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PEDAGOGIA FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Maria Conceição Mússio Simone dos Santos Costa unar.info/ead FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 1 - Infância: Uma Fase Sem Conceito Maria Conceição Mússio 1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Explicitar a trajetória histórica sobre o conceito de infância. Percorrer o caminho da história da infância é inteirar-se de quão árdua e dolorosa foi à espera das crianças, para que surgissem homens capazes de enxergá-las em todos os seus aspectos e irem, aos poucos, inserindo-as no lugar que merecem estar, tratando-as com o respeito e os cuidados que merecem ter. ESTUDANDO E REFLETINDO A Antiguidade e a Idade Média A herança que a Idade Média traz da Antiguidade não é nada boa: a vida da criança no mundo romano dependia do desejo do pai. Caso a criança fosse enjeitada, na maioria das vezes, seu destino era a morte. A segunda herança, da cultura bárbara, conta que a tradição germânica em relação às crianças não praticava o infanticídio. As mães amamentavam os filhos e as crianças eram educadas sem distinção de posição social, mas o seu destino, nos clãs germânicos, como na cultura romana, também dependia do pai, que tinha o direito de adoção, renegação, compra e venda. Dessas duas tradições culturais que se mesclaram e fizeram emergir a Idade Média, surgiu uma sociedade em que o status da criança era nulo. Até o final da Antiguidade, as crianças pobres eram abandonadas ou vendidas; as ricas enjeitadas eram entregues à própria sorte. As referências históricas sobre a família, obtidas em nossos dias são inferidas de antigas pinturas, diários de família, testamentos, documentos eclesiásticos e túmulos que se constituem numa valiosa fonte de pesquisa para os estudos de sociedade, auxiliando, assim, no desvelamento dos acontecimentos ocorridos no passado. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 1 - Infância: Uma Fase Sem Conceito Maria Conceição Mússio 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Considerando tais fontes documentais não encontramos, até por volta do século XII, registros representando a infância, o que denota que a infância, antes dessa delimitação histórica, não existia conceitualmente, porque é provável que não houvesse um lugar de destaque para esta fase da vida. Steinberg e Kincheloe (2011, p:11) atestam que o conceito de infância, como uma classificação específica de seres humanos que necessitam de um tratamento especial, diferente daquele fornecido aos adultos, ainda não havia sido desenvolvido na Idade Média. A sua percepção, enquanto construção e categoria social, dotada de uma representação, é sentida, a partir dos séculos XVII e XVIII. Phillipe Aries (1981), em seu livro “História social da infância e da família” diz que “até por volta do século XII a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou a falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo” (Aries, 1981, p.50). Até o fim do século XVIII as crianças eram retratadas como homens de tamanho reduzido Ao serem representadas, principalmente através de pinturas, geralmente apareciam numa versão miniatura de adulto. Seus trajes não diferiam daqueles destinados aos já crescidos. Notamos tratar-se de crianças pelo fato de essas figuras se apresentarem com rostos e musculatura de pessoas maduras. A fase da “infância” tinha curta duração, restringindo-se apenas a sua etapa de fragilidade física. Ao adquirir uma pouca independência, era conduzida ao convívio adulto, compartilhando de seus trabalhos e jogos, sem estar plenamente preparada física e psicologicamente para tanto. De criancinha pequena, ela se transforma imediatamente em homem jovem, sem passar pelas etapas da juventude, que talvez fossem praticadas antes da Idade Média e que se tornaram aspectos essenciais das sociedades evoluídas de hoje (ARIES, 1986, p.10). Na Idade Média, encontramos uma sociedade feudal, onde os senhores de terra possuíam um poder que lhes permitia construir suas leis, sua cultura, suas moedas, seus valores etc. A Igreja e o Estado serviam para legitimação política e limitação FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 1 - Infância: Uma Fase Sem Conceito Maria Conceição Mússio 3 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” dos poderes feudais. Nesta época, a criança era considerada um pequeno adulto que devia executar as mesmas atividades dos mais velhos. Até o século XII, as condições de higiene e saúde das crianças eram muitas precárias, resultando em um alto índice de mortalidade infantil. Pode-se apresentar um argumento contundente para demonstrar que a sua indiferença com relação à infância nos períodos medieval e moderno resultou em uma postura insensível com relação à criação de filhos. Os bebês abaixo de dois anos, em particular, sofriam de descaso assustador, com os pais considerando pouco aconselhável investir muito tempo ou esforço em um ‘pobre animal suspirante’, que tinha tantas probabilidades de morrer com pouca idade. (HEYWOOD, 2004, p.87). O tratamento dado a uma criança do sexo masculino era diferente do feminino, pois “as meninas costumavam ser consideradas fruto de relações sexuais corrompidas pela enfermidade, libertinagem ou desobediência a uma proibição”. (HEYWOOD, 2004). Aos sete anos, as crianças sobreviventes, pobres ou ricas, eram colocadas em outras famílias, a fim de aprenderem, com as criadeiras, as amas de leite ou as mães mercenárias, os trabalhos domésticos e os valores humanos, através de experiências práticas. Cabia aos adultos desenvolver nelas o caráter e a razão, sem considerar as diferentes características físicas e psicológicas entre ambos. Pensava- se nelas como páginas em branco a serem preenchidas com os conhecimentos necessários à vida adulta, por um processo de socialização. Essa separação da família genitora comprometia os laços afetivos entre pais e filhos. Segundo Ariès (1981), “contudo, um sentimento superficial sobre a criança a que chamei de “paparicação”- era reservado à criancinha, em seus primeiros anos de vida, enquanto ela ainda era uma coisinha engraçadinha. As pessoas se divertiam com a criança pequena como se ela fosse um animalzinho, um macaquinho impudico. Se ela morresse, então, como muitas vezes acontecia, alguns podiam ficar desolados, mas a regra geral era não fazer muito caso, pois outra criança logo a substituiria. A criança não chegava a sair do anonimato”. Apesar da “paparicação”, a posição da criança, como um ser relegado ao segundo plano, na visão dos adultos, perdurou por vários séculos. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 1 - Infância: Uma Fase Sem Conceito Maria Conceição Mússio 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” É bem verdade que a infância sempre existiu, mas sua percepção, enquanto construção e categoria social, dotada de uma representação, envolve varias situações econômicas e sociais, e só é sentida a partir dos séculos XVII e XVIII. A partir do Século XIII, há um crescimento das cidades, devido ao comércio. A Igreja Católica perde o poder com o surgimento da burguesia. Concentra-se a pobreza. No século XVI, descobertas científicas provocaram o prolongamento da vida, ao menos da classe dominante. Nesse momento, surgem duas atitudes contraditórias no que se refere à concepção de criança: uma a considera inocente e é traduzida pela “paparicação” dos adultos; enquanto a outra a considera imperfeita e incompleta e é traduzida pela necessidade do adulto moralizá-la. Essas duas atitudes começam a modificar a base familiar existente na Idade Média, abrindo espaço para o surgimento da família burguesa. Sena sociedade feudal, a criança começava a trabalhar como adulto, logo que passava a faixa da mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa ser cuidada, escolarizada e preparada para uma atuação futura. Essa missão é incumbência dos colégios religiosos e leigos, abrindo portas para os nobres, burgueses e classes populares, mas sem misturá-las. Surge a discriminação entre o ensino para o rico e para o pobre. O ensino é, primeiramente para os meninos, pois as meninas só terão direito à escola a partir do século XVIII. Nessa época surge o castigo corporal como forma de educação disciplinar. É utilizado tanto pelas famílias quanto pelas escolas e legitimava o poder do adulto sobre a criança. Embora começassem a surgir às primeiras preocupações com a educação das crianças pequenas, o respeito as suas especificidades e necessidades teria de esperar pelos séculos XV, XVI e XVII, quando seriam estudadas, e os novos conhecimentos no campo da Psicologia, Sociologia, Biologia, etc., dariam origem às primeiras propostas educativas contemplando a criança de 0 a 6 anos. BUSCANDO CONHECIMENTO Para saber um pouco sobre a criança na idade média, assista ao vídeo com algumas ilustrações de alguns brinquedos desta época. http://www.youtube.com/watch?v=utTx01PmNCc FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 2 - A Revolução Industrial e a Educação Infantil Maria Conceição Mússio 5 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Explicitar a relação Revolução Industrial e a Educação Infantil A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, no século XVIII, que se difundiram pelos demais países da Europa, é responsável pela transição do feudalismo para o capitalismo, em virtude da passagem do modo de produção doméstico para o sistema fabril. ESTUDANDO E REFLETINDO A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador, provocando um intenso deslocamento da população rural para as cidades, causando enormes concentrações urbanas. Na esfera social, o principal desdobramento da Revolução foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), que vivia em condições deploráveis, tendo o cortiço como moradia, salários baixos e longas jornadas de trabalho. O desenvolvimento das ferrovias, necessárias à intensificação das transações comerciais, iria absorver grande parte da mão de obra masculina adulta, provocando, em escala crescente, a utilização de mulheres e crianças nas fábricas têxteis e nas minas. De 1750 a 1850 aproximadamente, ocorreria propriamente uma revolução tecnológica, marcada por grande surto inventivo que trouxe à vida sociocultural, imensas e seguidas transformações. Propriamente, do final do século XVIII em diante, deu-se uma Revolução Industrial principalmente caracterizada por evoluções da Revolução Comercial, tanto quanto pela fusão entre avanços científicos e progressos tecnológicos (REGIS DE MORAES, 2003, P:58). A entrada em massa da mulher no mercado de trabalho determinou um novo modelo de família, alterando a forma de cuidar e educar os filhos, fato que causou preocupações que levaram à ocorrência de reivindicações em prol de um novo espaço educativo para as crianças pobres, cujas mães precisavam trabalhar. As FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 2 - A Revolução Industrial e a Educação Infantil Maria Conceição Mússio 6 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” mães operárias, que não tinham com quem deixar seus filhos, passaram a utilizar-se do trabalho das mães mercenárias, que vendiam seus serviços para abrigarem e cuidarem dos filhos de outras mulheres. Mesmo assim, ”em função da crescente participação dos pais no trabalho das fábricas, fundições e minas de carvão, surgiram outros modos de arranjos mais formais de serviços de atendimento às crianças. Eram organizados por mulheres da comunidade que, na realidade, não tinham um proposta instrucional formal, mas adotavam atividades de canto e de memorização de rezas”. (RIZZO, 2003, p:28). As atividades relacionadas ao desenvolvimento de bons hábitos de comportamento e de internalização de regras eram reforçadas nos trabalhos dessas voluntárias. Criou-se uma nova oferta de emprego para as mulheres, mas aumentaram os riscos de maus tratos às crianças, reunidas em maior número, aos cuidados de uma única, pobre e despreparada mulher. Tudo isso, aliado à pouca comida e higiene, gerou um quadro caótico de confusão, que terminou no aumento de castigos e muita pancadaria, a fim de tornar as crianças mais sossegadas e passivas. Mais violência e mortalidade infantil. (RIZZO, 2003, p.31). A preocupação das famílias pobres era sobreviver e, sendo assim, os maus tratos e o desprezo pelas crianças tornaram-se aceitos como regra e costume pela sociedade de um modo geral. As mazelas contra a infância se tornaram tão comuns que, por filantropia, algumas pessoas resolveram tomar para si a tarefa de acolher as crianças desvalidas que se encontravam nas ruas. A sociedade aplaudiu, uma vez que todos queriam ver as ruas limpas do estorvo e da sujeira provocados pelas crianças abandonadas. Para PASCHOAL e MACHADO, as primeiras instituições surgiram na Europa e Estados Unidos e tinham como objetivo cuidar e proteger as crianças, enquanto as mães trabalhavam. As creches, escolas maternais e jardim de infância tiveram, somente no seu inicio, o objetivo assistencialista, cujo enfoque era a guarda, higiene, alimentação e os cuidados físicos com as crianças. Posteriormente essas instituições se preocuparam com questões não só de cuidados, mas de educação, visto se apresentarem como pedagógicas. A “Escola de Principiantes” criada pelo Pastor Oberlin, na França em 1769, criou um programa de passeios, trabalhos manuais, estórias contadas com gravuras, FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 2 - A Revolução Industrial e a Educação Infantil Maria Conceição Mússio 7 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” e tinham como objetivo, por meio do trabalho de mulheres da comunidade, ensinar a ler a bíblia, tricotar, adquirir hábitos de obediência, bondade, identificar as letras do alfabeto, pronunciar bem as palavras e assimilar noções de moral e religião. A escola de Robert Owen, criada em 1816, na Escócia, foi pensada numa perspectiva pedagógica, já que recebia crianças de 18 meses até 5 anos de idade e tinha como objetivo trabalhar lições que abordavam a natureza, exercícios de dança e canto coral. Os materiais didáticos tinham um propósito educativo, porque possibilitavam o desenvolvimento do raciocínio e o julgamento correto, diante das situações propostas pelo professor. “A intenção dessas instituições era, primeiramente, retirar das ruas as crianças em situação de risco e em seguida proporcionar-lhes o desenvolvimento da inteligência e dos bons costumes”, segundo Kuhlmann, 200, p.8. As origens da preocupação e criação de escolas para crianças pequenas foi fruto do reconhecimento e valorização que elas passaram a ter no meio em que viviam, e consequência do aparecimento de homens pedagogos que estudaram e difundiram as características e necessidades das pequenas crianças. São os homens da “Orelha Verde”. BUSCANDO CONHECIMENTO Para saber mais consulte o link abaixo. “A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: avanços, retrocessos e desafios dessa modalidade educacional”. http://www.fae.unicamp.br/revista/index.php/histedbr/article FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 3 - Um Olhar sobre a Pequena Criança Maria Conceição Mússio 8 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conhecer alguns pensadores sobre a criança ESTUDANDO E REFLETINDO Foi no início do século XVII que surgiram as primeiras preocupaçõescom a educação das crianças pequenas. Mudanças significativas ocorreram nas atitudes das famílias em relação às crianças que, inicialmente, eram educadas, a partir de aprendizagens adquiridas junto aos adultos e, aos sete anos, a responsabilidade pela sua educação era atribuída a outra família, e não a sua. Apesar de uma grande parcela da população infantil continuar sendo educada, segundo as antigas práticas de aprendizagem, o surgimento de estudos sobre a infância despertou as primeiras preocupações com a educação das crianças pequenas. Campanella (1568-1639), em sua obra “Cidade do Sol”, ressaltou a importância das crianças aprenderem ciências, geografia, os costumes e as histórias pintadas nas paredes das cidades, “sem enfado, brincando”. Ele já demonstrava uma preocupação com a educação da criança pequena e, desde então, surgiram as primeiras propostas educativas contemplando a criança de 0 a 6 anos. Século XVII João Amos Comênio (1592 – 1657): considerado o maior educador e pedagogista do século XVII e um dos maiores da história. Na sua “Didática Magna”, enfatiza a importância da economia do tempo, em seu capítulo XIX, “Bases para a rapidez do ensino, com economia de tempo e de fadiga”. Organizou a sua didática em quatro períodos: a infância, puerícia, adolescência e juventude. No seu plano de escola materna, cabia aos pais a responsabilidade pela educação da criança, antes dos sete anos. Para Comênio: Todos os ramos principais que uma árvore virá a ter, ela fá-los despontar do seu tronco, logo nos primeiros anos, de tal maneira que, depois apenas é necessário que eles cresçam e se desenvolvam. Do mesmo modo, todas as coisas, que queremos instruir um homem para utilidade de toda a vida, deverão ser-lhes plantadas logo nesta primeira escola. (Comenio: “A Didactica Magna” – 1631 –p.415) Atribuir aos pais a tarefa pela educação da criança pequena representou, na época, um grande avanço, porque, até então, eles não tinham essa responsabilidade. Comênio chamou a atenção para a importância do período de infância e suas repercussões na vida futura do ser humano. Século XVIII FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 3 - Um Olhar sobre a Pequena Criança Maria Conceição Mússio 9 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” O homem desse século buscou novas maneiras para transmitir às crianças, a “moderna instrução”, carregada, segundo MANACORDA (1989, p.227), de um conteúdo “real” e “mecânico”, isto é, científico-técnico, em vista das necessidades trabalhistas ligadas às mudanças que vinham acontecendo nos modos de produção. A revolução burguesa introduziu a necessidade de elaboração de novos métodos educacionais, adequados à nova ordem social. Jean Jacques Rousseau (1712 – 1772): levanta a necessidade de não mais se considerar a criança como um homem pequeno, mas perceber que ela vive em um mundo próprio, cabendo ao adulto compreendê-la. Procuram sempre o homem no menino, sem cuidar no que ele é antes de ser homem. Cumpre, pois, estudar o menino. “Não se conhece a infância; com as falsas ideias que se tem dela, quanto mais longe vão mais se extraviam. A infância, tem maneiras de ver, de pensar, de sentir, que lhes são próprias”. (apud LORENZO LUZURIAGA, Hist. da Educação e da Pedagogia - 1989. p,166). Suas concepções sobre educação podem ser localizadas em seu livro “Emilio” publicado em 1762. Johann Heinrich Pestalozzi (1746 – 1827) ressaltou a importância de se psicologizar a educação e defini-la em função das necessidades de crescimento e desenvolvimento da criança. Para ele a educação se fundamenta na “arte de conduzir as crianças de intuições superficiais e fragmentárias a intuições sempre mais claras e distintas”. Século XIX Friedrich Fröebel (1782 – 1852): organizou suas ideias educacionais em vários livros. Essas ideias tiveram uma aplicação prática na primeira infância, mas considera-se que elas se estendem a todos os níveis educacionais, pois para ele o conhecimento se dá da seguinte forma: Exteriorizar o interior, interiorizar o exterior, unificar ambos, esta é a fórmula geral do homem. Por isso, os objetos exteriores excitam o homem para que os conheça, em sua essência e em suas relações; para ele o homem está dotado de sentidos, isto é, de instrumentos com os quais possa interiorizar as coisas que o rodeiam. Mas nenhuma coisa pode ser mais conhecida do que quando são comparadas com os seus opostos e se encontram as suas semelhanças, o ponto de união/intersecção. Tanto mais perfeito será o conhecimento de um objeto, quanto melhor se realiza a comparação com o seu oposto e a unificação dos dois. (Fröebel – “A Educação do Homem” – 1826, - trad. Elina Souza). Criou o “Kindergarten” (Jardim de infância), em 1837, em Blankenburg, na Alemanha. Desde então, todos os estabelecimentos criados para crianças pequenas passaram a receber essa denominação. Ao compreender o aspecto educativo do brinquedo e das atividades lúdicas, Fröebel enfatizou o papel ativo da criança no processo de seu desenvolvimento. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 3 - Um Olhar sobre a Pequena Criança Maria Conceição Mússio 10 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” BUSCANDO CONHECIMENTO Século XX No final do século XIX e no decorrer do século XX, na Europa e nos Estados Unidos da América, as escolas laicas romperam com o domínio da Igreja sobre a educação, reafirmando a hegemonia da burguesia liberal. Esse movimento de renovação pedagógica denominou-se “movimento das escolas novas” e foi consequência das mudanças que estavam ocorrendo no processo produtivo, que exigiam a criação de um novo sistema de instrução. Nesse contexto merecem destaque os estudiosos abaixo. Ovide Decroly (1871 – 1932): sua preocupação era a de substituir o ensino baseado no estudo dos tradicionais livros de textos por uma educação voltada para os interesses e necessidades das crianças. O “Sistema Decroly” está baseado em fins e em princípios para uma nova escola em que o que mais interessa ser conhecido pela criança é, em primeiro lugar, ela mesma, para depois conhecer o meio em que vive. Seu programa é concebido da seguinte maneira: 1) a criança e suas necessidades; 2) a criança e seu meio. O autor desenvolveu os “Centros de interesse” que exigem estratégias que levem as crianças a fazer uso da “observação, associação e da expressão”. John Dewey (1859 – 1952): defendia a teoria que o conhecimento deveria ser trabalhado de forma experimental, socialmente, desde a infância, com o intuito de torná-lo um bem comum. Uma importante contribuição de Dewey pode ser hoje encontrada em um grande número de escolas infantis. Trata-se do “método de projetos”, que vem sendo aperfeiçoado por vários de seus discípulos. Maria Montessori (1870 – 1952): fundou em Roma a primeira “Casa dei Bambini”, para abrigar crianças carentes, filhos de desempregados. Por ser médica, preocupou-se com o biológico, contudo, não deixou de lado o aspecto psicológico e social da criança. Montessori, ao referir-se ao seu próprio método enfatiza: Se abolíssemos não só o nome, mas também o conceito comum de método para substituí-lo por uma outra indicação, se falássemos de “uma ajuda a fim de que a personalidade humana pudesse conquistar sua independência, de um meio para libertá-la das opressões, dos preconceitos antigos sobre a educação”, então, tudo se tornaria claro. É a personalidade humana e não um método de educação que vamos considerar, é a defesa da criança, o reconhecimento cientifico de sua natureza, a proclamação social de seus direitos que devem substituir os falhos modos de conceber a educação (MONTESSORI, Maria, “A formação do homem” Rio de Janeiro: Portugália. S/Data). FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 3 - Um Olhar sobre a Pequena Criança Maria Conceição Mússio 11 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR”Celestin Freinet (1896 – 1966): o cultivo, na educação, do aspecto social, foi um dos grandes feitos desse educador francês. Suas técnicas (texto impresso, a correspondência escolar, texto livre, a livre expressão, a aula-passeio, o livro da vida) possibilitavam às crianças sentirem-se sujeitos do processo pessoal de aquisição de conhecimentos. Jean Piaget (1896 – 1980): criador da “epistemologia genética”, sempre esteve preocupado em investigar como se dava a construção do conhecimento no campo social, afetivo, biofisiológico e cognitivo. Quanto à aplicabilidade de sua teoria no campo pedagógico, é fundamental reafirmar que esse não foi seu objetivo, embora vários aspectos relevantes para a educação infantil, como a construção do real, a construção das noções de tempo e espaço, e a gênese das operações lógicas, sejam contribuições presentes em muitas propostas educativas atuais. Lev Semenovich Vygotsky (1896–1934): envolveu-se com a infância, e através de seus estudos concluiu que “a necessidade do estudo da criança reside no fato de ela estar no centro da pré-história do desenvolvimento cultural devido ao surgimento do uso de instrumento da fala”. Buscou compreender o homem em processos constantes de interação social. Segundo Vygotsky “o aprendizado pressupõe uma natureza social especifica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que a cercam”. FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 4 - A Origem da Educação Infantil no Brasil Maria Conceição Mússio 12 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Explicitar a origem da educação infantil no Brasil O atendimento às crianças de 0 a 5 anos no Brasil, embora também tenha se originado das mudanças sociais e econômicas causadas pela Revolução Industrial, apresenta peculiaridades próprias. Fonte:http://profanandaschultz.blogspot.com.br/2012/06/origem-da-educacao-infantil-no-mundo.html ESTUDANDO E REFLETINDO Diferentemente dos países europeus, no Brasil, as primeiras tentativas de organização de creches, asilos e orfanatos, surgiram com um caráter assistencialista, e visavam a auxiliar as mães que necessitavam trabalhar fora de FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 4 - A Origem da Educação Infantil no Brasil Maria Conceição Mússio 13 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” casa. Outro elemento que contribuiu para o surgimento dessas instituições foi às iniciativas de acolhimento de órfãos abandonados, por parte da alta sociedade, que também, tinham como finalidade esconder a vergonha da mãe solteira, já que as crianças “[...] eram sempre filhos de mulheres da corte, pois somente essas tinham do que se envergonhar e motivo para se descartar do filho indesejado” (RIZZO, 2003, p.37). Numa sociedade patriarcal, a ideia era criar uma solução para os problemas dos homens, ou seja, retirar dos mesmos a responsabilidade de assumir a paternidade. Considerando que, nessa época, não se tinha um conceito bem definido sobre as especificidades da criança, a mesma era “[...] concebida como um objeto descartável, sem valor intrínseco de ser humano” (RIZZO, 2003, p.37). Fatores como o alto índice de mortalidade infantil, a desnutrição generalizada e o número significativo de acidentes domésticos, fizeram com que alguns setores da sociedade, dentre eles os religiosos, os empresários e educadores começassem a pensar num espaço de cuidados para a criança, fora do âmbito familiar. As famílias abastadas contratavam babás e, ao longo das décadas, foram sendo criadas, para crianças abandonadas, instituições de caráter assistencialista. Uma das instituições mais duradouras foi a Roda dos Expostos ou Excluídos. Esse nome provém do dispositivo onde se colocavam os bebês abandonados. A criança era colocada em um tabuleiro cilíndrico e giratório, pela mãe ou qualquer outra pessoa da família, que ao girar a roda, puxava uma corda para avisar a rodeira que um bebê acabava de ser deixado ali. “Por mais de um século, a roda dos expostos foi a única instituição de assistência à criança abandonada no Brasil e, apesar dos movimentos contrários a essa instituição, por parte de um segmento da sociedade, foi somente no século XX, já em meados de 1950, que o Brasil efetivamente extinguiu-a, sendo o último país a acabar com o sistema da roda dos enjeitados” (MARCILIO, 1997). No final do século XIX, período da abolição da escravatura, quando da migração para as grandes cidades e início da República, houve iniciativas isoladas de proteção à infância, no sentido de combater os altos índices de mortalidade infantil que ocorria. Além do trabalho desenvolvido nas casas de Misericórdia, por meio da Roda dos Expostos, um número significativo de creches foi criado, não pelo poder público, mas por organizações filantrópicas. FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 4 - A Origem da Educação Infantil no Brasil Maria Conceição Mússio 14 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” As tendências que acompanharam a implantação de creches e jardins de infância, no final do século XIX e durante as primeiras décadas do século XX, no Brasil, foram: a jurídico-policial, que defendia a infância moralmente abandonada, a médica-higienista e a religiosa. Em março de 1899, foi criado o Instituto de Proteção à infância do Rio de Janeiro (IPAI), pelo médico Arthur Moncorvo Filho, que tinha como objetivo: atender às mães grávidas pobres, dar assistência aos recém- nascidos, fazer distribuição de leite, consultar lactantes, fazer vacinação e higiene dos bebês. É considerada uma entidade importante, por ter expandido seus serviços por todo território brasileiro. Em 1919, foi criado o Departamento da Criança, que tinha como objetivo fiscalizar as instituições de atendimento à criança e orientar as mães voluntárias que cuidavam, de maneira precária, dos filhos das trabalhadoras. Com o processo de industrialização no país, a inserção da mão de obra feminina no mercado de trabalho, e a chegada dos imigrantes europeus no Brasil, os movimentos operários ganharam força e reivindicaram a criação de instituições de educação e cuidados para seus filhos. Para Haddad (1993), os movimentos feministas, que partiram dos Estados Unidos, tiveram papel especial na revisão do significado das instituições de atendimento à criança, porque as feministas defendiam a ideia de que tanto as creches como as pré-escolas deveriam atender a todas as mulheres, independentemente de sua necessidade de trabalho ou condição econômica. O resultado desse movimento culminou no aumento do número de instituições mantidas e geridas pelo poder público. Enquanto as instituições públicas atendiam as crianças das camadas mais populares; os particulares, de cunho pedagógico, davam ênfase à socialização e à preparação para o ensino regular. ”As crianças das classes menos favorecidas eram atendidas partindo da ideia de carência e deficiência cultural, e as crianças das classes sociais mais abastadas recebiam uma educação que privilegiava a criatividade e sociabilidade infantil” (KRAMER, 1995). Com a preocupação de atendimento a todas as crianças, independente da sua classe social, iniciou-se um processo de regulamentação desse trabalho no âmbito da legislação. FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 4 - A Origem da Educação Infantil no Brasil Maria Conceição Mússio 15 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” BUSCANDO CONHECIMENTO Para saber um pouco mais sobre o surgimento da educação infantil no Brasil tenho aqui algumas sugestões. Acesse os links abaixo: http://especialeducacao2010.blogspot.com.br/2010/10/como-surgiu-educacao- infantil-no-brasil.html http://books.scielo.org/id/h8pyf/pdf/andrade-9788579830853-08.pdf FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃOINFANTIL Unidade 5 - Política de Educação Infantil Maria Conceição Mússio 16 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre a política de Educação Infantil O panorama geral de discriminação das crianças e a persistente negação de seus direitos, que tem como consequência o aprofundamento da exclusão social, precisam ser combatidos com uma política que promova inclusão, combata a miséria e coloque a educação de todos no campo dos direitos. O preâmbulo da Declaração dos Direitos da Criança, das Nações Unidas, afirma que a humanidade deve às crianças o melhor dos seus esforços. ESTUDANDO E REFLETINDO Ao Estado, portanto, compete formular políticas, implementar programas e viabilizar recursos que garantam à criança desenvolvimento integral e vida plena, de forma que complemente a ação da família. Em sua breve existência, a educação das crianças de 0 a 5 anos, como um direito, vem conquistando cada vez mais afirmação social, prestígio político e presença permanente no quadro educacional brasileiro. Um aspecto importante na trajetória da educação das crianças de 0 a 5 anos, gerado pela sociedade, é a pressão dos movimentos sociais organizados visando à expansão e qualificação do atendimento. Historicamente, essa demanda aumenta à medida que cresce a inserção feminina no mercado de trabalho e há uma maior conscientização da necessidade da educação da criança, sustentada por uma base científica cada vez mais ampla, e alicerçada em uma diversificada experiência pedagógica. Pesquisas sobre desenvolvimento humano, formação da personalidade, construção da inteligência e aprendizagem nos primeiros anos de vida apontam para a importância e a necessidade do trabalho educacional nesta faixa etária. Da mesma forma, as pesquisas sobre produção das culturas infantis, história da infância brasileira e pedagogia da infância, realizadas nos últimos anos, demonstram a amplitude e a complexidade desse conhecimento. Novas temáticas provenientes do convívio da criança, sujeito de direitos, com seus pares, com crianças de outras idades e com adultos, profissionais distintos da família, apontam para outras áreas FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 5 - Política de Educação Infantil Maria Conceição Mússio 17 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” de investigação. Neste contexto, são reconhecidos a identidade e o papel dos profissionais da Educação Infantil, cuja atuação complementa o papel da família. A prática dos profissionais da Educação Infantil, aliada à pesquisa, vem construindo um conjunto de experiências capazes de sustentar um projeto pedagógico que atenda à especificidade da formação humana nessa fase da vida. A Educação Infantil, embora tenha mais de um século de história, como cuidado e educação extradomiciliar, somente nos últimos anos foi reconhecida como direito da criança, das famílias, como dever do Estado e como primeira etapa da Educação Básica. A educação da criança de 4 e 5 anos insere-se nas ações do Ministério da Educação (MEC), desde 1975, quando foi criada a Coordenação de Educação Pré- Escolar. Na área da Assistência Social do Governo Federal, outro órgão também se incumbia do atendimento ao “pré-escolar”, por meio de programa específico de convênio direto com instituições comunitárias, filantrópicas e confessionais que atendiam crianças de 0 a 5 anos das camadas mais pobres da população. O Programa, que previa o auxílio financeiro e algum apoio técnico, foi desenvolvido pela Legião Brasileira de Assistência (LBA) do então Ministério da Previdência e Assistência Social, desde 1977. A LBA foi extinta em 1995, prevalecendo, no entanto, programa e dotação orçamentária para creche no âmbito da assistência social federal. Nas décadas de 1970 e 1980, o processo de urbanização do país, cada vez mais intenso, somado a uma maior participação da mulher no mercado de trabalho e à pressão dos movimentos sociais, levou a uma expansão do atendimento educacional, principalmente às crianças na faixa etária de 4 e 5 anos, verificando-se também, na década de 1980, uma expansão significativa na educação das crianças de 0 a 3 anos. A pressão da demanda, a urgência do seu atendimento, a omissão da legislação educacional vigente, a difusão da ideologia da educação como compensação de carências e a insuficiência de recursos financeiros levaram as instituições de Educação Infantil a se expandirem “fora” dos sistemas de ensino. Difundiram-se “formas alternativas de atendimento” onde inexistiam critérios básicos relativos à infraestrutura e à escolaridade das pessoas que lidavam diretamente com FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 5 - Política de Educação Infantil Maria Conceição Mússio 18 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” as crianças, em geral, mulheres, sem formação específica, chamadas de crecheiras, pajens, babás, auxiliares, etc. A trajetória da educação das crianças de 0 a 5 anos assumiu e assume, ainda hoje, no âmbito da atuação do Estado, diferentes funções, muitas vezes concomitantemente. Dessa maneira, ora assume uma função predominantemente assistencialista, ora um caráter compensatório e ora um caráter educacional, nas ações desenvolvidas. Contudo as formas de ver as crianças vêm, aos poucos, se modificando, e atualmente emerge uma nova concepção de criança como criadora, capaz de estabelecer múltiplas relações, sujeito de direitos, um ser sócio histórico, produtor de cultura e nela inserido. Na construção dessa concepção, as novas descobertas sobre a criança, trazidas por estudos realizados nas universidades e nos centros de pesquisa do Brasil e de outros países, tiveram um papel fundamental. Essa visão contribuiu para que fosse definida também, uma nova função para as ações desenvolvidas com as crianças, envolvendo dois aspectos indissociáveis: educar e cuidar. Tendo esta função, o trabalho pedagógico visa a atender às necessidades determinadas pela especificidade da faixa etária, superando a visão adultocêntrica em que a criança é concebida apenas como um vir a ser e, portanto, necessita ser “preparada para”. Desde suas origens, as modalidades de educação das crianças eram criadas e organizadas para atender a objetivos e a camadas sociais diferenciadas: as creches concentravam-se predominantemente na educação da população de baixo poder econômico, enquanto as pré-escolas eram organizadas, principalmente, para os filhos das classes média e alta. Embora as creches não atendessem exclusivamente a crianças de 0 a 3 anos e as pré-escolas não fossem apenas para as crianças de 4 e 5 anos, é importante ressaltar que, historicamente, essas duas faixas etárias foram também tratadas de modo distinto. Tradicionalmente, na educação de crianças de 0 a 3 anos, predominam os cuidados em relação à saúde, à higiene e à alimentação, enquanto a educação das crianças de 4 e 5 anos tem sido concebida e tratada como antecipadora/preparatória para o Ensino Fundamental. Esses fatos, somados ao modelo de “educação escolar”, explicam, em parte, algumas das dificuldades atuais em lidar com a FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 5 - Política de Educação Infantil Maria Conceição Mússio 19 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Educação Infantil na perspectiva da integração de cuidados e educação em instituições de Educação Infantil e também na continuidade com os anos iniciais do Ensino Fundamental. Na Constituição Federal de 1988, a educação das crianças de 0 a 5 anos, concebida, muitas vezes, como amparo e assistência, passou a figurar como direito do cidadão e dever do Estado, numa perspectiva educacional, em resposta aos movimentos sociais em defesa dos direitos das crianças. Nesse contexto, a proteção integral àscrianças deve ser assegurada, com absoluta prioridade, pela família, pela sociedade e pelo poder público. A Lei afirma, portanto, o dever do Estado com a educação das crianças de 0 a 5 anos de idade. A inclusão da creche no capítulo da educação explicita a função eminentemente educativa desta, da qual é parte intrínseca a função de cuidar. Essa inclusão constituiu um ganho, sem precedentes, na história da Educação Infantil em nosso país. BUSCANDO CONHECIMENTO Para ampliar seus conhecimentos a cerca da política da educação infantil, leia o documento elaborado pelo Ministério da educação disponível no link abaixo: Secretaria de http://www.oei.es/quipu/brasil/pol_educ_infantil.pdf http://www.oei.es/quipu/brasil/pol_educ_infantil.pdf FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 6 - Aspectos Legais Da Educação Infantil Maria Conceição Mússio 19 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Estudar alguns aspectos legais da Educação Infantil ESTUDANDO E REFLETINDO Leia trechos da Declaração Universal dos Direitos da Criança. Declaração Universal dos Direitos da Criança, aprovada pela ONU em 20 de Novembro de 1959. A criança deve ter direito à: Vida: ter condições para desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente, com liberdade e dignidade. Individualidade: a um nome e a nacionalidade desde seu nascimento. Saúde: à alimentação, moradia, lazer e serviços médicos adequados. Proteção especial: se prejudicada física e mentalmente, deve receber tratamento, educação e cuidados especiais. Deve crescer amparada por seus pais e sob sua responsabilidade, num ambiente de afeto e segurança. Educação: à educação gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares. Prioridade: em todas as circunstâncias, deve estar entre os primeiros a receber proteção e socorro. Proteção: ser protegida contra toda forma de abandono e exploração e não deverá trabalhar antes de uma idade adequada. Igualdade: ser protegida contra práticas de discriminação racial, religiosa ou de qualquer índole. Liberdade: ser educada num espírito de compreensão, tolerância, amizade, fraternidade e paz entre os povos. Diante da importância dessas declarações, vamos destacar algumas conquistas, no Brasil, institucionalizadas. O documento que deu legitimidade à Educação Infantil foi a Constituição Federal promulgada em 1988, que define em seu artigo 227: FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 6 - Aspectos Legais Da Educação Infantil Maria Conceição Mússio 20 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aprovado em 1990, esclarece a qualidade e o tipo de tratamento que deve ser dado à infância e à adolescência. Estabelece a política de atendimento para todas as crianças do Brasil, e não somente às crianças carentes e infratoras. O Estatuto prevê a criação, em cada município do país, de um Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Infância e da Adolescência, com o objetivo de definir a política municipal de atendimento e fiscalizar as entidades que a executam. Para viabilizar o cumprimento do ECA, foram criados os Conselhos Tutelares, que são órgãos responsáveis pelo atendimento dos casos em que ocorra a violação dos direitos da criança e do adolescente. Eles têm o poder de aplicar medidas e requisitar serviços, para que o poder público cumpra seu dever. Ainda para fazer cumprir o que determina a lei, o Ministério Público, como entidade pública autônoma, conta com a figura do seu representante maior, que é o Promotor da Infância e Juventude que deve acompanhar todos os procedimentos que envolvam risco para a criança e o adolescente. Sua função é garantir a qualidade dos serviços prestados pelas instituições de Educação Infantil. Partindo das políticas já existentes, das discussões que vinham sendo feitas em torno da elaboração da LDB, das demandas de estados e municípios e tendo em vista suas prioridades, o Ministério da Educação, em 1995, definiu a melhoria da qualidade no atendimento educacional às crianças de 0 a 6 anos como um dos principais objetivos e, para atingi-lo, apontou quatro linhas de ação: ∑ incentivo à elaboração, implementação e avaliação de propostas pedagógicas e curriculares; FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 6 - Aspectos Legais Da Educação Infantil Maria Conceição Mússio 21 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” ∑ promoção da formação e da valorização dos profissionais que atuam nas creches e nas pré-escolas; ∑ apoio aos sistemas de ensino municipais para assumirem sua responsabilidade com a Educação Infantil; ∑ criação de um sistema de informações sobre a educação da criança de 0 a 6 anos. Nessa trajetória de avanços na Legislação, que garante os direitos das crianças, destaca-se a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Brasileira (LDB), promulgada em 1996, sob nº 9.394/96 que, no seu artigo 29, estabelece que o atendimento às crianças de 0 a 5 anos passa a chamar-se Educação Infantil; constitui-se como a primeira etapa da Educação Básica e tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB,1996) abre a possibilidade de ampliação do acesso ao Ensino Fundamental para as crianças de 6 anos, faixa etária que concentra o maior número de matriculas na Educação Infantil. Essa opção, colocada aos sistemas de ensino diminui a demanda para esta etapa educacional e amplia a possibilidade de matrícula para as crianças de 4 e 5 anos. Para tanto, é imprescindível garantir que as salas continuem disponíveis para a Educação Infantil, não sendo utilizadas para o Ensino Fundamental e tampouco transformadas em salas de alfabetização. A inclusão das crianças de 6 anos no Ensino Fundamental, no entanto, não pode ser efetivada sem que sejam consideradas as especificidades da faixa etária, bem como a necessidade de articulação entre essas duas etapas da Educação Básica. A Constituição Federal atribuiu ao Estado o dever de garantir o atendimento às crianças de 0 a 5 anos em creches e pré-escolas (art. 208, IV), especificando que à União cabe prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para garantir equalização das oportunidades e padrão mínimo de qualidade. Especificando ainda mais, determinou que os municípios atuassem prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil (art. 211, § 2º). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelece em seu art. 11, inciso V, que os municípios incumbir-se-ão de FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 6 - Aspectos Legais Da Educação Infantil Maria Conceição Mússio 22 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o Ensino Fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino apenas quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e ao desenvolvimento do ensino. Assim, a creche e a pré-escola adquirem uma função de complementação junto à educação familiar, perdendo o seu caráter assistencial em substituição à família, como foi muitas vezes entendido,e tendo a função de desenvolver ações conjuntas com a família e a comunidade, em defesa da criança e de seu pleno desenvolvimento. BUSCANDO CONHECIMENTO Para enriquecer seus conhecimentos acesse o link e leia a constituição federal os artigos que falam sobre educação. (artigos 205 a 214). http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf_legislacao/superior/legisla_superio r_const.pdf FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 7 - Ainda a Legislação:- O P.N.E. Maria Conceição Mússio 23 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Explicitar a relação PNE e Educação Infantil A instalação da República no Brasil e o surgimento das primeiras ideias de um plano que tratasse da educação para todo território nacional, aconteceram simultaneamente. À medida que o quadro social, político e econômico do inicio deste século se desenhava, surgia grande preocupação com a instrução, nos seus diversos níveis e modalidades. ESTUDANDO E REFLETINDO Em 1932, o “Manifesto dos Pioneiros da Educação” propunha uma reconstrução educacional, “de grande alcance e de vastas proporções... um plano com sentido unitário e bases científicas...”. O documento resultou na inclusão de um artigo na Constituição Brasileira de 16 de julho de 1934, o art.150, que declarava ser competência da União “fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especializados; e coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o território do País”. Atribuía, em seu art.152, competência precípua ao Conselho Nacional de Educação para elaborar o plano para ser aprovado pelo Poder Legislativo. Todas as constituições posteriores, com exceção da Carta de 37, incorporaram a ideia de um Plano Nacional de Educação. O primeiro Plano Nacional de Educação surgiu em 1962, elaborado na vigência da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4024, de 1961. Ele não foi proposto na forma de um projeto de lei, mas apenas como uma iniciativa do Ministério da Educação e Cultura, iniciativa essa aprovada pelo então Conselho Federal de Educação. Era um conjunto de metas quantitativas e qualificativas a serem alcançadas num prazo de oito anos. Em 1965, sofreu uma revisão e foram introduzidas normas descentralizadoras e estimuladoras da elaboração de planos estaduais. Em 1966, uma nova revisão, que se chamou Plano Complementar de Educação, introduziu alterações na distribuição dos recursos federais. A ideia de uma lei ressurgiu em 1967, sem que a iniciativa chegasse a se concretizar. Com a Constituição Federal FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 7 - Ainda a Legislação:- O P.N.E. Maria Conceição Mússio 24 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” de 1988, cinquenta anos após a primeira tentativa oficial, ressurgiu a ideia de um Plano Nacional de longo prazo, com força de lei, capaz de conferir estabilidades às iniciativas governamentais na área de Educação. A Lei nº 10.178, de 9 de janeiro de 2001, aprovou o Plano Nacional de Educação, que deve ser desdobrado pelos Estados, Distrito Federal e municípios, em Planos Decenais correspondentes. O Plano Nacional de Educação (PNE) reflete os acordos firmados pelo Brasil em vários foros, especialmente na Conferência Nacional de Educação para Todos, em Jomtien, no ano de 1990 e, posteriormente, na Conferência de Dacar (2000), e na Reunião de Ministros da Educação da América Latina e do Caribe. Segundo a Lei, o PNE deve desdobrar-se em planos estaduais e municipais de educação. Num espírito de cooperação, a UNESCO oferece o seu aporte para que ele se torne conhecido e vitorioso na sua execução pela sociedade brasileira. Para tanto, a UNESCO participa de uma comissão interinstitucional, junto com a Comissão de Educação do Senado Federal. O PNE é o mais importante documento da legislação educacional depois da Constituição Federal, da LDB e da Lei do Fundef (hoje FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização do Magistério) FUNDEF é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério e foi instituído pela Emenda Constitucional nº 14, de setembro de 1996, e regulamentado pela Lei nº 9.424, de 24 de dezembro do mesmo ano, e pelo Decreto nº 2.264, de junho de 1997. O FUNDEF foi implantado nacionalmente em 1º de janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redistribuição dos recursos destinados ao Ensino Fundamental. O PNE busca ações integradas dos três níveis de governo, criando um entrelaçamento intergovernamental, consubstanciado no regime de colaboração, e abre as portas para a integração intergovernamental, a fim de que não se compartimentem as políticas sociais. O PNE e a Educação Infantil Segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2003, apenas 37,7% do total FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 7 - Ainda a Legislação:- O P.N.E. Maria Conceição Mússio 25 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” de crianças com idade entre 0 e 6 anos frequentavam uma instituição de Educação Infantil ou de Ensino Fundamental. Quando considerada a população de 4 a 6 anos, a taxa de frequência à instituição era de 68,4%; e, quanto à população de 0 a 3 anos, esse percentual era de apenas 11,7%. Setenta e dois por cento desse atendimento encontrava-se na rede pública, concentrando-se de maneira relevante no sistema municipal (66,97%), em função da maior pressão da demanda sobre a esfera que está mais próxima das famílias e em decorrência da responsabilidade constitucional dos municípios com relação a esse nível educacional. O Plano Nacional de Educação (PNE) define a ampliação da oferta “de forma a atender, em cinco anos, a 30% da população de até 3 anos de idade e a 60% da população de 4 a 6 anos (ou 4 e 5) e, até o final da década, alcançar a meta de 50% das crianças de 0 a 3 anos e 80% das de 4 e 5 anos”. BUSCANDO CONHECIMENTO Para saber mais “Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação (PNE – 2011/2020)”. Consulte o link abaixo: http://www.unb.br/administracao/decanatos/dex/formularios/Documentos%20normati vos/DEX/projeto_de_lei_do_plano_nacional_de_educao_pne_2011_2020.pdf Para saber um pouco mais sobre a mudança de FUNDEF para FUNDEB, acesse o link: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/textosecr/fundef_ao_fundeb.pdf FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 8 - A Elaboração Do Referencial Para A Educação Infantil – RCNEI Maria Conceição Mússio 26 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre o Referencial para a Educação Infantil. ESTUDANDO E REFLETINDO Embora a discussão sobre currículo e proposta pedagógica seja antiga em nosso país, foi no processo de articulação, levado a efeito tanto durante o período da Constituinte como nos momentos posteriores à promulgação da Constituição de 1988, que essa questão foi ganhando contornos que envolviam a Educação Infantil. Essas discussões que apontavam para a necessidade de uma proposta pedagógico- curricular para a área ganharam maior força no período de elaboração da LDB (Lei n° 9394/1996), quando já era possível visualizar a incorporação da Educação Infantil no sistema educacional. O estudo realizado trouxe à tona a fragilidade e a inconsistência de grande parte das propostas pedagógicas em vigor. Ao mesmo tempo, durante a realização do diagnóstico, foi possível evidenciar a multiplicidade e a heterogeneidade de propostas e de práticas em Educação Infantil, bem como aprofundar a compreensão a esse respeito. Essa multiplicidade, própria da sociedade brasileira, é um ponto crucial quando sediscute a questão do currículo, apontando para uma série de questionamentos: Como tratar uma sociedade em que a unidade se dá pelo conjunto das diferenças, no qual o caráter multicultural se acha entrecruzado por uma grave e histórica estratificação social e econômica? Como garantir um currículo que respeite as diferenças – socioeconômicas, de gênero, de faixa etária, étnicas, culturais e das crianças com necessidades educacionais especiais– e que, concomitantemente, respeite direitos inerentes a todas as crianças brasileiras de 0 a 6 anos, contribuindo para a superação das desigualdades? Como contribuir com os sistemas de ensino na análise, na reformulação e/ou na elaboração de suas propostas pedagógicas sem fornecer modelos prontos? Como garantir que neste imenso país as atuais diretrizes nacionais assegurem de fato o convívio na diversidade, no que diz respeito à maneira de cuidar e de educar crianças de 0 a 6 anos? FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 8 - A Elaboração Do Referencial Para A Educação Infantil – RCNEI Maria Conceição Mússio 27 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Uma resposta a essas questões foi dada pela própria LDB (arts. 12 e 13), ao incumbir às instituições de Educação Infantil de elaborar as próprias propostas pedagógicas com a participação efetiva dos professores. Dessa forma, a Lei reconheceu, ao mesmo tempo, a ação pedagógica de professoras e professores, construída no cotidiano das instituições de Educação Infantil, juntamente com as famílias e as crianças, bem como a riqueza e a diversidade brasileira, que acolhem realidades extremamente diferenciadas. Com isso, a questão da diversidade, no que diz respeito ao currículo/proposta pedagógica, pôde ser garantida. No entanto, naquele momento, acreditava-se também que era necessário, além do respeito à diversidade, garantir certa unidade qualitativa às propostas das instituições e fornecer subsídios teóricos aos professores e às suas instituições no desenvolvimento de tal tarefa, determinada pela legislação. Em 1998, foi elaborado o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, (RCNEI) no contexto da definição dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que atendiam ao estabelecido no art. 26 da LDB em relação à necessidade de uma base nacional comum para os currículos. O RCNEI consiste num conjunto de referências e orientações pedagógicas, não se constituindo como base obrigatória à ação docente. Ao mesmo tempo em que o MEC elaborou o RCNEI, o Conselho Nacional de Educação definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI, com caráter mandatório. De acordo com a Resolução nº 1, de 7 de abril de 1999, no seu art. 2º “essas Diretrizes constituem-se na doutrina sobre princípios, fundamentos e procedimentos da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as instituições de Educação Infantil dos sistemas brasileiros de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas”. Ambos os documentos têm subsidiado a elaboração das novas propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil. Características do Referencial Curricular Nacional para a Educação infantil O documento “Proposta pedagógica e currículo em educação infantil: um diagnóstico e a construção de uma metodologia de análise”, elaborado pelo MEC, propõe que, considerando-se as especificidades afetivas, emocionais, sociais e FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 8 - A Elaboração Do Referencial Para A Educação Infantil – RCNEI Maria Conceição Mússio 28 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” cognitivas das crianças de zero a seis anos, a qualidade das experiências oferecidas que podem contribuir para o exercício da cidadania deve ser embasada nos seguintes princípios: • O respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas, etc.; • O direito de a criança brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; • O acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética; • A socialização da criança por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma; • O atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade. Considerando e respeitando a pluralidade e diversidade da sociedade brasileira e em acordo com os princípios acima referidos, o Referencial é uma proposta aberta, flexível e não obrigatória, que visa a favorecer o diálogo com propostas e currículos que se constroem no cotidiano das instituições. Nessa perspectiva, o uso deste Referencial só tem sentido se traduzir a vontade dos sujeitos envolvidos com a educação das crianças. Se por um lado, o Referencial pode funcionar como elemento orientador de ações na busca da melhoria de qualidade da educação infantil brasileira, por outro, não tem a pretensão de resolver os complexos problemas dessa etapa educacional. A busca da qualidade do atendimento envolve questões ligadas às políticas públicas, às decisões de ordem orçamentária, à implantação de políticas de recursos humanos, ao estabelecimento de padrões de atendimento que garantam espaço físico adequado, materiais em quantidade e qualidade suficientes e à adoção de propostas FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 8 - A Elaboração Do Referencial Para A Educação Infantil – RCNEI Maria Conceição Mússio 29 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” educacionais compatíveis com a faixa etária nas diferentes modalidades de atendimento, para as quais este Referencial pretende dar sua contribuição. “CONCEITOS” A CRIANÇA A concepção de criança é uma noção historicamente construída e, consequentemente, não se apresenta de forma homogênea, nem mesmo no interior de uma sociedade e época. É uma concepção profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais. EDUCAR Significa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. CUIDAR O cuidado deve ser compreendido como parte integrante da educação, numa perspectiva de ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. BRINCAR É apropriar-se de elementos da realidade imediata, para atribuir-lhe novos significados, por meio da articulação entre a imaginação e a imitação dessa mesma realidade. No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos, e é no ato de brincar que a FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 8 - A Elaboração Do Referencial Para A Educação Infantil – RCNEI Maria Conceição Mússio 30 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas competênciase as relações que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações. BUSCANDO CONHECIMENTO Para ampliar seus conhecimentos acesse os links abaixo para que você conheça as propostas dos RCNEI (Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil) Vol.1 Introdução: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf Vol.2 Formação Social e Pessoal: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf Vol.3 Conhecimento de Mundo: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 9 - Das Brincadeiras às Aprendizagens Orientadas Maria Conceição Mússio 31 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre a organização de situações de aprendizagem ESTUDANDO E REFLETINDO A organização de situações de aprendizagens orientadas ou que dependem de uma intervenção direta do professor permite que as crianças trabalhem com diversos conhecimentos, em situações de interação social ou sozinhas. Elas objetivam que as crianças possam ampliar suas capacidades de apropriação dos conceitos, dos códigos sociais e das diferentes linguagens, por meio da expressão e comunicação de sentimentos e ideias, da experimentação, da reflexão, da elaboração de perguntas e respostas, da construção de objetos e brinquedos, etc. O professor constitui-se no parceiro mais experiente, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas. Para que as aprendizagens infantis ocorram com sucesso, é preciso que o professor considere, na organização do trabalho educativo: ∑ a interação com crianças da mesma idade e de idades diferentes em situações diversas como fator de promoção da aprendizagem e do desenvolvimento e da capacidade de relacionar-se; ∑ os conhecimentos prévios de qualquer natureza, que as crianças já possuem sobre o assunto, já que elas aprendem por meio de uma construção interna ao relacionar suas ideias com as novas informações de que dispõem e com as interações que estabelece; ∑ a individualidade e a diversidade; ∑ o grau de desafio que as atividades apresentam e o fato de que devam ser significativas e apresentadas de maneira integrada para as crianças e o mais próximas possíveis das práticas sociais reais; ∑ a resolução de problemas com forma de aprendizagem. FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 9 - Das Brincadeiras às Aprendizagens Orientadas Maria Conceição Mússio 32 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” A INTERAÇÃO SOCIAL é uma das estratégias mais importantes de aprendizagem. Cabe ao professor propiciar situações de conversa, brincadeiras, ou aprendizagens orientadas que garantam a troca entre as crianças, de forma a que possam comunicar-se e expressar-se num ambiente acolhedor, porém sem eliminar os conflitos, disputas e divergências presentes nas interações sociais, para que as crianças aprendam a conviver, buscando as soluções mais adequadas para as situações com as quais se defrontam diariamente. Nessa perspectiva, a organização dos agrupamentos e das situações de interação deve auxiliar as trocas entre as crianças e, ao mesmo tempo, garantir-lhes o espaço da individualidade. O âmbito social oferece ocasiões para a criança estabelecer uma rede de reflexão e construção de conhecimentos na qual tanto os parceiros mais experientes quanto os menos experientes têm seu papel na interpretação e ensaio de soluções. DIVERSIDADE E INDIVIDUALIDADE- sobre esse aspecto, o professor deve planejar e oferecer uma gama variada de experiências que responda, simultaneamente, às demandas do grupo e às individualidades de cada criança. Considerar que as crianças são diferentes entre si implica propiciar uma educação que respeite suas necessidades e ritmos individuais. Individualizar não é marcar e estigmatizar as crianças pelo que diferem, mas levar em conta suas singularidades, respeitando-as e valorizando-as como fator de enriquecimento pessoal e cultural. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E CONHECIMENTOS PRÉVIOS: a construção de aprendizagens significativas pelas crianças requer o estabelecimento de relações entre novos conteúdos e os conhecimentos prévios. O professor deve considerar, como ponto de partida para sua ação educativa, os conhecimentos que as crianças possuem, advindos das mais variadas experiências sociais, afetivas e cognitivas a que estão expostas. Detectar os conhecimentos prévios das crianças não é uma tarefa fácil. A observação acurada é um instrumento essencial, pois os gestos, movimentos corporais, sons produzidos, expressões faciais, as brincadeiras e toda forma de expressão, representação e comunicação devem ser consideradas como fonte de conhecimento sobre o que a criança já sabe. FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 9 - Das Brincadeiras às Aprendizagens Orientadas Maria Conceição Mússio 33 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: é importante que as crianças busquem soluções e as discutam entre si. Não se trata de “aplicar” o que já se sabe, mas sim produzir novos conhecimentos a partir dos que já se tem e em interação com novos desafios. PROXIMIDADE COM AS PRÁTICAS SOCIAIS REAIS: situações que reproduzam contextos cotidianos, como, por exemplo, escrever, contar, ler, desenhar, procurar uma informação, etc. dentro de um contexto de realidade, isto é, escrever para guardar uma informação para enviar uma mensagem, contar tampinhas para fazer uma coleção, etc. BUSCANDO CONHECIMENTO Para saber um pouco mais, acesse o link e leia o artigo da Professora Drª Maria Zita Figueiredo Gera e da Psicopedagoga clínica, Mestre Ana Maria Tassinari O ESPAÇO DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: Um estudo em creches e pré – escolas http://legacy.unifacef.com.br/novo/publicacoes/IIforum/Textos%20EP/Ana%20Maria %20e%20Maria%20Zita.pdf FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 10 - Organização Do Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil Maria Conceição Mússio 34 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Explicitar a organização do referencial curricular para a educação infantil. A partir do diagnóstico realizado pela COEDI/DPE/SEF/MEC das propostas pedagógicas e dos currículos de educação infantil de vários estados e municípios brasileiros, em 1996, pode-se observar que a maioria das propostas concebe a criança como um ser social, psicológico e histórico, e que por ter no construtivismo sua maior referência teórica aponta o universo cultural da criança como ponto de partida para o trabalho e defende uma educação democrática e transformadora da realidade, que objetiva a formação de cidadãos críticos, mas ao mesmo tempo, constata-se um grande desencontro entre os fundamentos teóricos adotados e as orientações metodológicas. Não são explicitadas as formas que possibilitam a articulação entre o universo cultural das crianças, o desenvolvimento infantil e as áreas do conhecimento. ESTUDANDO E REFLETINDO Com o objetivo de tornar visível uma possível forma de articulação, a estrutura do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil relaciona objetivos gerais e específicos, conteúdos e orientações didáticas numa perspectiva de operacionalização do processo educativo. Para tanto, estabelece uma integração curricular na qual os objetivos gerais para a educação infantil norteiam a definição de objetivos específicos para os diferentes eixos de trabalho. Desses objetivos específicos decorrem os conteúdos que possibilitam concretizar as intenções educativas. O tratamento didático que busca garantir a coerência entre objetivos e conteúdosse explicita por meio das orientações didáticas. Essa estrutura se apoia em uma organização por idades — crianças de zero a três anos e crianças de quatro a seis anos — e se concretiza em dois âmbitos de experiências Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo — que são constituídos pelos seguintes eixos de trabalho: Identidade e autonomia, Movimento, FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 10 - Organização Do Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil Maria Conceição Mússio 35 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Artes visuais, Música, Linguagem oral e escrita, Natureza e sociedade, e Matemática. Cada documento de eixo se organiza em torno de uma estrutura comum, na qual estão explicitadas: as ideias e práticas correntes relacionadas ao eixo e à criança e aos seguintes componentes curriculares: objetivos; conteúdos e orientações didáticas; orientações gerais para o professor e bibliografia. ORGANIZAÇÃO POR IDADE A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, explicita no art. 30, capítulo II, seção II que: “A educação infantil será oferecida em: I - creches ou entidades equivalentes para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos”. Este Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil adota a mesma divisão por faixas etárias, embora, em alguns documentos fez-se uma diferenciação para os primeiros 12 meses de vida da criança, considerando-se as especificidades dessa idade. ORGANIZAÇÃO EM ÂMBITOS E EIXOS Esta organização visa a abranger diversos espaços de elaboração de conhecimentos e de diferentes linguagens, a construção da identidade, os processos de socialização e o desenvolvimento da autonomia das crianças que propiciam, por sua vez, as aprendizagens consideradas essenciais. Os âmbitos são os campos de ação que dão visibilidade aos eixos do trabalho educativo, para que o professor possa organizar sua prática e refletir sobre a abrangência das experiências oferecidas às crianças. O âmbito de Formação Pessoal e Social abarca um eixo de trabalho denominado Identidade e Autonomia. O âmbito de Conhecimento do Mundo incide sobre aspectos essenciais do desenvolvimento e da aprendizagem e engloba instrumentos fundamentais para as crianças continuarem a aprender ao longo da vida. Destacam-se os seguintes eixos FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 10 - Organização Do Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil Maria Conceição Mússio 36 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” de trabalho: Movimento, Artes Visuais, Música, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade, Matemática. Observe abaixo a estrutura do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 10 - Organização Do Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil Maria Conceição Mússio 37 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” ESTRUTURA DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 10 - Organização Do Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil Maria Conceição Mússio 38 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” BUSCANDO CONHECIMENTO Para ampliar seus conhecimentos sugerimos que assista ao vídeo Enviado em 07/02/2011 http://www.youtube.com/watch?v=ZbE0O6C9CBI Programa do Curso de Pedagogia Unesp/Univesp, integrante da disciplina de Educação Infantil D13 -- Abordagens Curriculares. O programa analisa o referencial curricular nacional para a educação infantil (rcnei) publicado pelo Ministério da Educação e do Desporto em 1998. A partir de entrevistas com pesquisadores envolvidos na elaboração do referencial e com professores da educação infantil, o programa demonstra como o documento foi inserido na rotina das creches e pré-escolas. FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 11 - Componentes Curriculares do Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil Maria Conceição Mússio 39 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Detalhar os objetivos do RCNEI Vamos examinar, atentamente, nesta unidade, os objetivos explicitados nos RCNEI. ESTUDANDO E REFLETINDO Objetivos Gerais Da Educação Infantil A prática da educação infantil deve se organizar de modo que as crianças desenvolvam as seguintes capacidades: ∑ Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações; ∑ Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar; ∑ Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social; ∑ Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração; ∑ Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação; ∑ Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades; FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 11 - Componentes Curriculares do Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil Maria Conceição Mússio 40 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” ∑ Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva; ∑ Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade. A definição dos objetivos em termos de capacidades– e não de comportamentos– amplia as possibilidades de atendimento à diversidade apresentada pelas crianças, podendo considerar diferentes habilidades, interesses e maneira de aprender no desenvolvimento de cada capacidade. Para que isso ocorra, faz-se necessário uma atuação que propicie o desenvolvimento de capacidades de:- ∑ Ordem física que estão associadas ao conhecimento das potencialidades corporais, ao auto conhecimento, ao uso do corpo na expressão das emoções, ao deslocamento com segurança. ∑ Ordem cognitiva que estão associadas ao desenvolvimento de recursos para pensar, o uso e apropriação de formas de representação e comunicação, envolvendo resolução de problemas. ∑ Ordem afetiva que estão associadas à construção da autoestima, às atitudes no convívio social, à compreensão de si mesmo e dos outros. ∑ Ordem estética que estão associadas à própria produção artística e à apreciação da produção de diferentes culturas. ∑ Ordem ética que estão associadas à construção de valores que norteiam a ação das crianças. ∑ Relação interpessoal que estão associadas às condições para o convívio social respeitando as diferenças de temperamentos, de intenções, de hábitos e costumes, de cultura, etc. FUNDAMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Unidade 11 - Componentes Curriculares do Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil Maria Conceição Mússio 41 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR.
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