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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR CAMPUS PONTA GROSSA André Luiz Rodrigues de Souza Maria Eugênia Meyer Levy Rodrigo Viante RELATÓRIO EXPERIMENTAL SOBRE FORMAS DE CORROSÃO PONTA GROSSA 03/07/19 INTRODUÇÃO Os prejuízos causados pela corrosão são bastante elevados. Estudos revelam que os custos relacionados com esse processo se encontram entre 3 a 4% do PIB (Produto Interno Bruto), representando valores significativos da economia de uma nação. Diversos setores industriais são atingidos pelos problemas e custos ocasionados pela corrosão, destacando-se as indústrias de petróleo, naval e a química em geral. O tema corrosão é foco de interesse tanto em pesquisas acadêmicas, quanto industrial, englobando um caráter multicurricular, visto que profissionais de diferentes áreas como mecânica, materiais, química, metalúrgica, naval e outras, bem como profissionais com formações entre outras áreas podem estar envolvidos nessa temática. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a uso de práticas experimentais correlacionadas ao conteúdo pilhas eletroquímicas, apresentando montagens experimentais simples para ilustrar diferentes tipos de pilhas que ocorrem no setor industrial. MATERIAIS E MÉTODOS 1. Materiais utilizados Para o desenvolvimento dos ensaios, foram montados 7 sistemas experimentais correspondendo a 6 pilhas eletroquímicas distintas. Foi utilizado como eletrólito uma solução aquosa com 3,5% NaCl, simulando o ambiente marinho. Na Tabela 1, é apresentada a descrição dos sistemas montados, os quais podem ser visualizados nas fotografias referentes ao tempo zero de exposição, apresentadas no Quadro 2. . Tabela 1: Montagem das pilhas eletroquímicas Pilha Montagem/Descrição 1 4 arruelas aço galvanizado imersa em solução de NaCl (3,5%) 2 4 arruelas aço galvanizado imersa em água 3 Conjunto parafuso com porca, ambos zincados, imersos em solução de NaCl (3,5%) 4 Conjunto parafuso com porca de materiais distintos, imersos em solução de NaCl (3,5%) 5 Aço galvanizado com uma falha, parcialmente imerso em solução de NaCl (3,5%) 6 Chapa de aço 1020 com elástico na região central, parcialmente imerso em solução de NaCl (3,5%) 7 Aço sem revestimento e aço galvanizado conectados por um fio de cobre, parcialmente imerso em solução de NaCl (3,5%) 2. Métodos de montagem e acompanhamento Pilhas 1 e 2 – As arruelas foram suspensas em recipientes diferentes, cada um com solução descrita na Tabela 1, com auxílio de um suporte foram identificadas, sendo espaçadas, evitando o contato entre si e o recipiente. Cada arruela corresponde a um tempo deixado em solução Procedimento realizado: Inicialmente pesou-se as arruelas. Após a montagem descrita acima, as arruelas permaneceram em solução conforme os tempos estipulados no Quadro 2. Conforme o passar do tempo as arruelas eram retiradas lavadas, secadas, pesadas novamente e posteriormente descartadas. Pilhas 3 e 4 – Duas porcas de mesmo material foram roscadas em 2 parafusos de respectivos materiais até seu fim do curso sofrendo leve torque. Os conjuntos foram colocados em recipientes distintos com a solução de NaCl. Deixou-se com os tempos estipulados no Quadro 2. Conforme passava-se o tempo retiravam- se os parafusos da solução, desroscando-os e observando a corrosão onde estava a porca. Ao final do período, descartou-se os conjuntos. Pilha 5 – Em uma chapa galvanizada cuja as bordas foram esmaltadas a fim de formar um revestimento protetor, fez-se um “risco” com profundidade considerável. Posteriormente colocou-se em solução de NaCl. Deixou-se com os tempos estipulados no Quadro 2. Conforme passava-se o tempo retirava-se da solução e observava-se o risco. Ao final do ensaio descartou-se a chapa. Pilha 6 – Lixou-se a chapa de aço para retirar a camada protetora. Colocou-se um elástico na região central e em seguida em solução de NaCl. Deixou-se com os tempos estipulados no Quadro 2. Conforme passava-se o tempo retirava-se o elástico, lavava-se a peça e observava-se a situação de oxidação, em seguida colocava-se o elástico e a peça era imersa novamente em solução. Ao final do ensaio descartou-se a chapa. Pilha 7 – Lixou-se a chapa de aço para retirar a camada protetora, conectou-se a mesma em uma chapa galvanizada através de um fio de cobre. Posteriormente colocou-se em solução de NaCl. Deixou-se com os tempos estipulados no Quadro 2. Conforme passava-se o tempo retirava-se da solução faziamse observações. Ao final do ensaio descartou-se as chapas. RESULTADOS E DISCUSSÃO 1. Resultados obtidos No Quadro 2, são apresentados os resultados visuais das pilhas, os quais registram fotografias da evolução dos sistemas de corrosão para os tempos de 1 semana, 3 semanas, 4 semanas e 6 semanas, bem como os aspectos observados durante a evolução do processo corrosivo. Quadro 2 – Evolução do processo corrosivo para a pilha 1 1 SEMANA 3 SEMANA 4 SEMANA 6 SEMANA Não havia pontos de corrosão, aparentemente visíveis Pontos de corrosão, aparentemente visíveis Pontos de corrosão, aparentemente visíveis Maior quantidade de corrosão que as peças anteriores Quadro 2 – Evolução do processo corrosivo para a pilha 2 1 SEMANA 3 SEMANA 4 SEMANA 6 SEMANA Não havia pontos de corrosão, aparentemente visíveis Pontos de corrosão, aparentemente visíveis Pontos de corrosão, aparentemente visíveis Maior nível de corrosão que as peças anteriores, devido ao rompimento da camada protetora Quadro 2 – Evolução do processo corrosivo para a pilha 3 1 SEMANA 3 SEMANA 4 SEMANA 6 SEMANA Pequenos pontos de corrosão Verifica-se um aumento da corrosão em relação à semana anterior Nota-se que o ponto mais afetado com a corrosão é no local da porca Observa-se uma generalização da corrosão Quadro 2 – Evolução do processo corrosivo para a pilha 4 1 SEMANA 3 SEMANA 4 SEMANA 6 SEMANA Observa-se que há uma grande quantidade de corrosão e o ponto mais afetado é sob a porca Aumento de corrosão mantendo- se o ponto mais afetado sob a porca Aumento de corrosão mantendo- se o ponto mais afetado sob a porca Observa-se que houve perda de material dos filetes de rosca Quadro 2 – Evolução do processo corrosivo para a pilha 5 1 SEMANA 3 SEMANA 4 SEMANA 6 SEMANA Observa-se a formação de corrosão onde foi feita a falha Pequeno aumento nos pontos de corrosão Não houve mudança significativa nos pontos de corrosão Houve uma cobertura esbranquiçada sobre toda a peça Quadro 2 – Evolução do processo corrosivo para a pilha 6 1 SEMANA 3 SEMANA 4 SEMANA 6 SEMANA Observa-se pontos de corrosão na região onde estava o elástico Observa-se pontos de corrosão na região onde estava o elástico Observa-se pontos de corrosão na região onde estava o elástico Observa-se pontos de corrosão na região onde estava o elástico, podendo ser visto que houve perda de material Quadro 2 – Evolução do processo corrosivo para a pilha 7 1 SEMANA 3 SEMANA 4 SEMANA 6 SEMANA Observa-se pequenos pontos de corrosão em ambas as peças Observa-se maior concentração de corrosão na peça de aço e na peça galvanizada cobertura com corrosão esbranquiçada Observa-se maior concentração de corrosãona peça de aço e na peça galvanizada cobertura com corrosão esbranquiçada Observa-se que a corrosão quase tomou conta da peça de aço e na peça galvanizada continua com a cobertura com corrosão esbranquiçada 2. Discussão Observou-se uma perda gradativa na massa das arruelas das pilhas 1 e 2, em decorrência da oxidação causada pelo NaCl sobre a camada protetora e metal base, o que pode ser analisado pelo gráfico abaixo: y = 0,001x 0,0000 0,0010 0,0020 0,0030 0,0040 0,0050 0,0060 0,0070 0,0080 0 1 2 3 4 5 6 7 m as sa ( g) Semanas Arruelas em Solução de NaCl 3,5% y = 0,0002x 0,0000 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,0010 0,0012 0,0014 0,0016 0,0018 0 1 2 3 4 5 6 7 m as sa ( g) Semanas Arruelas em Água A perda de massa é gradativa até a semana 4, podendo observar um salto até a semana 6, isso deve-se ao rompimento da camada protetora da arruela. Com os resultados obtidos, pôde-se calcular a taxa de corrosão, a qual expressa a velocidade do desgaste observado na superfície metálica. Taxa de Corrosão 𝑚𝑚/𝑎𝑛𝑜 = 3,65 × ∆𝑚 𝑆 × 𝑡 × 𝜌 Onde: mm/ano – perda de espessura, em mm por ano Δm – perda de massa (mg) S – Área exposta, em cm² t – tempo de exposição, em dias ρ – densidade do material, em g/cm³ Cálculo e resultado da taxa de corrosão das arruelas em solução NaCl: 𝑚𝑚/𝑎𝑛𝑜 = 3,65 × 1 1,55 × 42 × 7,81 0,00720 mm/ano Cálculo e resultado da taxa de corrosão das arruelas em água: 𝑚𝑚/𝑎𝑛𝑜 = 3,65 × 0,2 1,55 × 42 × 7,81 0,00144 mm/ano Conforme pôde-se verificar através dos cálculos, temos uma taxa de corrosão 5 vezes maior nas arruelas em solução de NaCl, em comparação às arruelas imersas em água. CONCLUSÃO Na pilha 1, referente ao conjunto de arruelas galvanizadas imersas em NaCl, observou-se a formação de pontos de corrosão escura, posteriormente, a formação de pontos de corrosão vermelha do aço base, pois houve perda total de revestimento naquelas localidades. Esse tipo de pilha corresponde a uma pilha de ação local por pites, onde o zinco de revestimento atua como ânodo, e o aço como cátodo. Na pilha 2, referente às arruelas galvanizadas imersas em H2O observou-se formação produto de corrosão branca, posteriormente a formação de pequenos pontos de corrosão vermelha do aço de base, pois houve perda total de revestimento naquelas localidades. Esse tipo de pilha corresponde a uma pilha de ação local, onde o zinco de revestimento atua como ânodo, e o aço como cátodo. Na pilha 3, referente ao conjunto parafuso e arruela de mesmo material imerso em NaCl, notou-se inicialmente pontos dispersos de corrosão escura no parafuso. Na terceira e quarta semanas notou-se corrosão no corpo do parafuso, localmente sob a porca, característica de uma pilha de ação local onde se dá corrosão por fresta, sendo que o ânodo e cátodo são a própria peça. Na pilha 4, referente ao conjunto parafuso e arruela de materiais distintos imerso em NaCl, notou-se a formação de corrosão vermelha provinda do parafuso, onde houve desgaste dos filetes localmente sob a porca, característica de uma pilha de ação local galvânica onde o ânodo é o parafuso e o cátodo é a porca. Na pilha 5, foi observada a formação de produto de corrosão branca, ao longo do tempo, não havendo formação de produto de corrosão vermelha do aço de base. Esse tipo de pilha corresponde a uma pilha de ação local ativo-passivo, onde o zinco de revestimento atua como ânodo, e o aço como cátodo. Na pilha 6, referente a chapa de aço com elástico imerso em NaCl, notou-se a formação de corrosão vermelha provinda da superfície da peça. Ao retirar o elástico, notou-se corrosão local característica de uma pilha de ação local por fresta, onde ânodo e cátodo são a própria peça. Na pilha 7, referente a chapa de aço ligada em uma outra de zinco, notou-se a oxidação da chapa de zinco pois este tipo de ligação caracteriza-se como uma pilha galvânica, onde ânodo é a chapa de zinco e o cátodo é a chapa de aço.
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