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www.trilhante.com.br MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO - PEÇA PRÁTICA ÍNDICE 1. MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ..........................................3 Apontamentos Iniciais ........................................................................................................................................................ 3 Pedidos ..........................................................................................................................................................................................6 2. CASOS PRÁTICOS ...........................................................................................................7 Caso 01 ............................................................................................................................................................................................7 Caso 02 ........................................................................................................................................................................................ 10 www.trilhante.com.br 3 1. Mandado de Injunção Individual e Coletivo Apontamentos Iniciais Os remédios constitucionais são instrumentos previstos no ordenamento jurídico brasileiro que deveriam ser de conhecimento de todos os cidadãos do nosso país. Isto porque são mecanismos que garantem aos cidadãos os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal quando o Estado não cumpre seu dever, seja por despreparo, ilegalidade ou abuso de poder. No caso do Mandado de Injunção, teremos uma garantia da efetividade das normas constitucionais, vez que determinadas normas constitucionais dependem de uma norma infraconstitucional para que tenha sua efetividade realizada, vez que sozinha ela se demonstra ineficaz. Destarte, quando essa outra norma infraconstitucional não é editada pelo poder público, estaremos diante de um caso de inconstitucionalidade por omissão. Nesse sentido, para combater esse mal, temos dois remédios constitucionais: Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) e o Mandado de Injunção. Esses dois institutos têm o mesmo fim: dar ciência ao Poder Legislativo sobre a ausência de norma regulamentadora, o que torna inviável o exercício dos direitos e garantias constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania. O mandado de injunção está previsto no artigo 5º, inciso LXXI da Constituição Federal e é regulamentado pela Lei 13.300/2016. Vejamos: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. Destarte, o mandado de injunção é cabível diante da omissão do Poder Público de editar diploma regulamentador de uma norma constitucional de eficácia limitada, que prescreva direitos, liberdades constitucionais e/ou prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13300.htm www.trilhante.com.br 4 “Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente”. LEGITIMIDADE Conforme disposto no art. 3º da L. 13.300, são legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora. Ademais, o art. 12 da L. 13.300 apresenta um rol de legitimados para propor o mandado de injunção coletivo, quais sejam: I) Ministério Público; II) Partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária; III) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros; IV) Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados. COMPETÊNCIA Cuida a Constituição Federal, por ocasião de suas alíneas “q”, inciso I, art. 102, e “h”, inciso I, art. 105, de disciplinar a competência originária, respectivamente, do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do mandado de injunção. Vejamos: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; www.trilhante.com.br 5 Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal. Conforme se pode depreender dos próprios dispositivos mencionados, aquela se firma em razão da pessoa ou órgão a quem competir a elaboração da norma regulamentadora necessária ao exercício do direito, liberdade ou prerrogativa constitucionalmente conferidos. Assim é que, ao Supremo Tribunal Federal, caberá conhecer do mandado de injunção quando a incumbência referida couber ao Presidente da República, ao Congresso Nacional, à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal, à Mesa de uma dessas Casas Legislativas, ao Tribunal de Contas da União, aos Tribunais Superiores ou, por fim, a ele próprio. Ao Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, caberá processar e julgar originariamente o mandado de injunção quando a feitura da norma tocar a órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, desde que não sejam esses casos já açambarcados pela competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal. No referente aos estados-membros, a Constituição Federal autoriza, de acordo com o quanto inserto no §1° do art. 125, que as respectivas cartas, obras do poder constituinte derivado decorrente (Constituições Estaduais), definam a competência de seus tribunais de justiça. Aos juízes de direito restaria a competência para julgar autoridade estadual inferior, prefeito ou Câmara Municipal, tal como se sucede com o mandado de segurança. PROCEDIMENTO Nos termos do art. 4º da L. 13.300/16, a petição inicial seguirá os requisitos da lei processual, ou seja, deverá preencher os requisitos do art. 319 do Código de Processo Civil, indicando também, além do órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado Quando o documento necessário à prova do alegado encontrar-se em repartição ou estabelecimento público, em poderde autoridade ou de terceiro, havendo recusa em fornecê-lo por certidão, no original, ou em cópia autêntica, será ordenada, a pedido do www.trilhante.com.br 6 impetrante, a exibição do documento no prazo de 10 (dez) dias. (Sendo que, em último caso, cabe Habeas Data para tanto). Por fim, importante ressaltar que qualquer omissão por parte da Lei 13.300/16 será suplementada pelo Código de Processo Civil e pela Lei 12.016/09 (Lei do Mandado de Segurança), de forma subsidiária. Pedidos Primeiramente, deve o candidato realizar o pedido presente na sequência do art. 8 da L. 13.300/16: (I) pedido de reconhecimento do estado de mora legislativa; (II) determinado prazo razoável para que seja editada norma regulamentadora; (III) estabelecimento das condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado; (IV) intimação do Ministério Público, e (V) exibição de documentos, se for o caso. https://www.trilhante.com.br/curso/remedios-constitucionais/aula/remedios-constitucionais-habeas-data-i http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12016.htm www.trilhante.com.br 7 2. Casos Práticos O mandado de injunção se diferencia da Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por Omissão exatamente por incidir em casos concretos, enquanto a ADO incide em casos abstratos. Dessa forma, para que seja possível a incidência de mandado de injunção, será necessário verificar a presença de: 1. Caso concreto; 2. Norma constitucional de eficácia limitada (federal ou estadual) 3. Omissão do Poder Público. Caso 01 Joana Augusta laborou, durante vinte e seis anos, como enfermeira do quadro do hospital ligado a determinada universidade federal, mantendo, no desempenho de suas tarefas, em grande parte de sua carga horária de trabalho, contato com agentes nocivos causadores de moléstias humanas bem como com materiais e objetos contaminados. Em conversa com um colega, Joana obteve a informação de que, em razão das atividades que ela desempenhava, poderia requerer aposentadoria especial, com base no § 4º do art. 40 da Constituição Federal de 1988. A enfermeira, então, requereu administrativamente sua aposentadoria especial, invocando como fundamento de seu direito o referido dispositivo constitucional. No dia 30 de novembro de 2008, Joana recebeu notificação de que seu pedido havia sido indeferido, tendo a administração pública justificado o indeferimento com base na ausência de lei que regulamente a contagem diferenciada do tempo de serviço dos servidores públicos para fins de aposentadoria especial. Sem uma lei que estabeleça os critérios para a contagem do tempo de serviço em atividades que possam ser prejudiciais à saúde dos servidores públicos, a aposentadoria especial não poderia ser concedida. Nessa linha de entendimento, Joana deveria continuar em atividade até que completasse o tempo necessário para a aposentadoria por tempo de serviço. Inconformada, Joana procurou escritório de advocacia, objetivando ingressar com ação para obter sua aposentadoria especial. Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Joana, redija a petição inicial da ação cabível para a defesa dos interesses de sua cliente, atentando-se, necessariamente, aos seguintes aspectos: a) competência do órgão julgador; b) legitimidade ativa e passiva; c) argumentos de mérito; www.trilhante.com.br 8 d) requisitos formais da peça judicial proposta Regra dos 5 Passos 1. Resumo do caso 2. Legitimidade ativa 3. Legitimidade passiva 4. Escolha da ação 5. Órgão competente Temos, no caso tela, evidente norma constitucional de eficácia limitada, com a administração pública inviabilizando o direito constitucional à aposentadoria especial por falta de legislação que regulamente tal direito. Dessa forma, temos os dois requisitos juntos de um caso concreto, sendo patente a necessidade da impetração de mandado de injunção. CORREÇÃO E PEÇA EXEMPLO: EXMO. SR. MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (pular aproximadamente 5 linhas em todas as petições iniciais) Joana Augusta, nacionalidade..., estado civil..., enfermeira, portadora do RG n°... e do CPF n°..., residente e domiciliada..., nesta cidade, por seu advogado, conforme procuração anexa ...., com escritório ..., endereço que indica para os fins do art. 39, I do CPC, com fundamento no art. 5º, LXXI da CRFB/88, vem impetrar MANDADO DE INJUNÇÃO em face de ato omissivo do Presidente da República, que poderá ser encontrado na sede funcional... I – SÍNTESE DOS FATOS A impetrante trabalhou durante vinte e seis anos como enfermeira do quadro do hospital universitário ligado a determinada universidade federal, mantendo, no desempenho de suas tarefas, contato com agentes nocivos causadores de moléstias humanas bem como com materiais e objetos contaminados, ou seja, trabalho considerado de risco. Ao ser informada de que poderia obter a aposentadoria especial prevista no § 4º do art. 40, III, da CRFB/88, a impetrante requereu administrativamente sua aposentadoria, tendo a administração pública indeferido o pedido com base na ausência de lei complementar que regulamente a contagem diferenciada do tempo para tal aposentadoria especial. Joana Augusta, portanto, não pode exercer o direito fundamental à aposentadoria especial em razão da falta da lei que a regulamente, o que enseja a propositura do mandado de injunção ora apresentado. www.trilhante.com.br 9 II – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA Na forma do art. 5º, LXXI, da CRFB/88, o mandado de injunção é o remédio constitucional responsável pela defesa em juízo de direito fundamental previsto na Constituição ainda pendente de regulamentação. Como não há norma específica regulamentando o remédio no plano infraconstitucional, de acordo com o art. 24, parágrafo único, da Lei 8038/90, aplica-se ao mandado de injunção, no que couber, as regras do mandado de segurança, previstas na Lei 12.016/09. De acordo com o inciso III, § 4º, do art. 40 da CRFB/88, é vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata o artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, dentre eles, os casos de servidores cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, justamente a situação em que se encontra a impetrante, titular de tal direito fundamental ainda pendente de regulamentação. O remédio ora em análise foi impetrado em face de ato omissivo do Presidente da República, tendo em vista que a matéria relativa à aposentadoria de servidores é de sua iniciativa privativa deste, na forma do art. 61, § 1º, II, c, da CRFB/88. Ademais, compete ao STF processar e julgar originariamente o mandado de injunção quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, segundo dispõe o art. 102, I, q, da CRFB/88. III – DA OMISSÃO INCONSTITUCIONAL Até 2007, o STF adotava a posição não concretista geral e, de acordo com esse entendimento, em nome da separação entre os poderes (art. 2º, da CRFB/88), o Poder Judiciário não poderia suprir a omissão da norma faltante, tampouco fixar prazo para o legislador elaborar a lei, restando a sentença produzindo efeito apenas para declarar a mora legislativa. Desde 2007, entretanto, o Tribunal vem mudando de entendimento e tem adotado posições concretistas, aplicando, por analogia, leis já existentes para suprir a omissão normativa, ora atribuindo efeitos subjetivos erga omnes, ora inter partes. No que tange especialmente à ausência da Lei Complementar anunciada pelo art. 40, § 4º, a Corte tem aplicado a Lei 8213/91, no que couber, até que seja suprida a referida omissão inconstitucional. IV – DOS PEDIDOS Ante todo o exposto, requer-se: a) a notificação da autoridade omissa no endereço fornecido na inicial, para que, querendo, preste asinformações que entender pertinentes do caso; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8038.htm www.trilhante.com.br 10 b) a intimação do Representante do Ministério Público; c) a condenação do Impetrado em custas processuais; d) que o pedido seja ao final julgado procedente para que a omissão normativa seja sanada mediante a aplicação analógica da Lei 8213/91; e) a juntada de documentos. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos procedimentais. Termos em que, Pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB nº... Caso 02 Servidores públicos do Estado Beta, que trabalham no período da noite, procuram o Sindicato ao qual são filiados, inconformados por não receberem adicional noturno do Estado, que se recusa a pagar o referido benefício em razão da inexistência de lei estadual que regulamente as normas constitucionais que asseguram o seu pagamento. O Sindicato resolve, então, contratar escritório de advocacia para ingressar com o adequado remédio judicial, a fim de viabilizar o exercício em concreto, por seus filiados, da supramencionada prerrogativa constitucional, sabendo que há a previsão do valor de vinte por cento, a título de adicional noturno, no Art. 73 da Consolidação das Leis do Trabalho. Considerando os dados acima, na condição de advogado(a) contratado(a) pelo Sindicato, utilizando o instrumento constitucional adequado, elabore a medida judicial cabível. Possível verificar, no caso acima, que se trata de um Mandado de Injunção Coletivo. Temos um caso concreto, uma norma constitucional de eficácia limitada e a evidente omissão do Poder Público que não edita a legislação pertinente. Primeiramente, quem será o legitimado passivo e de quem é a competência para julgamento? Sendo certo que, a nível federal, o responsável por elaborar leis que criem cargos públicos ou aumentem a remuneração é o Presidente da República, por simetria, na esfera estadual, essa responsabilidade é do Governador. http://firmino-aline.blogspot.com.br/2013/01/principio-da-simetria-constitucional.html www.trilhante.com.br 11 Nesse sentido, a competência na esfera federal para julgamento é do STF quando se tratar do Presidente da República. Novamente, aplicando o princípio da simetria, teremos o Tribunal de Justiça como órgão competente. Vejamos a correção completa: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO BETA Sindicato dos Servidores Públicos do Estado Beta, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Ministério do Trabalho sob o n. xxx, com sede à xxx, vem, mui respeitosamente, perante V. Exa., por meio de seu advogado que esta subscreve, com procuração e endereços anexos, nos termos do Art. 5º, LXXI da CF/88 e na Lei. 13.300/2016, impetrar o presente: MANDANDO DE INJUNÇÃO COLETIVO EM FACE DO GOVERNADOR DO ESTADO BETA, INTEGRANTE DO ESTADO BETA, PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO, PELAS RAZÕES DE FATO E DIREITO QUE PASSA A EXPOR: I – DOS FATOS Os servidores públicos do Estado Beta que trabalham no período da noite não recebem adicional noturno. O Estado se recusa a fazer o pagamento desse direito constitucional protegido, alegando ausência de norma regulamentadora. Trata-se de evidente sintoma da síndrome de inefetividade de ser norma constitucional. Isso porque, apesar de tal direito ser expressamente previsto no art. 39, § 3º da CF/88, combinado com o art. 7º, IX, da CF/88, verifica-se, pelo art. 39, caput, que seu estabelecimento depende da edição de norma integrativa para que seja eficaz, posto tratar-se de uma norma de eficácia limitada. Nesse contexto, o Estado Beta manteve-se inerte ao preceito da Lei Maior, dando causa a inconstitucionalidade por omissão. Desse modo, não restou outra alternativa a este sindicato, na defesa de seus filiados, senão impetrar o presente remédio constitucional, visando a sanar a referida omissão. II – DA LEGITIMIDADE ATIVA A legitimidade do sindicato para a impetração de mandado de injunção coletivo é dada pelo art. 12, III, da L. 13.300/2016, para assegurar o exercício de direito, liberdades e prerrogativas de seus membros, independentemente de qualquer autorização especial de seus filiados. III – DA LEGITIMIDADE PASSIVA O legitimado passivo é o Poder, ór urisdição estadual, tem-se que o Governador do Estado Beta é o legitimado passivo desta lide. www.trilhante.com.br 12 IV – DO DIREITO Segundo o art. 5º, LXXI, da CF/88, ou ainda o art. 2º da Lei 13.300/16, que remete ao primeiro: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente. Possível perceber que é justamente este o caso. Muito embora a Constituição Federal garanta aos servidores o direito ao adicional noturno, segundo consta do art. 39, § 3º da CF/88, combinado com o art. 7º, IX, da CF/88; para que tal comando seja efetivo, é necessário que haja uma norma integrativa para dar efetividade ao preceito constitucional. Isso porque se trata de norma constitucional de eficácia limitada, que, quando diante da inércia, da mora, ou ainda da omissão do Poder Público, configura a inconstitucionalidade por omissão. Nesses casos, o remédio apto a sanar o problema é o mandado de injunção. Portanto, uma vez constatado que os servidores públicos que trabalham no período noturno não gozam desse direito constitucional por conta da omissão legislativa; é dever deste sindicato velar pela proteção dos direitos constitucionais de seus filiados, a fim de que sejam efetivamente concretizados, conforme manda a Constituição. Por último, vale lembrar que o mínimo garantido aos trabalhadores, a titulo de adicional noturno, conforme dispõe o art. 73 da CLT, é de 20% (vinte por cento). Assim sendo, este valor deverá ser a referência mínima a ser garantida aos impetrantes. V – DOS PEDIDOS Por todo o exposto, requer-se: 1. A intimação do Ministério Público, nos termos do art., no prazo legal contido no art. 7º da Lei 13.300/16; 2. Que seja julgado procedente o pedido para reconhecer o estado de mora le- gislativa, decretando a omissão do Poder Público, a fim de ver deferida a ordem de injunção coletiva, conforme art. 8º, caput, da L. 13.300/16; www.trilhante.com.br 13 3. Seja determinado prazo razoável para que o Governador promova a edição de norma regulamentadora, nos termos do art. 8º, I, da L. 13.300/16; 4. Sejam estabelecidas condições, nos termos do art. 8º, II, da L. 13.300/16, para suprimir a omissão normativa e garantir o exercício do direito reclamado, no percentual não inferior a 20% (vinte por cento), consoante disposição do art. 73 da CLT, caso não seja editada a norma no prazo determinado. Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos procedimentais. Termos em que, Pede deferimento. Local... e data... Advogado... OAB nº... Norma constitucional que sozinha não consegue produzir efeitos, precisando de uma lei integrativa. Ex: Art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; Ex: Presidente da República integra a União. Direito ou prerrogativa inerente à nacionalidade, soberania ou cidadania. www.trilhante.com.br /trilhante /trilhante /trilhante Mandado de Injunção Individuale Coletivo - Peça Prática http://www.facebook.com/trilhante http://www.instagram.com/trilhante http://www.facebook.com/trilhante http://instagram.com/trilhante http://www.youtube.com/trilhante
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