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Diagramação- Giovana Garcia - 7 sem

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QUER 
SABER 
O QUE 
QUEREMOS?
Por Marli Gonçalves
Respeito. Em primeiro 
lugar, respeito. Antes de tudo 
o mais que se possa estar pen-
sando para comemorar o Dia 
da Mulher, nos presenteiem 
com respeito, que é isso que 
mais está faltando para en-
tender a dimensão e a reali-
dade da condição feminina. 
A lista do que nós, mulhe-
res, queremos e precisamos é 
longa, não está em nenhuma 
loja, e começa por entender 
que não estamos brincan-
do quando falamos em bus-
ca de, no mínimo, igualda-
de, que já não é sem tempo.
Desarme-se. Pronto? Posso 
falar? Me deem um pouco de 
sua atenção, todos aí do outro 
lado desse texto? Senhores 
e senhoras, meninos e meni-
nas. As mulheres já fizeram 
grandes avanços, e a luta por 
igualdade e conquistas hoje 
alcança outro patamar, mais 
complexo, muito mais ligado 
ao comportamento e cultura. 
Os espaços cada vez mais 
ocupados. Isso, sem dúvida, 
certamente acarretou e traz 
confusão entre valores, en-
volvendo sexo e a questão 
de gênero. Mas é hora de se-
guir adiante, por todos nós.
Têm acompanhado o noti-
ciário que todo dia fala so-
bre a morte violenta de uma 
ou mais mulheres por seus 
companheiros ou ex-compa-
nheiros? Pois esse número é 
muito maior do que as que 
viram “notícia”. Têm sabi-
do das que ficarão aleijadas 
para sempre por conta de 
ataques? Aleijadas, inclusive 
moralmente, porque a vio-
lência deixa sequelas e não 
só na pessoa atingida, mas 
em todos à sua volta. Em 
todos nós, envergonhados.
Ah! Não gosta da palavra 
feminicídio? Acha que é in-
venção da imprensa? Não 
é: trata exclusivamente da 
violência, o ódio, que atinge 
mortalmente a mulher, e ape-
nas pela sua condição de ser 
uma mulher. Definição im-
portante, porque foi só a par-
tir de muita luta que se con-
seguiu chamar a atenção para 
esse problema tão grave. Pelo 
menos agora estão medindo, 
pesquisando, dando atenção, 
inclusive, ano após ano, re-
velando que os índices estão, 
na verdade, piorando. É pre-
ciso fazer alguma coisa para 
mudar. Já somos o quinto 
país do mundo mais violen-
to contra a mulher, e isso não 
é para se orgulhar, mas para 
corar. Não gosta da palavra 
feminicídio? Tá bom, use ou-
tra: assassinato de mulheres.
“Têm acompanhado o notici-
ário que todo dia fala sobre a 
morte violenta de uma ou mais 
mulheres por seus companhei-
ros ou ex-companheiros?”
 
Outra: mulheres agredidas 
e que não prestaram quei-
xa não é porque gostam de 
apanhar. Mas porque têm 
“ O feminismo é 
sério, amplo; não é 
coisa só de mulher. 
É movimento de 
toda a sociedade...”
medo, muito medo. Por não 
confiar – e com certa razão – 
nas autoridades que deveriam 
protegê-las. Várias, desse rio 
de sangue e horror, estavam 
sob medidas protetivas, mas 
quem as cumpre? Essa polícia 
que muitas vezes não aceita 
nem que se registre um bole-
tim de ocorrência, esses juízes 
que liberam os agressores em 
poucas horas, porque eles vão 
lá e se dizem arrependidos?
A realidade é que ainda se tei-
ma em não admitir que a mu-
lher ainda é tratada de forma di-
ferente, como se menor fosse, 
e não só dentro de sua própria 
casa, mas na rua, no trabalho, 
na política, na lei, na sociedade.
Chega a ser vergonhosa a mí-
nima participação na política 
nacional, só com algumas elei-
tas, muitas delas apenas desa-
justadas, justamente por nega-
rem sua condição para chegar 
até ali. Vemos ainda a crimi-
nosa utilização das cotas parti-
dárias em candidaturas fantas-
mas de mulheres apenas para 
a obtenção de recursos, apenas 
mais um dos assuntos atuais e 
cavernosos do país que trata 
tão mal a parcela que é mais 
da metade de sua população.
Por que ainda tantos e tantas de 
vocês não admitem, parecem 
não ter noção do desgaste que é 
todo dia ter de se reafirmar, sé-
culo após século, ano após ano, 
dia após dia, suportando retro-
cessos ideológicos, a ignorân-
cia e as pedras no caminho?
“A realidade é que ainda se tei-
ma em não admitir que a mu-
lher ainda é tratada de forma di-
ferente, como se menor fosse.”
É preciso garantir a liber-
dade de denunciar, de exi-
gir respeito e chamar a aten-
ção para o que é tão urgente.
Respeito. Respeite. É essa a 
noção básica do feminismo. 
Precisamos todos também fa-
lar sobre isso: o feminismo é 
sério, amplo; não é coisa só 
de mulher. É movimento de 
toda a sociedade que não se 
desenvolverá sem que se te-
nha noção da importância da 
igualdade de condições, e que 
se manifeste e esteja presente 
em todos os grandes temas.
Percebo, sim, aqui do meu 
posto de observação, que a 
coisa está tão confusa que até 
uma luta política tão impor-
tante como essa esteja infe-
lizmente virando clichê. Virando 
qualquer coisa, sendo ridiculariza-
da. Tudo baseado apenas em pa-
lavras vazias, grosseiras e men-
tirosas que só parecem pretender 
manter as mulheres acuadas e ca-
ladas. Repito, desistam. Não adian-
ta. Precisamos todos nos acertar.
Chamo a sua atenção. Respeito. 
Nos dê – a todos – esse presente, 
bem simples, aproveitando o Dia 
da Mulher, que foi para isso que foi 
criado, para que se pense mais seria-
mente. É só o que queremos: respei-
to. A partir daí virá a consideração.
Marli Gonçalves é Jornalista formada pela 
FAAP, em 1979. Diretora da Brickman-
n&Associados Comunicação, B&A. Tem 
40 anos de atuação na profissão, com pas-
sagens por vários veículos, entre eles Jornal 
da Tarde, Rádio Eldorado e revista Veja.

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