem os ideais liberais na 
defesa de uma escola pública para todos e se empenharem em dar novos rumos à educação: o 
movimento Escola Nova.
Saiba mais sobre o movimento Escola Nova lendo a obra História da educação 
brasileira: leituras, de Maria Lúcia Spedo Hilsdorf.
NÃO DEIXE DE SABER!
Em 1931, houve a inclusão da disciplina Organização Escolar no currículo da Escola Normal 
de São Paulo, para a formação de inspetores escolares, delegados de ensino e diretores de 
grupo escolar. Nesse mesmo ano a Escola Normal foi transformada em Instituto Pedagógico, 
compreendendo um jardim de infância, uma escola de aplicação, um curso complementar, 
um curso normal e um curso de aperfeiçoamento pedagógico, e neste último oferecia-se 
a disciplina de Administração Escolar. Em 1933, esse instituto, de nível médio, foi então 
transformado em Instituto de Educação, de nível superior. A formação de diretores de grupos 
escolares foi organizada para durar três anos: dois para a formação geral e um para a 
administração escolar.
A Universidade de São Paulo, criada em 1934 com a Faculdade de Filosofia, Ciências e 
Letras, absorveu o Instituto de Educação, e a cadeira de Administração Escolar, com dois 
anos de duração, passou a fazer parte de um curso de especialização para administradores 
16 Laureate- International Universities
Ebook - Gestão da educação
escolares, sob a regência de Roldão Lopes de Barros, considerado o fundador dos estudos de 
administração escolar em São Paulo.
Em 1933, o sistema de ensino foi reestruturado, passando-se a exigir concurso público de 
títulos e provas para provimento do cargo de diretor do Grupo Escolar, com exigência de 
400 dias de experiência docente; todavia, dispensava das provas os diplomados pelo curso 
de diretores do Instituto de Educação, descaracterizando o concurso. Tal concurso tornou-
se obrigatório a partir da promulgação da Constituição de 1934, que também incumbiu os 
estados de fiscalizar e regulamentar as instituições de ensino. 
Em São Paulo, em 1941, o concurso para o cargo de diretor de Grupo Escolar foi efetivado. 
Dele podiam participar professores com 400 dias de magistério, auxiliares de diretor de Grupo 
Escolar, secretários e auxiliares de Delegacias Regionais de Ensino que comprovassem dois 
anos de exercício nos cargos e, pelo menos, um de docência.
Durante os anos 1950, houve uma expansão dos cursos de especialização e das matrículas nos 
cursos de Pedagogia, haja vista a exigência cada vez maior na formação para o exercício da 
função de diretor de escola. O crescimento populacional do Estado e o aumento da demanda 
por escolarização, criada pela ampliação das oportunidades escolares devido ao processo de 
expansão capitalista, determinaram a trajetória dos profissionais da Educação.
A gestão educacional nos tempos 
republicanos II: do fim do estado novo à 
abertura política
Você sabe que o Brasil viveu dois períodos de regime político ditatorial em sua história recente? 
Um deles foi o chamado Estado Novo. E quem era o ditador nesse período? 
Nesse primeiro momento, entre 1930 e 1945 foi Getúlio Vargas quem esteve à frente do 
comando da política brasileira. O outro período de ditadura foi entre 1964 e 1985. Nesse 
momento não houve um ditador, mas diferentes militares governaram o Brasil com mão de 
ferro. E, entre essas duas ditaduras, você sabe sob qual regime político vivíamos? Você já 
ouviu a expressão “vamos conquistar 50 anos em 5” e sabe o que ela significa no contexto 
socioeconômico brasileiro? 
É no período entre 1955 e 1985 que vamos nos situar para conhecer o percurso histórico da 
administração escolar no contexto da sociedade brasileira. Vamos verificar como se deu a 
democratização do ensino e da escola e se houve alterações na concepção da administração 
escolar. 
O desafio neste tópico é você alcançar o seguinte objetivo de aprendizagem: identificar o 
contexto socioeconômico, histórico e social em que se deu a democratização do ensino e da 
escola. Vamos em frente?
Aspectos socioeconômicos no fim do Estado Novo 
O governo de Vargas, durante o Estado Novo, nos anos de 1937 a 1945, apresentou pontos 
positivos e negativos para o país. Na área econômica, o Brasil fez grandes avanços com a 
modernização industrial e os investimentos em infraestrutura. Os trabalhadores também foram 
beneficiados com leis trabalhistas, garantindo diversos direitos. Porém, no aspecto político, 
o Estado Novo significou a falta de democracia, a censura e a aplicação de um regime de 
caráter populista. O fim da Segunda Grande Guerra, em 1945, com a derrota dos governos 
17
fascistas, marcou para nós um tempo de questionamento ao regime ditatorial, e os brasileiros 
passaram a desejar a volta da democracia. Assim, em fins do ano de 1945, um movimento 
militar depôs Vargas do poder.
Com a deposição de Vargas, o Brasil teve, no período de 1946 e 1964, nove presidentes; 
todavia apenas dois deles governaram o período regulamentar, outros quatro governaram um 
pouco menos e três foram presidentes interinos.
Período ditatorial getulino, denominado Estado Novo (1930–1945) 
Presidente Início Fim
Vice-
presidente
José Linhares (interino) 29 de outubro de 1945 31 de janeiro de 1946 Não houve.
Segunda República Brasileira (de 31 de janeiro de 1946 a 1o de abril de 1964: 16 
anos de duração)
Eurico Gaspar Dutra 31 de janeiro de 1946 31 de janeiro de 1951 Nereu Ramos
Getúlio Vargas 31 de janeiro de 1951 24 de agosto de 1954 Café Filho
Café Filho 24 de agosto de 1954 8 de novembro de 1955
Não houve.Carlos Luz (interino) 8 de novembro de 1955 11 de novembro de 1955
Nereu Ramos(interino) 11 de novembro de 1955 31 de janeiro de 1956
Juscelino Kubitscheck 31 de janeiro de 1956 31 de janeiro de 1961
João Goulart
Jânio Quadros 31 de janeiro de 1961 25 de agosto de 1961
João Goulart 7 de setembro de 1961 1o de abril de 1964 Não houve.
Quadro 1 – Presidentes do Brasil no período pós-Estado Novo, entre 1946 e 1964
Fonte: WIKIPÉDIA, 2014.
Vamos tratar resumidamente daqueles que significativamente marcaram a nossa história 
com realizações nas áreas econômica, de modernização industrial, de investimentos, de 
infraestrutura, de educação e de saúde: Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Juscelino 
Kubitschek e João Goulart.
•	 Eurico Gaspar Dutra (1946–1951) era desenvolvimentista e priorizou quatro 
áreas: saúde, alimentação, transporte e energia (cujas iniciais formam a sigla 
Salte). Embora o plano Salte quase não tenha saído do papel por falta dos recursos 
necessários, podemos elencar algumas realizações principais com repercussão 
no contexto socioeconômico brasileiro, tais como: construção e inauguração da 
atual Rodovia Presidente Dutra e da Rodovia Rio–Bahia; instalação da Companhia 
Hidrelétrica do São Francisco (Chesf); elaboração do Estatuto do Petróleo e 
consequentes construção das primeiras refinarias e aquisição dos primeiros navios 
petroleiros; criação de incentivos que favoreceram a instalação de grandes indústrias 
estrangeiras em solo brasileiro. A Constituição de 1946 foi elaborada em seu 
governo, e nela o governo Dutra dedicou um capítulo à educação.
•	 Getúlio Vargas retornou ao poder entre 1951 e 1954, eleito e “nos braços do 
povo”, governando por três anos e meio, quando, então, suicidou-se. Suas principais 
realizações nesse novo mandato podem ser assim resumidas: criação da Petrobras 
e instituição do monopólio estatal do petróleo (extração e refino), sob o lema “O 
petróleo é nosso”; criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e 
Social (BNDES); regulamentação do trabalho do menor aprendiz; criação do Banco 
do Nordeste; aprovação da lei sobre liberdade de imprensa.
18 Laureate- International Universities
Ebook - Gestão da educação
•	 Juscelino Kubitschek foi presidente entre os anos de 1956 e 1961. Apresentou um 
planejamento para seu governo denominado Plano de Metas. O lema desse plano 
era “cinquenta anos em cinco”, o que transmitia o desejo de JK: desenvolver o país 
cinquenta anos em apenas cinco de governo. O plano explicitava o investimento em 
áreas prioritárias para o desenvolvimento econômico, principalmente infraestrutura 
(rodovias, hidrelétricas, aeroportos) e indústria. Essa política econômica baseada no 
desenvolvimentismo apresentou pontos positivos e negativos para o nosso país. Houve 
grande geração e empregos, em virtude da entrada de multinacionais; todavia, o 
Brasil ficou mais dependente do capital externo. A zona rural brasileira ficou de lado 
no tocante aos investimentos, que priorizavam a industrialização, prejudicando, 
assim, o trabalhador do campo e a produção agrícola, o que gerou descontrole no 
êxodo rural e na migração, fazendo aumentar a pobreza, a miséria e a violência nas 
grandes cidades do Sudeste. Ganhamos uma nova capital, porém a dívida externa, 
em razão dessa obra, aumentou significativamente. Embora o Plano de Metas fosse 
grandioso, nele a educação fora contemplada com apenas 3,4% dos investimentos 
inicialmente previstos e abrangia uma única meta: formar pessoal técnico, orientando 
a educação para o desenvolvimento, e não falava em ensino básico. No que se 
refere à educação básica, o legado mais significativo foi a publicação, em 1959, de 
um manifesto de educadores intitulado Mais uma vez convocados, que fazia alusão 
a um outro manifesto, lançado em 1932 pelos mesmos educadores, o Manifesto 
dos pioneiros da Educação Nova. Depois de 25 anos, reavivaram-se as discussões, 
que, desde os anos 1930, eram a bandeira de um grupo que ficara conhecido 
como os Pioneiros da Escola Nova. O grupo defendia a educação pública, laica, 
obrigatória e gratuita como direito dos cidadãos e dever do Estado; ou seja, lutavam 
por uma educação garantida pelo Estado para todos os que estivessem em idade de 
frequentar a escola, pela obrigatoriedade da matrícula sob pena de punição, pela 
não submissão da educação a qualquer orientação confessional e, finalmente, pela 
gratuidade da educação, para que todos, indiscriminadamente, tivessem acesso a ela. 
•	 João Goulart foi presidente do Brasil entre os anos de 1961 e 1964. Em seu governo 
foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 4.024, de 
20 de dezembro de 1961. O art. 95 dessa lei previa que a cooperação do Governo 
Federal ao ensino seria realizada sob a forma de subvenção e financiamento a 
estabelecimentos mantidos pelos estados, municípios e particulares para a compra, 
construção ou reforma de prédios escolares, instalações e equipamentos. Com 
quase 50% da população em idade escolar fora da escola, o governo não tinha 
recursos para estender a rede oficial de ensino, optando, então, pela expansão da 
rede privada. Portanto, os benefícios da educação não alcançaram a população 
mais carente. Em suma, esse período entre os anos de 1946 e 1964 marcou um 
tempo em que o país buscava se redemocratizar após ter vivenciando, até 1945, 
o período ditatorial getulista. No âmbito educacional observamos que a educação 
básica não foi contemplada com a devida importância, pois o foco dos governos foi o 
desenvolvimento econômico brasileiro. Em 1964, o país viveu o golpe militar, com a 
deposição do poder do então presidente João Goulart pelos militares, que fecharam 
o Congresso Nacional e passaram a governar o Brasil, assunto que veremos a seguir.
Aspectos socioeconômicos nos tempos da Ditadura Militar
Durante os governos militares, o país viveu, após um período de ajuste ao novo regime 
(1965–1967), o que foi chamado de “milagre brasileiro”: um tempo de expansão da 
economia. Diferentes setores da vida econômica nacional contribuíram para tal expansão: 
aumento do produto interno bruto (PIB), crescimento da população brasileira, aumento nos 
setores produtivos, tais como produção de energia elétrica, aço, exportações e produção 
de automóveis. O Estado aumentou os recursos financeiros sob seu controle, centralizou a 
arrecadação tributária e ampliou sua ação empresarial por meio da criação de empresas 
19
estatais. Esse tempo de expansão durou entre os anos de 1968 e 1974, período em que 
Ernesto Geisel assumiu a Presidência. A partir de 1974 até 1985, o país entrou num processo 
de crise, que levaria ao fim da Ditadura Militar, pois o “milagre” começou a apresentar suas 
fraquezas. O grande desenvolvimento brasileiro era sustentado pelo endividamento externo e 
pelo arrocho salarial; e esses pilares chegaram ao limite. 
 Um dos setores influenciado pela Ditadura Militar foi o da educação, principalmente em 
três aspectos: a repressão aos educadores, a privatização do ensino e a reforma universitária. 
De um lado, ações que visavam ao esmorecimento das ideias progressistas e de esquerda, 
tais como perseguições, cassações, expulsões, prisões, torturas, mortes, desaparecimentos 
e exílios, foram implementadas durante todo o tempo do regime; de outro, as verbas 
não chegavam mais às escolas públicas, criando situações de desmantelamento tanto da 
infraestrutura quanto dos aspectos pedagógicos, o que fortaleceu o ensino privado. O ensino 
privado passou a ser considerado como de melhor qualidade, invertendo uma situação de 
que a escola pública era a desejada e a que oferecia melhor ensino e a escola particular era 
para quem podia pagar e não conseguia acompanhar o ritmo do ensino público. 
Finalmente, houve a reforma universitária, que acabou perdurando até hoje: multiplicidade 
de disciplinas, acabando com a ideia de curso que o estudante decidia fazer no ritmo dele. 
Os cursos se tornaram sequenciaise com tempo mínimo de integralização. Os professores 
tiveram de lecionar várias disciplinas, pois não havia verbas para contratar docentes, com a 
implantação do sistema de créditos. Esses são os legados mais significativos da Ditadura para 
a educação nacional.
Aspectos legais da administração escolar nos tempos republicanos II
A primeira Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira é a LDB nº 4.024/1961, que já 
nasceu obsoleta, devido aos 16 anos de discussão das ideias que nela repercutiram e foram 
aprovadas por sua promulgação. Ela manteve a estrutura tradicional do ensino, mas não fixou 
um currículo nacional, respeitando as especificidades regionais e evidenciando seu caráter 
descentralizador. A LDB/1961 trouxe como principais mudanças a possibilidade de acesso ao 
nível superior para egressos do ensino técnico e a criação do Conselho Federal de Educação e 
dos Conselhos Estaduais, num esquema de rígido controle do sistema educacional brasileiro. 
Quanto à função do diretor de escola, o texto da LDB/1961 define que “o diretor da escola 
deverá ser educador qualificado” (BRASIL, 1961). Para normatizar o que se deveria entender 
por educador qualificado, o antigo Conselho Federal de Educação (CFE) definiu, no Parecer 
nº 93/1962, que educador qualificado seria aquele que reunisse qualidades pessoais e 
profissionais que o tornassem capaz de infundir à escola a eficácia do instrumento educativo 
por excelência e de transmitir a professores, alunos e à comunidade sentimentos, ideias e 
aspirações de vigoroso teor cristão, cívico, democrático e cultural.
A obsolescência da LDB/1961 ensejou outras ações no âmbito de políticas educacionais 
públicas, logo após sua promulgação. Tais ações surgiram já em um cenário político de 
domínio militar. Assim, em 1968, a Lei nº 5.540/1968 criou o vestibular e, em 1971, surgiu 
a Lei nº 5.692/1971, conhecida também como LDB/1971, cuja função foi atualizar a antiga 
LDB/1961. Essa atualização foi o resultado do trabalho de membros do governo indicados 
pelo então ministro da Educação Coronel Jarbas Passarinho.
A Lei nº 5.692/1971, ao reestruturar o sistema de ensino unificando o ensino primário e o 
ginasial, instituiu o ensino de primeiro grau, extinguiu o cargo de diretor de Grupo Escolar e 
criou o cargo de diretor de escola. Esse novo cargo foi se firmando e exigindo cada vez mais 
qualificações específicas, e a concepção de diretor que estava atrelada à experiência docente 
foi sendo substituída pela imagem do administrador de uma equipe escolar.
O conceito de administração escolar predominante nesse período ancorou-se no modelo 
clássico da administração empresarial. Isso significa que a administração escolar também 
20 Laureate- International Universities
Ebook - Gestão da educação
passaria a ser concebida como um processo técnico, cientificamente determinado e 
burocrático. A finalidade do processo era obter unidade, economia de tempo e de recursos 
e maior produtividade, envolvendo normas rígidas, autoridade centralizada, hierarquia, 
planejamento, organização detalhada e avaliação de resultados.
A gestão educacional na contemporaneidade 
brasileira
 Quem passa pelo Jardim Portugália, na periferia de Suzano, cidade da região 
metropolitana de São Paulo, vê uma grande construção de 6 mil metros quadrados, com 
um intacto muro azul e branco, que destoa das casas simples e ruas estreitas do bairro. Ali 
funciona a Escola Estadual Jussara Feitosa Domschke, que há seis anos era alvo de pichações 
e tinha vidros, carteiras e espaços depredados, mas hoje está integrada à comunidade. A 
mudança arquitetônica foi uma das primeiras transformações na instituição, que é exemplo 
de gestão na região e considerada uma das três melhores do Estado de São Paulo pela 
superação de metas estabelecidas pelos governos do estado e federal.
“Quando cheguei, os alunos não achavam que esse era o espaço deles. Tudo era depredado, 
pichado”, lembra o diretor José Jair Nogueira, que atua na escola desde 2007, ano em que a 
escola obteve uma das piores notas no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de 
São Paulo (Idesp), que avalia o aprendizado da rede estadual, tanto no ensino fundamental 
quanto no médio. “Nós começamos a cuidar bem do espaço físico, a fazer reformas com 
verba própria, a aplicar dinheiro que o estado começou a mandar e também percebemos que 
precisávamos de parceiros para a escola. Nosso espaço começou a ser utilizado para diversos 
fins pela comunidade; até casamentos realizamos na escola”, conta o diretor. (ARAUJO, 
2014). 
Este é um exemplo de gestão escolar moderna e considerada de sucesso, trazendo para nosso 
estudo a ideia do que se espera dos atuais gestores na educação básica. Diferentemente do 
que temos estudado até aqui, a gestão da escola que, de modo geral, era conduzida por 
autoridades centralizadoras, envolvendo normas rígidas e hierarquia, não mais se adequa 
aos tempos modernos. Veremos que a Constituição de 1988 prevê a autonomia e gestão 
democrática do sistema de ensino e que depois a LDB nº 9.394/1996 ratifica tal previsão 
lançando as bases para a implantação desse novo modelo de gestão descentralizada, 
democrática, com a participação dos diferentes segmentos que compõe a escola e com 
mais autonomia, seja financeira, pedagógica, de gestão e de recursos humanos. Esse é o 
contraponto que desejamos que seja feito por você com o estudo deste tópico.
Nesse sentido, o desafio aqui é você alcançar o seguinte objetivo de aprendizagem: relacionar 
a trajetória histórica da escola com o contexto atual de gestão escolar. Observe que a gestão 
escolar moderna é uma conquista da escola que foi se construindo historicamente.
Reformas educacionais advindas da reforma do Estado Brasileiro
Na década de 1990, de acordo com economistas políticos ligados ao neoliberalismo, o 
mundo ocidental encontrava-se imerso em uma crise econômica e, para sair dela, a estratégia 
a ser adotada deveria ser a reforma do Estado por meio da diminuição de sua atuação. Esse 
pensamento neoliberal, que justifica a crise como algo inerente ao Estado, faculta diferentes 
propostas de reformas. No Brasil, esse pensamento pode ser identificado nos governos de 
Fernando Collor de Mello e, depois, na primeira gestão de Fernando Henrique Cardoso.
Assim, a proposta de reforma de Estado no Brasil buscou trazer para o setor público a lógica 
do setor privado, implementando uma administração pública gerencial, com base em conceitos 
atuais de administração, eficiência, com controle de resultados e descentralizada. 
Mas o que isso tem a ver com a educação, com gestão escolar? Uma das respostas é que a 
ação descentralizada do poder público tinha por objetivo a racionalização dos recursos e a 
21
transferência de tarefas de política social, que até então eram responsabilidade do Estado, à 
sociedade. Para levar a termo essa descentralização, o Estado passou a recorrer a parcerias 
público-privadas – Organizações Não Governamentais (ONGs), empresas, fundações, 
associações e também as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). 
Essa mudança no papel do Estado, em relação à educação e especificamente sobre o trabalho 
na escola, pode ser considerada por, no mínimo, duas situações:
a) o Estado passou a destacar o papel da escola como responsável pela educação das 
crianças, jovens e adultos, mas a controlar o trabalho feito pela escola por meio de avaliações 
– Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 
Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade);
b) a entrada da sociedade civil nas escolas como auxiliares na resolução de problemas, por 
exemplo, por meio de programas como Amigos da Escola e Adote um Aluno.
A Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, nos 
anos 1990, convocada pela Organização das Nações Unidaspara a Educação, a Ciência e 
a Cultura (Unesco), pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pelo 
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Banco Mundial, foi o marco das 
reformas educacionais. Dessa conferência derivou no Brasil o Plano Decenal da Educação 
(com previsão para durar de 1993 a 2003). Portanto, nesse movimento de reformas, é clara a 
influência de organismos internacionais na proposição política para a educação nacional. 
No âmbito dessas reformas educacionais, as reformulações também alteraram a organização 
da educação brasileira, principalmente a partir da Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional – LDBEN). A partir da promulgação da nova LDBEN, a educação 
escolar passou a ser organizada da seguinte forma: educação básica, formada pela Educação 
Infantil, pelo Ensino Fundamental e pelo Ensino Médio; e educação superior. A educação 
básica é constituída, ainda, pela educação de jovens e adultos e pela educação profissional. 
A educação especial é reconhecida no artigo 58 como “modalidade de educação escolar 
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de 
necessidades especiais” (BRASIL, 1996).
Ainda em 1996, foi implementado no Brasil um sistema de financiamento para a educação 
pública: inicialmente, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental 
e de Valorização do Magistério (Fundef), cuja proposta era atender ao Ensino Fundamental; 
mais recentemente, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), 
que ampliou o atendimento para o Ensino Médio e o Infantil, atendendo, dessa forma, toda a 
chamada educação básica pública. 
Nesse contexto, as mudanças educacionais acontecem no país por meio de reformas na 
organização do sistema, na administração da educação, na definição de currículos nacionais, 
nos sistemas de avaliação e no financiamento. 
A gestão escolar no contexto das reformas educacionais contem-
porâneas
A gestão democrática segundo a LDBEN/1996, no art. 3º, VIII, reforça o que já fora posto 
na Constituição de 1998, referindo-se ao pacto federativo nos termos da autonomia dos 
estados, distrito federal e municípios; no art. 14, delimita que os sistemas de ensino definirão 
as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com 
as peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da 
educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades 
escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, 2006). 
22 Laureate- International Universities
Ebook - Gestão da educação
Mais recentemente, o Plano Nacional de Educação 2011/2020 ratifica, em seu art. 9º, a 
compreensão de que a gestão deve ser democrática e envolver todos os sujeitos da escola: 
“Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão aprovar leis específicas disciplinando a 
gestão democrática da educação em seus respectivos âmbitos de atuação no prazo de um ano 
contado da publicação desta Lei” (BRASIL, 2011, p. 9).
Como vimos anteriormente, no item 4.1, as reformas do Estado brasileiro, e, 
consequentemente, a reforma educacional, indicaram um novo modelo de gestão, agora 
descentralizada, devendo assumir uma forma mais flexível e participativa, incentivada a prática 
de parcerias entre a esfera pública e o setor privado. No caso da educação, essas parcerias 
ocorrem em diferentes aspectos, incluindo, por exemplo, assessoria pedagógica sobre o Projeto 
Político-Pedagógico (PPP) das escolas e da rede, oferta de vagas em instituições privadas 
subvencionadas pelo Poder Público e assessorias na área de gestão educacional, com impacto 
direto sobre o modelo da oferta educativa. 
Para efetivar esse novo modelo de gestão, a União se apoia nos referenciais democráticos e 
plurais, caracterizando, assim, o que chama de modelo de sistema educacional competente, 
em que a administração por projetos associa-se ao conceito de eficiência de gestão. Desse 
modo, algumas estratégias foram instituídas pelos governos municipais e estaduais a fim de 
viabilizar as determinações do governo federal, como a criação dos Conselhos Escolares e a 
elaboração de um Projeto Político-Pedagógico (PPP), um Plano de Desenvolvimento Escolar, um 
Regimento Escolar etc.
Essa nova proposta educacional rompe com as visões reducionistas e fragmentadas da 
administração educacional vigente até início da década de 1990 e vai se alicerçando ao longo 
dos próximos anos, assim como a administração da educação vai sendo percebida como uma 
totalidade. O aluno deve ser encarado como o elemento mais importante nesse processo. 
Ante essa nova realidade educacional, a escola passa a ser vista como uma instituição 
complexa e nela os problemas a serem enfrentados estão além do próprio sistema escolar; eles 
têm origem numa sociedade diversa que ainda não formou opinião sobre que educação se 
faz necessária de fato para os cidadãos. Nesse sentido, é a gestão que precisa se adaptar aos 
problemas que chegam às escolas. Daí a importância atual de o gestor escolar estar preparado 
para lidar com os problemas que chegam à escola.
Finalizando, podemos concordar com Paro (2008, p. 130):
 [...] o gestor escolar deve ser um líder pedagógico que apoia o estabelecimento das 
prioridades, avaliando, participando na elaboração de programas de ensino e de programas 
de desenvolvimento e capacitação de funcionários, incentivando a sua equipe a descobrir 
o que é necessário para dar um passo à frente, auxiliando os profissionais a melhor 
compreender a realidade educacional em que atuam, cooperando na solução de problemas 
pedagógicos, estimulando os docentes a debaterem em grupo, a refletirem sobre sua prática 
pedagógica e a experimentarem novas possibilidades, bem como enfatizando os resultados 
alcançados pelos alunos. 
23
Estudo de caso
 Quem passa pelo Jardim Portugália, na periferia de Suzano, cidade da região 
metropolitana de São Paulo, vê uma grande construção de 6 mil metros quadrados, com 
um intacto muro azul e branco, que destoa das casas simples e ruas estreitas do bairro. Ali 
funciona a Escola Estadual Jussara Feitosa Domschke, que há seis anos era alvo de pichações 
e tinha vidros, carteiras e espaços depredados, mas hoje está integrada à comunidade. A 
mudança arquitetônica foi uma das primeiras transformações na instituição, que é exemplo 
de gestão na região e considerada uma das três melhores do Estado de São Paulo pela 
superação de metas estabelecidas pelos governos do estado e federal.
“Quando cheguei, os alunos não achavam que esse era o espaço deles. Tudo era depredado, 
pichado”, lembra o diretor José Jair Nogueira, que atua na escola desde 2007, ano em que a 
escola obteve uma das piores notas no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de 
São Paulo (Idesp), que avalia o aprendizado da rede estadual, tanto no ensino fundamental 
quanto no médio. “Nós começamos a cuidar bem do espaço físico, a fazer reformas com 
verba própria, a aplicar dinheiro que o estado começou a mandar e também percebemos que 
precisávamos de parceiros para a escola. Nosso espaço começou a ser utilizado para diversos 
fins pela comunidade; até casamentos realizamos na escola”, conta o diretor. (ARAUJO, 
2014). 
Este é um exemplo de gestão escolar moderna e considerada de sucesso, trazendo para nosso 
estudo a ideia do que se espera dos atuais gestores na educação básica. Diferentemente do 
que temos estudado até aqui, a gestão da escola, que, de modo geral, era conduzida por 
autoridades centralizadoras, envolvendo normas rígidas e hierarquia, não mais se adequa 
aos tempos modernos. Veremos que a Constituição de 1988 prevê a autonomia e gestão 
democrática do sistema de ensino e que depois a LDB nº 9.394/1996 ratifica tal previsão 
lançando as bases para a implantaçãodesse novo modelo de gestão descentralizada, 
democrática, com a participação dos diferentes segmentos que compõem a escola e com 
mais autonomia, seja financeira, pedagógica, de gestão e de recursos humanos. Esse é o 
contraponto que desejamos que seja feito por você com o estudo deste tópico.
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As primeiras escolas implantadas em solo brasileiro, ainda colonial, surgiram com a chegada 
dos jesuítas, que faziam parte de uma ordem religiosa católica chamada Companhia de 
Jesus, cujo objetivo era a disseminação da fé católica pelo mundo. No Brasil, eles chegaram 
em 1549, visando cristianizar as populações indígenas do território colonial. Paralelamente 
a essa atuação junto aos índios, os jesuítas foram responsáveis pela fundação das primeiras 
instituições de ensino do Brasil colonial. Os principais locais destinados ao trabalho de 
exploração da Colônia contavam com colégios administrados pelos jesuítas dentro da desta. 
Assim, todo acesso ao conhecimento laico da época era controlado pela Igreja. Essa ação da 
Igreja no campo da educação foi de grande importância para a construção da nossa cultura.
O ensino público oficial, no Brasil, só foi implantado por volta de 1772, quase dez anos após 
a expulsão dos jesuítas, cujo objetivo foi não apenas confiscar as propriedades da Igreja 
como também, no caso da Colônia, aprofundar o controle político-econômico nas regiões 
administradas pelos jesuítas. À expulsão seguiu-se uma profunda reforma educacional, até 
então sob responsabilidade da Igreja, visto que a saída dos jesuítas do Brasil desmantelou 
a estrutura educacional estabelecida, prejudicando significativamente o sistema. A reforma 
pombalina se constituiu em um dos mais importantes momentos da história da educação 
porque não apenas laicizou o ensino, estabeleceu salários aos professores e concedeu-lhes 
aposentadoria, mas também, e principalmente, lançou as bases de um futuro aparelho estatal 
no campo educacional, que teve na figura do diretor-geral dos estudos o seu modelo inicial.
As bases de nossa evolução cultural só começam a ser lançadas por volta de 1808, quando 
a família real veio de Portugal. Nesse período teve origem o que viria a ser a estrutura do 
ensino imperial, composta dos três níveis – o primário, o secundário e o superior. Só em 1846 
a Província de São Paulo decretou a Lei Geral nº 34, de 16 de março de 1846, propondo a 
ordenação e a fiscalização de toda a instrução pública e também criando uma Escola Normal 
para a formação de professores na capital da província. No mesmo ano de 1846, por meio da 
Lei nº 33, foram criados também os primeiros liceus de São Paulo, e para eles foi previsto, pela 
primeira vez, o cargo de diretor.
Nos tempos republicanos (final do século XIX início do XX), o marco importante foi a criação do 
Grupo Escolar, que, mesmo em grande número, não atendeu à demanda escolar. Erradicação 
do analfabetismo, investimento na formação de professores e de professores aptos a dirigirem 
as escolas – criando a Faculdade de Educação –, obrigatoriedade da frequência às aulas 
e fiscalização das escolas foram as medidas tomadas visando não só racionalizar o espaço 
escolar, mas também transformar toda a educação brasileira.
Em 1961 promulgou-se a primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB), nº 4.024, que previa a 
cooperação do Governo Federal ao ensino, mas não tinha recursos para estender a rede 
oficial de ensino, optando, então, pela expansão da rede privada. Portanto, os benefícios da 
educação não alcançaram a população mais carente.
A LDB nº 5.692/1971 reestruturou o sistema de ensino, unificando o ensino primário e o 
ginasial, instituiu o ensino de primeiro grau, extinguiu o cargo de diretor de Grupo Escolar e 
criou o cargo de diretor de escola.
A partir de 1990, a educação nacional passou por nova reforma, implementada em razão da 
crise mundial e orientada por princípios baseados em referenciais de uma gestão empresarial 
e diretrizes de organizamos internacionais, especialmente o Banco Mundial. O Estado deixou 
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de ter o papel de centralizador das políticas sociais e passou a responsabilidade para os entes 
federados, atuando agora como regulador da oferta com qualidade. As reformulações também 
alteraram a organização da educação brasileira, principalmente a partir da Lei nº 9.394/1996 
(Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN). A educação escolar passou a ser 
organizada da seguinte forma: educação básica, formada pela Educação Infantil, pelo Ensino 
Fundamental e pelo Ensino Médio; e educação superior. 
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ReferênciasBibliográficas

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