A Importância da Psicologia na Conciliação

Fundação Educaci onal Serra dos Órgãos - FESO Cen tro Univ ersit ári o Serr a do s Ór gão s - U NIFES O Psicologia Jurídica Centro de Ciênci as Humanas e Sociai s - CCHS Cur so de Gr adua ção em Di rei to GUS TAVO VA SCONCE LLOS JOÃ O Y URI D E RE ZENDE GOME S MAT HEU S MAC HADO LIMA MAY ARA SANT OS DA SIL VA RAF AELA DO CANTO LOU RENÇ O DE ABRE U “A IMP ORTÂN CIA DA PS ICO LOGIA NA CONC ILIAÇ ÃO” PSI COL OGIA JURÍ DICA E CONCI LIA ÇÃO Teresópolis/ RJ Se tembr o, 2 019. A I MPO RTÂNC IA DA PSI COLO GIA NA CON CILI AÇÃ O INT RODU ÇÃO Est e pre sente trab alho bus ca re laci onar e explo rar d ifer entes concei tos re fere ntes à c iênc ia do Dir eito e da Psic olog ia, re lacio nan do - os a fim d e expo r a int erdi scipl inar idad e co nso lida da entr e essas ma tér ias , qu e, cada d ia mai s at uam em con junt o no senti do de comp lemen tari eda de, para obt enç ão de re sult ados cada vez mais sat isfa tório s p ara a just iça . Se ndo a ssim , t ais aspect os serão tr atado s sob o enfo que da c ontr ibuiç ão gr adat iva na mud ança da cult ura l itiga n t e b rasi leir a, qu e atravé s do u so de Equ iva lente s Juri sdic ionai s, como o da auto compo sição , traz em, cada vez mai s, a re sol ução d os conf lito s d e fo rma mais cél ere e sat isfató ria par a a mbas as par tes , o q ue trás eficác ia à in úmer os prin cípio s expost os na C on sti tuiç ão da Re públi ca F edera tiv a do Bras il d e 198 8. PSI COLO GIA E DI REIT O Diferentemente da Psiquiatr ia, que é uma área v oltada ao diagnóstico e tratamento de doenças mentais, essas, podendo ser conectadas a crimes específicos, a Psicologia é uma c iência que trata dos estados e proces sos mentais, do funcionamento mental dito saudável e d e suas in terações com o am biente físico e social, focando nos aspectos referentes à personalidade e a forma como o agente s ignifica suas experiências, traçando características do indivíduo ou de um grupo. A contribuição da Psicologia se torna essencial e indispensável para o Direito com o adv ento da Constituição da Rep ública Federativa do Brasil de 19 8 8 e a mudança na ideo logia do judiciário, no que diz respeito a resolução de conflito s. Outrora, se operava c om passividade perante a crescente cultura d a litigância, o que aumentou a dem anda, gerando sobrecarga e dificultando o cumprimento da prestação jurisdicional com total eficácia. Neste sentido, a tí tulo de exemplo, surgiu a Lei 9.307/96 que regulamenta a Arbitrag em, e posteriormente em 2015, a Lei 13.140/15, que é o Novo Código de Processo Civil, onde se encontra no seu Artigo 166 os instituto s da Mediação e o da Co nciliaç ão . Esses Equivalentes Jurisdicionais vem sendo i nternalizados como a daptações a o Modelo Multiportas Americano (Multi-ddor ou Courthouse). O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vem pr ovocando r eiteradam ent e a efetivação desta politica púb lica, como confirma a Resolução nº 125/CNJ, que incentiva os meios alt ernativos ou adequados de solução de conflitos no sentido de combate a excessiva litigiosidade que acarreta o Poder Judiciário. “A cooperação entre essas duas ciências , lev a ao entendimento de todo um conjunto de fator es comportamentais, sociais e individuais, concomitante aos aspectos legais, para que uma conduta seja classificada e julgada no sistema jurídico.” (Messa, 2010) Tais institutos, não só desenvolvem o importante papel de um dos Escopos da Jurisdição, que é o da pacificação social, como também é o estimulo da própria cidadania, considerando que os pr óprios interessados passam a ser protagonistas na construção da próp ria dec isão jurídica que regula a relação , sendo entendido , como um reforço da participação popular no exercício do poder, o poder da solução dos litígios. Estes métodos atingem um po nto sens ível na relação das partes, pois ir á analisar todo o conflito, a fim de soluciona- lo . D iante de tal aspecto, se fe z necessário o auxílio da Psicologia para que, com o conhecimento ad quirido, seja possível alcançar um esforço mútuo de todos o s integrantes do processo jurisdicional, para que este se torne o mais célere, barato e justo possível, par a ambas as partes. Entre os meios de autocomposição instituídos no ordenamento jurídico brasileiro, o presente estudo se dedicar á a uma análi se mais aprofundada da conciliação. A CONCILIAÇÃO A conciliação está prevista em diver sos dispositivos do nosso ordenamento, como na Lei 9.099/95, que prev ê a criação de Juizados Especiai s Cív ei s e Cr iminais, par a que, os conflitos qu e competem a est es j uizado sejam resolvidos através da conciliação ou de o utro mei o de autocomposiç ão . Tal instituto chegou ao Novo Código de Process o Civil, sob o foco das par te expressarem a vontade de r esolver os conflitos através de meios mais democráticos de resoluç ão de conflitos. Dentre os dispositivos que t ratam desse tema, talvez, o mais importante seja o A rt igo 165 da Lei nº 13.140/15: “ Artigo 165: Os tribunais criarão centro judiciários de resolução de c onflitos responsáveis pela realiz ação de sessões e audiência de conciliação e mediçã o e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. ” (Lei 13.140/15 – NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL) Ao falarmos da conciliaç ão, é importante ressaltar que, não cabe ao terceiro r esolver o problema, o conciliador terá até uma participação mais at iva no processo de negociação, mas, poderá apenas, sugerir soluções para o conflito de inter esses ent re as partes. Diante do fato de intervenção do conc iliador em alguns pontos chaves da negociação, a conciliação é mais aplicada e m situações ou casos onde não há nenhu m vínculo anterior entre as partes, deixando para situações onde há um vínculo, a mediação. Ressalta-se que, o conciliador não poderá influenciar de forma a coagir as partes a uma solução, pois esta dev erá ser feita pelo livre arbítrio de ambas as partes. A conciliação poderá correr extrajudicialm ente o u judicialmente, sendo que, neste último caso, o conciliador será tido como um auxiliar d a justiça q ue poderá ser um funcionário público, e no pr imeiro caso, poderá ser profissional liberal, ambos express os no Artigo 167 do NCPC/15. Poderá também, ocorr er em câmeras públicas instit ucionais (vinculada s a um Tribunal) ou e m serventias extrajudiciais, associações de moradores, escolas ou Ordem dos A dvogados do Brasil, ou em ambientes privados, c omo por exemplo, em câmaras pr ivadas com viés mais informal, que é o caso do s escr itórios de adv ocacia. Há ainda, possibilidade de conciliação nos casos de Administração Púb lica. Ainda há de se observar, o fato que, o concili ador poderá ser de livre escolha das par tes (Artigo 4º, caput e Artigo 168 Lei n. 13.140/15), que, de acordo com o Artigo 11 do NCPC/15: "Artigo 11: Poder á at uar como mediador judicial a pessoa c apaz, graduada há pel o menos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da E ducação e que tenha o btido capacitação em e scola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Na cional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de justiça em conjunto com o Ministério da justiça" (Lei 13.140/2015 – NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL) A manifes tação de desejo de uma ou de ambas as partes pela conciliação, pode rá ser manifestada em qualquer fase do processo, devendo o juiz então , apontar um conciliador para realização de uma reunião futura. O parágr afo 2º do Ar tigo 3º da Lei 13.140/15, deixa ex plícito o dever do Estado de promover as formas alternativas de resoluç ão de conflito sempre que possível. Importante também, deixa r clara a percepção, de que nesse procedimento não há perdedor e ganhador, não há risco de injustiça, pois são as próprias partes que, auxiliadas, encontram a solução par a o conflito, de forma mais barata e rápida, eficaz e pacífica. A possibilidade de sucesso na resolução do conflito aumenta consideravelmente quando o conciliador, faz uso de ferramentas oferecidas pela Ps icologia. Ao surgir algum impasse, deve o conciliador se manifestar par a esclarecimentos que possam ajudar na permanência do diálogo , mas sem interferir na decisão final das par tes. A Ps icologia se faz necessária quando é preciso se atentar as subjetividades dos indivíduos que compõem a lide, além dos aspectos subliminares que se fazem presentes na medida em que t odos as referências do ambiente somadas a uma boa comunicação, influenciam na percepção do indivíduo e na exteriorização de suas impressões. Segundo Artigo 166 do NCPC/15, a conciliação é for mada pelos princípios da independência, da imparcialidade, do autorregr amento da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. Portanto, temos a conciliação como um meio alternativo de resolução de conflitos, onde o terceiro s erá um conciliador, imparcial e neutro, que conduz uma audiência, onde se propõe soluções para que haja um acordo satisfatório para ambas as partes acompanhadas ou não p or seus adv ogados, esses, podendo esclarecer qualquer dúvida do âmbito jurídico; Enfim, busca-se uma solução pacífica, para que o problema não precise passar pelo judiciário. APLICAÇÃO DA PSICOLOGIA O abandono da comunicação entre as partes devido ao confli to de interesses, é o principa l fator a ser combatido para que seja aumentada a chance de sucesso na resolução da lide de forma pacífica e satisfatória. Neste sentido, um início ou r etomada de comunic ação deve ser incentivada para que floresça condições mínimas para o sucess o da desjudicialização almejada pela justiç a. “ [...] a lei psicológica mais elementar: nenhum ser humano gosta que lhe deem liç õ es, e dos mestres menos ainda. Faz tempo que os psicólogos bem sabem que, par a os mestres e os administrador es serem ouvidos não devem dar a impressão de estar recorrendo a doutrinas psicológicas, mas devem dar a entender que estão apelando, simplesmente, ao senso comum.” (Piaget, 1954, p. 28) Condições amistosas devem ser criadas e estimuladas para que, de sde o surgimento da lide, possa começar a surt ir efeitos, pois, a verdadeira comunicação, não sucede somente quan do as partes se encontram frente a frente em uma audiência. Des de uma mudança na cultura litigiosa, até o ambiente físico da r epartição do Poder Judiciário, há influencia na resolução do conflito. Uma cominação deficiente, pode rá gerar uma exteriorização hostil do pensamento, desestimulando o desejo de resolução da contenda. A interdisciplinaridade en tr e a Psicologia e o Direito é apropriada para a promoção da compreensão do encontro das subjetividades que , atr avés d a utilização de ferramentas ofertadas pela Psicologia , faz com que o profissional jurídico possa se to rnar cada vez mais preparado e capacitado para decifrar comportamentos e ass im, criar condições mais favor áveis para o desfecho preterido. Dessa forma, a Ps icologia se consolida como auxí lio à prestação jurisdicional célere e justa. CONCLUSÃO Com o passar do tempo, é notáv el o progress o referente à humanização das r elações jurídicas, o que traz cada vez mais, a necessidade de implantação de mecanismos com a finalidade de tr azer um equilíbrio entre o que é t ido como uma relação jurídica e um a relação individual , mais focada nas s ubjetividades. A Psicologia é um ramo das Ciências Humanas que ainda pode ser c onsiderado prematuro quando comparado à outras ciências, como o próprio Direito , entretanto, seus estudos tem sido muito utilizados como meio para atingir a efetividade na apreciação judicial da demanda, utilizando-se de mecanis mos de interdisciplinaridade como o dos estudos psicossociais. A importância da Psicologia Jurídica, ainda está a desmistificar a possibilidade de interdisciplinaridade do Direito com outros ramos das Ciências Humanas. O Direito , de forma ampla, dispõe de to das as situações que existem na sociedade atual, a fim de assegurar com completa efetividade os direitos individuais. Isso faz com que se torne necessário a ajuda de diversas disciplinas especializadas, assim, a Psicologia define suas estrutur as, processos e pas sa a ver o desenvo lvimento com primazia. Assim, a Psicologia s e liga diretamente a aplicação concreta do direito, tendo como principal finalidade desenvolver e estimular o desenvolvimento pleno da particularidade de cada indivíduo. Porém, diante da ótica do Direito ser uma C iência Humana passível de inúmeras interpretações, compreensões e com plexidade do comportamento das partes, a Psicologia também serv e como apoio e auxílio ao re stabelec imento psicológico dos indivíduos atingidos de forma negativa pelos conflitos decorres, muitas v ezes, do próprio trâmite processual diante da diversidade nas relações humanas. A inter disciplin aridade não dissolve nenhuma das disciplinas, pelo contrário, as reforça e as mantem em sua individualidade, integrando-se a partir da compreensão de múltiplos fato res que irão intervir sobre a realidade trabalhada em t odas as linguagens necessári as. Neste contexto, temos o Direito do ponto de vista da so ciedade e a Psicologia, do ponto de vista individual, o que demonstra, o quanto é oportuno a integração que terá o v iés de reduzir a ocorrência de injustiças e análises inadequadas sobre o compor tamento de indivíduos envolvidos em relações jurídicas. REFERÊNCIAS DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual C ivil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo do Co nhecimento. 20 edição . Editor a Juspodium. PIAGET, Jean. Psicologia do Desenvolvimento.

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