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Artigo - Dia da Consciência Negra

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Atos vis, de almas pequenas...
O dia 20 de novembro é, para muitos, apenas um feriado. Mas, para a História do Brasil, é muito mais que isso. Nessa data, Dia da Consciência Negra, o país é lembrado que a luta pelo fim da discriminação e racismo ainda está longe de acabar. 
Infelizmente, ainda há casos recentes de racismo, como o da atriz Tais Araújo, que, após postar foto em sua rede social, recebeu uma série de comentários racistas. Algo que, em pleno século 21, com tantos avanços tecnológicos, chega a ser um contrasenso. A atriz já levou o caso à Polícia Federal para que tais ações não fiquem impunes. Outro caso famoso e recente é o da jornalista Maju, que apresenta a previsão do tempo no Jornal Nacional. Famosos e seus próprios colegas criaram o grupo ‘Somos todos Maju’, manifestando-se contra posts preconceituosos feitos na fanpage da emissora. 
Mas há muitas outras situações envolvendo anônimos, que acontecem todos os dias. Não viram manchete nos jornais e nem mobilizam as redes sociais. Mas marcam, magoam e machucam as vítimas.
É inconcebível presenciar, ainda, ações discriminatórias e racistas. Não é apenas solidariedade que as vítimas devem receber. Elas precisam garantias de que a Justiça agirá de forma rigorosa. Todos merecem respeito. Famoso ou não. 
A Constituição Federal, de 1988, dispõe, no artigo 5º, que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. E os incisos 41 e 42 complementam: a lei punirá qualquer discriminação atentatória aos direitos e liberdades fundamentais e a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão. Portanto, todo tipo de discriminação e preconceito é vedado pela legislação brasileira.
Mas, será que, no Brasil, o racismo é mesmo inadmissível? A resposta é um sonoro NÃO. Ainda há, no país, ações racistas, um racismo velado, intrínseco na sociedade. Na maioria das vezes, o negro aparece na TV e cinema como um ser inferiorizado, pobre, com pouca educação e que necessita de ajuda para se destacar na vida. O que o negro, branco, amarelo precisam é de igualdade de oportunidades para que, com sua competência, atinjam seus objetivos conquistas.
A origem do Dia da Consciência Negra vem com a história do mais famoso reduto de fuga de escravos no Brasil Colônia: o Quilombo de Palmares. Nele nasce Zumbi, livre, que seria um dos principais ícones da luta contra a escravidão no país. Aos seis anos é capturado. Até os 15 anos, período em que ficou preso, foi educado por um padre missionário que lhe ensinou os sacramentos da Igreja, português e latim. Tempo depois de retornar ao quilombo, Zumbi teria a tarefa de substituir seu tio, Ganga Zumba.
Como líder, Zumbi era um grande estrategista militar, empreendendo incursões para libertar escravos. Tais ações levaram o governador de Pernambuco a contratar o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Com a ajuda de Antônio Soares, escravo que teve sua liberdade negociada em troca da localização do quilombo, o bandeirante invadiu Palmares e assassinou Zumbi. Era 20 de novembro de 1695. Zumbi teve a cabeça cortada e exposta na praça de Recife como exemplo para inibir ações semelhantes. 
O Brasil importou da África cerca de 5 milhões de escravos que eram vistos pelos europeus como seres desprovidos de alma. Até a Igreja Católica admitia e permitia a escravidão. 
Até quando será preciso um dia específico para lembrar que o preconceito, racismo e a discriminação não devem ser tolerados ou praticados? Atos vis de almas pequenas, que envergonham e humilham toda a humanidade. 
Elenilton Andrade é formado em História pela Universidade de Franca, Curso de Extensão em História da África pela Unicamp, Pós-graduado em Sociologia da Educação e Cultura pelo Instituto Graduarte. Atua como professor nas disciplinas de História e Sociologia no Ensino Médio.

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