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ANESTÉSICOS INJETÁVEIS Valéria Veras de Paula INTRODUÇÃO Anestésicos injetáveis • Indicações de uso – indução anestésica – indução e manutenção anestésica (infusão) – realização de pequenos procedimentos cirúrgicos – realização de exames diagnósticos Avaliação do paciente Medicação pré-anestésica Preparo do animal Indução da anestesia Manutenção da anestesia Procedimento cirúrgico Recuperação pós-anestésica ALTA DO PACIENTE INTRODUÇÃO Anestésicos injetáveis • Oré – 1872 – introdutor da anestesia geral IV – hidrato de cloral em humanos • Humbert – 1875 – hidrato de cloral em eqüinos – - efeitos colaterais – Meltzer & Aue (1905) – associação com sulfato de magnésio – RPA longa, excitação, depressão respiratória Fantoni et al., 2002. INTRODUÇÃO Anestésicos injetáveis • Década 20 – descoberta ácido barbitúrico – Pentobarbital (1930) – Tiopental (1933) • Sweeb – 1936 – Pentobarbital em eqüinos – Excitação e decúbito prolongado Fantoni et al., 2002. INTRODUÇÃO Anestésicos injetáveis • Marcenac, Bordet e Jaudin – 1948 – Tiopental em eqüinos (resultado satisfatório) – Cães – pentobarbital e tiopental • Década 60 – Quetamina (queimados) – Até hoje muito utilizada – Animais silvestres Fantoni et al., 2002. INTRODUÇÃO Anestésicos injetáveis • Década 70 – Etomidato (cardiopatas) – Propofol • Glen – 1980 – Propofol - macacos, coelhos, gatos, porcos – Veículo – cremofor (reações) – Popularidade – indução e manutenção anestesia Fantoni et al., 2002. 1875 - Hidrato de cloral 1930 - Pentobarbital 1933 - Tiopental 1960 - Cetamina 1970 - Etomidato 1980 - Propofol ANESTESIA TOTAL IV OBJETIVOS DA ANESTESIA • Inconsciência • Relaxamento muscular • Analgesia • Antigamente = substância única • Atualmente = vários fármacos com atividades específicas CARACTERÍSTICAS ANESTÉSICO INJETÁVEL IDEAL • Estabilidade em solução • Ausência de dor e lesão à aplicação • Baixo potencial de liberação de histamina • Latência curta, sem excitação • Metabolização rápida em agentes inativos • Relação dose-resposta que permita titulação • ¯ metabolismo cerebral e PIC • Recuperação rápida e suave • Ausência de efeitos adversos – náusea, cefaléia, sedação prolongada Chiu & White, 2001. CLASSIFICAÇÃO FARMACOLÓGICA ANESTÉSICOS GERAIS INTRAVENOSOS Fantoni et al., 2002. GRUPO EXEMPLO Barbitúricos Tiobarbitúricos Oxibarbitúricos tiamilal – tiopental pentobarbital Compostos imidazólicos etomidato Alquil-fenóis propofol Derivados da fenciclidina Cetamina tiletamina CLASSIFICAÇÃO ANESTÉSICA ANESTÉSICOS GERAIS INTRAVENOSOS Massone, 2002. ANESTESIA FÁRMACO Anestesia geral IV barbitúrica tiopental pentobarbital Anestesia geral IV não-barbitúrica etomidato propofol Anestesia dissociativa cetamina tiletamina BARBITÚRICOS • Grande popularidade na Med. Veterinária. • Desde que utilizados adequadamente – Uso ainda indicado na rotina anestésica • Classificação – Estrutura química – Periodo ação Massone, 2002. Fantoni et al., 2002. BARBITÚRICOS CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURA QUÍMICA Substituições Agente R1 R2 R4 Lipossolubilidade Barbital etil etil oxigênio 1 Fenobarbital etil fenil oxigênio 3 Pentobarbital etil 1-metilbutil oxigênio 40 Tiopental etil 1-metilbutil enxofre 600 Tiamilal propenil 1-metilbutil enxofre 750 -Lipossolubilidade = início ação + rápido = tempo ação ultracurto BARBITÚRICOS CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURA QUÍMICA O = C C N -H HO-C H H O HO-C H O N -H H URÉIA ÁC. MALÔNICO O = C 2 5 C + H 2O N C H N C H (R3)H O (R1) H O (R4) (R2) 3 4 1 6 ÁC. BARBITÚRICO Thurmon et al., 1996. BARBITÚRICOS CLASSIFICAÇÃO CONFORME DURAÇÃO DE AÇÃO Classificação Agente Latência após IV Período hábil longa barbital 22 min 6-12h longa fenobarbital 12 min 6-12h curta pentobarbital 30-60s 60-120min ultracurta tiopental 15-30s 10-20min ultracurta tiamilal 15-30s 10-20min - LIPOSSOLUBILIDADE Massone, 2003. Fantoni et al., 2002. BARBITÚRICOS PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS • Tolerância aguda – Qto > dose inicial > concentração cerebral • Efeito cumulativo – Administração de doses complementares – RPA prolondada com características indesejáveis Massone, 2003;Fantoni et al., 2002. BARBITÚRICOS PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS • São ácidos fracos – ionizam qd dissolvidos água. • Grau de ionização – Determinado pH sg e pKa do agente – Forma não ionizada = farmacologicamente ativa – Acidose = - não ionizada = > fármaco ativo • Lipossolubilidade (-) – Rapidamente captados todos tecidos (barreira hematoencefálica e placentária – depressão fetal) – rápido início – ação ultracurta Massone, 2003;Fantoni et al., 2002. BARBITÚRICOS PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS • Ligação a albumina (70-85% tiopental) – fármaco livre = difundem-se através membranas celulares – fármaco + albumina = ¯ captação tecidual Massone, 2003;Fantoni et al., 2002. > DISPONIBILIDADE FÁRMACO CÉREBRO > DEPRESSÃO E PROLONGAMENTO AÇÃO BARBITÚRICOS PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS • Indução e recuperação da anestesia – dependente da distribuição do fármaco nos tecidos – lipossolubilidade = rápida captação tecidual – captação tecidual dependente fluxo sg do tecido Massone, 2003;Fantoni et al., 2002. cérebro, coração, rins 70% DC músculos estriados e pele 25% DC tecido adiposo 4% DC ossos, cartilagem, tendões 1% DC fluxo sg BARBITÚRICOS PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS • Biotransformação hepática – evitar uso concomitante ao cloranfenicol – glicose = reanestesia = ¯ atividade microssomal hepática • Excreção renal. Massone, 2003;Fantoni et al., 2002. BARBITÚRICOS MECANISMO DE AÇÃO Thurmon, 1996;Massone, 2003;Fantoni et al., 2002. • Potentes hipnóticos que produzem depressão dose- dependente do SNC. • Leve sedação ® sono ® AG ® depressão bulbar • Depressão central – córtex, tálamo, áreas motoras SNC – centros termorreguladores, vagal, respiratórios, vasomotor BDZ GABA Picrotoxinas Barbitúricos Avermectina Canal de cloro fechado Cl- Cl- Canal de cloro aberto Picrotoxinas Barbitúricos Avermectina BDZ GABA Spinosa & Gorniak, 2002. BARBITÚRICOS MECANISMO DE AÇÃO Thurmon, 1996;Massone, 2003;Fantoni et al., 2002. • Ação periférica – ¯ ligação da acetilcolina na membrana pós-sináptica – excelente relaxamento muscular BARBITÚRICOS EFEITOS DIVERSOS SISTEMAS Massone, 2003 • SNC – depressão progressiva – sedação, euforia, delírio, excitação, confusão mental • Respiratório – depressão direta centro bulbar (apnéia transitória) – ¯ FR – ¯ amplitude – ¯ volume minuto BARBITÚRICOS EFEITOS DIVERSOS SISTEMAS Massone, 2003. • Cardiocirculatório – ¯ PA depressão centro vasomotor – bloqueio vagal – aplicação rápida – depressão direta miocárdio - ¯ FC • TGI – ¯ motilidade • Urinário – ¯ fluxo renal e filtração glomerular (hipotensão arterial e vasoconstrição renal) – ¯ volume urinário BARBITÚRICOS TIOPENTAL SÓDICO • Pó amarelo cristalino. – 0,5 a 1g – diluição a 2,5% ou 5% em solução salina estéril – estável 7 dias (ambiente) • Utilizado como agente indutor IV em animais hígidos e em procedimentos de curta duração (10-15 min). Paddleford, 2001; Massone, 2003. BARBITÚRICOS TIOPENTAL SÓDICO • Injeção extravascular – necrose – pH alcalino – aplicação SC de solução fisiológica • Recuperação prolongada Paddleford, 2001; Massone, 2003. Efeito cumulativo causado pelo tiopental ao se aplicar a mesma dose por 4x consecutivas. 0 20 40 60 80 100 120 140 1601 dose 2 dose 3 dose 4 dose P. anestésico P. Recuperação min Matera & Castrignano, 1946. BARBITÚRICOS TIOPENTAL SÓDICO ANIMAL DOSE CÃO (MPA – fentz ; opid) 12,5 mg/kg IV EQUINO (MPA) 6 mg/kg IV BARBITÚRICOS PENTOBARBITAL • Duração efeito superior ao tiopental – 60 – 120 min – recuperação tempestuosa e tardia – depressão intensa SNC, cardiovascular e respiratório (grandes animais principalmente) • Indicações atuais – procedimentos experimentais (20 –30 mg/kg IV) – eutanásia BARBITÚRICOS VANTAGENS Obtenção de bons planos anestésicos Praticidade de aplicação Tratamento intoxicações (estricnina e AL) Não são inflamáveis ou explosivos Dispensam aparelhagem específica Preço razoável DESVANTAGENS Inviabilidade cardiopatas, hepatopatas, nefropatas, chocados Desaconselhável idosos Recuperação tardia Delírio e excitação na indução Lesões extravasculares Não causam bom relaxamento muscular Administração só via venosa Depressão cardiorrespiratória dose-dependente Contra-indicado em cesarianas Massone, 2003. CLASSIFICAÇÃO ANESTÉSICA ANESTÉSICOS GERAIS INTRAVENOSOS Massone, 2002. ANESTESIA FÁRMACO Anestesia geral IV barbitúrica tiamilal – tiopental pentobarbital Anestesia geral IV não-barbitúrica etomidato propofol Anestesia dissociativa cetamina tiletamina ANESTÉSICO GERAL NÃO-BARBITÚRICO ETOMIDATO • Sintetizado em 1971 • Mecanismo de ação – não foi completamente elucidado – pode modular a transmissão GABAérgica – prolonga o tempo de abertura dos canais de Cl- – parece - número receptores GABA disponíveis (deslocando inibidores endógenos) Paddleford, 2001;Pablo & Bailey, 1999; Fantoni et al., 2002. INTRACELULAR EXTRACELULAR GABA CETAMINA BARBITÚRICOS BZD PROPOFOL (?) ETOMIDATO (?) GLUTAMATO NMDA Cl- K+ Na+ Ca++ membrana Valadão, 2002. ETOMIDATO Propriedades farmacológicas • Fármaco sedativo-hipnótico – rápido início de ação e curto período de recuperação – tempo de anestesia 10-15 min • Não possui efeito cumulativo e analgésico. • 75% fármaco ligam-se albumina. • Rapidamente distribuído – coração, baço, pulmão, fígado e intestino ETOMIDATO Efeitos diversos sistemas • SNC – ¯ PIC – ¯ metabolismo cerebral de oxigênio (depressão função neuronal) – ¯ 50% do fluxo sanguíneo cerebral – Mantém PA sistêmica = melhor perfusão cerebral em comparação ao tiopental e propofol Paddleford, 2001;Fantoni et al., 2003. ETOMIDATO Efeitos diversos sistemas • Cardiovascular – não causa alterações função cardiovascular (PA, FC, RVSP, DC). – Anestésico IV de eleição cardiopatas. • Depressão respiratória dose-dependente – discreta • Não causa liberação de histamina Paddleford, 2001;Pablo & Bailey, 1999. ETOMIDATO Efeitos diversos sistemas • Inibição temporária da síntese de esteróides pela adrenal (inibição enzima 11b-hidroxilase) – dose única até 3 horas – óbito em humanos infusão contínua • Dor à injeção, mioclonia, excitação e vômitos após a administração – MPA reduz efeitos adversos – associação com benzodiazepínicos e opióides Muir & Mason, 1989;Paddleford, 2001. ETOMIDATO Dose e apresentação • Cães e gatos – 0,5 a 2,0 mg/kg IV – anestesia 10 – 20 min (variações de acordo com MPA) • Apresentação – 2 mg/ml dissolvido em propilenoglicol – inadequada para outras espécies Paddleford, 2001;Fantoni et al., 2003. CLASSIFICAÇÃO ANESTÉSICA ANESTÉSICOS GERAIS INTRAVENOSOS Massone, 2002. ANESTESIA FÁRMACO Anestesia geral IV barbitúrica tiamilal – tiopental pentobarbital Anestesia geral IV não-barbitúrica etomidato propofol Anestesia dissociativa quetamina tiletamina PROPOFOL Dose e apresentação • Emulsão fluida de óleo em água (10 mg/ml) • Óleo de soja, glicerol e lecitina de soja • Crescimento bacteriano e produção de endotoxinas • Após abertura utilizar por no máximo 6 horas. Paddleford, 2001;Fantoni et al., 2003. ANESTÉSICO GERAL NÃO-BARBITÚRICO PROPOFOL • Anestésico IV de curta duração sem efeito analgésico. – cães 15 – 20 min – gatos 30 min • Agente indutor e em infusão contínua para manutenção da anestesia. • Mecanismo de ação – semelhante aos dos barbitúricos e benzodiazepínicos – potencialização do GABA – mecanismo exato ainda não esclarecido Paddleford, 2001;Fantoni et al., 2003. INTRACELULAR EXTRACELULAR GABA CETAMINA BARBITÚRICOS BZD PROPOFOL (?) ETOMIDATO (?) GLUTAMATO NMDA Cl- K+ Na+ Ca++ membrana Valadão, 2002. ANESTÉSICO GERAL NÃO-BARBITÚRICO PROPOFOL • Indução e recuperação satisfatória – ausência de excitação quando utilizados com MPA • Dor à injeção mas não causa lesão tecidual se aplicado fora da veia. • Biotransformação – extrahepática e hepática – gatos dificuldade com fenóis = injúria oxidativa hemácias Paddleford, 2001;Fantoni et al., 2003. PROPOFOL Efeitos em diversos sistemas • Respiratório – depressão semelhante ao tiopental – apnéia transitória – ¯ volume minuto – ¯ FR -PaCO2 ¯ PaO2 Paddleford, 2001;Fantoni et al., 2003. efeito proporcional a dose, velocidade de administração, e MPA utilizada PROPOFOL Efeitos em diversos sistemas • Cardiovascular – Hipotensão sistêmica – ¯ RVP – ¯ DC – depressão resposta barorreceptores = FC Short & Bufalari, 1999; Paddleford, 2001;Fantoni et al., 2003. efeito proporcional a dose, velocidade de administração, e MPA utilizada parâmetros normais em 10 – 15 min PROPOFOL Efeitos em diversos sistemas • SNC – ¯ metabolismo cerebral – ¯ PIC – ¯ PIO – uso em animais epiléticos (???) • eficaz status epilepticus • Cesariana – dose habituais para indução não causam depressão fetal Short & Bufalari, 1999. 20 gatos saudáveis acepromazina 0,1 mg/kg SC propofol 6 mg/kg ; infusão 0,5 mg/kg/min 60 min fluidoterapia Cuidado em pacientes que não conseguem tolerar BC e hipotensão! PROPOFOL Dose indução anestésica Short & Bufalari, 1999; Fantoni et al., 2003. FÁRMACO SEM ACPZ OPIÓIDE NEUROL (mg/kg IV) ANIMAL MPA CÃES 6 - 7 4 - 5 2 - 4 1 - 2 GATO 6 - 10 5 - 7 2 - 4 1 – 3 OVELHA 4 - 6 4 - 5 3 - 4 2 – 3 EQUINO 4 2 - 4 - - PORCO 10 - - - PROPOFOL Dose infusão contínua Short & Bufalari, 1999. FÁRMACO SEM ACPZ OPIÓIDE NEUROL (mg/kg/min IV) ANIMAL MPA CÃES 0,4 – 0,5 0,3 – 0,4 0,15 – 0,2 0,1 GATO 0,2 – 0,5 0,1 – 0,5 - - OVELHA 0,3 – 0,6 0,4 - - PORCO 0,4 – 0,5 - - -
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