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Brasília-DF. Fitoterapia aplicada à estética Elaboração Juliana Lopez de Oliveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNODE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 5 UNIDADE I INTRODUÇÃO À ESTÉTICA ...................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 HISTORICIDADE DOS PADRÕES DE BELEZA ................................................................................ 9 CAPÍTULO 2 SISTEMA TEGUMENTAR ............................................................................................................ 13 UNIDADE II FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA ....................................................................................................... 21 CAPÍTULO 1 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO .................................................................................................. 21 CAPÍTULO 2 DISCROMIAS .......................................................................................................................... 44 CAPÍTULO 3 ACNE VULGARIS ..................................................................................................................... 54 CAPÍTULO 4 CABELOS ............................................................................................................................... 60 CAPÍTULO 5 HIDROLIPODISTROFIA GINOIDE ............................................................................................... 69 CAPÍTULO 6 FITOTERAPIA EM FLACIDEZ CUTÂNEA ..................................................................................... 100 UNIDADE III FITOCOSMÉTICOS ............................................................................................................................. 104 CAPÍTULO 1 FITODERMOCOSMÉTICOS ................................................................................................... 104 PARA (NÃO) FINALIZAR .................................................................................................................. 115 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 116 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 6 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução O mercado da estética é emergente e a demanda por profissionais especializados para atuar nesse cenário também é crescente. Para alcançar um “ideal de beleza”, pessoas procuram diferentes métodos para alcançar suas metas por meio de dietas, exercícios físicos e cirurgias plásticas. Trabalhar com mecanismos que podem interferir na autoestima e na satisfação da imagem corporal é um fenômeno complexo. A busca por orientação nutricional, suplementação e fitoterapia para fins esportivos e estéticos têm crescido de forma exponencial. Esse é um campo novo no cenário da saúde. O presente caderno de estudos foi desenvolvido com o objetivo de enriquecer seus conhecimentos relativos à ação dos fitoquímicos e fitoterápicos no tratamento de desordens estéticas e melhora do desempenho físico. Cada capítulo representa um convite à reflexão de diferentes aspectos relacionados à fitoterapia, sendo de fundamental importância lembrar que a busca e aprimoramento de conhecimento não termina ao final da leitura destas páginas. Ao contrario, nosso objetivo é orientá-lo de uma forma abrangente e despertar o espírito crítico associado ao interesse pelo aprofundamento dos conhecimentos relativos às questões aqui apresentadas. Objetivos » Apresentar os principais conceitos relativos à fitoterapia no tratamento de desordens estéticas. » Abordar os principais aspectos fisiopatológicos relacionados a cada desordem estética. » Analisar os mecanismos por meio dos quais os fitoquímicos atuam no tratamento da desordem estética. 9 UNIDADE IINTRODUÇÃO À ESTÉTICA CAPÍTULO 1 Historicidade dos padrões de beleza O costume de ornamentar o corpo existe desde os tempos mais primórdios e os conceitos de beleza se modificaram no decorrer da história. Cada cultura “modela” ou “fabrica” à sua maneira um corpo humano. Cada sociedade imprime, no corpo físico, determinadas transformações, mediante as quais o cultural se inscreve e grava sobre o biológico; arranhando, perfurando, queimando a pele. Inscrevem verdadeiras obras artísticas ou indicadores rituais de posição social: mutilação do pavilhão auricular, corte ou distensão do lóbulo, perfuração do septo, dos lábios, da face, alongamento do pescoço, apontamento ou extração de dentes, atrofiamento dos membros, musculação, obesidade ou magreza, bronzeamento, cortes de cabelo, penteados, pinturas, tatuagens, entre outras práticas que tentam ser explicadas por razões sociais, de ordem ritual ou estética [...]. Fonte: Castellan,C. Moda e Estética. In: PUJOL, AP. Nutrição aplicada à Estética, 2011. A influência da moda nos padrões de beleza O que é beleza? Muito é questionado sobre o que é beleza, pois os conceitos de beleza se modificaram no decorrer da história. Na Grécia antiga, o corpo era visto como elemento de glorificação e de interesse do Estado, além de valorizado por sua capacidade atlética, sua saúde e sua fertilidade. Porém, a partir da Idade Média toda e qualquer preocupação com o corpo era proibida, e cobrir o corpo era obrigação religiosa, de fé e de temor. Tal pensamento só é alterado durante o Período Renascentista. 10 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À ESTÉTICA Siebert (1995) e Rosário (2004) relatam que no Período Renascentista o trabalho artesão e a realização terrena passam a ser valorizados, em conjunto com o pensamento científico e o estudo do corpo. Nesse período a redescoberta do corpo, principalmente no que diz respeito às artes, com o corpo nu aparecendo como destaque por escultores e pintores, como Michelangelo, Da Vinci, entre outros. No Renascimento se fez o uso de maquiagem e tinturas de cores mais claras no cabelo, como na Itália, quando as mulheres ficavam ao sol para clarear algumas mechas. Posteriormente a esse período, as mulheres eram exuberantes e mais gordinhas (como as representadas pelo pintor Rubens). A inovação nos trajes femininos vem de meados do século XVI, quando os decotes começam a ser explorados. É o princípio da sedução, as mulheres da corte querem ser atraentes, têm o compromisso elisabetano de deixar o colo exposto. No século XVIII, a beleza estava nos exageros da vida na corte, o ideal feminino era representado pela rainha Maria Antonieta. Durante o século XIX e nas primeiras décadas do século XX, as mulheres sofriam com apertados espartilhos para ficar com a cintura excessivamente fina. Com o cataclismo da Segunda Guerra Mundial, a moda sofre transformações e as silhuetas são obrigadas a ficar escondidas sob trajes de aspecto militar. No pós-guerra, em 1947, surge o “new look” do grande estilista francês Christian Dior (1905-1957), que enfatizava as formas com cinturas finas e bem marcadas, exigindo que as mulheres partissem para regimes e cuidados até então esquecidos no período da guerra. Cintas recomeçam a ser vendidas para evidenciar a cintura e seios exuberantes. Na década de 1920 e 1930 quem estipulava os ideais de beleza eram as artistas de Hollywood como Marlene Dietrich, por exemplo. Atualmente, os desfiles de moda e as celebridades do cinema e da televisão ditam o que deve ser considerado belo e ideal. Por esse motivo, os distúrbios alimentares (como a anorexia e a bulimia) são mais propensos a surgirem do que nas outras épocas da história na qual esses conceitos estéticos não eram muito rígidos. É importante ressaltar que para ser belo é preciso que exista um equilíbrio entre a saúde e beleza, pois é indiscutível que a saúde do organismo reflete na pele, nos cabelos, nas unhas etc. 11 INTRODUÇÃO À ESTÉTICA │ UNIDADE I A influência da mídia nos padrões de beleza O conflito entre o corpo real e o ideal, imposto e estimulado de forma exponencial pela mídia, muitas vezes leva as mulheres a uma busca por dietas radicais e cirurgias plásticas prejudiciais à saúde física e mental. Observa-se a multiplicação de casos de distorção da imagem corporal, que resultam em distúrbios alimentares, como a anorexia e bulimia. Segundo Fernandes (2005, p.13), [...] o corpo está em alta! Alta cotação, alta produção, alto investimento... alta frustração. Alvo do ideal de completude e perfeição, veiculado na pós-modernidade, o corpo parece servir de forma privilegiada, por intermédio da valorização da magreza, da boa forma e da saúde perfeita, como estandarte de uma época marcada pela linearidade anestesiada dos ideais [...] A visão errônea da imagem corporal reflete a percepção do próprio corpo como maior ou mais pesado que ele é na verdade, sobretudo após a comparação com modelos de beleza impostos pela mídia. Nesse sentido, a imagem corporal é uma percepção que integra os níveis físico, emocional e mental. Segundo Cury (2005), não estar bonita pode levar à perda da autoestima e à insegurança. Para Castilho (2001), as mulheres são mais propensas a ter uma imagem corporal negativa que os homens, já que, em geral, são mais estimuladas pela sociedade a avaliar seu valor pessoal como dependente de uma atração física. De uma forma geral, os meios de comunicação são tendenciosos na sua grande maioria, não divulgam as notícias com imparcialidade e geralmente se colocam a serviço da classe dominante e do capital. Campos (2007) diz: Ao mesmo tempo em que publicam uma notícia sobre o corpo visando à saúde e ao bem-estar, publicam inúmeras promovendo a doença, seja física ou psíquica. Promovem a doença física, com incentivo ao fumo, ao álcool, a práticas e intervenções cirúrgicas visando à estética e provavelmente servindo a grandes empresas que vendem produtos, medicamentos, próteses, entre outros. O ser humano procura adquirir tudo o que as propagandas colocam como objetos de satisfação pessoal, os corpos se transformam em busca de satisfação que na grande maioria das vezes deve gerar angustia, pois as propagandas estão servindo aos interesses do sistema capitalista daquele momento [...] A mulher é mais influenciada pela mídia, pois culturalmente a mensagem transmitida para a maioria das mulheres é a de que tanto seus corpos como elas mesmas só terão 12 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À ESTÉTICA aprovação e aceitação se forem atraentes e em perfeitas condições de saúde, para assim conquistarem um posto de poder e status. O resultado disso é o crescente número de adolescentes insatisfeitas com o próprio corpo, quando na verdade estão com peso aceito não só pela sociedade, mas dentro da normalidade pelo índice de massa corporal (IMC) preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim, os indivíduos fazem quase tudo para manter o corpo dentro dos modelos construídos e dominantes, abrindo espaço para uma indústria do corpo; a matéria física precisa entrar, então, em uma linha de produção que inclui ginástica, musculação, regimes alimentares, tratamentos estéticos, tratamentos de saúde, consumo da moda e de bens. As indústrias da beleza, da saúde e do status têm no corpo seu maior consumidor, e então à espera de homens e mulheres, academias, estéticas, salões de beleza, spas, clínicas médicas, hospitais, estilistas, costureiros, butiques, entre outros. O corpo está a serviço, portanto, da produção que o domina, utilizando-se da ilusão de fazê-lo belo, saudável e forte. Fonte: Castellan, C. Moda e Estética. In: PUJOL, AP. Nutrição aplicada à Estética, 2011. 13 CAPÍTULO 2 Sistema tegumentar A pele e seus órgãos acessórios, como pelos, unhas, glândulas e receptores especializados, constituem o sistema tegumentar. A pele é um dos maiores órgãos em área de superfície e peso. É composta pela epiderme, de epitélio estratificado pavimentoso queratinizado; e pela derme, de tecido conjuntivo. Subjacente, unindo-a aos órgãos, há a hipoderme (ou fáscia subcutânea), de tecido conjuntivo frouxo e adiposo. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013) Em mamíferos, esse competente é a barreira que protege contra a exposição a estímulos nocivos no meio ambiente e na circulação sistémica. Essas exposições podem ocorrer por meio do contato direto com produtos químicos nocivos; ambientalmente por meio da exposição a poluentes atmosféricos, terapeuticamente por meio da administração de cremes tópicos, ou por meio de um número de exposições sistêmicas. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013) Funções da pele » regulação da temperatura corporal; » proteção; » sensação; » excreção; » imunidade; » síntese de vitamina D3. Camadas da pele Estruturalmente a pele consiste de três partes principais: 1. Epiderme. 2. Derme. 3. Hipoderme. 14 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À ESTÉTICA Figura 1. Camadasda pele. Fonte: Adaptado de Schrader et al., 2012. Epiderme A epiderme é composta de epitélio escamoso estratificado queratinizado e contém quatro tipos de células: queratinócitos, melanócitos, células de langerhans e merkel. O queratinócito (kerato = córneo) é uma célula que sofre queratinização. No processo de queratinização, as células formadas nas camadas basais são empurradas para a superfície, acumulando queratina e, ao mesmo tempo, o citoplasma, núcleo e outras organelas desaparecem e as células morrem. As células queratinizadas descamam e são substituídas pelas células subjacentes que, por sua vez, se tornam queratinizadas. Esse processo dura de 2 a 4 semanas. Os queratinócitos são capazes, também, de produzir e secretar fatores de crescimento, hormônios, mediadores da resposta inflamatória e da resposta imune, como: citocinas e proteínas de baixo peso molecular capazes de participar de regulação da resposta imunológica (Interleucinas IL-1, IL-6, IL-7, IL-8, IL-10, IL-12, Interferon, Fator de Necrose Tumoral (TNF), Fator Crescimento de Fibroblastos). Os melanócitos (melan = negro) produzem melanina, um dos pigmentos responsáveis pela cor da pele, e absorve radiação ultravioleta. As células de Langerhans atuam nas respostas imunológicas e são facilmente lesadas pela radiação. Essas células são capazes de detectar antígenos, os captam e apresentam aos linfócitos T locais. Já as células de merkel são responsáveis pela sensação do tato. 15 INTRODUÇÃO À ESTÉTICA │ UNIDADE I Camadas da epiderme As características da epideme variam de acordo com a região do corpo e os estímulos de pressão e atrito sofridos na região. A palma das mãos e a planta dos pés, que sofrem um atrito maior, possuem uma epiderme constituída por várias camadas celulares e por uma camada superficial de queratina bastante espessa. Esse tipo de pele foi denominado pele grossa (ou espessa). Não possui pêlos e glândulas sebáceas, mas as glândulas sudoríparas são abundantes. A pele do restante do corpo tem uma epiderme com poucas camadas celulares e uma camada de queratina delgada e foi designada pele fina (ou delgada). A epiderme da pele grossa mede 0,8 a 1,4mm, enquanto a da pele fina, 0,07 a 0,12mm. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013) A epiderme é constituída por quatro camadas: o estrato basal, o estrato espinhoso, o estrato granuloso e o estrato córneo. Figura 2. Camadas da epiderme. Fonte: adaptado de Neill, 2015. A camada basal (basale = base) contém células que são capazes de divisão celular continuada e melanócitos. As células se multiplicam produzindo queratinócitos, que são empurrados para a superfície e se tornam parte das camadas mais superficiais (queratinização). O estrato basal também contém células de merkel, que são sensíveis ao tato. 16 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À ESTÉTICA Estrato espinhoso (spinosum = em forma de espinho) é uma camada da epiderme que contém cerca de 10 fileiras (lâminas) de células poliédricas (de muitos lados) com projeções semelhantes a espinhos. A melanina também é encontrada nessa camada. Estrato granuloso (granulum = pequeno grão) é a terceira camada da epiderme e consiste de cerca de cinco fileiras de células planas com grânulos de cor escura. O estrato lúcido (lucidum = claro) está presente somente na pele espessa das palmas das mãos e planta dos pés. Ela consiste de cerca de cinco fileiras de células mortas. O estrato córneo (corneum = endurecido) consiste de cerca de 30 fileiras de células planas mortas, essas fileiras são completamente preenchidas por queratina. Essa camada evita a perda de H2O trans-epidérmica. O estrato córneo contém um fator de hidratação natural (NMF) que é essencial para a hidratação adequada do estrato córneo, a homeostase da barreira, descamação e plasticidade. Há uma redução significativa no nível de NMF relacionada à idade. A concentração de água nessas camadas depende do fator natural de hidratação (NMF – natural moisturizer factor), que é formado, principalmente, por ácido carboxílico da pirrolidona (pca), ácido urocânico, lactato, ureia, serina, glicina, arginina, ornitina, citrulina, alanina, histidina e fenilalanina. (HARDING et al., 2003) O NMF é indispensável para manter as propriedades mecânicas do estrato córneo, pois tem uma ação lipofilmógena (HARDING et al., 2003). Além do NMF, a camada lipoproteica epidérmica também é fundamental. A barreira lipídica é constituída, principalmente, de ceramidas (40%), colesterol livre e composto (25%), ácidos graxos livres (25% - ácido oléico e palmítico principalmente) e fosfolipídeos. (HARDING et al., 2003; CASPERS et al., 2003) Outro componente importante para a hidratação da pele são as aquaporinas (AQP). Aquaporinas são proteínas da membrana que transportam água e, em alguns casos, também pequenos solutos, como glicerol. As aquaporinas desempenham papel fundamental na hidratação da pele. Na epiderme são expressas aquaporinas do tipo 3 (AQP3), porém essas proteínas estão amplamente distribuídas nos tecidos. (VERKMAN, 2005) Estudos revelam que animais carentes de aquaporinas 3 apresentam menor hidratação do estrato córneo e, isso pode ser explicado pela redução no transporte de glicerol para a epiderme (VERKMAN, 2005). Outras pesquisas mostraram que o uso de hidratantes que estimulam aquaporinas podem promover aumento da expressão gênica e protéica dessas proteínas e de 2 vezes no índice de glicerol no extrato córneo. (SCHRADER et al., 2012) 17 INTRODUÇÃO À ESTÉTICA │ UNIDADE I Derme A derme (derma = pele) é composta de tecido conjuntivo contendo fibras colágenas e elásticas. A combinação de fibras colágenas e elásticas dá à pele sua força, extensabilidade (capacidade de extensão) e elasticidade (capacidade de retornar à forma original após uma extensão). As pequenas lacerações na pele devido à distenção extensa que permanecem visíveis como linhas brancas são denominadas estrias (stria = faixa). A derme contém, principalmente, fibroblastos, os macrófagos e os adipócitos. A matriz extracelular é composta por mucopolissacarídeos, glicosaminoglicanas (ácido hialurônico, sulfato heparina, condroitina). Os glicosaminoglicanos atuam também na produção de colágeno pelos fibroblastos, bem como no seu arranjo tridimensional. Além disso, os proteoglicanos são capazes de incrementar o depósito de colágeno e reconstituir a matriz extracelular. Glicosaminoglicanos são cadeias de polissacarídeos ligados a proteínas na forma de proteoglicanos, os quais se associam ao colágeno, determinando a organização da matriz. (GUIRRO; GUIRRO, 2005) A elastina é uma proteína altamente hidrofóbica (c/ 750 aas), principal componente das fibras elásticas. É rica em prolina e glicina, porém apresenta pouca hidroxiprolina e hidroxilisina por não ser glicosilada. São secretadas para o espaço extracelular e se agrupam em fibras elásticas próximas à membrana plasmática. Lembram uma rede de 3 camadas paralelas à epiderme e fornecem elasticidade. O colágeno é o maior constituinte conectivo dos animais. Pertence à família das proteínas fibrosas, produzidas por células do tecido conjuntivo, constituem de 25% a 30% do total das proteínas de todo o corpo. Mais de 29 variedades de colágeno foram encontradas, cada um com uma combinação particular. Na pele encontra-se, principalmente, o colágeno tipo I (85%) e o tipo III (15%), cerca de 8% a 11% do total sintetizado por todo o organismo. Hipoderme A hipoderme é a camada mais profunda da pele, apesar de ter limites muito pouco definidos como a derme, e de ser composta por elementos comuns. A espessura da hipoderme varia de pessoa para pessoa e também conforme as várias regiões do corpo, já que essa camada é bastante espessa em várias áreas e praticamente inexistente em outras, como por exemplo nas pálpebras. 18 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À ESTÉTICA Os principais componentes da hipoderme são os adipócitos, células especializadas na síntese e na acumulação de gorduras. Esses adipócitos,que constituem a principal reserva de energia do organismo, encontram-se agrupados em pequenos lóbulos separados entre si por finos septos de tecido conjuntivo através dos quais circulam os vasos sanguíneos e as fibras nervosas. (GUIRRO; GUIRRO, 2005) Figura 3. Células constituintes da pele humana. A pele humana é composta de epitélio estratificado da epiderme (1) e derme (2). A epiderme é composta principalmente de queratinócitos. Queratinócitos basais (3) sofrem diferenciação terminal para formar o estrato espinhoso (4), estrato granuloso (5), e barreira do estrato córneo (6). Estrato lúcido (7) é uma camada adicional presente sob o estrato córneo em áreas de pele grossa como as palmas das mãos e planta dos pés. Melanócitos (8) e células de Langerhans (9) que apresentam antigenos são também produtoras de pigmento presente na epiderme. A derme é uma camada rica em tecido conjuntivo e é dividido em regiões papilar (10) e reticular (11). A derme contém muitos tipos de células incluindo fibroblastos que sintetizam o colágeno e outras moléculas da matriz extracelular que proporcionam resistência mecânica à pele. Adipócitos, macrófagos, mastócitos, células dendríticas, células T + CD4, células T + CD8 também abundantemente presentes na derme para além de outras estruturas, incluindo unidade pilossebácea, glândulas sudoríparas, nervos, natural killers e vasos linfáticos. Fonte: Adaptado de Jatana e DeLuise, 2014. 19 INTRODUÇÃO À ESTÉTICA │ UNIDADE I Tipos de pele Características da pele alípica ou seca » déficit de água e lipídeos (muitas vezes desidratada); » sensação de estiramento e descamação; » desidratação do extrato córneo e alteração e coesão dos corneócitos que afetam o metabolismo cutâneo normal; » pode resultar em envelhecimento. Pele seca adquirida: RUV, exposição a situações climáticas e agentes químicos (detergentes, solventes). Pele seca constitucional: pele sensível, senil, com eritema, rosácea e sensibilidade a agentes externos. Características da pele lipídica ou oleosa: » comum em adolescentes e adultos jovens; » aparece na puberdade, apresenta-se com maior número de glândulas sebáceas; » aparência brilhante, espessa, poros dilatados, coloração opaca, irrita facilmente, aspereza; » os orifícios pilossebáceos estão aumentados e há tendência ao tamponamento folicular (formação de comedões); » sebo composto por glicerídeos, ceras e esteróis. Características da pele eutrófica: » Produz constantemente gordura e sebo, que constituem emulsão e suor. Esta camada hidrolipídica recobre a camada córnea e auxilia na coesão, lubrificação e proteção da pele. 20 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À ESTÉTICA Fototipos de pele Os fototipos de pele podem ser classificados de acordo com a escala Fitzpatrick. Foi criada em 1976 pelo dermatologista e diretor do departamento de Dermatologia da Escola de Medicina de Harvard, Thomas B. Fitzpatrick. De acordo com Fitzpatrick, os fototipos de pele são classificados a partir da capacidade de cada pessoa em se bronzear sob exposição solar e sua sensibilidade e tendência a ficar vermelhas sob os raios solares. Tabela 1. Classificação dos fototipos de pele CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA DAS DA PELE Fototipo I branca; sempre queima; nunca bronzeia Fototipo II branca; frequentemente queima; bronzeia pouco Fototipo III branca; queima suavemente: bronzeia normalmente Fototipo IV branca; raramente queima; bronzeia mais que a média Fototipo V morena; raramente queima; bronzeia intensamente Fototipo VI negra; nunca queima; profundamente pigmentada Fonte: Fitzpatrick, 1976. 21 UNIDADE II FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA CAPÍTULO 1 Envelhecimento cutâneo Envelhecimento intrínseco e extrínseco A integridade da pele é de grande importância psicológica, social, além de fisiológica. Esse tecido exerce importantes funções estéticas e sensoriais, influenciando de maneira direta a relação do indivíduo com o meio ambiente e social que o cerca. Existem dois processos independentes e simultâneos, distintos em aspectos clínicos, e biológicos que afetam a pele e contribuem para a complexidade do envelhecimento cutâneo: os formados pelos componentes intrínsecos, processos de envelhecimento degenerativo determinado em termos genéticos (cronoenvelhecimento) e os resultantes de fatores ambientais, em particular à exposição solar (fotoenvelhecimento, envelhecimento extrínseco ou actínico). Envelhecimento intrínseco ou cronossenescência O envelhecimento intrínseco, verdadeiro ou cronológico é esperado, previsível, inevitável e progressivo, e as alterações estão na dependência direta do tempo de vida. Fatores Causais: » genéticos; » hormonais; » imunológicos; » psicológicos. Conforme o envelhecimento progride, a multiplicação celular diminui, os fibroblastos diminuem sua função e causam uma desorganização da matriz extracelular, 22 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA comprometendo a síntese e a atividade de proteínas importantes, que garantem elasticidade e resistência à pele, como a elastina e o colágeno. Alterações superficiais do cronoenvelhecimento são: atrofia difusa progressiva, palidez, diminuição da elasticidade. Envelhecimento extrínseco ou actinossenescência Relaciona-se com alterações da superfície cutânea provocadas, principalmente, pelo fotoenvelhecimento, como as modificações dos contornos e elasticidade da pele, que se manifestam por sulcos, dobras e rugas associados à flacidez. (FISHER, 2002) Fotoenvelhecimento É causado pela ação da luz ultravioleta, a qual ativa citocinas inflamatórias, metaloproteínas e colagenoses, bem como pela indução por radicais livres. A radiação UV gera oxigênio singlete, o qual ativa metaloproteinases e causa efeitos deletérios em larga escala no DNA mitocondrial. Apesar de a totalidade dos processos celulares e biológicos que envolvem o envelhecimento ainda ser pouco esclarecida, existem alguns fatores que justificam a gênese da falência orgânica. (KRABBE et al., 2004; BASU et al., 203; FRYE et al., 2008; BERRA; RIZZO, 2009; PIRER et al., 2005; BROWN-BORG et al., 2007; CAMPISI, 2005; BAIRD, 2006) » Danos ao DNA e outras estruturas biológicas induzidas por: › estresse oxidativo; › inadequados mecanismos de reparo ao DNA; › instabilidade genética dos genomas (mitocondrial e nuclear). Inflamação subclínica crônica A liberação de mediadores inflamatórios como citocinas, fator alfa de necrose tumoral (TNF-alfa, do inglês tumor necrosis factor alpha) e eicosanoides (prostaglandinas 2, leucotrienos, tramboxanos) pode desencadear e/ou agravar desordens estéticas. Hoje em dia, se consome de 20 a 50 vezes mais alimentos com alto poder pró- inflamatório, ricos em ácidos graxos ômega 6, gorduras saturadas, gorduras trans e alimentos com alto índice glicêmico (IG), que anti-inflamatórios, ricos em ácidos graxos ômega 3, fibras, vitaminas, minerais e alimentos com baixo IG. 23 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Além da questão dietética, podemos citar outros fatores que estão relacionados com o processo inflamatório, como as substâncias tóxicas (metais pesados, agrotóxicos, xenobióticos e medicamentos) e os fatores mecânicos (hipertensão arterial) e genéticos (hiper-homocisteína). Alterações no metabolismo de ácidos graxos Excessiva liberação de ácidos graxos livres para o plasma, que promove a resistência à Insulina. AGES (produtos finais da glicosilação avançada) As moléculas de glicose, naturalmente presentes na pele, aderem às fibras de colágeno e elastina. Esses açúcares criam pontes rígidas entre proteínas, formando os produtos finais da glicação avançada (AGE, do inglês Advanced Glycation End-products) e acarretando a chamada reação de Maillard ou cross-linking. Essas pontes promovem a perda da função das proteínas, são importantes para elasticidade e prevenção de rugas cutâneas. Recentes pesquisas apontam como o consumo de carboidratos de alto índice glicêmico promovea glicação no organismo por meio de ligações cruzadas. O estresse oxidativo induzido pela hiperglicemia promove, de igual modo, a formação de produtos finais de glicação avançada e a ativação da proteína cinase-C. A dieta de alta carga glicêmica e alto IG também promove o acúmulo de gordura, contribuindo para a obesidade e o armazenamento de gordura no tecido adiposo, o qual, por sua vez, secreta adipocinas que contribuem para o processo inflamatório. Sugere-se que o consumo de alimentos predominantemente de baixo IG e uma baixa carga glicêmica oferece longevidade e prevenção do envelhecimento cutâneo. » Alterações no sistema endócrino de uma maneira geral, com excessiva produção de: › angiotensina; › GH; › IGF-1; › hormônios tireoideanos; › insulina. 24 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA » Alterações no sistema nervoso, como: › ativação constante das fibras Nervosas simpáticas; › disfunção endotelial; e › a reduzida ação da Enos (óxido nítrico sintase endotelial). » Perda de células pós-mitóticas resultando em: › menor número de neurônios e células musculares; e › deterioração na estrutura e função das células em todos os órgãos e tecidos. Falhas na replicação do código genético com o envelhecimento por encurtamento de telômeros e ação reduzida de telomerases O envelhecimento e o acúmulo de danos mitocondriais levam ao estresse oxidativo, que ativa a tirosina quinase Src. A Src fosforila a transcriptase telomerase reversa (TERT), resultando na exposição do núcleo ao TERT. Durante cada replicação do DNA, a divisão encurta os telômeros dos cromossomos, o que leva a senescência celular. A falta de atividade TERT nuclear induzida por envelhecimento, finalmente, leva ao envelhecimento celular devido ao encurtamento dos telômeros. (BRANDES et al., 2005) Formação de metaloproteinases de matriz (MMPs) A exposição à radiação ultravioleta promove um aumento de espécies reativas de oxigênio (ROS) na pele. Por sua vez os ROS são capazes de ativar a uma via de sinalização que resulta na liberação de metaloproteinases de matriz (MMPs), enzimas capazes de degradar fibras elásticas e colágenas. (MEHTA; FITZPATRICK, 2007) 25 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Figura 4. Esquema representativo do processo de envelhecimento extrínseco. Fonte: Adaptado de Mehta e Fitzpatrick, 2007. Imayama et al. (1998) quantificaram o colágeno ao longo do tempo e verificaram que ocorre perda de 1% a cada ano, em ambos os sexos, embora a quantidade colágeno na pele seja maior em homens que mulheres. Em mulheres na menopausa 30% colágeno (tipo I e III) é perdido na pele nos primeiros 5 anos da menopausa e 2,1% por ano. (SAAVEDA et al., 2009) Com o envelhecimento, o tipo de colágeno dominante se inverte. A fibronectina e o colágeno tipo III crescem em quantidade, ao passo que do tipo I diminui. De acordo com Imayama et al. (1998), como na pele, o colágeno tipo I constitui a maioria, essa alteração pode estar relacionada com: » perda de coesão entre os componentes da pele; » resistência; » contração. 26 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA Mecanismos envolvidos no processo de envelhecimento Os principais mecanismos, aspectos hormonais e nutricionais envolvidos no processo de envelhecimento são: » inflamação; » restrição calórica; » estresse oxidativo e antioxidantes; » eixo somatotrófico (GH-IGF1) e resistência à insulina; » alimentos anti-aging (que mimetizam a restrição calórica). Inflamação O envelhecimento tem sua base em um processo inflamatório discreto, porém, crônico. Na pele envelhecida há uma característica comum: a produção de molécula de adesão intracelular I (ICAM – I, do inglês inter-cellular adhesion molecule I). A produção dessa molécula desencadeia uma cascata de reações, que conduz a um processo inflamatório. Esse, por sua vez, ocasiona a produção de radicais de oxigênio altamente reativos, os quais, acredita-se, venham a causar o envelhecimento. Figura 5. Modelo microinflamatório do envelhecimento cutâneo. Fonte: GOYARTS et al., Ann N Y Acad Sci; 1119: 32-39, 2007. 27 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Eixo somatotrófico (GH-IGF-1) e resistência à insulina GH e IGF-1 são hormônios que estimulam as vias anabólicas que estão associadas à produção de espécies reativas de oxigênio, pois aumentam a fosforilação oxidativa. Elevadas concentrações de GH e IGF-1 são capazes de reduzir níveis plasmáticos de enzimas antioxidantes em diversos modelos de animais experimentais. (BROWN- BORG; RAKOCZY, 2003) Figura 6. Eixo somatotrófico (GH-IGF-1). GH Vias da insulina IGF-1 » Produção de espécies reativas de oxigênio com subprodutos do metabolismo; » Aumento da fosforilação oxidativa. Estímulo de via anabólicas associadas à: Fonte: Brown-Borg e Rakoczy, 2003. A resistência à insulina provoca a liberação de citosinas inflamatórias, aumento de espécies reativas de oxigênio (EROSs) e disfunção mitocondrial. Estratégias de controle do processo de envelhecimento Restrição calórica Diversas são as evidências científicas de que a restrição calórica desacelera o processo de envelhecimento e aumenta o tempo máximo de vida em diferentes espécies. Em roedores, a redução da ingestão energética de 30% a 60% logo após o desmame até o sexto mês de vida aumentou proporcionalmente, de 30% a 60% na expectativa de vida. (FORSTER et al., 2000) De acordo com Weindruch et al., (1997), as principais alterações orgânicas promovidas pela restrição calórica em modelo experimental são: 28 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA » redução de EROs e modulação do sistema antioxidante endégoneo, reduzindo o dano tecidual induzido por radicais livres; » redução da circulação de triiodotironina (T3), reduzindo a temperatura corporal e gasto energético (MAGLICH et al., 2004). Dentre os genes anti-aging que são ativados pela RC, destacam-se dois que formam as proteínas: SIRT-1 e AMPK que são importantes sensores energéticos. Acredita-se que a SIRT- 1 (SIRTUÍNA 1) media os efeitos benéficos na saúde e longevidade proporcionados pela restrição calórica. (GOMES-CABRERA et al., 2007) » Benefícios da sua ativação: › aumenta a resistência ao estresse; › aumenta a proteção celular; › reduz a neurodegeneração (Alzheimer); › reduz a inflamação; › reduz o envelhecimento celular. » Adaptações orgânicas causadas pela RC (restrição calórica) (MASORO, 2005): › ativação de genes envolvidos no reparo celular e sobrevivência; › resistência ao estresse; › proteção contra dano oxidativo; › inibição de genes envolvidos na mediação da inflamação; › prevenção de algumas mudanças na expressão de genes. 29 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Tabela 2. Características e funções de SIRT-1 e AMPK. AMPK SIRT-1 Definição Enzima metabólica quinase Enzima desacetilase de histonas Localização celular Citoplasma Núcleo Concentração intracelular Aumenta na juventude Diminui na senescência Aumenta na juventude Diminui na senescência Funções fisiológicas » Sensor energético. » Otimiza oxidação de substratos em situações de jejum e exercícios físicos. » Regula atividade celular metabólica. » Ativa em situação de jejum ou exercícios físicos. » Mantém a integridade celular. » Aumenta o tempo de sobrevida da célula. Ações anti-aging » Mantém as funções metabólicas típicas de uma célula jovem. » Promove a biogênese mitocondrial. » Protege contra o EO. » Regula negativamente a transcrição de genes envolvidos como processo inflamatório. » Mantém a integridade do DNA. » Diminui a adiposidade. Fonte: REZNICK et al., 2007; FULCO et al., 2003; YEUNG et al., 2004; PICARD et al., 2004. Estresse oxidativo e uso de antioxidantes Os radicais livres são os principais causadores do envelhecimento e de doenças degenerativas ligadas à idade. Em paralelo a sua formação endógena, o organismo também se sujeita, ao longo da vida, a uma série de condiçõesextremas que interferem na quantidade de radicais livres e influenciam o processo de envelhecimento. O estresse oxidativo é definido como um desequilíbrio na geração de substâncias pró- oxidantes e antioxidantes em favor da geração excessiva de radicais livres e espécies reativas de oxigênio (EROS) e nitrogênio (ERNS), ou em detrimento da diminuição da velociade de remoção desses devido à redução de enzimas e nutrientes que participam do sistema de defesa antioxidante. (BARBOSA et al., 2010) O aumento da geração de radicais livres e espécies reativas provoca alterações estruturais e funcionais em nível celular, devido à oxidação de biomoléculas, como descrito anteriormente. O radical hidroxil e outros oxidantes altamente reativos podem reagir com lipídios nas membranas, removendo o átomo de hidrogênio e gerando um radical com carbono central que pode rapidamente combinar-se com oxigênio para formar o radical peroxil, resultando em um ciclo de peroxidação lipídica que leva à formação de hidroxiperóxidos, os quais podem reagir com as bases de DNA e iniciar lesões mutagênicas. (DREW, B. et al., 2003) Quando a produção de espécies reatrivas supera a capacidade de ação dos antioxidantes, ocorre a oxidação de biomoléculas (lipídios, proteínas e ácidos nucléicos), gerando 30 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA metabólitos específicos – os marcadores do extresse oxidativo – que podem ser identificados e quantificados. Os cinco metabólitos mais estudados para avaliação do estresse oxidativo são: 8-hidroxi-2-deoxiguanosina (80hDg), Timina glicol (Tg), 5-hidroximetilmuracil, formilamidoprimidina e a 8-hidroxideoxiadenina. Outra forma de mensuração de produtos finais da peroxidação lipídica, como o ácido tiobarbitúrico (TBARS) e os F2 isoprostanos (KADIISKA, et al. 2005). As lesões causadas pelos radicais livres nas células podem ser prevenidas ou reduzidas por meio da atividade de antioxidantes, sendo esses encontrados em muitos alimentos. Os antioxidantes podem agir diretamente na neutralização da ação dos radicais livres ou participar indiretamente de sistemas enzimáticos com essa função. Os antioxidantes atuam em diferentes níveis na proteção dos organismos, sendo o primeiro mecanismo de defesa contra os radicais livres a impedir sua formação, em particular pela inibição das reações em cadeia com o ferro e o cobre. Os antioxidantes são capazes de interceptar os radicais livres gerados pelo metabolismo celular ou por fontes exógenas, impedindo o ataque sobre os lipídios, os aminoácidos das proteínas, a dupla ligação dos ácidos graxos poliinsaturados e as bases do DNA, evitando a formação de lesões e a perda da integridade celular. O reparo das lesões causadas pelos radicais livres também é papel dos antioxidantes, atuando na remoção de danos da molécula de DNA e na reconstituição de membranas celulares danificadas. Tanto o uso oral quanto a aplicação tópica de antioxidantes representa uma estratégia interessante de proteção cutânea contra o estresse oxidativo ocasionado por diferentes agentes. Figura 7. Fontes endógenas e exógenas de espécies reativas. Fonte: Shindo, Y. J Invest Dermatol 100:260-265, 1993. 31 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Defesas antioxidantes endógenas » Enzimas que removem os radicais livres como, por exemplo, a superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e glutationa peroxidase (GPx). » Proteínas que reduzem a disponibilidade de pró-oxidantes como o ferro. Fitoterapia aplicada ao controle do envelhecimento da pele Cassis/groselha negra (Ribes nigrum) Os frutos da groselha negra (Ribes nigrum L., Grossulariaceae) são originários do norte da Ásia e foram levados para a Europa. As propriedades da groselha negra são conferidas a partir dos seus constituintes bioquímicos, alguns dos quais incluem antocianinas (especificamente delfinidina-3-O-glucosideo, delfinidina-3-O-rutinosideo, cianidina- 3-O-glucosideo e cianidina-3-O-rutinosideo), flavonóis, ácidos fenólicos e ácidos graxos poliinsaturados. Uma infinidade de estudos foram publicados com relação as suas diversas aplicações terapêuticas. Diversos estudos a cerca do potencial terapêutico de groselha, revelam propriedades benéficas no que diz respeito à hipertensão e outras doenças cardiovasculares associadas, doenças neoplásicas, doenças neurodegenerativas e doenças oculares e a neuropatia diabética (GOPALAN et al., 2012). Tem sido demonstrado que o óleo das sementes atua como um inibidor da agregação plaquetária e apresenta potencial efeito anticoagulante por meio da inibição da formação de fibrina. Outros relatos científicos apontam para a influência da Ribes nigrum no perfil de lípidos no soro: aumento do nível de colesterol HDL e diminuição de triglicerídeos ou colesterol total, bem como marcadores inflamatórios séricos reduzidos. (VAGIRI et al., 2012; ZHU et al., 2011) Estudos recentes in vitro e in vivo apontam para uma atividade fitoestrogênica da Ribes nigrum. (NANASHIMA et al., 2015) Nos últimos anos, houve um crescimento na utilização de seus frutos em cosméticos e na dermatologia. Apesar disso, ainda há controvérsias a respeito das doses seguras e de sua toxicidade. 32 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA Figura 8. Ribes nigrum. Fonte: Gopalan et al., 2012. Segundo Miladinović et al. (2014), seus efeitos são: » antioxidante; » anti-inflamatório; » anti-neoplasicas; » regula o sistema circulatório; » saúde da visão; » antibacteriano e antiviral. Chá verde (Camellia sinensis) Os polifenóis presentes no chá verde, principalmente o epigalocatequiina-3-galato (EGCG), exerceu efeito protetor em edemas cutâneos resultantes da exposição aos raios UVB. (KATIYAR et al., 2001; AFAQ et al., 2003; KATIYAR et al., 1999) Estudos mostram que o chá verde (EGCG) tem a capacidade de bloquear a infiltração de leucócitos induzida por radiação UVB em ratos, como também na pele humana, e assim, pode inibir a produção de radicais livres induzidos por radiação UVB. A epigalocatequina-3-galato reduz a atividade de AP-1 e inibe a expressão de metaloproteinases com potente efeito anti-envelhecimento. (KATIYAR et al., 2001; AFAQ et al., 2003; KATIYAR et al., 1999) Segundo OyetakinWhite et al. (2012), os efeitos fotoprotetores são: » redução do eritema gerado pela exposição à radiação UV; » inibição da via de sinalização responsável pela liberação de MMPs; 33 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II » inibição de NOS e da produção de H2O2; » prevenção da depleção de enzimas antioxidantes: catalase, glutationa peroxidase, superoxido dismutase e glutationa; » inibição da lipoperoxidação e oxidação de proteínas induzidas por UVB; » inibição da infiltração de monócitos, macrófagos e neutrófilos; » proteção contra a imunossupressão induzida por UVB por meio da produção de IL-12; » inibição dos danos ao DNA; » ativação de enzimas de reparo ao DNA; » modulação dos fatores de transcrição AP-1 e NF-κB; » inibição do crescimento do tumor, progressão e angiogênese. Posologia indicada na literatura de referência (BRADLEY et al., 1992; PANIZZA, 2012): » Infusão: 1,5 g (3 col de café) em 150 ml de água, tomar 1 xícara de chá de 2 a 3 x ao dia. » Extrato seco: tomar 1 cápsula de 375 mg de 2 a 3 vezes ao dia. » Tintura 20%: tomar 40 gotas diluidas em água de 2 a 3 vezes ao dia. Erva mate (Illex paraguariensis) Estudos revelaram que o Illex paraguariensis apresenta capacidade de inibir a formação dos AGES (produtos finais da glicosilação avançada). Diversos autores verificaram que o Ilex paraguaiensis foi eficaz em neutralizar o efeito do peróxido nitrito no estresse nitrosativo, induzido em células epiteliais e macrófagos. Esse efeito se deve à alta presença de ácidos clorogênicos, outros derivados fenólicos, quercetina, rutina e canferol, no extrato aquosos. (XU et al., 2009; GUGLIUCCI et al., 2010; BIXBY et al., 2005; DUDONNÉ et al., 2009) Segundo Bradley et al. (1992) e Panizza(2012) as posologias indicadas na literatura de referência são: » Folha seca de 2 a 4g, na forma de infusão, 3 vezes ao dia. 34 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA » Tintura (1:5) 2 a 4 ml 3 vezes ao dia. » Extrato seco 300 mg 3 vezes ao dia. Barg et al. (2014) estudaram o efeito da ingestão oral e aplicação tópica de Camellia sinensis e Illex paraguariensis em ratos expostos à radiação ultravioleta. Os resultados revelaram que o tratamento oral e tópico com “chá” mate ou chá verde impediram o aumento de peroxidação lipídica induzida pela exposição à radiação ultravioleta. O dano oxidativo das proteínas foi avaliado por meio da determinação de grupos carbonila baseados na reação com dinitrofenilhidrazina (DNPH). Somente o uso tópico, para as duas plantas, mostrou efeito protetor. Chá branco (Camellia sinensis) Extraído de brotos e flores da planta camellia sinensis, o chá branco apresenta menor quantidade de cafeína, porém também é rico em polifenóis e catequinas (EGCG). As principais ações relatadas a respeito do uso de chá branco é o efeito positivo no combate ao dano induzido por radiação UVB na pele, redução da peroxidação lipídica; prevenção de câncer. (CAMOUSE et al., 2009) Açafrão (curcuma longa) O açafrão (curcuma longa) possui várias atividades farmacológicas documentadas, sendo a hipoglicemiante uma delas. Em coelhos diabéticos, a incorporação de 0,5% de curcumina em um período de 8 semanas produziu redução não apenas da glicemia, mas também do colesterol, triglicerídeos e fosfolipídios do sangue (BABU et al., 1995). Em um modelo similar de diabetes induzida em ratos, a administração oral e tópica da curcumina demonstrou melhorar de forma significativa lesões renais associadas à diabetes e à cicatrização de feridas na pele (BABU; SRINIVASAN, 1998; SIDHU et al., 1999). A curcumina modula alvos moleculares como o NF-kB e consequentemente a indução dos genes induzidos por esse fator de transcrição, como mediadores inflamatórios. Seus principais constituintes antioxidantes são a curcumina, o ácido ferúlico e o ácido p-cumárico, que atuam inibindo a peroxidação lipídica. (SELVAM et al., 1995) Em modelos animais, o extrato do rizoma de Curcuma longa preservou a elasticidade da pele e reduziu a expressão de MMPs induzidas por UVB. 35 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II A curcumina é um potente inibidor da expressão de MMPs induzida por UVB, bloqueia a produção de ROS, inibe a fosforilação de p68 e c-Jun, modulando a via de sinalização MAPK/NF-κB/AP-1 em fibroblastos humanos. (LIMA et al., 2011) Exerce efeito inibidor: » Fosfolipase A2. » LOX-Lipoxigenases. » COX- cicloxigenases. » Leucotrienos, tromboxanos e prostaglandinas. » TNF-alfa. Sumiyoshi e Kimura (2009) investigaram o efeito do extrato de cúrcuma sobre os danos da pele, incluindo mudanças na espessura e na elasticidade da pele, pigmentação e rugas causadas ao longo prazo por baixa dose de radiação ultravioleta B em camundongos sem pêlo. O extrato de cúrcuma (300 ou 1000 mg/kg do animal, duas vezes por dia) foi administrado todos os dias por via oral, durante 19 semanas. Os pesquisadores observaram que o extrato impediu um aumento da espessura da pele e da redução da elasticidade da pele, reduziu a formação de rugas e de melanina (1000 mg/kg do animal, duas vezes por dia) e reduziu a expressão de metaloproteinase de matriz-2 (MMP-2). Contraindicada para pessoas portadoras de obstrução dos dutos biliares e úlceras gastroduodenais. (BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2011) Segundo a American Herbal Pharmacopoeia, (2005) e Panizza (2012) a posologia indicada na literatura de referência é: » Tintura (1:5): 50 a 100 gotas 1 a 3 vezes ao dia. » Extrato seco (3:1): dose de 375 mg, 2 vezes ao dia. » Decocção: 1,5 g (3 colher de café) em 150 ml de água (1 xícara de chá), tomar 1 xícara de chá de 1 a 2 vezes ao dia, de acordo com a RDC no 10/2010 (ANVISA). 36 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA Chlorella e Spirulina São formas de vida que resistiram e se adaptaram a todo o tipo de mudança climática, radiação e até mesmo venenos criados pelo homem que levaram diversos outros organismos à extinção. A Chlorella apresenta 70% de sua composição da mais pura clorofila, é uma das maiores fontes de clorofila em nosso planeta. Estudos recentes revelam que a Chlorella reduz MMP-1, MCP-1 e previne a redução de pro-colágeno induzida por UVB em fibroblastos humanos. (YAMAGISHI et al., 2005) A Spirulina apresenta cerca de 35% de clorofila, porém apresenta ações antioxidantes importantes aumentando os níveis das enzimas GPx, GST, SOD, CAT, além de reduzir a lipoperoxidação. A Spirulina é utilizada e recomendada pela National Aeronautics and Space Administration (NASA) e pela European Space Agency (ESA) como alimento primário para missões espaciais de longa duração. (PREMKUMAR et al., 2004; DENG; CHOW, 2010) Tabela 3. Composição nutricional da chlorella. VITAMINAS MINERAIS AMINOÁCIDOS OUTROS B-Caroteno Vitamina B2 Vitamina B5 Vitamina B6 Vitamina C Vitamina E Biotina Ácido Fólico Ácido nucléico Niacina Cálcio Ferro Cobre Fósforo Potássio Magnésio Zinco Selênio Inositol Arginina Fenilalanina Histidina Isoleucina Leucina Lisina Metionina Treonina Triptofano Valina Ácido aspártico Cisteína Ácido Glutâmico Glicina Prolina Serina Tirosina Alanina Clorofila Luteína Fonte: Yamagishi et al., 2005. 37 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Segundo Alonso (1998), Boorhem e Lage (2009) as doses normalmente utilizadas são: » 1 a 10 gramas ao dia para adultos; » planta em pó – ingerir 2 a 3 cápsulas de 500mg 2 vezes ao dia. Deve-se começar com doses menores e ir gradualmente aumentando. Essas algas apresentam ação nutritiva destoxificante, portanto, a dose deve ser estabelecida de acordo com cada caso. Silybum marianum L. (Cardo Mariano) Membro da família Asteraceae, o Silybum marianum L. tem suas prorpiedades terapêuticas principalmente atribuídas à presença de silimarina, uma mistura de flavonolignanas compreendida por quatro isômeros: silibinina, isosilibinina, silicristina e silidianina. Suas ações hepatoprotetoras e antioxidantes foram muito estudadas nos últimos anos. Efeitos sinérgicos com o Allium sativum documentados pela literatura recente, indicam um forte efeito hepatoprotetor in vivo. (SHAARAWY et al., 2009) Efeitos (ASGHAR; MASSOD, 2008; RAMASAY; AGARWAL, 2008): » antioxidante; » auxilia o processo de destoxificação hepática; » administração de silimarina tem demonstrado aumentar os níveis de glutationa e diminuir o estresse oxidativo; » estudos in vitro demonstraram que a silimarina exerce marcante inibição durante os estágios tardios da glicação; » decresce significativamente a produção de IL-18 e os níveis de COX-2, portanto, efeito anti-inflamatório; » reduz o acúmulo tecidual de AGEs e o cross-linking do colágeno; » reduz fragilidade dos vasos capilares e o excesso de permeabilidade dos vasos sanguíneos; » aumento da sensibilidade dos receptores de insulina. Estudos relacionados ao desenvolvimento de fotocarcinoma revelaram que a silimarina pode reverter, inibir ou retardar o processo de carcinogênese em uma ou em todas as fases. (VAID; KATIYAR, 2010) 38 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA Figura 9. Ação da silimirina nas fases da fotocarcinogênes. Fonte: Vaid e Katiyar, 2010. » Na fase de iniciação ocorrem alterações genéticas nas células. » Na fase de promoção, a irradiação UV adicional leva a expansão clonal das células iniciadas. » Fase da progressão do tumor envolve a transformação do tumor benigno em um tumor maligno invasivo e potencialmente metastático. Segundo Alonso (1998), Boorhem e Lage (2009) a posologia indicada na literatura de referência é: » Usualmente o Silybum marianum L. é prescrito na forma de extrato seco padronizado (70%-80%) em cápsula, com uma dosagemde 100mg- 300mg, 3 vezes ao dia (dosagem para adulto). » Infusão: 1 a 2 colheres de droga vegetal em pó em 1 xícara d’água (200ml). Ginseng (Panax ginseng) O Panax ginseng é uma das plantas medicinais mais utilizadas na medicina oriental tradicional. Ele tem muitas atividades biológicas e farmacológicas, incluindo antienvelhecimento, anti-inflamatório e desempenha atividades antioxidantes. Os principais componentes do ginseng são ginsenósidos, que são saponinas esteroides que compreendem de 3% a 6% da composição química da planta. Estudo recente mostrou que a aplicação tópica de saponinas totais de ginseng e ginsenósido Rb1 impedem o fotoenvelhecimento da pele induzido por UVB em ratos sem pelos. (KANG et al., 2009) 39 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Outros estudos in vitro e in vivo revelaram que o extrato de ginseng aumenta os níveis de procolágeno tipo I e diminui os níveis e atividade de MMP-1 em camundongos ou fibroblastos irradiados com UV. (HAWANG et al., 2012; HE et al., 2011) Posologia indicada na literatura de referência (BARNES, 2012; BOORHEM; LAGE, 2009; HUANG, 1999): » Extrato padronizado (G115): foi utilizado em diversos estudos em doses de 100 a 400mg ao dia, por 4 a 12 semanas. » Planta em pó: ingerir 2 a 3 cápsulas de 500 mg/dia. Polypodium leucotomos Estudos mostram que o uso tópico de polypodium leucotomos está relacionado à preservação das células Langerhans quando expostas à luz solar. (GOMES et al., 2001) Além disso, recente estudo envolvendo nove indivíduos saudáveis de tipos de pele II a III foram expostos a doses variadas de radiação ultravioleta artificial sem e após administração oral de PL (7,5 mg / kg). Os pesquisadores mostraram que houve redução significativa do eritema, de queimadura solar, proliferação de células epidérmicas e tendência para a preservação de células de Langerhans na pele. (MIDDELKAMP-HUP et al., 2004) Ações: » antioxidante; » inibição da lipoperoxidação. Vitis vinifera (Videira) Diversos estudos indicam que a Vitis vinifera reduz a peroxidação lipídica e protege contra a oxidação proteica e lipídica induzida pelo peroxinitrato. O ácido cafeico, presente em uvas brancas e vinho branco, inibe a expressão de COX2 induzida por UVB por meio da supressão da atividade transcricional de AP-1 e NF-kB. As proantocianidinas da semente da uva inibiram a ativação de MAPK (envolvida na via de liberação das metaloproteinases de matriz) e NF-kB em modelos animais (oral). (BAXTER, 2008; KANG et al., 2009) 40 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA O extrato de V. vinifera mostrou capacidade antioxidante in vitro mais forte do que a vitamina C ou a vitamina E em culturas de queratinócitos humanos normais e também na atividade fotoenvelhecimento in vivo de uma formulação de base desse extrato. Segundo Nassiri-Asl e Hosseinzadeh (2009) as doses mencionadas na literatura são: » 240ml vinho tinto ou 240-480ml suco uva; » extrato seco de 300 a 900mg ao dia. Rubus idaeus (óleo de framboesa) Efeitos (PARRY et al., 2005): » possui propriedades anti-inflamatórias; » mantém o equilíbrio da função de barreira da pele; » evita o ressecamento da pele sendo indicado para peles sensíveis e secas; » rico em ômega-3, -6 e -9 e fonte de vitamina E gama-tocopherol (ação antioxidante com função de reparar e condicionar a pele); » importante ação anti-inflamatória; » sua aplicação tópica está relacionada com a melhora da elasticidade da pele. Olea europaea (folha de oliveira) Estudos científicos mostraram que a folha de oliveira é capaz de aumentar a sobrevida dos fibroblastos em 15%, além de inibir os radicais de nitrogênio responsáveis pelo câncer de pele e inflamação, e reduzir significativamente o eritema induzido pela radiação UVB. (OLSZEWER, 2008; SUMIYOSHI; KIMURA, 2010) Figura 10. Folha de Olea europaea. Fonte: Hashmi et al., 2015. 41 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Composição da folha de oliveira: » ácidos graxos (ômega 3, 6 e 9); » vitaminas A, E, B1, B2, B3 e B6; » cobre, potássio, magnésio, manganês, » sódio, fósforo, zinco, selênio, cromo; » fibra alimentar; » proteínas; » fitoesteróis; » flavonoides (oleuropeína, rutina, hesperidina, luteolina, apigenina, quercetina e canferol); » ácido oleanóico, colina, apigenina, pleuropeína, ácido palmítico, alfa linolênico e oléico. Posologia indicada na literatura de referência segundo Lee, (2006); Cardoso, (2009); Panizza et al. (2012). » Tintura: ingerir de 40 a 60 gotas em 200 ml água 4 vezes/dia. » Infusão: 1 colher de sobremesa da folha seca em 200 ml de água 4 vezes/ dia. Sweet pepper (Capsicum annuum) O tratamento tópico com capsiato, principal componente da sweet pepper, diminuiu significativamente os danos da pele induzido por UVB e inibiu a expressão de COX-2, as citocinas pró-inflamatórias, e os fatores angiogênicos, incluindo plaquetas/molécula de adesão de células endoteliais-1 e ICAM-1. Além disso, inibe a fosforilação de ERK1/2 (envolvido na liberação de metaloproteinases de matriz) e NF-κB/p65. (HARADA; OKAJIMA, 2007) 42 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA Fitoterápicos que mimetizam a ação da restrição calórica Alguns compostos bioativos apresentam ação semelhante à restrição calórica. (INGRAM et al, 2006) » kampferol (presente no chá verde e preto); » resveratrol; » sesamol; » piceatanol (metabólito do Resveratrol); » genisteína; e » quercetina. O potente efeito antioxidante dessas substâncias reduz os danos que geram o envelhecimento precoce à pele. Resveratrol É um potente indutor de Sirtuínas (SIRT-1 e AMPK, que são importantes moléculas anti-aging induzidas pela RC, sendo o principal composto bioativo com atividade mimética da RC. (BAUR et al., 2006) O resveratrol tem sido relatado como um inibidor da NADPH e ADP Fe+, que induz a peroxidação lipídica e bloqueia ação dos raios UV, além de ser um eficiente scavenger de radicais peroxil 2,2’-azobis- (2-amidinopropano)-dihidroclorido. O seu grupo hidroxil do anel B inibe a produção de EROS, reduz a peroxidação lipídica e protege contra a oxidação proteica e lipídica induzida pelo peroxinitrato. O resveratrol tem 95% de eficácia na prevenção da peroxidação lipídica, comparado com 65% da vitamina E, 37% da vitamina C. Além disso, os estudos indicam que o resveratrol age sobre os mecanismos de sinalização celular relacionados ao fotoenvelhecimento mediado pelos raios UV, incluindo MAP quinases, fator nuclear NFKappaB e metaloproteinases da matriz (BAXTER, 2008). Pré-tratamento de camundongos (com resveratrol) inibiu a ativação da via do NFkB induzida pela radiação UVB. (ADHAMI et al., 2003; REAGAN-SHAW et al., 2004) 43 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Fitoterápicos ricos em resveratrol: » Vitis vinífera - extrato e semente. » Cranberry (Vaccinium oxycoccus). » Lingonberry (Vaccinium vitis idaea L). Kampferol É ativador de SIRT-1, PGC-1 alfa (do inglês, Coactivador Peroxisome Proliferator- activated receptor γ Coactivator 1 - alfa) e modulador da produção de hormônio tireoideano. (SILVA et al., 2007). Fitoestrógenos (lignanas e isoflavonas) São considerados compostos anti-aging por apresentarem atividade estrogênio-simile. (CORNWELL et al., 2004) Ações do estrógeno: » poderoso antioxidante; » protetor da osteoporose; » dá expressão de genes associados à longevidade. Cacau Benefícios da ingestão dos flavonoides do cacau segundo Henrich et al. (2006): » proteção contra o eritema induzido pela radiação UV; » melhora as condições dermatológicas em mulheres; » contribuem para a fotoproteção endógena e afeta a superfície da pele e as variáveis de hidratação. 44 CAPÍTULO 2 Discromias As alterações da cor da pele podem se apresentar de modos distintos. Pode ocorrer desde a ausência total de cor (acromia) até o excesso de pigmentos (hipercromia). Podemos classificar as discromias (dis=disforme, cromia=cor) em trêscategorias distintas: 1. acromias (ausência de pigmento). 2. hipocromia (hipo=menos, cromia=cor). 3. hipercromia (hiper=muito, cromia=cor). Acromias Ocorrem por problemas metabólicos ou por destruição de células matrizes que produzem a melanina. As acromias mais conhecidas são o vitiligo e o albinismo. Normalmente, as acromias ocorrem por excesso de foto exposição, em pessoas idosas e nas extremidades dos membros, são consideradas irreversíveis. As acromias produzidas por desidratação e por fotoenvelhecimento podem ser evitadas com fotoprotetores e hidratação. O vitiligo é uma patologia caracterizada por destruição dos melanócitos. Ocorre mais comumente ao redor dos orifícios, sobre saliências ósseas, e nas áreas expostas à radiação ultravioleta. (BARROS et al., 2002) Albinismo é uma ausência congênita, parcial ou total de pigmentação na pele, devido a uma alteração genética da síntese de melanina. Esses melanócitos não produzem melanina. A pele é muito branca e muito sensível, o pelo é completamente branco ou amarelo, as unhas são frágeis e os olhos muito claros. (SORIANO et al., 2000) Hipocromias São lesões com menos coloração do que o restante da pele. Podem ser de origem genética ou produzidas por fungos (micoses). Quando se trata de uma lesão genética, é irreversível. 45 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Hipercromias Caracterizam-se pelo excesso de pigmento e as lesões mais frequentes são: Efélides Conhecidas popularmente por “sardas”. Podem se instalar nos primeiros anos de vida. São manchas de coloração castanha, de 2 a 4 mm de diâmetro, ocorrendo em pessoas com predisposição genética, geralmente ruivos. Lentigo solar, lentigo senil ou melanose solar, e melanose senil São semelhantes às efélides, em tamanho maior. São máculo-pápulas pigmentadas, com bordas nítidas, aparecendo isoladamente ou em caráter múltiplo. Aparecem no dorso das mãos e lateral da face, na pele fotoenvelhecida. São também chamadas de manchas senis. Há uma discreta escamação na sua superfície e costuma apresentar uma coloração acastanhada. Pode apresentar também coloração negra em regiões que já se expuseram ao sol, motivo pelo qual há a necessidade de se estabelecer um diagnóstico diferencial com o lentigo maligno, considerado uma melanose pré-cancerosa, que pode evoluir a um melanoma. Melasma ou cloasma São hipercromias normalmente simétricas que ocorrem na face, atingindo, principalmente, as regiões salientes como a região malar, dorso do nariz, frontal, mento e supra-labial. É uma hipermelanose adquirida que ocorre em áreas de pele expostas à radiação ultravioleta, acomete mulheres e representam 90% dos casos. O melasma pode surgir por estímulos hormonais, principalmente pelo incremento dos estrogênios e do hormônio melano-estimulante. Por esse motivo, o surgimento do melasma gravídico é tão frequente. Outros transtornos hormonais também podem desencadear um melasma, ou agravá- lo, como no caso de alterações ginecológicas, hipofisárias, tireoideanas ou suprarrenais. Também já é bem conhecida a influência de hepatopatias (problemas de fígado) e 46 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA carências nutricionais como hipovitaminoses, anemia ferropriva, hipoproteinemia, entre outros. Em organismos predispostos, o melasma também pode surgir ou se agravar devido a tratamentos internos com fotosensibilizantes: sulfas e hormônios (corticotrofinas ou estrogênios); ou por tratamentos externos como uso de cosmético fotosensibilizante sem a proteção adequada: por peelings. Nevus São hipercromias genéticas chamadas popularmente de manchas de nascimento. Os nevus não são passíveis de tratamento convencional; podem apenas ser removidos cirurgicamente quando apresentarem transtornos estéticos graves. Mesmo assim, o nevus será substituído por uma cicatriz. Fisiopatologia da hipercromia Há uma diferença etiológica entre o tecido epitelial e o tecido conjuntivo. As células matrizes do epitélio são os melanócitos e os queratinócitos, e a principal célula matriz da derme é o fibroblasto. Portanto, apesar da proximidade desses tecidos, eles não têm nenhuma semelhança. A camada basal, que é a camada intermediária entre a derme e a epiderme, deveria permitir apenas o fluxo de nutrientes da derme para epiderme. Porém, deveria deter a migração de pigmentos para a derme. Uma pele jovem e saudável, depois de um bronzeado excessivo, descasca completamente e não deixa regiões hipercrômicas. Quando se trata de uma hipercromia dérmica, normalmente dermo-epidérmica, parte do pigmento produzido na camada basal segue seu caminho fisiológico, ou seja, pelas camadas mais superficiais da epiderme e, outra parte dele (pigmento) migra para o interior da derme. Na derme esses pigmentos são recebidos como invasores, pois o tecido conjuntivo não reconhece essas células como constituintes desse tecido e se prepara para destruí-los. Os macrófagos são recrutados para exterminá-los. Entretanto, o processo de melanização não cessa e a camada basal danificada não consegue impedir a migração constante de pigmento para a derme. Portanto, um dos maiores problemas da hipercromia não é o excesso de pigmento superficial, nem o profundo. O superficial é muito fácil de ser removido com técnicas de peeling adequadas. O profundo, a sua própria fisiologia, por meio dos macrófagos, 47 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II se incumbe de destruí-los. O principal problema da hipercromia e o que a torna praticamente irreversível, é a permeabilidade patológica da camada basal. Uma vez alterada a permeabilidade da camada basal, permitindo a migração de pigmentos para a derme, é muito difícil ser revertida, principalmente porque o tratamento convencional, que é feito para hipercromia, faz uso constante de substâncias tóxicas, agressivas e irritantes. Para remover o pigmento superficial se faz, frequente, o uso de ácidos, cremes abrasivos e equipamentos que produzem esfoliações superficiais. Esses procedimentos são agressivos e não ajudam em nada na recuperação da camada basal. Essas técnicas apenas melhoram a aparência da hipercromia, o que já é um grande passo, pois estimulam a cliente a dar sequência ao tratamento. Argumentos que explicam a distribuição fenotípica da cor da pele em todos os seres humanos São eles: » síntese de vitamina D; » degradação de ácido fólico pelos raios ultravioletas; » resistência à exposição solar direta; » com o avanço da idade o no de melanócitos decaem de 6% a 8% cada década. Os melanócitos sintetizam a melanina e os grânulos depositados protegem o DNA do núcleo. São células presentes nas camadas granulosa e espinhosa, ou abaixo da basal. Apresenta prolongamentos capazes de transferir a melanina para o interior das células epiteliais. Nos melanócitos, a melanina produzida fica armazenada em estruturas intracitoplasmáticas, melanossomas. A tirosina, aminoácido essencial, é o elemento inicial biossintético da melanina. A síntese ocorre graças à ação da tirosinase, enzima que contém cobre, produzida no retículo endoplasmático rugoso e no complexo de Golgi. 48 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA Figura 11. Melanogênese. Fonte: Silva e Castro, 2008. Hiperpigmentação Figura 12. Mecanismo da hiperpigmentação causada pela exposição à Radiação Ultravioleta. Fonte: Silva e Castro, 2008. 49 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Fotodermatose A luz solar, indispensável à vida, é causadora de uma série processos patológicos cutâneos, conhecidos como fotodermatoses. Os principais responsáveis pela fotodermatose são os raios UVA e UVB, porém as alterações dependem da frequência da exposição, do grau de melanização da pele e da predisposição. A radiação solar, sendo uma radiação policromática, é composta por uma série de radiações que abrangem o espectro visível e não visível. » Luz visível: com comprimento de onda que varia de 400 a 800 nm, de acordo com a sensibilidadedo olho (retina), variando de pessoa para pessoa. » Infravermelho: seu comprimento de onda se situa além do espectro visível, de 800 a 10.000 nm. » Ultra violeta A - UVA: raios também chamados de black light ou raios longos, com comprimento variando entre os 320 e 400 nm. » Ultra violeta B - UVB: ou raios “médios” ou “eritematogênicos”. Têm a particularidade de serem retidos pelo vidro (ou pelo menos em sua maior parte), com comprimento de onda variando 280 e 320 nm. » Ultra violeta C - UVC: raios “curtos” com características bactericidas. Suas ondas são retidas pelo quartzo e apresentam um comprimento de onda entre 190 e 280 nm. Quanto à agressão solar, essa pode ser classificada de acordo com os critérios de Mark Rubin, descritos a seguir: » Mark Rubin I: ocorrem alterações somente na epiderme. As características são: sardas (efélides), lentigos, aumento da espessura da camada córnea e superfície áspera e opaca. » Mark Rubin II: ocorrem alterações na epiderme e na derme papilar. As características são: sardas (efélides), lentigos, aumento da espessura da camada córnea, superfície áspera e opaca, queratoseactínica, lentigo senil e apresentam rugas e vincos delicados. 50 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA » Mark Rubin III: ocorrem alterações na epiderme, na derme papilar e na derme reticular. As características são: sardas (efélides), lentigos, aumento da espessura da camada córnea, superfície áspera e opaca, queratoseactínica, lentigo senil, rugas e vincos acentuados, coloração amarelada e sensação de couro fino e também apresenta uma superfície descamativa. Fitoterapia Vaccinium vitis idaea L (Lingonberry) Ativo nutricosmético vegetal obtido do extrato de lingonberry (Vaccinium vitis idaea L.), um produto produzido e patenteado por Beijing Gingko Group (BGG). Contem uma serie de compostos antioxidantes, incluindo 10% de resveratrol, 35% de proantocianidinas e 10% de antocianinas. Proporciona clareamento da pele por inibir a ação da tirosinase e a síntese de melanina. (WANG et al., 2005) Punica granatum (Pomegranate) Indicado para manchas causadas pela exposição à luz solar por inibir ação dos melanócitos. O extrato de Pomegranate apresenta efeito protetor contra a lesão celular UVA-UVB-induzida e protege os fibroblastos humanos contra a morte celular UV- induzida, reduzindo a ativação do fator de transcrição NF-kappaB e da caspase-3, além de preservar os níveis do antioxidante glutationa. (ASLAM et al., 2005; YOSHIMURA et al., 2005; KASAI et al., 2006; PARK et al., 2010) Em estudo realizado em humanos, a utilização do extrato de Punica granatum em doses de 200 mg/dia (100 mg acido elágico) ou 100 mg/dia (50 mg acido elágico) exerceu efeito protetor contra a queimadura solar causada pela radiação ultravioleta e mostrou uma tendência para a redução da síntese de melanina. (KASAI, 2006) Outros estudos realizados in vivo indicaram que o uso do extrato de Punica granatum protege contra a oxidação de lipídios e proteínas induzida pela radiação UVB, reduz a expressão de metaloproteinases de matriz e reduz a fosforilação do fator de transcrição NF-kappaB, exercendo um efeito anti-inflamatório. (PARK et al., 2010; ASLAM et al., 2005) 51 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Composição: » Suco: antocianinas, glicose, ácido ascórbico, ácido elágico, ácido gálico, ácido cafeico, catequinas, EGCG, quercetina, rutina, ferro e aminoácidos. » Óleo da semente: ácido punícico, ácido elágico, esteróis. » Pericarpo: ácido gálico, catequinas, EGCG, quercetina, rutina, flavonas, flavononas, antocianidinas. » Folhas: taninos, flavonas. » Flores: ácido gálico, triterpenoides. » Raiz e casca da árvore: elagitaninas (punicalina e punicalagina, alcaloides piperidínicos). Picnogenol (Pinus Pinaster) Um estudo realizado em 30 mulheres com melasma, a utilização do extrato por 30 dias em dose de 25mg /3xdia (total 75mg/dia) reduziu os sintomas relacionados ao quadro (fadiga, dor, obstipação) e também reduziu a intensidade da mancha e a sua área, sem apresentar efeitos colaterais. Outros resultados relacionados ao uso do Picnogenol. (KIM et al., 2008; NI; MU, 2002) » Forte atividade inibidora tirosinase e biossíntese melanina. » Propriedades antioxidantes: superóxido, radicais hidroxila. » Os estudos mostram aumento de glutationa peroxidase. » Anti-melanogênica por meio de suas ações antioxidativas . » Estimula o sistema enzimático endógeno. » Protege contra Radiação ultravioleta. Olea europaea L. (Oliveira) Oli-OlaTM é um extrato 100% natural da oliva produzido por agricultura orgânica na região sul do Mediterrâneo. Trata-se de um extrato do fruto da oliveira (oliva) que possui padronização em hidroxitirosol (3%), um polifenol com potente ação antioxidante. 52 UNIDADE II │ FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA Segundo diversos estudos é capaz de » promover efeito peeling na pele; » proteger fibroblastos e estimular suas mitoses; e » melhorar a expressão gênica de fibroblastos. De acordo com Braam et al. (2006) o tratamento com hidroxitirosol (associado a vitamina E e quercetina) modula a expressão gênica de fibroblastos com a idade. Estudos demonstram que o uso de antioxidantes orais poderiam diminuir os efeitos deletérios da radiação ultravioleta sobre a pele prevenindo a hiperpigmentação cutânea. (HANDOG et al., 2009) Litchi chinensis (Lichia) A lichia é um importante fruto para a economia da Tailândia. Seu fruto é rico em quercetina, ácido rosmarínico, ácido gálico e compostos fenólicos. Os efeitos terapêuticos dos frutos são atribuídos à presença de compostos fenólicos anti-inflamatórios. Estudos in vitro demonstraram um efeito anti-tirosinase e não mostrou nenhuma atividade citotóxica para as células. (KANLAYAVATTANAKUL et al., 2012) Dosagens e formas de administração ainda não foram estabelecidos. Artocarpus communis Artocarpus communis é uma planta agrícola que também é utilizada na medicina popular para a prevenção de doenças de pele, incluindo a acne e a dermatite. Os extratos de A. communis têm sido utilizados para inibir a melanogênese, no entanto, o mecanismo anti-melanogênese ainda não foi investigado. Fu et al. (2014) revelaram o possível mecanismo de ação dessa planta. O estudo in vitro constatou que o extrato promove decréscimo do conteúdo de melanina e da atividade da tirosinase. Tal efeito se deu pela downregulating do fator de transcrição MITF, importante fator de transcrição regulador da síntese de enzimas melanogênicas tais como tirosinase, TIRP1 e TIRP2. Dosagens e formas de administração ainda não foram estabelecidos. 53 FITOTERAPIA APLICADA À ESTÉTICA │ UNIDADE II Figura 13. Artocarpus communis. Fonte: <http://www.tropilab.com/breadfruit.html>. Acessado em 11/07/2015. Polypodium leucotomos O Polypodium leucotomos apresenta propriedades benéficas para a pele. Esses efeitos são atribuídos à presença de numerosos compostos com propriedades antioxidantes e fotoprotetoras. Diversos estudos avaliaram a atividade de extrato de Polypodium leucotomos e seu efeito fotoprotetor. Todos os pacientes se expuseram à luz solar durante o consumo de 250 a 480mg/dia do extrato por via oral. Na maioria dos estudos, os participantes estavam sem uso de filtro solar. Os resultados indicam que o Polypodium leucotomos exerce importante efeito protetor na pele de indivíduos em exposição solar. (MIDDELKAMP-HUP et al., 2004; GOMBAU et al., 2006; CAPOTE et al., 2006) Além disso, a administração via oral também parece proporcionar benefícios adjuvantes no tratamento de vitiligo e melasma. Muitas evidências científicas indicam um efeito significativo na melhora da gravidade do melasma em mulheres após 12 semanas de uso. (NESTOR et al., 2014) 54 CAPÍTULO 3 Acne vulgaris Palavra de origem grega akmés, significa vértice, cume. Acne é uma doença extremamente comum, afetando quase 80% de adolescentes e adultos jovens entre 11 e 30 anos. Sabe-se que dois
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