uso da polpa citrica na dieta de ruminantes

U N I VE R S I D A D E PR E S I D E N TE A N T Ô N I O CA R LOS JÚ LIA B A R R O S D E SOUS A M A R I A N A VE N T U R INI M A R T I N S FE R N A N D ES T H A ÍSS A FR EIRE DIA S LU C AS B EN E F Í C IO S DA P O LP A C Í T R I C A NA D I E T A DE R U MI N A N T E S : R ev i s ão de Lit eratura T r aba l h o apresen t a do ao prof essor Fern an do T ei xei ra G omes como r equ i si to pa r ci al para a con cl u são d a di sci pl i n a B i oqu í mi ca Ap l i cada, do cu rso de Medi ci n a Vet erin ári a da U n i ve r si dade Presi den te An t ôni o C arlos . Ju i z de For a 201 9 1. Int rodu ção O s bai xo s ín di ces d e produ tivi da de n o campo com prom etem o desempenho an i m al , por i sso, se fa z n ecessá r i o opt ar por u m produ to q u e apresen ta b ai xo cu st o e garan ta produ ti vi dade ao lon go do an o. O u so de al i men t os a l t e r n a t i vo s n ã o con ven ci o nai s vem despe r t an do o i n ter esse dos produ tor e s e i n cen tivado pel a i n d ú str i a e órgãos govern amen tai s devi d o a qu estões ambi en t ai s e con si deraçõ e s econ ômica s. E st es su bprodu t o s pod em se r u sados n a al i men tação de r u m i n a nt e s porqu e est es an i mais apr esen tam a capaci da de d e con vert er a l i m en t os qu e seri am i m próprios para ou t ras espéci e s em f on t e de en ergia e con seq u en tem en t e em produ tos de al t a qu al i d ade como l ei te e car n e . En tr e os su b produ tos de i n ter e sse p ara u so n a su pl e m en t a ção, exi st e a pol p a cí t rica (PC ), proven i en te de cascas, se m en t e s e baga ço de l aran ja. D e poi s q u e a f ru t a é su bmet i da à e xt ração de su co, p ode ser u sa da n a al i men tação de r u mi n an tes por forn ece r en e r gi a para an i mais em cr esci men to ou l a ct a ção, alé m de au men tar o con su m o por possu i r u ma porção f i brosa de al ta di gestib i l i dade. A PC é compost a por pectin a, u m carboid r ato n ã o f i broso (C N F) rapi damen te ab sor vi do pel o t rat oga st roi n test i n al . A i n cl u são de CNF na di eta dos ru min a n tes t em como pr i n ci p al f u n ção servir como f on te de en ergi a , au m en t an do a produ tivi da de, já qu e , se r á u til i zado p el as ba ct é r i as p r esen t es n o r ú m en l e van d o a p r odu ção f i n al de ácid os graxos vol átei s qu e ser ão con vert i do s e m en ergia e pr oteí n a microbi an a ( T i gre, 201 2). 2. Obj e t i vo O objet i vo d est a revisã o é abordar br evemen te as prin ci pa i s ca r acter íst i ca s n u t rici on a i s da pol pa cí tr i ca, bem como seu processamen to e u til i zaçã o na al i men t ação de ru min an tes, destacan do o s p r i n ci p ai s b en e f í ci os para estes. 3. Mét od os Procede u -se a u ma revisã o da li ter a t u ra ci en tí f i ca por mei o de bu sca de art i go s de ban cos ele t rôn i co s tai s q u ai s Pu bmed, LQ E S, S ci el o e Googl e A cad êmico e em en dereços el et rôn i cos gove r n a m en t ai s. F oram sel e ci on a dos a r t i gos ci e n tí f i cos em port u gu esa , pu bl i cado s n o p erí odo de 2000 a 2 019. Foram real i zadas an ál i s e s con ci sas dos art i go s, ab ordan do seu s aspe ct o s rele van tes para el ab oração do presen te estu do. 4. R ev i s ão de Lit e rat u ra 4. 1. O us o da po l pa c í tri ca na d i eta de rumi na ntes A est rat égi a p ara o u so de su bp r odu tos n a al i men tação de ru min a ntes seria em decorr ên ci a do al t o cu sto da ração f a zen d o com qu e estes i n gredi en t es f ossem su b st i tu í dos com a in ten ção de r e du zi r cu stos, sem alter ar o de sempen h o an i mal. R odrig u es et al . ( 200 8), a val i an do o u so da PC n a d i et a de cordei ros em con f i n a m ento, observaram qu e e st e i n g r edi e n te pod e su bstitu i r par ci al o u t o t a l m en t e o mil h o se m i n f l u e n ci ar n as ca r acter íst i cas d a carcaça. G i l avert e et al. ( 201 1), aval i an do o de sempen h o de ovi n o s da raça S an t a I n ês, al i m en t ado s com PC em su b st i tu i ção t o t a l d o mil h o, após u m pe r í odo expe r i men t al de 18 dia s, con cl u ír am q ue est a su b st i tu i ção n ã o af et ou a di g est i bi l i dad e apa r en t e d os n u t rien tes n em o desempen h o an i mal . R odrigu es et al . (2010), observar am qu e h ou ve au men to l i n e a r n a con cen t ração d e áci do l i n ol é i co q u an do h ouve su bstitu i ção tot al do m i l h o pel a PC , est a ele vação t o r n a -se d esej ável por este áci d o gr a xo ser o pr ecu rsor de áci do graxos pol i i n satu r ado s qu e est ão r el a ci on a dos a ativi da des an t i -at erogên i ca, an ti -t rom bó t i ca e an t i -in f l a mat ó r i a, al ém do m en or risco d e doe n ças cardio vascu l a r es, con cl u i nd o q ue a su bst i t u i çã o d o m i l h o por PC n a r ação m o di f i ca a qu an t i dade e o per f i l de l i pídio s do m ú scu l o de cor dei ros, mel h oran d o a qu al i d ade da carcaça ( T i gre, 2012 ) . 4. 2. C aracter í sti ca s N u t ri cionais A pal atabi l i dad e é va r i ável , p oi s el a pode a presen t ar u m sab or a m argo devi d o a l i mon i n a e o u tr os compost os pr esen tes n a s semen tes e n as cascas. E sse f ato pod e r esu l t ar n a d i m i n u i ção da i n g est ão d o al i men to, ca so a p o l pa seja r api d amen t e i n tr o du zi d a, p or i sso é recomen da do u ma i n tr o du çã o p r ogressi va ( H e u zé et al ., 201 1) . Esse i n gredi en te é co n si de r ado u m al i men to en ergético, con tém 7% d e prot eín as e 77 % de n u tr i e n tes di ge st ívei s tot ai s. Ap r esen t a u ma f ração fi b r osa d e alta di gestib i l i dade, con t en do a i n da al to t e or de pe ct i n a, u m carboi drat o de a l t a degradaçã o n o r ú m en qu e a cel era o processo di g est i vo, est i mu l an do o con sum o al i men t ar, t orn an do -se u m e xcel en t e al i men to para pecu ária. P ode ser f orn eci da a part i r da a di çã o da pol pa n a produ ção de si l a gen s, melh oran d o o processo de f erm e n tação. E ssa al ter n ativa di min u i a qu an t i dad e de gr ã os, j á q u e, com a p ol pa, os an i m ai s est ã o receben do gr an de part e da e n ergi a qu e pr eci sam. ( B orges et al , 201 2) . A f i bra e d em ai s f rações d e ca r boi d r at os da p ol pa cí tr i ca d i f erem b ast an t e deste cereal . A com posi çã o brom a t o l ógi ca e a a cei t abi l i da de da pol pa cít rica pel o s a n i ma i s depe n de m d a vari edad e d a l aran j a, da in cl u são de sem en t e s e d a ret i rada ou n ão de ól eos essen ci ai s. Em g er al , a po l pa é caract e r i zada pel a al t a di gestibi l i d ade da m a t é r i a seca, sen do su p erior até a do mi l h o l amin ado e po r possu i r caract e r í st i cas e n ergét i ca s de con cen t rado e f erm en tat i vas r u min ai s de vo l u moso ( Men eg h ett i et al ., 200 8). 4. 3. M etabo l ismo R i ca e m açú cares ( 25 % n a MS), f orn ece en ergia r api d amen t e aos m i cror g an i smos presen tes n o rú men , al ém d i sso, ap r esen t a teor d e amid o redu zi d o , e f i bra a l t a m en t e di gestí vel . A pect i n a, prin ci pal com p on e n te da pol pa cít rica é um carboi drat o e st ru tu r al co m pl exo de al t a e rápi da d egradação ru min al e t em como u n i dad e f orm ad ora o ácid o g al actu r ôn i co. As t axa s de degradação r u min al da p ect i n a variam de 30 a 5 0%/ h ora, e n qu an t o o amido n ã o processado a vap or é d i gerido e m t axas q u e var i am en tr e 1 0 a 20%/ h ora. P or i sso, su a f e r men t ação n o r ú men pr o pi ci a produ çõe s mai ores de acetat o evi t an do qu eda bru sca do p H ru min al , redu zi n d o a aci dose . T ambém h á r e l at os e m qu e a p ol pa cí tr i ca ap r esen t a alto va l or en ergético e boa di gestib i l i dade da fração f i brosa , p roporci on a n do mel h or pa d rão de f erm e n taçã o r u m i n al qu an do com p arada ao mil h o, de vi do ao men o r con teú do d e amido e m ai or con cen tr a ção de pe ct i n as. A l ém di sso, pode al t erar a m i crobi ot a e os pr od u tos f i na i s da f erm en tação, exercen do e f ei to n a produ ção de áci do l i n o l éi co co n j uga do p el a popu l açã o mi cr obi a n a r u mi n al (T i gre, 2014) . 4. 4. Proc esso de o btençã o da polpa cít ri c a D e aco r do com C h a ves (2014), a obten ção d a pol pa cí tr i ca é f e i t a após du a s pren sage n s, qu e r ed u zem a u mida de a 65 - 75%, com poster i o r secage m a cerca de 100 -116ºC , at é qu e se obten h a 88 -90% de MS possi bi l i tan do a pel e t i za ção e comer ci a l i zação. Para f a ci l i t a r o despren d i m en t o da á gu a e r e du zi r a n atu re z a h i d r of íli ca da pect i n a ( ca r boi drat o p r esen t e em mai or a bu n dân ci a n a pol pa ) , é f ei ta a adi ção de h i d r óxi do ou óxi do de cál ci o an tes das pr en sagen s, à t axa de 0, 3 a 0,6%, o qu e e l eva os t eores de cálci o , e resu l ta em i mpli ca ções n u tr i ci o nai s co m en t adas ma i s à f ren t e. E m médi a, pa r a cada 100 kg de f r u tas f rescas, se o bt ém 7, 3 kg d e pol p a cí t r i ca sem m el aço e ce r ca d e 11,1 kg d a po l pa cí t rica com mela ço. N o r malmen te, o m el aço é ad i ci on a do n as i n dú st rias n aci o n ai s, geran do produ to com al to t e or de açú cares sol ú vei s . 4. 5. Va ntagen s do uso da polpa cít ri c a n a diet a d e rumi n antes A po l pa cít rica p ossu i ben ef í ci os n a di e t a d os ru min an t e s p or apresen tar al t a con cen tr a ção d e pectin a, 22,3% da MS, e moderado t eor de FD N , est i mu l an do a produ ção d e áci d o a cético em d et rimen to à produ ção de áci d o l át i co e di min u i nd o a qu eda do pH ru m i n al , pode n do ser u t i l i zada estr ategi camen t e e m su bst i t u i çã o ao m i l h o com i n t u i to de redu zi r o s riscos de aci do se ru min al , t ambém con t ribu i ndo pa r a o au men to da g or du ra do l e i t e e gan h o de peso . A l ém di sso, a presen ta al t o teor de açú cares, f orn ecen do en e r gi a rapi damen te para os micror gan i smos r u mi na is ( P egoraro et al . , 20 12). 4. 6. Fatores l im i tant es p ara nu tr iç ão A pol p a cí t rica é h i groscópi ca, a bsorven do u mida de do ar, n ão sen d o u m produ to de f áci l arm aze n amen to. O i de al é arm a zen á -la sobre e st rados, en saca da , com mon i tor amen to con st an t e da t emper atu r a. À gran el , é i m port a n te ar mazen ar d e f orm a qu e, caso a t emper atu r a da pi l h a se el eve, seja possí vel movê -la a f i m de r esf ri ar o mat eri al . U ma preocu pa ção em rel ação ao arm a zen a m en t o n as fa zen d a s é a con tam i n a ção por micotoxin as. O u tr o f ator l i mitan te ref ere -se à f ração p r otéica . A prot eín a da pol p a, al ém de redu zi d a em porcen t agem é de bai xa d i gestibi l i d ad e , f i can do abai xo d e 50%. I sto qu er di zer qu e, qu an do o su bp r odu t o é i n tr od u zi d o na di eta, é i mport an t e corr i g i r o n í vel de prot eín a. Se i sso n ão f or f ei to, o dese m pen ho an i m al pode di min u ir caso a p r ot eín a seja o n u t rien t e l i mi t a n te. A con t a m i n ação d a pol pa cí t rica com pestici da s u til i zado s n a cu l tu ra da l aran ja pode ocorr er e a con cen tr a ção resi du a l n a pol pa dep en d e de vários f ator e s como: ca r acter íst i cas qu í mi cas d o compost o e d ose u t i l i za da, ocorr ê n ci a de ch u vas, t empo de apl i cação do pestici da , t empo de co l h ei ta e espéci e s d e ci t ru s cu l tivad os. A pr e sen ça de p est i ci da s n a po l pa cí tr i ca pode ser u m ri sco par a a n i mai s se n ã o f orem r e spei t ado s o s p erí odo s de carên ci a ou se o p r ocessa m en t o n ã o obe decer à s n orm as recom en dada s para t empo e t emper atu r a d e secag em (M en egh ett i et al, 2008 ) . 5. C o nsideraçõe s F i na i s O u so de su bp r odu tos, com o n o ca so, do processamen t o de f ru t as pode l eva r ao b arat ea m en t o do s cu stos de produ ção d os an i mais e men or t empo de produ ção , j á qu e a a l i m en t ação atin ge at é 70 % dos cu st os de st a at i vi dad e. P esqu i sas têm demon str ad o qu e, den t ro de n í vei s apropriad os, a po l pa cí t rica po de su bstit u i r os al i men t os f orr a gei ros e a t é a qu e l es co n cen tr ad os t radi ci on ai s, com o o mil h o e o f arel o de so j a. A i m port â n ci a do con h eci ment o do val or n u tr i ci on al desse al i men t o co m o i n g r edi en te i rá pe r mit i r o em preg o m a i s raci on a l do mesmo em di e t a s pa r a r u mi n an te s . Su a u til i za ção n a a l i m en t ação de ru min an tes p ode ser u ma sol u ção para al gu m a s ameaças de pol u i ção am bi en tal . Assi m, con cl u i -se qu e o a p ol pa cí t rica pode e de ve ser u til i zad a co m o m atér i a - prima al i men tar p ara u so n a pr odu ção an i mal , desde qu e se man t en h a m a t u al i za d o s os con h e ci m entos sob r e su as caract erí sticas brom a t o l ógi cas, ambi en tai s e sa n i tár i a s , vi san do m an ter em n í vei s adequ ados, al é m da vi a bi l i dade eco n ômi ca d e seu u so, a segu ran ça al i m en t ar e am b i e n tal . 6. R eferências B ibl i og ráf i cas Bo r ges AM, Mel o DP , H el l DF . P ol pa C í tr i ca . S an ta T eresa: I n stitu t o F ede r al do Esp í ri t o S an to; 2014 . C h a ves B W, S t e f an el l o FS , B u rin A P R i tt LA, N o r n b erg JL. U til i zaçã o de resí du os i n d i st ri ai s n a di et a de bovi n o s l e i t e i r os. R ev. R ege t . 20 14; 18 : 150 - 6. C r u z S S , Mor ai s A BF , R i bei ro S B , O l i vei ra MG , C ost a M S , F ei t osa CT L. R esí du os de f ru t as n a ali men tação d e ru m i n an tes. R ev. El etr . N u tr i t. 201 3; A r t . 22 2, vol . 10 (06): 2909 - 31. Fran zol i n R, Fran zo l i n M H T , Gomid e C A , Sch al ch E , Si l va JR . E f e i t o s de d i et as co m pol pa cít rica em su bst i t u i ção ao mil h o em grãos n o co n cen tr ad o so bre a degradab i l i dade e a fa u n a r u min al em bu bal i n os. R e v. Bras. Z ootec. 2 000; 29 ( 6 ) : 2109 - 18. M en egh ett i CC , D omi n gu es JL. C a r acter íst i cas n u t rici on a i s e u so de su b produ tos da agroi n dú str i a n a al i men t ação de bo vi n os. R ev. E l etr o n . N u tr i t. 2008; 5 ( 2 ) : 512 - 36. Pe gorar o J, S al em N F M , S an t os JM G , A n dreazzi MA. U so do baga ço da laran ja n a al i men t ação an i mal . *** T i gre JS. U so de pol p a cít ri ca pel e t i za da n a a l i m en t ação de r u min an t es. Rev. Pu bve t . 20 12; 6 (24).

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