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Introdução ao movimento

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Prévia do material em texto

Lic. Alvaro Castro Lic. Santiago Turiele
INTRODUÇÃO
AO MOVIMENTO
Anatomia,
Cinesiologia 
&
Prevenção de Lesões
Agradecimentos
À Fundação Fucac por seu constante apoio às nossas atividades. Às nossas famílias, pelo tempo 
tomado pelo nosso trabalho.
Aos nossos professores, nossos colegas, nossos pacientes e nossos alunos, pois com eles aprendemos 
dia-a-dia a ser melhores profissionais.
E-mail: info@psicolibroswaslala.com 
www.psicolibroswaslala.com
2015
© Psicolibros Ltda.
© Santiago Turiele - Alvaro Castro
info@fisiodeporte.com.uy
fisiodeporte.com.uy
ISBN:9789974682528
Impresso e encadernado em Mastergraf srl
Gral. Pagola 1 - Tel. 2203 4760*
11800 Montevidéu, Uruguai
e-mail: mastergraf@netgate.com.uy
Depósito Legal. - Comissão do Papel
Edição amparada no Decreto 21 8/96
Introdução ................................................................. 01
Anatomia do aparelho locomotor ...............................02
ELO PASSIVO ............................................................02
 Ossos .................................................................... 02
 Planos, eixos e movimentos ..................................05
 Articulações ...........................................................05
ELO ATIVO ..................................................08
 Músculos esqueléticos.......................................... 08 
 Momento de força ................................................. 11 
 Alavancas .............................................................. 12 
ESTABILIDADE .......................................................... 15 
COLUNA VERTEBRAL E CORE .................................. 17 
CORE E CORE STABILITY ..........................................22 
MECÂNICA RESPIRATÓRIA .......................................25
COMPLEXO ARTICULAR DO OMBRO .......................26 
ESCÁPULO-UMERAL ................................................27 
 Estabilidade passiva .............................................. 28 
 Estabilidade ativa .................................................. 29 
ESCÁPULO-TORÁCICA .............................................30 
ARTICULAÇÃO COXO-FEMORAL............................32 
 Mobilidade ...........................................................33 
 Avaliações de mobilidade coxo-femoral ...............35 
 Isquiossurais ........................................................ 36 
ARTICULAÇÃO DO JOELHO ............................... ......37 .....................
 Superfícies articulares e estabilidade ........... .........38 .....................
 Rótula e quadríceps ................................... ...........41.....................
TORNOZELO E PÉ ....................................... ...............42 ....................
 Músculos motores ................................ ...............43.....................
 
C o n c e i t o s d e t r e i n a m e n t o f u n c i o n a l o r i e n t a d o à 
reabilitação e prevenção de lesões.................................................45
1. ARTICULAÇÃO POR ARTICULAÇÃO..........................................55 
2. INTERDEPENDÊNCIA REGIONAL...............................................62 
3. PADRÕES DE MOVIMENTO E DESENVOLVIMENTO 
NEUROLÓGICO.............................................................................. 65 
4. CONTROLE MOTOR..................................................................69
5. PIRÂMIDES DE DESEMPENHO E AVALIAÇÃO...........................74
Elevação reta da perna....................................................................77 
Teste de flexão multi-segmentar.....................................................79 
Rotação interna do quadril em decúbito ventral.............................81
..............................................................Extensão multi-segmentar 82
Rotação multi-segmentar 84...............................................................
Teste de mobilidade de ombros 85.....................................................
Agachamento profundo com braços acima da cabeça 86 .....................
Testes de apoio unipodal 87................................................................
 HIERARQUIA DE CAPACIDADES A SEREM TREINADAS NA 
UNIDADE DE TREINAMENTO 88.........................................................
BIBLIOGRAFIA 100.............................................................................
ÍN
DI
CE
Faz muito tempo que, enquanto os treinadores esportivos avaliam e trabalham em qual a melhor maneira 
de potencializar as capacidades físicas, os médicos e fisioterapeutas avaliam e trabalham em como 
normalizar determinadas funções. 
Portanto, a pergunta é bastante óbvia: quem se encarrega da prevenção?
Somos de opinião que todos esses profissionais devem encarregar-se dela.
Para poder compreender e atuar positivamente nessa área é fundamental conhecer, primeiramente, 
determinados aspectos da anatomia e da cinesiologia do corpo humano.
Neste trabalho o leitor poderá encontrar aspectos de anatomia e cinesiologia referentes ao corpo humano, 
bem como conceitos relacionados com a prevenção de lesões, o treinamento funcional e os exercícios 
corretivos.
Embora o ser humano seja uma unidade bio-psico-sócio-cultural, visando a facilitar o seu estudo, dividimos 
este livro em capítulos referentes a diferentes elos e estruturas do aparelho locomotor; como livro introdutório 
do movimento humano, serão priorizadas determinadas estruturas que, por diversos motivos, consideramos 
mais importantes e prioritárias que outras.
Neste livro, não estudamos diretamente a coluna cervical, por entender a complexidade desta região; da mesma 
forma, e devido à prevalência das lesões do aparelho locomotor, especialmente as esportivas, optamos por 
concentrar-nos nos membros inferiores, coluna dorso-lombar e ombro, deixando de lado os setores médio e 
distal dos membros superiores.
Recomendamos confirmar os conteúdos apresentados neste livro na bibliografia sugerida ao final.IN
TR
OD
UÇ
ÃO
01
02
A anatomia é o ramo da biologia que estuda a forma, a estrutura do organismo e a relação entre as 
partes.
Pode ser classificada de diversas maneiras: macroscópica, microscópica, sistêmica, topográfica, 
funcional, etc. 
Ao nos referirmos ao aparelho locomotor, estamos nos reportando ao conjunto de estruturas 
e tecidos especializados diretamente no movimento humano. Conceitualmente consiste de 
três grandes componentes ou elos: passivo, ativo e trófico.
O primeiro proporciona a sustentação de todo o aparelho, consistindo dos ossos e 
articulações. O segundo tem a função de movimentar o primeiro, sendo, portanto, formado 
pelas unidades miotendíneas, isto é, os músculos esqueléticos e os tendões associados. O 
terceiro elo é o que se encarrega de nutrir e estimular os dois primeiros, referindo-se 
principalmente ao componente vascular e nervoso.
Como mencionamos acima, este elo é composto pelos ossos, articulações e todos os seus 
componentes (cápsula, ligamentos, meniscos, cartilagem articular, fibrocartilagem, etc.). 
Encarrega-se da sustentação do aparelho locomotor. Também não devemos esquecer o 
tecido conjuntivo fascial que colabora nessa função.
Anatomia do aparelho locomotor
ELO PASSIVO
No momento de classificar os ossos, encontramos a conhecida divisão em longos, curtos e planos. 
Essa classificação refere-se não apenas às suas dimensões, mas também à sua arquitetura e função.
Considerando os ossos como corpos geométricos com três dimensões (comprimento, largura e 
espessura), podemos encontrar três possibilidades: quando uma das três predomina consideravelmente 
sobre as outras duas, estamos falando de um osso longo; se duas dimensões predominam, é um osso 
plano e senenhuma predomina, trata-se de um osso curto.
Diferenciam-se, ainda, em termos funcionais, já que a função dos ossos longos é o movimento; os 
ossos curtos tem a função de suportar cargas; e os ossos planos formam cavidades.
Os ossos longos encontram-se, portanto, fundamentalmente nos setores de maior, movimento, como 
as extremidades. Estrutural e funcionalmente, os membros superiores assemelham-se aos inferiores, 
já que em algum momento da nossa evolução foram membros anteriores e posteriores, muito similares 
entre si. No setor proximal (braço e coxa), temos um osso longo (úmero e fêmur); no setor intermediário 
(antebraço e perna), dois (ulna-rádio e tíbia-fíbula); e no setor distal (mão e pé), cerca de 19 ossos longos 
por membro (5 metacarpos e 14 falanges na mão; 5 metatarsos e 14 falanges no pé). A sua arquitetura 
diferencia-se quanto a serem o corpo (diáfise) ou as extremidades (epífise). As epífises são formadas 
principalmente por osso esponjoso, trabecular, muito resistente à compressão, rodeado por uma fina 
camada de osso compacto. A diáfise é formada por uma grossa camada de compacto na periferia, sendo 
fundamentalmente oco no centro, com espaço para elementos sanguíneos, adiposos e demais conjuntivos.
Ossos
03
Os ossos curtos são os que suportam mais carga e são mais resistentes aos impactos, por 
isso encontram-se principalmente em setores de carga, como a coluna vertebral, o tarso, 
além do carpo (não esqueçamos que não faz muito tempo que andávamos em quatro patas). O osso do corpo 
que mais carga suporta é justamente o tálus, um dos ossos curtos do tarso. Quando caímos ou nos batemos, 
temos mais probabilidade de fraturar um osso longo que um curto, isto é, se caímos com o punho, corremos 
maior risco de quebrar o nosso rádio que qualquer um dos nossos oito ossos do carpo e, no pé, temos maior 
probabilidade de fraturar metatarsianos (o quinto, em geral) ou a fíbula do que um dos sete ossos do tarso. A sua 
arquitetura é muito semelhante às epífises dos ossos longos, com tecido esponjoso trabecular e uma fina camada 
de compacto. Nas vértebras, o corpo é um osso curto, resistente, portanto, à alta carga, e geralmente fraturam por 
impactos muito fortes, como quedas de altura sobre o eixo axial ("cair sentado") ou devido a ossos muito 
enfraquecidos (osteoporose no adulto idoso). Há bibliografia que as classifica como ossos irregulares, já que o 
corpo é curto e as apófises lhes dão esta forma irregular.
Os ossos planos são encontrados formando cavidades para alojar órgãos importantes: crânio, tórax 
e pélvis. A sua arquitetura é diferente do restante, consistindo de duas camadas de osso compacto 
com uma fina camada de esponjoso entre elas. À exceção da pélvis, não são ossos muito resistentes. 
Os ossos do crânio, costelas e escápulas são facilmente fraturáveis por um impacto, como no caso de 
uma pancada ou uma simples queda da própria altura.
04
Por convenção, referimo-nos a três planos principais de movimento no espaço. A combinação desses planos
 determina uma infinidade de novos planos. Os três planos são: sagital, frontal e horizontal. Os três são 
perpendiculares entre si e neles são produzidos os seguintes movimentos: flexo-extensão, abdução-adução 
(lateralizações) e rotações, respectivamente. Além disso, a sua combinação produz outros movimentos como 
a circundução, abdução horizontal, inversão, eversão, entre outros, além de outros específicos de alguns 
Por definição, articulação refere-se à união anatômica de dois ou mais ossos.
O tipo de união determinará a sua classificação e o movimento que apresentará ou não; isto é, 
independente de movimentar-se ou não, a união de dois ossos é uma articulação por si só.
Se não há meios de união entre as duas superfícies articulares, é classificada como uma 
articulação sinartrodial. A falta de estruturas dispostas entre ambos faz com que os ossos se 
fundam, o que se traduz em ausência de movimento nesse tipo de articulações. São conhecidas 
também pelo nome de fibrosas. Alguns exemplos são as suturas entre os ossos do crânio, os 
ossos que formam o coxal, o sacro, entre outros.
05
Planos, eixos e movimentos
setores (ante e retropulsão, ante e retroversão, prono-supinação, etc.). Cada plano apresenta um eixo que o 
cruza perpendicularmente; por isso esse eixo perpendicular ao plano ficará paralelo aos outros dois planos. 
Esse será o eixo do movimento para cada plano. Para o plano sagital, o eixo de movimento é o transversal; 
para o frontal, o eixo é anteroposterior; enquanto que para o plano horizontal o eixo será vertical.
Articulações
Quando os meios de união são cartilagens fibrosas (principalmente), chamamos de articulações anfiartrodiais 
ou cartilaginosas. O movimento será muito limitado, como no caso das articulações entre os corpos vertebrais,
 a sínfise pubiana e as membranas interósseas do antebraço e perna. Apresentam ligamentos que as reforçam, 
mas não apresentam cápsula, membrana, nem líquido. Portanto, não inflamam e praticamente não doem, 
porque a cartilagem fibrosa é avascular e praticamente não apresenta inervação.
Quando as superfícies articulares estão revestidas por cartilagem hialina (cartilagem articular) e a articulação 
envolta por um manguito (cápsula) revestido por dentro por uma membrana (sinovial), referimo-nos às 
articulações diartrodial ou sinoviais. O deslizamento entre as suas superfícies determina, em geral, grande 
mobilidade, ausente ou restringida nos outros dois tipos de articulações descritos acima. A membrana 
segrega líquido sinovial para a articulação, o que melhora ainda mais o deslizamento e o consequente 
movimento. Esse líquido não é nada mais que um ultrafiltrado do plasma sanguíneo, já que a membrana é 
altamente irrigada. Portanto, essas articulações são as que mais se movimentam, e também as que inflamam, 
se enchem de líquido e doem, devido à importante inervação que possuem.
06
A cápsula é reforçada em determinados setores chamados ligamentos, como, por exemplo, os ligamentos 
glenoumerais no ombro, lateral interno no joelho, entre outros. Além disso, apresentam ligamentos independentes 
da cápsula articular, como os ligamentos conóide e trapezóide no ombro, vertebrais comuns da coluna, cruzados do 
joelho, etc. A função dos ligamentos é limitar movimentos normais, e impedir ou restringir movimentos anormais. 
Por exemplo, o ligamento cruzado anterior do joelho limita movimentos normais, como a extensão, e impede 
movimentos anormais, como a rotação.
Quando uma articulação realiza um movimento além da sua amplitude ou fora dela, ocorre 
uma distensão do ligamento que o limitava, também denominado entorse.
Assim, um movimento no plano frontal no joelho ou no tornozelo provoca uma entorse; 
contudo, o mesmo movimento no quadril ou ombro não gera nenhuma alteração. Por que 
isso ocorre?
07
As primeiras são as mais móveis, por isso, encontram-se nas articulações proximais dos membros como a 
escápulo-umeral e coxo-femoral. A funcionalidade dos membros requer articulações proximais com os três 
planos de movimento no espaço. As articulações condilares são as que às seguem em mobilidade, já que se 
movem no plano frontal e sagital, mas não no horizontal (não fazem rotação). O punho e as 
metacarpofalangeanas são exemplos de condilares.
As trocleares são as mais numerosas, movimentam-se exclusivamente no plano sagital e podem ser 
comparadas a uma dobradiça. O joelho, o cotovelo, o tornozelo e todas as interfalangeanas são desse tipo. 
Ao apresentar movimentos exclusivamente de flexo-extensão, terão ligamentos laterais que estabilizem ou 
impeçam movimentos fora desses planos. As trocleares são as que mais sofrem lesões articulares como entorses 
(principalmente, tornozelo e joelho) As artrodias caracterizam-se por apresentaremsuperfícies articulares planas, 
por isso, ao contrário das anteriores, não se movem realizando movimentos angulares, mas fundamentalmente lineares
Porque a forma das suas superfícies articulares é diferente; por isso, nem todas as 
diartroses são iguais nem se movem da mesma maneira.
Encontramos seis subtipos de diartroses segundo a forma de suas superfícies articulares (a quantidade varia 
segundo o autor): enartrose, condilar, troclear, trocóide, artrodial e de sela.
A acromioclavicular, a tíbio-fibular proximal e algumas interapofisárias da coluna são desse tipo. 
As rádio-ulnares proximal e distal classificam-se como trocóides e são responsáveis pelo 
movimento de prono-supinação; nesse movimento o rádio move-se em volta da ulna e o movimento 
é produzido em ambas as articulações. Por fim, as articulações em sela (encaixe recíproco) têm 
superfícies articulares côncavas em um sentido e convexas no outro, tal como a sela para montar 
cavalos. Portanto, dispõem de movimentos de deslizamento em dois planos perpendiculares entre 
si. Exemplos dessa articulação são: entre o esterno e a clavícula e entre o trapézio e o primeiro 
08
metacarpiano; é essa articulação que nos diferencia de nossos primos-irmãos, os macacos, já 
que dota o primeiro dedo da grande mobilidade que possui, fundamentalmente no que tange à 
oposição do polegar desde a sua raiz.
No momento em que nos referirmos aos músculos e classificá-los, devemos lembrar que 
este elo é constituído pela unidade miotendínea, já que, embora não seja uma estrutura 
suscetível de contração, o tendão é o efetor do músculo, responsável por transmitir a força 
ao osso para produzir um movimento; a maioria dos nossos músculos insertam-se nos ossos 
através de um ou mais tendões.
ELO ATIVO
Músculos esqueléticos
Os músculos podem ser classificados segundo diversos critérios; por exemplo, o bíceps se diferencia do tríceps pela função 
de cada um (flexor e extensor respectivamente), a quantidade de porções que apresentam (duas e três respectivamente), o tipo 
de fibras que os constituem principalmente (lentas e rápidas respectivamente), a quantidade de articulações que cruza, etc. 
Trataremos de reportar-nos aos aspectos mais funcionais dessas diferentes classificações.
Se considerarmos o movimento ou gesto que realizamos, podemos falar de músculos agonistas, sinergistas, antagonistas, 
estabilizadores e neutralizadores. 
Analisemos o seguinte exemplo: remo com roldana. Quando decompomos o movimento nas 
articulações que nele intervêm, podemos mencionar a escápulo-umeral, escápulo-torácica e o 
cotovelo. Nesse exemplo, ao realizar uma extensão na primeira articulação, os músculos extensores como 
o grande dorsal, deltóide posterior e parte longa do tríceps são os que produzem esse movimento. O músculo 
motor primário, isto é, aquele que realiza a maior quantidade da força líquida, é denominado agonista, nesse 
caso o grande dorsal. Neste caso, os outros dois serão os motores secundários, ou sinergistas. Os músculos 
que realizam a função oposta, como o peitoral maior, deltóides anterior e o bíceps, serão os antagonistas. Na 
escápulo-torácica, nesse mesmo exemplo, o movimento na sua fase concêntrica produzirá uma adução escapular, 
por isso, os interescapulares serão os agonistas e sinergistas (trapézio médio e rombóides), e os abdutores da 
escápula são os antagonistas (serrátil maior). Com relação ao cotovelo, o bíceps seria o agonista, o braquial 
anterior um dos sinergistas (entre outros) e o tríceps o antagonista.
Contudo, embora o movimento seja produzido nas articulações mencionadas, é imprescindível a ativação da 
musculatura da coluna e zona média, já que a carga favorece a flexão da coluna e quadril, devendo, por isso, ser 
ativados os extensores de ambos os núcleos articulares. Nesse caso, esses músculos são ativados de maneira 
isométrica, já que o objetivo é fixar as articulações proximais para que as distais se movam; por isso, nesse 
exemplo, os extensores da coluna (paravertebrais) e extensores do quadril (glúteos) são estabilizadores.
09
Na verdade, há músculos cuja função principal é a estabilidade e não o movimento. Os paravertebrais profundos 
(multífidos e rotadores), transverso abdominal, glúteo médio são alguns exemplos disso, já que em geral não 
são músculos de movimento, mas de estabilidade.
Quando classificamos os músculos de acordo com as articulações que cruzam, verificamos que podem fazê-lo 
em uma (monoarticulares), duas (biarticulares), três ou mais (multiarticulares) articulações. Devemos ter presente 
esse aspecto no momento de considerar o seu treinamento quanto à força e flexibilidade. Para os primeiros, os 
monoarticulares, como os vastos do quadríceps, ou o branquial anterior, simplesmente estender ou flexionar 
respectivamente a sua única articulação é o que deve ser feito para fortalecê-los, e vice-versa para alongá-los. 
Para os bi- e multiarticulares devem ser levadas em conta as articulações vizinhas, tanto para alongá-los como 
para ativá-los.
Analisemos o reto-femoral do quadríceps: músculo biarticular, que se origina na espinha ilíaca anteroinferior do coxal 
(pélvis) e se insere na tuberosidade anterior da tíbia (perna). Ao percorrer a parte anterior do quadril e joelho, será flexor 
do primeiro e extensor do segundo. Portanto, para alongá-lo, não basta flexionar o joelho, já que, desta maneira, só se 
estaria estirando os seus músculos monoarticulares (os três vastos). Para alongar o reto-femoral, além de flexionar o joelho, 
deve-se estender também o quadril.
Quando Se analisamos a capacidade dos músculos de realizar força, pelos aspectos
 ultraestruturais sarcoméricos, e de acordo com a representação gráfica extensão-tensão, a 
evidência científica nos diz que em ambos as extremidades da representação gráfica a tensão 
máxima que podem desenvolver é menor, respeitando a forma de "sino". Isso significa que quanto 
mais estirado estiver um músculo, menos capacidade de realizar força e quanto mais encurtado 
estiver, ocorre o mesmo. Portanto, se o músculo é bi- ou multiarticular, a posição em que se encontram as demais 
articulações será determinante para a capacidade de desenvolver maiores ou menores níveis de força.
10
11
Voltando ao exemplo do reto-femoral, se o quadril estiver flexionado ou estendido ao máximo, será afetada a 
capacidade desse músculo fazer força.
Prosseguindo com a classificação dos músculos esqueléticos e distinguindo fundamentalmente dois tipos de
 fibras que os constituem, rápidas (brancas, tipo II) e lentas (vermelhas, tipo I), devemos destacar que todos contêm 
os dois tipos. Entretanto, nem todos os contêm na mesma proporção. Os músculos que se envolverão em situações 
antigravitacionais durante a maior parte do tempo, serão constituídos principalmente por fibras lentas. De fato, a 
maioria dos nossos músculos tem predominância dessas fibras. Os músculos que se encontram a favor da gravidade, 
ou aqueles que são solicitados em ativações de mais força ou velocidade, são compostos por uma maior quantidade 
de fibras rápidas.
Portanto, o treinamento desses grupos musculares diferentes não deveria ser igual. Isso significa que os músculos 
com predominância de fibras rápidas serão favorecidos por contrações de velocidade e força, mas de poucas 
repetições ou pouco tempo, enquanto os de predominância de fibras lentas serão favorecidos por ativações de baixa 
carga, baixa velocidade, muitas repetições e ativações isométricas.
Definimos momento de força ou torque como o produto entre a força e a distância da sua 
aplicação ao eixo de movimento. Isso quer dizer que a mesma força pode variar o seu torque 
se aplicada mais próximo ou mais longe do ponto de giro ou ancoragem.
Momento de força
12
Ao erguer um peso, por exemplo, o seu torqueserá maior quanto mais longe estiver do corpo e vice-versa. 
O momento de força pode ser calculado multiplicando a força em questão pela distância 
horizontal a partir da sua aplicação ao ponto de giro, ou a distância real multiplicada pela força 
e o seno do seu ângulo.
MF=F.d.sen ângulo
Alguns aparelhos de musculação regulam esse momento de força através da utilização de determinado tipo de roldanas, além da 
sua localização. Por exemplo, na cadeira de quadríceps, se for utilizado um aparelho de discos, a 
carga será máxima quando o joelho está em extensão, já que o ângulo com a gravidade é de 90°. 
Contudo, se for realizado em um aparelho com roldanas, deve-se considerar o ângulo entre a 
perna e a corda.
Transferindo para o movimento humano, esse ponto de giro refere-se à articulação, "d" é a distância a partir desse 
ponto até a inserção muscular (momento de força) ou centro de gravidade (momento de resistência). O ângulo é que 
constitui a força (ou peso) com o segmento.
O mesmo peso gera mais ou menos torque conforme a angulação em que se encontra o segmento. Por exemplo, no 
exercício de flexão de cotovelo para bíceps (curl de bíceps), o momento de resistência gerado pela carga é máximo 
quando o antebraço se encontra em posição horizontal, já que o ângulo do segmento com relação à linha de gravidade 
é de 90° (seno 90°=1), e mínimo quando o antebraço se encontra vertical, já que está paralelo com relação a essa linha 
(seno 0°=seno 180°=0). Assim, embora geralmente se chame os exercícios dinâmicos com carga fixa de contração ou ativação 
isotônica, o termo não é correto, já que o tônus do músculo varia durante o exercício devido ao conceito de momento de força.
Refere-se a um tipo de aparelhos simples que permitem obter determinadas vantagens 
mecânicas. As alavancas permitem, por exemplo, fazer menos força que o peso que 
Alavancas
13
está sendo levantado, percorrer menor distância ou realizar uma força no mesmo sentido para levantar um objeto.
Consistem de uma força, uma resistência e um ponto fixo, apoiados sobre uma barra rígida, 
descrevendo um movimento circular.
Classificam-se segundo a distribuição de seus componentes entre si, sendo descritos, 
portanto, três tipos de alavancas: inter-apoio, inter-resistência, inter-força. 
O nome descreve qual dos três componentes se encontra entre os outros dois sobre a barra 
rígida.
Assim, se integrarmos o conceito de momento de força às alavancas de inter-força, a resistência está mais distante do ponto 
de giro ou eixo do que a força, o que vai determinar que, para manter essa alavanca em 
equilíbrio, a força deve ser maior que a resistência. Nas de inter-resistência ocorre o 
contrário. Portanto, podemos dizer que nas alavancas de inter-força existe uma vantagem de 
deslocamento, já que o ponto em que se aplica a força deve 
deslocar menos distância linear em um movimento angular, 
enquanto que as de inter-resistência terão vantagem em força, já 
que deve ser exercida menos força que o peso que se ergue. Nas 
de inter-apoio, se os braços são assimétricos, isto é, se a 
distância do ponto de giro à força (braço de força) é diferente da distância do ponto de giro à resistência 
(braço de resistência), ocorre o mesmo que nas anteriores. Se os braços são iguais, não há vantagem 
mecânica. As de inter-apoio são as únicas em que o componente perpendicular de força e resistência 
tem o mesmo sentido, já que nas outras duas são opostos. Isso determina que o ponto de giro deve 
suportar força e resistência no mesmo sentido, sendo, portanto, as articulações as que mais sofrem
nesse setor.
14
No corpo humano a barra rígida corresponde aos ossos; o ponto de giro, às articulações; a 
força, à inserção muscular; e a resistência à carga. A maioria das articulações do corpo 
comporta-se como alavancas, produzindo movimentos circulares.
As mais abundantes são as de inter-força e as de inter-apoio assimétricas, com braço de 
resistência maior que o de força. Isso significa que as nossas articulações e o nosso aparelho 
locomotor estão mais bem projetados para o movimento que para a força, já que, em geral, os 
nossos músculos têm de fazer mais força que o peso e carga que movem, mas têm que realizar 
um menor percurso proximal para gerar grandes movimentos distais.
Há uma grande quantidade de exemplos dessas alavancas na vida cotidiana e no corpo humano. 
Com relação às de inter-apoio podemos mencionar a coluna vertebral em geral, já que o ponto 
de giro é central (articulações interapofisárias), encontrando-se pela frente e por trás a 
resistência dada pelo peso (força compressiva) e a força dada pelos músculos (força tênsil). A 
partir da posição anatômica, a força encontra-se atrás (músculos extensores da coluna) e a
resistência na frente (linha de gravidade).
Como mencionamos, as alavancas de inter-força são as mais abundantes, alguns exemplos são
 o cotovelo ao ser flexionado, o ombro ao ser realizada abdução ou a realização de abdominais 
sit-ups. Nesses três exemplos, a força encontra-se mais próxima ao ponto de giro que a 
resistência. Quando se quer aumentar a força a realizar, pode-se aumentar a carga, ou aumentar 
a sua distância. 
15
As alavancas de inter-resistência são as menos frequentes; podemos citar a 
flexão plantar do tornozelo em cadeia fechada como o exercício de panturrilha 
parado: o apoio está na cabeça dos metatarsianos, a força no calcâneo e a 
resistência, ou peso corporal, cai muito próximo ao apoio.
Em termos gerais, podemos definir a estabilidade como a capacidade de manter 
a linha de gravidade dentro do polígono de apoio. Analisemos, agora, essa 
ESTABILIDADE
definição e os elementos nela mencionados.
Polígono de apoio X Base de sustentação
A base de sustentação corresponde à área de contato com o solo ou onde se estiver apoiado. Por exemplo, quando 
estamos parados, a base equivale à área dos nossos dois pés. Quem tem pés maiores, tem maior base de 
sustentação e vice-versa. Ao separar ou juntar os pés, a área de apoio não varia, visto que a base de sustentação é a 
mesma. Então, por que estamos mais estáveis quando separamos os pés do que quando os juntamos? Porque nesse 
caso é a relação entre as superfícies de contato que varia. A área que fica compreendida entre as superfícies de contato,
 incluindo-as, é o polígono de apoio. Pode ser definida como a área compreendida entre os pontos mais externos da 
base de sustentação.
Ao separar os pés no plano sagital, isto é, um para frente e o outro para trás, o polígono vai 
desde a borda anterior do pé que está na frente até a borda posterior do pé que está atrás. Ao 
separá-los no plano frontal, isto é, separá-los para os lados, o polígono vai desde a borda
 lateral de um pé até a borda lateral do outro.
Em ambas as posições o polígono é amplo; quando nos perguntamos qual das duas é mais 
estável, a resposta simples A ou B pode não ser suficiente. 
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Para poder responder temos que levar em conta outro elemento: a linha de gravidade. Podemos definir esta linha 
como a projeção vertical do centro de gravidade; isto é, uma linha vertical que passa pelo centro de gravidade. Para 
que um corpo esteja estável, a linha de gravidade deve cair dentro do polígono de apoio. Se cair fora dele, o corpo
 deverá de mover-se até recuperar novamente a estabilidade.
Se estivermos realizando um exercício dinâmico, em que essa linha de gravidade também se desloca, o polígono 
deveria ser ampliado no sentido desse movimento. Então, respondendo à pergunta formulada anteriormente, se 
estamos realizando um movimento no plano sagital, como pode ser um curl de bíceps, ou elevações frontais com 
halteres, o polígono deverá ser ampliado nesse plano sagital, motivo pelo qual os pés devem ser separados um 
para a frentee o outro para trás.
Se o movimento for no plano frontal, por exemplo, nas elevações alternadas com halteres, ou lateralizações de tronco, 
os pés devem ser separados para os lados para aumentar o polígono nesse plano frontal.
Se a linha de gravidade se desloca nos dois planos, como no press militar ou nas elevações laterais de halteres, os pés 
devem ser separados para os lados, de forma a aumentar o polígono no plano frontal, mas, 
além disso, um deve ficar à frente do outro para também aumentar o polígono no plano 
sagital.
Se estivermos realizando um movimento no plano sagital, como o curl de bíceps, e os 
nossos pés estiverem separados entre si, mas para os lados, prática que se observa com 
muita frequência nas academias, no momento em que os nossos antebraços ficam 
horizontais e nossos cotovelos em 90° de flexão, a linha de gravidade encontra-se muito 
próxima da borda anterior dos pés. Quanto mais carga se levanta, mais próximo da borda 
estará a linha de gravidade e, independente da força que tiverem os bíceps, infalivelmente 
o tronco produzirá uma extensão lombar para evitar a saída da linha do polígono, 
mantendo-a dentro deste. Isso vai obviamente gerar uma compressão no setor posterior da 
coluna lombar, podendo produzir dor (lombalgia) e desgaste (artrose).
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Como bem define Kapandji, a nossa coluna é um sistema mecânico dinâmico formado por elementos rígidos (vértebras)
 e elementos elásticos (discos, ligamentos, articulações) que constituem o eixo central do corpo. Possui diversas 
funções conhecidas por todos, como a proteção, amortecimento, movimento e sustentação, entre outras.
Anatomicamente podemos diferenciar vários setores constituintes: cervical (7 vértebras), dorsal (12 vértebras) lombar 
(5 vértebras), sacro (5 vértebras) e cóccix (3 a 5 vértebras). Os três primeiros são móveis entre si, enquanto os dois 
últimos estão fundidos.
COLUNA VERTEBRAL E CORE
Os elementos constituintes rígidos são as vértebras que, por sua vez, são formadas pelos seguintes 
elementos (vértebra tipo): corpo (1), lâminas (2), pedículos (2), apófises articulares (4), apófises 
transversas (2) e apófise espinhosa (1). As vértebras são denominadas pela primeira letra do setor 
em que se encontram, seguida do número de vértebra nesse setor: a terceira vértebra cervical 
denomina-se C3, a sexta dorsal D6, a quarta lombar L4 e assim sucessivamente.
Excetuadas as duas primeiras, entre todas as vértebras móveis encontram-se os discos 
intervertebrais, dispostos entre os seus corpos.
Esse disco intervertebral é formado por uma parte central, o núcleo pulposo (composto 
essencial por água) e uma camada periférica, o anel fibroso que contém o anterior. Esse 
anel fibroso é reforçado por trás e, principalmente pela frente, por ligamentos longos 
da coluna. A função desses discos é obviamente proporcionar amortecimento, 
sustentação e manter a correta relação articular de uma parte do setor posterior. 
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Como mencionado no capítulo que se referia aos tipos de articulações, estas são anfiartroses. Contudo, a 
coluna possui ainda outro tipo de articulações: diartrose. Essas formam-se pela relação entre as apófises 
articulares e constituem uma alavanca de inter-apoio denominada articulação interapofisária. As duas 
apófises articulares superiores de uma vértebra vão articular com as duas apófises articulares inferiores da 
vértebra suprajacente. Possuem cápsula, sinovial e demais elementos constituintes das diartroses e são as 
que costumam inflamar e causar dor na coluna.
Em termos funcionais, pode-se falar, na coluna, de um setor anterior composto pelos corpos e os discos, e 
um setor posterior formado pelo arco vertebral e o maciço apofisário. O setor anterior relaciona-se mais com 
o amortecimento e a sustentação, enquanto que o setor posterior se relaciona mais com o movimento e a 
proteção.
Observando de trás, a coluna normal é reta; contudo, vista de lado, a coluna apresenta uma série de curvas 
alternadas.
Essas curvas são normais, aumentam a resistência e mobilidade de toda a coluna e se intercalam da seguinte 
maneira: nos setores cervical e lombar é côncava para trás e nos setores dorsal e sacrococcígeo é convexa 
para trás. As curvas côncavas posteriormente são denominadas lordose e as convexas, cifose.
Existem ângulos normais de curvatura que, estando aumentados (hiper) ou reduzidos 
(retificação) provocam alterações mecânicas sobre um ou mais dos componentes da coluna. Por 
exemplo, um aumento da curva lombar, hiperlordose, provoca aumento na compressão do 
setor posterior (articulações inter-apofisárias), aumentando o risco de causar lombalgia e 
artrose por desgaste. Por outro lado, uma redução dessa curvatura lombar normal, denominada 
retificação, aumenta a compressão do setor anterior, gerando, a médio e longo prazo, patologias do disco 
intervertebral, como desidratação, protusões e extrusões (hérnia de disco).
19
Da mesma forma, ao reduzir o espaço articular, também acabarão gerando alterações mecânicas do setor posterior 
(artrose). Essas curvas podem ser medidas radiologicamente em uma vista lateral, tomando as facetas superior e inferior 
do corpo da primeira e última vértebra de cada setor respectivamente. Por exemplo, para medir a curvatura dorsal traça-se 
 uma linha paralela à faceta superior do corpo de D1 e outra linha paralela à faceta inferior do corpo D12. A sua 
 intersecção assinala um ângulo que indica o grau de curvatura.
A coluna é uma estrutura compensatória, motivo pelo qual uma alteração em um setor será compensada em outro. Por 
exemplo, a orientação da pélvis constituirá grande determinante das curvas que a coluna apresentará. A pélvis normal tem 
orientação de 45° para frente a partir da vertical. Quando se encontra mais para frente, denomina-se anteversão pélvica, e 
quando se encontra para trás, denomina-se retroversão pélvica. Em geral, a anteversão é decorrente de uma hiperlordose e 
a retroversão de uma (2) retificação lombar.
Esses são os movimentos normais da pélvis no plano sagital; contudo, existem outros movimentos, também no plano 
sagital, denominados nutação e contra-nutação. Esses ocorrem na mulher durante o trabalho de parto, devido a maior 
frouxidão ligamentar induzida hormonalmente, correspondentes a um movimento do sacro sobre os coxais, e não de toda a 
pélvis como ocorre nos anteriormente citados. Na contra-nutação ocorre uma verticalização do sacro, o que provoca um 
aumento nos diâmetros do estreito superior da pélvis. Em seguida ocorre o movimento inverso, isto é, a horizontalização do 
sacro, denominada nutação, que provoca um aumento do estreito inferior.
A coluna vertebral apresenta, em seu conjunto, amplos movimentos nos três planos espaciais, embora a participação de cada 
setor não seja a mesma. Os setores mais móveis da coluna são o cervical e o lombar, o dorsal é o 
menos móvel dos três, e o sacro e cóccix são rígidos. A presença dos doze pares de costelas
 articuladas com as doze vértebras dorsais faz com que esse setor apresente menos mobilidade. 
Isso faz, ainda, com que a falta de movimento a que a maioria dos seres humanos se vê 
submetida provoque uma importante redução patológica da mobilidade desse setor dorsal. Essa 
falta de mobilidade adquirida ocorre basicamente com relação à extensão e rotação do setor 
dorsal, o que faz com que o setor infrajacente, a coluna lombar, ou o suprajacente, a coluna 
cervical, devam realizar esses movimentos.
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Da mesma forma, ao reduzir o espaço articular, também acabarão gerando alterações mecânicas do setor posterior 
(artrose). Essas curvas podem ser medidas radiologicamente em uma vista lateral, tomando as facetas superior e inferior 
do corpo da primeira e última vértebra de cada setor respectivamente.Por exemplo, para medir a curvatura dorsal traça-se 
 uma linha paralela à faceta superior do corpo de D1 e outra linha paralela à faceta inferior do corpo D12. A sua 
 intersecção assinala um ângulo que indica o grau de curvatura.
A coluna é uma estrutura compensatória, motivo pelo qual uma alteração em um setor será compensada em outro. Por 
exemplo, a orientação da pélvis constituirá grande determinante das curvas que a coluna apresentará. A pélvis normal tem 
orientação de 45° para frente a partir da vertical. Quando se encontra mais para frente, denomina-se anteversão pélvica, e 
quando se encontra para trás, denomina-se retroversão pélvica. Em geral, a anteversão é decorrente de uma hiperlordose e 
a retroversão de uma (2) retificação lombar.
Esses são os movimentos normais da pélvis no plano sagital; contudo, existem outros movimentos, também no plano 
sagital, denominados nutação e contra-nutação. Esses ocorrem na mulher durante o trabalho de parto, devido a maior 
frouxidão ligamentar induzida hormonalmente, correspondentes a um movimento do sacro sobre os coxais, e não de toda a 
pélvis como ocorre nos anteriormente citados. Na contra-nutação ocorre uma verticalização do sacro, o que provoca um 
aumento nos diâmetros do estreito superior da pélvis. Em seguida ocorre o movimento inverso, isto é, a horizontalização do 
sacro, denominada nutação, que provoca um aumento do estreito inferior.
A coluna vertebral apresenta, em seu conjunto, amplos movimentos nos três planos espaciais, embora a participação de cada 
setor não seja a mesma. Os setores mais móveis da coluna são o cervical e o lombar, o dorsal é o 
menos móvel dos três, e o sacro e cóccix são rígidos. A presença dos doze pares de costelas
 articuladas com as doze vértebras dorsais faz com que esse setor apresente menos mobilidade. 
Isso faz, ainda, com que a falta de movimento a que a maioria dos seres humanos se vê 
submetida provoque uma importante redução patológica da mobilidade desse setor dorsal. Essa 
falta de mobilidade adquirida ocorre basicamente com relação à extensão e rotação do setor 
dorsal, o que faz com que o setor infrajacente, a coluna lombar, ou o suprajacente, a coluna 
cervical, devam realizar esses movimentos.
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Analisemos agora algumas características passivas do setor lombar: curva côncava 
posteriormente (lordose), apófises articulares verticais e um disco intervertebral com altura 
importante. Essas características fazem com que os movimentos para os quais o setor lombar não 
está bem desenvolvido sejam justamente a extensão e a rotação. Ou seja, a redução da 
mobilidade dorsal aumenta o risco de sofrer patologias lombares por compensações. Se as 
dorsais não se estendem, as lombares o farão. Se as dorsais não fazem rotação, as lombares 
tentarão fazê-lo. Isso ocorre também com relação ao setor infrajacente à coluna lombar: a 
articulação coxo-femoral (quadril). A falta de mobilidade do quadril aumentará as compensações 
da coluna lombar.
Costumamos procurar a causa de dores lombares em alterações próprias desse setor, quando na maioria 
das vezes a coluna lombar está compensando alterações de outros setores, especialmente do quadril e da 
coluna dorsal.
Continuando com os movimentos da coluna lombar, embora não comprima estruturas rígidas como no caso 
da extensão (disco vs. articulações interapofisárias respectivamente), a flexão determina um aumento na 
pressão anterior do disco intervertebral. Isso faz com que o núcleo pulposo seja empurrado para trás, 
devendo, então, ser sustentado pela tensão das fibras posteriores do anel fibroso. Se a pressão for muito alta, como no 
caso de uma flexão lombar com carga, ou se a pressão for baixa, mas durante muito tempo, isso causa um 
enfraquecimento desse setor posterior. O resultado disso pode ser de uma desidratação até uma hérnia de disco, em que 
o conteúdo do núcleo pulposo sai para o espaço posterolateral por ruptura de todas as camadas posteriores do anel. O 
primeiro exemplo pode ser agachar-se para pegar algo com o tronco flexionado e os joelhos estendidos, ou realizar um 
exercício de levantamento de peso flexionando a coluna lombar. Ou, pior ainda, flexionar a coluna 
lombar com carga em vez de realizar uma rotação, sendo o mecanismo de lesão mais frequente com 
relação à hérnia de disco, já que é a situação com compressão anterior. O segundo exemplo é, nada 
mais, nada menos, que permanecer sentado durante muitas horas ao dia, como no caso de pessoas
 que trabalham em escritório. Qual seria então o pior cenário? Acreditamos, sem dúvida, que a 
situação menos favorável é a da pessoa que trabalha em escritório (segundo exemplo) que vai 
à academia e faz atividades prejudiciais para a sua coluna lombar (primeiro exemplo), já que 
combina um anel fibroso fraco com altas cargas.
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Com o termo CORE referimo-nos basicamente à zona média do corpo, ao complexo lombopélvico. 
O termo foi criado por Bergmark em fins dos anos 80 e complementado e aperfeiçoado 
posteriormente por outros pesquisadores. Foi Panjabi que se referiu pela primeira vez aos três 
subsistemas constituintes: passivo, ativo e de controle motor. Para que o CORE, ou região 
lombopélvica, seja estável, é imprescindível à correta relação desses três subsistemas.
O subsistema passivo refere-se ao elo passivo desse setor, ou seja, a coluna lombar (vértebras, 
discos, ligamentos, etc.) e a pélvis, principalmente; não devemos, contudo, esquecer o quadril, 
os fêmures abaixo, bem como a coluna dorsal e as costelas, acima; são fundamentais pela sua 
interdependência com o CORE, motivo pelo qual não podemos deixá-los fora do subsistema 
passivo.
CORE E ESTABILIDADE DO CORE
O subsistema ativo refere-se a todos os músculos que constituem parte desse setor. Há músculos mais profundos, com 
uma relação maior com o subsistema passivo, devido à inserção direta nesse subsistema, motivo pelo qual alguns 
autores se referem a ele como sistema estabilizador local (SEL), e músculos mais superficiais ou que não se insertam 
proximal e distalmente nesse setor, que seriam o sistema de estabilização global (SEG).
O subsistema de controle motor refere-se ao sistema nervoso e à sua relação com os dois 
subsistemas anteriores. Aprofundaremos a análise desse subsistema mais adiante.
A ESTABILIDADE DO CORE, ou a estabilidade lombopélvica, ocorre quando o nosso sistema 
nervoso é capaz de manter a coluna lombar estável diante de forças que tendem a desestabilizá-la.
De nada serve uma coluna lombar saudável (subsistema passivo) com músculos fortes (subsistema 
ativo) se esses músculos não se contraem rapidamente diante da exigência de um movimento ou 
23
gesto esportivo (subsistema de controle motor). Em termos conceituais devemos entender que a coluna lombar 
(subsistema passivo) será saudável quanto menos se movimentar. Ao ser flexionada, é comprimido o disco anterior; ao 
ser estendida, são comprimidas as articulações interapofisárias, já que a coluna lombar já está 
em extensão; ao girar, o disco é comprimido por tensão das fibras oblíquas do anel. Se os 
outros dois subsistemas são capazes de manter a lordose lombar normal, sem aumentá-la nem 
diminuí-la, e de evitar que gire, estamos falando de um core estável.
O core estável não só determina redução de risco de patologias e dores lombares, mas que ao 
proporcionar um ponto fixo aos músculos mobilizadores, aumentará a força, potência e 
desempenho. Isso significa que o jogador de futebol chuta mais forte a bola com o core estável, 
o atleta salta mais longe com o core estável, o tenista saca mais rápido com o core estável, e 
todos eles estão, ainda, sujeitos a menor risco de sofrer lombalgia e patologias desse setor. 
Portanto, os músculos que mantêm a estabilidade do core devem serexercitados: oblíquos, 
retos, paravertebrais, glúteos, psoas-ilíaco, quadríceps, isquiossurais, entre outros. 
Esses músculos vão encarregar-se de limitar os movimentos lombo-pélvicos, além de proporcionar 
um ponto fixo no core a outros músculos.
Analisemos este exemplo: ao chutar uma bola, os músculos que realizam a aceleração do fêmur e 
da tíbia para frente são fundamentalmente o psoas-ilíaco e o quadríceps. Ambos os grupos 
musculares são anteversores e causadores de hiperlordose, motivo pelo qual, junto com eles (na 
realidade, antes deles) devem ser ativados músculos retroversores e que impeçam a hiperlordose 
para contrabalançar a ação proximal dos primeiros, como, por exemplo, os retos abdominais, os 
glúteos e os isquiossurais. Embora teoricamente esses músculos sejam antagonistas dos anteriores,
não o são com relação a esse movimento, já que são os fixadores.
O conceito é que "com a estabilidade proximal, melhoramos a mobilidade distal".
Como referido anteriormente, a ESTABILIDADE DO CORE requer sempre uma boa mobilidade dos 
setores adjacentes a esse setor, como a coluna dorsal e a articulação do quadril. Se esses setores 
24
estiverem rígidos e a sua amplitude de movimento for limitada, invariavelmente a coluna lombar vai compensar, 
desestabilizando-se.
O outro mecanismo estabilizador, junto com a manutenção da neutralidade lombar, é o aumento na pressão intra-
abdominal. Isso gera uma descompressão dos discos intervertebrais, permitindo que suportem mais carga. 
Ao observar nas academias de musculação muitos indivíduos que realizam exercícios com grandes cargas, 
ou os trabalhadores que carregam e descarregam caminhões, é frequente vermos em todos eles a presença 
de uma faixa lombar externa.
Há mais de 300 anos sabemos que se o volume aumenta, a pressão diminui e vice-versa (Lei de Boyle), de 
modo que se o abdômen não consegue se distender, a pressão intra-abdominal vai aumentar, aumentando a 
resistência da coluna às cargas. Assim, se os nossos músculos que se encarregam de aumentar a pressão 
intra-abdominal não forem fortes, ou não reagirem rapidamente, a nossa coluna tolerará menos carga. 
Portanto, é fundamental exercitarmos os músculos que se encarregam disso, como o transverso abdominal, 
os oblíquos, o diafragma e o períneo (solo pélvico).
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Podemos definir a respiração como a ação e efeito de respirar, enquanto a mecânica respiratória é o conjunto 
de processos que fazem o ar fluir entre a atmosfera e os alvéolos através da alternância entre a inspiração e a 
expiração. Para entender esses fenômenos devemos retomer novamente à Lei de Boyle. Quando um corpo 
aumenta o seu volume, a pressão dentro dele diminui, enquanto que se o corpo reduz o seu volume, a pressão 
vai aumentar. Então, consideremos o tronco como duas grandes cavidades: o tórax e o abdômen. Ambas estão 
separadas (ou unidas) pelo músculo diafragma. Quando o volume do tórax aumenta, a sua pressão diminui; 
este é o fator determinante que produz a entrada do ar até os pulmões (inspiração): a diminuição da pressão 
torácica causada pelo aumento do volume.
O volume torácico pode aumentar de diversas maneiras: pode aumentar o comprimento vertical, transversal 
ou anteroposterior. Se o aumento é fundamentalmente vertical, denomina-se respiração diafragmática ou 
abdominal, enquanto que, se esse aumento é transversal ou anteroposterior, denomina-se respiração torácica ou 
costal. Cabe destacar que na respiração abdominal o ar nunca vai para o abdômen, só que ao descer o diafragma, 
a parede abdominal deve distender-se para não aumentar a pressão nessa cavidade, o que impediria que esse 
músculo descesse.
Na respiração costal ocorre o contrário, isto é, a parede abdominal não se distende devido à contração muscular 
(transverso, retos e oblíquos), de modo que a única maneira de aumentar o volume é alargar o tórax para os lados 
e para frente, e não para baixo. Isso ocorre devido à disposição das costelas que, ao se elevarem, aumentam 
esses comprimentos.
MECÂNICA RESPIRATÓRIA
26
A respiração abdominal ou diafragmática é realizada quase exclusivamente pelo diafragma, 
daí o seu nome. Na respiração torácica, o músculo principal também será o diafragma, já 
que ao não poder descer, tomará ponto fixo no centro e elevará as costelas, junto aos 
músculos acessórios nessa função (intercostais, serrátil, peitorais, escalenos, entre outros).
A inspiração é, portanto, um processo ativo, em que grupos musculares devem contrair-se 
para aumentar o volume torácico. A expiração, ao contrário, é um processo passivo, em que 
o volume torácico diminui (e a sua pressão aumenta) devido ao relaxamento desses 
músculos inspiratórios. Ao mesmo tempo, todos os músculos que fazem descer as costelas, 
ou que aumentam a pressão abdominal, também serão expiratórios, já que vão contribuir para 
a redução do volume torácico e expulsão do ar para fora. Encontramos, portanto, os retos, 
oblíquos e transverso como os principais músculos expiratórios.
Segundo os especialistas, esta é a forma correta de referir-se à articulação do ombro, já que, como veremos mais adiante, 
o ombro é um conjunto de articulações, com a escápulo-umeral como a mais importante. Como conjunto, esse complexo 
articular do ombro possui grandes arcos de movimento nos três planos do espaço, sendo os maiores do corpo humano: 
Flexão-Extensão, Abdução-Adução, Rotação interna-Rotação externa.
COMPLEXO ARTICULAR DO OMBRO
Tem como função principal a localização da mão no espaço dentro do chamado "cone de 
circundução". Trata-se de um cone com vértice na articulação escápulo-umeral, com a base formada 
por toda a área compreendida pela circundução.
Dentro desse cone, graças também à articulação do cotovelo, a mão pode chegar a qualquer ponto.
27
No complexo articular podemos encontrar articulações verdadeiras e funcionais. As primeiras têm as características 
fundamentais já descritas de uma articulação: união de dois ou mais ossos. Nas funcionais há uma relação funcional 
entre dois ou mais ossos ou estruturas, mas sem união direta. Contudo, funcionalmente, são tão importantes para o 
movimento final quanto as verdadeiras. Segundo a bibliografia, o número de articulações do complexo é variável. No 
que a maioria dos autores concorda é com as três verdadeiras e diversas das funcionais.
Estas são as mais descritas:
Verdadeiras
Escápulo-umeral
Acromioclavicular
Esternoclavicular
Funcionais
Escápulo-torácica
Coracoclavicular
Bolsa subacromial 
Corredeira bicipital
Embora consideremos que todas têm sua importância, analisaremos duas delas, que devido aos 
seus graus de mobilidade são as mais importantes de todas: escápulo-umeral e escápulo-torácica.
Considerada a articulação mais móvel e mais instável do corpo, a escápulo-umeral é a que 
proporciona maiores graus de mobilidade a todo o complexo. Devido aos seus componentes é
 classificada como uma diartrose, e pela forma das suas superfícies articulares é uma enartrose. 
Como todas as articulações móveis, tem estabilidade passiva e ativa.
ESCÁPULO-UMERAL
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Como dissemos anteriormente, esta é a articulação mais instável do corpo, motivo pelo qual os seus elementos 
estabilizadores passivos são funcionalmente precários. Isso é, contudo, parte da evolução, já que vai determinar os 
importantes graus de mobilidade de todo o complexo. Alguns dos seus elementos e fatores determinantes da 
estabilidade são:
> Relação entre as superfícies articulares.
> Orientação das superfícies articulares.
> C ápsula, ligamentos e lábio.
Como elementos estabilizadores passivos encontramos em primeiro lugar a relação entre as suas superfícies articulares. 
A discordância entre elas e a pouca congruência determinam articulações mais ou menos instáveise, por conseguinte, 
mais ou menos móveis. A congruência será melhorada pela presença do lábio glenoidal na superfície articular da escápula.
Estabilidade passiva
As pessoas com diâmetros mais semelhantes das suas superfícies articulares terão articulações 
escápulo-umerales mais estáveis. Por outro lado, pessoas com maiores discordâncias nos seus 
diâmetros apresentarão maior instabilidade.
A orientação das superfícies articulares também determinará maior ou menor estabilidade. Uma cabeça 
umeral com maior ângulo de declinação (ângulo entre a epífise superior e a inferior) gera um ombro 
mais instável; ocorre o contrário com menor ângulo de declinação.
A articulação é envolta pela cápsula que vai engrossando praticamente em toda a sua parte posterior e, 
em alguns feixes do setor anterior. Esses feixes anteriores são denominados ligamentos gleno-umerais 
(são três, superior, médio e inferior). Esses ligamentos são tensionados alternadamente nos diferentes 
movimentos que o úmero realizar. A maior tensão ocorre na abdução com rotação externa, motivo pelo 
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qual se sugere tomar cuidado ao realizar esse gesto. Roldana por trás da nuca, press de ombros por 
trás da nuca, barra por trás da nuca são alguns exemplos de exercícios desaconselhados para esse 
componente passivo. Da mesma forma, quem tem pouca mobilidade de coluna dorsal, especialmente 
em extensão, sofrerá um aumento compensatório na rotação externa escápulo-umeral, gerando ainda 
mais sofrimento articular. A articulação escápulo-umeral apresenta também ligamentos fora dela, 
como os ligamentos coraco-umerais entre outros.
Uma grande quantidade de músculos passa próxima a essa articulação, alguns longitudinalmente 
outros de maneira transversal. Os longitudinais ao úmero, como o deltóide, bíceps e a porção longa 
do tríceps, entre outros, gerarão uma força ascendente sobre esse osso (força "coatora"), enquanto os transversais, como o 
infra-espinhoso, subescapular e redondos (maior e menor), tenderão a aplicar a cabeça umeral contra a superfície articular
 escapular (glena). Assim, embora todos os músculos periarticulares tenham certa função estabilizadora em determinado 
movimento e ângulo específico, os verdadeiros músculos estabilizadores serão aqueles dispostos transversalmente, já que se 
encarregam de manter ambas as superfícies articulares aplicadas e de permitir o deslizamento entre elas.
Estabilidade ativa
Analisemos o caso do principal músculo motor do ombro: o deltóide. É o principal músculo motor, já que é o 
que participa em mais movimentos do ombro, e, além disso, é capaz de movimentar o úmero em todas as 
direções possíveis a partir da posição neutra. É um grande músculo motor devido ao fato de que traciona o 
úmero principalmente de maneira ascendente; contudo, e justamente por isso, também é um grande músculo 
desestabilizador escápulo-umeral. A força coatora que gera, devido à forma da superfície articular escapular, é 
realmente uma força desestabilizadora e não coaptora. É imprescindível que ao ativar o deltóide, para produzir 
um movimento, tenham sido ativados previamente os estabilizadores transversais para evitar uma elevação da
 cabeça umeral que pode gerar impacto sobre o acrômio, pressionando os tendões que 
passam por este setor e provocando uma das clássicas tendinites de ombro (síndrome de 
impacto ou impingement). Esses músculos estabilizadores transversais, pela maneira como 
estão inseridos no úmero, receberão o nome de manguito rotador. São quatro, três deles 
rotadores externos (supraespinhoso, infraespinhoso, redondo menor) e um rotador interno 
30
(subescapular), por isso, para exercitá-los, fortalecê-los e ativá-los, devemos priorizar os exercícios de rotação externa 
em diferentes posições angulares.
É considerada uma articulação funcional, já que, embora exista uma relação muito importante entre a escápula e a caixa 
torácica, não há contato ósseo entre elas. Depois da escápulo-umeral, a escápulo-torácica é a articulação que proporciona 
mais mobilidade a todo o complexo.
ESCÁPULO-TORÁCICA
Os movimentos da escápula sobre a caixa torácica (escápulo-torácica) serão produzidos coordenadamente com 
o movimento do úmero sobre a escápula (escápulo-umeral). Os movimentos da escápula são os seguintes:
> Elevação-abaixamento.
> A dução-abdução.
> Báscula externa-interna.
Como referido anteriormente, os movimentos da escápulo-umeral associam-se aos da escápulo-torácica. Por 
exemplo, à extensão umeral está associada uma adução escapular; à flexão, uma abdução com báscula externa; 
à rotação externa, uma adução; à interna, uma abdução; entre outras. Por exemplo, ao realizar uma abdução de ombro, a 
escápula se move girando sobre o próprio eixo (báscula ou balanço) para ir posicionando a glena de acordo com o 
movimento umeral. Isso significa que à medida que o úmero se separa da escápula no plano frontal (movimento de 
abdução), a escápula gira para deixar a glena em sentido ascendente e aumentar a amplitude e 
eficácia. Portanto, ao realizar uma abdução de ombro de 90°, por exemplo, a escápulo-umeral se 
move realmente 60°, enquanto que a escápulo-torácica se move 30°. 
Isso ocorre simultaneamente, ou seja, a cada 2° que uma se move, a outra se move 1º (relação 2:1). 
Se continuamos com a abdução, por exemplo, até 150°, a relação entre os movimentos das duas 
articulações se altera, chegando a uma relação de 1:1. Por isso, se queremos exercitar tanto os 
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músculos escápulo-umerais como os deltóides, as aberturas laterais serão feitas até 90°, que é quando têm maior 
participação.
A escápula apresenta um único contato ósseo com o tronco através da articulação acrômio-clavicular, e a clavícula, por 
sua vez, com o esterno e a primeira costela (esterno-costoclavicular), já que esse osso plano praticamente não possui 
fixação óssea, tendo grande importância a musculatura que se encarrega de sustentá-lo. Os mesmos músculos que 
movimentam a escápula são os que a estabilizam, sendo ativados de maneira isométrica, 
excêntrica ou concêntrica, conforme a situação. Devemos entender que praticamente todos os 
músculos motores da articulação escápulo-umeral têm inserção proximal na escápula, motivo 
pelo qual, estando estabilizada, a sua força distal será beneficiada. Por outro lado, se o setor 
proximal está instável, a contração que o músculo realizar será expressa em ambas as inserções,
 reduzindo a força distal. Novamente o conceito de que "com estabilidade proximal, mobilidade 
distal".
O principal músculo encarregado de proporcionar estabilidade (e mobilidade) à escápula é o 
serrátil maior, por isso é necessário realizar exercícios que melhorem a sua condição.
Geralmente, iniciamos com exercícios em cadeia aberta, para melhorar o seu aprendizado, e depois em cadeia 
fechada para melhorar a sua funcionalidade.
Em cadeia aberta, o movimento é da escápula sobre a caixa torácica e, em cadeia fechada, é da caixa torácica 
sobre a escápula. Acrescentando condições de instabilidade e/ou aumento de carga, aumentamos as exigências 
do exercício. Outros músculos também vão participar no que se refere à estabilidade e mobilidade escapular, 
especialmente o trapézio médio, o inferior e os romboides (maior e menor).
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Com relação às três porções do trapézio, a superior é a única que está contra a gravidade, 
já que o médio está desgravitado e o inferior está a favor desta força, o que faz com que o
tônus muscular do superior seja muito maior que o dos outros dois. É por essa razão que 
para melhorar a estabilidade escapular é fundamental normalizar ou melhorar esse 
desequilíbrio, devendo-se fortalecer o médio e o inferior, e diminuir o tônus do superior 
com exercícios inibitórios de alongamento (por mais de 12 segundos, preferencialmente30 segundos).
Esta enartrose é a segunda articulação mais móvel do corpo, depois da escápulo-umeral, com a
diferença de que é extremamente estável, devido ao tipo de superfícies que apresente e, 
obviamente, às duas grandes funções que tem a cumprir: bipedalismo e locomoção.
Sem querer estender-nos na descrição das superfícies articulares, já que não é o objeto deste 
livro, devemos entender que se trata de uma superfície convexa (cabeça femoral) dentro de uma 
côncava (acetábulo do coxal); por isso, em condições normais, não apresenta problemas de 
estabilidade. Ao contrário de seus vizinhos (coluna lombar e joelho), o maior número de 
problemas que sofrerá deve-se à falta de mobilidade e não de estabilidade.
ARTICULAÇÃO COXO- FEMORAL
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A sua grande estabilidade é ainda mais pelos importantes complexos 
ligamentares que a bacia apresenta. De cada um dos três ossos que 
constituem a bacia (ílio, ísquio e púbis) parte um reforço capsular até o 
fêmur, formando os três grandes ligamentos do quadril: iliofemoral, 
isquiofemoral e pubofemoral, respectivamente. De fato, o primeiro é o mais 
resistente de todos os ligamentos do corpo.
Entre o colo e o corpo do fêmur encontramos o ângulo de inclinação que em 
adultos normalmente é de cerca de 130o. Isso faz com que o corpo femoral 
desça obliquamente para baixo e para dentro, formando um ângulo de 
Ligamento 
Isquiofemoral
Ligamento 
Pubofemoral
Ligamento 
Iliofemoral
aproximadamente 10o com a vertical (valgo fisiológico do joelho). Quando esse ângulo de 
inclinação é maior, esse valgo fisiológico ficará diminuído (joelho varo); se o ângulo de 
inclinação é menor, o valgo fisiológico estará aumentado (joelho valgo).
Os 10° normais formam um ângulo aproximado entre fêmur e tíbia de 170o. Nessas condições, 
o peso que os compartimentos externo e interno do joelho suportarão serão mais ou menos 
iguais.
Contudo, no caso de joelho valgo, os compartimentos externos receberão mais carga, 
aumentando o desgaste sobre eles. No varo, ocorre o contrário. Portanto, a presença de valgo 
ou varo aumenta o risco de sofrer artrose do joelho.
Se considerarmos que na cadeia cinética, a coxo-femoral, sendo muito estável, deve ser uma das 
articulações que mais movimento realize, a sua alteração em ADM determinará compensações 
com outras articulações que não deveriam fazê-lo.
Mobilidade
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Devido à hipocinesia em que vivemos hoje em dia, o nosso quadril se movimenta realmente 
muito pouco, o que provoca rigidez articular, retração capsular e fascial, e encurtamentos 
musculares periarticulares. Essa falta de mobilidade afetará as articulações supra e infrajacentes; 
por isso a sua avaliação e tratamento é muito importante, mesmo quando assintomática.
Por exemplo, em um quadril que tenha boa amplitude de flexo-extensão, a pélvis e a coluna 
lombar não terão que girar além das suas amplitudes normais ao caminhar e correr.
Com amplitudes limitadas do quadril, tanto bilaterais como assimétricas, (bem como alterações 
na mobilidade da coluna torácica e no controle motor), a coluna lombar tem que girar 
exageradamente para posicionar os acetábulos para frente e para trás para compensar a falta de 
mobilidade coxo-femoral. O resultado disso pode ser a lombalgia, uma das patologias mais 
frequentes em atletas e não atletas.
Portanto, devemos melhorar a mobilidade e amplitude coxo-femoral para reduzir o risco de lombalgia, pubalgia, 
distensões, sobrecargas musculares e, claro, para melhorar o desempenho.
Há grupos musculares e movimentos que são mais limitados que outros, devendo, por isso, ser priorizados. A 
correção das assimetrias também deveria ser o primeiro nível de trabalho.
> ·L iberação fascial anterior, posterior, interna e externa.
> M obilidade articular em multiplanos, enfatizando a flexo-extensão, abdução e rotação 
externa em flexão.
> A longamento e flexibilização* do reto anterior, adutores, rotadores e isquiossurais.
Fazemos distinção entre alongamento e flexibilização, já que o primeiro se refere a melhorar principalmente 
os aspectos elásticos musculares, e a segunda, a aumentar o comprimento real do músculo e sua fáscia. 
O alongamento deve preceder à sessão de treinamento, enquanto a flexibilização é utilizada, em geral, ao 
final, ou em uma sessão específica de flexibilidade. Serão diferenciados pelo tipo de alongamento realizado 
e a sua duração, sendo o alongamento de intensidade alta e curta duração e a flexibilização de baixa 
intensidade e duração prolongada.
Avaliações de mobilidade coxo-femoral
Algumas delas concentram-se nos aspectos articulares e outras nos musculares. É muito importante também poder 
identificar assimetrias.
> Elevação reta da perna
> T este de Thomas.
> R otação interna de quadril.
> F lexão bilateral de joelhos.
> A dução bilateral em retroversão.
> T este de Wells-Dillon.
> T oe touch.
Nas avaliações, embora se vise a analisar a mobilidade coxo-femoral em multiplanos, 
encontramos diversos testes relacionados com os músculos posteriores da coxa. Isso 
não é aleatório, já que consideramos que são os músculos prioritários no momento 
de trabalhar e corrigir.
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Isquiossurais
Quando nos referimos a músculos posteriores da coxa ou isquiossurais, referimo-nos a três músculos que 
vão desde a tuberosidade isquiática (ísquio) até ambos os ossos da perna (sural=perna). O termo 
"isquiotibiais" refere-se exclusivamente ao semitendíneo e ao semimembranáceo, que são os que realmente 
se insertam na tíbia. O terceiro músculo será o bíceps femoral que se inserta na fíbula. Esse músculo tem 
também uma porção mais curta, monoarticular, que se estende desde o fêmur (porção curta do bíceps 
femoral).
Esses músculos são compostos predominantemente por fibras tipo I, lentas, aeróbicas, posturais, que em 
sua fisiopatologia tendem ao encurtamento.
Existem diversos estudos que relacionam o encurtamento e falta de elasticidade desses músculos à lombalgia, 
devido ao fato de que reduzem a amplitude articular coxo-femoral, com as consequentes compensações. São 
biarticulares e, devido às suas inserções no ísquio e na perna (tíbia e fíbula) serão flexores do joelho e 
extensores do quadril.
Funcionalmente realizarão a sua máxima potência na corrida, já que são os que realizam a extensão do quadril 
na cadeia cinética fechada na fase de apoio.
Os isquiossurais, como todos os músculos extensores da cadeia posterior 
inferior, são os que nos impulsionam para frente, realizando uma força de 
]ação contra o piso para baixo e para trás, gerando a consequente força de 
reação, para frente e para cima, que nos faz avançar. Durante a marcha, a sua 
solicitação é menor, mas durante a corrida, junto com os gêmeos, têm sua 
maior participação no impulso. Portanto, a velocidade relaciona-se 
diretamente à força dos isquiossurais; mas também o encurtamento desses 
músculos reduz a flexão do quadril, tornando o passo largo mais curto, 
reduzindo, portanto, a velocidade.
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Em suma, devemos ter isquiossurais fortes e flexíveis para ser velozes. Durante a oscilação, 
encarregam-se de realizar a freada do membro inferior, tanto no quadril como no joelho, sendo 
ativados em regime excêntrico. É essa última função de desaceleração à alta velocidade uma 
das causas para que sejam os músculos que mais sofram distensões no futebol, por exemplo. 
De fato, o bíceps é o que mais sofre distensão, devido ao maior ângulo de penação que 
apresenta com relação aos outros dois. Portanto, é imprescindível que sejam exercitados para
 cumprir esta função. Os exercícios de fortalecimento excêntrico junto com os alongamentos 
dinâmicos, estáticos e FNP deveriam ser incorporados às rotinas de treinamento.
ARTICULAÇÃO DO JOELHO
O joelho é a articulaçãointermediária e a maior do membro inferior, encarregada de relacionar a coxa com a perna.
 Funcionalmente, comporta-se como uma troclear, já que apresenta a flexo-extensão como movimento praticamente 
exclusivo. Ao observar as suas superfícies articulares, vemos que os dois côndilos do fêmur se articulam com os dois 
platôs tibiais; assim, se estivessem isolados, côndilo e platô interno, e côndilo e platô externo, cada um deles se 
comportaria como uma articulação condilar com 2 eixos de movimento, e não 1 como as trocleares. Por ser duas 
articulações condilares unidas, diz-se que anatomicamente se trata de uma articulação bicondilar, mas 
funcionalmente é uma troclear. Os movimentos de adução e abdução da tíbia, bem como os de rotação, 
não são parte da sua funcionalidade, mas os principais mecanismos sujeito à lesão no joelho.
Além do fêmur e da tíbia (articulação fêmoro-tibial), o joelho é formado também pela rótula 
(articulação fêmoro-rotuliana ou fêmoro-patelar).
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Superfícies articulares e estabilidade
Pela frente, o fêmur articula-se com a rótula através da tróclea e por baixo com a tíbia através dos côndilos; a rótula não 
se articula com a tíbia e, ao contrário do que ocorre no membro superior, onde ambos os ossos do antebraço se articulam 
com o osso do braço, a fíbula não constitui parte do joelho, ficando fora da cápsula articular. Essa cápsula é recoberta por 
dentro pela mais extensa membrana sinovial do corpo, o que, junto com a instabilidade articular, faz com que a tumefação 
(inchação) do joelho seja a mais frequente entre todas as articulações.
Os côndilos femorais e os platôs da tíbia são pouco harmoniosos entre si, por isso a presença dos meniscos é 
fundamental para melhorá-la. Embora formados por fibrocartilagem, a sua função não é de amortecer como é o caso dos 
discos da coluna, já que a sua forma é muito diferente, mais parecidos com um anel do que com um cilindro. O que esse 
anel faz mecanicamente é tornar a superfície articular dos dois platôs da tíbia mais côncava, já que é quase plana, e torná-la 
mais harmoniosa com a convexidade dos côndilos femurais. Dessa maneira, a carga é mais uniformemente distribuída. A 
meniscectomia (extirpação) de um menisco gera, portanto, alterações na distribuição mecânica da carga, causando artrose 
de joelho. O menisco deve, portanto, ser conservado sempre que possível, e consideramos que os tratamentos 
conservadores baseados na estabilidade e fortalecimento devem ser a indicação para uma lesão de menisco, deixando a 
cirurgia como último recurso.
O joelho apresenta a sua maior estabilidade em extensão, já que as espinhas que se encontram entre os platôs encaixam 
no entalhe intercondilar, o que praticamente bloqueia outro tipo de movimentos que possa apresentar. Por sua vez, outro 
dos componentes estabilizadores passivos é a presença de importantes complexos ligamentares nessa articulação, a 
maioria dos quais são tensionados justamente na extensão, reforçando o anteriormente citado.
Os ligamentos laterais limitam principalmente os movimentos de adução e abdução (denominados varo e valgo 
respectivamente), bem como determinados movimentos de deslocamento anteroposterior dos dois ossos entre si. Os 
ligamentos cruzados, pela sua disposição, limitam praticamente todos os movimentos do joelho, além do seu plano ou 
amplitude normal. Isso significa que há movimentos em planos normais, como por exemplo, a extensão do joelho que 
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são produzidos no plano sagital (plano da flexo-extensão). Ao atingir os 180° desse movimento 
normal, determinados ligamentos são tensionados ao máximo (lateral interno, externo e cruzado 
anterior), impedindo que o movimento continue para além dessa amplitude normal. Em outras 
palavras, limitam movimentos normais.
Há ainda outros movimentos, em outros planos, para os quais o joelho não está habilitado, como os
 do plano frontal (valgo e varo) ou horizontal (rotações). Esses ligamentos vão impedir também esses movimentos anormais. 
Portanto, os ligamentos limitam movimentos normais e impedem movimentos anormais. As lesões de ligamentos, como 
entorses e rupturas determinarão maior instabilidade passiva do joelho, para as quais muitas vezes haverá indicações de 
imobilização (entorse) ou cirurgia (ruptura do ligamento cruzado).
Embora as avaliações clínica para determinar a estabilidade do joelho sejam em geral passivas, com o paciente deitado sobre 
uma maca, realmente pouca informação fornecem quanto à estabilidade funcional dessa articulação. Consideramos esses 
exames clínicos de grande importância para determinar se houve lesões articulares, sendo fundamentais. Contudo, fornecem 
poucos dados quanto à estabilidade real, já que não é avaliada a força, o controle motor, a propriocepção, a velocidade de 
ativação, etc.
Além disso, o joelho é parte de uma cadeia cinética de movimento, por isso consideramos que além das avaliações analíticas, 
são fundamentais as avaliações funcionais, bem como avaliações das demais articulações de toda a cadeia.
Por exemplo, poderíamos incluir na cadeia cinética do membro inferior a região lombo-pélvica, o 
quadril, o joelho, o tornozelo e o pé.
Analisando essas articulações, encontraremos algumas estáveis e outras instáveis, e algumas muito 
móveis e outras pouco móveis. Funcionalmente, as que são estáveis devem ganhar em mobilidade, 
já que isso não conspirará contra a sua mobilidade; e as que são instáveis, devem ganhar em 
estabilidade, e não em mobilidade (salvo se a sua mobilidade for inferior aos valores normais).
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Isto é, seguindo a cadeia cinética do membro inferior, deveríamos melhorar os seguintes elementos:
 
 > Lombar-estabilidade.
> Quadril-mobilidade.
> J oelho-estabilidade.
> Tornozelo-mobilidade.
> Pé-estabilidade.
Portanto, ter pouca estabilidade lombar, ao afetar a estabilidade da cadeia de movimento, determinará um 
joelho funcionalmente instável. Da mesma forma, pouca mobilidade no quadril também pode determinar um 
joelho instável devido às compensações. Um teste funcional muito utilizado para a estabilidade do joelho é o 
squat unipodal. Consiste em realizar um agachamento em um só pé, com as mãos na cintura.
Na maioria das vezes percebem-se alterações na estabilidade, evidenciando-se movimentos látero-mediais 
do joelho, valgos dinâmicos, lateralizações de tronco e outros. Se a esta instabilidade funcional somamos 
atividades de impacto, o resultado pode ser muito ruim, recordando, ainda, que a membrana 
sinovial do joelho é a mais extensa de todas as articulações do corpo. A estabilidade funcional do 
joelho ocorre, portanto, através de seus componentes ativos e o controle motor.
Ao contrário de outras articulações já estudadas, os músculos periarticulares do joelho não serão 
grandes estabilizadores, devido ao fato de serem mobilizadores, por localizarem-se 
fundamentalmente no plano sagital.
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Isto é, são extensores (quadríceps) ou flexores (isquiossurais, gêmeos) e pouco podem realmente fazer
 para evitar os verdadeiros movimentos desestabilizadores do joelho, como o valgo, o varo e as 
rotações. Então, por que o quadríceps é considerado o principal músculo estabilizador do joelho? 
Consideramos que o quadríceps não é estabilizador, mas mobilizador. Entretanto, sendo o único 
extensor do joelho, a sua fraqueza lhe provoca instabilidade, já que a posição de extensão é a mais 
estável desta articulação. Ao semi-flexionar o joelho devido à fraqueza do quadríceps, este encontra-se 
em posições mais instáveis. Portanto, podemos dizer que o quadríceps é indiretamente estabilizador do 
joelho. Os verdadeiros músculos estabilizadores do joelho encontram-se na região lombo-pélvica e no 
quadril, já que se encarregam de direcionar a extremidade distal do fêmur.
Os músculos que aproximam

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