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Direito_Constitucional_Sua_Peticao_Secao_1

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SEÇÃO 1
SUA PETIÇÃO
Direito Constitucional
Olá, constitucionalistas! Já posso chamá-los dessa forma, uma 
vez que os desafi os que enfrentaremos no Núcleo de Prática 
Jurídica de Direito Constitucional são dignos de profi ssionais 
com experimentação na área. Pelas contextualizações, você terá 
acesso às causas que serão assemelhadas às que você vivenciará 
no cotidiano enquanto profi ssional do Direito, seja na advocacia, 
como promotor de justiça, procurador, juiz de direito ou professor 
da área. Além disso, você estará apto para enfrentar o “Exame da 
Ordem dos Advogados do Brasil/OAB”, em que são requeridas 
habilidades tanto na 1a quanto na 2a fase que iremos trabalhar 
juntos em nosso NPJ.
Agora é o seu momento: preste bastante atenção, pois a sua 
primeira cliente ingressa em seu escritório de advocacia. Ela é a 
senhora Auxiliadora, uma servidora pública municipal efetiva de 
45 anos que trabalha como técnica de enfermagem há 24 anos 
em um mesmo hospital público, o Hospital Geral dos Servidores 
do Município de Goiânia. Ela lhe relata que é presidente da 
Associação Nacional dos Servidores Públicos em Saúde, entidade 
essa constituída em 1998, e, em campanha salarial que se estendeu 
de janeiro a julho de 2016, fi zeram diversos movimentos grevistas 
em apoio ao Sindicato dos Servidores Públicos do Município de 
Sua causa!
Direito Constitucional - Seção 1
Instrumentos de tutela 
de liberdades I
2
NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
 DIREITO CONSTITUCIONAL - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 1
Goiânia, porém a administração pública do município decidiu 
não negociar com os grevistas e, nesse sentido, cortou todos 
os pontos (controles de jornada diária), o que acarretou em 
faltas, abertura de procedimentos administrativos, bem como 
cortes salariais dos servidores públicos participantes do aludido 
movimento grevista. Assim, ela lhe questiona se a decisão da 
municipalidade possui amparo constitucional e quais os direitos e 
garantias que os servidores públicos detêm face à Administração 
Pública em razão dos cortes efetuados. Além disso, ciente de que 
não existe uma lei de greve federal específica para os servidores 
públicos, questiona se você pode ajuizar alguma medida judicial 
que ampare a ela e os sindicalizados que representa para que 
tenham assegurado o exercício do direito de greve enquanto 
servidores públicos mesmo na ausência de lei específica. Mas se 
essa medida judicial for cabível, onde ela deveria ser proposta? 
Haveria um tribunal específico para conhecimento de uma causa 
de tal natureza? Você deverá levar em conta a representatividade 
da associação nacional que lhe procurou para o assessoramento 
jurídico. Prontos para relembrar, ampliar seus conhecimentos e 
colocá-los em prática?
Agora é com você, advogado! Elabore a medida judicial 
pertinente para resguardar os direitos de greve dos 
servidores públicos tendo em vista a representatividade 
adequada da Associação Nacional dos Servidores 
Públicos em Saúde. Essa medida deve ser hábil a elidir a 
inefetividade constitucional decorrente da inexistência 
de lei federal específica que confira direitos e deveres 
aos grevistas no serviço público em todas as suas esferas 
(federal, estadual, municipal ou distrital). Observe que 
não há prazo específico para a adoção dessa medida, 
bastando que exista o “vácuo” legislativo.
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Fundamentando!
Instrumentos de tutela das liberdades, remédios constitucionais, 
ações constitucionais, garantias constitucionais ou writs 
são as diversas facetas dadas aos mecanismos previstos 
constitucionalmente para que os indivíduos ou os entes 
coletivos busquem o amparo estatal diante de lesão ou ameaça 
de lesão aos direitos e garantias constitucionais provocados 
por ilegalidade. E não pense que tais instrumentos se prestam 
apenas para o resguardo do indivíduo perante a ameaça estatal, 
o detentor histórico do monopólio da violência, pois também 
os atos privados podem ser hábeis a ocasionar ilegalidades 
dignas de tutela pelos “remédios”.
Então passemos à análise nessa seção de alguns dos instrumentos 
de tutelas das liberdades em espécie. Nas seções seguintes 
continuaremos a estudar tais mecanismos, então vejamos:
a) Direito de petição: a doutrina aponta como imediato histórico 
o right of petition, porém, desde a Magna Charta Libertatum 
(1215), o direito de petição já vinha sendo anunciado pelos 
barões em oposição ao Rei João Sem Terra. O que ocorre é 
que com as Revoluções Gloriosas da Idade Média, em especial 
a Revolução de 1689, da qual culminou o Bill of Rights, que se 
tornou um meio para que os nobres obtivessem a sanção real 
das leis. O direito de petição passou, então, a ser verifi cado 
na Declaração de Direitos da Pensilvânia (1776), bem como 
na Constituição Francesa (1791 e 1793). A partir de então o 
direito de petição se propagou mundialmente. No Brasil, o 
direito de representação expresso nas Constituições de 1937, 
1967 e na Emenda Constitucional 1/69 está expresso em nossa 
Constituição da República de 1988 com o consectário do 
direito de acesso à justiça (art. 5o, XXV da CRFB/88): a ampla 
defesa, que está prevista no art. 5o, XXIV, a, CRFB/88.
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Quanto à titularidade e legitimidade do direito de petição, vejamos 
que se estende à generalidade, vez que a nossa Carta o garante a 
todos, sejam pessoas físicas, jurídicas, nacionais ou estrangeiros, 
para que possam resguardar direito próprio ou alheio contra 
ilegalidade, o que caracteriza também as suas finalidades. 
Em relação ao exercício, o direito de peticionar independe do 
pagamento de taxas e seu procedimento ocorre por escrito 
segundo a doutrina majoritária. 
Em sua natureza jurídica, temos a índole democrática, e como 
não requer nenhuma qualidade especial daquele que a exerce, 
não há norma que defina seu modo de exercício. 
Já a relação entre o direito de petição e sua efetividade no 
Brasil, Bulos (2015, p. 716) relata que em razão da inexistência 
de sanção faz com que as autoridades, muitas vezes, optem 
por simplesmente ignorar sua interposição, atitude diferente 
do que ocorre em países até mesmo vizinhos sul-americanos, 
como a Colômbia e o Equador. 
b) Direito de certidão: a previsão constitucional desse direito 
está no art. 5o, XXXIV, b da CRFB/88, servindo a Lei Federal n. 
9.051/94 para disciplinar a expedição de certidões para defesa 
de direitos e esclarecimento de situações. O exercício desse 
direito independe do pagamento de taxas e obedece a três 
requisitos para o atendimento pleno: 
• a existência da informação: para que se tenha acesso a uma 
determinada informação, o consectário lógico é que ela de 
fato exista, ou seja, para que possamos requerer o acesso 
a dados perante a Administração Pública ou entidades 
privadas que exerçam serviços ou atividades de interesse 
público, essa deve deter documentos dotados de fé pública. 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
• ausência de sigilo: a regra no caso de acesso a documentos 
públicos é a publicidade, sendo a declaração de sigilo 
ou a restrição ao acesso uma exceção; tanto que a lei 
de acesso à informação (Lei Federal n. 12.527/2011) 
disciplina as hipóteses nas quais é possível a classificação 
e declaração do sigilo administrativo, e o tempo no qual 
será possível a oponibilidade do sigilo como decorrência 
da regulamentação do art. 5o, XXXIII da CRFB/88. Caso 
interessante levado a julgamento perante o Supremo foram 
os portais da transparência que tornaram públicos os 
acessos a dados de remuneraçãodos servidores públicos. 
O pretório excelso decidiu pela aplicação in totum da lei 
de acesso à informação, no sentido de que tais dados não 
estão sujeitos a sigilo:
“• Direito à informação de atos estatais, neles embutida 
a folha de pagamento de órgãos e entidades públicas. 
(...) Caso em que a situação específica dos servidores 
públicos é regida pela 1a parte do inciso XXXIII do art. 
5o da Constituição. Sua remuneração bruta, cargos e 
funções por eles titularizados, órgãos de sua formal 
lotação, tudo é constitutivo de informação de interesse 
coletivo ou geral. Expondo-se, portanto, a divulgação 
oficial. Sem que a intimidade deles, vida privada e 
segurança pessoal e familiar se encaixem nas exceções 
de que trata a parte derradeira do mesmo dispositivo 
constitucional (inciso XXXIII do art. 5o), pois o fato é que 
não estão em jogo nem a segurança do Estado nem 
do conjunto da sociedade. Não cabe, no caso, falar de 
intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da 
divulgação em causa dizem respeito a agentes públicos 
enquanto agentes públicos mesmos; ou, na linguagem 
da própria Constituição, agentes estatais agindo “nessa 
qualidade” (§ 6o do art. 37). E quanto à segurança 
física ou cor- portal dos servidores, seja pessoal, seja 
familiarmente, claro que ela resultará um tanto ou 
quanto fragilizada com a divulgação nominalizada dos 
dados em debate, mas é um tipo de risco pessoal e 
familiar que se atenua com a proibição de se revelar 
o endereço residencial, o CPF e a CI de cada servidor. 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
No mais, é o preç o que se paga pela opç ã o por uma 
carreira pú blica no seio de um Estado republicano. (...) 
A negativa de prevalê ncia do princí pio da publicidade 
administrativa implicaria, no caso, inadmissí vel situaç ã o 
de grave lesã o à ordem pú blica. [SS 3.902 AgR-segundo, 
rel. min. Ayres Brito, j. 9-6-2011, P, DJE de 3-10-2011.]
= RE 586.424 ED, rel. min. Gilmar Mendes, j. 24-2-2015, 
2a T, DJE de 12-3-2015.” (A Constituiç ã o e o Supremo. 
Supremo Tribunal Federal. 5. ed. atual. até a EC 90/2015. 
Brasí lia: STF, Secretaria de Documentaç ã o, 2016, p. 121). 
• legítimo interesse: são os fi ns e as razões do pedido, ou seja, 
o requerente deverá demonstrar a motivação sufi ciente para 
que a administração defi ra seu pedido, nos termos do art. 
2o da Lei Federal n. 9.051/94. Com relação ao prazo que a 
administração possui para expedir a certidão ao interessado, a 
mesma Lei defi ne o prazo de 15 (quinze) dias, improrrogável e 
contado a partir de seu protocolo.
FIQUE ATENTO!
O indeferimento do pedido de certidão é um caso que suscita 
muitas dúvidas em relação ao instrumento constitucional 
que se deve valer para combater uma possível ilegalidade. 
Vejamos que, preenchidos os requisitos acima expostos 
para que seja extraída a certidão, no caso de indeferimento 
teremos o cabimento de um remédio constitucional que 
conheceremos mais à frente: o mandado de segurança ou o 
habeas data. O primeiro, na hipótese de ser negado o acesso 
à informação para a fi nalidade de instruir um procedimento, 
processo, etc., e o segundo na hipótese de inacessibilidade à 
informação sem essa necessidade fi nalística! 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
c) Mandado de Injunção: 
Como antecedentes históricos do mandado de injunção, 
José Afonso da Silva (2004, p. 446) relata que é um remédio 
constitucional de origem da Inglaterra do século XIV que visava 
a equity – juízo de equidade, que é um valor relacionado à 
promoção da justiça material, ou seja, a proteção deficiente 
decorrente de norma regulamentadora de determinado direito 
deveria ser combatida, não mediante a atuação do “juiz da equity” 
enquanto legislador positivo, mas segundo uma pauta de valores 
conectados aos princípios gerais do direito, normas costumeiras, 
etc. Já no direito norte-americano verificamos a existência do 
writ of injunction, que é aplicável aos direitos da pessoa humana 
ligados às liberdades e igualdades. 
O chamado caso-líder ou leading case que tornou patente a 
aplicação desse mecanismo constitucional nos Estados Unidos foi 
o caso Brown x Board of Education of Topeka (1954), em que os 
estudantes negros obtiveram da Suprema Corte um julgamento 
favorável de acesso à educação sem segregações (em igual 
oportunidade em relação aos “brancos) por uma injunction. O 
embasamento legal que foi utilizado para deferimento do direito 
foi a Emenda 14 da Constituição norte-americana, segundo a 
qual os direitos inerentes à nacionalidade, cidadania e à soberania 
popular podem ser objeto crescente de tutela, como esse caso 
em que se proibiu veementemente que o acesso à educação 
fosse restringido pelo critério racial. 
Não deixa de ser, também, um pressuposto de justiça material 
aristotélica nos mesmos moldes do que ocorria no antecedente 
histórico inglês. Todavia, ressalte-se que Manoel Gonçalves 
Ferreira Filho não vê relação entre o mandado de injunção 
brasileiro e o writ of injuction do Direito norte-americano, em 
razão de esse se constituir em uma obrigação de não fazer, o que 
conduz a um objetivo contrário daquele.
No Brasil, a Constituição de 1988 inovou perante as Cartas que a 
antecederam na previsão do mandado de injunção como ação 
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
constitucional que visa resguardar os direitos fundamentais 
relacionados a:
Direitos individuais protegidos pelo mandado de injunção. 
Fonte: Elaborado pela autora com base no art. 5o, LXXI CRFB/88.
O objetivo claro do mandado de injunção hoje está alinhado 
com a jurisprudência mais recente do Supremo Tribunal Federal 
(STF, MI 708-0/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, Voto 
Min. Celso de Mello, j: 19.9.2007), no sentido de que se constitui 
como ação mandamental -na classificação clássica de Pontes 
de Miranda - e não uma ação que tenha como desdobramento 
único a declaração de mora do Poder Legislativo da República; 
vejamos, assim, que a utilização desse meio processual serve 
como remédio para o combate da chamada “síndrome da 
inefetividade constitucional”. Expliquemos: a Constituição 
de 1988, como sabemos, possui diversos direitos e garantias 
fundamentais que, segundo a classificação de José Afonso da 
Silva (2004, p. 447), apesar de todas possuírem aplicabilidade - 
art. 5o, parágrafo primeiro da Constituição de 1988 -, algumas 
dependiam de regulamentação legislativa para que plenamente 
atendessem aos direitos individuais que visam resguardar (repita-
se, ligados à nacionalidade, soberania e cidadania). São as 
normas constitucionais de eficácia limitada. Passados quase 20 
(vinte) anos de sua promulgação, o Supremo finalmente decidiu 
que “já era tempo” de conferir concretude ou eficácia plena a 
alguns direitos individuais protegidos pelo mandado de injunção 
que não eram completamente implementados em razão de sua 
atuação enquanto órgão judicial estar adstrita à declaração da 
mora do Poder Legislativo da União em disciplinar questões 
constitucionais. Foi no esteio da jurisprudência do Supremo 
Nacionalidade Soberania Cidadania
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Tribunal Federal que foi editada em 23 de junho de 2016 a Lei do 
Mandado de Injunção (Lei n° 13.300), para disciplinar o processo 
e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo, 
nos termos do inciso LXXI do art. 5° da CRFB/88.
Nos exames de acesso à Magistratura, Ministério 
Público e carreiras policiais você poderá se submeter ao 
Exame Oral, como uma das últimas etapas do certame. 
Nesse caso, você necessitará de conceitos rápidos para 
responder aos questionamentos do examinador. Pense 
também em que na vida prática você poderá esclarecer 
de forma rápida ao seu cliente o “por quê” do manejode 
determinada medida. Nesse caso, forneceremos a você 
o Glossário como recurso. Assim:
GLOSSÁRIO
Mandado de injunção. Descrição do Verbete: (MI) 
Processo que pede a regulamentação de uma norma 
da Constituição, quando os Poderes competentes não 
o fizeram. O pedido é feito para garantir o direito de 
alguém prejudicado pela omissão.
Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.
asp?letra=M&id=188. Acessado em: 13.10.2016.
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 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Supremo finalmente decidiu que “já era tempo” de conferir 
concretude ou eficácia plena a alguns direitos individuais 
protegidos pelo mandado de injunção que não eram 
completamente implementados em razão de sua atuação 
enquanto órgão judicial estar adstrita à declaração da mora 
do Poder Legislativo da União em disciplinar questões 
constitucionais. Foi no esteio da jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal que foi editada em 23 de junho de 2016 a Lei do 
Mandado de Injunção (Lei n° 13.300), para disciplinar o processo 
e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo, 
nos termos do inciso LXXI do art. 5° da CRFB/88.
Pressupostos do MI
O STF define que o writ pode ser manejado pelo interessado 
na medida em que a busca desse pelo “direito à legislação” 
corresponda a um dever de prestar, ou seja, “uma obrigação 
jurídica indeclinável imposta ao poder público” (STF, MI 5.926 AgR, 
rel. min. Celso de Mello, j. 10.4.2014, P, DJE de 2-6-2014). Dados 
esses pressupostos definidos na esteia da jurisprudência do STF, 
para que o mandado de injunção seja cabível, não basta que haja 
somente a omissão legislativa por si só, mas uma omissão que 
concretamente inviabilize a fruição dos direitos individuais por 
ele resguardados pelo seu titular e que seja especificadamente 
apontado pelo legitimado ativo. (STF, MI 624, rel. Min. Menezes 
Direito, j. 21-11-2007, P, DJE de 28-3-2008).
Objeto do MI
O objeto que o mandado de injunção visa combater é a existência 
de lacunas constitucionais que frustrem direitos individuais 
relacionados à soberania, nacionalidade e à cidadania, que é a 
1111
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
previsão do art. 2° da Lei n° 13.300/16. Como vimos, são as normas 
constitucionais de eficácia limitadas, também denominadas pela 
doutrina constitucionalista como normas constitucionais por 
princípio institutivo, impositivas (art. 20, parágrafo segundo da 
CRFB/88) ou facultativas (art. 22, parágrafo único da CRFB/88). 
Vejamos, agora, alguns exemplos de matérias que foram 
analisadas sobre a pertinência do Mandado de Injunção segundo 
a jurisprudência do STF: 
• regulamentação do art. 192 da CRFB/88 relativo à taxa de juros 
reais que dependia de lei complementar para sua efetividade 
plena (MI 372-6, Rel. Min. Celso de Mello, D.J.: 23-9-1994).
• greve dos servidores públicos: “Em observância aos ditames da 
segurança jurídica e à evolução jurisprudencial na interpretação 
da omissão legislativa sobre o direito de greve dos servidores 
públi- cos civis, a fixação do prazo de sessenta dias para que 
o Congresso Nacional legisle sobre a matéria”. Mandado 
de injunção deferido para determinar a aplicação das Leis 
7.701/1988 e 7.783/1989. Sinais de evolução da garantia 
fundamental do mandado de injunção na jurisprudência do 
STF. No julgamento do MI 107/DF, rel. min. Moreira Alves, DJ 
de 21-9-1990, o Plenário do STF consolidou entendimento 
que conferiu ao mandado de injunção os seguintes elementos 
operacionais: i) os direitos constitucionalmente garantidos por 
meio de mandado de injunção apresentam-se como direitos 
à expedição de um ato normativo, os quais, via de regra, não 
poderiam ser diretamente satisfeitos por meio de provimento 
jurisdicional do STF; ii) a decisão judicial que declara a existência 
de uma omissão inconstitucional constata, igualmente, a mora 
do órgão ou poder legiferante, instam-o a editar a norma 
requerida; iii) a omissão inconstitucional tanto pode referir-
se a uma omissão total do legislador quanto a uma omissão 
parcial; iv) a decisão proferida em sede do controle abstrato de 
normas acerca da existência, ou não, de omissão, é dotada de 
eficácia erga omnes, e não apresenta diferença significativa em 
relação a atos decisórios proferidos no contexto de mandado 
1212
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
de injunção; v) o STF possui competência constitucional para, 
na ação de mandado de injunção, determinar a suspensão 
de processos administrativos ou judiciais, com o intuito de 
assegurar ao interessado a possibilidade de ser contemplado 
por norma mais benéfica, ou que lhe assegure o direito 
constitucional invocado; vi) por esse plexo de poderes 
institucionais legitima que o STF determine a edição de outras 
medidas que garantam a posição do impetrante até a oportuna 
expedição de normas pelo legislador. Apesar dos avanços 
proporcionados por essa construção jurisprudencial inicial, o 
STF flexibilizou a interpretação constitucional primeiramente 
fixada para conferir uma compreensão mais abrangente à 
garantia fundamental do mandado de injunção. A partir de 
uma série de precedentes, o Tribunal passou a admitir soluções 
“normativas” para a decisão judicial como alternativa legítima de 
tornar a proteção judicial efetiva (CF, art. 5o, XXXV). Precedentes: 
MI 283, rel. min. Sepúlveda Pertence, DJ de 14-11-1991; MI 
232/RJ, rel. min. Moreira Alves, DJ de 27-3-1992; MI 284, rel. 
min. Marco Aurélio, rel. p/ o ac. min. Celso de Mello, DJ de 26-
6-1992; MI 543/DF, rel. min. Octavio Gallo i, DJ de 24-5-2002; 
MI 679/DF, rel. min. Celso de Mello, DJ de 17-12-2002; e MI 
562/DF, rel. min. Ellen Gracie, DJ de 20-6-2003. (...) Em razão 
da evolução jurisprudencial sobre o tema da interpretação da 
omissão legislativa do direito de greve dos servidores públicos 
civis e em respeito aos ditames de segurança jurídica, fixa-se o 
prazo de sessenta dias para que o Congresso Nacional legisle 
sobre sumário a matéria. Mandado de injunção conhecido 
e, no mérito, deferido para, nos termos acima especificados, 
determinar a aplicação das Leis 7.701/1988 e 7.783/1989 aos 
conceitos e às ações judiciais que envolvam a interpretação 
do direito de greve dos servidores públicos civis. 
[MI 708, rel. min. Gilmar Mendes, j. 25-10-2007, P, DJE de 31-10-2008.]
= MI 670, rel. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, e MI 712, rel. min. Eros 
Grau, j. 25-10-2007, P, 
DJE de 31-10-2008 (A Constituição e o Supremo. Supremo 
1313
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Tribunal Federal. 5. ed. atual. até a EC 90/2015. Brasília: STF, 
Secretaria de Documentação, 2016, p. 340).
• Não é cabível para regulamentação de bingos: “Para o 
cabimento do mandado de injunção, é imprescindível a 
existência de um direito previsto na Constituição que não esteja 
sendo exercido por ausência de norma regulamentadora. O 
mandado de injunção não é remédio destinado a fazer suprir 
lacuna ou ausência de regulamentação de direito previsto 
em norma infraconstitucional, e muito menos de legislação 
que se refere a eventuais prerrogativas a serem estabelecidas 
dis- cricionariamente pela União. No presente caso, não 
existe norma constitucional contra o direito que, segundo 
os impetrantes, estaria à espera de regulamentação. Como 
ressaltou o PGR, a União não está obrigada a legislar sobre a 
matéria, porque não existe.
Os agravantes objetivam a regulamentação da atividade 
de jogos de bingo, mas não há na CF qualquer preceito 
consubstanciador de determinação constitucional para se que 
legisle, especificamente, sobre exploração de jogos de bingo.” 
(MI 766 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 21-10-2009, P, DJE 
de 13-11-2009). 
• regulamentação do direito de aposentadoria especialpor 
servidores públicos: “Mandado de injunção. Natureza. 
Conforme disposto no inciso LXXI do art. 5o da CF, conceder-
se-á mandado de injunção quando necessário ao exercício 
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Há ação 
mandamental e não simplesmente declaratória de omissão. 
A carga de declaração não é objeto da impetração, mas 
premissa da ordem a ser formalizada. Mandado de injunção. 
Decisão. Balizas. Tratando-se de processo subjetivo, a decisão 
possui eficácia considerada a relação jurídica nele revelada. 
Aposentadoria. Trabalho em condições especiais. Prejuízo à 
saúde do servidor. Inexistência de lei complementar. Art. 40, § 
4o, da CF. Inexistente a disciplina específica da aposentadoria 
1414
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
especial do Art. 5o, LXXI ao servidor, impõe-se a adoção, via 
pronunciamento judicial, daquela própria aos trabalhadores 
em geral – art. 57, § 1o, da Lei 8.213/1991. [MI 721, rel. min. 
Marco Aurélio, j. 30-8-2007, P, DJ de 30-11-2007.] = MI 1.231 
AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 16-11-2011, P, DJE de 
1o-12-2011. (A Constituição e o Supremo. Supremo Tribunal 
Federal. 5. ed. atual. até a EC 90/2015. Brasília: STF, Secretaria 
de Documentação, 2016, p. 342).
• Prática de ato administrativo: o mandado de injunção não é 
instrumento processual para se determinar a prática de ato 
administrativo (STF, MI 14 – QO, Rel. Min. Sydney Sanches, 
D.J.: 18-11-1988).
• ADI por omissão e Mandado de Injunção: são ações 
constitucionais que não se confundem; a primeira liga-se 
ao controle concentrado de constitucionalidade das leis e a 
segunda não se presta como meio próprio para a declaração de 
inconstitucionalidade de certa norma, mesmo em se tratando 
de controle difuso de constitucionalidade (STF, MI 81-6/DF, 
Rel. Min. Celso de Mello, DJU 30-3-1990). 
Legitimidade ativa: 
Com a regulamentação da Lei do Mandado de Injunção 
Individual e Coletivo, Lei n° 13.300/16, art. 3º, temos expressa a 
legitimidade ativa para o writ: “São legitimadas para o mandado 
de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas 
que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das 
prerrogativas referidos no art. 2o”.
A Constituição define como legitimado aquele que se encontre 
privado do exercício dos direitos individuais que especifica 
para fins de mandado de injunção, sendo este o próprio titular 
do direito que se visa beneficiar pela implementação da norma 
regulamentadora. (STF, MI 595-AgRg, Rel. Min. Carlos Velloso, 
D.J.: 23-4-1999). 
Porém, além do mandado de injunção individual, temos o 
1515
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
mandado de injunção coletivo, que é o ajuizado pelas entidades 
coletivas previstas no art. 5o, LXX da CRFB/88, ou seja: os mesmos 
legitimados ativos do mandado de segurança coletivo, que foram 
transpostos para o art. 12 da Lei n° 13.300/16.
Ponto importante é a legitimação para impetração do Mandado 
de Injunção coletivo pelo Ministério Público que se extrai do art. 
6o, VII da Lei Complementar n. 75/93, Lei Orgânica do Ministério 
Público da União c/c art. 12, I da Lei n° 13.300/16.
Legitimidade passiva:
Ocupa a posição de legitimado passivo no Mandado de 
Injunção a esfera estatal que seja considerada omissa no dever 
de legislar. Assim, tratando-se de competência legislativa, o 
Poder Legislativo ocupará essa posição. Tratando-se do Poder 
Legislativo federal, o sujeito passivo será o Congresso Nacional. 
Não obstante, sendo a norma em questão de competência 
privativa quanto à iniciativa do Presidente da República, esse 
ocupará a posição de legitimado passivo. 
Nos termos do art. 3º da Lei do Mandado de Injunção Individual e 
Coletivo, temos expressa a legitimidade passiva “como impetrado, 
o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a 
norma regulamentadora”.
Competência
Competência para julgamento do Mandado de Injunção. Fonte: Elaborado pela autora.
Tribunal STF STJ TSE TJ Juízes de 1
o 
instância
Embargos de 
declaração
-Art. 102, I 
CRFB/88
-Art. 102, II, a 
CRFB/88 (recurso 
ordinário)
-Art. 105, I, h 
CRFB/88
-Art. 121, parág. 4o, 
V, CRFB/88
-Art. 125, parág. 
1o – cabe às 
Constituições 
estaduais firmar 
a competência 
dos Tribunais de 
Justiça
-normas 
municipais
1616
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Procedimento e Liminar
Até o advento da Lei do Mandado de Injunção tínhamos que o 
procedimento previsto na Lei do Mandado de Segurança se aplica 
subsidiariamente ao Mandado de Injunção, conforme previsão do 
art. 24, parág. único da Lei 8.038/90 que regula os procedimentos 
nos tribunais. Vejamos que interessante de se notar é que até 
mesmo o caráter autoaplicável do mandado de injunção já foi 
apreciado pelo STF, que decidiu que o art. 5o, LCCI é autoaplicável 
(STF, MI 107, Rel. Min. Moreira Alves, D.J.: 21-9-1990). Em razão da 
inovação legislativa, tivemos no art. 14 que a Lei do Mandado de 
Segurança continua tendo aplicação Subsidiária em relação à Lei 
do Mandado de Injunção; o Código de Processo Civil também se 
aplica subsidiariamente no procedimento do MI. 
Não cabe liminar em sede de Mandado de Injunção. Não se 
aplica a regra geral de cautelaridade que observamos nas demais 
ações constitucionais. 
Decisão e seus efeitos
A decisão que declara a mora legislativa e determina um prazo 
para a implementação da regulamentação que prejudica os 
direitos individuais é de caráter eminentemente judicial, não 
fazendo os julgados as vezes do legislador positivo; muito pelo 
contrário: não há nesse caso violação ao princípio republicano da 
separação dos poderes. Proferida a decisão e apta a surtir todos 
os efeitos, somente poderá ser cassada por ação rescisória nos 
prazos e condições previstas no Código de Processo Civil. 
Quanto aos efeitos do Mandado de Injunção, a doutrina (BULOS, 
2015, p. 770) expõe quatro correntes:
I) Tese não concretista: cabe ao Tribunal apenas declarar 
a mora do Poder Legislativo, exortando-o a praticar sua 
função legislativa típica. (MI, 107/DF, Rel. Min. Moreira Alves, 
DJU 21-0-1190)
II) Tese concretista individual direta: julgada procedente a ação 
constitucional de Mandado de Injunção, a ausência de norma 
1717
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
regulamentadora é suprida mas apenas em favor do detentor 
do direito individual que impetrou o writ, não possuindo efeitos 
erga omnes. 
III) Tese concretista individual intermediária: procedente a ação 
de mandado de injunção, cabe ao Poder Judiciário ficar um 
prazo para que o Poder Legislativo legisle; ultrapassado esse 
lapso, e permanecendo esse inerte, o impetrante do MI passa a 
ter assegurado seu direito. (STF, Ata da 7a Seção Extraordinária, 
DJ 4-4-1995)
IV) Tese concretista geral: procedente a sentença em sede de 
Mandado de Injunção, temos que essa decisão vigorará até que 
o Poder Legislativo legisle sobre o tema, agindo como substituto 
do legislador positivo. (MI 670, MI, 695, MI, 708, MI 712, MI 721, 
MI 758). Esse é o atual entendimento da composição do STF. 
Vejamos que com a edição da Lei do MI, o art. 13 prevê os efeitos 
da coisa julgada no Mandado de Injunção individual ou coletivo:
No mandado de injunção coletivo, a sentença fará 
coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes 
da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria 
substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto 
nos §§ 1o e 2o do art. 9o.
Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo 
não induz litispendência em relação aos individuais, 
mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o 
impetrante que não requerer a desistência da demanda 
individual no prazo de 30 (trinta)dias a contar da ciência 
comprovada da impetração coletiva.
Súmulas do STF aplicáveis ao Mandado de Injunção:
Súmula 629 
A IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO POR 
ENTIDADE DE CLASSE EM FAVOR DOS ASSOCIADOS INDEPENDE 
DA AUTORIZAÇÃO DESTES. 
1818
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Súmula 630 
A ENTIDADE DE CLASSE TEM LEGITIMAÇÃO PARA O MANDADO 
DE SEGURANÇA AINDA QUANDO A PRETENSÃO VEICULADA 
INTERESSE APENAS A UMA PARTE DA RESPECTIVA CATEGORIA. 
PRIMEIRA FASE! 
1. Em relação ao Mandado de Injunção, julgue as assertivas abaixo:
I) Seu procedimento é amparado pela Lei do Mandado de Segurança, 
tanto no que tange à impetração coletiva quanto individual;
II) Tem como objeto normas constitucionais relativas a direitos 
individuais de nacionalidade, soberania e cidadania;
III) As normas objeto de mandado de injunção são normas 
constitucionais de eficácia contida.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente I e II são corretas;
b) Somente I é correta;
c) Somente II é correta;
d) Somente II e III são corretas;
e) I, II e III são corretas.
Comentário: I e II são corretas. Na medida em que o mandado de 
injunção previsto no art. 5o, LXX da CRFB/88 e Lei n° 13.300/16 visa 
combater a síndrome da inefetividade das normas constitucionais 
que obsta o pleno exercício de direitos individuais relacionados 
à soberania, cidadania e nacionalidade. Ademais, as normas 
constitucionais de eficácia limitada e não as de eficácia contida 
1919
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
que são objeto de tutela por mandado de injunção, o que torna 
incorreto o item III.
2. (Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso (TJ-MT) - Juiz - 
FMP-RS (2014) – adaptada)
Texto-base: “O Supremo Tribunal Federal – por entender que 
o mandado de injunção não se destina a viabilizar suposta 
prerrogativa decorrente de convenção internacional – negou 
trânsito a esse writ constitucional, havendo ainda enfatizado que 
a norma inscrita no art. 7o do ADCT/88 não reclama, para efeito 
de sua incidência, a edição de qualquer norma regulamentadora 
de direito interno (STJ, MI 527/RJ, Rel. Min. Octavio Gallotti). 
Sobre o mandado de injunção, assinale a alternativa correta.
a) Refere-se à omissão de regulamentação de norma constitucional, 
não havendo a possibilidade de que a ação tenha como finalidade 
compelir o Congresso Nacional a corrigir omissões normativas 
existentes na Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 
forma a dar concreção ao que prescreve o artigo 25 do Pacto 
de S. José da Costa Rica, pois conforme exposto no trecho da 
decisão acima, o art. 7o do ADCT/88 não reclama, para efeito de 
sua incidência, a edição de qualquer norma regulamentadora de 
direito interno.
b) Pode ser ajuizado somente por aqueles que detêm a legitimidade 
ativa para propor a ação direta de inconstitucionalidade. 
c) Não permite a forma coletiva, em razão da ausência de previsão 
constitucional expressa. 
d) É de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal.
e) Será admitido o mandado de injunção sempre que houver falta de 
norma reguladora de uma previsão constitucional, ainda que desta 
não ocorra inviabilização dos direitos e liberdades constitucionais.
2020
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Comentário: Letra A. Os legitimados de ADI não coincidem com os 
legitimados do MI, em razão de nesse caso estarem abrangidos os 
titulares de direitos individuais que estejam impossibilitados de seu 
exercício pleno em razão da falta de regulamentação legislativa. 
Ademais, o MI admite a forma coletiva e não é de competência 
exclusiva do STF, pois isso dependerá da competência legislativa 
para edição da norma em questão. 
2121
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Agora que conhecemos alguns instrumentos de tutelas das 
liberdades (direito de petição, direito de certidão e mandado de 
injunção), vamos retomar o problema exposto pela nossa primeira 
cliente que atendemos em nosso escritório de advocacia?
Bem, a Sra. Auxiliadora é titular de algumas características que 
nos fazem direcionar a uma peça processual capaz de atender à 
sua solicitação em matéria de direito constitucional. Vejamos:
É presidente da Associação Nacional dos Servidores 
em Saúde, e nesse sentido aplica-se o art. 3º c/c art. 
12, III da Lei n° 13.300/16 e, analogamente, o teor dos 
enunciados sumulares ns. 629 e 630 do Supremo 
Tribunal Federal. 
Ela alega que os servidores municipais citados participaram de 
uma campanha salarial e o município, ao invés de promover 
a negociação salarial, efetuou o corte dos dias parados e, 
consequentemente, dos vencimentos respectivos, sem direito a 
compensação, e, ainda, instaurou em desfavor de tais servidores 
processo administrativo disciplinar pela conduta grevista do 
servidor público que não encontra previsão de amparo legal no 
ordenamento jurídico brasileiro por ausência de regulamentação 
do texto constitucional. 
Assim, pensemos que tais elementos nos levam a 
algumas inferências:
a) competê ncia do ó rgã o julgador dada a legitimidade ativa da 
entidade de âmbito nacional e a natureza federal da espécie 
legislativa carente de edição;
b) legitimidade ativa e passiva, sendo tais ocupadas, 
respectivamente, pela entidade e pelo Poder 
Legislativo pertinente;
Vamos peticionar!
2222
 Direito Constitucional - Sua Petição - Seção 1NPJ 
c) argumentos de mérito, dentre eles a tese concretista adotada 
pelo Supremo Tribunal Federal;
d) observância do procedimento atinente ao Mandado de 
Segurança Coletivo. 
Ademais, não se esqueça de que sua peça processual deve conter 
breve resumo dos fatos e sua conexão com os dispositivos legais 
e constitucionais que amparam seus pedidos.
Nos requerimentos, observe o que prevê a Lei do Mandado 
de Segurança (Lei n. 12.016/09), no sentido de que em tais 
procedimentos análogos, necessária é a notificação da autoridade 
coatora (responsável pela omissão legislativa) para que preste 
informações, a intimação do Ministério Público e, nesse ponto, 
a competência jurisdicional terá reflexos sobre a atribuição do 
órgão de execução do Ministério Público que atuará sobre o 
caso. Ou seja, caso seja de competência do STF a apreciação 
da questão, pede-se a intimação do PGR (Procurador Geral da 
República), caso seja de competência do Tribunal de Justiça, do 
Procurador Geral de Justiça e, assim, sucessivamente. 
Por fim, peça pela procedência da demanda e conste o valor da 
causa, date, assine sem identificar sua peça com o respectivo 
número de Ordem. 
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