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Era Clássica - Arcadismo - Aspectos Gerais II

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KL 070208
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Era Clássica – Arcadismo (Aspectos Gerais) 
FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!
 
PROFº: ANÍSIO 
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CONTEÚDO 
A Certeza de Vencer 
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33 -- EEIIXXOO TTEEMMÁÁTTIICCOO 1- TEXTO LITERÁRIO NEOCLÁSSICO, ÁRCADE E PRÉ-ROMÂNTICO 
CCOONNTTEEÚÚDDOOSS COMPETÊNCIAS HABILIDADES 
1.1- Arcadismo e Neoclassicismo 
— Leitura de poemas líricos de Bocage. 
— Leitura de poemas líricos de Tomás Antônio 
Gonzaga 
1.2- A presença do Pré-Romantismo nos versos de 
Bocage e de Tomás Antônio Gonzaga. 
1.3- Os elementos constitutivos do texto poético 
nos poemas dos escritores árcades. 
1) Apontar nos poemas de 
Bocage e de Tomás Antônio 
Gonzaga, elementos 
constitutivos do texto 
poético, tais como: semântico, 
sintático, lexical e sonoro. 
1. Explicar as características da literatura neoclássica e árcade. 
2. Estabelecer as diferenças entre os nomes Neoclassicismo, 
Setecentismo e Arcadismo. 
3. Observar as influências políticas, econômicas, sociais e 
filosóficas, nas manifestações literárias do período estudado. 
4. Identificar o estilo lírico nos textos poéticos do 
Neoclassicismo. 
 
CONTEXTO HISTÓRICO: 
O século XVIII ficou conhecido como o “Século das Luzes”, é claro que 
um bom aluno perguntaria: por quê?. E a explicação é clara. O século 
XVIII foi palco de três importantíssimas revoluções que pretenderam 
“afastar” o homem das “trevas” do medievalismo Barroco de acordo 
com a visão renascentista. 
Vamos por partes. Primeiro é preciso saber que as três grandes 
revoluções foram: ILUMINISMO, REVOLUÇÃO INDUSTRIAL e 
INCONFIDÊNCIA MINEIRA. Outras grandes revoluções como a 
Francesa e A Independência dos EUA foram também importantes, mas 
para o Arcadismo, as três primeiras foram fundamentais. 
Os ILUMINISTAS foram homens que tentaram explicar à luz da razão e 
da ciência a verdade dos fatos. Assim, a razão e a ciência constituem para 
estes homens as LUZES às quais o século se refere. 
A INCONFIDÊNCIA MINEIRA foi fundamental porque deslocou o 
eixo sócio-econômico cultural da Bahia (onde ocorrera o Barroco) para 
Minas Gerais onde se teve na época o CICLO DO OURO. 
E a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL foi vital porque definiu profundas 
transformações sociais, políticas e econômicas. Pois, com o avanço 
científico surgiram as indústrias e os centros urbanos. A vida deixou de 
ser rural para se tornar urbana. As fábricas reuniram em torno de si 
grandes aglomerados populacionais e a atmosfera calma e pacata dos 
centros populacionais iniciais cederá lugar à agitação e ao burburinho 
próprio das cidades de nosso tempo. 
Por esse motivo que os homens esclarecidos, iluminados da época 
preferiram o campo ao invés da cidade. Essa é a maior característica da 
escola árcade. 
 
CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO 
1. REVALORIZAÇÃO DA CULTURA CLÁSSICA: cultura 
clássica é toda cultura pertinente às civilizações da Antigüidade clássica: 
Grécia e Roma. Os conceitos greco-romanos (ou greco-latinos) são 
resgatados no Arcadismo porque os povos clássicos foram exemplos de 
equilíbrio e de racionalidade. Como os árcades valorizavam a razão, logo 
os conceitos greco-latinos foram também revalorizados. 
 
2. RACIONALISMO: como foi dito anteriormente a escola árcade 
baseada nos princípios greco-latinos apresenta a supremacia da razão 
sobre a emoção, como conseqüência do desenvolvimento técnico-
científico do século XVIII. 
 
3. BUCOLISMO: lingüisticamente é a qualidade de bucólico (relativo 
à vida e costumes do campo), no Arcadismo se entende esta 
característica como a exaltação da beleza do campo e de sua cultura em 
detrimento da vida citadina. 
Ex.: “Ver as longas Campinas retalhadas 
De trêmulos ribeiros; claras fontes, 
E lagos cristalinos onde molha 
As leves asas do lascivo vento...”. 
(Basílio da Gama) 
 
4. PASTORALISMO: o poeta, desnorteado com o avanço da 
urbanização das cidades, ao criar, se evade para um ambiente campestre 
onde se situa como um pastor, inclusive adotando um PSEUDÔNIMO 
(pseudo = falso e nimo = nome) pastoril. 
Ex.: “São estes os prados, 
Aonde brincava, 
Enquanto pastava 
O gordo rebanho 
Que Alceu lhe deixou?”. 
 
5. USO DE PALAVRAS LATINAS: devido à revalorização clássica 
greco-romana o LATIM língua falada na Roma Antiga é utilizado para 
compor características da escola árcade. 
ƒ Fugere Urban: devido ao burburinho dos centros urbanos no século 
XVIII o poeta árcade desejou “fugir da cidade” para um lugar não 
corrompido pela civilização. 
ƒ Lócus amoenus: ao fugir da agitação dos centros urbanos o poeta 
árcade buscou estalar-se num lugar ameno, calmo, pacato... o campo. 
ƒ Carpe diem: ao chegar no local desejado o poeta deveria aproveita-lo 
o máximo possível daí a utilização do termo “carpe diem”, isto é, 
“aproveite o dia”, além de que o homem árcade tinha a consciência de 
que a vida terrena se finda, por isso a necessidade de aproveita-la o 
quanto possível. 
ƒ Inutilia truncat: princípio árcade de imitação da simplicidade formal 
dos clássicos contrária ao rebuscamento do Barroco. O termo significa 
“cortar as inutilidades” para o poeta árcade o rebuscamento barroco 
retirava a objetividade do texto tornando-o de difícil leitura, o que não 
era propósito dos árcades. Já a simplicidade por meio da moderação da 
linguagem e da emoção era obtida da natureza calma e amena. 
ƒ Áurea mediocritas: fingir que eram pastores foi a saída encontrada 
pelos árcades para realizar (na imaginação) o ideal da “mediocridade 
dourada”, isto é, a louvação à vida equilibrada, espontânea, humilde, em 
contato com a natureza. Em Latim, o termo “áurea mediocritas” é 
entendido como “paz de espírito” e este era o ideal árcade da existência. 
 
CURIOSIDADE 
Você sabe por que o Arcadismo recebeu este nome? 
Arcádia, segundo a mitologia era um monte que ficava 
na Grécia Antiga. Tal monte era habitado pelo deus Pã 
(o deus das pastagens) que vivia lá com seus amigos 
pastores e algumas ninfas. 
 
INTERTEXTUALIDADE 
CASINHA BRANCA (Gilson) 
Eu tenho andado tão sozinho ultimamente 
Que nem vejo em minha mente 
Nada que me dê prazer 
Sinto cada vez mais longe a felicidade 
Vendo em minha mocidade 
Tantos sonhos perecer. 
Eu queria ter na vida simplesmente 
Um lugar de mato verde 
P’ra plantar e p’ra colher 
Ter uma casinha branca de varanda 
Um quintal e uma janela 
Para ver o sol nascer. 
Às vezes saio a caminhar pela cidade 
À procura de amizade 
Vou seguindo a multidão 
Mas eu deparo olhando em cada rosto 
Cada um tem seu mistério 
Seu sofrer sua ilusão 
Eu queria ter na vida simplesmente 
Um lugar de mato verde 
P’ra plantar e p’ra colher 
Ter uma casinha branca de varanda 
Um quintal e uma janela 
Para ver o sol nascer. 
 
 
 FAÇO IMPACTO – A CERTEZA DE VENCER!!!
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O ARCADISMO EM PORTUGAL 
 Manuel Maria L’edoux Barbosa du Bocage foi 
talvez o maior representante árcade em Portugal. 
Nascido em Setúbal (1765) Bocage é muito conhecido como 
poeta erótico, embora sua poesia lírica, especialmente os sonetos 
sejam bem superiores às “piadas” bocageanas. Sua notoriedade 
foi tanta que em 1791 foi convidado para compor a Nova 
Arcádia, onde usava o pseudônimo Elmano Sadino (Elmano é 
anagrama de Manuel; Sadino é homenagem ao rio Sado, que 
corta sua cidade natal). 
Os sonetos constituem, como dissemos, o ponto alto da 
produção bocageana, comparável à de Camões. Em alguns 
momentos, o lirismo de Bocage revela a orientação do 
academicismo do século XVIII: a presença dos pseudônimos 
pastoris da mitologia; a ânsia pelo lócus amoenusque simboliza 
a fuga da vida citadina, enfim, as regras árcades conhecidas. 
Porém, a solidão, a desilusão amorosa, o sentimento de 
desamparo e a dor de viver contagiaram de tal maneira sua 
poesia que ela acabou se afastando da estética árcade (em 
algumas produções) para enveredar no campo dramático e 
confessional, que inseriu Bocage num contexto de pré-
romantismo. 
 
SONETO 13 
Olha, Marília, as flautas dos pastores 
 
Olha, Marília, as flautas dos pastores 
Que bem que soam, como estão cadentes! 
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes 
O Zéfiro brincar por entre flores? 
 
Vê como ali, beijando-se, os Amores 
Incitam nossos ósculos ardentes! 
Ei-las de planta em planta as inocentes, 
As vagas borboletas de mil cores. 
 
Naquele arbusto o rouxinol suspira, 
Ora nas folhas a abelhinha pára, 
Ora nos ares sussurrando gira: 
 
Que alegre campo! Que manhã tão clara! 
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira, 
Mais tristeza que a morte me causara. 
 
 
SONETO 16 
 
Da pérfida Gertrúria o juramento 
 
Da pérfida Gertrúria o juramento 
Parece-me que estou inda escutando, 
E que inda ao som da voz suave e brando 
Encolhe as asas, de encantado, o vento. 
 
No vasto, infatigável pensamento 
Os mimos da perjura estou notando... 
Eis Amor, eis as Graças festejando 
Dos ternos votos o feliz momento. 
 
Mas, ah!... Da minha rápida alegria 
Para que acendes mais as vivas cores, 
Lisonjeiro pincel da fantasia? 
 
Basta, cega paixão, loucos amores; 
Esqueçam-se os prazeres de algum dia, 
Tão belos, tão duráveis como as flores. 
 
SONETO 102 
 
Camões, grande Camões, quão semelhante 
 
Camões, grande Camões, quão semelhante 
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo! 
Igual causa nos fez perdendo o Tejo 
Arrostar com sacrílego gigante. 
 
Como tu, junto ao Ganges sussurrante 
Da penúria cruel no horror me vejo; 
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo, 
Também carpindo estou, saudoso amante. 
 
Ludíbrio, como tu, da sorte dura 
Meu fim demando ao céu, pela certeza 
De que só terei paz na sepultura. 
 
Modelo meu tu és... Mas, oh tristeza!... 
Se te imito nos transes da ventura, 
Não te imito nos dons da natureza. 
 
 
SONETO 118 
 
Ó retrato da morte, ó noite amiga 
 
O retrato da morte, ó noite amiga 
Por cuja escuridão suspiro há tanto! 
Calada testemunha de meu pranto, 
De meus desgostos secretária antiga! 
 
Pois manda Amor, que a ti somente os diga, 
Dá-lhes pio agasalho no teu manto; 
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto 
Dorme a cruel, que a delirar obriga: 
 
E vós, ó cortesãs da escuridade, 
Fantasmas vagos, mochos piadores, 
Inimigos, como eu da claridade! 
 
Em bandos acudi aos meus clamores; 
Quero a vossa medonha sociedade, 
Quero fartar meu coração de horrores. 
 
 
Já se afastou de nós o Inverno agreste 
Envolto nos seus húmidos vapores; 
A fértil Primavera, a mãe das flores 
O prado ameno de boninas veste: 
 
Varrendo os ares o subtil nordeste 
Os torna azuis: as aves de mil cores 
Adejam entre Zéfiros, e Amores, 
E torna o fresco Tejo a cor celeste; 
 
Vem, ó Marília, vem lograr comigo 
Destes alegres campos a beleza, 
Destas copadas árvores o abrigo: 
 
Deixa louvar da corte a vã grandeza: 
Quanto me agrada mais estar contigo 
Notando as perfeições da Natureza! 
 
 “Áurea Mediocritas omni vincit” 
Provérbio Latino 
 
 
 
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