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lvy...ro L I. OntcENS, Htsronta ReceNTE, QuEsrões âruâͧ E Esteoos Futunos oa TEnâPIâ, C om poRTâM ENTâÍ-: uMâ REutsão Cottcetruât Cyril M. Franks l. lrurnoouçÃo A terapia comportamentat (TC), um termo que empregaremos co.mo sinônimo.de modificação do compottamento, tem um passado amplo' porém uma história curta. Em sua quaÍta década como Íonte de conhecimento Íormalmente desen- volvidaesistematizada,podemosdizerqueastécnicaspredominantesemTC são táo antigas quanto á nistóriá da humanidade. Os princípios básicos do reÍorço edocastigopositivoenegativoÍgramutilizadosdurantemilharesdeanosde maneira intuitiva, Oespiovid"a de pióposições Íormais sobre os princípios implica- dos. No Íinal dos anos 50 registraram-se Ãotáveis esÍorços para sistematizar estes princípios. gm "erto s"nilOo] poO"r-s"-ia considerar que tais esforços constituíram o nascimento da TC tui "ór3 a conhecemos hoje. Mas, por outro lado, a terapia comportamental tem ;;iú. origens e nenhum fundador ou ponto de partida único. Nenhum país ou escola de-pensamento pode reivindicar a exclusividade no campo da TC e nenhuma técnica tampouco poderá Íazê)o' Alguns experts na matéria, como London (1972)' alegam-que a TCi mais conhecida come u-o' coniunto áe técnicas do clue corTlo um enÍ-o-qU9. Entretantcr- : J'"4fl:""J:T;:T:Hk'Eü""X1; càÀportamentais" é um compromisso conceitos qU-e-re u;Blglt-_"I ulg,1rnj'pogglarco teórico de aprenotzaoem ts-rí i"Y#ffiffiGffi e rso, po r sua u",, oe nffi' @ cientÍÍico-comPortamental, 4 Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do Comporlamento Quando a psicologia Íoi capaz de abandonar as especulações ÍilosóÍicas em favor da metodología científico-experimental, deixou o têrreno preparado para que a TC germinasse. Em 1971 , no primeiro artigo dedioado exclusivarnente à TC da Annual Review of Fsychology, Krasner fez uma resenha de quinze áreas de investigaçáo que concorreram nos anos 5O e 60 para Íormqor o núcleo deste novo enÍoque. Entre aquelas áreas, encontravam-se a psicolôgia experimental, o 1 condicionamento clássico e o operante, os princÍpios teóricos da aprendizagem I de Hull e Pavlov, a disciplina da psicologia clínica e uma crescente insatisfaçáo I com a corrente psicodinâmica predominante naqueles momentos no campo da I saúde mental. . I , I Mesmo que o trabalho de Pavlov sobre o condicionamento clássico, o de lWatson sobre o comportamentalismo, o de Thorndike sobre a aprendizagem le o de Skinner sobre o condicionamênto opêrante constituam as pedras an- I gulares da TC, foi preciso esperar até o final dos anos 60 para que estes | Íundamentos conceituais se encontrassem preparados para sustentar toda a Lestrutura. A TC entra agora em sua quada década. A primeira, os anos 60, constituiu a época pioneira, pleha de ideologi-as e pglêmicas, em que os terapeutas comportamentais tentaram apresentar uma írente unida contra o "inimigo" comum psicodinâmico. Durante este período turbulento, e apesar da grande resistência encontrada, a TC começou a se estabelecer como um respeitável ràetodo de tratamento. Como escreveu London em 1972, era o momento de acomodar o campo, mais que se dedicar a defendê-lo, o que ocorreu à medida que se desenvolvia a segunda década. De forma gradual, porém progressiva, os terapeutas comportamentais deixaram de se preocupar com ele - e muitos o abandonaram - em Íavor da busca de novos horizontes dentro do seu próprio campo, Entre as novas íronteiras colonizadas encontra-; vam-se a prática médica geral, o "bioÍeedback", a psicoÍarmacologia, a psicol logia ecológica, a psicologia comunitária e o mundo da administraçáo e do\ governo. Esta era também a época excitante da expansão intelectual em \ conceitos, metodologias e modos'de enca_rAr os dados além dos considerados J pela.,teoriadeapreÁdizagem,,tradicionar.J tamento mais soÍisticados, aperfeíçoou-se a metodologia e estabeleceram-se melhores procedimentos para a avaliaçáo dos resultados. Assentada sobre .' invadiu a asslm com quanto.à expansão, maioi inclinaÇão para a metodologia soÍisticada e um salto ainda maior para as peispectivás que vão muito mais além da "teoria de aprendizagem" tradicionál'r E-R. Agora, em sua quarta década - sobre a qual voltarei no último parágrafo do presente capítulo - a ênÍase é centrada na OiÍiculdade em se obter a união de uma soÍisticação metodológica perÍeita (proveniente de um reconhecimenio cada vez maior das limilações da meto- dologia condutiva tradicional), corh uma viva consciência das contribuições potênciais de disciplinas e Íormas de pensar, que náo haviam sido conside- radas dignas de serem exploradas pela TC tradicional. Ao mesmo tempo, como tentarei demonstrar, há um retorno esperançoso em direçáo aos Íunda- uma base menos segura, a " !c õ Uma Revisão Conceitual, mentos intelectuais nos quais se baseiam a TC, em geral, e a Association for Advancement of Behavior Therapy, AABT (Associação para o Frogresso da TerapÍa Comportamental), em partioular. Como foi citado anteriormente, ne- nhurn: paÍs pode reivindioar a TC como sua. Suas origens e seu alcance atual sáo, realmente, internacionais. Na Rússia, e na região que mais tarde seria a Uniáo Soviética, deu-se uma notável sistematização dos principios e dos da. dos do condicionamento clássioo sob a regência de Pavlov ê seus- seguidores. I Se a TC náo Íloresceu na Uniáo Soviética, foi devido em grande parte às . I br""" Íisiológicas do condicionamento pavloviano que encontram-se intima- I mente unidas ao materialismo dialético, ao invés de acharem-se ligadas ao ^t ., d materialismo mais mecanioista que caracterizava a primeira TC desenvolvida 'ÓJr)' I no mundo ocidental - um ponto de vista inaceitável, de Íorma compreensível, [_a partir de um padráo marxista. Entretanto, ainda que a tradiçáo pavlovi4na,-como sistema ÍilosóÍico, náo tenha sido aceita nem inÍluenciado na psicologia norte-americana, não se pode dizer o mesmo da teoria e da tecnologia pavlovianas. No mundo ocidental, especialmente nos Estado§ Unidos, o condicionamento pavloviano foi traduzido na prática por meio de técnicas, tais como o condicionamehto aversivo e a dessensibilizaçáo sistemática, para citar somênte duas delas. No Reino Unido, a TC surgiu dos esÍorços de um pequeno grupo de pessoas - no qual eu me encontrava - tentando desenvolver uma alternativa mais viável ao, então, preponderante modo de intervençáo terapêutica nos denominados transtornos mentajs, quer dizer, o modelo psicodinâmico (Franks, 1g87b). Eysenck, então "professor'' de psicologia (mais tarde catedrático) no lnstituto de Psiquiatria (Hospital Maudsley) da Universidade de Londres, tinha um ambicioso e atrevido plano. O primeiro passo envolvia algo chamado número de di trêniíA idéia esflerançosa consistia em que, ao relacionar estas dlnlênsoes 6-m*as suas determinantes ÍisioJógicas, seria possivel desenvolver um amplo modelo da atividade psicológica, o qual explicaria cada aspecto do funciona- mento humano - uma louvável intenção de estabelecer a uniÍicação em psico- logia, uma busca que náo era desalentada pelo Íato de que numerosos distintos prãd"""""ores o haviam tentado e fracassado. Considere-sb, por exemplo, a busca dos íatores gerais de inteligência, por Spearman, ou a busca por parte de Lashley, desse ávasivo enigma que explicasse, de Íorma geral, as Íunções do cérebro. ParaÍacilitar esse ambicioso plano, Eysenck rodeou-se de uma seleta equipe de estudantes graduados e doutorados (incluindo eu mesmo) e juntos começamos a elaborar nossos projetos individuais. O modelo-guia era o de um estudante amável, porém crÍtico, em vez de um discÍpulo cego. A investigação sempre prevaleceu à ideologia, uma perspectiva que caracterizou não só os anos de Íormação da TC, como também os que o§ seguiram. - foram considerados e descartados muitos modelos e só a teoria do aprendi- zado E-R, em particular o trabalho de Hull e Pavlov, parecia, naqueles momentos, oÍerecer esperanças para o desenvolvimento de prognósticos veriíicáveis e uma "pers9!I1!.!9|gd-e',que descomDor-§e=ia em deÍiãidas ooeracionalmente. medidas .ÍatQ 6 Manual de Técnicas de Terapia e ModiÍicaçáo do Comportamento base de dados para a intervençáo terapêutica. E assim foi', de Íorma sucinta, a maneira como nasceu no Reino Unido o conoeito de terapia compoilamentali'. Ao longo dos anos, os estudantes de, Eysenck estabeleceram conclaves de MaudsÉy por todo o mundo. É importante lembrar que a ênÍase na pesquisa cientÍfica, em vez da obediência'cega, Íez com que muitos desses centros desenvolvessem suas próprias individualidades e produzissem várias diÍerenças de opinião. Seguindo com a história, deve-se chamar atenção' para um Íato notável'' o desenvolvimento - primeiro na Áírica do Sul e depois nos Estados Unidos - parte, no condicionamento clássico, náo se pode dizer o mesrno sobre o desenvolvimento da TC nos Estados Unidos. Talvez pela. crenÇa de_que o @egé rpFlazé-lo,a_ênÍasengsJariáveisexternas,nas u@teÍé ffiinantes cônstitucionais, retrotraindo-se a Pavlov, juntou'sê em Íavor de um ambientalismo mais simplista que predominou na TC norte-americana até a chegada da cogniçáo, dateoria da interaçáo recíp.roca de B-qndur" (19j2" d* modLtos mais soÍisticados@urgúáú no-íinãI dos anos 80. Parece que o te rmo f@ Íoi introduzid": 19 l?l"-i?j: ou menos independente,ffii§grupos de pesquisadores. Em 1953, Lindsley, Skinner e Solomon se reÍeriram ao êmprego do condicionamento operante em pacientes psicóticos hoSpitalizados com o termo de'terapia comportamental"' Em ig5g, Eysenck utilizou este termo pela primeira vez de forma impressa, para reíerir-se a um novo enfoque da terapia, deÍinindo a TC como: a aplicação das "modernas teorias de aprendizagem" no tratamento de distúrbios psicológicos' Enquanto Lindsley e cols. concãituaram a TC exclusivamente em têrmos de condicionamento operante de Skinner, Eysenck adotou uma perspectiva muito mai§ ampla, Para Eysenck, a TÇ compreendia o condicionamento operante' o clássico e, posterioimente, a moiCelação, com um notável reconhecimento a Pavlov, Mowrer e aos neqcomportamentais como Hull, spencer e (com certas por Wolpe (1958), da psicoterapia por de Wolpe. J Outros dois pioneiros da ÁÍrica do Sul que obtiveram reconhecimento í mundial, primeiro nos Estados Unidos, Reino Unido e depois no Canadá, Íoram I Lazarus e Rachmann. Sem dúvida, deve-se assinalar que Lazarus, mesmo I aedicando lealdade a uma ampla tradiçáo, náo se con§dera um terapeuta I comportamental. Segundo aÍirmaçáo própria, é um "terapeuta multimodal" (Lazarus, [r ser y. Se a primeira TC que se desenvolveu na lnglaterra se apoiava, em grande Uma Flevisão Conceitual reservas) Bandura. Em 1958, na ÁÍrica do Sul, Lazarus patenteou, de Íorma inOepenáente, o termb 'terapia comportamentali' para reÍerir+e ao Íato.de acrescentar procedimentos objetivos de laboratório à psicoterapia tradicional. A estê respeito, Lazarus pensava, tanto antes como agora, que a-TC era somente farte deuma totalidade multimodal que podia incluir procedimentos derivados de qualquer Íonte, sempre que houvesse evidência experimental de sua utilidade 1la4arus, 1981). Esta estnatégia é conhecida como ecletismo técnico,' boro citado por Krasner (1 971), as raÍzes da TC remontam a muitas escolas de-pensamento, a metodologia contraposta, a sistemas ÍilosóÍicos e teóricos ãir"r"o., a países distintos eá fideres diÍerentes. Alguns individuos enÍatizam o condicionamento clássico e sua aplicação prática por meio de técnicas çoÍ].lo_a terapia aversiva e a dessensibilizaçáo sistemática-. Outros conÍiam na tradição skinneriana do condicionamento opêrante e na aná)ise exp'erimêntal do compor- tamênto. Um terceiro grupo se centra nos dados da psicologia experimental em conjunto, em Vqz de confiar exclusivamente na teoria do condiciotlamento em si (Wilson e Franks, 1982). Às vezes, a TC apresenta aspectos idiossincrásicos, àoro por exemplo, a ênÍase de Yates (1970) no caso individual como conceito básico e necessário. Desde 197 O, a Eu ropean Association of Behavior The rapy, EABT (Associaçáo Européia de Terapia Comportamental), tem organizado congressos anuais em diversos paísês europeus. No sétimo destes congrêssos, que ocorreu em Uppsala' suécia, no verão de 1977, concordou-se em celebrar o décimo congresso em Jerusalém. Por acordo explÍcito de todos os implicados, esta reuniáo cientiÍica converteu-sê no I Congresso Mundial de Terapia Comportamental. Desde'entáo, a TC tem Ílorescido por todo o mundo. Exístem hoje inúmeras associações de terapia comportamental e, pelo menos, cinqüenta revistas dedicadas exc.lusiva' mente a algum aspecto desse campo * se Íorem incluídos ramiÍicaçõeS.c,omo a medicina cômportamental, o "bioÍeedback" e uma ampla variedade de métodos de intervenção com base cognitiva. O ll Congresso Mundiat Íoi realizado em Washington, DC, o lll em Edínriiurgo, Escócia, e o lV acontecerá em Bogotá, Colômbia, em 1993. Até aqui, Íizemos uma breve revisão histórica. Em seguida, passarei a discutir as numerosas definições dâ TC e as característlcas mais sobressqlentes da TC contemporânea. Umà vez que a TC é um enfoque de base ampla, é compreen- sÍvel que haja muitas perspectivas diÍerentes dentro dela, apresentando, à primeira vista, um panoi"-. de mÚtua discórdia. Entretanto, todos concordam com a noção da Ti como enÍoque, como regra metodológiCa, mais do gue uma série de têcnicas especÍÍicas ou como uma unidade estritamente limitada, que todo mundo precisa acatar. ll. Clnlcrenísrlcns DA TERAPIA ConapOnrauENTAL CorurerupOnÂNEA Muitas vozes alegam Íalar em nome da TC. Exislem grandes discussões, normalmente pacÍiicas, sobre cada assunto conceitual, teórico, proÍissional e I Manual de Técnieas de Terapia e ModiÍicaçáo do Comportamênto técnico de nosso campo. É muito mais Íácil escrever ê pensar sobre sistemas mais unifioados, como a psioanálise, onde a escolha de téonioas está limitada. Ainda assim, examinando os ramos da TC, existe esse núcleo E-Fl de; ampla base, citado anteriormente. Emprego o termo "dà ampla basef'deliberadamente, posto que, especialmentê n rco avaliaçáo e a intervençáo para gerar valorizaçóes contÍnuas do progresso. , Algo muito importante (pelo menos a princípio, mesmo que nem sempre na p-rática) é que as atuações clínicaS surgem de Íormulações baseadas em dados, e de predições comprovadas, em vez de provir da intuição e da impressão clínica. Estes últimôs processos têm valor só quando são utilizados para gerar uma estratégia comportamental de investigação. Considera-se que métodos como a terapia racional emotiva de Ellis (1979), a terapia multimodal de Lazarus (1981) e a terapia cognitiva de Beck (1976) caem na órbita da TC somente no grau em gue seguem o preceito citado anteriormente. técnicas efetivas que a creditam. Entre elas (aconselha-se ao leitor que consulte . algum dos numerosos livros sobre TC que existem, sendo um bom exemplo o que tem nas mãos neste momento), as mais por medicina tendo-se progressivamente em uma parte do campo da TÔ. --.r No começo, considerava-se a TC como um enÍoque limitado que se empre- /garia, principalmente, com íobias. especiÍicas ou problemas localizados; via-se I como uma estratégia de ajuda ácrescentada ao processo "real" de mudança I da personalidade. Sem dúvida, dêve Íicar claro que atualmente a TC é aplicá- lvel a todas as classes de transtornos de indivíduos, de situações ou lugares. I lsto não significa que o êxito esteja garantido. Por exemplo, mesmo que a It'Íc possa ser o tratamento eleito para o autismo, não se pode considerar, lde maneira alguma, como um remédio total. A força da TC reside, não na I demonstraçáo de êxito terapêutico, por mais gratificante que possa ser, mas como I toi Oito anteriormente, na singularidade de seu enfoque. Os Íracas§os investi-t_ incíusive de solução de problemas, no qual se mesclam a r as técnicas ou a prática que produzem a mudança e a TC possui muitas incluem o ensaio a Uma Revisão Conceitual: I I oados de Íorma apropriada podem ser táo úteis quanto os êxitos (Barbrack,1985; I É;;; EmmelkamP, 1s83)'t ' ---Or"ndo se Íundou a AABT em 1967, a intençáo de seus Íundadores Íoi de . modetar esta organização como as British and American Associations íor the'Àauàn".ment oíScienãe (Associações lnglesa e Americana para o Progresso da ôãÀ"i"1, daíseu nome. lnicialmente, a organização se chamou Association for Á,airnár*rrt of Behavior Therapies (Associação para o Progresso das Terapias ôãróortrr"ntais). Posteriormente, dois licenciados desconhecidos, G.T. Wilson " ián grrn" - mais tarde figuras impoftantes do ramo - escrêveram uma carta à Áisi,ociation Newsletter(Boletim da Associaçáo), chamando a atençáo para o Íato Oã que náo se deveria Íazer uma má interpretação às distintas técnicas da TC, úas derivadas da teoria de aprendizagem, como diÍerentes classes de TC implicadas pelo plural "terapias", sem uma justiÍicativa teórica. Reconheceu'se imediatamente que isso não era uma sutileza semântica, mas um assunto de considerável importância, motivo pelo qual Íoi mudado o nome da Âssociaçáo' Desde então e até hoje, é conhecida como Ássociation for Advancement of Behavior Therapy (Associaçáo para o Progresso da Terapia Comportamental). sem dúvida, dar um nome a alguma coisa náo produz, por si mêsmo, uma alteração que sê mantenha. Desde então, há uma polêmica constante dentro das Íileirai Oa iC. O que venha a acontecer no Íuturo só ela o saberá e foi por essa razáo que, tendo isso em mente, escrevi em 1981 um artigo chamado: "2081 - § Seráo muitas ou só uma? Cu quem sabe nenhuma?". Esta questão lem lanta im- .-s' poftância agora quanto há uma década. * I OcertoéqueaTCatualécapazdeincluirumaconsiderávelvariedadedentro ,.\-" yfddseus limites conceituais sem uma aparente desintegraçáo. Estáo aqueles que \-h"lconsiAeram as teorias do traço altamente compatíveis com uma posiçáo -fi,ü lcompoftamental e aqueles que mantêm um ponto de vista diametralmente QPos- lN I OcertoéqueaTÇatualécapazdêlnclulruITlâcooslaerêv' ,.\-" yfddseus limites conceituais sem uma aparente desintegraçáo. Estáo aqueles que \-h"lconsiAeram as teorias do traço altamente compatíveis com uma posiçáo lY ü lcompoftamental e aqueles que mantêm um ponto de vista diametralmente Qpos- . +§<Jto. Também estáo aqueles qug.pensam que náo sedeveriaÍalaç de autocontrole U ü " lou controle de si mesmo (setf-controtl, porque náo existem coisas como "si mes- lmo,, (selÍ), e aqueles para os quais o autocontrole ou controle de siilnesmo é Uma ll.po,t"ni" realidade. Ou também aqueles que adotam uma, talvez intelectual- [*-""t. o"r"" t """.t n:-njio e"lste t'm "v I rõíãffiãõniroto otr "ontrotã_Oe "iÀ""mo, mas@srderam que e,,melhol I suas vidas como se existisse. lgualmente, estão aqueles que se apoiam notavel- lffios,constitucionaisegenéticos,eaquelesqUepensam f que essas determinantes náo existem, ou são, quando muito, irrelevantes. Tam- I bém encontramos aqueles para o§ quais o marco de reÍerência é o comportamqn: I tatismo radical, rechaçando totalmente qualquer variável que intervenha enlre o I estímulo e a respostá, e aqueles cuja única Íidelidade se limita à metodologia I compoftamental. Para oulros, os princípios do condicionamento clássico e do { "onoi"ionrmento operante, com a possível incorporação da modelagem, sáo I suficientes, enqúanto que outros pensam que o condicionamento é só uma parte I Oo Íitme. para àlguns, os dados sáo suficientes e a teoria tem pouca importância, enquanto que para outros, a teoria é essencial para o progresso da TC' . visto que há muitas dimensões (das quais, mencionei algumas e, dentro destas, uma série de detalhes de seu espectro), é possível, logicamente, quê a '10; Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do Comportarnento terapia componamental tolere muitos pontos de diterença dentro de seu marco conceitual: Algumas destas diÍerenças deram lugar a disputas mais acirradas que outras. A terapia comportamental cognitiva,. considerada por seus defensores mais entusiastas como,uma mudança de paradigma anunciador de uma nova era na terapia componamêntal, é um caso que merece uma atençáo especial. zf A reaçáo contra o "estigma" do mentalismo levou muitos dos primeiros ll terapeutas do comportamento a centrarem-se nas respostas manifestas e a l\ ignorar completamente qualquer Íorma de processo cognitivo. Também era muito tlmais Íácil trabalhar com Íichas ê recompensas relativamente especÍficas do que pom procedimentos mais vagos. Além disso, a tecnologia para trabalhar com processos e sistemas de grupo ainda náo existia, de modo que os primeiros terapêutas comportamentais punham ênÍase em procedimentos especíÍicos dirigidos para o indivíduo. O reconhecimento das inÍluências mais sutis da sociedade se encontrava, pelo menos, a uma década de distância. {_denqrnj!êdA extremistas consideram este sucesso como uma mudan- §ãfegar-rima de transcendência declsiva, apesar de que se podia alegar que a TC ainda se encontra em uma êtapa pré-paradigmática, de modo similar ao que se encontrâYam as ciências naturais nos séculos XVI "e XVll. Tal como emprega Kuhn (í 970), a noçáo de paradigma descansa sobre areia movediça e o conceito se uiiliza de modos muito diversos (ver Fishman, Rotgers y Franks, 1988). Se é discutível que algo como o paradigma - empregado de maneira diversa ao uso lÍmitado e incorreto que freqüentemente se Íaz dele como modelo ou teoria específicos - exista na psicologÍa, menos ainda existiria em TC. É questionável, portanto, se há algum paradigma a mudar. Seja como for, alguns_censiç[eram a TC cognitiva como um nqvo entqgggde intervenEáo, entffiã q;;]ilão sã t i i:? '- [Éeria classificar como parte prós e os contras oeste argumento, e o que suscitou e continua suscitando, foi tratado em muitas ocasiões; por esse motivo, remetemos o leitor interessado a outras fontes de consulta (por exemplo, Franks, 1982). I Meu ponto de vista é que toda TC emprega a cognição em maior ou menor [- medida. O que se necessíta, se quiser esclarecer o assunto, é que as questões I pertinentes sejam trazidas da cena do debate à roda da investigação empírica. Os I pré-requisitos incluem um consenso sobre a deÍiniçáo da TC, especiÍicações I técnicas precisas dos rnétodos empregados e uma aceitação destes métodos I pelos terapeutas compofiamentais (ver Rachman e Wilson, 1980). lnclusive I trrtahoney reconhece agora, que todas as terapias são simultaneamente cogniti' I vas e comportamentais, em ma.ior ou menor medida, e que é necessário mais I investigaçáo sistemática que debates (Mahoney e Kazdin, 1979).t- Parecia, então, quetinham surgido vários modelos teóricos diÍerentes de TC, dos quais a modiÍicaçáo de cor4portamento cognitivo é mais um. Tais modelos incluem, além da terapia comportamental cognitiva, a análise compofiamental aplicada; baseada no condicionámento operante de Skinner; as terapias basea- das na aprendizagem ou os condicionamentos pavlovianos, Íiltrados através da visão de neocomportamentalistas como Hurll, Spence, Eysenck, Rachman e Uma Revisão Conceitual 11 Wolpe; a teoria de aprendizagem social, com Bandura (1969) como seu principal reprêsentante; e a terapia do comporlamento paradigmática de Staats (1981), uma versão apresentada no dia do delineamento do comportamentalismo social (staats, 1975). Itl. Denr.rlçÃo DE TEnnpta CouponraMENrAL PreÍiro evitar qualquer deÍiniçáo compreensiva e rigorosa da TC em Íavor de alguma Íórmula geral que simplesmemente sublinhe o Íato de que a TC é um ãn"Íoqr" "nr"izadó, mas'não improgressivo, na metodologia das ciências comporta- mentais e com uma Íorte, mas náo exclusiva, predileção para alguma Íorm4 de teoria de aprendizagem E-R. lsto prepara o terreno para que coexistam a êstrutura e a íluidez. Há mais de uma década, Kazdin (1978a) destacou as características mais sobressalentes dos terapeutas comportamentais: 1. uma ênÍase nos determinantes atuais do comportamento, em vez de nos determinantes históricos. 2. Uma ênfase na mudança do comportamento maniÍesta como o principal critério pelo qual se avalia otratamento b. EspeciÍicação do tratamento em termos objetivos, de modo que seja possivel a réplica do mesmo, 4. ConÍiança na investigação básica em psicologia, com o objetivo de gerar hipóteses gerais sobre o tratamenlo e as técnicas terapêuticas especÍficas. 5. EspeciÍicidade rias deÍinições e explicações, no tratamento e na medição. . Depois de uma década e meia, com'o possÍvel acréscimo de uma ênÍase náo linear, com o aparecimento de uma pêrspectiva multidimensional e com um-a drástica reinterpretação do signií'qqadó da metodologia da ciência comportamental, estes critérios continuam a ser aplicados. As primeiras definiçóes se esÍorçaram por vincular a TC com doutrinas, teorias, leis ou principios de aprendizagem especiÍicos. Exemplos tÍpicos são a confiança de Eysenck.(1959) em algo denominado a "moderna teoria da apren- dizagem" e o reÍúgio idiossincrásico de Yates (1970) na investigação sistemática do caso único como a essência da TC. A seguinte definição de TC, apoiada originalmente pela AABT em 1975, tenta cobrir todas as Írentes. Diz o seguinte: A tàrapia comportamental imptica, principalmente, na apticação dos princípiols derivados da investigação na psiaologia experimental e social, para o alívio do soírimenta das pessoas ê o p rogresso do Íuncionamento humano. A terapia comportamental enfatiza uma valorização sistemática da efetividade destas aplicações. A terapia comportamental imptica na atteração ambiental e na interação social, mais que na alteração dire[a dos ' processas corporais por meio de procedimentos biológiqos. O objetivo.é, essencialmente, educatívo. As técnicas íacititam um maior autocontrole. Na apfrcação da terapia :compodamental, normalmente se negocia um acordo contratual na qual se especificam procedimentos e objetivos mutuamente agradáveis. Aqueles que empre$am os enloques 12 Manual de Técnicas de Terapia e ModiÍicação do Cornportamento compoftamentais de modo responsável, guiam-se por princípios éticos amplamente aceitos (Franks e Wilson, 1975, p, i). As diversas de TC tendem a cair dentro de duas classes: doutrinária dã;studar os feno do, não se ajustam a toda a TC, enquanto que las definições epistemológicas tendem a ser excessivamente acomodativas e, I por conseguinte, potencialmente aplicáveis a muitas terapias não comportamen- l-lais. Quanto mais Ílexível e compreensiva seja a deÍiniçáo, maior é seu potenci- al para ocultar-se com rnodelos não comportamentais, e pode ser, como sugerê Erwin (1978), que náo seja possível atualmente uma deÍiniçáo de TC aceitável pela maioria dos terapeutas comportâmentais. Por esta razáo, quem sabe, em vez de tentar uma definiçáo, Davisdn e Stuart (1975) listam, simplesmente, "várias características uniÍicadoras importantes", a maioria delas consonantes com as assinaladas anteriormente. A caracterizaçáo de Erwin (1978) da TC como "uma Íorma não biológica de terapia que se desenvolveu, em grande parte, a partir da investigação sobre a teoria da aprendizagem e que, normalmen- te, se aplica de modo direto, gradual e experimental no tratamento de padrões náo adaptativos específicos" (p. 44), é consistente com esta posiçáo. Levando-se em contâ o que Íoi escrito até agora, não é surpreendente que haja controvérsias dentro daTC, assim como entre os terapeutas comportamentais e aqueles que se encontram Íora do movimento. Na seção seguinte, ressaltarei algumas destas áreas de controvérsia. tV. Ar-curr,tAs QuESToES ArÚAts EM TERApIA CouponraMENTAL 1V.1. A natureza e o papel do condicionamento e a teoria de aprendizagem E-R em terapia comPortamental Supõe-se que a TC baseia-se noi princípios de'aprendizagem do estímulo e da rêsposta. Mas isso náo nos diz.muito. Que p;incípios de aprendizagem, dos muitos e diÍerentes que existem, deveríamos empregar como nossos pilares fundamentais? Que evidências apóiam essas teorias de aprendizagem? Se a teoria da aprendizagem é necessária como base explícativa para a TC, é, não obstante, suficiente? Poi exemplo, sáo aplicados de maneira igual ou parecida os princÍpios do condicionamento clássico e do condicionamento operante aos processos idternos, enqobertos e sáo suÍicientes para explicar os dados? Caso contrário, é necessário ampliar cjs Íundamentos da TC para incluir princípios e conhecimentos extraídos da psiôologia social, da Íisiologia e da sociologia? (Kanfer e Grimm, 1980). Se a TC'amplia-se desta maneira, converte-se em algo distinto ao que a constituiu originalmente ou inclusive como a conhecemos hoje? se Uqa Revisão Conceitual 13 Até aqui,, é possÍvel apenas prestar atençáo a êstas questões e remeter, aos leitores que queiram se aprofundar nelas, alguns dos muitos textos deTC que se àncontram disponíveis nêste momento (por exemplo, Eysenck e Martin, 1987; O'l-eary e Wilson, 1987). Em especial se recomenda que o leitor consulte a obra de Erwin (1978), um dos poucos livros importantes dêsta área que trata exclusivamente de probtemas conceituais e cientÍÍicos. Talvez signiÍique muits o Íato de Enrvin ser um Íílósoío e náo um psicólogo, Í--J AS relaçoes entrg o uollululullalllulltíJ ll(J lcluulclluller e evrrvtwrr I clinica e na vida diária são complexas e estáo abertas a muitas interpretações. lsto Itorna difÍcil extrapolar (como eram as esperanças dos. primeiros jer3geuta3'cómportamentais) os estudos sobre condicionamento no laboratório à vida real. Í üAÍinal, falamos de bons e maus indivÍduos para chegar a se condicionar, como Se(ia,orr"""e evldência clara de um Íator geral de "condicionabilidade". Flealmente, àão se chêgou a demonstrar tal íator. Entrelanto, se esse fator Íosse demonstrado por meio de uma análise fatorial precisa das distintas medidas de condiciona- niento no laboratório e em outras partes, teria que explicar uma parte signiÍicativa Até hoje a comportamental eiplicada, re-ôênte explicaçáo da incubação condicionada de Eysenck (1962) sobre as heuroses, náo chegam mu}to mais longe. As intençóes de atualizar a teoria do dQ.ndicionamento em termos cognitivos (Hillner, 1979), da experiência sübjetiva (Martin e Levey, 1985) ou de padrões da resposta de interação (Henton e lverson, :!978), parecem complicarmais que esclârecero assunto. Assim, neste momento, .; :,,:, :r. ' ,ãevidência com respeito aos diÍe.rentes conceitos do condicionamento e suas *iin:Êiiiiri.+êLâções com a terapia comportamental contemporânea continua sendo muito i;,"'' .?. A natureza do comportamentalismo e sua relação com a ,i+i, terapia.comportamental ',.L :, . r:@ontrariamente à crença de muitos proÍissionais, de dentro e de Íora da TC, o : ió.ôiiiportamentalismo está longe de ser um conceito monolÍtico. Precisa ser iAS entre o É Íácit utitizar a um comum acordo. As vezes, animais aos seres humanos. Além disso, a . 14 Manual de Técnicas de Terapia e Modificaçáo do Comportamento entendido dentro de um conceito histórico e em Íunção de lÍderes especÍÍicos do campo como Watson, Hull, Eysenck e, mais recentemênte, Herrnstein e Rachlin (ver, p. ex., Franks, 1980; Herrnstein, 1977; Kendler e Spencer, 1971). Pode-se identificar, pelo menos, duasclasses de comportamentalismo. Para conceitos tais como o livre arbí Em oposição, está o existência de estados ;éram comportameõiãiiías metaÍÍsicõ§, õn-nquanto que Hull, Spence, Eysenck , e I virtualmente, todos os terapeutas comportamentais contemporâneos podem se I considerar, de Íorma mais apropriada, como co. mportêmentalista ológicos..1algunsdiriam..comportamentais,'.emvezde., indivíduos, a metodologia tem preÍerência com respeito às especulações e às implicações ÍilosóÍicas. (ou pSssivelnente nenliuma) exceções, como q1-§rapeutq-gqqp94grn9!te!*(ou possivelmente nenhuma) exceções, como um terapeuta co!0portamental r aspectos çqgnitivos tanto do pacienlq Je!0q do terapeutq!-E olllcll ver como poderia responder um aump delimitadocomo um sistema de fichas ou um estÍmulo aversivo, sem implicar na cognição ou no perceber-se. Seja como Íor, o debate sobre a natureza, o papel e o signiÍicado do comportamentalismo na TC continuana ordem do dia (ver Franks, 1980, 1982; Tryon e cols., 1980, pârâ.umâ discussáo mais proÍunda sobre estes temas). 1V.3. A teoria de aprendizagem soeial e o determinismo recíproco Bandura (1 977b) é qrn !g! de.um , ateoria êX., em f3e os c6mpôrtamentalistas radiõai-§-iêhrdêifr'-ã1frórar ou rebaixarõlãpel da J cognição ê os terapeutás cognitivos a minimizar a importância da execução, os L[eóricos da aprendizagem social sublinharam tanto a cognição como a execuçáo. Enquanto o condicionamento clássico lende a centrar-se, quase exclusivamente, nos acontecimentos estimulares.externos (o modelo de condicionamento en- coberto de Cautela e Kearney, 1986, é uma notável exceção), o condicionamento explicado semggr Iínde a ser hipôtéticó-aedutirãTõnstitui,, norrnalmente, a estratégiaêlêiiã-pãra tais investiga- ções. É perfeitamente possível ser um cornportamenialista metodológico e apoiar' metafísico úteis. a Uma Revisão Conceitual 15 operante sublinha as contingências do reÍorçamento. A teoria da social leva em conta estas duas ãatdãlããiia O@roporciona a Bandura os meios necessá- rios para esclarecer a interdependência entre as mudanças cognitivas e comportamentais, integrando, por: outro lado, os três sistemas reguladores dos antecedentes, conseqüentes e inÍluências mediacionais, num marco único, compreensivo (Bandura, 1977a; 1978a; 1982;'1986). Mes*o que haja muitos aspectos que requerem mais investigaçóes, a teoria se encàntra Íormulada de tal maneira, que conduz Íacilmente à explora- çáo experimental e., por conseguinte, náo constitui nenhuma surpresa que ôr*" a base de numerosas teses de doutoramento e propostas de investiga- ções. rões de nas coletivos "determinanteS reCÍprocos". lsso implica uma interação recíproca, contínua, entre o conceito Para aqueles que se sentem oÍendidos pela idéia popular de igualar a terapia com a manipulaçáo boercitiva, a conÍormidade e a restriçáo da üuerãaoe de escolha, o determinismo recÍproco pode constituir uma opção tática consiste em aceitar a ]ãas evitar o emprego, na psicoterapia,;tência de algum tipo de determinismo, mas evltar o emprego, na pslcoteraPra' métodos qué assumam a aplicação desta crença (p' ex., os programas de 5pÍorço). Não está claro como o determinismo recíproco pode solucionar estas ôU;eçOes. Como explica o determinismo recÍproco, a maneira como as açõesílYYJvYvve. vv,,,v v^t/,, llnumàn"s afetam o ambiente? Se os princÍpios que governam este processo náo ll§ão Oirerentes dos que governam a inÍluência do ambiente sobre o comporta- lriiento humano, entáo náo Íica claro que adiciona o determinismo recÍproco à lli.berOaOe humana. Por outro lado, se estas inÍluências são distintas, náo Íica claro frue princípios adicionais governem a interaçáo comportamento-ambiente. Tal- Vez o determinismo recÍproco crie mais uma ilusão de liberdade humana que rii'óerdade reat. ruir nesses momentos um componente essen- ndo Bandura, a auto-eficácia inÍlu! uma as inÍluências comportamentais, cognitivas e ambientais, e é aqui que surgem as diÍiculdades conceituais. Bglq.ura arggmentou de Íorm=a iTeli,!:ll? ncia de liberdade sedutora. Mas o emprego do determinismo recÍproco para sair deste dilema pode §ér também problemático. Àqueles que acreditam no livre arbítrio e, em últitlto 16 Manual de Técnicas ile Terapia e ModiÍicação do Comportamento 1V.4. A importâncla da teoria, o distanciamento progressivo da teoria e a prátlca e o problema do ecletismo,técnioo Supõe-se que a TC se ôncontra comprometida com o empirismo e a investiga- ção da teoría mas, na realidade,'pouco se conhece a respeito do impacto deste compromisso sobre a pr,ática. Em1972, a pesquisa realizada por KanÍer entre trínta lÍderes do campo da TC.insinuou, que a relação entre, a avaliação e a investigaçáo clínica é mínima. As coisas não mudaram nos anos posteriores. Quando Swan e MacDonald (1 978) exploraram a discrepffircia entre a investiga- ção e a prática numa mostra representativa de membroê da AABT, descobriram que poucos terapeutas comportamentais praticavam o que pregavam.Também ocorria uma reconhêcida tendência para o ecletismo. Outras plsquisas lançâ- ram inquietantes dados similares (por exem'plo, Wade e Hatmann, 1979). Talvez seja hora dos terapeutas comportamentais aplicarem a metodologia comportamental para aumentar sua própria aderência aos princípios pelos quais se advoga a TC! Lazarus (1981), em sua enérgica deÍesa do que chama ecletismo técnico, assegura que , se Íor cientíÍico não se pode permitir que seja eclético, o clÍnico não pode permitir-se ao luxó de não ser eclético. lsto quer dizer que, enquanto o ecletismo teórico é logicamente.impossÍvel (adotar uma teoria signiÍica Íazer uma escolha, náo impãrta o quanto provisório seja), o ecletismo técnico, quer dizer, o emprego de qualquer técnica validada sem importar sua origem, é uma estratégia essencial para o clínico cuja preocupaçáo principal seja o bem-estar do paciente. Existem dois pontos de vista contrapostos. Por um lado, pode-se alegar que a investigaçáo sistematicamente programada é a estratégia ideal, não só para a investigação mas também para o progresso da prátíca clínica. Desta perspectiva e a longo prazo, a inÍormação mais útil, e portanto de maior ajuda aos pacientes, poderia ir acumulando-se a partir de um enÍoque consistente dentro de um marco teórico. Depois de tudo,. existe uma grande quantidade de possíveis técnicas e parece mais eÍetivo centrar-se no desenvolvimento daquelas que surgem como parte dê um programa, de atuação, de investigação e de acúmulo de dados, concluídos de maneira consistente e sensata dentro de um determinado marco. Desta perspectiva, é menos eÍicaz praticar o ecletismo técnico, visto que não há modo de saber o que Íunciona se não íor por meio de bons estudos de validaçáo e, à vista de numerosas técnicas que surgem continuamente, isto constituiria um processo inviável. Um problema adicional que os defensores do ecletismo técnico tendem a passar em branco é que o termo fualidação" signiÍica coisas diÍerentes para diferentes teóricos (ver o Ítem seguinte). Legitimar técnicas que procedem de um único modelo teórico nos levaria; pelo menos, a uma utilização consistente da palavra '\ralidação". Por outro ládo, o clínico de orientação comportamental no aspecto teóríco, mas eclético no aspecto prático, poderia alegar que algumas técnicas parecêm ser mais prometedoras quê outras e de mais Íácil investigação. Estas são as que deveriam ser investigadas em primeiro lugar, sem importar suas origens teóricas. Uma Revisão Conceitual 17 Alega-se que, em Íavor do desventurado paciente, é preferÍvel conÍiar nb bnsaio " "iro clÍnicos e agarrar=sê a quase tudo aquilo"que teft algiuma razão ou ter intuição para pensar sobre o que poderia ser útill. Enquanto isso, o debate continua com apaixonados opdnentes que se' expressam energioamente em ambos os lados s, ao,mêSmo tempo, a distância enire a teoria e a investigação, e entre o que escrevem e o que realmente Íazem os terapeutas comportamentais, vai se tornando cada vez maior. tV.5. A terapia comportamenta| a p§icanálise e a integração Os terapeutas comportamentais e os psicanalistas têm se engalfinhado du- rante muito tempo em debates hostis, mutuamente denigrentes e potencial- mentê dêstrutivos, Ultimar.nente, há uma chamada para um acertamento tanto conceitual quanto prático. Se isto anuncia um sáo espÍrito de progresso conjunto ou o espectro de uma retrógrada inutilidade, é uma questão de opiniões. Minha posição neSte debate é clara: os dois são basicamente irreconciliáveis, em nÍveis conceituais e teóricos, e a integraçáo ao nível da prática clÍnica estabelece nUmerosos problemas (por exemplo, Franks, 1984). Não é o caso de ser melhor ou pior, mas uma questão de ser diÍerente' Os terapeutas comportamentais e os psicdnalistas se baseiam em paradigmas distintos, entendem e Íormulam os problemas psicológicos de maneira diÍerente, conÍiam em métodos diÍerentes de verificação e aceitam "feitos" distintos comodados legítimos. Por exemplo, a impressáo clÍnica é a miúdo validação suficiente para o psicanalista, mas não para o terapeuta compor- tamental. Por outro lado, é ppbsÍvel que os deÍensores de ambas as posições sejam logicamente consistentes com as suposições e limites de seus respecti' vos paradigmas e, em conseqüêhcia, que po§sam chegar a conclusÔes contraditórias e, possivelmente, irreconciliáveis. Do meu ponto de vista, uma solução, ao menos num futuro próximo, seria que cada sistema "Íosse a seu avio", com a esperança dg desenvolvêr uma teoria e uma prática mais viável dentro de seu próprio sistema. MuÍtos terapeutas comportamentais renomados tomam posições diame- tralmente opostas (por exemplo, GoldÍried, 1978;Wachtel, 1977). Goldfried' por exemplo, alega que o distanciamento entre a TC e a psicanálise poderia se reduzir em um nível médio de abstração, que seria algo intermediário entre a teoria e a técnica. Sugere que ejaminemos distintos enÍoques sobre as estratégias de intervenção empregadas por diÍerentes terapeutas de cada grupo e que, desta maneira, seria possível alcançar um acordo com respeito a alguma forma de intervençáo comum. Supostamente, isto daria lugar tanto à integração quanto a um novo modelo conceitual. Em minha opiniáo, a dita sÍntese, se ocorrer alguma vez, seria mais provável que se desse como um subproduto da investigação programada, calculada, dentro de cada campo.' OsÍuturos terapeutas comportamentaisvoltaram a nossos princípios originais. li ii '18, Manual de Técnioas de Terapia e ModiÍicação do Comportamenlo 1V.6. A terapia comportamental e a preponderância do profissíonalísmo, A AABT começou como um grupo de interesse - e a palavra interesse é muito importante, visto que nâõ soíre nenhuma implicaçáo com respeito à cornpetência clínica- na compreensão e aplicação cientÍficas, em vez de no desenvolvimento do proÍissionalismo e dq uma mentalidade corporativista. Lamentavelrnente, pelo, menos na minha íorma de pensar, o rumo seguido Íoi outro - como sucedeu com' a American Psychotogical Association (Associação Psicológica Americana) - e são as questões clínicas, metodológicas e proÍissionais as que dominam o campo da TC atualmente. Mesmo gue a metodologia e o "sabeÍ Íazef' clÍnico tenham progredido significativamentb nas últimas quatro décadas, não tem havido um desenvolvimento paralelo similar do aspecto ionceitual. Tem-se escrito muito sobre os prós e os contras destas duas perspectivas opostas (ver Franks, 1982, 1987a). Ainda bem que'â recente lormação de um Grupo de lnteresse Especial dentro da AABT, orientàüo explicitamente para o impulso e o apoio de interesses teóricos, filosóÍicos e conceituais,.reÍlete o começo de uma volta, dentro da terapiia comportamental para g'progresso do conhecimento, em vez de cenlrar-se somente na potência prqÍissional. Ainda que estas ativídades possam inÍluenciar, e de Íato o Íazem, no terapeuta comportamental aplicadô, é mais provável que as Íuturas geraçóes de têrapeutas comportamentais sejam inÍluenciadas pelo treinamento que recebem. A principio, a TC não pertence a úiüa única {isciplina. Na prática, ao mênos nos EUA, a maioria dos programas ÍOrmais e prolongados de treinamento (em contrapcsiçáo com os programas especializados de breve duraçáo ou êom o treinamento de paraprofissionais e ajudAntes comportamentais) tem lugar, geralmentê, dentro da órbita de alguns programas de dQutorado cientÍÍico-aplicados de cinco anos, em tempo integral, em psicologia clÍnica. Se estes programas enÍatizassem o progresso do conhecimento, dos conceitos e da metodologia, além de uma adesão secundária a técnicas e procedimentos, então seria mais provável que os Íuturos terapeutas comportamentais voltassem a nossos princípíos originais. A maioria dos terapeutas comportamentais são psicólogos clinicos. Mas se a TC terá que ser interdisciplinar, necessitará ter um maior peso no treinamento dos psiquiatras e dos assistentes so6iais. Os programas especializados de treina- mento de curta duração para proÍissionais não comportamentais também sáo importantes, supondo'se que estes treinamentos centrados nas téCnicas não sejam considerados corho habilitações para conseguir o rótulo de 'terapeuta comportamental", como tal. Os pontos Íra69s que se encontram atualmente no treinamentO doS terapeutas comportamentais parec'êm cair dentro de três grandes áreas. Em primeiro lugar, a maioria doS terapeutaS Comportamentais não recebem treinamento paralazer investigação clínica (Bárlow, 1981). Em segundo lugar, raramente sê dá aos terapeutas comportamentais uma. compreensáo adequada da psicopatologia de uma perspectiva comportamental, não sendo treinados adequadamente na prática de um diagnóstico satisÍatório (Hersen, 1981). Em terceiro e último lugar, pode ser gue os teraFroutas comportamentais não estejam preparados para rir t: lt. rlr, l:1,' llitr tL,.i i l I l ri -l .i i rl i.i Uma Revisão Conceitual 19 enÍrentar as reações negativas do paciente e a mêlhora das relações paciente-te' iapeuta (por exámplo', Kazdin e Cole, 1981; May e Franks, 1985)' Questões éticas, legais e de licença da terapia oomportamental As questões de licença legais e, inclusive, éticas dependem basicamente da situaçáo. A extrapolaçáo a um meio diÍerente Ç arriscada' Mesmo que os valores oou"á, ser mantidos por meio da legislaçáo, o maior impulso tem de provir dos iesbonsáveis do treinamento e dos que se dedicam à prática, em cada paÍs em ouJ r" coloquem estas questóes. Também é necessário fazer notar que a ética d, fC nao é diÍerente da de outras proÍissões pertencentes ao âmbito da saÚde mental. Sem dúvida, é a ênÍase na quantiÍicação, na clareza, na objetividade e na sensibilidade aos determinantes internos ê externos o que conüette em única a TC. No começo do desenvolvimento da TC, Banduà (1969) Íez distinção entre valores e ciência. Os valores, assinalava Bandura, contribuerh à seleção do objetivg, enquanto que a ciência dirige a seleçáo de procedimeiitos. Ao Íazer esta distinção, Bandura se evadiu da questáo de se a TC, o estudo cientíÍico da mudança de comportamento, é ou náo independente das considera- çóes éticas. Atualmênte, existe o consenso de que não"podem se evadir as áonsideraçóes éticas na aplicaçáo da tecnologia comportamental (por exemplo, Farkas, l ggo; KanÍer e Grimm, 1980). se a aplicaçáo de qualquer tecnologia está rêpleta de valores e não se podem aplicar, de Íorma exclusiva, formulações estritamente lógicas, então os terapeutas comportamentais deveriam sair do têrrêno cientíÍico/tecnológico na busca de uma supêrestrutura ética. Entretanto, é*importante que os terapeutas comportamentais continuem debatendo estas ,i , ,3yes1oes. A legislação pode sernecessária, mas náo suficiente. ,1. - ,,ti..i.:tIl;9. A imagem da terapÍa comportamental l ;,,.,'tireitos e os sentimentos dos demais. Este panorama tem sido exposto em adigosl1ilri': urXat e Fuerstein, 1978), em livros populares sobre as prisóes (MilÍord, 1973), Fêr,,psicoterapeutas (Ehrenberg e Ehrenberg , 1977) e em outras partes. Estas .i:iÍnagens negativas, reforçadas por uma desafortunada, mas Íirmemente estabe- i'lêciaa terminologia, como "controle", "castigo" e condicionamento aversivo, têm 'üiü,impacto negativo sobre a disposiçáo das pessoas em considerar a TC como opção viável de tratamentoi do mesmo modo que afetam desÍavoravelmente lqi§:iesultados do tratamento (Mays e Franks, 1985). L.-i:,::! i:. ti: r i*!r' :Éxiste uma lamentável tendência, do público, a contemplar a TC como um .;-.. conjunto de poderosas, e potencialmente danosas, técnicas para o estÍmulo da .'-:ifl-bo"nÍormidade e o controle do comportamento humano, sem consideração com os 20 Manual de Técnicas ôe Terapia e Modificaçáo do Comportamento Seguramente nãose encontram foradoalcance dacapacidade dosterapeutas comportamentais encontrar e desenvolver estratégias corretivas adequadas. A sofÍsticação técnioa e rnetodológica tem avançado enorrnêmente nas últimas três ou quatro décadas e já existem osprocedimentos necessários para elas. Flelacionada tangencialmente com estes temas se encontra a tão debatida questão da terminologjd e o modelo médioo. Todavia, seguimos pensando, íalando e escrevendo sobre "pacientes, "tratamentor','lerapial', etc. Uma vanta- gem desta associação ç,om a medicina é a menor probabilidade de que aTC seja .interpretada como algo daninho. Por oulro lado, a TC começou como um desvio radical do modelo médico,, desvio que não sq íomenta precisamente com a continuaçáo desta terminologia. . ,t, V. Esraoos Pnesenre E Furuno Pnóxuao DA TERApTA GotuponraMENTAL .' Tem acontecido muitas coisas desde a História dg Modificação de Comportamen- to de Kazdin (1978b) mas também, surpreendentemente e em outro sentido, poucas coisas têm ocorrido. Os terapeutas comportamentais se encontram Íirmemente introduzidos no enlrelaçado da saúde mental e já não é necessário que se os ponham à prova. Os terapeutas comportamentais podem parar um tempo para refletir sobre as realizações presentes e as implicações para o futuro. Parecia que havíamos entrado em dique seco no que se refere à inovação teórica, inclusive, ainda que sigam ocorrendo avanços tecnológicos. O começo da quarta década de TC traz cqnsigo desenvolvimentos alentadore§. Em primeiro lugar encontra-se o progressivo interesse numa volta a nossas bases teóricas e conceituais. Até agora, talvez porque os reÍorçadores do êxito proÍissional sejam mais potentes que os que ajudam o progresso do conhecimênto, a maioria dos terapeutas comportamentais encontram-se intelectual e emocionalmente com- prometidos com o aspecto proÍissional. Conheço poucos textos que tratem exclusivamente, ou mesmo principalmente, de temas conceituais em TC e, como se assinalou, uma das eontribuições mais importantes tem sido escrita por um ÍilósoÍo, não um psicólogo (Erwln, 1978). O número de textos recentes orientados para a teoria é atualmÊnte pequeno (por exemplo, Eysenck e Martin, 1987; Fischman, Rotgers e Franks, 1988;Wilson e Franks, 1982). Um segundo aspecto, articulado com menos clareza, mas igualmente impor- tantê, caracteriza-se pela mudançâ de um modelo E-R simplista a uma perspec- tiva multicausal não linear, mas metodologicamente rigorosa. Do mesmo modo que a Íísica avançou de Íorma constante, mas com poueâ imaginação, sob a dominaçáo benevolente das então onipresentes idéias de causalidade ÍÍsica, até a chegada da teoria da relatividade, assim sucede com a TC. Por exemplo, quando Wahler e Hann (1986) se ênÍrenlaram com a Íalta de continuidade observada entre o comportamento das crianças "com problemas de comporta- mento" e as contingências ambientais, a curto prazo, que operam nas interações Íamiliares, buscaram uma explicação empÍrica por meio de uma análise mais Uma Revisáo Conceitual 21 ampla e soÍisticada dos acontecimentos situacionais. Da mesma maneira, GoíOlamond (1984) aplica o lermo linear às intervenções locais reÍerentes aos ütamentos por meÍo dos problemas presentes e o termo não lÍnearpara referir- "à uo "rpr"go d'e intervenções tanto locais quanto do sistema total, iniciadas oelosproblemas presentes, mas dirigidas para diÍerentes sistemascompoÍtamen- io-contingência. Desta maneira, as análises lineares e náo lineares se convertem em Íormas úteis e legítimas de investigaçóes, levando sempre em conta as variáveis determinantes' Sobre o que pode constituir uma inovadora contribuição à literatura sobre a TC, Delprato (no prelo) oÍerece um enfoque náo linear que considera e combina várias áreas intimamente relacionadas .O interacionismo evolutivode Delprato se deÍine como uum de§envolvimento relativamente recente de vários movimentos conÍluentes, incluind-o o interacionismo herança x melo ambiente, à perspectiva de integração do campo, ao pensamento evolucionista, à psicologia comparati- ,o-evoútiva de Schneirla, à embriologia comportamental, à psicologia evolutiva de todo o ciclo vital, a uma Íuga do reducionismo e ao enÍoque de sistemas"' Dêntro deste contexto, o desenvolvimento se converte em um processo interativo' no qual tanto o organismo como o ambiente são participantes ativos' Em consistência com a Íormulaçáo anterior, encontra-se o ressurgimento do interesse na psicologia intercomportamental de Kantor (1 959). Com exceçáo de alguns dos mais importantes terapeutas comportamentais do México e de certas áreas da América Latina, Kantor Íoi esquecido e incompreendido. lsto se deve, em parle, à Sua prematura insistência em que a teoria e a terapia comportamental devem ser táo cientíÍicas como as ciências Íísicas e que o comportamentalismo é o primeiro passo necessário, mas está longe de ser o objetivo Íinal. Kantor, uma figura náo muito conhecida em psicologia, apesar de sua notável produtividade' Íoi um conhecido crítico do dualismo metaÍísico. Por sua vez, Kanlor oÍerecia uma teoria comportamental de carnpo ôom um lugar importante para o organismo, centrando-se nas interaçóes recíprocas e simultâneas entre o organismo e o ambiente. Para Kantor, o sujeito lda psicologia era a coordenação holística e natural detodo o organismo. Não há uma relaçáo artificial e exclusivamente{inear um-a-um entre o estímulo e a resposta (ver Rubgn, 198p; Ruben e Delprato' 1987). É importante reconhecer e compreender a posiçáo de Kántor de que uma perspectiva holística não tem que implicar na volta a uma Íorma de pensamento conÍuso, um deficit que conÍunde os objetivos geralmente louváveis do terapeuta de "sistemas". O que acrescenta tudo isto é que a TC está sendo construída de Íorma lógica, e inclusive predizível, sobre seus Íundamentos. A ênÍase original na quantificaçáo' o pensamento rigoroso, mas receptivo, a metodologia cientíÍica e a teoria da aprendizagem seguem, praticamente, os mesmos. O que mudou foi a complexidade dos problemas abordados e, com ela, a necessidade de adotar uma perspectiva multidimensional, interdisciplinar, Que leve em conta os dados, as Íormulações e, inclusive, as metodologias provenientes de disciplinas enquadradas, em outros tempos, Íora do campo da TC tradicional. Uma importante tareÍa, com a qual se enÍrenta a TC hoje, consiste em como levar em conta estes desenvolvimentos inovadores e incorporá-los a um modelo geralque retenha o espírito da integridade 22 Manual de Técnicas de Terapia e ModiÍicaçáo do Comportamento cientíÍica que levou a Tc a uma posição privilegiada. Esta vibrante dualidade é o que caracteriza o melhor: da TC de hoje e, o desaÍio para o Íuturo, Estes, hot'izontes em contínua expansão, nos levaria a algum tipo de harmonia conceitual, ou talvez a uma fragmentaçáo Íinal? Só o Íuturo decidirá. Se o crescente interesse nessas questões e os numerosos congressos, revistas e associações dedicados exclusivamente à TC são índíces válidos, então nossa, ainda jovern, disciplina se enoontra viva e inacabada e, inclusive, com um próspero aspecto. E provávelque tenhamos um brilhante Íuturo ante nossos olhos. Vl. LelrunAs REcoMENDADAS Erwin,.E--i'erapia de conducta, Madrid, Êi.ánid", 1985. (Or.: t9Z8) Eysenck, H.J. y Martin,.I., Theoretical foundations of behaaior thrripy, Nueva york, plenum Press, 1987, Fishman, D. 8., Rotgers, F. y Franks, C. M. (comps .), paradigms in behaaior tberapy: present .and promise, Nueva York, Springer, 1988. Reiss, s., y Bootzin, R, R. (comps.l, Theoràtical issses in bebaoior therapy, Nueva york, Academic Press, 1985, 'wilçon, 9l T.-y Franks, c. M. (comps.), contemporary behaaior''thrrop\, conceptHar dnd émltirical fondations, Nueva Yorli, Guilford piess, iggZ. Z. â.SEECTOS COMCEITUâÍS E EMTíNICOS Dâ Trnerte ComroRTâMENTâ[- Atan E. Kazdin l. lrurnoouçÃo AterapiacompotTamentaloumodificaçãodocomportamentolreÍleteumenfoque de tratamento da disÍunçáo blínica e dà comportamento desadaptativo' Na literatura contemporânea pode-se identiÍiãar uma série de posiçóes conceituais e , teóricas, *ntoqrÁ"ri"úãúói"oSt" té_cnicas de tratamento diÍerentes (Bellack e l=tersen, rges; filnmàn,-noig"r" e Fránfs, 1988). O campo tem aumentado enormement" ,ru"rpã"iatiza-çao ao longo dos aproximadamente trinta anos que , ;#;;;;;r;"";;uu'oiis"r. Quándo a modificação do comportamento 1i]:.SurgiuÍormalmente,haviaumconsensoquesecentravanosaspectoscomuns r,.,,1Ê das diÍerentes pãriç0".. Atualmente, e diÍícil detectar os resquÍcios de um ljii; i:::i -r r' ' *, ..;iIi,ffiq"po|Y11l?,"archScientistDevelopmentAward(MH00353)do ,',,,1' 1121len4 l nstitute ot tieÀtal Health Universidade de Yate (EUA)' j :.- l;" rcr,Ào,"_raiti"uçãodocomportamenteterapiadocompodamentosãoempregadosdeÍorma ,ir..sinônimanopru""nt"áã[iirlã.ni"to,i".*"ntu,"ouãiãi.Joramdesenvolvidospartindo-sedediÍeren- . ;..{§+ _ les enÍoques teóricos, dependendo de diÍerentes tÀcnicas básicas de tratamento, da maneira como se ..ll i-.. aplicam astécnicas e dos países nos quais "rtu"iãànl.u""urgiram (Franzini eTilker, ,n'?i 5::li: ',;j' i,í.üri".]i;;ü;",i;;"*, iJzj ' Yái.r,'r s70)' Entretanto, estidistinçao e seus Íundamentos nao se . ;;§i:..r rêdaptaram de íorma consistente. ffii ' iil+I,' : rd,#.,
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