Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Micoses por Fungos Oportunistas Candida, Cryptococcus, Aspergillus, Mucor e Rhizopus Introdução • Não são capazes de causar doenças nas maiorias das pessoas imunocompetentes • Mas causam em pessoas com as defesas imunes debilitadas Candida • Candida albicans: espécie mais importante • Doenças: candidíase, vaginite, esofagite, assaduras e candidíase mucocutânea crônica, infecções disseminadas (endocardite, candidemia, endoftalmite) • Infecções associadas a cateteres urinários ou sondas intravenosas também são importantes Candida • Características: • Levedura oval com um broto simples • Faz parte da microbiota normal das membranas mucosas do trato respiratório superior, TGI e trato genital feminino • Nos tecidos: forma leveduriforme ou pseudo-hifas • Fermentação de carboidratos diferencia as espécies: C. tropicalis, C. parapsilosis, C. krusei, C. glabrata Candida • Transmissão: • Membro da microbiota→ presente na pele e membranas mucosas • Presença na pele predispõe a infecções envolvendo instrumentos que penetram a pele→ drogas injetáveis, cateteres Candida • Patogênese e achados clínicos: • Defesa local ou sistêmica enfraquecida→ doença ocorre • Candidíase oral • Candidíase vaginal • Candidíase cutânea • Candidíase mucocutânea crônica: em imunossuprimidos Diagnóstico Laboratorial • Exsudatos ou tecidos: leveduras com brotamentos e pseudo-hifas • Ocorrem como gram positivas • Cultura: colônias típicas são formadas (semelhantes a estafilococos) Levedura com brotamento Pseudo-hifas Tratamento e prevenção • Escolha: fluconazol • Outros: itraconazol e voriconazol • Candidíase disseminada: anfotericina B Criptococose • Doença infecciosa fúngica potencialmente fatal, cosmopolita que acomete mamíferos domésticos, principalmente o gato e o cão, animais silvestres e o homem • Também conhecida como torulose ou blastomicose europeia • O agente etiológico é o Cryptococcus neoformans, a forma assexuada do basidiomiceto Filobasidiella neoformans, uma levedura encapsulada Criptococose • Patógeno oportunista→ ocorre em frutas, mucosa oro nasal, pele de animais e pessoas saudáveis e, principalmente, no solo rico em excretas de aves (onde pode permanecer viável por mais de 2 anos) Principalmente pombos: permanece viável nas fezes secas dessa ave durante muitos anos, tornando-se um reservatório de partículas infectantes passíveis de inalação • É uma micose sistêmica, subaguda a crônica Prevalência • Em humanos, a criptococose é mais frequente em adultos, mas apesar de rara pode afetar crianças • Esta micose é comumente diagnosticada em pacientes com imunodepressão celular, como os soropositivos • Nos últimos anos, o ↑ do nº de casos da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) foi acompanhado pelo aumento da incidência de criptococose Doença oportunista com maior morbidade e mortalidade entre os pacientes soropositivos Transmissão • Inalação de esporos do C. neoformans presentes em poeiras contaminadas, levando à infecção primária do sistema respiratório, afetando mais frequentemente a cavidade nasal do que os pulmões • Esse fungo pode disseminar-se sistemicamente por via hematógena ou linfática • A disseminação da infecção e a apresentação do quadro clínico estão intimamente relacionadas ao grau de imunidade do hospedeiro Clínica • Fungo apresenta dermotropismo • Nos casos de criptococose sistêmica as lesões cutâneas são observadas em 10 a 15% dos pacientes • A criptococose cutânea primária pode ocorrer forma mais rara, como resultado da inoculação primária na pele. • Em pacientes soropositivos → a criptococose cutânea generalizada manifesta-se através de lesões múltiplas, predominando como agente etiológico o Cryptococcus neoformans var. neoformans, sorotipo A Diagnóstico • O método mais indicado para o diagnóstico é a pesquisa do antígeno polissacarídeo circulante no soro e líquor através da prova de látex Alta sensibilidade e especificidade Diagnóstico • A detecção de antígenos específicos dessa levedura também pode ser obtida pela técnica imunoenzimática ELISA • O diagnóstico auxiliar: prova intradérmica de leitura tardia utilizando a criptococcina Diagnóstico • O diagnóstico definitivo é baseado na identificação do agente por citologia e cultura do exsudato nasal, fluido cerebrospinal e tecidos como pele, unhas e nodos linfáticos, ou através de exame histopatológico • Exame micológico direto com “tinta da China” (nanquim) → formas encapsuladas e em gemulação típicas de Cryptococcus sp. Tratamento • Indivíduos imunocompotentes e imunocomprometidos: anfotericina B em associação com a 5-flucitosna, em infecções disseminadas • Ou fluconazol e itraconazol, como alternativa para o tratamento de infecções cutâneas • A resistência a drogas, como o fluconazol, é possível principalmente durante tratamentos supressivos prolongados como nos casos de meningite por C. neoformans Relato de não melhora clínica e micológica de paciente soropositivo apresentando meningite por Cryptococcus neoformans após tratamento de manutenção com fluconazol Aspergillus • Infecções na pele, olhos, orelhas, pulmões • Agente: Aspergillus fumigatus Aspergillus • Características: • Não são fungos dimórficos • Apenas fungos filamentosos • Hifa septada que formam ramificações em forma de V (dicotômicas) • Conídios formam cadeias radiais Esporos de Aspergillus formam-se radialmente em colunas Hifa septada em forma de V Transmissão • Vegetais em decomposição • Transmissão: conídios presentes no ar Patogênese e achados clínicos • Coloniza e invade regiões danificadas da pele, feridas, queimaduras, córnea, orelha externa e seios paranasais • Causa mais comum de sinusite fúngica • Imunocomprometidos: invasão de pulmões e outros órgãos Diagnóstico Laboratorial • Amostras de biópsias: hifas ramificadas e septadas invadindo o tecido • Culturas: colônias com cadeia de conídios dispostas radialmente Tratamento e prevenção • Voriconazol ou anfotericina B Mucormicose • Também conhecida por zigomicose • Infecção rara, mas altamente invasiva, causada por fungos da ordem Mucorales (gêneros Rhizopus, Mucor, Rhizomucor, Absidia, Apophysomyces, Saksenaea, Cunninghamella, Cokeromyces e Syncephalastrum) • Esse tipo de infecção é usualmente associado a doenças hematológicas, cetoacidose diabética e transplante de órgãos Epidemiologia • Depois da aspergilose e da candidose, a mucormicose é a terceira infecção fúngica invasiva mais comum, representando 8,3-13,0% de todas as infecções fúngicas encontradas em autópsias de pacientes hematológicos Apresentação clínica Clínica • O curso clínico da doença e a evolução costumam ser fulminantes, devido ao crescimento rápido do fungo e a destruição paralela dos tecidos, o que demanda diagnóstico precoce e pronto tratamento clínico e cirúrgico • A maioria dos casos ocorre em pacientes leucêmicos • Principal manifestação descrita da micose no Brasil: mucormicose rinocerebral (paciente é diabético com cetoacidose) Clínica • As manifestações clínicas são inespecíficas: tosse, febre (> 38°C), dispneia, produção de escarro, perda de peso, hemoptise e/ou dor torácica Diagnóstico • O diagnóstico é feito através da correlação entre os exames micológicos, exames histopatológicos e manifestações clínicas • Tomografia e RMN • Histopatologia: a invasão no tecido por hifas pode ser vista por microscopia pelo método de Grocott e é essencial para estabelecer o diagnóstico. Entretanto, para isso, é necessário dominar o conhecimento da apresentação tecidual dos fungos filamentosos Método de Grocott • É a melhor técnica para visualização de fungos em tecidos fixados em formol e incluídos em parafina • Trata-se de uma impregnação pela prata (solução de metenamina- prata) que destaca a parede celular dos fungos em cores que vão do amarelo-ouro ao negro, dependendo do tempo de impregnação. O tecido em volta não se cora ou aparece pálido, e podeser contracorado para melhor localização dos parasitas em relação às células Diagnóstico • Na zigomicose, o cultivo é imprescindível para a acurada caracterização etiológica, uma vez que a microscopia só identifica a classe fúngica • Os agentes de zigomicose têm crescimento rápido e são identificados pelo aspecto de esporangióforos, rizoides, apresentando termotolerância Diagnóstico • Exame direto: 1. Material: curetagem ou em aspirado do material do nariz na doença rinocerebral; podem ser encontrados no escarro, no aspirado brônquico e na biópsia transbrônquica na doença pulmonar 2. Aspectos microscópicos: hifas largas, esparsamente septadas e ramificadas em ângulo de 90°, através de uma montagem do material com hidróxido de potássio com tinta Parker ou branco de calcoflúor Diagnóstico • Métodos de cultivo: • Os zigomicetos crescem em meios padrões de laboratório em 12-18 h após o inóculo da amostra, com maturação das colônias em 4 dias, formando colônias cotonosas de coloração cinza a marrom Diagnóstico • Métodos de cultivo: • Estabelecer o diagnóstico evidenciando apenas o cultivo é difícil. As espécies patogênicas dos zigomicetos são constantes do ambiente, são contaminantes da pele e da saliva e crescem em quase todos os substratos orgânicos • Um melhor isolamento do fungo é obtido através da inoculação desses fragmentos em uma fatia de pão esterilizado e umedecido, devido à acentuada habilidade sacarolítica que esses fungos possuem • Secreção, raspado e material de biópsia podem ser inoculados em ágar malte, ágar batata ou ágar Sabouraud e incubados a 25°C ou 30°C. Diagnóstico • Métodos de cultivo: • O meio de cultivo deve conter antibióticos para espécimes potencialmente contaminados • Entretanto, estão contraindicados meios que contenham ciclo- heximida (Mycosel ou Mycobiotic), devido à sensibilidade dos zigomicetos a essa substância Tratamento • O diagnóstico precoce, o pronto início do uso de antifúngicos, a correção do distúrbio metabólico ou a reversão da neutropenia são fundamentais para o sucesso terapêutico • O tratamento de escolha: anfotericina B (1,0-1,5 mg/kg/dia) • Os antifúngicos azólicos não têm atividade comprovada na zigomicose, mas a terapia oral com posaconazol parece ser promissora em pacientes com doenças hematológicas malignas, submetidos a transplante de células tronco e naqueles com zigomicose refratária ao tratamento convencional
Compartilhar