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Cursos Online EDUCA www.CursosOnlineEDUCA.com.br Acredite no seu potencial, bons estudos! Curso Gratuito mbiental AAuditoria Carga horária: 60hs 3 Conteúdo: História da Auditoria Ambiental ............................................................................ Pág. 10 Características dos Processos de Auditoria Ambiental ........................................ Pág. 13 Tipos de Auditoria ................................................................................................ Pág. 14 Etapas da Auditoria Ambiental ............................................................................. Pág. 15 Diretrizes para Auditoria Ambiental – Princípios Gerais – NBR ISO 14010 .................. Pág. 17 Diretrizes para Auditoria Ambiental – Procedimentos de Auditoria – Auditoria de Sistemas de Gestão Ambiental – NBR ISO 14011 ......................................... Pág. 20 Diretrizes para Auditoria Ambiental – Critérios de Qualificação para Auditores Ambientais - NBR ISO 14012 ............................................................................... Pág. 27 Planejamento da Auditoria ................................................................................... Pág. 31 Execução da Auditoria Ambiental ........................................................................ Pág. 34 Sistema de Gestão Ambiental .............................................................................. Pág. 39 Auditoria Ambiental e Sustentabilidade ................................................................ Pág. 41 Licença Ambiental ................................................................................................ Pág. 44 Estudo de Impacto de Vizinhança ........................................................................ Pág. 46 Estudo de Impacto Ambiental (Eia) / Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) ..... Pág. 49 Monitoramento Ambiental .................................................................................... Pág. 52 Avaliação Econômica de Recursos e Danos Ambientais ..................................... Pág. 54 Avaliação de Risco Ambiental .............................................................................. Pág. 58 Auditoria de Conformidade Legal ......................................................................... Pág. 59 A Responsabilidade Penal e Civil dos Auditores Ambientais ............................... Pág. 61 Protocolo de Auditoria Ambiental ......................................................................... Pág. 64 Auditoria Ambiental em Foco ............................................................................... Pág. 89 7 CAPÍTULO I – Introdução De acordo com a NBR ISO 14010 (ABNT 1996c), auditoria ambiental é o processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistema de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a estes, estão em conformidade com os critérios de auditoria, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente. Auditoria ambiental: um instrumento para determinar a natureza e a extensão de todas as áreas de impacto ambiental de uma atividade existente. A auditoria identifica e justifica as medidas apropriadas para reduzir as áreas de impacto, estima o custo dessas medidas e recomenda um calendário para a sua implementação. Evolução da Auditoria Ambiental As auditorias originaram-se nos Estados Unidos, onde, na década de 70, foram realizadas voluntariamente. Nos EUA, os requisitos da Securities and Exchange Commission (SEC) exerceram um peso considerável no desenvolvimento de auditorias, utilizadas como técnica. As auditorias consistiam de análises críticas do desempenho ambiental ou de auditorias de conformidade, uma vez que seu objetivo era reduzir os riscos dos investimentos quanto às ações legais, resultantes das operações das empresas. A partir do final da década de 80, as auditorias ambientais se tornaram uma ferramenta comum de gestão nos países desenvolvidos, e é cada vez maior sua aplicação nos países em desenvolvimento, tanto pelas empresas internacionais quanto pelas nacionais. No Brasil, as auditorias ambientais já fazem parte do cotidiano das empresas, seja na busca pela certificação de acordo com a norma NBR ISO 14001, pelo incremento e rigor da legislação ambiental ou pela determinação da realização de auditorias ambientais por alguns Estados, como: 8 Santa Catarina; Paraná; Rio de Janeiro; Espírito Santo; Ceará; e Amapá. O mesmo ocorre para alguns segmentos, em nível federal, como por exemplo: Portos; Terminais marítimos; e Atividades de exploração e produção de petróleo. Existem diferentes aplicações do termo “auditoria ambiental”, de acordo com as necessidades da empresa. As aplicações variam de auditorias únicas a sofisticados programas, que se desenvolvem junto com a gestão empresarial de algumas empresas. Independentemente de qual seja a sua solicitação, se externa ou interna à organização, é possível adequar a auditoria ambiental às reais necessidades da organização. Diferentes tipos de auditoria servem a esse propósito. Os tipos mais comuns de auditoria utilizados pelas empresas são: Auditoria de gestão ambiental; Auditoria de conformidade legal; Auditoria de sistemas gerenciais; Auditoria técnica; Auditoria de processos; Auditoria de risco; Auditoria de desempenho; e Deudiligence (ou de responsabilidade). No mundo de hoje, para acrescentar valor às organizações, a auditoria não se poderá alhear dos problemas ambientais e da qualidade, como tal, o novo conceito de auditoria interna alarga a amplitude da auditoria de gestão. O Instituteo fInternal Auditors (IIA, 1999), define Auditoria Interna como: “Uma atividade independente, de avaliação objetiva e de consultoria, destinada a acrescentar valor e melhorar as operações de uma organização na consecução dos seus objetivos, através de uma abordagem sistemática e disciplinada, na avaliação dos processos da eficácia da gestão de risco, do controle e de governança” (tradução do IIA – Portugal, 1999). Assim, a auditoria ambiental é uma parte da auditoria de gestão, em que o sistema a ser auditado é o ambiente com todos os seus processos, riscos e controles. Este tipo de auditoria não difere significativamente de qualquer outra auditoria interna, ideia que foi reforçada pelo IIA, que se pronunciou 9 relativamente a esta temática e sugeriu que fosse incluída no estatuto ou na declaração de responsabilidade da auditoria interna das organizações, a capacidade da mesma em matéria de gestão ambiental, considerando, além disso, que não se deve prescindir da auditoria interna em nenhuma atividade da gestão. Ao mesmo tempo e desde 2002, o IIA mudou os exames de certificação dos auditores internos, passando a incluir, nos mesmos, matérias ambientais. A auditoria, no domínio das normas internacionais de certificação, quando considerada em sentido lato, assume a mesma perspectiva de horizontalidade e de transversalidade. A auditoria ambiental colhe das auditorias contabilístico-financeiras, operacionais e de conformidade, objetivos, procedimentos, testes e métodos de análise, o que conduz à construção de uma metodologia que permite formar uma opinião e emitir um parecer fundamentado. Os auditores são levados a desenvolver habilidades e competências, em função do grau de responsabilidade e idoneidade de sua função e da emissão de suas opiniões sobre a fidedignidade das informações e dados contidos nas análises.Sá (1998) explica que o profissional necessita cada vez mais utilizar a inteligência emocional, ou seja, usar, conjuntamente, a emoção, a razão e a reflexão, como um instrumento para aprimorar o comportamento ético no trabalho. Sem dúvida, o caráter moral e o profissionalismo de um auditor devem ser inquestionáveis, uma vez que este profissional é um importante apoio no processo de gestão. O auditor necessita procurar desenvolver seu trabalho com a mente aberta e buscar as conclusões em evidências objetivas. Ou seja, o auditor dever manter um comportamento ético adequado às exigências da sociedade. Não basta apenas conhecimento técnico, por melhor que ele seja, mas, sim, é preciso encontrar uma finalidade social superior nos serviços que executa. Por fim, observa-se, de acordo com Vasconcelos e Pereira (2004), que o auditor tem, como qualquer outro profissional, direito e obrigações decorrentes do exercício de sua atividade. Ele tem a obrigação de desenvolver suas tarefas com dedicação e qualidade (responsabilidade funcional), atualizando-se, constantemente, para, cada vez mais, oferecer respostas compatíveis com as necessidades da empresa; tem o dever do cumprimento às normas que regulam o exercício da profissão; tem, ainda, um dever moral para consigo mesmo, com a classe e a sociedade (responsabilidade ética e social). O auditor apresenta, também, a obrigação de manter independência em seus juízos, buscando uma visão verdadeira dos fatos observados, desprovidos de qualquer interesse particular. 10 CAPÍTULO II - História da Auditoria Ambiental A auditoria ambiental surgiu nos Estados Unidos, no final da década de 70, com o objetivo principal de verificar o cumprimento da legislação. Ela era vista pelas empresas norte-americanas como uma ferramenta de gerenciamento, utilizada para identificar, de forma antecipada, os problemas provocados por suas operações. Essas empresas consideravam a auditoria ambiental como um meio de minimizar os custos envolvidos com reparos, reorganizações, saúde e reivindicações. Muitas empresas aplicavam a auditoria para se prepararem para inspeções da Environmental Protection Agency (EPA) e para melhorar suas relações com aquele órgão governamental. O papel da EPA, em relação às auditorias ambientais, tem-se alterado com o passar do tempo: 1980 - requerida a implantação de programas de auditoria ambiental a qualquer empresa que causasse danos ao meio ambiente; 1981–passou a encarar a auditoria ambiental como de utilização voluntária por parte das empresas e as incentivava a adotá-la, fornecendo, em contrapartida, por exemplo, a agilização de processos de pedidos de licença e a diminuição no número de visitas de fiscalização; 1982 – assumiu o papel de incentivadora de auditorias voluntárias, sem conceder benefícios, e de fornecedora de assistência a programas de auditoria ambiental. Na Europa, a auditoria ambiental começou a ser utilizada na Holanda, em 1985, em filiais de empresa norte-americanas, por influência de suas matrizes. Em seguida, em outros países da Europa, a prática da auditoria passou a ser disseminada em países como Reino Unido, Noruega e Suécia, também por influência de matrizes americanas. É na Europa, em 1992, no Reino Unido, que surgiu a primeira norma de sistema de gestão ambiental, a BS 7750 (BSI, 1994), baseada na BS 5770 11 de sistema de gestão da qualidade, onde a auditoria ambiental encontra-se ali normalizada. Na sequência, outros países, como, por exemplo, França e Espanha, também apresentam suas normas de sistema de gestão ambiental e de auditoria ambiental. No Brasil, a auditoria ambiental surgiu, pela primeira vez, por meio de legislação, no início da década de 90, quando da publicação de diplomas legais sobre o tema, citados a seguir: Lei nº. 790, de 5/11/91, do Município de Santos/SP; Lei nº. 1.899, de 16/11/91, do Estado do Rio de Janeiro; Lei nº. 10.627, de 16/ 01/92, do Estado de Minas Gerais; Lei nº. 4.802, de 2/8/93, do Estado do Espírito Santo; Projeto de Lei Federal nº. 3.160, de 26/8/92; Anteprojeto de Lei, do Estado de São Paulo. Internacionalmente, a auditoria ambiental sobre uma base normalizada, começou a ser discutida em 1991, com a criação do Strategic Advisory Groupon Environment (SEGA), no âmbito da ISSO. A discussão se amplia mundialmente, em 1994, com a divulgação dos projetos de norma dentro da série ISO 14000. Em 1996, tais projetos de norma são alcançados à categoria de normas internacionais, sendo adotadas pelos países participantes da ISO. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) apresentou, em dezembro de 1996, as NBR ISO 14010, 14011 e 14012, referentes à auditoria ambiental. Segundo a EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos), em 1996, a auditoria ambiental foi definida como sendo uma revisão sistemática, documentada periódica e objetivamente, por parte das entidades reguladas, sobre as práticas e operações de suas instalações, relativas aos requisitos ambientais. Neste mesmo período, a Câmara de Comércio Internacional expõe, em sua definição, como sendo um instrumento de gestão que abrange uma avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva de como a organização, a gestão e o equipamento ambiental estão a atuar, com o objetivo de ajudar a salva guardar o ambiente: I. Facilitando o controle administrativo; e II. Estabelecendo a concordância com as políticas da companhia, o que incluiria ir ao encontro das exigências regulamentadas. Auditoria ambiental é uma atividade orientada para verificar o desempenho da empresa. Realiza verificações, avaliações e estudos destinados a determinar os níveis efetivos ou potenciais de poluição ou de degradação ambiental provocados por suas atividades. Por exemplo: 12 Fontes de poluição e medidas de controle e prevenção; Uso de energia e água e medidas de economia; Processos de produção e distribuição; Pesquisas e desenvolvimentos de produtos; Uso, armazenagem, manuseio e transporte de produtos controlados; Subprodutos e desperdícios; Estações de tratamento de águas residuárias (esgoto); Sítios contaminados; Reformas e manutenções de prédios e instalações; Panes, acidentes e medidas de emergência e mitigação; Saúde ocupacional e segurança do trabalho; As condições de operação; Manutenção dos equipamentos; Sistemas de controle de poluição; As medidas a serem adotadas para restaurar o meio ambiente; Proteger a saúde humana; Capacitação dos responsáveis pela operação e manutenção dos sistemas, rotinas e instalações; e Equipamentos de proteção ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores. Quando levada a sério, a auditoria pode auxiliar na melhoria da performance da empresa. 13 CAPÍTULO III - Características dos Processos de Auditoria Ambiental A auditoria ambiental pode ser restrita a um determinado campo de trabalho ou pode ser ampla, inclusive, abrangendo aspectos operacionais, de decisão e controle. São características dos processos de auditoria ambiental: Objetivos bem definidos; Limitação dos objetivos; Treinamento; Experiência; Habilidade; Suporte gerencial. 14 CAPÍTULO IV - Tipos de Auditoria Auditoria de Conformidade Legal: Avalia a adequação à legislação; Auditoria de Desempenho Ambiental: Avalia a conformidade com a legislação, regulamentos e indicadoressetoriais; Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental: Avalia o cumprimento dos princípios do Sistema de Gestão Ambiental, adequação e eficácia desse sistema; Auditoria de Certificação: Avalia a conformidade com os princípios da norma certificadora; Auditoria de Descomissionamento: Avalia os danos ao entorno pela desativação da unidade produtiva; Auditoria de Sítios: Avalia o estágio de contaminação de um local; Auditoria Pontual: Avalia a otimização dos recursos no processo produtivo; Auditoria de Responsabilidade: Avalia o passivo ambiental da empresa; Auditoria ambiental de acompanhamento: Verifica se as condições de certificação continuam sendo cumpridas; Auditoria ambiental de verificação de correções ou follow-up: Verifica se as não conformidades foram corrigidas; Auditoria compulsória: Visa cumprir exigência legal referente à realização de auditoria ambiental. 15 CAPÍTULO V - Etapas da Auditoria Ambiental As três normas relativas à auditoria ambiental, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que consistem em traduções das normas da International Organization for Standardization (ISSO), são: NBR ISO 14010; NBR ISO 14011; e NBR ISO 14012. A maioria dos autores consideram apenas três etapas: Preparação ou pré-auditoria; Instalação ou atividade de campo (auditoria propriamente dita); e Atividade de pós-auditoria ou registro das constatações/ relatório. Inicialmente, são estabelecidos os objetivos determinados pelos auditados, delimitam-se o campo de atuação e de realização, o objeto a ser auditado e o período de sua realização (escopo). A partir dos objetivos e escopo, estabelecem-se os critérios correspondentes às políticas, práticas, procedimentos ou regulamentos (legais ou organizacionais) para a coleta de evidências da auditoria. PRÉ-AUDITORIA São determinados os recursos humanos, físicos e financeiros a serem utilizados. Para a realização do planejamento, os auditores deverão considerar as informações sobre controles internos e analisar o ambiente de trabalho. 16 AUDITORIA Nessa fase, inicia-se a coleta, análise e avaliação das evidências, que serão antecedidas de reunião para apresentação da equipe e do plano, estabelecidos preliminarmente, aos auditados. Os procedimentos adotados, durante essa fase, incluirão a análise de documentos, observação das atividades da empresa e entrevista. PÓS – AUDITORIA Inclui a apresentação dos resultados de maneira formal e escrita, datada e assinada pelo auditor líder. Medidas corretivas deverão ser apresentadas com base nas conclusões da auditoria e com classificação de acordo com sua relevância, no caso de inserção da auditoria em programa ou sistema de gestão ambiental empresarial. PROCESSO DE AUDITORIA AMBIENTAL PRÉ-AUDITORIA - Unidade auditada; - Equipe/ auditor líder; - Objetivos e extensão; - Objeto/ período; - Critérios; - Seleção de documentos; - Recursos humanos e físicos; - Plano de auditoria; - Definição de atribuições. AUDITORIA - Reunião de abertura; - Observação de controles; - Coleta de evidências; - Análise de indícios; - Avaliação; - Conclusão. PÓS-AUDITORIA - Revisão; - Relatório final; - Medidas corretivas. 17 CAPÍTULO VI - Diretrizes para Auditoria Ambiental – Princípios Gerais – NBR ISO 14010 Essa norma estabelece os princípios gerais aplicáveis a todos os tipos de auditoria ambiental. Está estruturada em três grandes temas: Definições; Requisitos; Princípios gerais. TERMOS DEFINIÇÕES Conclusão de auditoria É o julgamento ou parecer. Critérios de auditoria São os requisitos aos quais são comparadas as evidências da auditoria. Evidências de auditoria São as informações verificáveis, registros ou declarações. Constatações de auditoria São os resultados da avaliação comparativa entre as evidências e os critérios. Equipe de auditoria É o grupo de auditores ou um único auditor. Auditado É o que se submete à auditoria. Auditor ambiental É o que realiza a auditoria. Cliente É o que solicita a auditoria. Auditoria Ambiental É o processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistema de gestão e condições ambientais específicas ou informações relacionadas com os critérios de auditoria, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente. Auditor-líder ambiental É a pessoa qualificada para gerenciar e executar auditorias ambientais. Exemplo do critério de qualificação encontra-se na NBR ISSO 14012. Organização É a empresa de qualquer tipo que tenha funções e estrutura administrativa próprias. 18 Objeto de auditoria É a atividade, o evento, o sistema de gestão e as condições ambientais especificados e/ou informações relacionadas a este. Especialista técnico É o que subsidia tecnicamente a auditoria, mas não participa como auditor. A NBR ISO 14010 recomenda, como requisitos para a realização de uma auditoria ambiental: Que o objeto enfocado para ser auditado e os responsáveis por tal objeto devem estar claramente definidos e documentados; Que a auditoria só é realizada se o auditor-líder estiver convencido da existência de informações suficientes e apropriadas, de recursos adequados de apoio ao processo de auditoria e de cooperação ao auditado. PRINCÍPIOS GERAIS Tema Recomendações Definição dos objetivos e escopo da auditoria Os objetivos da auditoria devem ser definidos pelo cliente e o escopo da auditoria pelo auditor- líder, para atender aos objetivos do cliente. Os objetivos e escopo da auditoria devem ser comunicados ao auditado, antes da realização da auditoria. Objetividade, Independência e competência Os membros da equipe de auditoria devem ser livres de preconceitos e conflitos de interesse, independentes das atividades por eles auditadas, e devem ter conhecimento, habilidade e experiência para realizar a auditoria. Profissionalismo As relações auditor/cliente devem ser caracterizadas por confidencialidade e discrição. Salvo quando exigido por lei, é recomendado que informações, documentos e relatório final da auditoria não sejam divulgados sem autorização do cliente e, conforme o caso, sem autorização do auditado. Procedimentos sistemáticos A realização da auditoria deve seguir diretrizes desenvolvidas para o tipo apropriado de auditoria ambiental. No caso da auditoria de SGA, a norma remete para a NBR ISO 14011. Critérios, evidências e constatações Os critérios de auditoria devem ser definidos entre auditor e cliente, com posterior comunicação ao auditado; evidências devem ser obtidas a partir da coleta, análise, 19 interpretação e documentação de informações; e as evidências obtidas devem permitir que auditores ambientais, trabalhando independentemente entre si, cheguem a constatações similares. Confiabilidade das constatações e conclusões de auditoria As constatações e conclusões da auditoria devem possuir nível desejável de confiabilidade, devem ser deixadas claras as limitações/incertezas de evidências coletadas. Relatório de auditoria O relatório de auditoria deve conter itens, como: identificações; objetivos e escopo da auditoria; critérios da auditoria; período e datas; equipe de auditoria; identificação dos entrevistadosna auditoria; resumo do processo de auditoria, incluindo obstáculos encontrados; conclusões; declaração de confidencialidade; e identificação das pessoas que recebem o relatório. É recomendado que o auditor-líder, em acordo com o cliente, determine quais os itens que constarão do relatório. Em nota, a norma indica que é responsabilidade do cliente ou do auditado a determinação de ações corretivas; entretanto, se previamente acordado com o cliente, o auditor pode apresentar recomendações no relatório. 20 CAPÍTULO VII - Diretrizes para Auditoria Ambiental – Procedimentos de Auditoria – Auditoria de Sistemas de Gestão Ambiental – NBR ISO 14011 Essa norma estabelece procedimentos para condução, especificamente, de auditorias de Sistema de Gestão Ambiental. Está estruturada em quatro temas: Definições; Objetivos; Funções; Responsabilidades da auditoria do sistema de gestão ambiental. A NBR ISO 14011 apresenta definições para três termos, quais sejam: 1. Sistema de gestão ambiental. É citada a definição existente na NBR ISO 14001; 2. Auditoria do sistema de gestão ambiental. “Processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se o sistema de gestão ambiental de uma organização está em conformidade com os critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente.” 3. Critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental. Que são os requisitos da NBR ISO 14001 e, se aplicável, qualquer outro requisito adicional. Quanto aos objetivos, funções e responsabilidades da auditoria do sistema de gestão ambiental, essa norma apresenta recomendações referentes à auditoria em si e às pessoas que participam do processo (auditor-líder, auditor, cliente e auditado), que constituem diretrizes para a auditoria ambiental. 21 Tema Recomendações Auditoria A auditoria deve ter seus objetivos definidos, tais como: • determinar a conformidade ao SGA do auditado aos critérios de auditoria de SGA; • determinar a adequação da implementação e manutenção do SGA; • identificar áreas de potenciais melhorias do SGA; avaliar a capacidade do processo interno de análise crítica; e • avaliar o SGA de uma empresa que vise o estabelecimento de relação contratual com outra empresa. Auditor-líder O auditor-líder tem como função assegurar a eficiente e eficaz execução e conclusão da auditoria. É de sua responsabilidade: • definir junto ao cliente o escopo da auditoria; • obter informações fundamentais; • determinar se os requisitos necessários para realização de uma auditoria foram atendidos; • formar a equipe de auditoria; • conduzir a auditoria de acordo com as normas NBR ISO 14010 e 14011; • elaborar o plano de auditoria; • comunicar o plano a todos os envolvidos; • coordenar a preparação da documentação de trabalho e instruir a equipe; • solucionar problemas surgidos; • reconhecer objetivos inatingíveis e relatar as razões ao cliente e ao auditado; • representar a equipe em discussões; • notificar imediatamente o auditado em casos de não- conformidades críticas; • relatar os resultados da auditoria de forma clara, conclusiva e dentro do prazo acordado; e • fazer recomendações para melhoria do SGA, se estiver no escopo da auditoria. 22 Auditor O auditor deve ser objetivo, eficaz e eficiente para realizar a sua tarefa e tem como responsabilidades: • seguir instruções do auditor-líder; • apoiar o auditor-líder; • coletar e analisar evidências de auditoria relevantes e em quantidade suficiente para chegar às conclusões da auditoria; • preparar documentos de trabalho; • documentar cada constatação da auditoria; • resguardar os documentos da auditoria; e • auxiliar na redação do relatório de auditoria. Cliente O cliente tem como responsabilidades: • determinar a necessidade da realização de uma auditoria; • contatar o auditado; definir os objetivos da auditoria; • selecionar o auditor-líder ou a organização de auditoria e, se apropriado, avaliar os elementos da equipe de auditoria; • prover recursos para realização da auditoria; • manter entendimento com o auditor-líder para definição do escopo da auditoria; • avaliar os critérios de auditoria e o plano de auditoria; e • receber o relatório de auditoria e definir sua distribuição. Auditado O auditado deve receber uma cópia do relatório de auditoria, salvo ser for excluído pelo cliente, e tem como responsabilidades: • informar aos funcionários da organização sobre a auditoria; • prover os recursos necessários para a realização da auditoria; • designar funcionários para acompanhar como guias à equipe de auditoria; • prover acesso às instalações, ao pessoal, às informações e aos registros; e • cooperar com a equipe de auditoria para atingir os objetivos propostos. De acordo com a NBR ISO 14011 (ABNT, 1996d),existem quatro etapas no processo de auditoria do sistema de gestão ambiental, quais sejam: Etapa 1 (início da auditoria); Etapa 2 (preparação da auditoria); Etapa 3 (execução da auditoria); Etapa 4 (elaboração do relatório de auditoria). 23 A norma descreve procedimentos para cada uma dessas etapas, que são apresentados nos quadros abaixo: Etapa Atividade Recomendação 1ª. Início da Auditoria Definir o escopo da auditoria • o auditor-líder e o cliente devem definir o escopo da auditoria (descrição da localização física e das atividades da organização); • o auditado deve ser consultado; e • os recursos necessários para atender ao escopo devem ser suficientes. Realizar e analisar a crítica preliminar da documentação • a análise deve ser realizada pelo auditor- líder; e • devem ser solicitadas, se necessário, informações suplementares. 2ª. Preparação da auditoria Elaborar o plano de auditoria • o plano de auditoria deve ser elaborado pelo auditor-líder; • o cliente deve avaliar o plano de auditoria; • o plano deve ser flexível para poder sofrer eventuais alterações; • o plano deve incluir: . objetivos e escopo da auditoria; . critérios de auditoria; . identificação das unidades auditadas; . identificação dos funcionários da unidade que tenham responsabilidade direta com o SGA; . identificação dos elementos do SGA prioritários; . procedimentos de auditoria; . identificação de idiomas, dos documentos de referência, da época e da duração previstas, das datas e dos locais e dos membros da equipe de auditoria; . programa de reuniões; . requisitos de confiabilidade; . conteúdo e formato do relatório de auditoria e data prevista de sua emissão; e . requisitos de retenção de documentos. Atribuir as funções/ atividades aos membros da equipe de auditoria •a atribuição deve ser feita pelo auditor-líder, em entendimento com os membros da equipe; e •o auditor-líder deve fornecer instruções sobre o procedimento da auditoria. • os documentos de trabalho podem consistir 24 Preparar os documentos de trabalho em formulários para documentar evidências e constatações da auditoria, listas de verificação para avaliar os elementos do SGA e atas de reuniões; • os documentos devem ser arquivados até o encerramento da auditoria; e • os documentos com informações confidenciais ou privativas devem ser adequadamente resguardados pela equipede auditoria. 3ª. Execução da auditoria Realizar a reunião de abertura • apresentação dos membros da equipe; revisão do escopo, dos objetivos e do plano de auditoria e ratificação do calendário de auditoria; apresentação do método de trabalho e dos procedimentos; estabelecimentos de canais formais de comunicação; confirmação da existência de condições para realização da auditoria; confirmação da data e do horário da reunião de encerramento; promoção da participação efetiva do auditado; e revisão dos procedimentos de emergência e segurança para a equipe de auditoria. Coletar as evidências • as evidências devem ser coletadas por meio de entrevistas, exame de documentos e observação de atividades e situações, em quantidade suficiente para se determinar a conformidade do SGA do auditado em relação aos critérios de auditoria. As não- conformidades devem ser registradas e as informações obtidas por meio de entrevistas devem ser verificadas, executando-se observações, registros e medições, sendo as declarações não-verificáveis identificadas. Analisar as evidências • as evidências devem ser analisadas criticamente em comparação aos critérios. O gerente responsável do auditado deve analisar as constatações de não- conformidade. As conformidades podem ser registradas com o devido cuidado para evitar qualquer implicação de garantia absoluta (sic), se estiver incluso no escopo da auditoria. Reunião de encerramento • essa reunião deve acontecer antes da elaboração do relatório de auditoria. Nela, é recomendado que participem: auditores, administração do auditado e responsáveis pelas funções auditadas. As constatações 25 devem ser apresentadas e eventuais divergências devem ser resolvidas, sendo as decisões finais de responsabilidade do auditor-líder. 4ª. Relatóriode auditoria Preparar o relatório de auditoria • os tópicos abordados no relatório devem ser os mesmos apresentados no plano de auditoria, sendo que qualquer alteração deve ser realizada de comum acordo entre auditor, auditado e cliente. Com referência ao conteúdo do relatório, que deve ser datado e assinado pelo auditor-líder, a norma recomenda que estejam registradas as constatações da auditoria ou um resumo delas, indicando-se as evidências que sustentam cada constatação. Os tópicos que podem constar do relatório são: . identificação da organização auditada e do cliente; . objetivos, escopo e plano de auditoria acordados; . critérios acordados, incluindo uma lista de documentos de referência segundo os Quais a auditoria foi conduzida; . período da auditoria e a(s)data(s)em que a auditoria foi conduzida; . identificação dos representantes do auditado que participaram da auditoria; . identificação dos membros da equipe da auditoria; . declaração sobre a natureza confidencial do conteúdo; . lista de distribuição do relatório da auditoria; . sumário do processo de auditoria, incluindo quaisquer obstáculos encontrados; e . conclusões da auditoria, tais como a conformidade do SGA auditado em relação aos critérios de auditoria do SGA; se o SGA está implementado e mantido de forma adequada; e se a análise crítica realizada pela administração é capaz de assegurar a melhoria contínua do SGA. Distribuir o relatório da auditoria • o auditor-líder deve enviar o relatório ao cliente; • a relação de interessados que receberão o relatório deve ser definida pelo cliente, tendo sido registrada anteriormente no 26 plano de auditoria; • o auditado deve receber uma cópia do relatório, a não ser que ele seja excluído pelo cliente; • a distribuição para interessados externos à organização deve ser autorizada pelo auditado; • o caráter confidencial do relatório, que é de propriedade exclusiva do cliente, deve ser respeitado por todos seus destinatários; e • eventuais atrasos na entrega do relatório devem ser comunicados ao cliente e ao auditado, sendo indicada nova data de emissão. Reter ou descartar os documentos da auditoria (documentação de trabalho, minutas, relatórios, entre outros) •a retenção ou o descarte de documentos deve ser realizado, conforme acordado entre cliente, auditor-líder e auditado. 27 CAPÍTULO VIII - Diretrizes para Auditoria Ambiental – Critérios de Qualificação para Auditores Ambientais - NBR ISO 14012 A NBR ISO 14012 (ABNT, 1996e) estabelece diretrizes quanto aos critérios que qualificam um profissional a atuar como auditor e como auditor- líder ambientais, tanto externo como interno. É salientado pela norma que os auditores internos devem possuir o mesmo nível de competência dos auditores externos, mas podem não atender a todos os critérios dessa norma, dependendo de fatores como: Características da organização (tamanho, natureza, complexidade e impactos ambientais); Características necessárias para o auditor ambiental (conhecimento especializado e experiência). A norma apresenta definições para: AUDITOR AMBIENTAL Pessoa qualificada para realizar auditorias ambientais. AUDITOR-LÍDER AMBIENTAL Pessoa qualificada para gerenciar e executar auditorias ambientais. Essa qualificação é obtida com um diploma (certificado reconhecido nacional ou internacionalmente, ou qualificação equivalente, normalmente obtido após a educação secundária, através de um período de estudo formal, em tempo integral, com duração mínima de três anos, ou outro período de estudo equivalente, em tempo parcial); e educação secundária (etapa do sistema educacional completada imediatamente antes do ingresso em universidade ou instituição similar). A NBR ISO 14012 recomenda, em seu Anexo A, que o processo de avaliação de auditores deve ser conduzido por pessoa dotada de 28 conhecimentos atualizados e experiência em processos de auditoria. Recomenda, ainda, que a avaliação da educação (experiência profissional, treinamento e atributos pessoais dos auditores) seja realizada, utilizando-se os seguintes métodos: entrevistas; prova escrita e/ou oral; análise de trabalhos escritos; referências de empregadores anteriores e colegas; simulação de atuação; observações feitas por outros auditores em auditorias já realizadas; análise das evidências apresentadas pelo auditor; apreciação das certificações e qualificações profissionais. Ainda de acordo com a norma, caso seja apropriado, deve haver um organismo que assegure que os auditores ambientais sejam certificados de forma consistente, que deve ser independente e atender às seguintes diretrizes: certificar diretamente; credenciar entidades que certificarão os auditores; estabelecer processo de avaliação de auditores; e manter cadastro atualizado de auditores ambientais, que atendam aos critérios especificados pela norma. Critério Requisito Educação •a norma recomenda que o auditor deva ter, no mínimo, o 2º. grau (educação secundária) completo. Experiência profissional • a experiência profissional apropriada deve permitir o desenvolvimento de habilidades e conhecimento em um ou mais dos seguintes tópicos técnicos e científicos: ciência e tecnologia ambientais; aspectos técnicos e ambientais das operações da instalação; leis e regulamentos aplicáveis; sistema de gestão ambiental; e procedimentos, processos e técnicas de auditoria; • no caso do auditor ter apenas o 2º grau, é recomendado que ele possua, no mínimo, 5 anos de experiência profissional apropriada. Estemínimo pode ser reduzido se ele tiver realizado, após conclusão do secundário, um curso formal em pelo menos um dos tópicos técnicos e científicos citados. A quantidade de anos que pode ser reduzida não deve ser superior à quantidade de anos do curso realizado e não deve exceder a 1 ano; • no caso do auditor ter um diploma de 3º.grau (universidade ou instituição similar), é recomendado que ele tenha, no mínimo,4 anos de experiência profissional apropriada. Este mínimo pode ser reduzido se ele tiver realizado um curso formal em pelo menos um dos tópicos técnicos e científicos citados. A quantidade de 29 anos que pode ser reduzida não deve ser superior à quantidade de anos do curso realizado e não deve exceder a 2 anos. Treinamento • além da educação (2º. ou 3º. graus) e da habilidade e conhecimento em tópicos específicos, o auditor deve realizar treinamentos tanto formal (teórico) como de campo, para realizar e desenvolver competência na execução de auditorias ambientais. O treinamento formal ou teórico deve abranger um ou mais de um dos tópicos técnicos e científicos citados anteriormente. Este critério (treinamento formal) pode ser dispensado se o auditor puder demonstrar sua competência por meio de exames reconhecidos ou qualificações profissionais pertinentes. A norma recomenda que o auditor tenha realizado treinamento de campo (equivalente a 20 dias de trabalho em auditoria ambiental) em pelo menos 4 auditorias ambientais, tendo se envolvido em todo o processo de auditoria, sob orientação de um auditor-líder. O tempo de realização deste treinamento não deve exceder a 3 anos consecutivos. Evidênciaobjetiva • diplomas, certificados de cursos, trabalhos publicados, livros escritos, entre outros, devem ser mantidos como evidências objetivas de educação, experiência e treinamento. Atributos e habilidades pessoais • capacidade de expressar claramente conceitos e ideias, escrita e oralmente; • ter diplomacia, tato e capacidade de escutar; • ser independente, objetivo e organizado; • saber julgar de forma fundamentada; e • saber respeitar convenções e culturas diferentes da própria. Específicos para auditor-líder • ter participado em processos adicionais completos de auditoria, perfazendo adicionalmente 15 dias de trabalho em pelo menos 3 auditorias adicionais completas; e ter participado como auditor-líder, sob supervisão e orientação de outro auditor- líder, em pelo menos 1 das 3 auditorias citadas; ou • ter demonstrado atributos e habilidades para gestão do programa de auditoria ou outros, por meio de entrevistas, observações, referências e/ou avaliações do seu desempenho em auditorias ambientais feitas segundo programas de garantia da qualidade; e • o atendimento a estes critérios adicionais não deve exceder a 3 anos consecutivos. 30 Manutenção da competência • os auditores devem proceder a atualização periódica de seus conhecimentos, sobre os tópicos técnicos e científicos citados no item referente à educação e experiência profissional. Profissionalismo • a norma remete à NBR ISO 14010 (item referente ao profissionalismo) e recomenda, ainda, que os auditores sigam um código de ética apropriado. Idioma • quando o auditor não tiver capacidade de se comunicar com fluência no idioma necessário, deve obter um suporte, que pode ser um intérprete, que seja independente, para realizar seu trabalho de forma objetiva. 31 CAPÍTULO IX - Planejamento da Auditoria PLANEJAMENTO ESSENCIAL PARA O SUCESSO DA AUDITORIA AMBIENTAL. Definição do objetivo Define o objetivo; A parte interessada Contrata a auditoria; É o cliente da auditoria. Definição do escopo Identificação da organização ou unidade auditada; A localização geográfica; O período histórico a ser auditado; O objeto da auditoria; Temas ambientais específicos. 32 Definição dos recursos usados na auditoria Recursos financeiros para pagar as despesas; Transporte da equipe auditora para a unidade auditada; Equipamento de segurança para trânsito nas áreas auditadas; Material para registro das constatações e elaboração de relatórios; Equipamentos; Recursos humanos. Definição da equipe - Para cada aplicação, é definida uma qualificação diferente. É essencial que o auditor tenha formação técnica e experiência. Além disso, deve: Ter capacidade de organização; Saber trabalhar sob pressão; Ter compreensão e respeito à diversidade cultural; Ter capacidade de julgamento; Ser objetivo; Ser imparcial; Ter ética; Ter habilidade de relacionamento interpessoal. 33 Informações preliminares Informações gerais da empresa: - Razão social; - Endereço; - Número de funcionários. Principais produtos e insumos; Planta da unidade; Fluxograma básico do processo; Inventário de fontes de poluição; Licenças ambientais obtidas; Registro de acidentes. Definição do cronograma Data e hora de cada atividade. 34 CAPÍTULO X - Execução da Auditoria Ambiental Reunião de abertura - Reunião entre o auditor e os proprietários da empresa. A programação das atividades deve ser confirmada e ajustada; Conhecimento geral da unidade - Visita às instalações; Coleta de evidências Verificação do cumprimento dos critérios estabelecidos Cuidado: O auditor deve saber diferenciar as inferências das constatações objetivas. Estratégias Segundo Graedel e Allemby (2003), para a maioria das corporações, a preocupação com as questões ambientais começa pela necessidade de adaptações, para atender às imposições regulatórias que requerem certos níveis de desempenho ambiental. Surgem, também, outros requisitos que pertencem à conduta do negócio: - Financeiro; - Segurança do trabalhador; - Compromissos com clientes. Nesta fase, a atividade ambiental, nas organizações, tem seu direcionamento focado em ações para atenuar danos à saúde de 35 trabalhadores e, também, em permitir a redução dos níveis de emissões, efluentes e resíduos. Para Graedel e Allemby (2003), na segunda fase, são dirigidas atividades à tarefa de revisar produtos atuais e processos, para minimizar seus impactos ambientais, principalmente por aproximações simples e diretas, como melhorar o desempenho de processos e a substituição de materiais poluentes por outros que causem menos impacto. A escala de tempo típica para ações de prevenção da poluição e seus efeitos são um ou dois anos. Ações típicas incluem prevenção de vazamentos, conservação de energia, etc. Nenhuma mudança significativa é feita em produtos ou processos nesta fase, mas o modo com o qual eles são fabricados é aperfeiçoado. Quase por definição, a fase de prevenção da poluição só está preocupada com atividades dentro dos portões da fábrica. Na terceira fase, é incorporado o conceito de Design Ambiental, conhecido como DfE (Design for Environment), descrito como um processo pelo qual um vasto espectro de consideraçõesambientais são levadas em conta, como um passo rotineiro do desenvolvimento de processos e produtos (Graedel e Allemby, 2003). Geralmente, os componentes que o descrevem não são requeridos através de regulamentos e podem ou não representar incentivos financeiros. Porém, cada vez mais, frequentemente, clientes exigem produtos que possam ter demonstrado sua superioridade ambiental, e é o Design Ambiental a estrutura de desenvolvimento que pode prover acesso para esses mercados. Uma vez que um projeto é finalizado, ou quase finalizado, pode ser usada a ACV (Análise de Ciclo de Vida), para uma avaliação completa de todas as considerações que devem ser analisadas no projeto de produtos ambientalmente superiores. Nesta fase, o comportamento proativo já pode ser observado pelo tipo das ações tomadas. Na quinta fase, surge a Ecologia Industrial(EI). Segundo Graedel e Allemby (1995), Ecologia Industrial é o meio pelo qual a indústria pode, racional e deliberadamente, abordar e manter uma desejável capacidade de suporte (carrying capacity), permitindo a continuidade da evolução econômica, porém, também, considerando a evolução cultural e tecnológica. 36 Na sexta fase, têm-se o desenvolvimento industrial sustentável. No pensamento externalizado do WBCSD (World Bussines Councelil for Sustainable Development) (Schmidheiny&Zooraquín, 1996), o processo de desenvolvimento sustentável tem o sentido de uma mudança de visão profunda na forma de agir das empresas. Schmidheiny e Zooraquín esclarecem que se trata de um processo de adaptação harmônica da empresa às mudanças de contexto, de acordo com as necessidades emergentes da sociedade. Sobre isso, acrescenta que o papel das lideranças executivas é o de focalizar o contexto de novos pressupostos para promover a articulação da nova visão da empresa, o que só é possível com uma alta maturidade do comportamento ambiental proativo. Ainda segundo Schmidheiny & Zooraquín (1996), a criação e implementação da visão compartilhada para a ação, a partir de pressupostos de desenvolvimento sustentável, é estruturada segundo o Modelo de Compromisso Empresarial e Gestão da Mudança. Nesse modelo, o compromisso organizacional, com a visão compartilhada sobre desenvolvimento sustentável, consolida-se com a integração dos aspectos ambientais em todas as atividades do negócio, sob a ótica de melhoria e inovação tecnológica. Nas palavras textuais do autor: “Se essa visão for compreendida como um contexto comum para a ação, ao contrário de uma simples grande meta ou um quadro idealizado do futuro, ela pode propiciar a estrutura e as diretrizes para estimular a ação” (Schmidheiny & Zooraquín, 1996). Entrevistas - As entrevistas têm como objetivo verificar se determinados procedimentos são conhecidos e seguidos; Observação - É necessário usar os sentidos para coletar informações sobre práticas operacionais da unidade auditada; Verificação de documentos e dados Por exemplo: - Licenças ambientais; 37 - Listas de legislação aplicável; - Projetos; - Cronogramas; - Planos de investimentos; - Laudos analíticos; - Notas fiscais de compra de materiais e produtos químicos; - Notas fiscais e manifestos de carga para envio de resíduos; - Certificados de destruição de resíduos; - Certificação de calibração de instrumentos de medição; - Listas de verificação de atividades diárias de operação; - Relatórios de manutenção de equipamentos; - Listas de presenças e certificados de treinamentos; - Relatórios de auditoria; - Correspondência com órgãos ambientais e com a comunidade; - Licenças ambientais e projetos passados. Deve ser observado se algum documento tem rasura. Testes - Testes são utilizados para obtenção de evidências especificas; Reunião da equipe auditora - Momento para agrupar informações e analisá-las; 38 Reunião de encerramento - Apresentação dos resultados da auditoria ao proprietário da empresa; Relatório O relatório deve conter, no mínimo: - Identificação da unidade auditada e do cliente da auditoria; - Objetivos; - Escopo; - Critérios de auditoria; - Datas; - Identificação de membros da equipe; - Identificação dos membros da unidade auditada; - Resumo do processo de auditoria; - Conclusão da auditoria; - Declaração de confidencialidade; - Lista de distribuição do relatório. 39 CAPÍTULO XI - Sistema de Gestão Ambiental Sistema de Gestão Ambiental (SGA) É um processo voltado a resolver, mitigar e/ou prevenir os problemas de caráter ambiental, com o objetivo de desenvolvimento sustentável. A NBR ISO 14001 define o SGA como a parte do sistema de gestão que compreende a estrutura organizacional, as responsabilidades, as práticas, os procedimentos, os processos e recursos para aplicar, elaborar, revisar e manter a política ambiental da empresa. Normalmente, consideramos 4 etapas: 1. Definição e comunicação do projeto (gera-se um documento de trabalho que irá detalhar as bases do projeto para implementação do SGA); 2. Planejamento do SGA (realiza-se a revisão ambiental inicial, planejando- se o sistema); 3. Instalação do SGA (realiza-se a implementação do SGA); 4. Auditoria e certificação. Qualquer empresa pode implementar o SGA. Vantagens do SGA: Segurança, na forma de redução de riscos de acidentes, de sanções legais, etc.; Qualidade dos produtos, serviços e processos; 40 Economia e/ou redução no consumo de matérias primas, água e energia; Mercado, com a finalidade de captar novos clientes; Melhora na imagem; Melhora no processo; Possibilidade de futuro e a permanência da empresa; e Possibilidade de financiamentos, devido ao bom histórico ambiental. A gestão ambiental empresarial está essencialmente voltada para organizações, ou seja: Companhias; Corporações; Firmas; Empresas; e Instituições. Pode ser definida como um conjunto de políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que levam em conta a saúde e a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente, através da eliminação ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de um produto. Na elaboração do planejamentodo SGA, deve-se relacionar todas as tarefas a serem executadas e organizá-las, cronologicamente, em uma tabela. Deve-se considerar, também, todos os recursos existentes na empresa e necessários para o SGA. Além disso, deve-se tomar cuidado com custos e prazos. 41 CAPÍTULO XII - Auditoria Ambiental e Sustentabilidade O desenvolvimento sustentável emerge, hoje, como o mais importante desafio global, assim, o sucesso das organizações depende de uma nova forma de pensar e de um novo modo de gerir, uma vez que os resultados econômicos estão cada vez mais atrelados aos impactos ambientais e sociais causados por suas decisões e ações. Contudo, as restrições crescentes impostas pela legislação, motivos de ordem concorrencial e o desenvolvimento depolíticas econômicas, promovem o desenvolvimento sustentado. A definição mais citada de desenvolvimento sustentável é a do relatório de Brundtland, em 1987, Our Common Future: “O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.” O termo sustentabilidade tem constituído assunto de debates acirrados no meio acadêmico, empresarial e governamental, tanto no Brasil, como nas demais nações do mundo, em vista das questões sócio-ambientais se tornarem cobradas principalmente daqueles que se utilizam dos recursos naturais e do meio social, para permanecerem e se perpetuarem em mercado competitivos (LANG, 2009). De acordo com Santos (apud Sgarbiet al, 2008), os primeiros estudos teóricos sobre a sustentabilidade iniciaram-se no campo das ciências ambientais e ecológicas, trazendo à discussão, contribuições de diferentes disciplinas, tais como Economia, Sociologia, Filosofia, Política e Direito. No entanto, a questão da sustentabilidade ambiental passou a ocupar lugar de importância no debate acadêmico e político, sobretudo a partir do final dos 42 anos 1960.Porém, as duas últimas décadas testemunharam a emergência do discurso da sustentabilidade como a expressão dominante no debate que envolve as questões de meio ambiente e de desenvolvimento social, em sentido amplo. Diniz da Silva (2009) explica que o interesse por sustentabilidade se originou durante a década de 1980, a partir da conscientização dos países em descobrir formas de promover o crescimento sem destruir o meio ambiente, nem sacrificar o bem estar das futuras gerações. Desde então, o termo se transformou em cenário para causas sociais e ambientais, principalmente no nos negócios, onde prevalece a ideia de que de geração de lucro para os acionistas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente e melhora a qualidade de vida das pessoas, com que mantém interações. Sustentabilidade seria fruto de um movimento histórico recente que passa a questionar a sociedade industrial, enquanto modo de desenvolvimento. Seria o conceito síntese dessa sociedade, cujo modelo se mostra esgotado. A sustentabilidade pode ser considerada umconceito importado da ecologia, mas cuja operacionalidade ainda precisa ser provada nas sociedades humanas (ROSA, 2007). O termo sustentabilidade remete ao vocábulo sustentar, no qual a dimensão longo prazo se encontra incorporada. Há necessidade de encontrar mecanismos de interação nas sociedades humanas, que ocorram em relação harmoniosa com a natureza. “Numa sociedade sustentável, o progresso é medido pela qualidade de vida (saúde, longevidade, maturidade psicológica, educação, ambiente limpo, espírito comunitário e lazer criativo), ao invés de puro consumo material” (FERREIRA, 2005). O termo deriva do comportamento prudente de um predador ao explorar sua presa, ou seja, moderação, por tempo indeterminado. Isto é, o ser humano necessitaria conhecer as particularidades do planeta para utilizá-lo por longo tempo, assegurando a continuidade da própria espécie (SCHWEIGERT, 2007). Sustentabilidade é consequência de um complexo padrão de organização que apresenta cinco características básicas: Interdependência; Reciclagem; Parceria; Flexibilidade; Diversidade. 43 Se estas características forem aplicadas às sociedades humanas, essas também poderão alcançar a sustentabilidade (CAPRA, 2006, apud ROSA, 2007). A avaliação ambiental torna-se cada vez mais valiosa e importante, pois fornece bases para a formulação de políticas, planos e projetos, que permitem o manejo dos riscos e impactos das atividades produtivas, aumentando a eco eficiência da organização. O diagnóstico da situação ambiental consiste em uma análise profunda de todos os impactos dos processos, serviços e produtos. A falta de registros, na maioria das empresas, no que tange às entradas e saídas de insumos, do consumo de água, de matérias primas, de energia, de geração de efluentes e resíduos, por exemplo, também dificulta a implantação de medidas que poderiam melhorar o desempenho ambiental das mesmas. A ausência de informações, desta natureza, contribui para conhecimentos precários sobre os custos ambientais, alimentando a visão distorcida de que investimentos em medidas de proteção não significam ganhos, mas, sim, em aumento de custos operacionais e redução de competitividade. Os relatórios de sustentabilidade são o resultado de um processo que visa identificar, mensurar, divulgar e prestar contas sobre as ações das organizações com vistas à sustentabilidade. Por meio do seu reporte, as organizações e todos os seus públicos têm em mãos um instrumento que possibilita dialogar e implantar um processo de melhoria contínua do desempenho rumo ao desenvolvimento sustentável. A auditoria é um processo contínuo, que permite inserir a gestão ambiental na estratégia das organizações e uma ferramenta que lhes permite reduzir efeitos sobre o ambiente, melhorar a imagem e aumentar a eficiência dos processos produtivos, assim como, diferenciar as organizações. 44 CAPÍTULO XIII - Licença Ambiental Existem três tipos de licença ambiental: Licença Prévia; Licença de Instalação; Licença de Operação. É um procedimento administrativo pelo qual o Órgão Estadual de Meio Ambiente licencia a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos naturais consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras, ou que ainda, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. Para a realização do licenciamento ambiental, algumas atividades são consideradas: Extração de vegetais; Extração de tratamentos de minerais; Indústrias; Agrícolas; Pecuária; Agro-industriais; De caça; Pesca comercial; Toda e qualquer atividade ou sistema de coleta, transporte, armazenamento, tratamento e/ou disposição final de resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos); Instalação e/ou construção de barragens; Instalação de portos e aeroportos; Instalação de geração de energia e vias de transporte; Exploração de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos; Hospitais e casas de saúde; Laboratórios radiológicos; Laboratório de análises clínicas; Estabelecimento de assistência médica e hospitalar; 45 Atividades que utilizem combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos; Atividades que utilizem incineradores ou outro dispositivo para queima de lixo ou resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos); Atividades que impliquem na descaracterização paisagística e/ou das belezas naturais, de monumentos arqueológicos, geológicos e históricos, de contexto paisagístico/histórico ou artístico/cultural; Atividades que impliquem na alteração de ecossistemas aquáticos; Todo e qualquer loteamento de imóveis; Atividades que impliquem no uso, manuseio, estocagem e comercialização de defensivos e fertilizantes; Outras atividades que venham a ser consideradas pelo órgão com potencial de impacto ambiental. Licençaprévia (LP) É concedida na fase preliminar do planejamento da atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de usos do solo. Licença de instalação (LI) Será concedida para autorizar o início da implantação do empreendimento, de acordo com as especificações constantes do projeto executivo aprovado. Licença de operação (LO) Será autorizada, para o início da atividade, bem como o funcionamento dos equipamentos de contrato requeridos, após as verificações, pelo órgão responsável do cumprimento dos condicionamentos da LI. Os procedimentos para licenciar um empreendimento consistem de o interessado dirigir-se ao Órgão Estadual de Meio Ambiente para obter informações sobre a documentação necessária. Após a entrega da documentação solicitada, os técnicos realizarão vistoria no empreendimento a ser licenciado. A licença ambiental será expedida, quando o empreendedor atender a todos os requisitos básicos exigidos pelo órgão responsável do estado. O empreendedor deverá publicar o recebimento da licença no Diário Oficial do Estado e em um periódico de grande circulação, no prazo de 30 dias, sob pena de invalidação da licença recebida. 46 CAPÍTULO XIV - Estudo de Impacto de Vizinhança Inicialmente, o conceito de meio ambiente trazia apenas a ideia de ambiente natural (ar, água, solo, fauna e flora), ignorava-se o homem e sua ação como elementos integrantes. Na visão contemporânea, esse conceito foi sendo superado, amedida que foi reconhecida sua presença e o papel de suas modificações introduzidas no meio ambiente. Com o advento da Constituição Federal de 1988, surge uma nova ordem social, que reveste o direito à propriedade de todo um caráter moderno, deixando para trás sua característica individual e absoluta, para dar espaço a uma relativização que não considera apenas o interesse do proprietário. Dessa forma, o uso de determinada propriedade passa a estar submetido às restrições administrativas e ao atendimento da sua função social, bem como a outros valores e garantias assegurados à coletividade. Neste contexto, partindo da premissa que o meio ambiente caracteriza-se como um direito fundamental de 3ª geração assegurado à toda coletividade, reportamo-nos ao art. 9º. da Lei n° 6.938/81, in verbis: São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I- o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II- o zoneamento ambiental; III- a avaliação de impactos ambientais (...). O Estudo prévio de Impacto de Vizinhança é um documento técnico que deve ser elaborado previamente à emissão das licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento de empreendimentos privados ou públicos em área urbana. 47 Sua exigência depende de lei municipal regulamentadorae, sua identificação como limitação administrativa imposta ao direito de propriedade, caracteriza- o pela generalidade, indeterminalidade e gratuidade. O EIV deverá contemplar aspectos negativos e positivos do empreendimento ou atividade e, se possível, apontar alternativas para minimizar ou eliminar as negatividades, buscando conciliar interesses. Poderá, ainda, ser exigido em qualquer caso, independentemente da ocorrência ou não de significativo impacto de vizinhança, entretanto é a lei municipal que define quais são as atividades e empreendimentos que dependerão do EIV para obtenção de licença ou autorização para construção, ampliação e funcionamento. Isso porque, projetando para o futuro, serão estas possivelmente responsáveis por afetar a qualidade de vida da população residente na área ou nas proximidades. Deverão constar, obrigatoriamente, questões acerca do adensamento populacional, equipamentos urbanos e comunitários, uso e ocupação do solo, valorização imobiliária, geração de tráfego e demanda por transporte público, ventilação e iluminação, além da paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. Tal obrigatoriedade decorre do próprio Estatuto da Cidade que exige que, no mínimo, sejam tais questões objeto de estudo. O art. 38 da Lei de Política Urbana demonstra a preocupação do legislador em evitar possíveis confusões entre EIV e EIA, e, considerando nosso posicionamento, apesar de serem espécies de mesmo gênero, ainda que a lei fosse omissa, um não substituiria o outro, especialmente porque, quanto à avaliação dos impactos, ambos divergem significativamente quando se fala em finalidade. O EIA visa o licenciamento ambiental, tanto que é aprovado pelo órgão ambiental e se destina a identificar recursos ambientais e suas interações tal como existem, considerando os meios físico, biológico e socioeconômico. Neste, avalia-se, também,a melhor localização e alternativa tecnológica, considerando as medidas mitigadoras e compensatórias. O EIV visa o licenciamento urbanístico e destina-se a empreendimentos de impacto significativo no espaço urbano, não existindo limitação de extensão territorial ou de área construída. Sua finalidade é diagnóstico ambiental e 48 sócio econômico, além de instruir e assegurar ao Poder Público a capacidade do meio urbano para comportar determinado empreendimento. O direito ao meio ambiente (ecologicamente equilibrado) é um direito fundamental que integra a terceira geração e, como via de consequência, sua proteção é dever do Estado e da coletividade. A proteção ambiental passou a um conceito contemporâneo, que reafirma sua interdisciplinaridade do tema, sua essencialidade e inafastabilidade em quaisquer questões que nele possam repercutir. O reconhecimento da presença do homem e de suas ações como elementos integrantes do conceito de meio ambiente nos impõe analisar as questões urbanas de maneira interdisciplinar, para assegurar uma sadia qualidade de vida aos cidadãos. 49 CAPÍTULO XV - Estudo de Impacto Ambiental (Eia) / Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) É um dos instrumentos da política Nacional do Meio Ambiente e foi instituído pela RESOLUÇÃO CONAMA Nº. 001/86, de 23/01/1986. Atividades utilizadoras de Recursos Ambientais consideradas de significativo potencial de degradação ou poluição dependerão do Estudo Prévio de Impacto Ambiental(EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para seu licenciamento ambiental. Neste caso, o licenciamento ambiental apresenta uma série de procedimentos específicos, inclusive realização de audiência pública, e envolve diversos segmentos dapopulação interessada ou afetada pelo empreendimento. O EIA e RIMA ficam à disposição do público que se interessar. IMPACTO AMBIENTAL é a alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade. Essas alterações precisam ser quantificadas, pois apresentam variações relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou pequenas. O objetivo de se estudar os impactos ambientais é, principalmente, o de avaliar as consequências de algumas ações, para que possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos projetos ou ações, ou logo após a implementação dos mesmos. O EIA - Estudo de Impacto Ambiental propõe que quatro pontos básicos sejam primeiramente entendidos, paraque depois se faça um estudo e uma avaliação mais específica. São eles: 50 1 - Desenvolver uma compreensão daquilo que está sendo proposto, o que será feito e o tipo de material usado; 2 - Compreensão total do ambiente afetado. Que ambiente (biogeofísico e/ou sócio-econômico) será modificado pela ação; 3 - Prever possíveis impactos no ambiente e quantificar as mudanças, projetando a proposta para o futuro; 4 - Divulgar os resultados do estudo para que possam ser utilizados no processo de tomada de decisão. O EIA também deve atender à legislação expressa na lei de Política Nacional do Meio Ambiente. São elas: 1 - Observar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, levando em conta a hipótese da não execução do projeto; 2 - Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação das atividades; 3 - Definir os limites da área geográfica a ser afetada pelos impactos (área de influência do projeto), considerando, principalmente, a "bacia hidrográfica" na qual se localiza; 4 - Levar em conta os planos e programas do governo, propostos ou em implantação na área de influência do projeto e se há a possibilidade de serem compatíveis. É imprescindível que o EIA seja feito por vários profissionais, de diferentes áreas, trabalhando em conjunto. Essa visão multidisciplinar é rica, para que o estudo seja feito de forma completa e de maneira competente, de modo a sanar todas as dúvidas e problemas. RIMA O RIMA - Relatório de Impacto Ambiental - é o relatório que reflete todas as conclusões apresentadas no EIA. Deve ser elaborado de forma objetiva e possível de se compreender, ilustrado por mapas, quadros, gráficos, enfim, por todos os recursos de comunicação visual. Deve, também, respeitar o sigilo industrial (se este for solicitado) e pode ser acessível ao público. Para isso, deve constar no relatório: 51 1 - Objetivos e justificativas do projeto e sua relação com políticas setoriais e planos governamentais; 2 - Descrição e alternativas tecnológicas do projeto (matéria prima, fontes de energia, resíduos, etc.); 3 - Síntese dos diagnósticos ambientais da área de influência do projeto; 4 - Descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação da atividade e dos métodos, técnicas e critérios usados para sua identificação; 5 - Caracterizar a futura qualidade ambiental da área, comparando as diferentes situações da implementação do projeto, bem como a possibilidade da não realização do mesmo; 6 - Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras em relação aos impactos negativos e o grau de alteração esperado; 7 - Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; 8 - Conclusão e comentários gerais. A Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) fornece o Roteiro Básico para a elaboração do EIA/RIMA e, a partir do que poderá se desenvolver, um Plano de Trabalho que deverá ser aprovado pela secretaria. 52 CAPÍTULO XVI - Monitoramento Ambiental O monitoramento ambiental é um processo de coleta de dados, estudo e acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis ambientais, com o objetivo de identificar e avaliar - qualitativa e quantitativamente - as condições dos recursos naturais em um determinado momento, assim como as tendências ao longo do tempo. As variáveis sociais, econômicas e institucionais também são incluídas neste tipo de estudo, já que exercem influências sobre o meio ambiente. Com base nesses levantamentos, o monitoramento ambiental fornece informações sobre os fatores que influenciam o estado de: Conservação; Preservação; Degradação; Recuperação ambiental da região estudada. Também subsidia medidas de planejamento, controle, recuperação, preservação e conservação do ambiente em estudo, além de auxiliar na definição de políticas ambientais. O monitoramento ambiental permite, ainda, compreender melhor a relação das ações do homem com o meio ambiente, bem como o resultado da atuação das instituições por meio de planos, programas, projetos, instrumentos legais e financeiros, capazes de manter as condições ideais dos recursos naturais (equilíbrio ecológico) ou recuperar áreas e sistemas específicos. Como exemplo, pode-se citar o monitoramento de um recurso hídrico, que tem os seguintes objetivos: Acompanhar as alterações de sua qualidade; Elaborar previsões de comportamento; Desenvolver instrumentos de gestão; 53 Fornecer subsídios para ações saneadoras. IMPLANTAÇÃO A implantação de atividades de monitoramento ambiental necessita de uma seleção prévia de indicadores que expressem as condições qualitativas ou quantitativas do que será medido e avaliado. Esses parâmetros devem descrever, de forma compreensível e significativa, os seguintes aspectos: O estado e as tendências dos recursos ambientais; A situação sócio econômica da área em estudo; O desempenho de instituições para o cumprimento de suas atribuições. A escolha dos indicadores depende dos seguintes fatores: Objetivos do monitoramento; O que será monitorado; Informações que se pretende obter. Esses parâmetros são medidos em campo, laboratório e em escritório, sendo que alguns são bastante simples e outros, muito complexos. 54 CAPÍTULO XVII - Avaliação Econômica de Recursos e Danos Ambientais Nas últimas décadas, a sociedade está cada vez mais interessada por questões relacionadas ao meio ambiente, e existe, também, o aumento da consciência de que os recursos não são mais ilimitados. Os gestores das organizações estão cada vez mais preocupados com o meio ambiente, em busca de uma imagem positiva, o marketing verde (FAMINOW apud CLEMENTE, 1998), evidenciada, também, pela crescente ameaça da degradação ambiental. Barde e Pearce (1995 apud SILVA, 2003) evidenciam que as políticas ambientais estão ganhando mais importância e sofisticação; há uma necessidade de maior desenvolvimento das bases econômicas para estas políticas, como a valoração monetária do meio ambiente. Afirmam, também, que progressos têm sido feitos no desenvolvimento de metodologias para valoração econômica de custos e benefícios ambientais. Os estudos de valoração econômica dos recursos naturais têm recebido atenção crescente na literatura, a valoração permite identificar e ponderar os diferentes incentivos econômicos que interferem na decisão em relação ao uso dos recursos naturais. Conforme Motta (1998), determinar o valor econômico de um recurso ambiental é estimar o valor monetário deste em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia. Para May (1995), a valoração de um ecossistema tem como principais objetivos a determinação dos custos e dos benefícios de sua conservação. A valoração econômica é um importante critério no processo de tomada de decisão, para um desenvolvimento sustentável e a definição de políticas ambientais. 55 É feita por meio de métodos que captam e atribuem valores para os bens e serviços gerados pelo meio ambiente, tornando-se possível aos órgãos competentes e aos tomadores de decisão a base para a implementação de políticas de conservação e
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