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PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES Autora: Patrícia Grassiani Crespo Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS 621.8 C921p Crespo, Patrícia Grassiani Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações / Patrícia Grassiani Crespo. Indaial : Uniasselvi, 2012. 228 p. : il ISBN 978-85-7830-641-0 1. Engenharia de máquinas. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Prof. Lírio Ribeiro Revisão Gramatical: Profa. Iara de Oliveira Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2012 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Patrícia Grassiani Crespo Possui graduação em Engenheira Civil pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2000), Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003) e Mestrado em Engenharia Ambiental pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2003). Atualmente, é engenheira de segurança do trabalho - UNISESMT. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Engenharia de Segurança do Trabalho. Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Máquinas e Equipamentos.......................................................9 CAPÍTULO 2 Caldeiras ............................................................................... 41 CAPÍTULO 3 Vasos de Pressão ................................................................ 81 CAPÍTULO 4 Indústria da Construção Civil .......................................... 109 CAPÍTULO 5 Arranjo Físico ................................................................... 167 CAPÍTULO 6 Segurança em Instalações Elétricas ............................. 197 7 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): No estudo que segue, teremos a oportunidade de conhecer, identificar e avaliar os possíveis riscos envolvendo máquinas e equipamentos, com o objetivo de propor medidas de controle, a fim de proporcionar um ambiente de trabalho saudável e seguro. A seguir, a disciplina será focada no entendimento de máquinas e equipamentos. Sendo assim, conheceremos os seus mecanismos, bem como as formas de se fazer segurança pelo método prevencionista, isto é, implantação de dispositivos de segurança, inspeções e identificações de riscos, antecipando-nos às consequências indesejáveis. A autora. CAPÍTULO 1 Máquinas e Equipamentos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Apresentar conceitos fundamentados na legislação para o reconhecimento preventivo dos riscos. � Analisar máquinas e equipamentos. � Descrever procedimentos de segurança eficazes. 11 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 Contextualização Na disciplina de Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, teremos a oportunidade de conhecer, identificar e avaliar os possíveis riscos envolvendo máquinas e equipamentos, com o objetivo de propor medidas de controle, a fim de proporcionar um ambiente de trabalho saudável e seguro. A seguir a disciplina será focada no entendimento de máquinas e equipamentos presentes na NR 12. Sendo assim, é imprescindível conhecer a Norma Regulamentadora que fornece as diretrizes para fazermos um ambiente de trabalho seguro e livre de possíveis acidentes. Lembre-se, é importante conhecer a máquina para que possamos agir diretamente na segurança da “máquina humana”. Máquinas e Equipamentos na NR 12 Por se tratar de causadores de graves lesões nos trabalhadores que realizam suas atividades com máquinas e equipamentos, este setor laboral deve ser estudado, analisado com totais princípios da segurança prevencionista. Sendo assim, devemos observar todos os itens da NR 12 e adequarmos nosso ambiente de trabalho. O setor industrial brasileiro é composto por maquinários e equipamentos antigos e obsoletos, fabricados em torno de três décadas atrás e que continuam em plena atividade. Devido a esta realidade, muitas são as máquinas e os equipamentos que não possuem proteções com a função de evitar ou minimizar os riscos pertinentes à indústria. Máquinas sem proteção são fontes eminentes de danos à saúde e bem-estar do trabalhador da empresa. Porém, não podemos esquecer que existem formas de reduzir os riscos e os acidentes de uma forma viável economicamente e até mesmo fabricadas na própria empresa. As empresas devem oferecer um ambiente de trabalho saudável e seguro ao seu trabalhador. Para que isso seja possível, todas as máquinas e os equipamentos com acionamento repetitivo devem ter dispositivos de segurança, conforme disposto na NR 12- Máquinas e Equipamentos. Segundo a legislação pertinente, as medidas de proteção de máquinas e equipamentos devem ser adotadas seguindo a ordem de prioridade: 12 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 1) medidas de proteção coletiva; 2) medidas administrativas ou de organização do trabalho; 3) medidas de proteção individual. Em oito de julho de 1978, através da Portaria n° 3.214, foi aprovada a NR 12, norma específica para máquina e equipamentos. Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas. (MTE, 2012). A NR 12 sofreu sua primeira alteração em 1983. Em 1994, foi- lhe acrescentado o anexo de mortosseras e, em 1996, o de cilindros de massas. Em 1997 e em 2000 ocorreram mais duas modificações nesta NR. A NR pode ser obtida, na íntegra, pelo site http://www.mte. gov.br/seg_sau/nr_12_texto.pdf No ano de 2010, a NR 12 passou por uma grande reformulação, alcançada de forma tripartite, sempre com o objetivo de: • Orientar sobre práticas de segurança de máquinas. • Fazer com que a fabricação de novas máquinas já tenha intrínseca a segurança na sua concepção. • Adequar às máquinas existentes para a segurança. • Reduzir as assimetrias regionais quanto à proteção dos trabalhadores. • Reduzir os acidentes relacionados às máquinas e equipamentos. • Prevenção de acidentes. No contexto, a NR 12, em seus objetivos, priorizou pontos que anteriormente Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas. 13 Máquinase Equipamentos Capítulo 1 eram brandos e até mesmo inexistentes. O nome da norma também mudou, passando a ter como título, NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. «O mais importante da nova versão são as informações mínimas para que a máquina seja concebida de forma segura. Queremos em médio prazo uma nova geração de máquinas», afirma a coordenadora do GTT da NR 12, a auditora fiscal da SRTE/RS, Aida Becker (BECKER et al., 2012). Figura 1 - Mudanças da NR 12 Fonte: Disponível em: <http://www.slideshare.net/Rosali_ Bispo/nr12-2>. Acesso em: 13 out. 2012. A nova NR 12 revoluciona no que tange à proteção dos trabalhadores e o uso das máquinas. A versão que antecede as modificações de 2010 contava com apenas seis itens principais e mais dois anexos, um relacionado a motosserras e outro para cilindros de massa. A nova NR 12 conta com dezenove textos principais, três apêndices, sete anexos e um glossário. As explicações tornaram-se mais detalhadas e claras, adequadas às tecnologias existentes, principalmente quanto às instalações e aos dispositivos de segurança. a) Princípios Gerais 12.1. Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas 14 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras – NR aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis. 12.1.1. Entende-se como fase de utilização a construção, transporte, montagem, instalação, ajuste, operação, limpeza, manutenção, inspeção, desativação e desmonte da máquina ou equipamento. 12.2. As disposições desta Norma referem-se a máquinas e equipamentos novos e usados, exceto nos itens em que houver menção específica quanto à sua aplicabilidade. 12.3. O empregador deve adotar medidas de proteção para o trabalho em máquinas e equipamentos, capazes de garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores, e medidas apropriadas sempre que houver pessoas com deficiência envolvidas direta ou indiretamente no trabalho. 12.4. São consideradas medidas de proteção, a ser adotadas nessa ordem de prioridade: a) medidas de proteção coletiva; b) medidas administrativas ou de organização do trabalho; e c) medidas de proteção individual. 12.5. A concepção de máquinas deve atender ao princípio da falha segura. Fonte: NR 12. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/ seg_sau/nr_12_texto.pdf>. Acesso: 01 out. 2012. b) Arranjo físico e instalações Nos locais de instalação de máquinas e equipamentos, as áreas de circulação devem ser devidamente demarcadas e em conformidade com as 15 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 normas técnicas oficiais. Os espaços ao redor das máquinas e equipamentos devem ser adequados ao seu tipo e ao tipo de operação, de forma a prevenir a ocorrência de acidentes e doenças relacionados ao trabalho. Os locais de instalação, manutenção e circulação devem estar devidamente demarcados, devendo ter no mínimo 1,20 m (um metro e vinte) para a circulação. Os espaços ao redor das máquinas e equipamentos devem ser adequados ao seu tipo e ao tipo de operação, de forma a prevenir a ocorrência de acidentes e doenças relacionados ao trabalho e as circulações de acesso às máquinas devem estar totalmente desobstruídas. É fundamental que as áreas de circulação entre as máquinas sejam projetadas, afim de proteger o trabalhador durante sua movimentação. Sendo assim, é necessário manter a limpeza e organização. Além disso, o ambiente deve ser nivelado e resistente às cargas a que está sujeito. Na elaboração do projeto, que deve ser planejado por profissional legalmente habilitado, deve-se atentar para as fixações, amortecimentos, nivelamento, ventilação, alimentação elétrica, pneumática e hidráulica, aterramento e sistemas de refrigeração e medidas preventivas. A estabilidade é outro fato importante no projeto, pois é uma medida preventiva que evitará que as máquinas não se desloquem com ações como: vibrações, choques, forças externas previsíveis, forças dinâmicas internas ou qualquer outro motivo acidental. Figura 2 - Disposição do layout Fonte: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ ABAAAAoRQAL/layout-processo>. Acesso em: 13 out. 2012. É fundamental que as áreas de circulação entre as máquinas sejam projetadas, afim de proteger o trabalhador durante sua movimentação. Sendo assim, é necessário manter a limpeza e organização. Além disso, o ambiente deve ser nivelado e resistente às cargas a que está sujeito. 16 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações c) Instalações e dispositivos elétricos Toda máquina e equipamento que possuir em seu sistema instalações elétricas deve ser projetado e mantido de forma que sejam prevenidos os perigos de choque elétrico, incêndio, explosão e outros tipos de acidentes. Também se deve executar o aterramento, conforme normas técnicas oficiais vigentes, a fim de proteger partes condutoras que possam estar sob tensão. Os quadros de energia das máquinas e equipamentos devem atender aos seguintes requisitos mínimos de segurança: 1) possuir porta de acesso, mantida permanentemente fechada; 2) possuir sinalização quanto ao perigo de choque elétrico e restrição de acesso por pessoas não autorizadas; 3) ser mantidos em bom estado de conservação, limpos e livres de objetos e ferramentas; 4) possuir proteção e identificação dos circuitos e 5) atender ao grau de proteção adequado em função do ambiente de uso. Figura 3 - Quadro de energia sem proteção Fonte: Disponível em: <http://www.slideshare.net/Rosali_ Bispo/nr12-2>. Acesso em: 13 out. 2012. Toda máquina e equipamento que possuir em seu sistema instalações elétricas deve ser projetado e mantido de forma que sejam prevenidos os perigos de choque elétrico, incêndio, explosão e outros tipos de acidentes. 17 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 d) Dispositivos de partida, acionamento e parada Fornece parâmetros de segurança para instalação de dispositivos de partida, acionamento e parada das máquinas. Tais dispositivos não podem estar localizados em zona perigosa e, em caso de emergência, poderão ser acionados por outra pessoa que não o operador. O acionamento de máquinas e equipamentos somente deverá ser realizado por pessoa autorizada. Para isso, deve existir sistema que possibilite o bloqueio de seus dispositivos de acionamento. Os componentes de partida, parada, acionamento e outros controles que compõem a interface de operação das máquinas devem: 1) operar em extra baixa tensão de até 25 V (vinte e cinco volts) em corrente alternada ou de até 60 V (sessenta volts) em corrente contínua; 2) possibilitar a instalação e funcionamento do sistema de parada de emergência, conforme itens de 12.56 a 12.63 e seus subitens da NR 12. Figura 4 - Máquinas sem proteção adequada Fonte: Disponível em: <http://cinecafe.wordpress.com/ tag/charles-chaplin/>. Acesso em: 13 out. 2012. e) Sistemas de segurança As áreas (zonas) de perigo das máquinas e equipamentos devem O acionamento de máquinas e equipamentos somente deverá serrealizado por pessoa autorizada. Para isso, deve existir sistema que possibilite o bloqueio de seus dispositivos de acionamento. As áreas (zonas) de perigo das máquinas e equipamentos devem possuir sistemas de segurança, caracterizados por proteções fixas, proteções móveis e dispositivos de segurança interligados, que garantam proteção à saúde e à integridade física dos trabalhadores. 18 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações possuir sistemas de segurança, caracterizados por proteções fixas, proteções móveis e dispositivos de segurança interligados, que garantam proteção à saúde e à integridade física dos trabalhadores. O filme mostra as condições de trabalho na China. http://www. youtube.com/watch?v=PrDYWTFv-3g As máquinas e equipamentos que ofereçam risco de ruptura de suas partes, projeção de materiais, partículas ou substâncias, devem possuir proteções que garantam a saúde e a segurança dos trabalhadores. Quando a proteção for confeccionada com material descontínuo, devem ser observadas as distâncias de segurança para impedir o acesso às zonas de perigo, conforme previsto no Anexo I, item A da NR 12. Figura 5 - Alcance sobre estruturas de proteção Fonte: ABNT NBRNM-ISO 13852 - Segurança de Máquinas - Distâncias de segurança para impedir o acesso a zonas de perigo pelos membros superiores. 19 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 f) Dispositivos de parada de emergência Todas as máquinas devem conter um ou mais dispositivos de parada de emergência, sendo estes dispositivos responsáveis pela segurança em situações de perigo eminente à função. Os dispositivos de parada de emergência têm a finalidade de interromper o movimento da máquina, impossibilitando que o operador trabalhe normalmente até que a ação que levou a interrupção do ato tenha sua causa conhecida. Devem ser monitorados por relé ou CLP de segurança. Tais dispositivos de parada de emergência não devem ser utilizados como dispositivos de partida ou de acionamento. São geralmente encontrados no mercado na forma de botões tipo “cogumelo” na cor vermelha. Devem ser instalados em locais de fácil visualização ou próximos à máquina, sempre ao alcance do operador. Além dos botões usuais e mais conhecidos, também existem outras formas de dispositivos de segurança, tais como: Figura 6 - Dispositivos de Segurança Fonte: Disponível em: <http://www.automasafety.com.br/produtos/ protecao-de-maquinas.html>. Acesso em: 14 out. 2012. Os dispositivos de parada de emergência têm a finalidade de interromper o movimento da máquina, impossibilitando que o operador trabalhe normalmente até que a ação que levou a interrupção do ato tenha sua causa conhecida. 20 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Devem existir acessos permanentemente fixados e seguros a todos os seus pontos de operação, abastecimento, inserção de matérias-primas e retirada de produtos trabalhados, preparação, manutenção e intervenção constante. Consideram-se meios de acesso elevadores, rampas, passarelas, plataformas ou escadas de degraus. Figura 9 - Escolha dos meios de acesso conforme a inclinação - ângulo de lance Fonte: EN 14122 – Segurança de Máquinas – Meios de acesso permanentes às máquinas. Legenda da Figura 9: A: rampa. B: rampa com peças transversais para evitar o escorregamento. Figura 7 - Cortina de Luz Fonte: Disponível em: <http:// www.automasafety.com.br/ produtos/protecao-de-maquinas. html>. Acesso: 14 out. 2012. Figura 8 - Tapete de segurança Fonte: Disponível em: <http:// wagnernascimento.webnode.com. br/dispositivos-complementares/>. Acesso em: 14 out. 2012. 21 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 C: escada com espelho. D: escada sem espelho. E: escada do tipo marinheiro. Sugiro que você pesquise na NR 12 outros aspectos como: Componentes pressurizados, Transportadores de materiais e Aspectos ergonômicos. h) Riscos adicionais 12.106. Para fins de aplicação desta Norma, devem ser considerados os seguintes riscos adicionais: a) substâncias perigosas quaisquer, sejam agentes biológicos ou agentes químicos em estado sólido, líquido ou gasoso, que apresentem riscos à saúde ou integridade física dos trabalhadores por meio de inalação, ingestão ou contato com a pele, olhos ou mucosas; b) radiações ionizantes geradas pelas máquinas e equipamentos ou provenientes de substâncias radiativas por eles utilizadas, processadas ou produzidas; c) radiações não ionizantes com potencial de causar danos à saúde ou integridade física dos trabalhadores; d) vibrações; e) ruído; f) calor; g) combustíveis, inflamáveis, explosivos e substâncias que reagem perigosamente; e h) superfícies aquecidas acessíveis que apresentem risco de queimaduras causadas pelo contato com a pele. Fonte: NR 12. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/ seg_sau/nr_12_texto.pdf>. Acesso: 01 out. 2012. 22 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Sugiro que você pesquise na NR 12 outros aspectos que são importantes você conhecer como: • Componentes pressurizados. • Transportadores de materiais. • Aspectos ergonômicos. • Manutenção, inspeção, preparação, ajustes e reparos. • Sinalização. • Manuais. • Procedimentos de trabalho e segurança. • Procedimentos de trabalho e segurança. • Projeto, fabricação, importação, venda, locação, leilão, cessão a qualquer título, exposição e utilização. • Outros requisitos específicos de segurança. • Disposições finais. • Anexos da NR 12: I – Motosserras; II – Máquinas para panificação e confeitaria; III – Máquinas para açougue e mercearia; IV – Prensas e similares; V – Injetoras de materiais plásticos; VI – Máquinas para calçados e afins; VII – Máquinas e implementos para uso agrícola e florestal. Atividade de Estudos: 1) Observar a figura e identificar os itens de segurança implantados na máquina. 23 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 Fonte: Disponível em: <http://www.beltraneprojetos.com. br/page5. aspx>. Acesso em: 16 out. 2012. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Componentes das Máquinas e os Riscos Associados Como já conhecemos no assunto anterior a NR 12, agora vamos estudá-la com seus detalhes e pormenores. Primeiramente, vamos conhecer o conceito de máquinas, para melhor entendermos o contexto e a importância de se realizar segurança neste item. “MÁQUINA”: Conjunto de peças ou de componentes ligados entre si, em que pelo menos um deles se move, com os apropriados atuadores, circuitos de comando e potência etc., reunidos de forma solidária com vista a uma aplicação definida, “MÁQUINA”: Conjunto de peças ou de componentes ligados entre si, em que pelo menos um deles se move, com os apropriados atuadores, circuitos de comando e potência etc., reunidos de forma solidária com vista a uma aplicação definida, tal como a transformação, o tratamento, a deslocação e o acondicionamento de um material. 24 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações tal como a transformação, o tratamento, a deslocação e o acondicionamento de um material. Considera-se igualmente como “máquina” um conjuntode máquinas que, para a obtenção de um mesmo resultado, estão dispostas e são comandadas de modo a serem solidárias no seu funcionamento (NBR NM 213-1, 2000). A nova NR 12 estabeleceu preceitos para que a segurança de máquinas e equipamentos seja item primordial durante a execução de seu projeto, isto é, a prevenção de acidentes seja intrínseca. As medidas de segurança devem elidir ou minimizar ao máximo ações perigosas e limitar a exposição dos trabalhadores a estas ações. Além do risco mecânico, que é o primeiro a vir em nossa mente quando pensamos em máquinas, podemos encontrar outros riscos, tão efetivos quanto o mecânico, e causadores de danos à saúde do trabalhador, devido a sua concentração, intensidade e tempo de exposição. Podemos classificá-los de uma forma mais abrangente como: biológico, ergonômico, químico, físico e de acidente (neste se encaixa o mecânico). Iniciaremos com os riscos encontrados nas máquinas. Primeiramente veremos o risco mecânico e a associação com os componentes das máquinas, o qual é o grande causador de lesões e danos à saúde do trabalhador, pois é um dano imediato e de grande impacto na vida laboral de quem o sofre. Existem muitos riscos mecânicos criados pelas partes móveis dos diferentes tipos de máquinas. O contato com as partes móveis das máquinas é considerado como fonte de mais de 10% de todos os acidentes ocupacionais na Suécia, a partir de 1979, quando este item foi incluído na estatística sobre a origem das lesões ocupacionais. (DÖS; BACKSTRÖM, 1998). A seguir, vamos estudar, de uma forma prática, os tipos de equipamentos e a associação dos riscos, respectivamente. Figura 10 - Exemplo de risco mecânico Esquema Risco Considerar Ocorrência Arrastamento. Conexão; Diâmetro; Inércia (massa); Forma, estado da superfície; Acessibilidade. Diversos tipos de mecanismos de máquinas. 25 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 Impacto; Esmagamento; Arrastamento; Seccionamen- to; Cisalhamento. Conexão; Diâmetro; Inércia (massa); Forma, dimensão das aberturas e das saliências; Distância entre parte rotativa e fixa; Acessibilidade. Polias; Volantes; Ventiladores. Arrastamento; Corte; Esmagamento; Seccionamen- to; Cisalhamento. Conexão; Diâmetro; Inércia (massa); Forma, dimensão das aberturas e das saliências; Distância entre parte rotativa e fixa; Acessibilidade. Tupias; Serra Circular; Fresas. Arrastamento; Seccionamen- to; Queimadura; Projeção. Conexão; Inércia (massa); Excentricidade; Distância entre parte rotativa e fixa; Acessibilidade. Retificadoras; Moinhos. Arrastamento; Cisalhamento. Conexões, Inércia; Dimensões; Giro. Centrífugas; Câmaras rotativas de secagem. Esquema Risco Considerar Ocorrência 26 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Impacto; Arrastamento; Seccionamen- to. Conexões; Inércia; Dimensões; Giro; Acessibilidade. Trituradores; Moedores; Misturadores. . . Esquema Risco Considerar Ocorrência Esmagamento; Arrastamento; Queimadura. Conexões; Inércia; Material; Forma da super- fície; Temperatura; Dimensões; Acessibilidade. Engrenagens; Cremalheiras; Laminadoras; Máquinas de impressão. Esmagamento; Cisalhamento; Impacto. Inércia; Força; Afastamentos. Máquinas para madeira; Prensas; Máquinas de moer; Unidade de avanço. Cisalhamento; Seccionamen- to; Arrastamento; Esmagamento; Impacto. Inércia; Força; Avanço min./ máx.; Acessibilidade. Dobradeiras; Unidades de avanço. Esquema Risco Considerar Ocorrência 27 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 Corte; Seccionamen- to. Forma da peça; Gravidade do dano. Serra fita. Impacto; Perfuração. Força; Frequência. Máquina costura; Máquina prega- dora; Grampeadeira. Arrastamento; Queimadura; Corte. Força; Forma, estado da superfície; Emendas. Transporte por banda; Deslocamentos por correias. Arrastamento; Impacto. Conexões; Inércia; Diâmetro; Forma, estado da superfície; Acessibilidade. Mandril; Retíficas; Furadeiras verticais e horizontais. Esquema Risco Considerar Ocorrência 28 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Impacto; Esmagamento; Arrastamento. Disposição relativa; Frequência do movimento; Força; Amplitude; Dimensões das aberturas e ou da parte que gira. Árvore de cames; Excên- tricos. Esmagamento; Arrastamento; Seccionamen- to; Impacto; Queimaduras. Conexões; Tensão; Dimensões; Força; Forma. Transportado- res de banda; Polias e cor- reias; Correntes de transmissão. Impacto; Cisalhamento; Esmagamento; Seccionamen- to. Conexões; Tensão; Dimensões; Força; Forma. Manivelas; Bielas. Impacto; Projeção. Material (coesão e homogeneida- de); Inércia; Excentricidade; Pressão. Discos de corte; Discos de amolar; Rebolos. Esquema Risco Considerar Ocorrência 29 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 Queimaduras; Arrastamento; Impacto; Projeção; Perfuração. Inércia; Volume; Temperatura; Material; Pressão. Rebolos; Lixadeiras; Retíficas. Fonte: Disponível em: <http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/cest/arq/PRINCIPIOS_ BASICOS_DE_PROTECAO_MECANICAFUNDACENTRO.ppt>. Acesso em: 18 out. 2012. É importante conhecermos os tipos de riscos envolvidos nas atividades laborais, pois através deste conhecimento poderemos identificá-los e orientar quanto às ações de segurança. OUTROS RISCOS Ruído Deve-se verificar junto à máquina e próximo ao aparelho auditivo do traba- lhador os níveis de ruídos emitidos pelo equipamento. Detectado ruído acima do limite de tolerância, faz-se necessária medida de proteção, primeiramente coletiva, administrativa e individual. Vibrações Deve-se observar a existência de vibração no local de trabalho e ao redor da máquina, verificando se essa vibração atinge os trabalhadores vizinhos. Se a vibração for confirmada através de levantamento ambiental, devem-se introdu- zir medidas de atenuação, tais como: amortecedores, barreiras de absorção sonora... Temperaturas extremas Deve-se verificar se a máquina emite calor para o ambiente de trabalho ou se retira o calor e resfria o local. Após a verificação através de avaliação ambien- tal, são necessárias ações que neutralizem ou minimizem tal risco, tais como: barreira de proteção, pausas de trabalho, controle médico. Incêndio ou explosão Realizar a proteção de qualquer mistura explosiva que possa entrar em conta- to com fontes de calor ou faíscas. A neutralização deste risco, muitas vezes, dá-se de forma bastante simples, como rotulagem de embalagens, afastamentos necessários... Emissão de poeiras ou gases Durante o funcionamento da máquina, verificar se emite poeiras ou gases, através de avaliação ambiental. No caso de comprovação, ações de medidas coletivas devem ser adotadas, tais como exaustores. Esquema Risco Considerar Ocorrência 30 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Radiações Verificar a existência de fontes de radiação e se são nocivas à saúde do trabalhador. Os raios podem ser encontrados em equipamentos de controle de qualidade de materiais. Ergonomia As máquinas existentes no setor produtivo devem estar adequadas a seus operadores. Estes não devem estar expostos a esforços repetitivos, posição estática. Deve-se observar a existência de quinas, organização, pausas regulares de 10 minutos para cada hora trabalhada, se possuem assentos adequados, a iluminação, umidade, ventilação... Biológico Devem-se verificar medidas de controle no caso demanipulação com sangue, material biológico, vírus... Algumas medidas de proteção, como vacina para os operadores, fazem-se necessárias. Eletricidade Verificar o contato direto com linhas energizadas ou ausência de aterramen- tos. Também verificar se o sistema de acionamento está protegido. Trabalho em altura Em trabalhos que exijam que o operador da máquina se locomova em locais elevados, deve-se observar a existência de plataformas adequadas, piso antiderrapante, guarda corpo, rodapé, corrimão e fixação da base da máquina em solo eficiente. Após conhecermos os riscos envolvidos nas atividades laborais, podemos dar andamento aos estudos referentes às máquinas e aos equipamentos. Riscos e Procedimentos Envolvendo Prensas e Similares, Máquinas Injetoras e Cilindros Prensas são máquinas utilizadas na conformação e corte de materiais diversos em que o movimento do martelo (punção) é proveniente de um sistema hidráulico/pneumático (cilindro hidráulico/pneumático) ou de um sistema mecânico. Assim, o movimento rotativo é transformado em linear através de sistemas de bielas, manivelas ou fusos. Quanto ao sistema de transmissão do movimento do martelo, as prensas apresentam diversas modalidades. Neste trabalho abordaremos as mais utilizadas no parque industrial brasileiro. (Adequação à NT 16/2005, 2006). Prensas são máquinas utilizadas na conformação e corte de materiais diversos em que o movimento do martelo (punção) é proveniente de um sistema hidráulico/ pneumático (cilindro hidráulico/ pneumático) ou de um sistema mecânico. 31 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 As máquinas similares possuem funções de risco equivalentes às prensas. São utilizadas para conformar, moldar, cortar furar e vazar peças. Figura 11 - Estrutura da Prensa Fonte: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/ contentABAAAAgeUAF/prensas>. Acesso em: 17 out. 2012. A seguir vamos conhecer algumas das classificações de Prensas. a) Prensas mecânicas excêntricas de engate por chaveta – PMEEC Esse tipo de máquina é amplamente utilizado no setor metal-mecânico brasileiro devido à sua relativa simplicidade construtiva, que possibilita sua fabricação por empresas com baixa capacidade tecnológica, seu baixo custo de aquisição comparado às demais prensas e à precisão da descida do martelo no ponto morto inferior (FIERGS, 2006). Em relação aos acidentes do trabalho, diversos estudos apontam que entre os acidentes com prensa, as PMEEC são as maiores responsáveis pelos acidentes com este sistema, certa de 35,6% do total, conforme estudo realizado pelo Ministério do Trabalho em Emprego entre o ano de 2011 e 2006. http://portal.mte.gov.br/portal-mte/ PONTO MORTO INFERIOR 32 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações A PMEEC possui uma característica que lhe é peculiar, ela é classificada como uma máquina de ciclo completo ou de revolução total, isto é, após ser acionado seu processo produtivo no PMS (ponto Morto Superior), passando para o PMI (Ponto Morto Inferior) e fechando o ciclo no PMS, não existe a possibilidade de interrupção do movimento do martelo. Figura 12 - Localização do PMS e do PMI Fonte: Becker e colaboradores (2012). O maquinário é de baixo custo e seu comando de fácil entendimento, sendo simples sua operação. Porém é um equipamento de baixa confiabilidade, pois suas peças geralmente encontram-se com grandes desgastes e fadiga, uma vez que são submetidas a grandes esforços. Seu operador necessita desprender esforço físico para operá-la e não permite o uso de equipamentos de segurança elétrico. O grande risco durante a operação da PMEEC ocorre pela alta velocidade da queda do martelo e pelo chaveta rotativa, que é uma peça sujeita à fadiga e à possibilidade de trincas em sua estrutura, o que acentua o “repique” da prensa. As principais causas do repique são (FIERGS, 2006): • Após ter efetuado uma volta, a chaveta não encontra a lingueta e continua o ciclo. • Retardamento do retorno da lingueta para sua posição inicial (desengatada). • Neste caso, a prensa para o ciclo, contudo a chaveta se mantém em PONTO MORTO SUPERIOR PONTO MORTO INFERIOR O grande risco durante a operação da PMEEC ocorre pela alta velocidade da queda do martelo e pelo chaveta rotativa, que é uma peça sujeita à fadiga e à possibilidade de trincas em sua estrutura, o que acentua o “repique” da prensa. 33 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 posição instável, podendo retomar novo ciclo sem o acionamento do operador. • Ruptura da chaveta devido à fadiga. b) Prensas mecânicas excêntricas com freio/embreagem- PMEFE As prensas excêntricas com freio/embreagem têm seu funcionamento através de um motor elétrico que transmite movimento de rotação para o volante que gira em falso. Esta máquina pode ter sua parada em qualquer momento antes de se encerrar o ciclo de descida do martelo. Seu acionamento ocorre através de pedal elétrico, pneumático ou hidráulico, ou comando bi manual. Devemos sempre lembrar que uma das causas de acidente em PMEFE são os pedais, portanto, devemos evitá-los e substitui-los por controle bi manual. Caso não seja possível esta substituição, deve-se executar proteção para que não sejam acionados acidentalmente. As PMEFE têm um custo elevado na sua instalação, necessitam que sejam realizadas manutenções constantes e sua estrutura interna e acionamento é complexa. Porém é altamente confiável. Possui também o risco de repique e quando os parafusos esféricos venham a quebrar, pode ocorrer a descida do martelo sem controle. No caso de prensas com altura elevada, deve-se prever sistemas de proteção coletiva e individual ao mecânico ou eletricista, a fim de evitar queda da máquina. Nestas máquinas, algumas medidas de proteção devem ser elaboradas, tais como: treinar o operador para que não sobrecarregue a prensa, regulando a altura do martelo, para aumentar a produtividade. Deve-se atuar de forma administrativa, através de procedimentos executivos, afim de orientar seus trabalhadores na execução correta de suas funções no momento da troca e instalação dos estampos e na troca da matéria-prima. c) Prensa Hidráulica São máquinas que trabalham com uma força constante em qualquer ponto do movimento do martelo. Seu acionamento pode ser realizado por um pedal elétrico, pneumático ou hidráulico, ou comando bi manual. O movimento do martelo é lento e pode ser interrompido a qualquer momento, igual à PMEFE. Como possui sua movimentação mais lenta que as outras prensas, tem-se a “falsa” impressão de que não ocorrem acidentes durante seu As prensas excêntricas com freio/ embreagem têm seu funcionamento através de um motor elétrico que transmite movimento de rotação para o volante que gira em falso. São máquinas que trabalham com uma força constante em qualquer ponto do movimento do martelo. 34 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações uso, porém algumas ações devem ser tomadas para que o acidente seja evitado, tais como: • Ter a zona de prensagem enclausurada; • Possuir comando bi manual, este dispositivo de segurança garante que o operador mantenha as duas mãos no dispositivo bi manual até que a prensa execute a operação; se ele retirar a mão do dispositivo, a prensa para automaticamente. • Escada de acesso tipo marinheiro; • Relés de segurança; • Cortina de luz; • Sempre que possível acoplar em sua estrutura os sistemas de segurança, pois estes não podem comprometer a segurança do trabalhador. d) Martelo Pneumático A pressurização da câmera pneumática é a forma de funcionamento desta máquina e quando a válvulalibera o ar comprimido, possibilita que o martelo tenha sua descida por gravidade. Os riscos envolvendo o martelo pneumático ocorrem pela ausência de delimitação da zona de prensagem, pela falta de proteção fixa das cintas, volantes e polias. A manutenção deve ser executada somente quando as energias (elétrica, hidráulica, pneumática e de gravidade) das máquinas estejam bloqueadas. Os pedais devem ser substituídos por comando tipo bi manuais. e) Dobradeira Seu princípio de funcionamento é o mesmo das prensas mecânicas ou hidráulicas. Máquina que tem seu funcionamento através do acionamento de pistões os quais entram em funcionamento quando o operador aciona o pedal. A descida do martelo é lenta e dobra o material conforme a matriz. Os riscos desta máquina são encontrados em seus eixos, que podem vir a atingir pessoas que estão em sua proximidade. A reposição de material, feita de forma manual, é outro risco eminente, pois o operador entrará na zona de prensagem. Sistemas de segurança implantados na zona de prensagem são fundamentais A pressurização da câmera pneumática é a forma de funcionamento desta máquina e quando a válvula libera o ar comprimido, possibilita que o martelo tenha sua descida por gravidade. Seu princípio de funcionamento é o mesmo das prensas mecânicas ou hidráulicas. 35 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 para assegurar a integridade do operador. Pode-se fazer uso de cortinas de luz, comando bi manual, relés e proteções dos batentes traseiros. Figura 13 - Zona de prensagem Fonte: Silva (2008). Atividades de Estudos: 1) O que é PMEFE? Quais são as medidas de controle de acidentes? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) O que é um PPRPS? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 36 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Programas de Segurança para Máquinas Sabemos que nenhuma gestão de segurança funciona com efetividade se os próprios trabalhadores não estiverem envolvidos, seja na etapa de projeto seja na implantação. Toda a empresa deve investir em treinamentos de segurança e capacitação específica para seus trabalhadores. Assim, as novas tecnologias não irão tornar- se um pesadelo na vida laboral dos envolvidos. Para que os programas de segurança sejam efetivos, o primeiro passo é o investimento em capacitação. As instalações e manutenções de máquinas devem sempre ser executadas por profissionais treinados. Segundo a NR- 12 (2010), os operadores de máquinas e equipamentos devem ser maiores de dezoito anos, salvo na condição de aprendiz, nos termos da legislação vigente. E a capacitação deve: • ocorrer antes que o trabalhador assuma a sua função; • ser realizada pelo empregador, sem ônus para o trabalhador; • ter carga horária mínima que garanta aos trabalhadores executarem suas atividades com segurança, sendo distribuída em, no máximo, oito horas diárias e realizada durante o horário normal de trabalho; • ter conteúdo programático conforme o estabelecido no Anexo II desta Norma; • ser ministrada por trabalhadores ou profissionais qualificados para este fim, com supervisão de profissional legalmente habilitado, que se responsabilizará pela adequação do conteúdo, forma, carga horária, qualificação dos instrutores e avaliação dos capacitados. Assim como falamos dos treinamentos, existem outras formas de prevenção de acidentes com máquinas, porém devemos sempre relacionar os preceitos da NR 12 a qual especifica que devemos adotar em ordem de prioridade as medidas: • de proteção coletiva; • administrativas ou de organização do trabalho; • de proteção individual. A manutenção preventiva é uma solução de segurança que se dá de forma administrativa, isto é, são procedimentos internos que resultam em um ganho Os operadores de máquinas e equipamentos devem ser maiores de dezoito anos, salvo na condição de aprendiz, nos termos da legislação vigente. 37 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 para a empresa, por se tratar de uma manutenção planejada, que previne a manutenção corretiva. Como a manutenção preventiva estabelece programação de reparos, lubrificação, ajustes, recondicionamentos de peças, minimiza riscos que estão, muitas vezes, propícios a ocorrer de forma inesperada. Os principais objetivos da manutenção preventiva são o aumento de qualidade do produto e da produção; aumento da vida útil do equipamento; redução de custos e, principalmente, a redução de acidentes do trabalho. A sinalização dos setores e máquinas também são fatores de segurança e que elidem risco de forma coletiva. Porém o programa de maior conhecimento existente para máquinas, específico para a redução de acidentes de prensas e similares, é o PPRPS- O Programa de Prevenção de Riscos de Prensas e Similares, que é o planejamento estratégico e sequencial das medidas de segurança que devem ser implementadas em prensas e equipamentos similares com o objetivo de garantir proteção adequada à integridade física e à saúde de todos os trabalhadores envolvidos com as diversas formas e etapas de uso das prensas e/ou dos equipamentos similares. (CONVENÇÃO COLETIVA, 2006). ht tp: / /www.smetal .org.br /SMetal /AppFi le/Convencao/ convencao_de_prensas_2006.pdf O PPRPS deve ser aplicado nos estabelecimentos que possuam prensas ou equipamentos similares, estabelecendo aos trabalhadores os procedimentos de trabalho e pormenorizando a sequência das atividades próximas às zonas de prensagem, a fim de elidir o acidente. O PPRPS deve ser elaborado pela empresa e ficar à disposição de todos os trabalhadores, representantes da CIPA e das fiscalizações. No PPRPS deve ter uma planta baixa de cada equipamento, relação de equipamentos encontrados na empresa e esta relação deve identificar e descrever as máquinas individualmente e com suas particularidades. Na descrição deve constar: • Tipo de prensa ou equipamento similar; • Modelo; • Fabricante; 38 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações • Ano de fabricação; • Capacidade; • Definições dos Sistemas de Proteção e sua forma de funcionamento; • Cronograma de implantação dos sistemas; • Plano de manutenção (este deve ter livro próprio, ficha ou informatizado). a) Outros programas de Segurança que estão sendo desenvolvidos: 1) PPRMIC - Programa de Prevenção de Riscos em Máquinas da Indústria da Construção: no momento o único programa que desenvolve prevenção de risco em máquinas da construção civil é o PCMAT (Programas de Condições e Meio Ambiente do Trabalho- Construção Civil). 2) PPRMMC - Programa de Prevenção de Riscos em Máquinas para Movimentação de Cargas. 3) PPRMIP - Programade Prevenção de Riscos em Máquinas Injetoras de Plástico. 4) PPRMPC - Programa de Prevenção de Riscos em Máquinas de Panificação e Confeitaria. 5) PPRMMA - Programa de Prevenção de Riscos em Máquinas para Mercearias e Açougues. Atividades de Estudos: 1) Qual a NR que trata da segurança de Máquinas e Equipamentos? E quais são as suas prioridades na adoção de medidas de segurança? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 39 Máquinas e Equipamentos Capítulo 1 __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Quais os riscos encontrados em máquina e equipamentos? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Algumas Considerações Este capítulo objetivou fornecer conhecimento acerca da execução dos serviços relacionados a maquinas e equipamentos com enfoque em determinações da NR12. Vimos à importância de possuirmos um sistema operacional, ou seja, a produção com todos os tipos de sistemas de segurança implantados nas nossas máquinas e equipamentos. Os acidentes com máquinas e equipamentos são, muitas vezes, possíveis de serem evitados, porém quando não são identificados, os riscos, antecipadamente, comprometem não só a máquina mais os trabalhadores, podendo alastrar-se para a sociedade, devido à extensão do acidente. É primordial, ao finalizarmos este capítulo, entendermos que o funcionamento de uma caldeira implica o agrupamento de vários conceitos de segurança: desde a concepção do projeto, a instalação do equipamento, a manutenção, as inspeções rotineiras até a percepção do término da vida útil do equipamento. Por meio do conceito sólido de caldeiras, poderemos entender melhor o próximo capítulo, que trata de vasos de pressão, também regulamentado pela NR 13. 40 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 213-1: Segurança de máquinas: Conceitos fundamentais, princípios gerais de projeto Parte 1: Terminologia básica e metodologia. Rio de Janeiro, 2000. BECKER, Aida Cristina et al. Manual de segurança em dobradeiras, prensas e similares. Porto Alegre: Abimaq, 2012. BRASIL. Máquinas e acidentes de trabalho. Brasília: MTE/SIT; MPAS, 2001. (Coleção Previdência Social, v. 13). CONVENÇÃO COLETIVA. 2006. Desponível em: <http://www.smetal.org.br/ SMetal/AppFile/Convencao/convencao_de_prensas_2006.pdf->. Acesso em: out. 2012. DÖS, M.; BACSTRÖM, T. Moving Parts of Machines. In: ENCYCLOPEDIA of occupational health and safety. 4. ed. v. 2 1998. p. 58.1 – 58.82. FIERGS. Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul. O Brasil está diante de um processo de desindustrialização? Estudos técnicos: unidade de estudos econômicos, 2006. NR 12. Disponível em: < http://www.mte.gov.br/seg_sau/nr_12_texto.pdf>. Acesso: 01 out. 2012. OIT. Organização Internacional do Trabalho. Convenção sobre proteção de máquinas. Genebra: OIT, 1963. SILVA, Kleber Pereira de Araújo e. Proteção de Máquinas. 2008. Monografia (Especialização em Segurança do Trabalho) - Araraquara, 2008. SILVA, L. F. Acidentes de trabalho com máquinas: Estudo a partir do Sistema de Vigilância do Programa de Saúde dos Trabalhadores da Zona Norte de São Paulo, em 1991. 1995. Dissertação (Mestrado) – FSP, Universidade Federal de São Paulo, 1995. CAPÍTULO 2 Caldeiras A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Apresentar conceitos fundamentados na legislação para o reconhecimento preventivo dos riscos. � Analisar máquinas, equipamentos e descrever procedimentos eficazes. 43 Caldeiras Capítulo 2 Contextualização Não são raros os acidentes envolvendo caldeiras no meio produtivo, seja por falha mecânica seja por falha humana. Para que os ambientes laborais sejam vistos de uma forma segura, é fundamental desenvolvermos uma visão prevencionista. Sendo assim, devemos ter clareza dos procedimentos os quais devem ser executados com equipamentos pressurizados, isto é, o envolvimento da segurança, da concepção até a manutenção das caldeiras. Por se tratar de um equipamento que, quando da ocorrência de um acidente, gera um grande impacto pontual e social, torna-se fundamental estabelecer uma percepção de gestão de segurança e é com esta visão que traremos a fundamentação a seguir. Caldeiras: Definições e Funcionamentos Necessitamos conhecer o conceito de caldeira previsto pela NR 13, a qual descreve que: Caldeiras a vapor são equipamentos destinados a produzir e acumular vapor sob pressão superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia, excetuando-se os refervedores e equipamentos similares utilizados em unidades de processo. (BRASIL, 2006). Quando estudamos caldeira, devemos lembrar o funcionamento de uma “panela de pressão”, isto é, temos uma estrutura com água no seu interior que, quando aquecida, produz vapor através da pressão interna. Uma caldeira é composta por uma estrutura de metal e acoplados a ela componentes que possibilitam a produção maior ou menor de energia. Segundo Martinelli Júnior (1998), os principais componentes das caldeiras são: • Aquecedor de Ar: aproveita o calor residual dos gases de combustão pré- aquecendo o ar utilizado na queima de combustível. Aquece o ar entre 120 e 300 ºC, dependendo do tipo de instalação e do tipo de combustível queimado. • Câmaras de Combustão: às vezes se confundem com a fornalha, em outras, são completamente independentes. É um volume que tem a função de Caldeiras a vapor são equipamentos destinados a produzir e acumular vapor sob pressão superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia, excetuando-se os refervedores e equipamentos similares utilizados em unidades de processo. (BRASIL, 2006). 44 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações manter a chama numa temperatura elevada com duração suficiente para que o combustível queime totalmente antes dos produtos alcançarem os feixes (dutos) de troca de calor. • Caldeira de Vapor (Tambor de Vapor): constituída por um vaso fechado à pressão, contendo água que será transformada em vapor. • Chaminé: tem função de retirar os gases da instalação, lançando-os na atmosfera (tiragem). • Cinzeiro: local de deposição das cinzas e restos de combustível que caem da fornalha. • Condutos de Fumo: são canais que conduzem os gases da combustão até a chaminé. • Economizador: utilizando o calor residual dos gases, aquece a água de alimentação. É normalmente instalado após os superaquecedores. Além de melhorar o rendimento da unidade, sua instalação minimiza o choque térmico entre a água de alimentação e a já existente no tambor. • Fornalha: principal equipamento para a queima do combustível. Entre as suas funções estão incluídas a misturaar-combustível, a atomização e vaporização do combustível e a conservação de uma queima contínua da mistura. • Grelhas: utilizadas para amparar o material dentro da fornalha, podendo ser fixas, rotativas e inclinadas. • Queimadores: Responsáveis pela queima de combustível. • Reaquecedor: tem função equivalente a dos superaquecedores. A sua presença torna-se necessária quando se deseja elevar a temperatura do vapor proveniente de estágios intermediários de uma turbina. • Retentor de Fuligem: tem como função separar a fuligem resultante da queima não estequiométrica do combustível dos gases antes destes saírem pela chaminé. • Superaquecedor: consiste em um ou mais feixes tubulares, destinados a aumentar a temperatura do vapor gerado na caldeira. 45 Caldeiras Capítulo 2 Figura 14 - Caldeira Flamotubular Vertical Fonte: Martinelli Júnior (1998). Lembre-se de que o Ministério do Trabalho (BRASIL, 2006) estabelece que alguns equipamentos não devem ser entendidos como caldeiras, segue relação: 46 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações • Trocadores de calor do tipo Reboiler, Kettle, Refervedores, TLE, etc., cujo projeto de construção é governado por critérios referentes a vasos de pressão. • Equipamento com serpentina sujeita à chama direta ou gases aquecidos e que geram, porém não acumulam vapor, tais como: fornos, geradores de circulação forçada e outros. • Serpentinas de fornos ou de vasos de pressão que aproveitam o calor residual para gerar ou superaquecer vapor. • Caldeiras que utilizam fluido térmico e não o vaporizam. Os equipamentos pressurizados são utilizados pela indústria há muitos anos e vêm evoluindo devido às novas tecnologias e legislações de segurança, conforme veremos a seguir. Foi no ano de 1698 que ocorreu a invenção da primeira máquina a vapor com interesse industrial, porém, como era totalmente desprovida de segurança e possuía risco de explosão devido à pressão excessiva com que o vapor era condicionado, não teve grande aceitação (Figura 15). No ano de 1712, ocorreu o aperfeiçoamento desta máquina por Thomas Newcomen, porém, em 1769, o aperfeiçoamento principal ocorreu com James Watt (Figura 16). Figura 15 - Máquina de Thomas Newcomen Fonte: Godoy (2009). Os equipamentos pressurizados são utilizados pela indústria há muitos anos e vêm evoluindo devido às novas tecnologias e legislações de segurança. 47 Caldeiras Capítulo 2 Foi James Watt que fixou o cavalo-vapor como unidade de medida para determinar a potência de uma máquina. Na época, considerou a carga que um cavalo poderia elevar. Hoje o cavalo-vapor é a potência necessária para elevar a um metro de altura uma massa de 75 kg em um segundo (http://www.if.ufrgs.br/~leila/vapor.htm). Figura 16 - Máquina de James Watt Fonte: UNICAMP (2003). Em 1856, Stephen Wilcox projetou um gerador de vapor com tubos inclinados (Figura 17) e através da sociedade entre Stephen Wilcox e George Babcock este tipo de caldeira passou a ser produzida com grande sucesso comercial. Figura 17 - Máquina de tubos inclinados Fonte: UNICAMP (2003). 48 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Em 1880 Alan Stirling desenvolveu uma caldeira de tubos curvados (Figura 18), cuja concepção básica é ainda hoje utilizada nas grandes caldeiras de tubos de água. Figura 18 - Máquina de tubos curvados Fonte: UNICAMP (2003). Todos os modelos de caldeira apresentados acima provocaram acidentes envolvendo explosões, devido ao sistema ser movido a fogo direto e ao grande acúmulo de vapor no recipiente. Nenhum dos sistemas foi projetado com uma visão prevencionista, isto é, havia ausência de segurança nos equipamentos. NR 13 Durante o século XIX, vários acidentes ocorreram com caldeiras, porém como a maioria dos equipamentos se encontrava em locomotivas e navios, as intervenções se davam nos meios de transporte a vapores e raramente os acidentes eram registrados em fábricas e teares. Já estudamos na disciplina de Introdução à Segurança do Trabalho, sobre a Revolução Industrial, mudança da produção artesanal para as máquinas. A caldeira foi introduzida após este acontecimento. Todos os modelos de caldeira apresentados acima provocaram acidentes envolvendo explosões. 49 Caldeiras Capítulo 2 O fato de maior importância no que se refere a acidentes de caldeiras ocorreu em 1905, envolvendo a explosão de uma caldeira flamotubular na fábrica de sapatos Brockton (Massachusetts), nos EUA (Estados Unidos da América), que causou a morte de 58 funcionários, mais 177 feridos, e a destruição total de um quarteirão. (FUNDACENTRO, 1997). A Figura 19 mostra a fábrica Brockton antes da Explosão da Caldeira flamotubular, que se situava no andar térreo (A), cuja operação era 100% manual, ou seja, totalmente dependente da presença do operador para a execução de manobras e para a atuação nas emergências. (FUNDACENTRO, 1997). Figura 19 - Fábrica Brockton – Antes da Explosão da Caldeira Fonte: FUNDACENTRO (1997, p.10). Durante uma perda de nível da água, o operador tomou a ação que nunca deveria ter tomado: completou o nível da caldeira com água fria, que veio a gerar um choque térmico, trincando os tubos de fumaça e possibilitando a passagem de água líquida para a fornalha. Na fornalha, a água foi rapidamente vaporizada e se expandindo a um volume superior a 1.600 vezes do normal ocasionou uma forte explosão. Na Figura 20 é apresentado o destroço da fábrica Brockton após a explosão da caldeira e da destruição total de um quarteirão. (FUNDACENTRO, 1997). Durante uma perda de nível da água, o operador tomou a ação que nunca deveria ter tomado: completou o nível da caldeira com água fria, que veio a gerar um choque térmico, trincando os tubos de fumaça e possibilitando a passagem de água líquida para a fornalha. 50 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 20 - Fábrica Brockton – Depois da Explosão da Caldeira Fonte: FUNDACENTRO (1997, p.10). Procure pesquisar em sua região qual foi o último acidente envolvendo caldeiras e o que propiciou este fato? Após este evento, a preocupação com acidentes envolvendo equipamentos pressurizados, tipo caldeiras, aflorou entre a comunidade norte-americana, surgindo, em 1908, o código ASME (American Society of Mechanical Engineers). ASME é uma associação profissional de engenheiros mecânicos dos Estados Unidos que foi fundada em 1880. Segundo Cruz e Silva (2008), este código padronizou critérios de projeto e começou a ser adotado rapidamente nos EUA pela maior parte dos estados e empresas americanas. É dividido em várias seções: • Seção I: trata de Caldeiras; • Seção IV: trata de Caldeiras de Aquecimento, que utilizam o vapor apenas para o aquecimento de produtos e operam com pressões inferiores a 20 kgf / cm2; 51 Caldeiras Capítulo 2 • Seção VI: trata de regras recomendadas para o cuidado e operação de Caldeiras de Aquecimento; • Seção VII: regras recomendadas para o cuidado e operação de Caldeiras; • Seção VIII: (Divisão 1= Projeto padrão e a Divisão 2= Projeto alternativo) trata só de vasos de pressão. No ano de 1978, no Brasil, foi publicada a Lei Ordinária no 6514, que incluiu na CLT dois artigos de obrigatoriedade de itens de inspeções de caldeiras, fornos e recipientes pressurizados. Em 1978, no Brasil, a Portaria no 3.214 estabeleceu 28 NRs (Normas Regulamentadoras), entre elas a NR 13, próprias para equipamentos pressurizados. Somente em 1984 ocorreu a primeira revisão da NR 13 (Portaria SSMT 02/1984), queabrangeu também vasos de pressão. Porém, mesmo com tais modificações, a NR 13 não alcançou o seu objetivo de minimizar acidentes com equipamentos pressurizados. Sendo assim, o Ministério do Trabalho criou um grupo tripartite, isto é, participação do Governo, empresas e trabalhadores, para que realizasse uma nova revisão da NR 13. No ano de 2008, foi publicada a Portaria SIT no 57/2008, que mudou principalmente a linguagem desta norma. É importante ressaltarmos, acadêmico(a), que a NR 13 classifica as caldeiras por categoria, conforme sua pressão e volume. São elas: • caldeiras enquadradas na categoria “A”: são aquelas cuja pressão de operação é igual ou superior a 1900 Kpa (19,98 Kgf/cm2); • caldeiras enquadradas na categoria “C”: são aquelas cuja pressão de operação é igual ou inferior a 588 Kpa (5,99 Kgf/cm2) e o volume é igual ou inferior a 100 (cem) litros; • caldeiras enquadradas na categoria “B”: são todas as caldeiras que não se enquadram nas categorias anteriores. A classificação de caldeiras leva em consideração a pressão de operação e o volume interno da caldeira. Dessa forma, quanto maior a energia, maiores serão os riscos envolvidos. Leitura direcionada à aplicação da NR 13. http://portal.mte.gov. br/geral/manual-tecnico-de-caldeiras-e-vasos-de-pressao-nr-13.htm 52 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações A Norma Regulamentadora 13 cujo título é Caldeiras e Vasos de Pressão estabelece todos os requisitos técnicos e legais relativos à instalação, operação e manutenção de caldeiras e vasos de pressão, de modo a prevenir a ocorrência de acidentes do trabalho. A NR 13 tem a sua existência jurídica assegurada, em nível de legislação ordinária, nos artigos 187 e 188 da CLT. (FIEB, 2008). Documentos Complementares na verificação da segurança de caldeiras. ABNT NBR 5413 - Iluminância de interiores. ABNT NBR 12177 - Inspeção de segurança de caldeiras estacionárias aquotubular e flamotubular a vapor. ABNT NBR 12228 - Tanque estacionário destinado à estocagem de gases altamente refrigerados: inspeção periódica. Capítulo V do Título II da CLT - Refere-se à Segurança e Medicina do Trabalho. NR 13 - Manual técnico de caldeiras e vasos de pressão. Editado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria MTE no 23, de 27/12/94 - Determina os prazos para adaptação dos empregadores e penalidades. NR 13. http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamenta doras-1.htm Já estudamos a classificação das caldeiras conforme sua categoria (pressão e volume). Agora, vamos conhecer os tipos mais usuais de caldeiras. Tipos de Caldeiras Existem elementos na composição de uma caldeira que vão caracterizar o tipo de equipamento a ser utilizado, tudo estabelecido em projeto. 53 Caldeiras Capítulo 2 Segundo Mucciacito (2012), os geradores de vapor são caracterizados por alguns elementos, conforme: • A Pressão Máxima de Trabalho Permitida - PMTP ou Pressão Máxima de Trabalho Admissível - PMTA é a de maior valor de pressão compatível com o código de projeto, a resistência dos materiais utilizados, as dimensões do equipamento e de seus parâmetros operacionais. Com o intuito de evitar que este valor possa ser ultrapassado, são colocados dispositivos automáticos de descarga de vapor em excesso, denominados de válvulas de segurança. • Pressão de prova: Ensaio hidrostático no qual deve ser submetido o gerador. • Capacidade de evaporação ou potência do gerador: É o peso de vapor que é capaz de produzir em uma hora. A produção normal de vapor define a quantidade de vapor capaz de ser gerado por uma caldeira em condições de pressão de regime, temperaturas e eficiência garantida pelo fabricante. A produção máxima contínua de vapor define a descarga máxima de produção de vapor capaz de ser gerado por uma caldeira em regime contínuo. A produção de “picos” corresponde à maior descarga de vapor, em determinados períodos de tempo, capaz de ser obtida no mesmo gerador. • Superfície de aquecimento ou calefação: Compreende as partes metálicas que se encontram em contato com uma das suas faces com água e vapor da caldeira e pela oposta com os produtos da combustão. A medição desta superfície efetua-se pelo lado exposto às chamas. A superfície sempre é definida em m². Quanto maior o volume da caldeira, maior será sua potência. • Superfície das grelhas ou volume da fornalha nas caldeiras que queimam carvão ou petróleo: Este elemento determina a capacidade de produzir em um dado tempo, um peso de vapor, tanto maior quanto mais elevado seja seu valor. • Outras características que devem ser consideradas: seu peso, superfície dos superaquecedores de vapor, economizadores de água de alimentação, aquecedores de ar, volumes das câmaras de água e vapor, entre outros. Para a seleção de um gerador, deverão ser considerados: tipo de combustível, equipamento de combustão, pressão e temperatura do vapor, variação da demanda de vapor, eficiência térmica desejável, curso de instalação, operação e manutenção, espaço disponível e amortização do investimento. 54 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações a) Caldeiras Flamotubular Também conhecidas como Pirotubulares, Fogotubulares ou, ainda, como Tubos de Fumaça são aquelas nas quais os gases da combustão (fumos) atravessam a caldeira no interior de tubos, que se encontram circundados por água, cedendo calor à ela. (MARTINELLI JÚNIOR, 1998). A caldeira do tipo Flamotubular (Figura 21), possui seu sistema de funcionamento através de uma fornalha (A) que faz a queima de combustível e através desta combustão são liberados gases quentes que percorrem a caldeira e entram nos tubos (B) que estão localizados dentro do casco (D) imersos em água. Este procedimento aquece a água e a faz evaporar, gerando vapor d´agua. O controle do equipamento é efetuado em um comando de chaves e botoeiras elétricas encontrado no painel. Figura 21 - Caldeira Flamotubular Fonte: Disponível em: <http://uol.com.br/caldeiras>. Acesso em: 22 out. 2012. Esse tipo de caldeira já foi classificada como manual, isto é, sua execução e procedimentos operacionais eram realizados pelo operador responsável. Nesse caso, as falhas humanas eram comuns e ocasionavam sinistro, cujas consequências seriam imprevisíveis. Atualmente, a linha de produção dos principais fabricantes no Brasil (AALBORG, BIOCHAMM, STEAMMASTER, TENGE) já apresenta este modelo de caldeira com diversas condições de automação, principalmente: chave sequencial de partida e intertravamento controlado por CLP - Controlador Lógico Programável. (NOVAES, 1984). Também conhecidas como Pirotubulares, Fogotubulares ou, ainda, como Tubos de Fumaça são aquelas nas quais os gases da combustão (fumos) atravessam a caldeira no interior de tubos, que se encontram circundados por água, cedendo calor à ela. 55 Caldeiras Capítulo 2 De uma forma prática, no Quadro 1 serão apresentadas às vantagens e desvantagens das caldeiras Flamotubulares. Quadro 1 - Vantagens e desvantagens do uso das Caldeiras Flamotubulares. CALDEIRAS FLAMOTUBULARES VANTAGENS DESVANTAGENS Custo de aquisição mais baixo Baixo rendimento térmico Facilidade de manutenção Partida lenta devido a grande quantidade de água Exigem pouca alvenaria Pressão limitada a 18 kg/cm2 Dispensam tratamento rigoroso da água de alimentação Apresentam dificuldades para instalação de economiza- dor, superaquecedor e pré-aquecedor Fonte: Cruz e Silva (2008). As fornalhas das caldeiras flamotubulares devem ser dimensionadas para que a combustão ocorra completamente no seu interior, para não haver reversão de chama que vá atingir diretamenteos espelhos, diminuindo a vida útil da caldeira. (BIZZO, 2003). As caldeiras flamotubulares podem ser divididas em equipamentos verticais e horizontais, sendo estes últimos mais usuais e podendo ser constituídos de fornalhas lisas ou corrugadas; traseira seca ou molhada. Se você quiser conhecer mais sobre geradores de vapor, existem bons livros sobre este assunto. PERA, Hildo. Geradores de Vapor de Água. São Paulo: EPUSP, 1996. BAZZO, Edson. Geração de Vapor. Florianópolis: Ed. UFSC, 1995. TORREIRA, R.P. Geradores de Vapor. São Paulo: Companhia Melhoramento, 1995. 56 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 22 - Caldeira Flamotubular Vertical Fonte: Disponível em: <http://www.chdvalvulas.com.br/artigos_tecnicos/ caldeiras/flamotubulares.html>. Acesso em: 23 out. 2012. Figura 23 - Caldeira Flamotubular Horizontal Fonte: Disponível em: <http://clubedovapor.blogspot.com.br/>. Acesso em: 23 out. 2012. b) Caldeiras Aquatubulares Nas caldeiras aquatubulares, ao contrário das caldeiras flamotubulares, a 57 Caldeiras Capítulo 2 água que será evaporada circula no interior dos tubos de troca térmica e o calor proveniente da queima do combustível circula na parte externa (casco). Nessas caldeiras, a pressão e a temperatura do vapor geradas são bem maiores que as das caldeiras flamotubulares. Existe, também, a possibilidade de superaquecimento do vapor saturado e suas vazões são bem maiores que nas flamotubulares. Dessa forma, as entalpias do vapor gerado são bem altas, possibilitando, assim, o acionamento de turbo-geradores. Desse modo, esse projeto se tornou o ideal para as termoelétricas. (NOVAES, 1984). As caldeiras aquatubulares consistem em dois ou mais cilindros, inferior e superior, que são interligados por tubos. A água ao ser aquecida passa no interior de tubos que, por sua vez, são envolvidos pelos gases de combustão. Estas caldeiras são praticamente 100% automatizadas. No Quadro 2 apresentaremos as vantagens e desvantagens do uso das Caldeiras Aquatubulares. Quadro 2 - Vantagens e desvantagens do uso das Caldeiras Aquatubulares CALDEIRAS AQUATUBULARES VANTAGENS DESVANTAGENS Redução do tamanho da caldeira quando comparada com a produção de vapor Redução do tamanho da caldeira Menor temperatura na câmara de combustão Custo de aquisição mais alto Eliminação da necessidade de uso de refratários de alta qualidade Manutenção mais prolongada Rápida entrada em regime Necessitam de tratamento rigoroso da água de alimentaçãoFácil inspeção nos componentes Fonte: Cruz e Silva (2008). Existem as caldeiras chamadas mistas ou multitubulares. Embora sejam raras, elas ainda existem e possuem em sua estrutura partes aquatubulares e partes flamotubulares. Não há limite físico para capacidades. Encontram-se, hoje, caldeiras que produzem até 750 t/h de vapor com pressões até 3450 atm. (BIZZO, 2003). As caldeiras aquatubulares possuem queimadores para óleo, para gás, ou ambos. As caldeiras aquatubulares consistem em dois ou mais cilindros, inferior e superior, que são interligados por tubos. A água ao ser aquecida passa no interior de tubos que, por sua vez, são envolvidos pelos gases de combustão. 58 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 24 - Caldeiras Aquatubulares Fonte: Disponível em: <http/uol.com.br/caldeiras>. Acesso em: 15 out. 2012. Atividades de Estudos: 1) Cite vantagens e desvantagens das caldeiras Flamotubulares e das Aquatubulares e compare qual delas é mais apropriada para as empresas que possuem caldeira no seu meio produtivo. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Quando a caldeira for projetada para receber uma PMTA, podemos intervir e aumentar esta pressão mesmo que seja o mínimo? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 59 Caldeiras Capítulo 2 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Risco e Causas de Acidentes Lembre, por se tratarem de equipamentos que trabalham com uma grande quantidade de vapor sob pressões elevadas, são potencialmente perigosas e devem ser mantidas sob controle durante todo o seu funcionamento ou não. As caldeiras englobam diferentes riscos, tais como: explosões, incêndio, choque elétrico, queda, ferimentos e intoxicações. Para que sejam evitados acidentes com caldeiras e para que possamos preveni-los, devem ser realizadas inspeções e controles minuciosos, visto que, quando não se há um controle efetivo sobre o equipamento, os riscos tornam-se latentes, possibilitando o acidente, que ocorre por diferentes razões. a) Ausência de água na caldeira A falta de água possibilita um superaquecimento da estrutura da caldeira que é o metal. Pelo procedimento correto, deve-se aquecer a água, que, por sua vez, transfere este calor à estrutura. Quando isto não ocorre, as superfícies recebem calor diretamente por radiação ou mesmo por convecção na zona de alta temperatura que devem estar obrigatoriamente inundadas por água líquida. Este processo de ausência de água faz com que ocorra o aumento de temperatura do metal, podendo atingir seu limite de escoamento (diminuição da resistência). Nesse ponto, ocorre a ruptura da caldeira, ocasionando uma explosão. Atualmente, os equipamentos mais modernos já possuem um sensor de nível d´água, que faz a alimentação automática de água. Porém, mesmo com sistemas mais avançados de segurança, a caldeira não dispensa a presença do operador, que deve manter o controle do equipamento. Lembre, por se tratarem de equipamentos que trabalham com uma grande quantidade de vapor sob pressões elevadas, são potencialmente perigosas e devem ser mantidas sob controle durante todo o seu funcionamento ou não. Atualmente, os equipamentos mais modernos já possuem um sensor de nível d´água, que faz a alimentação automática de água. 60 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 25 - Sistema de alimentação de água em caldeiras Fonte: Bazzo (1992). b) Falha em geradores de Vapor Por serem equipamentos que acondicionam uma grande quantidade de vapor sob pressão, necessitam de procedimentos de segurança para que não ocorra a liberação repentina deste. A energia contida num gerador de vapor depende da pressão de operação e do volume de água da caldeira. Nas caldeiras flamotubulares, o volume de água em seu interior é superior ao encontrado em outras caldeiras aquatubulares, porém sua capacidade de produzir vapor é inferior. Isto significa que o potencial de perigo está fundamentalmentena pressão de operação da caldeira. O perigo de explosão no lado do vapor existe, de acordo com Bizzo (2003), por três principais motivos: • excesso de pressão; • falta de água na caldeira; • excesso de incrustação interna. c) Excesso de pressão Umas das falhas de operação da caldeira é o excesso de pressão, que é controlado através de dispositivos automáticos, chamados limitadores de pressão, 61 Caldeiras Capítulo 2 que diminuem o fornecimento de energia térmica através do controle do queimador ou da fornalha. Quando da inexistência destes dispositivos, pode ocorrer a ruptura do material (metal) e, consequentemente, a explosão. Por isso, é obrigatória a instalação de válvulas de segurança em todas as caldeiras que, quando têm sua abertura, liberam o excesso de pressão. As válvulas de segurança devem ser reguladas para abertura na pressão 5% maior que a PMTP (Pressão Máxima de Trabalho Permitida) e devem permitir a descarga de vapor a uma taxa maior que a produção de vapor máxima da caldeira. A PMTP é estabelecida no projeto da caldeira, sendo igual à pressão de projeto, ou pode ser diminuída após algum tempo de operação, se uma inspeção por técnico habilitado determinar sua necessidade, geralmente ocasionada por processos normais de desgaste, tais como: corrosão ou falhas eventuais dos dispositivos de segurança. (BIZZO, 2003). d) Incrustação interna Faz-se necessário o controle da qualidade da água utilizada nos procedimentos operacionais da caldeira, como sendo um fator determinante da vida útil deste equipamento. Caso os resultados da análise físico-química da água em questão e as inspeções de rotina indiquem qualquer alteração de incrustamento pode significar um aumento da resistência térmica, isto é, não se consegue manter o refrigeramento do material e a diferença de temperaturas ocasiona trincas e vazamentos, sendo no limite a falha total do tubo. Desse modo, quanto maior a pressão de operação, maiores deverão ser os cuidados e requisitos no tratamento da água. Segundo Altafini (2002), o problema de incrustamento é muito clássico à segurança de caldeiras. Este problema ocorre por causa das deposições de sólidos sobre as superfícies de aquecimento, no lado da água, devido à presença de impurezas, tais como: sulfatos, carbonato de cálcio, magnésio, silicatos complexos e sólidos em suspensão. e) Corrosão interna A corrosão ocorre devido à má qualidade da água. O fator principal para este desgaste do material é a presença de oxigênio e dióxido de carbono dissolvido. O oxigênio é o principal causador da corrosão do metal e o dióxido de carbono com o oxigênio formam o ácido carbônico, que diminui o PH da água da caldeira. 62 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 26 - Contaminantes da água Fonte: Martinelli Júnior (1998). f) Choque térmico O fator choque térmico pode ocorrer quando é efetuada a alimentação da caldeira com água fria (temperatura inferior a 80ºC). Também pode ocorrer por falha operacional, quando a caldeira encontra-se com o seu nível de água abaixo do normal e o operador injeta água fria, na tentativa de restabelecer o nivelamento de água. Além dos riscos operacionais ou de falha humana em que o foco é a máquina, na execução dos serviços relacionados à caldeira também encontramos risco de acidentes envolvendo a saúde do trabalhador. Existem outros riscos eminentes na função do operador de caldeira, vamos identificá-los. Os operadores de caldeira executam suas tarefas, que possuem riscos inerentes à atividade, tais como: • Choques elétricos; Além dos riscos operacionais ou de falha humana em que o foco é a máquina, na execução dos serviços relacionados à caldeira também encontramos risco de acidentes envolvendo a saúde do trabalhador. 63 Caldeiras Capítulo 2 • Queimaduras (trabalhos com vapores superiores a 100º C); • Quedas (acesso do operador em diferentes níveis); • Desconforto térmico; • Ruído de baixa e alta frequência (baixa frequência dos queimadores e de alta frequência de vazamentos de vapor). g) Falha operacional As novas caldeiras possuem tecnologia desenvolvida para executarem suas atividades de forma automatizada, sendo assim, o operador necessita intervir pouco em seu funcionamento, porém necessita de uma maior qualificação profissional, principalmente na forma de interpretar novos comandos e sistemas acoplados ao equipamento. Dispositivos e Procedimentos de Segurança (Operação e Manutenção) Os dispositivos de segurança são fatores fundamentais em qualquer caldeira, pois eles têm a função de realizar a proteção devida dos trabalhadores e dos equipamentos de possíveis falhas e da vizinhança. Em uma caldeira existem diferentes tipos de dispositivos de segurança, simples ou mais complexos. Os dispositivos podem apresentar-se na forma de alarme e bloqueios dos componentes da caldeira, porém todos os dispositivos devem estar em funcionamento durante a operação da caldeira, sendo proibida a retirada de qualquer um dos dispositivos de segurança. Os principais dispositivos de segurança são: a) Dispositivo de Purga O sistema de purga na caldeira tem o objetivo de eliminar os gases provenientes da combustão, já existentes no interior da caldeira, antes de iniciar novo processo. Isto é, antes de reacender o equipamento. Este processo geralmente tem duração Os dispositivos de segurança são fatores fundamentais em qualquer caldeira, pois eles têm a função de realizar a proteção devida dos trabalhadores e dos equipamentos de possíveis falhas e da vizinhança. 64 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações de 5 minutos. Quando ocorrer efusão de combustível na fornalha, o dispositivo de purga pode não ser eficiente na eliminação total dos gases existentes. Nesse caso, faz-se necessária uma limpeza mecânica. b) Dispositivo de Nível da Caldeira Durante a execução do ciclo de funcionamento da caldeira, a água que se encontra em seu interior é transformada em vapor, fazendo com que o nível d´água da caldeira diminua. Para tanto, faz-se necessária a reposição desta água, sendo fundamental o controle feito pelo operador. Com a automatização, este item trouxe estabilidade, tranquilidade e segurança. Cuidados especiais devem ser realizados com a realimentação da água, no caso de o nível estar abaixo do normal, pois, neste momento, pode ocorrer a elevação dos gradientes entre a água e o metal do tambor. Figura 27 - Acidente com níveis baixo de água na caldeira Fonte: Martinelli Júnior (1998). c) Válvula de Segurança As válvulas de segurança são dispositivos que entram em ação no caso de falha no sistema de combustão. Tal falha faz com que ocorra um aumento de pressão de trabalho na caldeira. O local de instalação das válvulas dependerá do tipo de caldeira. Essas válvulas deverão ser inspecionadas periodicamente e, no caso da verificação de ajuste, este deverá ser realizado. Elas devem ser dimensionadas de modo a garantir descarga total do vapor gerado, caso haja aumento superior a 10% da pressão de trabalho ou um valor pré-estabelecido para a instalação. 65 Caldeiras Capítulo 2 Figura 28 - Válvula de Segurança Fonte: FIEB (2008). d) Dispositivo de Proteção Contra Pressão Elevada na Fornalha Devido à automação, em algumas caldeiras, este dispositivo tem a função de desarmar a queima quando detectar uma pressão elevada dentro do equipamento. A pressão da fornalha é um item importante para a qualidade da queima. e) Dispositivo de Proteção Contra Baixa Pressão ou Alta pressão do combustível São dispositivos que fazem o controleda pressão do combustível introduzido na caldeira. Os combustíveis devem trabalhar com pressões estabilizadas. Quando não ocorre este procedimento, pode acontecer perda de chama nos queimadores (combustível gasoso) ou não atomizar totalmente (combustíveis líquidos), ambos são riscos grandes à caldeira. f) Dispositivo de Baixa Vazão de Ar Todos os procedimentos de execução de uma caldeira devem ser executados em sintonia e o fluxo de ar enviado para o equipamento também deve ser adequado ao combustível utilizado. Quando a vazão de ar injetada para a caldeira é ineficiente, faz com que parte do combustível utilizado para o funcionamento da caldeira saia sem ser queimado e, consequentemente, causando poluição ambiental e riscos de explosões em dutos. Sendo assim, os dispositivos devem ser projetados para provocar o desarme ou realizar o alarme no local. 66 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Os riscos com caldeiras envolvem diferentes variáveis, não só falha na operação, como de projeto ou maquinário. Por isso, todas as formas de controle devem ser envolvidas no processo, desde sua concepção até a execução propriamente dita. NR13. http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamenta doras-1.htm Atividades de Estudos: 1) Analise os dispositivos de segurança e verifique qual deles é a peça fundamental na composição da caldeira. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Além dos riscos envolvendo explosão da máquina, quais são os riscos que os trabalhadores podem sofrer durante a operação da caldeira? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 67 Caldeiras Capítulo 2 A NR 13 estabelece alguns tópicos básicos à segurança de caldeiras. De acordo com Cruz e Silva (2008), resumidamente, são: • Disposições Gerais: Inclui definições de profissional habilitado (Engenheiro responsável), identificação do equipamento, documentação e classificação dos equipamentos (caldeiras e vasos de pressão). • Instalação: Requisitos de instalação (céu aberto, recinto fechado), projeto atual e alternativo. • Operação: Manual de operação (parada, partida, situação de emergência), necessidade do tratamento de água (só no caso das caldeiras), qualificação do operador (1° grau completo), treinamento de segurança e estágio prático especificado. • Manutenção: Procedimentos de segurança na alteração do projeto, reparo e tipos. • Inspeção: Tipos de inspeção, periodicidade e emissão do Relatório de inspeção. A empresa que possui sistema de caldeiras é responsável pela contratação e pelos treinamentos dos operadores de caldeira. O processo de execução da caldeira pode ter um operador controlando vários equipamentos ou o caso de vários operadores controlando simultaneamente várias caldeiras. Porém, dizemos que a caldeira deve estar sob controle do operador, isto é, a caldeira deve estar supervisionada por pelo menos um operador que tenha os conhecimentos para agir em caso de emergência. Segundo a NR 13 (BRASIL, 2006), é considerado operador de caldeira aquele que se encaixar em pelo menos uma das seguintes condições: 1) possuir certificado de “Treinamento de Segurança na Operação de Caldeiras” e comprovação de estágio prático conforme subitem 13.3.9; 2) Possuir certificado de “Treinamento de Segurança para Operação de Caldeiras”, previsto na NR 13 e aprovado pela Portaria no 02/84 de 08/05/94; 3) Possuir comprovação de pelo menos 3 (três) anos de experiência nessa atividade, até 8 de maio de 1984. Para casos onde for necessária a comprovação de experiência na operação de caldeira, deve-se considerar: A empresa que possui sistema de caldeiras é responsável pela contratação e pelos treinamentos dos operadores de caldeira. 68 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações • anotação na carteira de trabalho ou; • prontuário ou atribuições fornecidos pelo estabelecimento ou; • testemunho de pessoas. Para o cálculo dos três anos de experiência deverá ser descontado o tempo de interrupção. A habilitação dos operadores de caldeira, enquadrados nas alíneas b) e c), fica limitada ao tipo de caldeira que habitualmente vinham operando. Caso tenham necessidade de operar outros tipos de caldeira, torna-se obrigatória a frequência aos estágios práticos definidos no subitem 13.3.9. Durante os treinamentos devem ser repassados aos operadores de caldeira procedimentos de segurança, adotados em caso de emergência, para que a vida útil das caldeiras seja preservada. Deve-se principalmente abordar: 1) Manutenção contínua e preventiva; 2) Inspeções dos dispositivos de segurança e peças da caldeira; 3) Limpeza; 4) Falta de água na caldeira - esperar a caldeira esfriar totalmente, verificar o defeito, 5) providenciar o conserto e tornar a acendê-la no dia seguinte; 6) Válvulas de segurança não funcionam - desligar a caldeira imediatamente e esperar 7) que a pressão caia e com a caldeira fria reparar ou trocar a válvula; 8) Combustão excessiva - regular imediatamente a caldeira, se ela ficou suja, limpá-la na primeira oportunidade; 9) Sistema elétrico ou eletrônico defeituoso - verificar o defeito e consertar. Instalação As instalações das caldeiras, bem como a elaboração do projeto, devem ser de responsabilidade de “Profissional Habilitado” que, segundo As instalações das caldeiras, bem como a elaboração do projeto, devem ser de responsabilidade de “Profissional Habilitado”. 69 Caldeiras Capítulo 2 a norma (NR 13), deve ter competência legal para o exercício da profissão de engenheiro nas atividades referentes ao projeto de construção, acompanhamento de operação e manutenção, inspeção e supervisão de inspeção de caldeiras e vasos de pressão, em conformidade com a regulamentação profissional vigente no país. (FIEB, 2008). Resolução que dispõe da habilitação dos profissionais aptos em execução em caldeira. A Resolução no 218/73, as Decisões Normativas no 029/88 e no 045/92 do CONFEA estabelecem como habilitados os engenheiros mecânicos e navais, bem como engenheiros civis com atribuições do Art. 28, do Decreto Federal no 23.569/33. O projeto de instalação deverá conter todos os documentos, plantas, desenhos, cálculos, pareceres, relatórios, análises, normas, especificações relativos ao projeto, devidamente assinados pelos profissionais legalmente habilitados. (MARTINELLI JÚNIOR, 1998). As caldeiras devem ser instaladas em local específico para este fim, isto é, deve ser executada uma “Casa de Caldeira” ou “Área de Caldeira”. Este local deve ser fechado com paredes e ser protegido de intempéries.A caldeira poderá ser instalada em local aberto, porém deverá ser previsto tal item na concepção do projeto. Quando for estabelecido ser instalado o equipamento em local aberto, a “Área de Caldeira” deve satisfazer os seguintes requisitos, apresentados por Martinelli Júnior (1998): • Estar afastada no mínimo 3 metros de: – outras instalações do estabelecimento; – de depósitos de combustíveis, executando-se reservatórios para partida com até 2.000 (dois mil) litros de capacidade; – do limite de propriedade de terceiros; – do limite com as vias públicas. • dispor de pelo menos 2 (duas) saídas amplas, permanentemente desobstruídas e dispostas em direções distintas; • dispor de acesso fácil e seguro, necessário à operação e manutenção de 70 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações caldeira, e, para guarda corpos vazados, os vãos devem ter dimensões que impeçam a queda de pessoas; • ter sistema de captação e lançamento dos gases e material particulado, provenientes da combustão, para fora da área de operação, atendendo às normas ambientais vigentes; • dispor de iluminação conforme normas oficiais vigentes; • ter sistema de iluminação de emergência caso operar à noite. Ainda, de acordo com Martinelli Júnior (1998), quando a caldeira estiver instalada em ambiente confinado, a “Casa de Caldeiras” deve satisfazer os seguintes requisitos: • constituir prédio separado, construído de material resistente ao fogo, podendo ter apenas uma parede adjacente a outras instalações do estabelecimento, porém com as outras paredes afastadas, no mínimo 3 (três) metros de outras instalações, do limite de propriedade de terceiros, do limite com as vias públicas e de depósitos de combustíveis, executando-se reservatórios para partida com até 2.000 (dois mil) litros de capacidade; • dispor de pelo menos 2 (duas) saídas amplas, permanentemente desobstruídas e dispostas em direções distintas; • dispor de ventilação permanente com entradas de ar que não possam ser bloqueadas; • dispor de sensor para detecção de vazamento de gás quando se tratar de caldeira a combustível gasoso; • não ser utilizada para qualquer outra finalidade; • dispor de acesso fácil e seguro, necessário à operação e à manutenção da caldeira, e, para guarda-corpos vazados, os vãos devem ter dimensões que impeçam a queda de pessoas; • ter sistema de captação e lançamento dos gases e material particulado, provenientes da combustão, para fora da área de operação, atendendo às normas ambientais vigentes; • dispor de iluminação, conforme normas oficiais vigentes e ter sistema de iluminação de emergência. As caldeiras com classificação categoria “A” deve possuir painel de 71 Caldeiras Capítulo 2 instrumento instalado na sala de controle. A execução desta sala de controle deve seguir projeto elaborado por profissional habilitado e seguir os requisitos estabelecidos pelas Normas Regulamentadoras. Inspeções A NR 13 estabelece que sejam executadas inspeções de segurança de caldeiras estacionárias a vapor, que devem ser realizadas interna e externamente à estrutura, sempre que: • Iniciar o funcionamento; • Ocorrer modificação, reformas ou acidente com o equipamento; • Anualmente (no mínimo) para as caldeiras das categorias A, B e C. As empresas poderão ter “Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos”, porém devem seguir os prazos máximos para a realização das inspeções, conforme tabela abaixo: Tabela 1 - Prazos máximos estabelecidos para inspeção de caldeiras Fonte: Martinelli Júnior (1998). Após a inspeção, deverá ser gerado o “Relatório de Inspeção” e encaminhado, pelo engenheiro (profissional habilitado), no prazo máximo de 30 dias, à representação sindical da sua categoria. Após a inspeção, deverá ser gerado o “Relatório de Inspeção” e encaminhado, pelo engenheiro (profissional habilitado), no prazo máximo de 30 dias, à representação sindical da sua categoria. 72 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Segundo a NR 13 (BRASIL, 2006), item 13.5.11, o “Relatório de Inspeção” deve conter no mínimo: • dados constantes na placa de identificação da caldeira; • categoria da caldeira; • tipo da caldeira; • tipo de inspeção executada; • data de início e término da inspeção; • descrição das inspeções e testes executados; • resultado das inspeções e providências; • relação dos itens desta NR ou de outras exigências legais que não estão sendo atendidos; • conclusões; • recomendações e providências necessárias; • data prevista para a nova inspeção da caldeira; • nome legível, assinatura e número do registro no conselho do “Profissional Habilitado”, citado no subitem 13.1.2, e nome legível e assinatura de técnicos que participaram da inspeção. Quando a caldeira completar 25 (vinte e cinco) anos de uso, deverá ser realizada uma inspeção para evidenciar a real situação e comprometimento do equipamento. Tal inspeção deve usar de rigorosos quesitos para verificar a integridade da caldeira e determinar a nova vida útil e os novos prazos máximos para inspeção, caso ainda esteja em condição de uso. Sempre que os resultados da inspeção determinarem alterações dos dados da placa de identificação, esta deve ser atualizada. Documentação e Fiscalização Durante uma fiscalização, que pode ser realizada pelo Ministério do Trabalho ou SRTE (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego- Antiga 73 Caldeiras Capítulo 2 DRT - Delegacia Regional do Trabalho), a documentação que será auditada para caldeiras deverá estar no estabelecimento e atualizada. Tal documentação é: • “Prontuário da Caldeira”, contendo as seguintes informações: – código de projeto e ano de edição; – especificação dos materiais; – procedimentos utilizados na fabricação, montagem, inspeção final e determinação da PMTA (Lembre – se PMTA é a pressão máxima de trabalho admissível que deverá estar descrita no projeto da caldeira); – conjunto de desenhos e demais dados necessários para o monitoramento da vida útil da caldeira; – características funcionais; – dados dos dispositivos de segurança; – ano de fabricação; – categoria da caldeira; – registro de segurança; – projeto de instalação; – projetos de alteração ou reparo; – relatórios de Inspeção. No caso de você se deparar com uma situação em que a empresa possua diferentes unidades (frentes de trabalho), porém somente uma delas possuir a instalação da caldeira, os documentos deverão estar disponíveis nesta unidade para que, em caso de fiscalização, possam ser facilmente consultados. Toda a documentação da caldeira deverá ser mantida junto ao equipamento, durante toda a sua vida útil. Entenda, acadêmico(a), a vida útil é calculada a partir da data de fabricação até a data em que a caldeira é considerada inadequada para o seu uso. Entenda, acadêmico(a), a vida útil é calculada a partir da data de fabricação até a data em que a caldeira é considerada inadequada para o seu uso. 74 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Quando o “Prontuário da Caldeira” for perdido, ele deverá ser reconstituído pelo proprietário, porém sempre com a responsabilidade técnica do profissional habilitado ou fabricante. Devemos lembrar que a documentação de caldeiras deve ser a mais detalhada possível pelo fabricante. No caso de transferência ou venda do equipamento, os documentos devem acompanhá-la, inclusive o Relatório de Segurança, que poderá ser requisitado pela empresa que está efetuando a compra. Vale ressaltar que o único documento que não acompanhará a caldeira é o projetode instalação existente, pois deverá ser elaborado um novo projeto com as novas características do local. E, após a finalização do projeto, o proprietário deverá apresentar à SRTE. Quando o profissional habilitado detectar que a vida útil do equipamento encontra-se comprometida, repassará a informação ao Registro de Segurança e evidenciará claramente os motivos pelos quais está desativando a caldeira. Toda a documentação deve estar disponível para os órgãos fiscalizadores, assim como para os operadores, pessoal de manutenção, sindicatos e CIPA. Lembre-se, como já foi estudado, CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) é uma comissão de trabalhadores eleitos para auxiliar nas questões de segurança. Atividade de Estudos: Vamos aprender a preencher um modelo de relatório de inspeção de segurança de caldeira. MODELO DE RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA DE CALDEIRA 1) DADOS PRELIMINARES: 1.1 ) TIPO DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA : ( ) inicial ( ) periódica ( ) extraordinária 75 Caldeiras Capítulo 2 1.2) DATA DA INSPEÇÃO: Iniciada em Concluída em 1.3 ) REALIZADA PELO INSPETOR:. 1.4 ) CARACTERÍSTICAS DA CALDEIRA : 1.4.1 IDENTIFICAÇÃO: Marca: No : Ano: Modelo: Categoria: PMTA: Capacidade: Superfície de Vaporização: Fabricante: Endereço: Local de Instalação: Proprietário: 2) RESULTADOS DA INSPEÇÃO : 2.1 ) EXAME DO PRONTUÁRIO : O prontuário foi encontrado completo e em dia ? ( ) sim ( ) não A presente inspeção foi iniciada dentro do prazo estipulado ? ( ) sim ( ) não As recomendações anteriores foram executadas? ( ) sim ( ) não 2.2) EXAME EXTERNO : A caldeira satisfaz todas as condições de segurança constantes da NBR-12177 da ABNT observáveis neste exame ? ( ) sim ( ) não A caldeira funciona normalmente? ( ) sim ( ) não Foi observada alguma anomalia capaz de prejudicar a segurança? 76 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações ( ) sim ( ) não Além do exame normal, com a caldeira em funcionamento, foi realizado exame complementar com a caldeira: Parada? ( ) sim ( ) não Resposta em funcionamento? ( ) sim ( ) não Foram aferidos todos os manômetros e termômetros dos quais dependem a segurança da caldeira? ( ) sim ( ) não Foram examinadas todas as válvulas de segurança? ( ) sim ( ) não VÁLVULAS DE SEGURANÇA : ESTADO DAS VÁLVULAS 1a 2a 3a SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO Funcionamento normal - - Pressão de abertura ( Kgf/cm² ) - Pressão de fechamento ( Kgf/cm² ) - Lacração intacta ? - - - - Foram desmontadas? - - - - Alguma anormalidade? - - - - Foram consertadas? - - - - Foram substituídas? - - - - Foram reguladas? - - - - Foram lacradas? - - - - Como foram deixadas? Pressão de abertura (Kgf/cm² ) - Pressão de fechamento (Kgf/cm² ) - 2.3 ) EXAME INTERNO: A caldeira, antes de ser limpa, apresentava alguma anomalia? ( ) sim ( ) não Internamente, a caldeira, depois de limpa, está em ordem e 77 Caldeiras Capítulo 2 satisfaz todas as condições de segurança, constantes do Anexo 1 da NBR-12177 e observáveis nesse exame? ( ) sim ( ) não A parte da caracterização da caldeira acessível a esse exame confere com o que sobre ela consta do prontuário? ( ) sim ( ) não Foi observada alguma anomalia capaz de prejudicar a segurança? ( ) sim ( ) não 2.4 ) ATUALIZAÇÃO DA PMTA : A PMTA adotada na inspeção anterior pode ser mantida? ( ) sim ( ) não Caso a PMTA deva ser modificada, qual o novo valor? 2.5 ) PROVA DE PRESSÃO HIDROSTÁTICA : Pressão de prova : Tempo de prova : A caldeira suportou satisfatoriamente a prova? ( ) sim ( ) não Anomalias observadas: 2.6) PROVA DE SUFICIÊNCIA DA(S) VÁLVULA(S) DE SEGURANÇA : As válvulas de segurança são suficientes? ( ) sim ( ) não Pressão máxima atingida:__________Kgf/cm² Tempo de prova: __________ minutos. Anomalias observadas: 2.7) OUTRAS PROVAS EFETUADAS : EXEMPLO: Níveis de alimentação (máximo e mínimo) / Nível extra baixo / Nível extra alto Pressostato de máxima / Pressostato de segurança e Falha de combustão. 78 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 3 ) CONCLUSÃO : 3.1) Em face da inspeção realizada , a caldeira pode ser utilizada normalmente ? ( ) sim ( ) não Desde que cumpridas às recomendações anotadas no registro de segurança e no item 4 deste relatório. 3.2 ) Valor da PMTA a ser adotada: ________ Kgf/cm² 3.3 ) Realizar nova inspeção até 4) OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES : EXEMPLO a) A caldeira está regulada para operar com 10,00 Kgf/cm² de pressão, o pressostato de modulação foi regulado para 9,0 Kgf/ cm² e o pressostato segurança foi regulado para 10,25 Kgf/cm²; b) Os sistemas de controle e segurança das caldeiras devem ser submetidos a manutenção preventiva ou preditiva, conforme determina o sub-item 13.4.5 da NR-13; c) As válvulas de segurança devem ser inspecionadas conforme frequência estabelecida no sub-item 13.5.7 da NR-13: - pelo menos uma vez por mês, mediante acionamento manual da alavanca, em operação, para caldeiras das categorias “B” e “C”; - desmontado, inspecionando e testando, em bancada, as válvulas flangeadas e, no campo, as válvulas soldadas, recalibrando-as numa frequência compatível coma experiência operacional desta, porém respeitando-se como limite máximo o período de inspeção estabelecido no subitem 13.5.4, se aplicável, para caldeira de categorias “A” e “B”. d) Providenciar as recomendações anotadas no registro de segurança; e) A inspeção foi acompanhada pelo operador_______________. 79 Caldeiras Capítulo 2 _______________,______ de_________ de ____________. Fonte: Disponível em: <www.grupos.com.br>. Acesso em: 10 out. 2012. Algumas Considerações Este capítulo objetivou fornecer conhecimento acerca da execução dos serviços relacionados a máquinas e equipamentos pressurizados, com enfoque em caldeiras. Vimos a importância de possuirmos um sistema operacional das caldeiras em conformidade com a norma regulamentadora- NR 13, visto que se trata de um equipamento que trabalha constantemente pressurizado, isto é, pressão superior à pressão atmosférica. Os acidentes com caldeiras são, muitas vezes, possíveis de serem evitados, porém quando não são identificados os riscos antecipadamente, comprometem não só a máquina mais os trabalhadores e podem alastrar-se para a sociedade, devido à extensão do acidente. É primordial, ao finalizarmos este capítulo,entendermos que o funcionamento de uma caldeira implica o agrupamento de vários conceitos de segurança, desde a concepção do projeto, a instalação do equipamento, a manutenção, as inspeções rotineiras até a percepção do término da vida útil do equipamento. Através do conceito sólido de caldeiras, poderemos entender melhor o próximo capítulo, que trata de vasos de pressão, também regulamentados pela NR 13 (BRASIL, 2006). Referências ALTAFINI, C. R. Apostila sobre Caldeiras. Caxias do Sul, 2002. BAZZO, E. Geração de Vapor. Florianópolis: Editora da UFSC, 1992. BIZZO, W. A. Geração, Distribuição e Utilização de Vapor. São Paulo: UNICAMP, 2003. BRASIL. Ministério do trabalho. Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978 80 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações - NR-13 Caldeiras e vasos de pressão. 2006. Disponível em: <http://portal.mte. gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm>. Acesso em: 20 set. 2012. CRUZ, C. A. O.; SILVA, G.M. A. Caldeiras e Vasos de Pressão NR-13: Análise do Pré-Requisito de 1º grau Necessário para Capacitação dos Profissionais que Participam dos Treinamentos de Segurança. 2008. FIEB. Legislação Comentada: NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão. Bahia, 2008. FUNDACENTRO. Manual Técnico de caldeiras e vasos de Pressão. Rio de Janeiro, 1997. GODOY, J. G. Inspeções Internas. São Paulo: SENAC, 2009. MARTINELLI JÚNIOR, L. C. Geradores de Vapor – Recepção, Operação e Medidas de Segurança. Cadernos UNIJUÍ. Ijuí, RS: Editora Unijuí, 1998. (Série Tecnologia Mecânica, n. 8). MUCCIACITO, J. C. Caldeiras de alta pressão. Revista e portal meio filtrante. Ano XI, n 57, julho/agosto 2012. Disponível em: <http://www.meiofiltrante.com.br/ materias.asp?action=detalhe&id=793>. Acesso em: 10 set. 2012. NOVAES, M.S. Operações de Caldeiras a vapor. Rio de Janeiro: Manuais CNI, 1984. UNIVERSIDADE DE CAMPINAS – SP. Disponível em: <http://www.unicamp.br/ unicamp/>. Acesso em 20 nov. 2012. CAPÍTULO 3 Vasos de Pressão A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Orientar quanto às metodologias de análise de riscos no processo produtivo e no ambiente laboral, inclusive os graves e iminentes, utilizando ferramentas fundamentadas em bases normativas atuais e antecipando-se a consequências indesejáveis. � Avaliar e propor medidas de controle de riscos relacionados às condições do meio ambiente de trabalho que fazem uso de vasos de pressão, com base na respectiva legislação. 83 Vasos de Pressão Capítulo 3 Contextualização A preocupação com os graves acidentes envolvendo equipamentos pressurizados advertiu para a necessidade de uma atenção específica quanto ao uso de vasos de pressão e a necessidade de uma legislação que estabelecesse parâmetros de segurança, a partir deste momento, ocorre o surgimento da NR 13. Antecedendo este fato, o código de ASME - American Society of Mechanical Engineers, já estabelecia procedimentos para a elaboração dos projetos de vasos de pressão, porém através da NR 13 a fiscalização focou na segurança dos equipamentos já existentes. Sendo assim, devemos ter clareza e critérios nos procedimentos envolvendo equipamentos pressurizados, isto é, o envolvimento da segurança, da concepção até a manutenção destes, por tratar-se de um equipamento que, quando da ocorrência de um acidente , gera um grande impacto, pontual e social. O estudo em questão complementará a disciplina anteriormente vista (Caldeira), pois ampliará os conceitos para todos os tipos de vasos de pressão, sejam eles com ação de chama ou não. O conhecimento dos mecanismos e segurança dos vasos de pressão torna- se imprescindível na gestão do profissional de segurança do trabalho, pois é estabelecida pela norma que regulamenta os equipamentos pressurizados a responsabilidade deste profissional. Desse modo, é fundamental conhecermos os mecanismos dos vasos de pressão, bem como as formas de se fazer segurança pelo método prevencionista, isto é, implantação de dispositivos de segurança, inspeções e identificações de riscos, antecipando-se a consequências indesejáveis. Definições e Funcionamentos Após estudarmos Caldeiras, ampliaremos nosso conhecimento sobre equipamentos pressurizados, estudando Vasos de Pressão. Tais equipamentos também possuem embasamento legal na NR 13. Podemos classificar vasos de pressão, segundo Telles (1996), como todos os recipientes estanques, de qualquer tipo, dimensões, formato ou finalidade, capazes de conter um fluido sob pressão interna e externa. Dentro desta definição abrangente, podemos incluir desde uma panela de pressão até os reatores nucleares de maior tecnologia. Todos os recipientes estanques, de qualquer tipo, dimensões, formato ou finalidade, capazes de conter um fluido sob pressão interna e externa. 84 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Sendo assim, os vasos de pressão estão presentes em vários setores de atuação: postos de gasolina, consultórios dentários, hospitais, etc. Figura 29 - Vaso de pressão esférico e as forças aplicadas (interna e externa) Fonte: Buffoni (2008). Porém, para efeito de aplicação da NR 13, somente é considerado vaso de pressão o equipamento cujo produto “P.V” seja superior a 8 (oito), sendo o P a pressão máxima de operação (em KPa) e o V o volume geométrico interno (em m³). Podemos exemplificar o cálculo para a identificação de vasos de pressão, como segue abaixo: Se possuirmos um vaso de pressão que opera com vapor d´água a 2 kgf/cm² de pressão e um volume de 2 m³, verificaremos se ele é um vaso de pressão da seguinte forma. Primeiro, devemos lembrar que: * 1 kgf/cm² = 98,066 KPa; * Volume deve ser em m³; * P x V > 8 = Vaso de Pressão * P x V ≤ 8 = Não é Vaso de Pressão * P = 2 kgf/cm² * V = 2 m³. Calculamos: 85 Vasos de Pressão Capítulo 3 Quando multiplicamos P x V, temos (98,066 x 2) x 2 = 392,2 (KPa). Sendo 392,2 > 8, é considerado vaso de pressão! Neste capítulo, iremos aprofundar-nos em equipamentos pressurizados encontrados em indústrias de processo, isto é, em indústria que transformam a matéria (física e/ou química) ou simplesmente armazena, manuseia ou distribui fluidos. Primeiramente podemos estabelecer algumas características para definirmos a classificação e finalidade dos vasos de pressão. Estes podem ser divididos, de acordo com Telles (2001), em: Também podemos classificar os vasos de pressão, após sabermos sua finalidade, pelo cruzamento de informações da classe de fluido e a pressão, que será estabelecida por projeto, elaborado por profissional legalmente habilitado, conforme o Quadro 3 que corresponde ao anexo IV da NR 13. As categorias que classificam estes equipamentos pressurizados são: Vaso sem ação de chama • Caldeiras • FornosVaso com ação de chama • Vasos de armazenamento e de acumulação; • Torre de destilação fracionada, retificação, absorção, etc.; • Reatores diversos; • Esferas de armazenamento de gás • Trocadores de calor • Trocadores; • Aquecedores; • Resfriadores; • Condensadores; • Refervedores; • Resfriadores a ar. Equipamentos pressurizados encontrados em indústrias de processo, isto é, em indústria que transformam a matéria (física e/ ou química) ou simplesmente armazena, manuseia ou distribui fluidos. 86 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Quadro 3 - Classificação de Vasos de Pressão Fonte: Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/geral/manual-tecnico-de- caldeiras-e-vasos-de-pressao-nr-13.htm>. Acesso em: 20 out. 2012. Leitura direcionadaa vaso de pressão. TELLES, Pedro C. Silva. Vaso de pressão. 2. ed. Rio de Janeiro: LCT, 2001. Remetendo-nos ao exemplo anteriormente calculado, encontramos um vaso de pressão de 392,2 (KPa) ou 2 Kgf/cm². Como possui classificação de vapor de água (classe C, pela Tabela 2), encontraremos a categoria em que se enquadra nosso vaso de pressão. Veja, necessitamos transformar primeiramente o Kgf/cm² em Mpa, sendo assim, 1 Mpa = 10,197 Kgf/cm² estabelecido pela NR 13. Como possuímos 2 kgf/cm², transformado em Mpa teremos 0,1961 Mpa, sendo assim P x V = 0,1961 x 2 = 0,3922. Nesse caso, nosso vaso de pressão 87 Vasos de Pressão Capítulo 3 encontra-se na categoria “V”. Através desta classificação, é possível determinar ações referentes a este equipamento, tais como inspeções e treinamentos, conforme definido pela NR 13, visto no quadro anterior. Tabela 2 – Categorias de Vasos de Pressão Fonte: Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/geral/manual-tecnico-de- caldeiras-e-vasos-de-pressao-nr-13.htm>. Acesso em: 20 out. 2012. O vaso de pressão é formado basicamente de invólucro estanque (casco ou parede de pressão), em que se encontra o fluido pressurizado, vaso e tampos de fechamentos. Também podemos encontrar na literatura o conceito de shell para vasos e heads para tampos de fechamento. O formato do casco (parede de pressão) pode diferenciar os vasos de pressão. Podemos encontrar diferentes formas, porém este casco sempre terá o formato de uma superfície de revolução. As formas encontradas para vasos de pressão podem ser cilíndricas, cônicas, esféricas e a combinação destas formas. Existe a possibilidade de tamanhos e formas diferenciadas, porém ambas especificadas em projeto e através de uma responsabilidade técnica. O vaso de pressão é formado basicamente de invólucro estanque (casco ou parede de pressão), em que se encontra o fluido pressurizado, vaso e tampos de fechamentos. 88 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Uma superfície de revolução é definida como uma superfície obtida pela rotação de uma curva plana em torno de uma reta que pertence ao mesmo plano da curva. A forma cilíndrica, conforme evidenciada na Figura 30, é a mais utilizada, pelo fato de sua fabricação e transporte ser mais fácil. No processo de fabricação, o aproveitamento das chapas ocorre de forma inteiriça, quase não ocorre desperdício de material. Figura 30 - Formas de instalação dos vasos de pressão cilíndricos Fonte: Telles (2001). As formas esféricas são pouco utilizadas por serem de difícil fabricação, de alto custo e ocuparem muito espaço. Dificilmente são transportadas inteiras e são utilizadas somente como vasos de armazenagem. Porém durante o processo de fabricação consegue-se chegar a menor espessura da parede e menor peso em igualdade de condições para pressão e volume contido. A Figura 31 demonstra como é executada a forma esférica nos vasos de pressão e sua respectiva instalação. Figura 31 - Vaso de Pressão Esférico Fonte: Telles (2001). 89 Vasos de Pressão Capítulo 3 Quando se necessita armazenar um material que precisa gravidade para realizar o seu escoamento, tal como um fluido muito viscoso, deve-se usar o vaso de pressão cônico, isto é, quando há necessidade de minimizar as perdas por escoamento o vaso de pressão cônico é o mais eficaz. Podemos observar na Figura 32, a disposição deste vaso de pressão, que possui seções diferentes em sua estrutura. Figura 32 - Vaso de Pressão cônico Fonte: Telles (2001). Os vasos de pressão com formato de esferas múltiplas e ovoides são raramente encontrados. Contudo, dependendo da utilização e das especificações do projeto podem ser fabricados. Podemos encontrá-los de diferentes formas, na Figura 33 temos um exemplo para melhor entendimento. Figura 33 - Vaso de Pressão Esferas Múltiplas Fonte: Telles (2001). Os vasos de pressão também podem ser diferenciados quanto ao tipo de instalação. Após a definição do tipo de equipamento utilizado, deverá ser especificado 90 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações o tipo de instalação, pois através da forma de escoamento e liberação do material contido internamente a instalação poderá contribuir para facilitar este procedimento. Faz-se necessário lembrar: a NR 13 estabelece que o projeto e a instalação dos vasos de pressão sejam realizados e inspecionados por profissional habilitado, isto é, que tenham responsabilidade técnica, mesmo porque todos os procedimentos devem ter anexados uma ART (anotação de responsabilidade técnica). Resolução que dispõem da habilitação dos profissionais aptos em execução e inspeção em vasos de pressão. A Resolução no 218/73, as Decisões Normativas no 029/88 e 045/92 do CONFEA estabelecem como habilitados os engenheiros mecânicos e navais, bem como engenheiros civis com atribuições do Art. 28, do Decreto Federal no 23.569/33. A instalação pode ocorrer nas posições verticais, horizontais e inclinadas. A forma vertical é ideal para o escoamento do material, ocupa menor espaço e pode ser executada em diferentes alturas. Apesar de maior custo, devido à fundação e suportes para conter grandes alturas, é muito utilizada. A instalação horizontal possui menor custo, se comparado à instalação vertical, é muito utilizada em trocadores de calor e para a maioria dos vasos de acumulação. Já a instalação dos vasos de pressão inclinados, somente é utilizada quando necessitar de escoamento por gravidade do material contido internamente. Através da Figura 34 é possível exemplificar as formas de instalação conforme projeto e necessidade: Figura 34 - Vaso de Pressão - Instalações Fonte: Telles (2001). 91 Vasos de Pressão Capítulo 3 Atividades de Estudos: 1) Um vaso de pressão evaporador tipo calandra possui pressão de operação de 1,5 kgf/cm² e um volume de 28,6 m³. A partir dessas informações verifique se ele é um vaso de pressão! ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Agora vamos descobrir através do exercício 1 qual o potencial de risco? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 92 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão A história do surgimento da necessidade de uma norma regulamentadora para vaso de pressão, já foi estudada no capítulo anterior, em caldeiras. A NR 13 é a legislação que regulamenta todos os equipamentos pressurizados descritos anteriormente e como caldeira é um vaso de pressão está incluída nesta NR. Vale ressaltar que a elaboração de projeto de vaso de pressão tem como embasamento técnico o código de ASME (American Society of Mechanical Engineers). Este código surgiu em 1908 e, com a NR13, oferece parâmetros para que possamos ter segurança durante a operação dos equipamentos. Ambos são legislações importantes e fundamentais para as empresas que possuem em seu sistema produtivo os equipamentos pressurizados. ASME é uma associação profissional de engenheiros mecânicosdos Estados Unidos, fundada em 1880. Segundo Falcão (2002), o código de ASME é o de maior aplicação no Brasil. Estabelece regras apenas para dimensionamento dos componentes principais (casco, tampos, reduções, flanges bocais e reforços), submetidos à pressão interna ou externa. A ASME informa que outros carregamentos, como cargas de vento e sísmica, peso próprio e do conteúdo, esforços localizados em suportes soldados no equipamento ou em bocais, cargas cíclicas devidas a flutuações de pressão e temperatura, gradientes e expansões térmicas devem ser consideradas também, no entanto, não estabelece metodologia para esta avaliação. A Norma Regulamentadora 13, cujo título é Caldeiras e Vasos de Pressão, estabelece todos os requisitos técnicos e legais relativos à instalação, operação e manutenção de vasos de pressão, de modo a prevenir ocorrência de acidentes do trabalho. NR 13. <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamen tadoras-1.htm> A Norma Regulamentadora 13, cujo título é Caldeiras e Vasos de Pressão, estabelece todos os requisitos técnicos e legais relativos à instalação, operação e manutenção de vasos de pressão, de modo a prevenir ocorrência de acidentes do trabalho. 93 Vasos de Pressão Capítulo 3 Como já estudamos os tipos de vasos de pressão, bem como suas formas e instalações, podemos aprofundar-nos quanto aos procedimentos necessários para um bom funcionamento destes e que são requisitos da NR13. Segundo Cruz e Silva (2008), a NR-13 apresenta os seguintes tópicos básicos na sua estrutura: • Disposições Gerais: Inclui definições de profissional habilitado (Engenheiro responsável), identificação do equipamento, documentação e classificação dos equipamentos (caldeiras e vasos de pressão). • Instalação: Requisitos de instalação (céu aberto, recinto fechado), projeto atual e alternativo. • Operação: Manual de operação (parada, partida, situação de emergência), necessidade do tratamento de água (só no caso das caldeiras), qualificação do operador (1o grau completo), treinamento de segurança e estágio prático especificado. • Manutenção: Procedimentos, projeto de alteração, reparo e tipos. • Inspeção: Tipos de inspeção, periodicidade e emissão do Relatório de inspeção. A norma regulamentadora NR 13 para vasos de pressão tem sua aplicabilidade quando encontramos equipamentos pressurizados instalados em unidades industriais e outros estabelecimentos públicos ou privados, tais como: hotéis, hospitais, restaurantes. É muito importante ressaltar que os equipamentos contidos em navios, plataformas de exploração e produção de petróleo também são regulamentados por esta norma. Leitura direcionada a aplicação da NR 13. http://portal.mte.gov. br/geral/manual-tecnico-de-caldeiras-e-vasos-de-pressao-nr-13.htm Atividade de Estudos: 1) Qual a metodologia, além da NR 13, que é utilizada na elaboração de projetos de vasos de pressão? Explique esse parâmetro. 94 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Risco e Causas de Acidentes Devemos relembrar que estamos lidando com equipamentos, os quais trabalham com uma grande quantidade de vapor sob pressões elevadas, que são potencialmente perigosos e devem ser mantidos sob controle durante todo o seu funcionamento ou não. Os equipamentos pressurizados necessitam de um grau de segurança considerável, pois uma falha ou acidente envolve grande risco com prejuízos pessoais e /ou materiais. Os riscos podem ser desde uma explosão, incêndio, queda até ferimentos e intoxicações. Para que os acidentes e falhas envolvendo equipamentos pressurizados sejam minimizados ou neutralizados, assim como o estudo no capítulo de caldeiras, devem ser realizadas inspeções de rotina e controles detalhados das peças e estrutura dos vasos de pressão. Através desta inspeção de rotina, é possível evidenciar alguns itens que possam trazer ao processo produtivo certos problemas, tais como a paralisação do equipamento. Sendo assim, tal inspeção deve ser tratada como uma forma de ação preventiva nos vasos de pressão. Devemos relembrar que estamos lidando com equipamentos, os quais trabalham com uma grande quantidade de vapor sob pressões elevadas, que são potencialmente perigosos e devem ser mantidos sob controle durante todo o seu funcionamento ou não. 95 Vasos de Pressão Capítulo 3 Segundo Santiago (2012), as razões principais pelas quais os vasos de pressão não sujeitos à chama têm que ser inspecionados são as seguintes: • Verificar se ocorre deterioração e/ou avaria em que extensão e até que ponto pode afetar a estrutura do equipamento, a fim de que se possa ter certeza de que ele opera dentro das condições de segurança indispensáveis; • Garantir, num alto nível de probabilidade, a continuidade da operação através de um eficiente programa de manutenção preventiva; • Evitar perdas decorrentes de uma parada de emergência em consequência de ruptura do vaso. Vale ressaltar que estas perdas podem ser excessivamente altas; • Reduzir os custos de manutenção e operação; • Manter elevado o rendimento global da unidade. Se você quiser conhecer mais sobre geradores de vapor, existem bons livros sobre este assunto. PERA, Hildo. Geradores de Vapor de Água. São Paulo: EPUSP, 1996. BAZZO, Edson. Geração de Vapor. Florianópolis: Ed. UFSC, 1995. TORREIRA, R.P. Geradores de Vapor. São Paulo: Companhia Melhoramento, 1995. Durante esta análise detalhada podem ser observados: a) Excesso de pressão Umas das falhas de operação dos equipamentos pressurizados é o excesso de pressão, que é controlado através de dispositivos automáticos, chamados limitadores de pressão. A obrigatoriedade de instalações de válvulas de segurança em todos os equipamentos pressurizados é um item fundamental para evidenciarmos a segurança nestes equipamentos. A obrigatoriedade de instalações de válvulas de segurança em todos os equipamentos pressurizados. 96 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações As válvulas de segurança devem ser reguladas para abertura na pressão 5% maior que a PMTP (Pressão Máxima de Trabalho Permitida) e devem permitir a descarga de vapor a uma taxa maior que a produção de vapor máxima no equipamento. A PMTP é estabelecida no projeto, sendo igual à pressão de projeto ou diminuída após algum tempo de operação, se uma inspeção por técnico habilitado determinar sua necessidade, geralmente ocasionada por processos normais de desgaste, tais como corrosão ou falhas eventuais dos dispositivos de segurança. (BIZZO, 2003). b) Temperatura A temperatura elevada é um fator acelerador dos processos de corrosão, fato que pode causar a redução da espessura da parede (casco) do vaso de pressão. c) Corrosão Este item é o maior causador de avaria no equipamento, que pode ocorrem por açãoquímica ou eletroquímica, podendo estar associada ou não a ação física. Através da inspeção de rotina é possível detectar e controlar a deterioração provocada pela corrosão do material e evitar que ocorram grandes danos pessoais e materiais. A corrosão provoca a diminuição da espessura da parede do casco, pode estar de forma localizada ou generalizada. Quando encontrada nesta segunda opção, pode comprometer a vida útil do equipamento. d) Material utilizado na fabricação As falhas encontradas no material podem ser na sua estrutura, isto é, matéria-prima, e que não foi observada durante a inspeção que antecede à fabricação ou durante o procedimento de fabricação, durante a solda, originando escória de material, trincas, etc. O Quadro 4 evidencia outros danos encontrados na indústria além dos estudados acima. Quadro 4 - Danos mais comuns na indústria. Fonte: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAsgYAJ/ apostila-sobre-vasos-pressao#>. Acesso em: 22 out. 2012. Através da inspeção de rotina é possível detectar e controlar a deterioração provocada pela corrosão do material e evitar que ocorram grandes danos pessoais e materiais. 97 Vasos de Pressão Capítulo 3 A falha humana também está presente nos procedimentos envolvendo vasos de pressão e podem causar graves acidentes e prejudicando a saúde do trabalhador. Existem outros riscos eminentes na função do operador de equipamento pressurizado, vamos identificá-los. Os operadores de caldeira executam suas tarefas, as quais possuem riscos inerentes à atividade, entre os riscos estão: • Choques elétricos; • Queimaduras (trabalhos com vapores superiores a 100º C); • Quedas (acesso do operador em diferentes níveis). Atividades de Estudos: 1) Além dos riscos envolvendo explosão da máquina, quais são os riscos que os trabalhadores podem sofrer durante a operação de equipamentos pressurizados? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) A temperatura não controlada no vaso de pressão pode acarretar em que avaria? ____________________________________________________ ____________________________________________________ A falha humana também está presente nos procedimentos envolvendo vasos de pressão e podem causar graves acidentes e prejudicando a saúde do trabalhador. 98 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Dispositivos e Procedimentos de Segurança (Operação e Manutenção) Assim como nas caldeiras, os vasos de pressão sem chama também possuem dispositivos de segurança e procedimentos que auxiliam na minimização da ocorrência de acidente envolvendo estes equipamentos. Os dispositivos de segurança são fundamentais em qualquer equipamento pressurizado. Esses dispositivos de segurança têm a função de realizar a proteção devida aos trabalhadores, de possíveis falhas, e à vizinhança. Nos vasos de pressão encontramos a válvula de segurança, mostrada na Figura 35, também nomeada de válvula de alívio de pressão, que, como já foi estudado, é responsável em atuar no caso de falha no aumento significativo da pressão. Algumas precauções devem ser tomadas pelos trabalhadores quando lidarem com vaso de pressão: • Usar proteção de ouvidos e olhos quando estão trabalhando com válvulas pressurizadas. • Nunca ficar em frente à saída de descarga de uma válvula de Os dispositivos de segurança são fundamentais em qualquer equipamento pressurizado. Esses dispositivos de segurança têm a função de realizar a proteção devida aos trabalhadores, de possíveis falhas, e à vizinhança. 99 Vasos de Pressão Capítulo 3 alívio. • Ficar ao lado e a uma distância segura da descarga da válvula quando verificar vazamento no vaso de pressão. Figura 35 - Válvula de Segurança Fonte: Generoso (2012). O procedimento de maior eficácia, envolvendo vasos de pressão, é a inspeção rotineira (que será estudada com maior amplitude posteriormente), a qual possibilita a detecção de qualquer fissura ou vazamento na estrutura. É através desta inspeção que podemos verificar as condições das válvulas de segurança e de bloqueio. Quando a inspeção é efetuada internamente é preciso verificar a espessura da parede e, posteriormente, realizar o cálculo da vida útil do equipamento. Outro fator de segurança importante é o teste hidrostático que tem como finalidade a verificação da integridade estrutural do equipamento e se baseia sempre na atual pressão máxima de trabalho admissível do vaso de pressão. Tal teste consiste na pressurização do equipamento com um líquido apropriado com uma pressão cujo valor no ponto mais alto do vaso é a pressão de teste hidrostático. A NR-13 exige uma periodicidade de teste de pressão em função das características do vaso e de suas condições operacionais. 100 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Os reparos e manutenções devem ser executados com empresa e pessoal capacitado. Caso não existam condições mínimas para o reparo, aconselha-se enviar a peça ao fabricante. A Figura 36 mostra a instalação de um vaso de pressão após a inspeção e aprovação por profissional habilitado. Figura 36 - Vaso de pressão Fonte: Cruz e Silva (2008). O teste de estanqueidade é mais um procedimento de segurança que tem como objetivo a verificação da inexistência de vazamentos. Todos estes procedimentos de segurança asseguram um aproveitamento total dos equipamentos pressurizados e possibilitam que tenha sua vida útil e sua segurança garantida. Atividade de Estudos: 1) Descreva como se procede e qual a finalidade do teste hidrostático: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 101 Vasos de Pressão Capítulo 3 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Inspeções As inspeções de segurança nos vasos de pressão devem ser realizadas antes de se iniciarem os serviços, de uma forma preventiva, isto é, periodicamente e sempre que ocorrer algum fator que necessite de uma intervenção. A inspeção que antecedeo início da operacionalidade do equipamento deve ser realizada com o equipamento já instalado, devendo ser realizada inspeção interna e externa detalhada e acompanhada do teste hidrostático. Porém, a NR 13 estabelece períodos máximos de inspeção que são estabelecidos a seguir: Para estabelecimentos que não possuam “Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos” Quadro 5 - Prazo estabelecido pela NR 13 para empresas que se enquadram na linha “a” deste estudo Fonte: Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/ As inspeções de segurança nos vasos de pressão devem ser realizadas antes de se iniciarem os serviços, de uma forma preventiva. 102 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações FF8080812BE914E6012BEF2695817E43/nr_13.pdf>. Acesso em: 28 out. 2012. • Para estabelecimentos que possuam “Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos” Quadro 6 - Prazo estabelecido pela NR 13 para empresas que se enquadram na linha “b” deste estudo Fonte: Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/ FF8080812BE914E6012BEF2695817E43/nr_13.pdf>. Acesso em: 28 out. 2012. A NR-13, Norma Regulamentadora para Caldeiras e Vasos de Pressão, define que a inspeção de segurança de vasos de pressão deve ser conduzida por um profissional habilitado, podendo contar com a participação de técnicos de inspeção ou inspetores de equipamentos. É de responsabilidade do profissional habilitado, orientar a preparação das inspeções de segurança, participar das inspeções, revisar e assinar os relatórios de inspeção e o registro de segurança. Aos técnicos de inspeção e inspetores de equipamentos cabe a responsabilidade de preparar as inspeções de segurança de acordo com as orientações do profissional habilitado, executar as inspeções, elaborar e assinar os relatórios de inspeção. (SANTIAGO, 2012). O exame a ser realizado é minucioso. Assim, a desmontagem das válvulas de segurança e a sua calibragem devem fazer parte da inspeção periódica. Já a inspeção extraordinária deve ser realizada sempre que: • o vaso for danificado por acidente ou outra ocorrência que comprometa sua segurança; • o vaso for submetido a reparo ou alterações importantes, capazes de alterar sua condição de segurança; • o vaso permanecer inativo por mais de 12 (doze) meses, antes de ser recolocado em funcionamento; 103 Vasos de Pressão Capítulo 3 • quando houver alteração do local de instalação do vaso. Finalizada a etapa de inspeções, deve ser gerado um “Relatório de Inspeção”, que é um documento importante para o histórico do vaso de pressão. Esse relatório deverá ser arquivado junto com os demais documentos do equipamento. Estabelece a NR 13 que o “Relatório de Inspeção” deve conter, na sua estrutura, no mínimo: • identificação do vaso de pressão; • fluidos de serviço e categoria do vaso de pressão; • tipo do vaso de pressão; • data de início e término da inspeção; • tipo de inspeção executada; • descrição dos exames e testes executados; • resultado das inspeções e intervenções executadas; • conclusões; • recomendações e providências necessárias; • data prevista para a próxima inspeção; • nome legível, assinatura e número do registro no conselho profissional do «Profissional Habilitado», nome legível e assinatura de técnicos que participaram da inspeção. Sempre que os resultados da inspeção determinarem alterações dos dados da placa de identificação, ela deve ser atualizada. Atividade de Estudos: 1) Assinale Falso (F) e Verdadeiro (V): a) Qualquer funcionário da empresa pode realizar a inspeção de 104 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações rotina dos vasos de pressão. ( ). b) Para estabelecimentos que não possuam “Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos que possua categoria de vaso III”, a periodicidade máxima de inspeção é: 1) 5 anos; 15 anos e 16 anos; ( ) 2) 7 anos; a critério e a critério; ( ) 3) A critério; a critério e 15 anos ( ) 4) 3 anos; 6 anos e 12 anos. ( ) c) Para estabelecimentos que possuam “Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos que possua categoria de vaso de pressão”, a periodicidade máxima de inspeção é: 1) 3 anos; 6 anos e 12 anos; ( ) 2) 7 anos; a critério e a critério; ( ) 3) A critério; 7 anos e 15 anos ( ) 4) 5 anos; 10 anos e a critério. ( ) Documentação e Fiscalização Durante uma fiscalização, que pode ser realizada pelo Ministério do Trabalho ou SRTE (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego- Antiga DRT - Delegacia Regional do Trabalho), a documentação que será auditada para caldeiras que deverá estar no estabelecimento e atualizada é: • “Prontuário do Vaso de Pressão”, contendo as seguintes informações: – código de projeto e ano de edição; – especificação dos materiais; – procedimentos utilizados na fabricação, montagem, inspeção final e determinação da PMTA (Lembre – se PMTA: é a pressão máxima de trabalho admissível que deverá estar descrita no projeto da caldeira). – conjunto de desenhos e demais dados necessários para o monitoramento da vida útil do vaso de pressão; – características funcionais; – dados dos dispositivos de segurança; 105 Vasos de Pressão Capítulo 3 – ano de fabricação; – categoria do vaso. • “Registro de Segurança”, • “Projeto de Instalação”, • “Projetos de Alteração ou Reparo”, • “Relatórios de Inspeção”. Quando o “Prontuário do vaso de pressão” for perdido, deverá ser reconstituído pelo proprietário, porém sempre com a responsabilidade técnica do profissional habilitado ou fabricante. No caso de transferência ou venda do equipamento, os documentos devem acompanhá-lo, inclusive o Relatório de Segurança, que poderá ser requisitado pela empresa que está efetuando a compra. Toda a documentação deve estar disponível para os órgãos fiscalizadores, assim como para os operadores, pessoal de manutenção, sindicatos e CIPA. Lembre-se, como já foi estudado, CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) é uma comissão de trabalhadores eleitos para auxiliar nas questões de segurança. Todo vaso de pressão deve ter afixada em seu corpo, em local de fácil acesso e bem visível, a placa de identificação, que deve conter, no mínimo, as seguintes informações: • fabricante; • número de identificação; • ano de fabricação; • pressão máxima de trabalho admissível; • pressão de teste hidrostático; • código de projeto e ano de edição. 106 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Atividade de Estudos: 1) Caso você se depare com um vaso de pressão e ele possua somente o Relatório ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ Algumas Considerações Este capítulo teve como objetivo fornecer conhecimento para a execução dos serviços relacionados a máquinas e equipamentos pressurizados, com enfoque em vasos de pressão. Podemos, através deste estudo, verificar que os vasos de pressão são reservatórios projetados para resistirem com segurança às pressões internas e externas as quais estão expostos. É muito comum encontrá-los em indústrias petrolíferas, hospitais, restaurantes, indústrias químicas, porém os encontramos também em nossas residências (botijão de gás), mas, neste caso, não está estabelecido em norma regulamentadora. 107 Vasos de Pressão Capítulo 3 É fundamental encontrar o equilíbrio do uso de vasos de pressão em conformidade com a sua respectiva norma regulamentadora que, como vimos, é a NR 13, visto que se trata de um equipamento trabalhando constantemente pressurizado, isto é, pressão superior à pressão atmosférica. Os acidentes com caldeiras são, muitas vezes, possíveis de serem evitados, porém quando os riscos não são identificados antecipadamente pode haver um comprometimento não só da máquina, mas também dos trabalhadores, podendo, assim, alastrar-se para a sociedade, devido à extensão do acidente. A escolha do tipo e da forma como será instalado o vaso de pressão é definida em projeto após análise criteriosa do profissional habilitado responsável pelo projeto, pois envolve uma série de cuidados especiais, exigindo conhecimento de normas e de materiais adequados para cada tipo de aplicação. Falhas podem gerar consequências catastróficas, incluindo perdas humanas. Os vasos de pressão são considerados equipamentos de grande periculosidade. Referências BIZZO, W. A. Geração, Distribuição e Utilização de Vapor. Campinas, SP: UNICAMP, 2003. BRASIL. Ministério do trabalho. Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978 - NR-13 Caldeiras e vasos de pressão. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/ legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm>. Acesso em: 20 set. 2012. BUFFONI, S. de O. Vaso de Pressão. Rio de Janeiro: Universidade Federal Fluminense, 2008. CRUZ, C. A. O.; SILVA, G.M. Alcântara. Caldeiras e Vasos de Pressão NR- 13: Análise do Pré-Requisito de 1º grau necessário para Capacitação dos profissionais que participam dos treinamentos de Segurança, 2008. FALCÃO, C. Projeto Mecânico Vasos de Pressão e Trocadores de Calor Casco e Tubos. Disponível em: <www.falcaoconsult.com.br/Sinopse%20da%20 Apostila.pdf>. Acesso em: 20 out. 2012. FIEB. Legislação Comentada: NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão. Bahia, 2008. GENEROSO, R. A. Vaso de Pressão. Disponível em: <www.buscapdf.com.br/ procurar/?t=vasos&ws=yb>. Acesso em: 10 out. 2012. 108 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações GODOY, J. G. Inspeções Internas. São Paulo: SENAC, 2009. TELLES, P.C.S. Tubulações Industriais. Rio de Janeiro: LTC, 1996. _____. Vasos de Pressão. 2. ed. atual. Rio de Janeiro: LTC, 2001. SANTIAGO, Eduardo Ferrer. Apostila sobre vasos de pressão. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAsgYAJ/apostila-sobre-vasos- pressao#>. Acesso em: 20 set. 2012. CAPÍTULO 4 Indústria da Construção Civil A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Conhecer as particularidades da indústria da construção civil e o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT, considerando aspectos técnicos e legais. � Avaliar as medidas de controle de riscos relacionados às condições e ao meio ambiente de trabalho na indústria da construção, com base na legislação vigente. 111 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Contextualização A preocupação com os graves acidentes envolvendo a construção civil e a necessidade de garantir a execução de uma obra sem a ocorrência de acidentes de trabalho evidenciou a necessidade da conscientização dos trabalhadores e o cumprimento da legislação vigente em nosso país. Os treinamentos e conscientizações são fatores determinantes para um ambiente sem acidentes e doenças ocupacionais. Como a construção civil envolve diferentes materiais, procedimentos e equipamentos, seus trabalhadores devem ser constantemente treinados e reciclados, pois o setor da construção civil é muito dinâmico. É fundamental que o canteiro de obra, seja adequado conforme o PCMAT - Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, pois é através dele que podemos identificar previamente todos os riscos inerentes às funções e, assim, neutralizar os acidentes através de procedimentos de segurança. Histórico da NR 18 A construção civil é uma das indústrias de maior importância para a economia mundial e apresenta, nos últimos anos, um grande avanço tecnológico em seus procedimentos executivos. As inovações na construção civil exigiram deste setor uma reformulação em seus conceitos, principalmente aqueles voltados à segurança do trabalho. Por se tratar de uma indústria conhecida por investir pouco em prevenção e melhorias contínuas de segurança, este ramo da economia se tornou um líder (negativo) em acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Na década de 80, a indústria da construção civil foi considerada campeã de acidentes de trabalho com morte. Ficher e Paraguay (apud PINTO, 1996) demonstram em seus estudos que do total de acidentes fatais, nesse período, 22,6% aconteceram na construção civil. Devido a este panorama do setor, que há muitos anos se perpetua, surgiu a necessidade de elaborar uma norma regulamentadora (NR) específica. Então, em 1978, juntamente às outras NRs, originou-se a NR 18. Esta norma foi aprovada A construção civil é uma das indústrias de maior importância para a economia mundial e apresenta, nos últimos anos, um grande avanço tecnológico em seus procedimentos executivos. 112 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações pela Portaria nº 3.214 (BRASIL, 1978), com o título de “Obras de Construção, Demolição e Reparos”, e definia as regras de prevenção de acidentes de trabalho para a Indústria da Construção, porém devido aos progressos tecnológicos e sociais seu texto tornou-se defasado, necessitando de modificações legais. Você sabia que a construção civil é a única indústria que possui uma NR elaborada somente para o seu setor! Em 1994, ocorreu à primeira discussão sobre a reformulação da NR 18. Os encontros ocorriam entre técnicos do Governo (DRT - Delegacia Regional do Trabalho) e a FUNDACENTRO. Hoje, as DRT ganharam outro nome, são as SRT – Superintendências Regionais do Trabalho. Em atendimento às recomendações da OIT, a reformulação se ampliou em caráter tripartite. Sendo assim, com base no estudo de reformulação anterior, trabalhadores, empregadores e governo apresentaram o texto final para a publicação, que ocorreu em 1995 com a Portaria nº 4, a primeira Norma Brasileira com decisão tripartite. A principal alteração atribuída a esta NR foi a alteração do título de “Obras de Construção, Demolição e Reparos” para “Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção”. Após esta mudança de titulação, a NR 18 deixou de abranger somente os canteiros de obra e passou a dar parâmetros de segurança para todo o ambiente de trabalho da Indústria da Construção. As alterações da NR 18 são constantes, porém pequenas em face de sua grande importância. Em 2011, ocorreu o marco nas alterações que culminou com o aquecimento do desempenho da construção civil. A NR 18 estabelece o seu caráter preventivo, cujo objetivo é “estabelecer diretrizes de ordem administrativa, de planejamentoe de organização, que objetivam implementar medidas de controle e sistemas preventivos de segurança 113 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção”.(BRASIL, 2012). Para auxiliar e dar parâmetros de como executar os itens exigidos na NR 18, podemos contar com as RTPs. As RTPs são recomendações técnicas de procedimentos, elaboradas pela FUNDACENTRO. É fundamental conhecê-las para executarmos a segurança do trabalho na construção civil. As RTPs se dividem em: • RTP 01 - Medidas de Proteção Contra Quedas de Altura. • RTP 02 - Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas - Elevadores de Obra. • RTP 03 - Escavações, Fundações e Desmonte de Rochas. • RTP 04 - Escadas, Rampas e Passarelas. • RTP 05 – Instalações Elétricas Temporárias em canteiros de obra. Você pode encontrar as RTPs através do site: http:// w w w. f u n d a c e n t r o . g o v. b r / c o n t e u d o . a s p ? D = C E R S - 01&C=1167&menuAberto=196 Os objetivos da NR 18 são colocados em prática através do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção - PCMAT, o qual foi implementado para contribuir com a padronização das instalações de segurança, sendo um excelente ponto de partida para a gestão de Segurança e Saúde do Trabalho - SST na Indústria da Construção. O PCMAT será assunto estudado posteriormente, ainda neste capítulo. As alterações somente são introduzidas no texto da NR 18 após serem analisados no CPN e nos CPRs (Comitês Permanentes Nacional e Regionais), ambos são constituídos de forma tripartite e trabalham para promover a saúde do trabalhador da construção civil. 114 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações A construção civil necessita evoluir no quesito segurança, mas já foi possível dar passos largos quanto à prevenção de acidentes. Por se tratar de uma indústria que envolve diversos riscos inerentes às funções, deve-se ter a NR 18 como uma aliada constante e proporcionar um ambiente de trabalho além de saudável, seguro ao trabalhador. É possível constatar na Figura 37 o descaso com a segurança que durante muitos anos foi tratado com um fato comum e rotineiro na indústria da construção civil. Figura 37 - Construção do Edifício Rockefeller Center, em 1930 Fonte: Disponível em: <http://lixeiradonarigas.blogspot.com.br/2009/01/ seguranca-na-construcao-civil.html>. Acesso em: 30 out. 2012. Atividade de Estudos: 1) Como a NR 18 pode contribuir para um local de trabalho mais seguro e saudável? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 115 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Peculiaridades da Indústria Antes de iniciarmos falando sobre as características da indústria da construção civil, vamos compreender como ela se divide. Podemos encontrar este setor industrial classificado em três macro setores: construção pesada, montagem industrial e edificações. A construção pesada é responsável pela execução de obras que compreendem a construção de pontes, rede coletoras de esgoto, barragens hidrelétricas, fundações especiais, perfuração de petróleo, túneis, entre outros. O setor de montagem industrial compreende a execução de montagem de estruturas metálicas, sistemas de transmissão, distribuição de energia elétrica, sistema de exploração de recursos naturais, etc. A última classificação compreende edificações, constituindo-se na construção de edifícios residenciais e comerciais, construções unifamiliares, edificações industriais, construção de edificações modulares verticais e horizontais, reformas e demolições. Para entendermos melhor, as construções unifamiliares são edificações destinadas a abrigar apenas uma (ÚNICA) família (casa) e as edificações multifamiliares são construções onde residem várias famílias (apartamentos). Esta última classificação é o setor de maior volume de mão de obra desta indústria e onde ocorre o maior número de terceirizações, isto é, predomina a contratação de subempreiteiras que são empresas especializadas por cada etapa da obra ou pelo todo. O MTE, em 2010, através da RAIS, identificou que a construção civil foi o setor de maior crescimento em empregabilidade, conforme podemos observar na Tabela 3. O órgão fiscalizado contribui para esse excelente desempenho devido à continuidade do dinamismo observado nos últimos anos, decorrente de ações de estímulo ao setor, implementadas pelo governo. 116 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Tabela 3 - Crescimento da empregabilidade do setor da construção civil Fonte: DIEESE (2011). RAIS é a Relação Anual de Informações Sociais - RAIS. Instituída pelo Decreto nº 76.900, de 23/12/75, tem por objetivo: • o suprimento às necessidades de controle da atividade trabalhista no País, • o provimento de dados para a elaboração de estatísticas do trabalho, • a disponibilização de informações do mercado de trabalho às entidades governamentais. A construção civil se diferencia das outras indústrias por possuir características que são somente dela. Possui um volume de produtividade alto, porém com uma demanda de mão de obra escassa. Percebe-se, atualmente, que mesmo com o aumento da remuneração neste setor, o parâmetro que se tem é de um setor comprometido devido à sua mão de obra. É uma das indústrias que mais absorve mão de obra no setor econômico do Brasil e constantemente está gerando oportunidades de emprego, porém, em sua grande maioria, encontramos trabalhadores desqualificados e desmotivados. Na Tabela 4 podemos observar a divisão que encontramos na indústria da construção civil quanto à informalidade e autônomos. A construção civil se diferencia das outras indústrias por possuir características que são somente dela. Possui um volume de produtividade alto, porém com uma demanda de mão de obra escassa. 117 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Tabela 4 - Posição de ocupação na construção civil. Ano 2009 Fonte: DIEESE (2011). É comum encontrar na construção civil a ausência de preocupação com a segurança do trabalho. O próprio empregador acredita que este seja um dos setores mais seguros e justifica o seu pensamento com a seguinte frase “com tantos anos de trabalho nunca me aconteceu nenhum acidente”. De acordo com Hinze (1997 apud FONTANELLE, 2004), muitos construtores costumam negar investimentos em segurança, utilizando a justificativa clássica de que a alta rotatividade da mão de obra e o ambiente de trabalho variável fazem da construção uma atividade predestinada a ter altos índices de acidentes de trabalho. O mesmo autor discorda do argumento e afirma que as características próprias do setor apenas tornam a tarefa de redução de acidentes mais desafiadora. Partindo do princípio que compreende a construção civil como um dos setores que mais provoca acidente com morte durante seu processo produtivo, vamos buscar entender o porquê deste fato. Você sabia que, no Brasil, a construção civil é constituída 98% de pequenas ou microempresas (PME), considerando aquelas que empregam até 99 trabalhadores. Consequentemente, as PMEsão as mais afetadas pelos acidentes na construção civil. Com característica deste setor, ocorre a não continuidade do processo industrial, pois a cada obra as equipes são mobilizadas e desmobilizadas, sofrendo com a pouca profissionalização da sua mão de obra. A integridade física do trabalhador e a continuidade ao trabalho de prevenção de acidentes 118 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações na construção civil é um desafio e o processo de transformação cultural para empresários, trabalhadores e entidades envolvidas deve ser sistematicamente incorporado no cotidiano das pessoas e das instituições e ao processo produtivo da Construção Civil. (SINDUSCON/SEBRAE, 2003 apud GONÇALVES, 2006). Dentro do contexto da construção civil, muitas são as características que desafiam a melhoria da segurança do trabalho. Apesar da modernização dos produtos e a evolução dos equipamentos, podemos encontrar ainda problemáticas que agregam um valor negativo ao setor. Podemos destacar entre elas: a rotatividade da mão de obra (que pode ser observada pela Tabela 5, no estudo do MTE), canteiros de obra dinâmicos, instalações de vivência precárias, a terceirização, a falta de formação e qualificação dos profissionais envolvidos, etc. Tabela 5 - Taxa de Rotatividade por Setor de atividade econômica. Estudo ano 2011- 2009 Fonte: DIEESE (2011). Este panorama da construção civil vem aos pouco se transformando, fato este que se consolida pelas alterações recentes da NR 18 que ampliaram os treinamentos dos funcionários dentro do seu escopo; das fiscalizações do MTE, cobrando intensivamente os quesitos da norma, bem como orientando quanto às melhorias nos canteiros e, por fim, a conscientização de alguns empresários que perceberam a necessidade de mudança. Lembre-se de que a sigla MTE quer dizer Ministério do Trabalho e Emprego um órgão fiscalizador do governo. 119 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Atualmente, além do MTE, contamos com o Mistério Público do Trabalho, que vem atuando na proteção dos direitos fundamentais e sociais do cidadão diante de ilegalidades praticadas na seara trabalhista. Embora este setor apresente vários problemas e resistências quanto à segurança do trabalho, podemos afirmar que ele mostrou uma significativa evolução. Podemos observar a conscientização aflorando na visão empreendedorista e a preocupação com o bem-estar e segurança dos trabalhadores. Atividades de Estudos: 1) Dentre as características encontradas na construção civil, qual a de maior impacto nos acidentes de trabalho? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Pesquise e encontre a resposta verdadeira(V) ou falsa(F): a) Entende-se por construção civil, somente a execução de edifícios verticais. ( ) b) A construção civil é grande incentivadora de alternativas de segurança do trabalho. ( ) c) A construção civil tem problemas com a rotatividade. ( ) d) A NR que dá orientações para a indústria da construção civil é a NR 15. ( ) e) O único órgão que auxilia o trabalhador da construção civil é o MTE. ( ) 120 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações A legislação em SST para a indústria da construção está disponível em: http://www.sesisp.org.br/home/2006/saude/images/ Download_Manual_SST_Construcao_Civil.pdf Riscos e Causas de Acidentes Por possuir diferentes tipos de atividades envolvidas em seu processo produtivo, as construções civis têm como consequência a variedade de riscos inerentes às funções exercidas neste setor. Os riscos encontrados na construção civil podem ser classificados como: riscos de acidentes de trabalho e risco de doenças ocupacionais. Dentre os riscos de acidente de trabalho encontramos os que podem causar lesão e morte do trabalhador. Sendo eles, risco de: • Queda: o risco de queda é um dos maiores causadores de lesão e morte no trabalhador da indústria da construção civil. Por ser uma característica desta indústria o trabalho em altura, quando não proporcionados os meios de proteção adequada, este risco torna-se mais evidente. As proteções coletivas e individuais são estabelecidas em lei, mais é fato encontrar canteiros em total desprendimento com a segurança em altura, como mostra a Figura 38. Figura 38 - Risco de queda de altura Fonte: Disponível em: <http://construcaocivilpet.wordpress.com/2012/05/15/construcao- civil-aposta-em-tecnologia-para-garantir-seguranca-em-obras/>. Acesso em: 31 out. 2012. Por possuir diferentes tipos de atividades envolvidas em seu processo produtivo, as construções civis têm como consequência a variedade de riscos inerentes às funções exercidas neste setor. 121 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 • Soterramento: ao iniciar uma atividade de escavações, são necessárias verificações obrigatórias, a fim de evitar um possível acidente. A análise do solo é um dos quesitos neste item, que deve ser realizada e por profissional habilitado, pois este irá estudar o talude e possíveis instabilidades no local e, assim, propor as devidas proteções coletivas eficientes, conforme é demonstrado pela Figura 39. Outro fator importante é o uso de EPIs, tais como: cinto de segurança, capacete, sapatão e outros que se façam necessários. Figura 39 - Proteção coletiva ineficiente Fonte: Disponível em: <http://www.kqm.com.br/blog. php?post=401>. Acesso em: 31 out. 2012. • Choque elétrico: como já vimos anteriormente, a indústria da construção civil engloba a montagem industrial, grande responsável pelos acidentes com choques elétricos. A maioria desses acidentes ocorre por excesso de confiança, falta de treinamentos e serviços de manutenção em equipamentos energizados sendo realizados por pessoas não autorizadas. As manutenções e limpezas de equipamentos devem ser realizadas sempre que estes se encontrarem desenergizados e somente por profissional qualificado, isto é, que foi treinado conforme a NR 10, a qual estudaremos ao final deste capítulo. A NR 10 é a norma regulamentadora responsável por estabelecer os requisitos e condições mínimas, objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interagem em instalações elétricas e serviços com eletricidade. 122 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 40 - Choque elétrico em pessoa não autorizada Fonte: Disponível em: <http://www.kqm.com.br/blog. php?post=401>. Acesso em: 31 out. 2012. • Cortes e perfurações: é comum, porém não deveria ser, dentro da construção civil, trabalhadores lesionados devido a cortes decorrentes de serra circular, perfurações com pregos e quedas sobre vergalhões desprotegidos. Todos estes riscos podem ser neutralizados com ações simples e de forma coletiva, tais como: proteções de máquinas e pontas de vergalhões, limpeza e organização do canteiro. Existem, ainda, as proteções individuais, como uso de sapato de segurança e capacete. Dentre as doenças ocupacionais podemos encontrar: • Ruído: A construção civil necessita no seu meio produtivo de várias máquinas e equipamentos que, por sua vez, são ruidosas. Este fatoocorre quando há ausência de manutenção, instalação errônea, tipologia ou equipamento arcaico. O ruído pode causar distúrbios ao sono, problemas psicológicos, alteração no sistema digestivo e reprodutor e, o mais grave, uma perda auditiva que conhecemos por PAIR. Lembre-se PAIR é a Perda Auditiva Induzida por Ruído. 123 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Podemos encontrar o ruído na construção civil na serra circular, furadeira, policorte, betoneira, máquina escavadeira, bate-estaca... Descubra onde mais podemos encontrar ruído neste setor! Algumas das máquinas mencionadas podem, além do risco de ruído, causar também vibração. • Vibração: As vibrações estão presentes em atividades de compactação de solos, rompedores de estruturas de concreto armado e vibradores de concreto. Os danos causados pela vibração, muitas vezes, são irreversíveis, pois podem gerar labirintite, perda auditiva por condução óssea e a mais conhecida: a Síndrome de Raynaud. Síndrome de Raynaud, também conhecida como “dedos brancos”, a Síndrome das Vibrações afeta os trabalhadores que realizam tarefas com equipamentos vibratórios. Acredita-se que o Mal de Raynaud se deve a problemas de circulação nas mãos. Entre as medidas preventivas que devem ser adotadas incluem-se: • O emprego de cabos / ferramentas de tamanho adequado para os dedos; • O emprego de luvas especiais, isolantes de vibrações. As luvas comuns acolchoadas não são necessariamente boas para isolar as vibrações, devendo haver comprovação dessa característica por medições adequadas. As luvas podem reduzir a vibração transmitida às mãos. • Radiações não ionizantes: os trabalhadores da construção civil trabalham frequentemente a céu aberto e por este fato estão expostos a queimaduras e lesões oculares. • Calor e Frio: Por possuírem a característica de exposição ao calor e frio, este risco pode causar fadiga, diminuição do rendimento, comprometimento do raciocínio, feridas, rachaduras na pele, doenças nas vias respiratórias. 124 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações • Umidade: durante o desenvolvimento de uma construção é possível encontrar locais alagados ou encharcados. Neste momento, o trabalhador está exposto à umidade, que pode causar danos de pele e respiratórios. A construção civil é um setor que deve gerar preocupação dos órgãos fiscalizadores, técnicos de segurança e saúde do trabalho e da sociedade como um todo, pois os acidentes causados por ele acarretam aos cofres públicos recursos que poderiam ser investidos em segurança e saúde, por exemplo. A ausência de proteções aos trabalhadores da construção civil pode gerar um ambiente de trabalho insalubre e de grande impacto social e, muitas vezes, de fácil solução e prevenção. Atividades de Estudos: 1) Quais são os três principais riscos encontrados na construção civil? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) O ruído pode ser encontrado em que situação e como pode ser evitado? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ A ausência de proteções aos trabalhadores da construção civil pode gerar um ambiente de trabalho insalubre e de grande impacto social e, muitas vezes, de fácil solução e prevenção. 125 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Implantação do Canteiro de Obras É fundamental, antecedendo ao início de uma construção, realizar o planejamento de como será instalado nosso canteiro de obras. Com este simples procedimentos pode-se evitar a ocorrência de acidentes durante o desenvolvimento produtivo. Podemos encontrar duas denominações para canteiro de obra: A NBR 12.284 define canteiro de obras como “conjunto de áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência”. A NR 18 define canteiro de obras como “área de trabalho fixa e temporária onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra”. A primeira solicitação que devemos atender, após a aprovação dos projetos nos órgão competentes, é elaborar a comunicação prévia à Superintendência Regional do Trabalho (antiga DRT). Esta comunicação é obrigatória pela NR 18. Consiste em comunicar o início das atividades e necessita ter algumas informações no seu contexto: • endereço correto da obra; • endereço correto e qualificação (CEI, CGC ou CPF) do contratante, empregador ou condomínio; • tipo de obra; • datas previstas do início e conclusão da obra; • número máximo previsto de trabalhadores na obra. A não realização de tal comunicação tem sido fiscalizada pelo MTE e comprovado o descumprimento é aplicada multa correspondente a este item. É fundamental, antecedendo ao início de uma construção, realizar o planejamento de como será instalado nosso canteiro de obras. Com este simples procedimentos pode-se evitar a ocorrência de acidentes durante o desenvolvimento produtivo. 126 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações É importante quando entregar a comunicação a SRT, em anexo, desenvolver um croqui de localização das áreas de vivência e localização de máquinas e equipamentos, o qual será mais desenvolvido no PCMAT. PCMAT é o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho, desenvolvido especificamente para a indústria da construção civil e que será estudado posteriormente. O planejamento do canteiro de obras deve ser elaborado pelo engenheiro civil e o engenheiro de segurança responsável pelo PCMAT. Ambos trabalhando juntos na composição do programa possibilitam um canteiro de obra bem estruturado e funcional. Nessa fase de planejamento, podemos estabelecer critérios de logística que poderiam intervir na produtividade posterior, tal como a localização do elevador de obra próximo ao descarregamento de material para execução de concreto e argamassa. Não somente na produtividade o planejamento do canteiro tem a agregar. Antes de iniciar uma obra, é fundamental realizar uma inspeção no terreno e verificar o tipo de solo e suas devidas contenções e, ainda, realizar uma inspeção de vizinhança, isto é, percorrer todos os vizinhos da obra, verificando patologias existentes e planejando o sistema produtivo para que não intervenha nas edificações existentes. Com este procedimento, é possível minimizar danos e acidentes oriundos do mau planejamento. O planejamento de um canteiro de obras pode ser definido como o planejamento do layout e da logística das suas instalações provisórias, instalações de segurança e sistema de movimentação e armazenamento de materiais. O planejamento do layout envolve a definição do arranjo físico de trabalhadores, materiais, equipamentos, áreas de trabalho e de estocagem.(FRANKENFELD, 1990). O processo de planejamento do canteiro visa a obter a melhor utilização do espaço físico disponível, de forma a possibilitar que homens e máquinas trabalhem com segurança e eficiência, principalmente, através da minimização das movimentações de materiais, componentes e mão de obra. Tommelein (1992) dividiu os múltiplos objetivos que um bom planejamento de canteiro deve atingir em duas categorias principais: 127 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 a) Objetivos de alto nível: promover operações eficientes e seguras, bem como manter alta a motivação dos empregados. No que diz respeito à motivação dos operários, destaca-se a necessidade de fornecer boas condições ambientais de trabalho, tanto em termos de conforto como de segurança do trabalho. Ainda, dentre os objetivos de alto nível, pode ser acrescentada à definição de Tommelein (1992): o cuidado com o aspecto visual do canteiro, que inclui a limpeza e impacto positivo perante funcionários e clientes. Não é exagero afirmar que um cliente, na dúvida entre dois apartamentos (de obras diferentes) que o satisfaçam plenamente, decida comprar aquele do canteiro mais organizado, uma vez que este pode induzir uma maior confiança em relação à qualidade da obra. b) Objetivos de baixo nível: minimizar distâncias de transporte, minimizar tempos de movimentação de pessoal e materiais, minimizar manuseios de materiais e evitar obstruções ao movimento de materiais e equipamentos. O livro Gestão da Qualidade na Construção Civil: estratégias e melhorias de processos em empresas de pequeno porte (FORMOSO et al., 1990) orienta como desenvolver um sistema de gestão no planejamento do canteiro de obras. Boa leitura! www.habitare.org.br/ pdf/publicacoes/capitulos_rt_3.pdf É fato comum, encontrado dentro da construção civil, a percepção que os próprios trabalhadores têm de que os canteiros de obras são locais destinados a permanecerem desorganizados e sujos, características determinadas pela natureza do processo produtivo e pela baixa qualificação da mão de obra. A conscientização de que um planejamento estruturado, antes tratado como normal e negativo dentro da construção, muda o quadro atual da indústria da construção civil e possibilitaria um ganho para as empresas quanto ao término de um empreendimento, se este tiver transcorrido sem eventualidades quanto à segurança. Atividade de Estudos: 1) Elabore um modelo de comunicação prévia para a DRT. __________________________________________________ 128 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Áreas de Vivência Como já vimos anteriormente, o planejamento do canteiro de obras é fundamental para que encontremos um equilíbrio dentro do contexto da construção. Baseada neste fato, a NR 18 estabelece itens obrigatórios quanto às áreas de vivência, que possibilitaram um ambiente de trabalho saudável e higiênico. Antes de estudarmos os itens da NR correspondente, é importante conhecermos a definição de canteiro de obra, que corresponde ao conjunto de áreas destinada à execução e apoio dos trabalhadores da indústria da construção, dividindo-se em área operacional e área de vivência. A obrigatoriedade das áreas de vivências foi uma grande conquista adquirida pelos trabalhadores da indústria da construção civil, prevista na NR 18. Estes locais são destinados aos trabalhadores, quando não estão em seu momento laboral. São destinados ao asseio pessoal, troca e guarda de roupas, momentos de lazer, alguns trabalhadores utilizam como moradia, etc. Este grupo da NR 18 é muito enfatizado durante uma fiscalização, pois é responsável por garantir boas condições humanas de trabalho e a redução de acidentes no setor. Segundo Sampaio (1998), áreas de vivência são áreas destinadas a suprir as necessidades básicas humanas de alimentação, higiene, descanso, lazer, convivência e ambulatoriais, devendo ficar fisicamente separadas das áreas laborais. Canteiro de obra, corresponde ao conjunto de áreas destinada à execução e apoio dos trabalhadores da indústria da construção, dividindo-se em área operacional e área de vivência. 129 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Não será possível encontrar um local de trabalho motivado e comprometido com o trabalho se não forem identificadas na área de vivência condições determinantes para uma boa relação social e psicológica dos trabalhadores. Recomenda-se a leitura da Cartilha de Segurança e Saúde do Trabalho na Construção Civil/ES NR-18- SEBRAI. De acordo com Lima (1995): “A segurança do trabalho, a produtividade e as condições de alojamento de operários, os três eixos que devem nortear a organização de uma obra, ficam prejudicados quando o planejamento se esquece desses ‘detalhes’, que representam as condições físicas da execução de um projeto”. A NR 18 estabelece itens primordiais, para que não sejam encontradas condições subumanas, fato muito comum dentro da indústria da construção civil. Para garantir a qualidade, a integridade de vida do trabalhador e as condições de higiene, os canteiros de obra devem ter as instalações sanitárias em perfeito estado de conservação e higiene. Para que isso seja possível, faz-se necessário seguir os parâmetros estabelecidos pela NR 18, que seguem: • ser mantidas em perfeito estado de conservação e higiene; • ter portas de acesso que impeçam o devassamento e ser construídas de modo a manter o resguardo conveniente; • ter paredes de material resistente e lavável, podendo ser de madeira; • ter pisos impermeáveis, laváveis e de acabamento antiderrapante; • não se ligar diretamente com os locais destinados às refeições; • ser independente para homens e mulheres, quando necessário; • ter ventilação e iluminação adequadas; • ter instalações elétricas adequadamente protegidas; • ter pé-direito mínimo de 2,50m (dois metros e cinquenta centímetros) ou respeitando-se o que determina o Código de Obras do Município da obra; • estar situadas em locais de fácil e seguro acesso, não sendo permitido um deslocamento superior a 150 (cento e cinquenta) metros do posto de trabalho aos gabinetes sanitários, mictórios e lavatórios. 130 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 41 - Instalações Sanitárias Fonte: Disponível em: <http://www.sesisp.org.br/home/2006/saude/manual. asp#seguranca_saude_trabalho>. Acesso em: 30 out. 2012. A instalação sanitária deve ser constituída de lavatório, vaso sanitário e mictório, na proporção de 1 (um) conjunto para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, bem como de chuveiro, na proporção de 1 (uma) unidade para cada grupo de 10 (dez) trabalhadores ou fração. Os chuveiros devem ter a área mínima de 0,80m² e seu piso deve ser antiderrapante ou com estrado (madeira ou plástico). O chuveiro deve ser aterrado e ter água quente, porta toalha, porta sabonete, ventilação e iluminação. O pé direito de 2,10m. Conforme a Figura 42. Pé direito: é uma expressão muito utilizada em arquitetura, engenharia e em construções em geral, que indica a distância do piso ao teto. Figura 42 - Instalações Sanitárias Fonte: Disponível em: <http://www.sesisp.org.br/home/2006/saude/manual.asp#seguranca_saude_trabalho>. Acesso em: 30 out. 2012. 131 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Nos banheiros, necessitamos de área de 1m² para cada unidade instalada (1banheiro/ 20 trabalhadores). Deve ser executado com porta de fechamento interno e divisórias de h= 1,80m. Nas instalações sanitárias, devemos prever um conjunto de instalações que é constituída de: 1 lavatório, vaso sanitário e mictório. Os mictórios devem ser instalados individualmente ou coletivo (tipo calha) a uma altura máxima de 50 cm e internamente deve ser de revestimento liso e lavável. Os vestiários também são especificados na NR 18, são locais destinados à troca de roupa dos trabalhadores que não estão alojados no canteiro de obra. A localização dos vestiários deve ser na entrada da obra e jamais ter ligação direta com o local das refeições. Para manter a higiene do local, faz-se necessário que as paredes sejam executadas de alvenaria, madeira ou equivalente e o piso deve ser de concreto ou madeira. Ele deve ser protegido de intempéries e seu pé direito deve ter no mínimo 2,50m com a devida ventilação, que não deve ser inferior a 1/10 (um décimo) da área do piso. É obrigação do empregador fornecer bancos suficientes aos trabalhadores, com largura de 30 cm (trinta centímetros) e armários individuais com fechaduras ou cadeados. Não podemos esquecer a iluminação, que deve ser natural ou artificial. Figura 43 - Vestiários Fonte: Disponível em: <http://www.sesisp.org.br/home/2006/saude/manual. asp#seguranca_saude_trabalho>. Acesso em: 30 out. 2012. 132 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Para conhecer melhor a NR 18 acesse o site: http://www.sesisp. org.br/home/2006/saude/manual.asp#seguranca_saude_trabalho Outro item da área de vivência é o alojamento, mas nem todas as empresas fazem uso deste local dentro do canteiro de obra, pois pode levar a uma série de implicações legais posteriormente, tais como a hora extra. O alojamento não pode ser utilizado como cozinha, deve ser mantido em perfeito estado de higiene. As camas podem ser de forma simples, beliche, mas nunca deve conter três ou mais camas na vertical. A cama superior do beliche deve possuir escada para acesso e proteção lateral. Os itens de higiene, proteção de intempéries, iluminação, ventilação, piso e parede resistentes, são obrigatórios e devem ser seguidos conforme exigência da NR 18. As camas devem seguir as dimensões especificadas em Norma. Segundo a NR 18, as dimensões são: as camas devem ser, no mínimo, de 0,80m (oitenta centímetros) por 1,90 m (um metro e noventa centímetros) e a distância entre o ripamento do estrado deve ser de 0,05m (cinco centímetros), dispondo, ainda, de colchão com densidade 26 (vinte e seis) e espessura mínima de 0,10m (dez centímetros). Já os armários devem ter: • 1,20m (um metro e vinte centímetros) de altura por 0,30m (trinta centímetros) de largura e 0,40m (quarenta centímetros) de profundidade, com separação ou prateleira, de modo que um compartimento, com a altura de 0,80m (oitenta centímetros), destine-se a abrigar a roupa de uso comum e o outro compartimento, com a altura de 0,40m (quarenta centímetros), a guardar a roupa de trabalho; ou • 0,80m (oitenta centímetros) de altura por 0,50m (cinquenta centímetros) de largura e 0,40m (quarenta centímetros) de profundidade com divisão no sentido vertical, de forma que os compartimentos, com largura de 0,25m (vinte e cinco centímetros), estabeleçam rigorosamente o isolamento das roupas de uso comum e de trabalho. O refeitório deve ser agradável, pois é neste local que os trabalhadores fazem sua maior pausa laboral e necessitam restabelecer as forças, já que o trabalho na construção civil é basicamente braçal. Por isso, deve ser executado com paredes de isolamento e o piso deve ser de concreto ou material lavável. 133 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Este local deve possuir o pé direto de no mínimo 2,80m, com as ventilações e iluminações adequadas. As mesas devem contar com cobertura lavável, lisa e próximo deve haver um lavatório. Também deve ser fornecida água potável, através de bebedouro com jato inclinado. Se o fornecimento for através de garrafão de água, não é permitido o compartilhamento de copos, os quais devem ser descartáveis. Os bebedouros devem respeitar a proporção de 1bebedouro/ 25 trabalhadores e/ou não seja superior a 100m no plano horizontal e a 15m no plano vertical. Devem ser aterrados. Figura 44 - Bebedouros Fonte: Disponível em: <http://www.sesisp.org.br/home/2006/saude/manual. asp#seguranca_saude_trabalho>. Acesso em: 30 out. 2012. Também neste local devem ser fornecidos bancos suficientes para todos os trabalhadores sentarem durante suas refeições. Este banco deve respeitar o distanciamento de 60 cm por trabalhador. É proibido que este local tenha ligação direta com as instalações sanitárias e esteja instalado em subsolos. 134 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 45 - Refeitórios Fonte: Disponível em: <http://www.sesisp.org.br/home/2006/saude/manual. asp#seguranca_saude_trabalho>. Acesso em: 30 out. 2012. Se houver alojamentos e não forem fornecidas refeições prontas (tipo marmita ou buffet), é obrigatória a instalação de cozinha. As exigências para a execução da cozinha são iguais às dos locais de refeições, porém necessitam de outros itens de complementação. A cobertura deste local deve resistir ao fogo, deve ter local para a refrigeração dos alimentos, recipiente com tampa para descarte de alimentos (os refeitórios também devem ter este item), lavatório para a higienização dos alimentos. Um item importante e não muito executado na construção civil para quem tem cozinha no canteiro de obra é que o cozinheiro deve ter instalações sanitárias individuais, isto é, somente para ele. Além disso, ele deve realizar exames específicos, os quais devem constar no PCMSO. PCMSO - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL é norteado pelo NR 7. A NR 18 especifica, ainda, itens obrigatórios para os alojamentos, tais como: lavanderia e área de lazer. Um item importante e não muito executado na construção civil para quem tem cozinha no canteiro de obra é que o cozinheiro deve ter instalações sanitárias individuais, isto é, somente para ele. Além disso, ele deve realizar exames específicos, os quais devem constar no PCMSO. 135 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 A lavanderia tem por objetivo manter as roupas dos trabalhadores limpas e passadas. Esse espaço deve ser coberto, ventilado e iluminado. Ainda, deve dispor de tanques individuais ou coletivos, pode-se optar pelo serviço terceirizado, isto é, a contratação de lavanderia terceirizada para manter a higienização das roupas, mas não poderá onerar os trabalhadores por este serviço. Já a área de lazer, outro item obrigatório no canteiro em caso de alojamento, deve ser uma área onde os trabalhadores possam se divertir quando não estão trabalhando, é possível utilizar o refeitório para instalar este local (ex: mesa de jogos, televisão...). O ambulatório exigido em Norma, somente se fará necessário quando o canteiro de obra possuir 50 (cinquenta) ou mais trabalhadores. Atividades de Estudos: 1) Vamos dimensionar nosso canteiro? Para uma obra que possua 75 trabalhadores. Quantos banheiros, chuveiros, bebedouros, ambulatórios necessitamos? Quantos metros lineares de banco precisarão para o refeitório? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Sinalize se as afirmativas que seguem são verdadeiras ou falsas: Quando possuímos alojamento: a) Não precisamos área de lazer. ( ) 136 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações b) Conversamos com vizinho da obra para emprestarem tanques e ferros para higienizarem suas roupas. ( ) c) Podemos utilizar quantas camas couberem no pé direito. ( ) d) As camas devem ter 0,80m (oitenta centímetros) por 1,90 m (um metro e noventa centímetros) e distância entre o ripamento do estrado de 0,05m (cinco centímetros), dispondo, ainda, de colchão com densidade 26 (vinte e seis) e espessura mínima de 0,10m (dez centímetros). ( ) e) Deve ser instalada dentro do alojamento uma cozinha bem equipada. ( ) Serviços de Carpintaria Os serviços de carpintaria possuem riscos inerentes às suas funções. Sendo assim, somente poderão realizar atividades neste local pessoas autorizadas e qualificadas. É comum encontrarmos o servente, por exemplo, realizando atividades de carpintaria. O carpinteiro é o profissional responsável por essa função e deverá ser treinado, mesmo que possua experiência comprovada. Esse treinamento deverá ser realizado por profissional da área de segurança do trabalho. A carpintaria consiste em atividades de corte de madeira, através de serra circular de bancada ou móvel e, posteriormente, a execução das formas que sustentarão o concreto para a realização das vigas e pilares. O local deve estar devidamente limpo e organizado. Para isso, é fundamental seguirmos procedimentos de segurança, a fim de evitarmos incidentes e acidentes. A serra circular é a mais utilizada e deve ser instalada em mesa e piso estáveis e nivelados, protegida de intempéries. Deve ser iluminada, porém esta iluminação deverá ser protegida contra impactos, tal como mostra a Figura 46. Os serviços de carpintaria possuem riscos inerentes às suas funções. Sendo assim, somente poderão realizar atividades neste local pessoas autorizadas e qualificadas. 137 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Figura 46 - Lâmpadas com proteção contra impacto Fonte: FUNDACENTRO– RTP 05 (2012). Deve constar em sua estrutura acessórios de segurança que impossibilitem acidentes com esta máquina. Ao instalar a serra circular de bancada, é preciso que ela possua coifa protetora e cutelo divisor, caixa coletora de serragem, o disco não pode ter dentes quebrados nem trincas, deve ser instalado sistema de empurrador e guia de alinhamento e as partes que transmitem força mecânica devem estar protegidas, não sendo possível removê-las. A forma correta de instalarmos uma serra circular está demonstrada na Figura 47, em que também podemos verificar como é encontrada a maioria das serras circulares na construção civil. Figura 47 - O Certo e Errado quanto à serra circular Fonte: Disponível em: <http://www.prt5.mpt.gov.br>. Acesso em: 31 out. 2012. Os carpinteiros, para se protegerem dos riscos inerentes à sua função e de doenças ocupacionais, sempre que utilizarem a serra circular ou executar atividades de forma devem fazer uso de: protetor auricular tipo concha, capacete, sapato de segurança, máscara facial, luva, avental e ombreira de raspa de couro, cinto de segurança tipo pára-quedista com trava quedas. CERTO ERRADO 138 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 48 - EPIs utilizados na carpintaria Fonte: Disponível em: <https://www.epis.com.br>. Acesso em: 31 out. 2012. Atividades de Estudos: 1) Sinalize se as afirmativas que seguem são verdadeiras ou falsas: a) A serra circular pode ser utilizada por qualquer pessoa desde que possua a carteira de identidade e 2° grau completo. ( ) b) O nome do profissional responsável pela carpintaria é o carpinteiro. ( ) c) O local pode estar um pouco desorganizado desde que não muito próximo da serra circular. ( ) d) A coifa protetora é um sistema de alarme que se encontra acoplada na serra circular. ( ) 2) O que é Cutelo divisor? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 139 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 __________________________________________________ __________________________________________________ Proteções Contra Queda A norma NR 18 considera trabalho em altura toda atividade executada acima de 2m (dois metros). Essa definição ganhou força com o surgimento da NR 35, portanto a construção civil deve se reportar a NR18 e complementar, quando a atividade é relacionada com risco de queda de altura, com a NR 35. A NR 35 estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade. Para conhecer melhor a NR 35 acesse o site: http://portal. mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm Para que sejam evitados ou minimizados os riscos de queda na indústria da construção civil foi estabelecido por Norma que se devem programar medidas de proteção ao trabalhador, vale ressaltar que toda a proteção coletiva contra quedas deve ser calculada por profissional habilitado (engenheiro ou arquiteto - ver atribuição junto ao CREA), com a ART de responsabilidade. Estas proteções deverão constar no PCMAT- Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho. A seguir iremos apresentar estas medidas de proteção contra queda: a) Sistema de guarda corpo O sistema de guarda corpo deve ser utilizado em todo o tipo de aberturas do piso e nas periferias. Deve ser constituído de rodapé de 20 cm de altura, travessão intermediário na altura de 70 cm, travessão superior a 1,20m e distância máxima entre os A norma NR 18 considera trabalho em altura toda atividade executada acima de 2m (dois metros). Essa definição ganhou força com o surgimento da NR 35, portanto a construção civil deve se reportar a NR18 e complementar, quando a atividade é relacionada com risco de queda de altura, com a NR 35. 140 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações montantes de 1,50m e possuir tela em todo o seu fechamento, conforme mostra a Figura 49. O material utilizado para executar esta proteção deve ser resistente e suportar as cargas impostas a ela. A madeira dos dispositivos contra queda jamais deverá ser pintada, ela deverá permanecer sem pintura para não esconder imperfeições, rachaduras e nós da madeira. Figura 49 - Sistema de guarda corpo Fonte: FUNDACENTRO – RTP 01 (2012). Para o estudo ficar mais interessante vale a pena ler a RTP 01 da FUNDACENTRO. b) Proteção de abertura no piso por cercado Quando for necessário utilizar uma abertura de piso para realizar a movimentação de materiais com segurança é indicado utilizar sistema de guardacorpos com remoção parcial, tipo cercado, conforme a Figura 50. Não podemos esquecer que ao retirar parte desta proteção, o trabalhador deverá estar utilizando cinto de segurança com trava quedas preso ao cabo guia, chamado de linha de vida. Deve ser constituído de rodapé de 20 cm de altura, travessão 141 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 intermediário na altura de 70 cm, travessão superior a 1,20m e possuir tela em todo o seu fechamento. Figura 50 - Proteção de abertura de piso com cercado Fonte: FUNDACENTRO – RTP 01 (2012). c) Proteção das aberturas da caixa do elevador Praticamente toda a edificação possui elevadores, porém, antes de instalá- los, permanece durante toda a execução da construção a caixa (poço) do elevador aberta. Neste local também deverá ser executada uma proteção adequada, conforme Figura 51. O material utilizado para executar esta proteção deve ser resistente e suportar as cargas impostas a ela. Deve ser constituído de rodapé de 20 cm de altura, travessão intermediário na altura de 70 cm, travessão superior a 1,20m e possuir tela em todo o seu fechamento. Neste local podemos utilizar outro sistema de proteção contra quedas. Pode-se assoalhar a cada 3 lajes o poço do elevador ou simplesmente colocar uma malha de aço (durante a concretagem) também a cada três lajes, para servir como uma segunda proteção no caso de ser removido o sistema de guarda corpo e o trabalhador não estiver usando o cinto de segurança com a linha de vida, assim o trabalhador no máximo cairá três lajes. 142 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 51 - Proteção da caixa (poço) do elevador Fonte: SESI – SP (2008). d) Aberturas de piso horizontais Toda abertura de piso deve ter seu fechamento total realizado. Essas aberturas podem ser as de prumadas, passagens da rede elétrica, etc. As proteções de abertura de piso devem ser executadas com material resistente e que suporte as cargas quando forem utilizadas. Elas podem ser realizadas, conforme nos mostra a Figura 52. São duas formas orientadas pela RTP 01. Figura 52 - Proteções de aberturas de piso Fonte: FUNDACENTRO – RTP 01 (2012). Toda abertura de piso deve ter seu fechamento total realizado. 143 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 d) Dispositivos Limitadores de Queda: Toda a edificação que possuir 4(quatro) ou mais pavimentos deverá utilizar plataformas de proteção contra quedas. Essas plataformas são divididas em: plataforma principal e secundária. As plataformas de proteção de quedas também são conhecidas na construção civil como bandejas ou bandejão. A plataforma principal é instalada na primeira laje da edificação e deve ter no mínimo 2,50m (dois metros e cinquenta centímetros) de projeção horizontal da face externa da construção e 1 (um) complemento de 0,80m (oitenta centímetros) de extensão, com inclinação de 45º (quarenta e cinco graus), a partir de sua extremidade. A plataforma secundária deve ser instalada a cada três lajes a partir da plataforma principal e deve ter, no mínimo, 1,40m (um metro e quarenta centímetros) de balanço e um complemento de 0,80m (oitenta centímetros) de extensão, com inclinação de 45º (quarenta e cinco graus), a partir de sua extremidade. Lembre-se: Quando em uma edificação encontrarmos subsolos, devem ser instaladas plataformas terciárias de proteção, de 2 (duas) em 2 (duas) lajes, contadas em direção ao subsolo e a partir da laje referente à instalação da plataforma principal de proteção. A disposição das plataformas de proteção contra quedas pode ser visualizada na figura 53. Devemos lembrar que entre as plataformas deve ser instalada tela fachadeira, que será responsável por evitar a projeção de materiais. 144 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 53 - Disposição das plataformas de Proteção Fonte: SESI – SP (2008). As plataformas de proteções contra quedas são projetas para resistir a quedas de materiais e não de pessoas e somente poderão ser retiradas após o fechamento total das periferias. A plataforma principal somente quando for finalizado o revestimento das fachadas. Deve ser mantida limpa toda a superfície da plataforma principal, a fim de não sobrecarregar sua estrutura. f) Redes de Segurança As redes de segurança (também conhecidas como sistema tipo forca e apresentadas na Figura 54) são dispositivos de segurança contra quedas. Ainda inovador, este sistema é instalado após a plataforma principal e substitui a plataforma secundária, porém não guarda corpos. Este sistema permite que a rede de segurança vá subindo juntamente com a estrutura e é calculado para suportar a queda de pessoas. As cordas de sustentação e as perimétricas devem ter diâmetro As plataformas de proteções contra quedas são projetas para resistir a quedas de materiais e não de pessoas e somente poderão ser retiradas após o fechamento total das periferias. A plataforma principal somente quando for finalizado o revestimento das fachadas. Deve ser mantida limpa toda a superfície da plataforma principal, a fim de não sobrecarregar sua estrutura. 145 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 mínimo de 16mm (dezesseis milímetros) e carga de ruptura mínima de 30 KN (trinta quilonewtons), já considerado, em seu cálculo, fator de segurança 2 (dois). O Sistema Limitador de Quedas de Altura deve ter, no mínimo, 2,50 m (dois metros e cinquenta centímetros) de projeção horizontal a partir da face externa da construção. Na parte inferior do Sistema Limitador de Quedas de Altura, a rede deve permanecer o mais próximo possível do plano de trabalho. Entre a parte inferior do Sistema Limitador de Quedas de Altura e a superfície de trabalho deve ser observada uma altura máxima de 6,00 m (seis metros). Figura 54 - Sistema de Rede de Proteção Fonte: Disponível em: <http://seguranca-na-construcao.dashofer.pt/? s=modulos&v=capitulo&c=7819>. Acesso em: 31 out. 2012. Atividades de Estudos: 1) Como é nomeada a proteção coletiva instalada nas lajes e que protege a queda de materiais. __________________________________________________ __________________________________________________ 146 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Quando instalar a rede de segurança, é possível substituir os outros sistemas de proteção coletiva, tais como as plataformas? Justifique. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Acessos Temporários Podemos definir como acessos temporários as escadas, rampas e passarelas que utilizamos durante todo o processo de construção de uma obra. São utilizadas para a passagem de trabalhadores, máquinas e materiais. Servem para a movimentação de um nível para outro, trabalhos em altura, trânsito sobre escavações e vãos que necessitemde passarela. Estes acessos temporários devem ser executados com madeira resistente de boa qualidade, sem rachaduras, nós e completamente seca. Não é permitido pintura nas madeiras que serão utilizadas para a execução dos acessos. Somente será permitido o uso dos acessos provisório para os fins a que se destinam, não será permitido para outro fim. Devem-se efetuar inspeções rotineiras para a verificação da qualidade da madeira e condições de uso. Na execução do piso dos acessos provisórios, deve-se prever sistema antiderrapante que impossibilite que o trabalhador escorregue. Pode ser através Podemos definir como acessos temporários as escadas, rampas e passarelas que utilizamos durante todo o processo de construção de uma obra. 147 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 de frisos, chanfros e réguas, como, por exemplo, o sistema demonstrado na Figura 55. Figura 55 - Sistema antiderrapante Fonte: FUNDACENTRO – RTP 04 (2012). Quando utilizamos as escadas de mão, devemos seguir alguns procedimentos de segurança, como observar se elas possuem espaçamento entre os degraus mínimo 25 cm e máximo 30 cm, se possuem cavilhas, se os degraus foram pregados com dois pregos em cada lado, conforme se pode visualizar na Figura 56. Figura 56 - Sistema de segurança em escadas de mão Fonte: FUNDACENTRO – RTP 04 (2012). Quando utilizamos a escada de mão para transpor de um nível para outro, é fundamental que ela não ultrapasse 1m do nível superior e que seja devidamente fixada na parte inferior e superior, como mostrado nas figuras 57 e 58. 148 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 57 - Apoio da escada em nível superior Fonte: FUNDACENTRO – RTP 04 (2012). Figura 58 - Fixação da escada de mão Fonte: FUNDACENTRO – RTP 04 (2012). As escadas de uso coletivo são elaboradas na obra mesmo e somente são instaladas quando possuímos mais de 20 trabalhadores executando as atividades. 149 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Este tipo de escada deve possuir sistema de guarda corpo, seguindo o mesmo padrão estudado anteriormente, altura de 1,20 m (um metro e vinte centímetros) para o travessão superior, 0,70 m (setenta centímetros) para o travessão intermediário, com rodapé de 0,20 m (vinte centímetros) de altura. A largura da escada pode variar conforme o número de trabalhadores encontrados no canteiro de obras, conforme Tabela 6. Tabela 6 - Relação da largura da escada coletiva com o número de trabalhadores Fonte: FUNDACENTRO – RTP 04 (2012). Quando necessitamos transpor, além das pessoas, os materiais, faz-se necessária a execução de uma rampa. As rampas podem variar a angulação de 0° até 15° graus, não podendo ultrapassar este ângulo máximo, pois a partir deste momento passa a comprometer a saúde do trabalhador pelo excessivo esforço. Não podemos esquecer o sistema de guarda corpo e do piso antiderrapante. Figura 59 - Sistema de rampa Fonte: FUNDACENTRO – RTP 04 (2012). Quando necessitamos transpor, além das pessoas, os materiais, faz- se necessária a execução de uma rampa. 150 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações As passarelas que possuam angulação 0º e sirvam para transpor pessoas, equipamentos e materiais, devem ser calculadas para cada fim específico. É essencial quando necessitamos de uma passagem onde encontramos escavações, por exemplo, conforme a Figura 60. Figura 60 - Passarela Fonte: FUNDACENTRO – RTP 04 (2012). Todos os sistemas de acesso temporários ou provisórios devem identificar sua largura conforme a Tabela 6, salvo no caso de passarelas que utilizamos para passagem de automóveis, neste caso, deverá ser calculada para este fim. Atividades de Estudos: 1) Quais são as características e como devem ser executadas as escadas de mão? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Para uma obra que possui 175 trabalhadores, qual deve ser o tamanho da escada coletiva? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 151 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Segurança em Eletricidade Um dos principais causadores de acidente dentro da construção civil é o choque elétrico. Este fato é decorrente de manutenção de máquinas, que deveria ser realizada somente por pessoas qualificadas, ausência de treinamento de qualificação para os trabalhadores com a função de eletricista e projeto deficiente. Ao iniciar uma obra, é necessário executar as instalações elétricas provisórias e esses serviços, na maioria das vezes, são executados por profissionais não qualificados, gerando uma situação de insegurança nos trabalhadores. Existem alguns procedimentos envolvendo instalações elétricas provisórias que devem ser adotados, a fim de reduzir significativamente este quadro atual de insegurança. Deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado com a devida ART um projeto das instalações elétricas provisórias e este deverá constar no PCMAT. Após a elaboração, deverá ser executado por profissional qualificado, isto é, deverá ter sido treinado conforme a NR 10. Através da leitura complementar você poderá aperfeiçoar seu conhecimento em segurança do trabalho relacionado a instalações elétricas. • NBR 5410- (ABNT)- “Instalações Elétricas de Baixa Tensão”. • NR 10- Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. • RTP 05- Instalações elétricas temporárias em canteiros de obras. Todos os equipamentos encontrados na construção civil devem estar aterrados e suas instalações não devem apresentar partes vivas sem proteção, as quais devem ser recobertas na sua totalidade por isolamento devidamente executado, conforme a Figura 61. Um dos principais causadores de acidente dentro da construção civil é o choque elétrico. Este fato é decorrente de manutenção de máquinas, que deveria ser realizada somente por pessoas qualificadas, ausência de treinamento de qualificação para os trabalhadores com a função de eletricista e projeto deficiente. 152 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 61 - Isolamento das partes vivas Fonte: FUNDACENTRO – RTP 05 (2012). O aterramento dos equipamentos deve seguir um padrão de segurança. É comum encontrarmos nos canteiros de obra o aterramento sendo executado com a ligação do fio do equipamento, enrolado em um pedaço de vergalhão e este enterrado no solo. Esse procedimento de aterramento em nada está protegendo o trabalhador, apenas é uma forma de tentar burlar a legislação. O aterramento não deve ser executado por profissionais não qualificados. A forma correta de aterramento, visualizada na Figura 62, deve conter haste de cobre de 2m a 2,4m e haver 15mm de diâmetro e conectores de eletrodo. Deve ser executada uma caixa de inspeção de 50 cm de profundidade e a haste de cobre deverá ficar 10 cm para fora do solo com as devidas ligações dos equipamentos. Figura 62 - Forma correta de aterramento e dos conectores Fonte: FUNDACENTRO – RTP 05 (2012). 153 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Nos canteiros de obra existem várias situações em que o trabalhador está exposto a choque elétrico, sendo assim, devemos adotarsistemas de segurança para neutralizar este fato. Quando necessitamos realizar atividades junto às redes elétricas, é necessário executar barreiras de proteção ou requisitar o desligamento junto ao órgão competente, fato que não é muito comum. Então, as barreiras de proteção, visualizadas na Figura 63, são mais fáceis e rápidas para serem executadas e impedem o contato direto com as partes vivas. Porém para a instalação desta barreira se faz necessário o desligamento da rede elétrica. Figura 63 - Barreiras de proteção Fonte: FUNDACENTRO – RTP 05 (2012). A distribuição de energia elétrica na construção civil se dá através dos quadros de distribuição fixos e/ou móveis, os quais devem ser protegidos de intempéries, poeiras e devidamente fechados, sendo somente manuseados por pessoa qualificada. Devem ser instalados em local visível, com sinalização adequada, advertindo dos riscos presentes neste local (conforme Figura 64) e não devem estar obstruindo passagens de pessoas e materiais. Figura 64 - Modelo de sinalização junto aos quadros de distribuição Fonte: FUNDACENTRO – RTP 05 (2012). Após a instalação dos quadros, a distribuição de energia para a obra deve ser realizada através de prumadas e estar devidamente protegida por eletrodutos, para que não haja contato ou rompimento dos fios acidentalmente. Através do esquema apresentado na Figura 65, é possível visualizar a distribuição de energia dentro de um canteiro de obras. 154 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 65 - Distribuição de energia dentro do canteiro de obras Fonte: FUNDACENTRO – RTP 05 (2012). As instalações elétricas poderão ser subterrâneas ou aéreas, para que não sofram choques mecânicos ou contato acidental. Porém devemos nos atentar para o fato de que se forem executadas de forma aérea devem estar a uma altura mínima de 5 m a partir do solo, dependendo do tipo de máquinas que transitam no canteiro (Figura 66). Figura 66 - Altura mínima de proteção para instalações elétricas aéreas Fonte: FUNDACENTRO – RTP 05 (2012). Devemos lembrar, também, que os operadores das máquinas que executarão atividades próximas às redes elétricas aéreas devem ser treinados e ter noções básicas sobre eletricidade. É fundamental que toda a operação com veículos, máquinas e equipamentos seja planejada, a fim de evitar acidentes com as redes de distribuição de energia. 155 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Já as instalações subterrâneas devem ser protegidas por calhas ou eletrodutos, para que não sofram esmagamentos e rompimentos durante o trânsito de máquinas e pessoas. Neste local deve haver sinalização, indicando que existe uma tubulação com energia (Figura 67). Figura 67 - Instalações elétricas subterrâneas Fonte: FUNDACENTRO – RTP 05 (2012). Atividade de Estudos: 1) Sinalize se as afirmativas que seguem são verdadeiras ou falsas: a) RTP 01 - é a recomendação para Instalações elétricas temporárias em canteiros de obras. ( ) b) Caso não seja possível o desligamento total da rede elétrica, devemos instalar barreira protetora no local do serviço. ( ) c) A sinalização não se faz necessária para prevenir acidentes com eletricidade. ( ) d) Quando necessitamos executar um serviço onde tenha rede elétrica e movimentação de equipamento, é correto através de uma barra suspendermos a fiação e, assim, fazer a passagem. ( ) 156 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Andaimes A grande atualização envolvendo andaimes ocorreu no ano de 2011, quando foi criada a Portaria SIT nº 201, de 21 de janeiro de 2011, específica para os serviços realizados em andaimes. Este fato ocorreu devido ao grande número de acidentes de queda, envolvendo o uso inadequado ou a má execução deste equipamento. Podemos encontrar no mercado vários tipos de andaimes, cada um com sua função bem definida. É possível dividi-los em: a) Andaimes Simplesmente Apoiados São plataformas necessárias à execução de trabalhos em lugares elevados. São andaimes comuns dentro do canteiro de obra, utilizados para realizar serviços de pequeno porte, porém devem ser dotados de procedimentos de segurança, pois podem causar acidentes. Podem ser de madeira, metálicos ou mistos. Devem ser dotados de sapatas resistentes, executados em madeira que resista às cargas transmitidas e não podem ser utilizados em serviços com altura superior a 2 m e largura inferior a 90 cm. Figura 68 - Andaime simplesmente apoiado Fonte: Disponível em: <http://shevannytst1.webnode.com.pt/products/ classifica%C3%A7%C3%A3o%20de%20andaimes/>. Acesso em: 31 out. 2012. A grande atualização envolvendo andaimes ocorreu no ano de 2011, quando foi criada a Portaria SIT nº 201, de 21 de janeiro de 2011, específica para os serviços realizados em andaimes. Este fato ocorreu devido ao grande número de acidentes de queda, envolvendo o uso inadequado ou a má execução deste equipamento. 157 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 b) Andaimes Fachadeiros São utilizados para executar atividade em fachadas de edificações, tais como: manutenções, limpezas, pastilhamento. Os andaimes fachadeiros devem estar sempre limpos e não receber cargas a mais do que foram projetados. O acesso deve se dar por escada incorporada na estrutura do andaime. Faz-se necessária a inspeção regular dos parafusos, contrapinos, braçadeiras, pisos e as peças que constituem o andaime. Inclusive o estaimento da estrutura, que deve ser realizada no corpo da edificação, através de cabos. Devem dispor de proteção com tela de arame galvanizado ou material de resistência e durabilidade equivalente, desde a primeira plataforma de trabalho até pelo menos 2 m (dois metros) acima da última plataforma de trabalho. Figura 69 - Andaime fachadeiro Fonte: <http://forthandaimes.com.br/tipo-de-andaime/ andaimes-fachadeiros>. Acesso em: 31 out. 2012. c) Andaimes Móveis São andaimes muito utilizados para fazer manutenções, pois podem ser transportados por todo o canteiro. Estes andaimes devem ter os rodízios providos de travas, conforme Figura 70, de modo a evitar deslocamentos acidentais. E os andaimes tubulares móveis 158 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações podem ser utilizados somente sobre superfície plana, que resista a seus esforços e permita a sua segura movimentação através de rodízios. Figura 70 - Andaime móvel Fonte: Pampallon (2002). e) Andaimes em Balanços Estes andaimes se projetam para fora da construção e são suportados por vigamentos (de madeira ou metálica – Figura 71) ou estruturas em balanço, seja por engastamento ou outro sistema de contrabalançamento no interior da construção, podendo ser fixos ou deslocáveis. São geralmente utilizados quando os andaimes não podem apoiar-se sobre o solo ou sobre uma superfície horizontal resistente. Devem ter sistema de fixação à estrutura da edificação capaz de suportar três vezes os esforços solicitantes. E a estrutura do andaime deve ser convenientemente contraventada e ancorada, de tal forma a eliminar quaisquer oscilações. 159 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Figura 71 - Andaime em balanço Fonte: FUNDACENTRO – RTP 01 (2012). e) Andaimes Suspensos Mecânicos São andaimes, pesados ou leves, em que o estrado é sustentado por travessas metálicas ou de madeira, suportado por meio de cabos de aço, movimentando-se no sentido vertical com auxílio de guinchos. Geralmente são utilizados em serviços de revestimento externo, emboços, colocação de pastilhas, mármores, cerâmica e serviços de pedreiros. É o andaime dentro da NR18 que possui mais itens obrigatórios. Estes andaimes também são conhecidos, dentro do canteiro de obras, como JAÚ, porém este é o nome da marca de um fabricante de andaime suspenso. Os andaimes suspensos devem ter sua estrutura calculada por profissional legalmente habilitado, possuir a placa de identificação em local visível, constando a carga máxima permitida para aquele equipamento. Além do cálculo, o profissional habilitado deverá supervisionar a instalação do equipamento, que somente poderá ser executado por profissional qualificado. É o andaime dentro da NR 18 que possui mais itens obrigatórios. 160 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Todos os trabalhadores que executarem serviços dentro deste andaime deverão fazer uso de cinto de segurança, ligados ao trava quedas e ao cabo guia, sendo a fixação destes itens uma ligação independente da fixação e sustentação do andaime suspenso. A fixação de sistema de sustentação dos andaimes suspensos deverá ser feita através de vigas afastadores (Figura 72) ou outra estrutura metálica equivalente que resista três vezes mais às cargas contidas no equipamento. É proibido o uso de sacos de areia, pedras, latas de tinta concretadas, como forma de fixação do andaime. Não podem ser utilizados como passarelas, isto é, a ligação de um ou mais andaimes para se movimentar através destes. Somente poderão permanecer dentro dos andaimes pessoas responsáveis pela elaboração das atividades. Os andaimes suspensos devem possuir sistema de guarda corpo com rodapé de 20cm, travessão intermediário de 70cm e travessão superior de 120cm, devendo ser telado entre os travessões. Em edificações acima de oito pavimentos, é proibido o uso de guinchos tipo catraca. O tambor das catracas, quando utilizados, deve estar protegido. Figura 72 - Sistema de fixação dos andaimes suspensos Fonte: Pampallon (2002). Atividades de Estudos: 1) Qual o andaime utilizado quando necessitamos realizar um serviço de revitalização em uma ponte? 161 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Como podemos realizar a fixação dos andaimes suspensos? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ PCMAT - Programa das Condições e meio Ambiente do Trabalho O PCMAT é um Programa das Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção. Somente as empresas da indústria da construção civil com 20 ou mais trabalhadores são obrigadas a elaborarem e implementarem este programa. A NR 18 estabelece que PCMAT é realizado por profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho, porém a fiscalização do MTE e do CREA entendem que esta é uma atribuição do engenheiro de segurança do trabalho, por envolver cálculos e ter conhecimento dentro de canteiro de obras. Este documento deverá ser mantido no estabelecimento, à disposição do órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE e deve contemplar as exigências da NR 9 - Programa de O PCMAT é um Programa das Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção. Somente as empresas da indústria da construção civil com 20 ou mais trabalhadores são obrigadas a elaborarem e implementarem este programa. 162 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Prevenção e Riscos Ambientais. A responsabilidade de elaboração é do profissional habilitado, porém a responsabilidade da implementação do programa é do empregador ou condomínio. O PCMAT é um programa que deverá prever todos os possíveis riscos encontrados no canteiro especifico e, através desta análise, propor orientações e soluções para que os acidentes de trabalho sejam neutralizados. A NR 18 estabelece parâmetros mínimos que devem constar no PCMAT: • memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações, levando-se em consideração riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas respectivas medidas preventivas; • projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas de execução da obra; • especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas; • cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT em conformidade com as etapas de execução da obra; • layout inicial e atualizado do canteiro de obras e/ou frente de trabalho, contemplando, inclusive, previsão de dimensionamento das áreas de vivência; • programa educativo contemplando a temática de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, com sua carga horária. Este programa estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização que objetivam a implementação de procedimentos e normas de segurança detalhadas, visando a prevenir os acidentes e doenças ocupacionais, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção. Portanto, neste programa, é necessário realizar a localização através de projetos, das áreas de vivência, localização das máquinas e equipamentos, das descargas de materiais, etc. E com este importante documento é possível, quando colocado em prática, tornar o canteiro de obras mais seguro e saudável para a vida do trabalhador. 163 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 Leitura direcionada ao entendimento aprofundado de PCMAT. PCMAT - PROGRAMA DE CONDIÇOES E MEIO AMBIENTE Autor: José Carlos de Arruda Sampaio Editora: PINI Atividades de Estudos: 1) O que é o PCMAT e quem necessita elaborá-lo? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 2) Como o PCMAT pode contribuir para a segurança do trabalho? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 164 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Algumas Considerações A produtividade éa grande desculpa para muitas empresas não investirem em segurança do trabalho e prevenção na construção civil, sendo, muitas vezes, deixadas em segundo plano por haver prazos cada vez mais curtos para a entrega das obras. A segurança passa a ter uma importância fundamental quando da ocorrência de um acidente, o tempo despendido é superior, e muito, quando comparado aos momentos que seriam liberados para a segurança dos canteiros. E quando são analisados os custos com o acidente de trabalho ou a doença ocupacional, as estatísticas são alarmantes e mostram uma realidade cruel para os trabalhadores desta indústria. São trabalhadores que necessitam de muito esforço físico, expostos a intempéries e executando suas atividades sem proteção nenhuma. Embora exista muita resistência dos próprios trabalhadores, quando estes são treinados e qualificados, passam a dar maior importância para a segurança e a exigir de seus empregadores os meios de proteção. Com a implantação da segurança do trabalho no canteiro de obras, um aspecto muitas vezes não observado pelos empresários é o consequente aumento da produção dos colaboradores, a diminuição do número de afastamento do trabalho por benefício do INSS, a diminuição das perdas de materiais e dos danos às máquinas e aos equipamentos. Pode-se somar a tudo isso a imagem extremamente positiva que os funcionários e a sociedade em geral terão da empresa, além do fato de estar isenta das “elevadas” multas emitidas pela delegacia do trabalho. Referências BRASIL. MTE. NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas- regulamentadoras-1.htm>. Acesso em: 25 out. 2012. ______. NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1. htm>. Acesso em: 25 out. 2012. 1995. 165 Indústria da Construção Civil Capítulo 4 DIEESE- Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômico. Estudo Setorial da Construção. São Paulo, n. 56, abr. 2011. FONTANELLE, M. A. M. Competências Didáticas dos Gerentes de Obras e Técnicos de segurança. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004. FRANKENFELD, N. Produtividade. Rio de Janeiro: CNI, 1990. (Manuais CNI). FUNDACENTRO. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/conteudo. asp?D=CERS-01&C=1167&menuAberto=196>. Acesso em: 27 out. 2012. GONÇALVES, C. A. H. Prevenção de Acidentes do Trabalho na Indústria da Construção. O Caso da Experiência do Comitê Permanente Regional – CPR de Piracicaba. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Metodista de Piracicaba, Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, Santa Bárbara d’Oeste – SP, 2006. LIMA, Hélder. No início era o verbo. Construção. São Paulo, n. 262, p.7-10, mar. 1995. PAMPALLON, Gianfranco. Trabalho em Altura Prevenção de Acidentes por Quedas. Ministério do Trabalho e Emprego, fev. 2002. PINTO, A. A. Navegando o Espaço das Contradições: A (Re) Construção do Vínculo Trabalho Saúde por Trabalhadores da Construção Civil. 1996. Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1996. SAMPAIO, José Carlos de Arruda – PCMAT: Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção. São Paulo, SP: Pini, SINDUSCON/SP,1998. SESI- SP. Manual de Segurança e Saúde no Trabalho para a Indústria da Construção Civil – Edificações”. São Paulo: SESI, 2008. (Coleção Manuais). TOMMELEIN, I.D. Construction site layout using blackboard reasoning with layered knowledge. In: ALLEN, Robert H. (Ed.). Expert systems for civil engineers: knowledge representation. New York: ASCE, 1992. p. 214-258. CAPÍTULO 5 Arranjo Físico A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Definir o layout dos ambientes de trabalho, integrando às normas de segurança e saúde no trabalho a habilidades de leitura e interpretação de plantas, croquis, projetos de acessibilidade, condições sanitárias, de conforto e de sinalização. � Aplicar normas e procedimentos para armazenamento, manuseio, movimentação e transporte, inclusive de produtos perigosos, considerando normas técnicas e legislações específicas, tais como de trânsito e ambiental, entre outras. 169 Arranjo Físico Capítulo 5 Contextualização Com a produtividade cada vez mais acelerada e a mecanização dos equipamentos dentro dos setores empresariais, é fundamental a necessidade de se aprimorar ferramentas de gestão de segurança que assegurem a integridade física do trabalhador. Um ambiente de trabalho organizado, com setores previamente definidos, seguindo uma linha de produção eficiente, propicia a minimização de acidentes e a integração entre os setores, afetando diretamente os custos e desperdícios de tempo para a realização das atividades. Os equipamentos mecanizados surgiram para facilitar e agilizar o processo de produção, não podem tornar-se inimigos da segurança, porém quando usados com cautela e gestão de segurança, o ambiente de trabalho é resguardado. LAYOUT Podemos encontrar na literatura várias formas de descrevermos o arranjo físico, que também pode ser chamado de layout ou leiaute. Basicamente podemos descrevê-lo como sendo a maneira ou a disposição em que se encontram as máquinas, as pessoas e as estações no ambiente de produtivo. O layout deve ser utilizado como ferramenta de gestão na segurança e pode ser utilizado tanto nos setores novos quanto nos existentes. O planejamento adequado do layout gera um ambiente de trabalho produtivo, auxilia na minimização de problemas comuns encontrados nas empresas, como, perda de produtividade, acidentes de trabalho, custos, desconforto. Dessa forma, é possível evidenciar melhoria no atendimento e aumento da produção, usando os mesmos recursos, simplesmente pela racionalização do fluxo de pessoas e/ou materiais. O arranjo físico (layout) é uma ferramenta que possibilita a integração das linhas de produção de serviços ou produtos e que tem o objetivo de uma relação eficiente e econômica entre os processos. Segundo Couto (1996), o layout é o resultado final de um estudo sistemático que procura uma combinação ótima de todas as O planejamento adequado do layout gera um ambiente de trabalho produtivo, auxilia na minimização de problemas comuns encontrados nas empresas, como, perda de produtividade, acidentes de trabalho, custos, desconforto. Dessa forma, é possível evidenciar melhoria no atendimento e aumento da produção, usando os mesmos recursos, simplesmente pela racionalização do fluxo de pessoas e/ ou materiais. 170 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações instalações, materiais e pessoas que concorrem para a fabricação de um produto ou para a execução de um serviço, dentro de um espaço disponível. Os responsáveis pela elaboração do arranjo físico necessitam ter conhecimento dos procedimentos produtivos da empresa, das máquinas existentes, manuseio e movimentação de materiais, ergonomia e segurança do trabalho. Os objetivos de um bom layout são: • evitar riscos de acidentes e incidentes; • evitar doenças ocupacionais; • melhorar as condições ambientais; • aumentar a motivação e a satisfação dos trabalhadores; • melhorar a ocupação dos espaços; • aumentar a produção; • reduzir os custos indiretos; • reduzir o tempo de manufatura; • melhorar a utilização do equipamento e da mão de obra; • reduzir a movimentação e o manuseio de materiais; • melhorar a supervisão; • diminuiros congestionamentos; • melhorar a qualidade; • melhorar a flexibilidade. Ao planejar e executar um arranjo físico se faz necessário atentar para itens fundamentais para a eficiência da disposição. O ser humano necessita de espaço para trabalhar, isto é, deve-se prever área para movimentação do corpo e em volta da máquina. Todavia, não podemos criar grandes distâncias entre o trabalhador e suas necessidades, tais como, matéria-prima, máquinas, equipamentos, etc. 171 Arranjo Físico Capítulo 5 Quando existir em um local algum fator que comprometa a produtividade, este deverá ser previsto no planejamento do arranjo físico e neutralizado e/ou minimizado. Fatores como: ruídos elevados, calor excessivo e odores desagradáveis podem afetar a produtividade, a concentração e o conforto do trabalhador. Outro fator importante no momento de elaborar um layout é observar a iluminação do local, pois a deficiência ou o excesso de iluminação do ambiente de trabalho pode causar fadiga e desconforto. • São diversos os objetivos da realização de um bom arranjo físico. Segundo Slack e colaboradores(1999), os objetivos de um bom arranjo físico compreendem: • Segurança: se existir algum processo que possa representar perigo, este deve estar devidamente sinalizado e não acessível a pessoas não autorizadas. • Extensão do fluxo: todo o fluxo de materiais, informações ou clientes deve estar canalizado a atender os objetivos da operação, significando minimizar distâncias a serem percorridas. • Clareza de fluxo: todo o fluxo deve ser sinalizado de forma clara e visível. • Conforto da mão de obra: o arranjo físico deve prover um ambiente de trabalho arejado, agradável e iluminado. • Coordenação gerencial: a supervisão deve ser facilitada para a localização ou visualização da mão de obra e dispositivos de comunicação. • Acesso: todas as máquinas, equipamentos e instalações devem estar acessíveis para manutenção e limpeza. • Uso de espaço: o espaço físico de toda operação deve estar de acordo com o propósito a que se destina. • Flexibilidade de longo prazo: os arranjos físicos devem ser estudados e alterados periodicamente à medida que as necessidades da operação mudem. Podemos classificar o arranjo físico em cinco tipos básicos, segundo Slack e colaboradores (1997) e Martins e Laugeni (2005): • Arranjo físico posicional: É o layout aplicado quando o produto fica estático, enquanto os colaboradores, máquinas e equipamentos movimentam-se ao seu redor, executando as tarefas necessárias para sua produção. Geralmente 172 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações é utilizado na fabricação de um único produto, em quantidades não repetitivas, como ilustrado na Figura 73, nas montagens de aviões, navios, prédios e montagens de grandes máquinas. Figura 73 - Arranjo físico posicional Fonte: Schmidt (2007). • Arranjo físico por processo: quando todos os recursos similares da operação são mantidos juntos. Geralmente é utilizado quando a variedade de processos é relativamente alta. Exemplo: em um supermercado, enlatados são disponibilizados juntos, facilitando a reposição. Figura 74 - Arranjo físico por processo Fonte: Schmidt (2007). 173 Arranjo Físico Capítulo 5 • Arranjo físico celular: quando os recursos necessários para uma classe particular de produtos são agrupados juntos. Por exemplo: maternidades em hospitais. Figura 75 - Arranjo físico celular Fonte: Schmidt (2007). • Arranjo físico por produto ou em linha: quando os recursos de transformação seguem uma sequência específica para a melhor conveniência do produto ou serviço. Por exemplo: um restaurante self- service, quando a sequência de serviços requeridos pelo cliente (entrada, prato principal, sobremesa, bebida) é comum para todos os clientes. Mas o arranjo físico auxilia também a manter o controle sobre o fluxo de clientes. Figura 76 - Arranjo físico em linha Fonte: Schmidt (2007). 174 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações • Arranjos físicos mistos: quando operações combinam elementos de alguns ou de todos os tipos básicos de arranjo físico em diferentes partes da operação. Por exemplo: um complexo de restaurantes com três tipos diferentes de restaurantes (um à la carte, um tipo buffet e outro tipo bandejão) e uma cozinha que serve aos três. Figura 77 - Arranjo físico misto Fonte: Schmidt (2007). Os arranjos físicos apresentados anteriormente influenciam diretamente no fluxo de trabalho, por isso a necessidade de se fazer o planejamento, pois afetam diretamente o conforto e a segurança dos trabalhadores. Atividade de Estudos: Adaptado de Luís César Gonçalves de Araújo: “Organização, Sistemas e Métodos e as Ferramentas de Gestão Organizacional” (2006). 175 Arranjo Físico Capítulo 5 De posse das informações abaixo e utilizando o gráfico da situação atual, esboce uma proposta de arranjo físico para a diretoria da empresa. Considere os 18 movimentos como corretos. Apenas proponha um novo arranjo físico, justificando a sua resposta: DEPARTAMENTO DE RECEBIMENTO 1. A mercadoria pedida dá entrada no departamento de recebimento. Carolina, recepcionista do andar, recebe a mercadoria. 2. A recepcionista do andar leva a mercadoria até o balcão. 3. César, balconista, recebe a mercadoria e leva-a ao conferente, digita, identifica o pedido e confere a mercadoria com o pedido. 4. A mercadoria, com a nota fiscal, é enviada ao funcionário Luís, que confere e assina o canhoto da NF. 5. A mercadoria e a NF são enviadas à funcionária Andréa, que verifica a soma da NF. 6. A mercadoria e a NF são entregues à funcionária Adriana, que confere os valores da nota com o pedido. Abre o arquivo correspondente e transmite os dados à unidade competente. 7. Toda a documentação é levada ao gerente, que redige a autorização de pagamento. 8. A autorização de pagamento é encaminhada ao funcionário, que faz a correspondente digitação, imprime e passa ao assistente. 9. O assistente lê e verifica. Quando não há erros, a autorização é levada ao gerente. 10. O gerente recebe a autorização, confere e assina. Manda, então, a autorização com os dados necessários para a funcionária Amanda. 11. A funcionária Amanda recebe, digita um formulário de autorização de pagamento e envia para a supervisora Alessandra, com a autorização assinada pelo gerente. 12. A supervisora Alessandra recebe, confere e assina o formulário e a autorização, enviando-os para Vânia, auxiliar de escritório. 176 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 13. Vânia recebe o formulário e a autorização, carimba as cópias e o original e leva com a mercadoria para César, o conferente. 14. César separa duas vias, grampeia e leva para o arquivista todas as vias, autorização e mercadoria. 15. Juarez, o arquivista, recebe e separa as cópias grampeadas. Grampeia uma cópia na mercadoria. 16. É feito o arquivamento físico de duas cópias. 17. As outras duas cópias e a autorização são enviadas à recepcionista do andar, com a mercadoria. 18. Adriana, então, encaminha as cópias e a autorização à tesouraria e a mercadoria ao almoxarifado. SITUAÇÃO ATUAL: ARRANJO FÍSICO Fonte: Adaptado Araújo (2006). 177 Arranjo Físico Capítulo 5 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Cor, Sinalização e Rotulagem dos Materiais A sinalização representa uma ferramenta importante na prevenção de acidentes. Integradas a ela estão às cores que juntas alertam os trabalhadores dos riscos encontrados no ambiente de trabalho. Este procedimento, com o uso de EPCs e EPIs, obtém resultados importantes para a neutralização de acidentes, sendo assim, não devemos utilizar somente um método como alternativa, e sim um conjunto de ferramentas com o objetivo de neutralizar os acidentes de trabalho. A sinalização ainda é um procedimento pouco utilizado. Com o objetivo de complementar a segurança dentro do ambiente de trabalho e criar parâmetros de segurança, utilizados em algumas indústrias, principalmente nas pequenas e microempresas, a NR 26 - Sinalização de Segurança - tem por objetivo determinar as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para a prevenção de acidentes sempre que necessitarmos identificar uma máquina ou equipamento, delimitar áreas de trabalho e circulação, canalizações e advertir contra os riscos inerentes ao local de trabalho. A sinalização representa uma ferramenta importante na prevenção de acidentes. Integradas a ela estão às cores que juntas alertam os trabalhadores dos riscos encontrados no ambiente de trabalho. 178 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Leitura complementar • ABNT NBR 6503 - Cores. • ABNT NBR 7195 - Cores para segurança. É preciso atentar para o fato de que a sinalização através de cores pode provocar distração, confusão ou fadiga no trabalhador, por isso, devemos usar este recurso com cautela. Segundo Costalonga e colaboradores (2010), existem formas de sinalização para situações permanentes e temporárias: A sinalização deve ser permanente para: • proibições; • avisos; • obrigações; • meios de salvamento ou de socorro; • equipamento de combate a incêndio; • assinalar recipientes e tubulações; • riscos de choque ou queda; • vias de circulação; • telefones de emergência; • saída de emergência. A sinalização deve ser temporária para: • isolar locais de acidentes; • delimitar área de procedimentos de riscos. Segundo a PUC (2011), pode-se dividir as cores de alerta da seguinte forma, quanto ao seu uso, seguindo a NBR 7195: 179 Arranjo Físico Capítulo 5 Figura 78 - Disposição quanto ao uso das cores 180 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 181 Arranjo Físico Capítulo 5 182 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Fonte: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAel6sAI/ nr-26-sinalizacao-seguranca>. Acesso em: 28 out. 2012. Os produtos químicos devem ser classificados quanto aos perigos para a segurança e a saúde dos trabalhadores de acordo com os critérios estabelecidos pelo Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS), da Organização das Nações Unidas. Podemos encontrar a NR 26 no site: http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm As sinalizações e cores também são encontradas nas rotulagens preventivas que, segundo a NR 26, devem conter: • identificação e composição do produto químico; • pictograma(s) de perigo; • palavra de advertência; • frase(s) de perigo; • frase(s) de precaução; • informações suplementares. As cores auxiliam também para a identificação do potencial de risco das substâncias químicas, que pode ser verificada através do As cores auxiliam também para a identificação do potencial de risco das substâncias químicas, que pode ser verificada através do método do Diamante de Hommel. 183 Arranjo Físico Capítulo 5 método do Diamante de Hommel. Nesse caso, não será evidenciado o produto químico, e sim indicado o risco envolvendo o produto químico em questão. Esse método apresenta um quadro, visualizado na Figura 79, em que as cores indicam a propriedade do produto químico em relação à saúde, inflamabilidade e reatividade. O quadro possui quatro cores básicas (azul, vermelha, amarela e branca), sendo preenchido por números de 0 a 4 para determinar a gradação do risco. As cores indicam: • Vermelha: inflamabilidade; • Azul: riscos à saúde; • Amarela: reatividade; • Branca: riscos especiais. Figura 79 - Quadro do método do Diamante de Hommel Fonte: SESI - Bahia (2008). VERMELHA (INFLAMABILIDADE) - Riscos: • 4 - Gases inflamáveis, líquidos muito voláteis, materiais pirotécnicos; • 3 - Produtos que entram em ignição à temperatura ambiente; • 2 - Produtos que entram em ignição quando aquecidos moderadamente; • 1 - Produtos que precisam ser aquecidos para entrar em ignição; • 0 - Produtos que não queimam. 184 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações AZUL (RISCOS À SAÚDE) - Riscos: • 4 - Produto letal; • 3 - Produto severamente perigoso; • 2 - Produto moderadamente perigoso; • 1 - Produto levemente perigoso; • 0 - Produto não perigoso ou de risco mínimo. AMARELA (REATIVIDADE) - Riscos: • 4 - Capaz de detonação ou decomposição com explosão à temperatura ambiente; • 3 - Capaz de detonação ou decomposição com explosão quando exposto à fonte de energia severa; • 2 - Reação química violenta possível quando exposto a temperaturas e/ou pressões elevadas; • 1 - Normalmente estável, porém pode se tornar instável quando aquecido; • 0 - Normalmente estável. BRANCA (RISCOS ESPECIAIS) - Riscos: • OXY Oxidante forte; • ACID Ácido forte; • ALK Alcalino forte; • Evite o uso de água; • Radioativo. Para acesso aos títulos das normas técnicas, consulte à ABNT no endereço eletrônico http://www.abnt.org.br. 185 Arranjo Físico Capítulo 5 É fundamental, junto a todas as ferramentas executadas para prevenir o acidente, que se faça o treinamento dos trabalhadores, a fim de que possam: • Compreender a rotulagem preventiva e a ficha com dados de segurança do produto químico. • Conhecer os perigos, riscos, medidas preventivas para o uso seguro e procedimentos para atuação em situações de emergência com o produto químico. Atividades de Estudos: 1) A partir das figuras abaixo e baseado(a) no que apresenta a NBR 7195 sobre a disposição das cores, descreva o que cada placa quer nos dizer: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Pesquise o composto do agente químico indicado e preencha a placa através do método de DIAMANTE de HOMMEL para: a) O ácido sulfúrico. 186 Prevenção e Controle de Riscosem Máquinas, Equipamentos e Instalações ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio De Materiais Todos os equipamentos utilizados para a movimentação de pessoas e materiais devem seguir as recomendações estabelecidas pela NR 11. São obrigações referentes à segurança durante a operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras. Podemos encontrar a NR 11 no site: http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm Para que sejam evitados acidentes durante a operação de elevadores e monta-carga, que são equipamentos utilizados principalmente em indústrias, é preciso seguir alguns procedimentos relevantes. Os elevadores de carga, sejam eles de pessoas sejam somente de materiais, visualizados na Figura 80, devem possuir base nivelada e concretada, para que a torre e o guincho permaneçam alinhados. Deverá ter o acesso à torre totalmente isolado e automatizado para que quando o elevador não estiver no mesmo nível do pavimento seja impossibilitado de abrir as cancelas. Todos os equipamentos utilizados para a movimentação de pessoas e materiais devem seguir as recomendações estabelecidas pela NR 11. 187 Arranjo Físico Capítulo 5 A distância entre a roldana livre (polia louca) e o guincho deverá ser entre 2,5m a 3m e estar totalmente protegida. RTP 02- Movimentação e Transporte de Materiais e Pessoas - Elevadores de Obra. FUNDACENTRO. Figura 80 - Elevador de Carga e Pessoas Fonte: FUNDACENTRO – RTP 02 (2001). Equipamentos utilizados para movimentação de materiais, tais como ascensores, elevadores de carga, guindastes, monta-carga, pontes-rolantes, talhas, empilhadeiras, guinchos, esteiras-rolantes, entre outros, deverão ter seu cálculo prévio, a fim de serem executados com resistência às cargas solicitadas e garantir a segurança durante as atividades envolvendo movimentação de materiais. Com o entendimento de ampliarmos o conhecimento em transporte, orientamos complementar o estudo deste capítulo com as referências: • ABNT NBR 5418 - Instalações elétricas em atmosferas explosivas. 188 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações • ABNT NBR 6327 - Cabo de aço para uso geral: requisitos mínimos. • ABNT NBR 7500 - Identificação para transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. • ABNT NBR 9518 - Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas. • ABNT NBR 11900 - Extremidades de laços de cabos de aço. • ABNT NBR 13541 - Movimentação de carga: laço de cabo de aço: especificação. • ABNT NBR 13542 - Movimentação de carga: anel de carga. • ABNT NBR 13543 - Movimentação de carga: laços de cabo de aço: utilização e inspeção. • ABNT NBR 13544 - Movimentação de carga: sapatilho para cabo de aço. • ABNT NBR 13545 - Movimentação de carga: manilhas. • Capítulo V do Título II da CLT - Refere-se à Segurança e Medicina do Trabalho. Um dos principais componentes dos equipamentos de movimentação são os cabos de aço, cordas, correntes, roldanas, ganchos e travamentos. Estes deverão ser inspecionados periodicamente com a finalidade de detectar qualquer eventualidade que possa acarretar um acidente durante a atividade. Segundo SESI-Bahia (2008), os cabos, correntes e outros meios de suspensão ou tração e suas conexões devem ser previamente certificados por organismo credenciado pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) ou por instituição certificadora internacional. Os cabos devem ser inspecionados quanto à bitola correta a ser utilizada e sua fixação (Figura 81). Devem ser utilizados, para a garantia de resistência e a segurança, os esticadores (Figura 82). 189 Arranjo Físico Capítulo 5 Você pode encontrar a RTP 02 através do site: ht tp:/ /www.fundacentro.gov.br/conteudo.asp?D=CERS- 01&C=1167&menuAberto=196 As inspeções periódicas devem ser realizadas por uma pessoa qualificada e com experiência, de forma visual, para detectar possíveis danos no cabo de aço que possam causar riscos durante o uso, tais como: • distorções no cabo: dobras, amassamentos, alongamento do passo, gaiola de passarinho, perna fora de posição ou alma saltada; • corrosão em geral; • pernas rompidas ou cortadas; • número, distribuição e tipo de ruptura dos arames visíveis. Figura 81 - Forma correta de fixação Fonte: FUNDACENTRO – RTP 02 (2001). 190 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Figura 82 - Tipos de esticadores Fonte: FUNDACENTRO – RTP 02 (2001). Todos os equipamentos devem ter fixada a sua estrutura a placa indicativa da carga máxima permitida para aquele tipo de máquina. Todos os equipamentos de movimentação, sejam eles motorizados ou não, somente devem ser operados por um profissional treinado e este, após estar qualificado, deve possuir a função na carteira de trabalho, que terá a duração de 1 (um) ano. A utilização dos equipamentos somente deve ocorrer durante o horário de trabalho. Todo equipamento de transporte motorizado deve possuir sinal de advertência sonora (alarme sonoro) e, quando utilizado em local fechado ou pouco ventilado, faz-se necessário o controle das concentrações da emissão de gases tóxicos acima dos limites de tolerância. A movimentação de cargas onde circulam pessoas deve ser sinalizada e delimitada, inclusive quando se trata de içamento de cargas, o local abaixo do içamento da carga deve estar isolado, sendo proibido qualquer passagem durante as atividades. O empilhamento de materiais pode se dar de forma mecanizada (empilhadeiras e esteiras rolantes) ou manual, porém com as seguintes características, segundo a NR 11: Todos os equipamentos de movimentação, sejam eles motorizados ou não, somente devem ser operados por um profissional treinado e este, após estar qualificado, deve possuir a função na carteira de trabalho, que terá a duração de 1 (um) ano. 191 Arranjo Físico Capítulo 5 • lance único de degraus com acesso a um patamar final; • a largura mínima de 1,00m (um metro), apresentando no patamar as dimensões mínimas de 1,00m x 1,00m (um metro x um metro) e a altura máxima, em relação ao solo, de 2,25m (dois metros e vinte e cinco centímetros); • deverá ser guardada proporção conveniente entre o piso e o espelho dos degraus, não podendo o espelho ter altura superior a 0,15m (quinze centímetros), nem o piso largura inferior a 0,25m (vinte e cinco centímetros); • deverá ser reforçada, lateral e verticalmente, por meio de estrutura metálica ou de madeira que assegure sua estabilidade; • deverá possuir, lateralmente, um corrimão ou guarda-corpo na altura de 1,00m (um metro) em toda a extensão; • perfeitas condições de estabilidade e segurança, sendo substituída imediatamente a que apresente qualquer defeito. A forma de armazenagem dos materiais é um fator que deve ser previsto durante o planejamento do layout e deve seguir algumas recomendações. O piso não pode estar escorregadio ou molhado, deve ser nivelado, suportar a carga para a qual foi calculado e organizado. O empilhamento deve ocorrer de forma a não obstruir portas, saídas de emergência, extintorese hidrantes, dificultar a iluminação e deve ser armazenado pelo menos 50 cm afastado das estruturas laterais do prédio. ABNT NBR 7500 - Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. Atividade de Estudos: 1) Para a foto abaixo, encontre os riscos que podem provocar um acidente ao trabalhador. Utilize como auxílio a RTP 02, a NR 11 e a NR 18. 192 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 193 Arranjo Físico Capítulo 5 Segurança nas Edificações Para que os trabalhadores tenham o mínimo de conforto e segurança no ambiente de trabalho, é necessário estabelecer requisitos que devem ser implantados na estrutura (edificação) em que estão localizadas as atividades. Para isso foi criada a NR 8, que é a norma regulamentadora cujo objetivo é dispor sobre os requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalham. A NR 8 tem sua existência jurídica assegurada, em nível de legislação ordinária, nos artigos 170 a 174 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). (SESI-BAHIA, 2008). Podemos encontrar a NR 08 no site: http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm O projeto das instalações deve prever o pé direito conforme o plano diretor do órgão competente. Deve ser projetado um local que não apresente piso irregular, visto que podem prejudicar a movimentação de pessoas e materiais e a aberturas que necessitem permanecer abertas devem ser protegidas, impossibilitando a queda de pessoas e objetos. Quando necessitar desnível no local de trabalho, ele deve ser dotado de rampas ou escadas, que necessitam ser calculadas para resistir ao trânsito de pessoas e materiais. Não podemos esquecer, como já foi visto no capítulo anterior, que o sistema de escadas e rampas deve ser provido de sistema de guarda corpo (rodapé, travessão intermediário e travessão principal) e piso antiderrapante. Os andares acima do solo (terraços, balcões, compartimentos para garagens e outros) que não forem vedados por paredes externas, devem dispor de guarda corpo de proteção contra quedas que esteja de acordo com os seguintes requisitos: • ter altura de 0,90 m, no mínimo, a contar do nível do pavimento; • quando forem vazados, os vãos do guarda corpo devem ter, pelo menos, uma das dimensões igual ou inferior a 0,12 m; Para que os trabalhadores tenham o mínimo de conforto e segurança no ambiente de trabalho, é necessário estabelecer requisitos que devem ser implantados na estrutura (edificação) em que estão localizadas as atividades. 194 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações • ser de material rígido e capaz de resistir ao esforço horizontal de 80 kg/m2 aplicado no seu ponto mais desfavorável. Segundo a NR, as partes externas, bem como todas as partes que separam unidades autônomas de uma edificação, ainda que não acompanhem a estrutura, devem obrigatoriamente observar as normas técnicas oficiais relativas à resistência ao fogo, isolamento térmico, isolamento e condicionamento acústico, resistência estrutural e impermeabilidade. Para a proteção dos trabalhadores quanto a manutenções de telhados, luminárias e fachadas, com altura superior a 2m, deve ser instalado sistema de cabo guia, conforme visualizado na Figura 83, para que seja possível a fixação do cinto de segurança. Sem este EPI, não é permitida a circulação em telhados, pois trata-se de possibilidade de acidente fatal. Figura 83 - Sistema de proteções por cabo guia Fonte: Disponível em: <http://paulochianezzi.blogspot.com.br/2011/10/ dicas-de-seguranca-trabalho-em-altura.html#!/2011/10/dicas-de- seguranca-trabalho-em-altura.html>. Acesso em: 30 out. 2012. Atividade de Estudos: 1) Quais os procedimentos de segurança antes de iniciar as atividades de manutenção de telhados? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 195 Arranjo Físico Capítulo 5 Algumas Considerações Este capítulo apresentou como objetivo o fornecimento de conhecimento na execução de melhorias na disposição do arranjo físico das empresas, para proporcionar um ambiente de trabalho racionalizado, sem esquecer a segurança do trabalho. O arranjo físico de um sistema produtivo busca não só aperfeiçoar as condições de trabalho, a racionalização dos fluxos de produção, a disposição dos postos de trabalho, mas tornar a movimentação das pessoas ainda mais fácil e segura. O planejamento prévio do arranjo físico no processo produtivo determinará o custo da produção, a capacidade de armazenagem e a forma como será conduzida a gestão de segurança da empresa. Tais informações são indispensáveis para se traçar objetivos, metas, ferramentas de controle e procedimentos de segurança, tais como: demarcação de circulação de equipamentos, formas de armazenagem e movimentação de materiais. Os acidentes com equipamentos de movimentação de pessoas e materiais são, muitas vezes, possíveis de serem evitados, porém quando não são identificados os riscos antecipadamente, comprometem não só a máquina, mas os trabalhadores e a imagem da empresa. É primordial, ao finalizarmos este capítulo, entendermos que o funcionamento de um equipamento de movimentação ou içamento implica agruparmos vários conceitos de segurança, desde a concepção do projeto, a instalação do equipamento, a manutenção, as inspeções rotineiras e a percepção do término da vida útil do equipamento. Referências BRASIL. MTE. NR 8 - Edificações. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/ legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm>. Acesso em: 30 out. 2012. ______. NR 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas- regulamentadoras-1.htm>. Acesso em: 30 out. 2012. COSTALONGA, A. G. C. et al. Normas de Armazenamento de Produtos Químicos. Araraquara: Universidade Estadual Paulista, 2010. 196 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações COUTO, H. de A. Ergonomia aplicada ao trabalho – Manual Técnico da Máquina Humana. v. II. Belo Horizonte: Ergo Editora Ltda., 1996. FUNDACENTRO. RTP 2. 2001. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/conteudo.asp?D=CERS-01&C=1167&menuAberto=196>. Acesso em: 30 out. 2012. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. São Paulo: Sa- raiva, 2005. SINALIZAÇÃO de Segurança- NR 26. Minas Gerais: PUC - Minas Núcleo Contagem, 2011. SLACK, N. et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1997. SCHMIDT, T. Projeto de Macro - Layout da Empresa Cisabrasile Ltda. Joinville: Universidade do Estado de Santa Catarina - Centro de Ciências Tecnológicas, 2007. SESI - SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA. Departamento Regional da Bahia. Legislação comentada: NR 26 - Sinalização de Segurança Salvador: Serviço Social da Indústria - SESI, 2008. CAPÍTULO 6 Segurança em Instalações Elétricas A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Identificar medidas de segurança relativas a instalações e serviços com eletricidade, a partir da identificação dos riscos, considerando conceitos e princípios específicos, bem como a legislação vigente. � Analisar incidentes e acidentes de trabalho, considerando conceitos e metodologias específicas que permitam identificar as causas e propor medidas que eliminem/minimize a possível repetição do evento indesejado. 199 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 Contextualização As atividades relacionadas à energia elétrica trazem incrustadas em si riscos inerentes específicos destas atividades. O choque é um deles, sendo este risco um estímulo rápido no corpo humano, ocasionado pela passagem da corrente elétrica. Essa corrente circulará pelo corpo que fará o papel de condutor e aterramento, pois é o ponto mais próximo da terra. A forma como esta corrente passa pelo corpo humano é que vai caracterizar o índice de gravidade da exposição. As de maior gravidade são as que passam pelo coração. É comum abrirmos as páginas dos jornais e encontramos manchetes descrevendo um acidente com eletricidade. Este fato pode ocorrer durante a ligação de uma máquina em um setor industrial, em uma atividade rotineira em casa, durante um roubo de fios e cabos ou durante um fator meteorológico (enchente, raios,etc.). A grande mudança, principalmente em atividades relacionadas com trabalho, ocorreu com a inclusão de itens de treinamento e capacitações nas normas regulamentadoras, o que proporcionou um ganho para a área de saúde e segurança do trabalho. Eletricidade Antes de iniciarmos nosso estudo sobre a segurança nas instalações elétricas, precisamos conhecer como se dá o surgimento deste fenômeno, o qual possibilita facilidades e provoca a movimentação econômica do mundo. A energia elétrica é responsável por alimentar nossos lares, comércios, indústrias, empresas em geral. A simples conservação dos nossos alimentos é proporcionada pela energia elétrica. A principal fonte de geração de energia elétrica ocorre através das usinas hidrelétricas, isto é, ocorre quando a queda de água (energia mecânica) passa pelas turbinas, transformando-a em energia elétrica. No Brasil, de acordo com a FUNDACENTRO (2005), a geração de energia elétrica se dá através de: • Usinas hidroelétricas (80%); • Usinas termoelétricas (11%); A energia elétrica é responsável por alimentar nossos lares, comércios, indústrias, empresas em geral. A simples conservação dos nossos alimentos é proporcionada pela energia elétrica. 200 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações • Outras (eólicas, nuclear) (9%). Basicamente a energia elétrica é dividida em três transformações macro: a geração, a transmissão e a distribuição. Para que este processo se desenvolva de forma cíclica, a usina necessita transformar a energia em elevados níveis de tensão (69/88/138/240/440 kV), que encontramos nas subestações elétricas, e transportá-la através de cabos elétricos em corrente alternada (60 Hertz) até chegar às subestações rebaixadoras. Após este processo, a energia é tratada nas subestações para que seja controlada a sua qualidade quando distribuída aos consumidores. Nesse momento, o nível de tensão é rebaixado e transportado até as redes elétricas através de postes, dutos ou torres. Os cabos e transformadores terão a responsabilidade de fazer o rebaixamento novamente da tensão para que a energia elétrica possa ser utilizada pelo consumidor. Este rebaixamento encontra-se na faixa de 110 / 127 / 220 / 380 V. A unidade de medida da tensão elétrica é o VOLT, que se abrevia sempre por V. O encaminhamento nesta fase final pode ocorrer de forma aérea ou subterrânea. Todo este processo pode ser facilmente visualizado através da Figura 84, que mostra todo o caminho que será percorrido pela energia que utilizamos. Figura 84 - Distribuição da energia elétrica. Fonte: FUNDACENTRO (2005). 201 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 O setor elétrico é definido pela NR 10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade como o Sistema Elétrico de potência (SEP), sendo assim, fica definido que SEP é todo o conjunto das instalações e equipamentos responsáveis pela geração, transmissão e distribuição da energia elétrica. A NR10 é a norma regulamentadora que estabelece obrigações mínimas de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Ela será estudada ainda neste capítulo. Precisamos entender alguns conceitos importantes antes de continuarmos nosso estudo, pois a NR 10 e a ABNT, através das NBR específicas para eletricidade, padronizaram os níveis de tensão, que são classificados em: • Extra baixa tensão: Considera-se extra baixa tensão a tensão não superior a 50 v em corrente alternada entre fases ou fase e terra ou 120 V em corrente contínua. • Baixa tensão: Considera-se baixa tensão a tensão superior a 50V em corrente alternada ou 120 V em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 V em corrente alternada entre fases ou entre fase e terra ou 1500 V em corrente contínua. • Alta tensão: Considera-se alta tensão a tensão superior a 1000 V em corrente alternada entre fases ou entre fase e terra ou 1500 V em corrente contínua. Podemos contar com a ajuda de alguns instrumentos para auxiliar a medição elétrica: O Instrumento Usado Para Medir Corrente Elétrica é o Amperímetro. O Instrumento Usado Para Medir Tensão Elétrica é o Voltímetro. 202 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Um arco elétrico é resultante de uma ruptura dielétrica de um gás a qual produz uma descarga de plasma (gás ionizado), similar a uma fagulha instantânea, resultante de um fluxo de corrente em meio normalmente isolante, tal como o ar. Um termo arcaico para ele é arco voltaico (Fonte: Disponível em: <http://professordiegof. webnode.com.br/arco-eletrico/>. Acesso em: 30 out. 2012). Aterramento Elétrico O termo “Aterramento” se refere à terra e quando especificamos que um equipamento está aterrado, isto quer dizer que pelo menos um de seus componentes está ligado à terra. O aterramento tem como objetivo controlar a tensão em relação à terra dentro dos limites previsíveis. Desse modo, será possível diminuir as interferências eletromagnéticas e reduz os perigos de choque elétrico, no caso de um contato acidental com partes vivas do circuito. O aterramento é um caminho seguro das correntes induzidas pelas descargas em direção à terra, sendo assim, uma ferramenta de segurança no controle de acidentes com eletricidade. É bastante comum encontrarmos máquina e equipamentos sem esta proteção coletiva ou, quando executada, não corresponde à necessidade do equipamento e sua devida proteção. Na ausência de aterramento, a corrente usa o corpo humano como a única ligação da energia com a terra. Dessa forma, é o trabalhador que faz o papelde aterramento junto ao equipamento, ocorrendo o choque elétrico. O percurso da corrente elétrica tem influência na gravidade do choque elétrico. Conforme a figura 85, a corrente elétrica pode percorrer várias partes do corpo humano. O aterramento tem como objetivo controlar a tensão em relação à terra dentro dos limites previsíveis. Desse modo, será possível diminuir as interferências eletromagnéticas e reduz os perigos de choque elétrico, no caso de um contato acidental com partes vivas do circuito. 203 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 Figura 85 - Caminhos percorridos pela corrente elétrica no corpo humano Fonte: FUNDACENTRO (2005). O aterramento correto é aquele executado de forma que a corrente elétrica seja totalmente encaminhada até a terra, sem fuga de corrente, e pode ser executada das seguintes formas: • Eletrodos Naturais: são encontrados em edificações executadas em estrutura metálica que possua fixação através de parafusos compridos na fundação. Após o engastamento dos parafusos no concreto, que podemos observar através da Figura 86, estes passam a fazer o papel de eletrodo e a estrutura metálica de condutor de aterramento. Nesse processo, deve haver perfeita conectividade entre as peças para que não ocorra fuga de corrente. Figura 86 - Eletrodos naturais Fonte: Moreno e Costa (2001). • Eletrodos fabricados: também conhecidos como haste de cobre, é aterrado diretamente no solo e torna-se mais eficiente quando colocada uma haste 204 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações mais profunda do que várias hastes (curtas) e menos profundas. A forma correta de se usar este processo está demonstrada na Figura 87. Figura 87 - Aterramento por haste de cobre Fonte: FUNDACENTRO – RTP 05 (2005). • Eletrodos encapsulados em concreto: descobriu-se que o concreto é um semicondutor de corrente elétrica, mais eficiente do que o próprio solo e que, quando utilizado em conjunto com a armação de aço (conjunto do concreto armado), que é localizada no interior do concreto das fundações, torna-se um perfeito condutor de corrente elétrica (Figura 88). Não há restrições sobre o tipo de fundação, todas podem ser utilizadas como condutoras, no entanto, somente as fundações de periferias possuem as estruturas internas que pouco contribuem para a condutividade da corrente. Figura 88 - Eletrodos encapsulados Fonte: Moreno e Costa (2001). • Outros eletrodos: podem ser utilizados quando nos deparamos com o solo muito rochoso ou arenoso, pois ele tende a ser mais seco e de alta resistividade. Nesse caso, podemos utilizar a malha de cobre. Estrutura de concreto armado (fundação) 205 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 Figura 89 - Malha de cobre Fonte: Moreno e Costa (2001). O aterramento elétrico é considerado uma proteção coletiva (EPC), pois, por se tratar de um fenômeno que não se pode ver, torna-se altamente perigoso, passível de ocorrer a periculosidade ao trabalhador, conforme consta na legislação, a qual veremos a seguir. Atividade de Estudos: 1) No caso da construção de um galpão em concreto armado, conforme figura abaixo, que servirá como indústria de papel, qual a solução de aterramento mais eficiente para este caso? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 206 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações ____________________________________________________ ____________________________________________________ NR 1 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade Os riscos encontrados nas atividades realizadas pelo trabalhador possuem as formas de elidir encontradas em normas regulamentadoras ou normas técnicas. Os riscos encontrados nas atividades de eletricidade são regulamentados pela NR 10. Esta norma apresentou poucas alterações desde a sua criação em 1978, através da Portaria no 3214/1978 do Ministério do Trabalho. A mais significativa ocorreu no ano de 2004, a qual acrescentou itens importantes para a segurança e saúde do trabalhador. O principal item incorporado ao corpo desta NR foi a criação de treinamentos específicos aos trabalhadores envolvidos em serviços com eletricidade, que, até então, não necessitavam conhecer os riscos e os procedimentos de sua profissão, somente a experiência. Podemos encontrar a NR 10 no site: http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm Portanto, todo serviço deve ser planejado e executado por equipes devidamente treinadas e autorizadas de acordo com a NR-10, Portaria no 3214/MTB/78, e com a utilização de equipamentos aprovados pela empresa e em boas condições de uso. A NR 10 estabelece obrigatoriedades nas fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas. Também regulamenta serviços relacionados a qualquer trabalho realizado nas suas proximidades com eletricidade. A NR 10 estabelece obrigatoriedades nas fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas. 207 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 Devem-se observar as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis. Todo o serviço que envolva eletricidade deverá ser planejado e garantir medidas de segurança ao trabalhador. Para isso, são estabelecidas determinações na NR 10 que devem ser seguidas: • As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares, atualizados, (conforme Figura 90) das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção. Figura 90 - Diagrama Unifilar Fonte: Disponível em: <http://www.cefetsp.br/edu/jaan/ com_ele.html>. Acesso em: 30 out. 2012. Diagrama UNIFILAR: é uma representação gráfica do circuito elétrico em sua totalidade e respectivos dispositivos elétricos, de forma organizada, desde a fonte (transformador(es) próprio(s), rede secundária em baixa tensão da concessionária de energia elétrica e/ ou geração própria) até as cargas. Sob o ponto de vista da segurança do trabalho, o esquema unifilar é necessário para a elaboração da APR (Análise Preliminar de Riscos), antes de aplicar o procedimento de “desenergização” previsto na NR-10. 208 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações • Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 KW devem constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto no subitem 10.2.3, no mínimo: 1) conjunto de procedimentos, instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR, bem como descrição das medidas de controle existentes; 2) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos; 3) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR; 4) documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados; 5) resultados dos testes de isolamento elétrico realizados em equipamentos de proteção individual e coletiva; 6) certificaçõesdos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas; 7) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações, conforme os itens anteriores. Todo o documento técnico que está previsto no prontuário de Instalações Elétricas deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado. Para que os serviços sejam executados com segurança, devem ser seguidas as determinações da NR, as quais envolvem EPC e EPI. Equipamento de Proteção Coletiva – EPC é todo dispositivo, sistema ou meio, fixo ou móvel, de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores usuários e terceiros. Equipamento de Proteção Individual- EPI é todo dispositivo de uso individual utilizado pelo empregado, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. 209 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 Como forma de proteção coletiva, primeiramente devem-se esgotar as alternativas de desenergização elétrica. Quando isso não for possível, deve-se utilizar outro sistema de proteção coletiva e individual. O aterramento das instalações elétricas é considerado um EPC e, por isso, deve ser executado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacionais vigentes. Em caso de esgotadas as possibilidades de desenergização, são necessárias algumas intervenções de segurança durante a realização das atividades. Quando as intervenções devem ser realizadas em instalações elétricas, igual ou superior a 50 Volts em corrente alternada ou superior a 120 Volts em corrente contínua, estas devem somente ser executas por profissional qualificado, isto é, que comprove conclusão de curso específico na área elétrica, reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. Entende-se por profissional capacitado aquele que: • recebeu treinamento por profissional habilitado (registrado no conselho de classe); • trabalhe sob as orientações do profissional habilitado; • tenha anuência anual da empresa; • registro da função em carteira de trabalho; • estar submetido aos exames de saúde, conforme PCMSO especificado na NR 7; • o treinamento deve ser fornecido pela empresa e reciclagem bienal, porém se faz necessário seguir o conteúdo que a NR 10 estipula: CURSO BÁSICO – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE I - Para os trabalhadores autorizados: carga horária mínima – 40h: Programação Mínima: 1. Introdução à segurança com eletricidade. 2. Riscos em instalações e serviços com eletricidade: a) o choque elétrico, mecanismos e efeitos; 210 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações b) arcos elétricos; queimaduras e quedas; c) campos eletromagnéticos. 3. Técnicas de Análise de Risco. 4. Medidas de Controle do Risco Elétrico: a) desenergização. b) aterramento funcional (TN / TT / IT); de proteção; temporário; c) equipotencialização; d) seccionamento automático da alimentação; e) dispositivos a corrente de fuga; f) extra baixa tensão; g) barreiras e invólucros; h) bloqueios e impedimentos; i) obstáculos e anteparos; j) isolamento das partes vivas; k) isolação dupla ou reforçada; l) colocação fora de alcance; m) separação elétrica. 5. Normas Técnicas Brasileiras – NBR da ABNT: NBR-5410, NBR 14039 e outras; 6. Regulamentações do MTE: a) NRs; b) NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade); c) qualificação; habilitação; capacitação e autorização. 211 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 7. Equipamentos de proteção coletiva. 8. Equipamentos de proteção individual. 9. Rotinas de trabalho – Procedimentos: a) instalações desenergizadas; b) liberação para serviços; c) sinalização; d) inspeções de áreas, serviços, ferramental e equipamento; 10. Documentação de instalações elétricas. 11. Riscos adicionais: a) altura; b) ambientes confinados; c) áreas classificadas; d) umidade; e) condições atmosféricas. 12. Proteção e combate a incêndios: a) noções básicas; b) medidas preventivas; c) métodos de extinção; d) prática; 13. Acidentes de origem elétrica: a) causas diretas e indiretas; b) discussão de casos; 212 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 14. Primeiros socorros: a) noções sobre lesões; b) priorização do atendimento; c) aplicação de respiração artificial; d) massagem cardíaca; e) técnicas para remoção e transporte de acidentados; f) práticas. 15. Responsabilidades. Fonte: Disponível em: <http://www.centeccursos.com.br/var/upload/ Apostila%20NR%2010_CENTEC.pdf>. Acesso em: 25 de nov. 2012. A NR 10, por diversos momentos, cita itens que devemos ter conhecimento para que as atividades com eletricidade sejam executadas com segurança. Existem zonas de acesso que são identificadas na NR conforme a tensão da instalação elétrica. Isso deve ser observado, através do planejamento da atividade, antes de iniciá-la, seguindo a Tabela 7, que especifica os raios de distância que devem ser respeitados durante a execução das atividades. 213 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 Tabela 7 - Raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre Fonte: FUNDACENTRO (2005). A NR 10 também especifica as distâncias que devem ser respeitadas conforme a área energizada, de forma a evitar contato acidental, conforme Tabela 7 anteriormente citada e as figuras 91 e 92. Sendo assim, ficam estabelecidas duas zonas principais na NR 10: • Zona de Risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho. • Zona Controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada, 214 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados. Leitura complementar, ótima leitura de NR10: Segurança em instalações e serviços em eletricidade. Manual de treinamento – CPNSP. Figura 91 - Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre Fonte: FUNDACENTRO (2005). Figura 92 - Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de superfície de separação física adequada Fonte: FUNDACENTRO (2005). Sendo: • ZL = Zona livre. • ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados. 215 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 • ZR = Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho. • PE = Ponto de instalação energizado. • SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos dispositivos de segurança. Como a eletricidade é um fenômeno que não está visível para os olhos humanos e escapa aos nossos sentidos, será percebida somente quando transformada através da iluminação, calefação, etc. Por esse motivo, os trabalhadores, muitas vezes, ficam expostos aos riscos que tal fenômeno apresenta. Portanto, é fundamental seguir as obrigatoriedades desta NR, que tem o objetivo de assegurar o bem-estar e a segurança dos trabalhadores envolvidos em atividades de eletricidade. Atividade de Estudos: 1) Em uma atividade cuja tensão nominal da instalação elétrica encontra-se entre >110 e <132 kV, qual a RR e RC para a liberaçãoda ZR e ZC? Faça o desenho em escala e descreva o que quer dizer cada valor encontrado. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 216 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações NBR 5410 A NR 10 estabelece que quando houver ausência ou omissão desta NR, as normas complementares cabíveis devem ser utilizadas como referência, sendo assim, a NBR 5410 é uma destas Normas que complementam e auxiliam a segurança nos serviços correspondentes à eletricidade. Sua criação se deu no ano de 1941, porém os textos originais foram retirados do Código de Instalações Elétricas da antiga Inspetoria Geral de Iluminação. Possuía o título inicial de Norma Brasileira para a Execução de Instalações Elétricas e, após sua criação, houve diversas atualizações, todas realizadas pela CE-03:064.01: Comissão de Estudos de Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Site de orientação quanto à NRB 5410: http://www.sesmt.com.br/portal/index.php?option=com_ content&view=article&id=51:art-guia-em-da-nbr-5410&catid=44: cat- nbr5410&Itemid=62 A NRB 5410 estabelece as condições que as instalações elétricas de baixa tensão devem satisfazer, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação dos bens. Esta Norma aplica-se principalmente às instalações elétricas de edificação, residencial, comercial, pública, industrial, de serviços, agropecuária, hortigranjeira e também: • áreas descobertas das propriedades, externas às edificações; • reboques de acampamento (trailers), locais de acampamento (campings), marinas e instalações análogas; • canteiros de obra, feiras, exposições e outras instalações temporárias; • circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal igual ou inferior a 1000 V em corrente alternada, com frequências inferiores a 400 Hz, ou a 1500 V em corrente contínua; A NRB 5410 estabelece as condições que as instalações elétricas de baixa tensão devem satisfazer, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação dos bens. 217 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 • circuitos elétricos, que não os internos aos equipamentos, funcionando sob uma tensão superior a 1000 V e alimentados através de uma instalação de tensão igual ou inferior a 1000 V em corrente alternada (por exemplo, circuitos de lâmpadas a descarga, precipitadores eletrostáticos, etc.); • toda fiação e toda linha elétrica que não sejam cobertas pelas normas relativas aos equipamentos de utilização; • linhas elétricas fixas de sinal (com exceção dos circuitos internos dos equipamentos). Esta NBR dispõe de itens que devem ser adotados em edificações novas ou já existentes. A NBR 5410 nos fornece todos os parâmetros que devem ser seguidos quanto às atividade de instalações elétricas de baixa tensão, quanto às instalações tendo influência do ambiente (através de tabelas complementares), quanto a manutenções, ensaios, dispositivos de proteção e toda a referência técnica para estas atividades. Acesso aos títulos das normas técnicas consulte a ABNT no endereço eletrônico http://www.abnt.org.br. Esta NBR não contempla serviços relacionados a: • instalações de tração elétrica; • instalações elétricas de veículos automotores; • instalações elétricas de embarcações e aeronaves; • equipamentos para supressão de perturbações radioelétricas, na medida em que não comprometam a segurança das instalações; • instalações de iluminação pública; • redes públicas de distribuição de energia elétrica; • instalações de proteção contra quedas diretas de raios. No entanto, esta Norma considera as consequências dos fenômenos atmosféricos sobre as instalações 218 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações (por exemplo, seleção dos dispositivos de proteção contra sobretensões); • instalações em minas; • instalações de cercas eletrificadas. Leitura complementar. Normas complementares a esta Norma as ABNT NBR 13534, ABNT NBR 13570 e ABNT NBR 5418. Atividade de Estudos: 1) Identifique se, de acordo com a NBR5410, os itens apresentados são verdadeiros ou falsos: a) Esta NBR não se aplica a canteiros de obra já existentes ( ); b) Somente será utilizada esta NBR em circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal igual ou inferior a 1200 V em corrente alternada, com frequências inferiores a 600 Hz, ou a 1900 V em corrente contínua ( ); c) Os circuitos elétricos, que não os internos aos equipamentos, funcionam sob uma tensão superior a 1 000 V e alimentados através de uma instalação de tensão igual ou inferior a 1 000 V em corrente alternada ( ). Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual Como vimos em capítulos anteriores, proteção coletiva deve ser adotada como primeira alternativa, principalmente em serviços relacionados à eletricidade, que afetam diretamente a todos os envolvidos na atividade. Como forma de proteção coletiva, primeiramente, devem-se esgotar as alternativas de desenergização elétrica. Quando isto não for possível, deve- 219 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 se utilizar outros sistemas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático. A seguir, na Figura 93, apresentamos alguns meios de proteção coletiva. Figura 93 - Proteção coletiva para atividades envolvendo eletricidade Cone com ou sem sinalizador (strobo). Fita de sinalização Grade metálica dobrável Banqueta isolante Manta isolante Cobertura isolante Sinalização de áreas de trabalho e obras em vias públicas ou rodovias e orientação de trânsito de veículos e de pedestres, podendo ser utilizado em conjunto com a fita zebrada, sinalizador STROBO, bandeirola, etc. Utilizada quando da delimitação e isolamento de áreas de trabalho. Isolamento e sinalização de áreas de trabalho, poços de inspeção, entrada de galerias subterrâneas e situações semelhantes. Isolar o operador do solo durante operação do equipamento guindauto, em regime de linha energizada. 220 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Escadas de mão Fonte: FUNDACENTRO (2005). O aterramento das instalações elétricas, outro EPC, deve ser executado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacionais vigentes. O aterramento temporário deve ser executado quando realizar atividades em redes desenergizadas, pois, em caso de ligamento da rede acidentalmente, o trabalhador terá sua segurança garantida. Quanto ao uso de EPI, devemos salientar que, em conformidade com a NR 6 - Equipamento de Proteção Individual: a) Cabe ao empregador • adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade; • exigir o seu uso; O aterramento temporário deve ser executado quando realizar atividades em redes desenergizadas, pois, em caso de ligamento da rede acidentalmente, o trabalhador terá sua segurançagarantida. 221 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 • fornecer ao empregado somente EPIs aprovados pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; • orientar e capacitar o empregado quanto ao uso adequado acondicionamento e conservação; • substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; • responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; • comunicar ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) qualquer irregularidade observada. b) Cabe ao empregado • utilizar apenas para a finalidade a que se destina; • responsabilizar-se pelo acondicionamento e conservação; • comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; • cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. Para os serviços relacionados à eletricidade, são necessários equipamento de proteção individual, tão importantes quanto os EPCs. Através da Figura 94, são apresentados os EPIs utilizados como proteção em eletricidade. Figura 94 - EPIs utilizados na atividade com eletricidade Capacete de proteção com aba Utilizado para proteção da cabeça do empregado contra agen- tes metereológicos (trabalho a céu aberto) e trabalho em local confinado, impactos provenientes de queda ou projeção de objetos, queimaduras, choque elétrico e irradiação solar. Este EPI deve ter jugular. Para os serviços relacionados à eletricidade, são necessários equipamento de proteção individual, tão importantes quanto os EPCs. 222 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Capacete com viseira Óculos de proteção Protetor auricular Máscara Respiratória Luva de Proteção Utilizado para proteção dos olhos contra impactos mecânicos, partículas volantes e raios ultravioletas. Utilizado para proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que apresentem ruídos excessivos Utilizada para proteção das mãos e braços do empregado contra choque em trabalhos e atividades com circuitos elétricos energizados e com presença de agentes abrasivos e químicos. Cada uma com sua função específica. Utilizado para proteção respiratória em atividades e locais que apresentem tal necessidade, em atendimento a Instrução Normativa Nº1 de 11/04/1994 – (Programa de Proteção Respiratória - Recomendações/ Seleção e Uso de Respiradores). Utilizado para proteção da cabeça e face, em trabalho onde haja risco de explosões com projeção de partículas e queima- duras provocadas por abertura de arco voltaico. 223 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 Sapato de proteção Cinto de segurança Talabarte Trava quedas Bloqueador solar Fonte: FUNDACENTRO (2005). Utilizado para proteção dos pés contra torção, escoriações, derrapagens e umidade. Utilizado para proteção do empregado contra quedas em serviços onde exista diferença de nível. Utilizado para proteção do empregado contra queda em serviços onde exista diferença de nível, em conjunto com cinturão de segurança tipo pára- -quedista e mosquetão tripla trava. Utilizado para proteção do empregado contra queda em serviços onde exista diferença de nível, em conjunto com cinturão de segurança tipo pára-quedista. Utilizado para proteção do empregado contra ação dos raios sol. 224 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Atividade de Estudos: 1) Quando o trabalhador realizar serviços em via movimentada e no horário comercial em poste com queda de energia, qual o EPC e EPI que deverá possuir? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Análise Preliminar de Risco Todos os procedimentos que envolvem eletricidade devem ser providos de toda a segurança possível por se tratar de um risco, na maioria das vezes, fatal. Para que este fato seja neutralizado, todas as intervenções junto a instalações elétricas devem ser dotadas de medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. Esta técnica trata-se, segundo a FUNDACENTRO (2005), de uma análise prévia de riscos que tem como objetivo antecipar a previsão da ocorrência danosa para pessoas, processos, equipamentos e meio ambiente. É elaborada através do estudo, questionamento, levantamento, detalhamento, criatividade, análise crítica e autocrítica, com consequente estabelecimento de precauções técnicas necessárias para a execução das tarefas (etapas de cada operação), de Todos os procedimentos que envolvem eletricidade devem ser providos de toda a segurança possível por se tratar de um risco, na maioria das vezes, fatal. 225 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 forma que o trabalhador tenha sempre o controle das circunstâncias, por maiores que forem os riscos. Ainda, segundo a Fundação, a Análise Preliminar de Risco, conforme Figura 95, é uma visão técnica antecipada do trabalho a ser executado, que permite a identificação dos riscos envolvidos em cada passo da tarefa e, ainda, propicia condição para evitá-los ou conviver com eles em segurança. Por se tratar de uma técnica aplicável a todas as atividades, a Análise Preliminar de Risco promove e estimula o trabalho em equipe e a responsabilidade solidária. Figura 95 - Exemplo de APR- Análise Preliminar de Risco Fonte: FUNDACENTRO (2005). 226 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Acesso ao manual elaborado pela FUNDACENTRO. http://www.fundacentro.gov.br/conteudo.asp?D=ctn&C= 939&menuAberto=348 A APR é uma ferramenta de gestão de segurança do trabalho obrigatória pela NR 10, mas, independente desta obrigatoriedade, é fundamental para fortalecer a segurança dentro das atividades de eletricidade. Atividade de Estudos: 1) Analise uma situação de atividade envolvendo eletricidade, crie e preencha uma APR, partindo do modelo abaixo. Desenvolva principalmente os riscos envolvidos na atividade analisada. A APR é uma ferramenta de gestão de segurança do trabalho obrigatória pela NR 10, mas, independente desta obrigatoriedade, é fundamental para fortalecer a segurança dentro das atividades de eletricidade. 227 Segurança em Instalações Elétricas Capítulo 6 Algumas Considerações Este capítulo teve como objetivo fornecer conhecimento sobre a execução de atividades relacionadas com energia elétrica. Foi possível, através de um conhecimento mais amplo da legislação vigente, aprimorar técnicas que facilitam o dia a dia daqueles que trabalham diretamente com profissionais que executam atividades junto à eletricidade. 228 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Foi visto que em todos os itens de segurança, o planejamento é uma grande ferramenta de auxílio quanto à minimização e/ou neutralização dos riscos, mas, neste capítulo, esta ferramenta se evidenciou por ser obrigatória, estabelecida pela norma (NR 10), e ser utilizada antesdo início das atividades rotineiras. Se realmente for colocada em prática, é possível afirmar que temos em mãos uma ferramenta de gestão, capaz de estruturar uma atividade, possibilitando que esta seja realizada em perfeita sintonia com a segurança. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, mar. 2005. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Colaboração de Antonio L. de Toledo Pinto, Mércia V. dos Santos Windt e Lívia Céspedes. 29. ed. atual e aum. São Paulo: Saraiva, 2002. 1167p. ______. MTE. NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/ nr_11.pdf>. Acesso em: 30/10/2012. FUNDACENTRO. Manual de Treinamento Curso Básico Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade - NR 10. Comissão tripartite permanente de negociação do setor elétrico no estado de São Paulo – CPN. São Paulo, 2005. MORENO, Hilton; COSTA, Paulo Fernandes. Aterramento Elétrico. PROCOBRE- Instituto Brasileiro de Cobre. São Paulo, 2001.