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1 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY LINFÓCITOS B (PARTE 2) Vamos relembrar o que é a ativação T independente, como o próprio nome sugere, trata-se daquela que não ocorre com a participação de um linfócito auxiliador. Para que esse linfócito B possa então sofrer seus processos de ativação que resultem na produção e liberação dos seus mecanismos efetores, ou seja, para que o linfócito B possa de fato reconhecer os antígenos, sofrer as vias de ativação e isso resulte em uma defesa efetiva, é necessário que o estímulo ativador, ou seja, o desafio antigênico seja repetitivo na superfície desse patógeno ou desse microrganismo. DE NOVO: Para que o linfócito B possa produzir os seus anticorpos, os seus mecanismos efetores, defesa no organismo propriamente dito, é necessário que aquele microrganismo que desafia/estimula a resposta T independente na ausência do linfócito T seja copiado, seja repetitivo, como é o caso dos antígenos do LPS, por exemplo, nesse caso é uma antígeno que está sendo repetido n vezes na membrana externa de uma bactéria GRAM negativa, como esse não é apresentado obrigatoriamente por uma APC, ele não é dependente de um linfócito TCD4, ele só vai estimular a ativação do linfócito B porque o LPS é repetitivo nessa membrana externa. Como esses antígenos acabam sendo repetitivos, o linfócito B por essa estimulação maciça sofre suas vias de ativação e produz anticorpos mediante esse estímulo, só que essa característica de resposta humoral vem da seguinte maneira, eu tenho uma proliferação clonal, ou seja, um aumento do número de células, sem participação ou formação de células de memória e existe um predomínio quase que exclusivo de anticorpos da classe M. MAIS UMA VEZ: Tenho a ativação T independente (aquela que ocorre na ausência do linfócito TCD4 ou auxiliador) quando o antígeno ou microrganismo desafiador possa expressar seus antígenos de maneira corriqueira e muito abundante. Esse antígeno sendo expresso repetitivamente sobre a superfície do microrganismo desafiador será portanto o principal estímulo para ativação desse linfócito B que vai resultar no aumento dessas células B sem a subpopulação de células de memória, o que implica dizer que esses estímulos serão sempre produtores de respostas igualitárias, o indivíduo não aprende a cada novo estímulo, ele responde de maneira constante a cada novo encontro, e, além disso, a principal classe de anticorpos que está associada a uma resposta que não depende de um linfócito auxiliador é uma classe M, já que o anticorpo IgM é sempre o primeiro anticorpo a ser produzido durante o desenvolvimento de linfócitos. RECAPTULANDO: Essa IgM de superfície se trata de um receptor de célula, depois que esse receptor passa a ser expelido para fora da célula, quando isso se dá, ele está desenvolvendo sua função humoral, efetora propriamente dita. Antes dessa etapa, essa IgM na superfície de um Linfócito B é um receptor da célula B, o qual chamamos na semana passada de BCR. O mesmo anticorpo que é IgM, antes de ser anticorpo solúvel, faz a função do BCR, do receptor da célula B. Portanto, se isso comporta como um receptor, é capaz de reconhecer antígenos, quando os antígenos estão repetitivos na presença desse microrganismo, como por exemplo, na membrana externa de um microrganismo GRAM – em que eu tenho excesso de um antígeno repetitivo, o LPS. Na presença dos antígenos de LPS altamente repetitivos de membrana externa, esse receptor da célula B consegue receber o número de antígenos, de estímulos suficientes para que essa célula se ative na independência do linfócito auxiliador e passe então a produzir anticorpos de defesa. Esses anticorpos de defesa são na sua predominância da classe M, e, não existe estímulo para que uma subpopulação de células torne-se célula de memória, o que significa dizer que esses estímulos T independente serão sempre constantes no indivíduo, ele nunca aprende a responder melhor ao LPS, porque a resposta de LPS é T independente, não gera memória. Um outro ponto importante é que esses antígenos repetitivos sofrem pouquíssimas variações, por isso são chamados de “antígenos monótonos”, configurando PAMP’s dos microrganismos. O LPS é um tipo de PAMP de uma bactéria GRAM-, sendo um PAMP, esse LPS não pode sofrer grandes variações antigênicas. Se estamos falando de um PAMP, trata-se de uma molécula conservada da evolução, significa que ela não sofre variações antigênicas, já que grandes variações antigênicas em PAMP, estão diretamente relacionadas a uma perda de viabilidade. Logo, esses antígenos que são recebidos pelos linfócitos B de ativação T independente, reconhecem antígenos que variam pouco. Tendo antígenos que variam pouco, com uma resposta do tipo IgM, sem memória mas de alta magnitude, lembrando do que foi dito sobre termos cerca de 1018 células fazendo esse tipo de ativação, maior que a ativação T dependente. Isso significa que eu não tenho memória, não tenho variação de anticorpos mas eu ganho na magnitude da resposta, eu tenho células em excesso respondendo a antígenos que variam muito pouco. Não faria sentido o SI fazer um grande número de células B T independentes para antígenos que variam muito pouco. Se o antígeno varia pouco, eu não preciso de uma grande variabilidade de células, eu preciso de uma grande quantidade de células respondedoras. Portanto, se a cápsula de determinada bactéria, por exemplo, o S. pyogenes varia pouco, logo, preciso de grande quantidade de linfócitos para responder, e não de grande variabilidade. Essa grande quantidade de células consegue então proteger contra antígenos que variam pouco. Variando pouco, chamo de T independente, a célula B, nesse caso, não está se comportando como uma APC, ela é simplesmente uma célula que responde a antígenos através de seu receptor, só que esses variam pouco. Se não é essa a minha predominante resposta humoral, a característica predominante de ativação dos linfócitos B é aquela que depende do T, ou seja, aquela resposta humoral, DISCIPLINA IMUNOLOGIA AULA 12- LINFÓCITOS B (PARTE 2) PROFESSOR YURI 2 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY tipicamente TH2, mas que para oferecer uma resposta humoral, exige a participação do linfócito auxiliador. RECAPTULANDO: Se existe ativação que não depende do linfócito auxiliador, a T independente, é natural que exista a resposta T dependente, ou seja, que depende do linfócito auxiliador. Essa resposta T auxiliadora vai acontecer da seguinte maneira, em primeiro lugar, exige a necessidade de um reconhecimento dos linfócitos B pelos seus antígenos. Vimos a princípio que o linfócito B sai da medula, entra como linfócito candidato na medula óssea, passa pelo desenvolvimento medular, ou seja, faz primeiro meia cadeia de anticorpo, e, depois, termina fazendo uma cadeia completa de anticorpos. Esse linfócito que venceu o desenvolvimento linfocitário sai da medula óssea para um órgão linfoide secundário, ou seja, passa a habitar os sítios de entrada dos microrganismos. REPETINDO: No início da vida o linfócito B foi feito na medula óssea como todas as células do SI são feitas. Essas células permanecem na medula óssea, fazendo seu desenvolvimento linfocitário 5% medular. Dentro do seu desenvolvimento linfocitário, acontece tudo que foi citado na semana anterior, ele expressa meia cadeia depois completa, ele aprende que não pode reconhecer antígenos próprios com muita veemência, ele aprende que não pode reconhecer antígenos próprios com muita vontade, já que os extremos não são aceitáveis, nem aceitar muito antígeno próprio, nem ignorar muito antígeno próprio. Quem ignora muito antígeno próprio morre, quem aceita demais antígeno próprio, morre. Deve-se ficar no meio termo, aquele que reconhece antígeno próprio mas não se ativa contra ele. Ele passa por todo desenvolvimento e então culmina na formação do linfócito B que é virgem. Esse linfócito B virgem, saientão do ambiente medular, e vai então agora ficar localizado em 3 regiões que são os órgãos linfoides secundários, basicamente, esses linfócitos B passam a habitar o baço, os linfonodos e MALT. A partir desse momento que os linfócitos passam a ser estadiados nessas regiões, ou seja, existe um risco agora, ou oportunidade maior do encontro com linfócito virgem e o seu antígeno, porque é justamente no baço que os antígenos que entram na corrente sanguínea vão passar, justamente no linfonodo, que os antígenos teciduais devem ser encaminhados pela linfa, e são nos MALT que os antígenos que entram por mucosas (respiratória, digestiva ou geniturinária) serão concentrados. Portanto, eu primeiro concentro o meu exército, em exército funcional, uma vez o exército funcional estando pronto, eu distribuo para os locais de sentinela, os locais de sentinela de via de disseminação hematogênica, tecidual e de epitélio mucoso, ou seja, todas as entradas do meu corpo. Em maior ou menor grau, tudo que entra no meu corpo passa por essas 3 regiões, e é para lá que os linfócitos virgens irão. Os linfócitos virgens nesse momento nunca viram antígenos, porque aprendemos que BCR é construído pré-existente a presença do antígeno, o que significa na prática que o receptor da célula B é formado de maneira aleatória, antes mesmo dele ver o antígeno ele é formado para tal, se vamos ou não usar, o destino irá dizer. O linfócito chegou no baço, linfonodo e MALT e agora tem a oportunidade de ser ativado por um antígeno específico. Como já falamos de ativação T independente, falaremos agora da ativação T dependente. Em primeiro lugar, nesse caso, ocorre o reconhecimento antigênico, todos os antígenos que permeiam os órgãos linfoides secundários terão a oportunidade de serem reconhecidos pelo receptor da célula B, ou uma imunoglobulina de superfície (lembrando que são sinônimos). Isso vai virar anticorpo solúvel, mas enquanto estiver preso na membrana plasmática, se comporta como receptor, portanto, isso é um receptor da célula B, ou uma imunoglobulina de superfície, onde o papel é o mesmo, reconhecer antígenos de qualquer natureza, ácido nucleico, lipídeo, carboidrato, proteína, etc. Esses antígenos são reconhecidos pelos receptores da célula B, e, como o linfócito B é uma APC, por definição, esse antígeno vai ser endocitado, processado pela via endossômica e retorna a superfície da célula expresso conjuntamente com uma molécula de MHC de classe II, essa, é capaz de ativar SOMENTE linfócitos TCD4 responsivos, ou seja, SOMENTE linfócitos T auxiliadores. Nesse momento que eu caracterizo uma resposta T dependente, a necessidade de associação ou de conversa/comunicação entre o linfócito B que se comporta como uma APC e uma célula TCD4+ auxiliar. Esse MHC classe II + antígeno + TCR envolve a ativação do primeiro sinal de APC, toda APC se comporta da mesma maneira, portanto, tenho MHC de classe II + antígeno + TCR. A resposta dada por CD4 envolve seu co-estimulador, e agora vem um ponto importante, esse linfócito B expressa uma molécula de superfície conhecida como CD40 (*”vai ter que saber esse nome, porque é fundamental a presença do CD40”). O CD40 encontra o seu contra-ligante chamados de CD40L. DE NOVO: Depois que o sinal 1 é oferecido pela tríade MHC de classe II + antígeno + TCR, existe também uma segunda estimulação molecular, essa é oferecida pelo par de ligante, do ponto de vista do linfócito B, a molécula conhecida como CD40 e seu contra-ligante observado no linfócito T auxiliador, o ligante de CD40, que também recebe o nome de CD154 (*”você escolhe o que vai guardar, se é o CD40L ou CD154”). O que importa é que uma molécula se une a outra, e essa estimulação entre CD40 e seu ligante promove uma modificação interna no linfócito T auxiliador que responde ao linfócito B com perfil de citocinas, esse é naturalmente dependente do antígeno apresentado, obrigatoriamente. 3 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY REPETINDO: Estamos falando de uma via de ativação T dependente, o que implica dizer que além do linfócito B, existe um linfócito T participando dessa resposta. O linfócito B agora se comporta inicialmente como uma APC, como toda APC, ela vai fazer todo mecanismo que aprendemos, primeiro sinal estimulador é sempre oferecido pela tríade MHC + antígeno + TCR, essa tríade molecular fornece o primeiro sinal de ativação, esse, implica dizer para essa célula quem é o antígeno que foi fagocitado ou endocitado. O segundo sinal de ativação é aquele oferecido por moléculas co-estimuladoras, esse par de moléculas co- estimuladoras é fundamental, visto que, sem esse par de moléculas co-estimuladoras não haverá toda a sinalização T dependente. Ou seja, o linfócito B está expressando um ligante chamado CD40 e o linfócito T está respondendo com o ligante do CD40, formando um par de moléculas (ligante + contra-ligante) que produz uma ação conjunta, ele tanto promove a ativação do linfócito T, quanto participa da ativação do linfócito B. Para o linfócito T, a ligação do ligante ao seu co-receptor promove uma secreção de citocinas específicas para o linfócito B. A IL-2 é tida como um mitógeno, o que significa que essa irá permitir um aumento da proliferação clonal, ou seja, um aumento do número de células. Portanto, a IL-2 faz parte do perfil de secreção de citocinas porque ela precisa aumentar o número de células, faz todo sentido que seja assim, ela vai aumentar o número de células para combater o antígeno que está sendo apresentado, o desafiador. A IL-7 participa como uma quimiocina, essa terá uma participação daqui a pouco, mas de todo modo, ela está participando como uma “migalha de pão”, essa vai ser importante para a formação dos folículos linfáticos, ou os folículos primários e secundários, ativados ou não. A IL-4 está participando aqui, visto que, nesse exemplo, a IL-4 trata-se de um tipo de perfil TH2. Depois que a APC endocitou o antígeno e expressou o MHC de classe II vem a via de ativação propriamente dita. Essa ativação necessita da tríade MHC de classe II + antígeno + TCR para que o linfócito corrobore com a resposta. O linfócito B está mostrando o antígeno para o linfócito T, devemos nos atentar nesse momento que temos duas células da imunidade adaptativa respondendo a um mesmo antígeno, o linfócito B e o linfócito T, isso está dizendo que “isso que estou te mostrando, Linfócito T, é algo que devemos combater em conjunto, se você realmente reconhece isso como antígeno, você deve me co-estimular” e ele co-estimula através do CD40L e o CD40. Além disso, como houve uma ativação conjunta, o linfócito T é auxiliador e vai auxiliar o linfócito B para se tornar efetor, já que até o momento ele era um linfócito virgem. Essa secreção de citocinas, o perfil de citocinas tem pelo menos 3 componentes importantes, o mitógeno, para fazer aumento do número de células, uma quimiocina, para modificar as posições de onde os linfócitos devem viver, e, nesse caso, a IL-4 vai produzir um efeito sobre as células B, nesse caso, a IL-4 vai promover a secreção de IgE. Essa liberação do tipo IgE, por exemplo, promove liberação mastocitária ou reativação para respostas helmínticas, por exemplo. Na resposta T independente basta que o linfócito B através de seus receptores reconheçam antígenos que são repetitivos, a repetição de estímulos idênticos é suficientemente boa para ativar um linfócito virgem. REPETINDO: Na resposta T independente, o linfócito se ativa da seguinte maneira, uma sequência de antígenos idênticos é reconhecido por receptores para esse antígeno que variam muito pouco, já que os antígenos também variam muito pouco. NOVAMENTE: Vários receptores idênticos reconhecem antígenos idênticos, de pouca variabilidade, e a sucessão de reconhecimentos idênticos leva a ativação interna do linfócito B, essa ativação interna do linfócito B resulta em uma resposta efetora, só que essa resposta efetora é semcélula de memória. A ativação T independente, sem auxílio do linfócito auxiliador, é uma resposta sem formação de célula de memória, e sem a variação dos anticorpos, das imunoglobulinas. Isso significa que essa resposta B ocorre com predomínio de IgM, visto que ela não troca para IgG, IgE, IgA, já que para trocar a subclasse do anticorpo, tem que haver uma secreção de um perfil de citocinas, e a fonte de secreção desse perfil de citocinas depende de uma célula T. Se não tem célula T, não tem estimulo para variação de anticorpo, para que ocorra uma subpopulação de célula de memória, esse mitógeno é fundamental, ou seja, mais uma vez as citocinas promovem o efeito. Se não tem linfócito T, não existe uma subpopulação de células que se tornará célula de memória, por isso, a resposta T independente carece dessas ações, já uma resposta T dependente não. Uma resposta T dependente faz com que o linfócito T atue como uma APC, interaja com linfócitos T, receba os estímulos de citocina, e, sofra portanto, as ações dessas citocinas. Dentre elas, secreção de anticorpo, subpopulação de células de memória, variação do tipo e subtipo de anticorpo. SÍNDROME DO HIPER IgM LIGADO AO X DO TIPO 1: Existe uma imunodeficiência chamada de IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA ou IMUNODEFICIÊNCIA CONGÊNITA (aquela que a criança já nasce com), essa imunodeficiência congênita é expressa pela ausência ou subestimulação do ligante do CD40 ou até do CD40. Existe uma imunodeficiência primária ou congênita conhecida como “Síndrome do Hiper IgM ligado ao X do Tipo 1”. Indivíduos portadores dessa imunodeficiência expressam linfócitos B defeituosos ou no 4 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY ligante ou na estimulação dada pelo par CD40 e o CD40L. Na ausência desses, não há estímulo suficiente para que o linfócito B consiga fazer a variação em tipo e subtipo de anticorpo, logo, o que caracteriza essa doença ou síndrome é um indivíduo que não muda as classes de anticorpos, contando com predomínio do único anticorpo que ele produz, IgM. Essa síndrome é codificada pelo cromossomo sexual X, portanto, meninos são mais acometidos que meninas na população, e, ela é do tipo I, porque existe uma variação, a do tipo II. O QUE JUSTIFICA A SÍNDROME DO HIPER IGM: Ausência de co-estimulação de uma ativação T dependente. RESULTADOS DA ATIVAÇÃO T DEPENDENTE: Conclusão que chegamos é que, depois que ocorre essa ativação T, os resultados produzidos pela ativação do tipo T são (1) variação de anticorpos em tipo e subtipo, (2) presença de células de memória, (3) maturação de afinidade, ou seja, tenho uma resposta muito melhor quando comparada a resposta que não depende do Linfócito T. RELAÇÃO COM HIV: A célula-alvo da infecção do HIV é TCD4. Um indivíduo infectado por HIV tem o número de Linfócito B dentro dos valores de referência, mas funcionalmente falando o paciente cursa Anemia Estreptocócica, faz Meningite Meningococica, Otite de repetição, Anemia Bacteriana. Relacionando com a aula de micro, temos Meningite causada por Haemophilus, Strepto e Meningococco os quais são todas bactérias encapsuladas que dependem de resposta humoral, por isso vacino essas crianças. POR QUE UMA CRIANÇA HIV POSITIVA COM SÍNDROME CLÍNICA FAZ PNEUMONIA POR ESSAS BACTÉRIAS? Porque embora o número de Linfócitos B possa não reduzir, a estimulação funcional das células não existe porque essa célula está em menor número devido a infecção. Por isso, esse paciente faz imunodeficiência global, ele só perde o Linfócito T auxiliar, mas, sem a resposta ao Linfócito T auxiliar, esse paciente também não faz resposta humoral. MATURAÇÃO DA AFINIDADE: A resposta T dependente funciona da seguinte forma, o Linfócito B que foi encontrar o T faz as suas de APC, o Linfócito T responde ao B, e esse consegue produzir efeitos como troca de classe, sair da IgM que é a primeira imunoglobulina, primeiro anticorpo, e, tem a possibilidade de trocar o principal anticorpo da minha via plasmática, o anticorpo das minhas mucosas, o anticorpo que protege para minha reações alérgicas ou produz resposta contra antígenos parasitários e helmínticos. A troca de classes depende da ativação T dependente. Além da troca de classes, ocorre também a maturação da afinidade. O que é a maturação da afinidade? Eu tenho uma população de Linfócitos B já formados, essa população de Linfócitos B já formados constantemente está sofrendo ativação do Linfócito T. Isso produz uma pequena variação dentro da população. O Linfócito B quando ativado pelo T recebe a estimulação Il-2, a qual se comporta como mitógeno. Se ele se comporta ou vai se comportar como mitógeno, isso significa que tenho uma população de linfócito B, essa vai sofrer pequenas variações fenotípicas, ou seja, a cada x populações idênticas uma ou outra variam um pouco, essa célula que variou um pouco pode migrar para dois polos, pode migrar por ter produzido um BCR variante que agora tem nenhuma afinidade pelo antígeno inicial. DE NOVO: Temos o Linfócito B virgem, esse foi no Linfonodo se encontrar com o Linfócito T, portanto, essa ativação é T dependente. Linfócito B diz “olha só o que eu encontrei, antígeno” aí o Linfócito T diz, “para esse antígeno ai você tem que se ativar”, quando ativado, o Linfócito T libera citocinas, uma das citocinas que ele libera é IL-2, e essa faz o Linfócito B entrar em mitose, fazer clones de si mesmo. Essas células que são iguais a mim respondem ao antígeno que eu apresentei. O linfócito B recebeu o estímulo do Linfócito T apresentando o antígeno para ele, o que significa que eu já vi esse antígeno. Nessa população mitogênica, as vezes um linfócito varia, o que significa que ele responde ao mesmo antígeno, mas, agora responde de uma maneira mais afim. Ser mais afim significa, na prática, ser um linfócito que se ativa na presença de menor concentração de antígeno. REPETINDO: O que é maturação de afinidade? Aprendemos na primeira aula de imunologia que a resposta do gráfico vacinal secundário é melhor, e isso se justifica por essa maturação de afinidade. Se não existisse maturação de afinidade o gráfico não seria assim. Tomamos vacina justamente para melhorar a exposição, isso acontece da seguinte forma, o linfócito B chega com o antígeno, e o linfócito T responde “faz mitose aí”, e ele vai fazer mitose, só que ele não perdeu quem é o antígeno dele, ele sabe quem é. Sofreu a mitose, dentro dessa mitose, algumas células sofreram variações genéticas, isso NÃO QUER DIZER QUE AGORA ELE RESPONDE A OUTRO ANTÍGENO, ele agora responde ao MESMO antígeno, com uma afinidade diferente, podendo ser uma afinidade pior. Se é uma afinidade pior, esses vão sumir, e, os que tem maior afinidade permanecem, isso é Darwin, Seleção Natural. Pode também ser uma afinidade maior, sendo maior, quanto menos antígeno tiver, os que são mais afins prevalecem, então, esses linfócitos de baixa afinidade irão sumir, e só ficarão os linfócitos que tem alta afinidade, isso é a Maturação da Afinidade. Supondo que o antígeno foi exposto mais uma vez, se ele foi exposto mais uma vez, as células B irão fazer expansão clonal, porque IL-2 será liberada novamente, e os Linfócitos farão novamente outra população, onde os mais afins sofrerão seleção natural e irão prevalecer, por assim vai sucessivamente, aumentando a afinidade. Se a resposta vai ficando melhor, a cada novo encontro com o mesmo antígeno eu fico mais forte. Isso parece bom, entretanto, existe a face ruim disso. Essa, acontece se o antígeno for do próprio corpo, ou seja, uma pessoa com doença autoimune não tratada, a cada novo encontro com antígeno próprio, ela vai se tornando cada vez mais robusta na resposta. Isso significa dizer que a doença autoimune que você tem hoje, não está se manifestando hoje, porque a maturação da afinidade ainda não chegou no ponto certo. No dia que ela chegar ao ponto certo, ela irá começar a se manifestar, ou seja, se funciona paravacina, funciona para ativação quaisquer. Devemos lembrar que o receptor é um receptor aleatório, ele pré-existe ao antígeno não quer dizer que eu só faça receptor para microrganismos, eu faço receptor para quaisquer antígenos, inclusive os 5 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY meus. O meu trabalho na tolerância imunológica é não permitir que esses linfócitos existam, mas eles existem, parte deles viram linfócitos reguladores, mas nem todos viram, e os que não virarem reguladores são os que irão disparar as respostas imunes humorais, como o Lúpus Eritematoso Sistêmico, Artrite Reumatoide, Doença de Crohn, todas as respostas autoimunes humorais passaram por esse processo de maturação de afinidade. NÚMERO DE EXPOSIÇÕES ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADO AO GRAU DE MATURAÇÃO/AFINIDADE, A cada novo estímulo, maior a afinidade. Esse é o motivo para tomarmos DOSE DE REFORÇO, já que, a primeira dose pode não ser suficiente para estimulação, então, são feitas mais doses para ficarmos cada vez mais afim. Até que chega um momento que o organismo desenvolveu que as doses que eram pouco espaçadas passam a ser mais espaçadas. De 5 em 5, 2 em 2, 10 em 10 anos, ou, “para sempre”. RETORNANDO A AULA DE ORGÃOS LINFOIDES Essa é a arquitetura seccional de um linfonodo, é a mesma arquitetura seccional de qualquer órgão linfoide com exceção de um tecido, já que tecido não tem arquitetura, é tecido. Se for de um órgão linfoide tem, linfonodo é assim, baço assim, exatamente igual. MALT é aparecido, não é tão diferente, a diferença é que MALT não tem cápsula, baço e linfonodo tem, então, a cápsula consegue formar os caminhos. Funciona da seguinte forma, o antígeno que vai ao linfonodo, assim como o antígeno que vai do baço, ele vem dos tecidos. ANTÍGENO VEM DOS TECIDOS- SE FOR LINFONODO ANTÍGENO VEM DO SANGUE- SE FOR BAÇO Entra via linfáticos aferentes. Esse tecido linfático vem do líquido intersticial, a linfa nada mais é que líquido intersticial, esse, é o líquido que se comunica com tecidos, ou seja, se um tecido meu está infectado, ele troca antígeno com o líquido intersticial. Do líquido intersticial, suga até o linfonodo e ao chegar, inundam o meu linfonodo. Alguns deles, os pequenos em geral, vão diretamente para o meu chamado “folículo primário”. Antígenos pequenos vão diretamente ao folículo, os maiores precisam de macrófagos. ANTÍGENOS PEQUENOS- DIRETAMENTE AOS FOLÍCULOS ANTÍGENOS MAIORES- PRECISAM DE MACRÓFAGOS Um grande número de linfócitos B tem contato com antígeno pela primeira vez, são os linfócitos virgens. Veio antígeno dos tecidos via linfa, essa, adentrou nos linfonodos, e, caso sejam antígenos pequenos migram para um folículo (é um canal mesmo, como se fosse um túnel). Do contrário ele será conduzido via macrófago lá para dentro, tanto faz. Esses antígenos então chegarão a uma região chamada “região folicular” (*”não precisa saber isso não, só estou contando”). Quem está lá nos folículos são os linfócitos B. Se pegarmos a anatomia de linfonodo, veremos que existem duas áreas bem características, uma área do linfonodo 6 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY habitada só por linfócito B, e uma área que é o contrário, habitada predominantemente por linfócito T. NOVAMENTE: Quando entramos na arquitetura de um linfonodo, eu vejo dois segmentos, um segmento que é habitado predominantemente por linfócito B, e um segmento que é predominantemente habitado por linfócitos T. Após a chegada de um antígeno no linfonodo, o antígeno chega então no linfócito B. O linfócito B reconhece antígeno in natura, tridimensional, processa e coloca no MHC de classe II. Esse linfócito B sai dessa região de linfócito B e vai para uma região intermediária. (*mandou prestar atenção) O linfócito B pegou o antígeno que chegou no linfonodo, processou, colocou no MHC de classe II, portanto, aqui está se comportando como uma APC. Saiu dessa região que é só B, a qual é folículo primário, e foi para uma região intermediária. Nesse momento, se encontra com uma célula TCD4, essa, veio do Timo, já que está virgem. Passou por uma célula dendrítica e viu o mesmo antígeno que o linfócito B. É O MESMO ANTÍGENO!!! ISSO É UM EXÉRCITO DE INIMIGO COMUM!!! Se o linfócito B está vendo esse antígeno, então, o T também tem que ver. Cada um está vendo de um ponto diferente. O T está vendo porque a célula dendrítica levou para ele. O B está vendo porque o antígeno entrou pelo linfonodo. Os dois estão enxergando o mesmo antígeno, só que em pontas diferentes. O linfócito B vem para um lado, o linfócito T vem para outro, e eles se encontram no meio. Quando se encontram no meio vem a ativação T dependente. Linfócito B se comportando como APC fala para o linfócito T que ele viu um antígeno. É O MESMO ANTÍGENO!!! Como é o mesmo, o linfócito B pode se ativar, o T auxilia mandando citocinas. O B sofre uma pequena expansão clonal, essa, já forma anticorpo, são os anticorpos de classe IgM, os da fase aguda que estamos acostumados a ver. A primeira resposta é primária, já que todos os integrantes são virgens, a primeira resposta primária tem predomínio de IgM, essa célula vive pouco, e, depois que essa célula B foi ativada, ela volta para a região de B para formar o chamado folículo secundário, e, lá, sofre ativação e modificação de classe do anticorpo, predominante agora do tipo G, e, esse linfócito não é mais de vida curta, é um linfócito de vida longa. Isso é a minha imunidade para sempre. NOVAMENTE PORQUE SE ENTENDERMOS ISSO, ENTENDEMOS A RESPOSTA HUMORAL: Estou infectado, portanto, tenho antígeno em meu corpo inteiro. Se essa infecção foi tecidual, uma célula dendrítica pegou uma célula do meu tecido, migrou para o linfonodo para apresentar para CD4, esse, se ativou em sua região específica. Portanto, aqui já tenho meia conversa, linfócito T já está ativo, porque a célula dendrítica pegou o antígeno lá do tecido infectado. O linfócito B pegou antígeno também do meu organismo, antígeno veio pelo meu linfonodo, só que entrou por um canalículo diferente, chegou na região do linfócito B, apresentou para o linfócito, processou já que é uma APC, veio se encontrar. Quando se encontram, ocorre a ativação T dependente. Nesse momento ocorre secreção, IL-2, IL-7, IL-4, todas as citocinas estão ai, só dependem desse linfócito T. Se esse linfócito T for TH1, o que depende para ele ser TH1 é a célula dendrítica que irá mandar, visto que, foi ela que apresentou o receptor de reconhecimento de padrão (PRR), foi ela que viu o antígeno pela primeira vez, portanto, é ela que manda. Se ela reconheceu, por exemplo, um vírus, ela irá expressar o antígeno do vírus, dessa forma, o perfil do linfócito T que é imaturo passa a ser TH1, e, esse TH1 secreta INF-gama, a qual trata-se de nossa citocina especial para fazer IgG. Digamos que não seja isso, digamos que o antígeno que eu reconheci não fosse um antígeno de TH1, mas um antígeno de TH2, se assim fosse, o linfócito seria TH2, e, a citocina liberada que modifica a classe seria IL-4, e o anticorpo produzido aqui seria predominantemente IgE. PERGUNTA: Por que o HIV faz imunodeficiência? Porque se ela matar o linfócito TCD4, o número de linfócitos B não irá se alterar, mas sua FUNÇÃO varia. Portanto, em primeiro lugar, a imunodeficiência se dá porque o HIV acaba funcionalmente com a minha resposta humoral. Não é só isso que o HIV faz. A arquitetura do linfonodo onde B e T tem uma região separada, e, entre T e B há o encontro T com B, o HIV destrói. Se acabou a arquitetura, o lugar que era para ser de B não vai ficar para B, sendo assim, o antígeno que chega para B não será visto, e, portanto, B não será ativado. Funcionalmente, acabou a resposta, esse paciente é totalmente imunodeprimido. A imunodeficiência do HIV é um erro falarmos que depende apenas da morte do linfócito CD4. Esse é importante, mas o HIV acaba com a arquitetura, mesmo que fosse funcional, se a arquiteturaacabar, a função global do linfócito acaba. AVIDEZ X AFINIDADE “Sobrevivência aumentada e proliferação”, essa afirmação se refere a afinidade aumentada, é Darwin. Quem for mais afim sobrevive, quem for menos afim, morre. Quando a célula B vai sofrer ativação, uma parte vira memória, e, outra parte vira secretora, passa a ser produtora, efetora propriamente dita. Maturação de afinidade é que um anticorpo inicialmente reconhece um antígeno com afinidade x. Quando ele sofre aquela variação no receptor ele não perde afinidade pelo antígeno, mas ele pode ampliar essa afinidade, pode reduzir também, mas estamos interessados apenas na ampliação. Se ele amplia, a afinidade fica maior, isso resulta no seguinte, o maior número de exposição faz com que a afinidade aumente quanto mais vezes eu vejo um antígeno estimulador, mais os meus anticorpos passam a ser afins. Por isso tomamos vacina, para aumentar afinidade, aumentar força de ligação, AVIDEZ. Avidez é a força de ligação. É um parâmetro avaliado em laboratório, essa, trata-se do somatório da força de ligação. O somatório da força de ligação, ou seja, a avidez está revelando a afinidade. Avidez de ligação de um anticorpo x antígeno está revelando quantas vezes esse antígeno já foi apresentado para você. NOVAMENTE: Avidez está diretamente relacionada a afinidade, cada vez que eu me exponho mais ao antígeno eu fico mais afim. Afim é a quantidade mínima necessária, tenho 10 antígeno para 100 células, os mais afins se ligam a ela. Avidez é quanto que um antígeno se liga com força ao 7 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY anticorpo, se ele se liga com força, é porque ele passou por graus progressivos de maturação da afinidade. DE NOVO: Olhando para a figura, podemos perceber que o segundo anticorpo é mais afim, já que a ligação está mais apertada. Cada vez que eu me encontrar com o mesmo antígeno, mais apertado vai ficar. O “encontro sucessivo de apertadinhos” é avidez. Na prática, se um anticorpo dosado é mais ávido, quer dizer que essa pessoa passou mais vezes por um encontro com esse antígeno. Isso é feito com a RUBÉOLA, por exemplo, porque Rubéola tem vacina. Obviamente, ao comparar (1) alguém que teve vacina mas não teve Rubéola, com (2) alguém que teve Rubéola e tomou vacina, a segunda pessoa terá maior avidez. AVIDEZ está diretamente relacionada a AFINIDADE, entretanto, a afinidade é a quantidade mínima, e a avidez é força total de ligação. Força total de ligação depende de quantas vezes eu fiquei afim, e eu só posso ter ficado mais afim se tiver tido contato várias vezes. HAPTENOS E CARREADORES Nem todos os antígenos da natureza possuem a mesma capacidade de produzir resposta imune em termos de avidez e afinidade. Alguns anticorpos formam resposta mais afim em relação a outros, mas mesmo no caso dos menos afim, vacinas devem ser produzidas. Melhoro a avidez e afinidade da minha vacina se eu colocar um co-estimulador junto com ela, esses são os chamados “haptenos” ou “carreadores”. A maioria das nossas vacinas vem conjugadas junto ao hidróxido de alumínio, também chamado de alúmen em formulação vacinal. O hidróxido de alumínio não é o antígeno da vacina, no entanto, muitas vacinas o recebem junto a suas formulações para que esse se misture ao antígeno que eu quero formando uma liga para que o antígeno que eu quero imunize essa pessoa. Na hora que eu vacino essa pessoa, tenho antígeno + alúmen, o macrófago que pegou esse alúmen não consegue digerir esse hidróxido de alumínio, ele fica tentando corroer. Á medida que ele vai corroendo, os antígenos vão sendo liberados vagarosamente, a importância disso é AUMENTAR O TEMPO DE EXPOSIÇÃO DO MACRÓFAGO AO ANTÍGENO. REPETINDO: O alúmen está junto da vacina para que o macrófago não degrade muito rápido, para o macrófago pegar o antígeno e esses serem liberados pouco a pouco, dando tempo de estimulação ao macrófago, ele ganhando esse tempo de estimulação a resposta fica mais vigorosa. MECANISMOS EFETORES DE ANTICORPO Um anticorpo pode por mim (1) opsonizar, (2) liberar uma resposta citotóxica dependente de anticorpo, (3) ativar o complemento pela via clássica, e, através do complemento da via clássica, ele pode fazer liberação da MAC, ativação do macrófago ou do neutrófilo, pode fazer com que céulas fagocitem. AFINIDADE: QUANTIDADE MÍNIMA NECESSÁRIA AVIDEZ: FORÇA TOTAL DE LIGAÇÃO 8 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY REPETINDO: Esses são os mecanismos efetores humorais (Essas são as formas que o anticorpo pode me defender), (1) neutralizar; (2) opsonizar (“marcar para fagocitose”); (3) citotoxicidade dependente do anticorpo, ou seja, uma célula T é citotóxica, mas pelo cruzamento com a resposta humoral, ela produz uma resposta ainda mais efetora, ou, ainda, pode ativar o anticorpo, pode ativar o sistema complemento pela via clássica que é a via de anticorpos. IMUNOGLOBULINAS Na imagem acima temos a estrutura de um anticorpo. Como é sabido, todo anticorpo é formado por um par de cadeia pesada internamente, e um par de cadeia pesada externamente. O anticorpo é sempre espelhado, portanto, temos uma porção de cada lado. A porção que se liga ao antígeno efetivamente é conhecida como porção Fab, essa pequena porção que engloba uma parte da cadeia pesada e uma parte da cadeia leve é conhecida como porção, ou então, Fragmento ab (vem do inglês “ligação ao antígeno”), portanto, trata-se de um fragmento de ligação ao antígeno. Na prática, trata-se da região que o antígeno de fato interage com o anticorpo. NOVAMENTE: Na imagem temos um anticorpo genérico, esse, é formado pela cadeia pesada e pelas bordas que são as cadeias leves. Esse fragmento da bifurcação eu chamo de Fab, sendo a região que o antígeno interage especificamente com o anticorpo, é por onde o anticorpo se liga. Como mostrado na semana passada, toda cadeia leve e pesada nas suas pontas tem as regiões variáveis, essas tem que variar porque nem todos os antígenos são iguais, portanto, esses fragmentos marcados em vermelho, a porção variável pesada e a porção variável leve tem que variar para que o antígeno se encaixe. Para ficar mais fácil de entendermos, devemos pensar que isso é uma chave-fechadura. Não é qualquer chave que abre a fechadura, porém, uma mesma chave pode abrir algumas fechaduras, e é basicamente isso. Qualquer um dos dois podemos chamar de chave, bem como, qualquer um dos dois podem ser chamados de fechadura. Essa chave não é igual em todos os anticorpo, mas alguns anticorpos diferentes pegam o mesmo antígeno, e, o mesmo antígeno pega alguns anticorpos. A porção que se segue, ou seja, a porção que está excluida da porção Fab é chamada de porção Fc, enquanto a Fab se liga aos antigenos, a porção Fc se liga diretamente a receptores de células. Na aula da Juliana, vimos uma série de citocinas que influenciam nos anticorpos, e então, resultam em um tipo de resposta imunológica. Por exemplo, o anticorpo da classe E, o IgE, é justamente o anticorpo que vai se associar aos nossos Eosinófilos, os quais produzem Histaminas e certas proteínas que atuam em respostas alérgicas e parasitárias. O IgE se liga ao EOSINÓFILO, BASÓFILO E AO MASTÓCITO mas não se liga ao Neutrófilo. NOVAMENTE: O IgE traduz as respostas alérgicas e parasitárias, tanto é verdade que quem tem alergia, recebe sempre do alergista uma solicitação de IgE total ou IgE frações para identificar qual a quantidade de IgE, para saber se o paciente é alérgico, e, ele pede os específicos para saber para quem você é alérgico, qual o tipo de antígeno. Esse teste feito ou no dorso ou no antebraço chama-se de PRICK TESTE, que é o teste em que pinga-se o antígeno e usa-se uma agulhinha para entrar o antígeno, pega-se o outro antígeno, pinga, faz o furinho e assim sucessivamente. Esse teste serve para saber quais os antígenos de IgE o paciente produz. IgE total é para saber se você tem uma grande quantidade de IgEcirculante. O IgE participa da resposta alérgica porque ele sensibiliza o Mastócito tecidual, o Eosinófilo e o Basófilo circulante. Eles tem em comum que todos eles secretam Histamina, e, essa é a nossa precursora da resposta alérgica e inflamatória. PERGUNTA: Por que a IgE sensibiliza Mastócito, Eosinófilo, Basófilo mas não sensibiliza Neutrófilos, por exemplo? Porque não existe receptor para Neutrófilo que responda a IgE. Essas células conseguem atuar com IgE, mas, 9 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY Neutrófilos, por exemplo, não atuam porque essas células expressam o receptor da porção Fc da IgE. NOVAMENTE: Mastócitos, Eosinófilos e Basófilos respondem para IgE e Neutrófilo não porque na superfície dessas células existe um receptor específico que consegue se encaixar ao IgE, esse, é chamado de “Receptor da porção Fc do IgE”. Isso significa que esse receptor segura o “cabinho” do IgE, e então ele fica ancorado a sua superfície. O Neutrófilo não tem receptor para porção Fc. Na prática, isso significa dizer que se a porção Fab está relacionada a ligação ao antígeno, a porção Fc está ligada a função do anticorpo. A função da IgE é atuar contra respostas alérgicas e parasitárias, e só responde a alérgicos e parasitários porque as células que os possuem são Mastócitos, Eosinófilos e Basófilos e essas células tem receptor para IgE. IgE não participa de resposta fagocítica porque nenhum fagócito de receptor para IgE, ou seja, IgE tem função atribuída ao seu Fc, e essa é a porção efetora de todo anticorpo. Um outro exemplo é a CÉLULA NK, quando dizemos que essa célula faz a chamada citotoxicidade dependente de anticorpo (ABCC). Célula NK é uma célula citolítica que responde a MHC de classe I alterado (*”isso foi dito na aula 1 de imuno, ela é uma ‘prima’ do CD8, responde ao MHC de classe 1 igual ao CD8, só que a célula NK não tem nada a ver com antígeno, e, sim com MHC de classe I alterado”). A relação dessa célula com anticorpo só é dada se ela tiver um receptor que se associa com o anticorpo. Se ela tiver um receptor que se associa ao anticorpo, através do anticorpo ela se ativa, e essa só o fará porque tem um receptor para porção Fc. Essa tem o receptor de IgG, então, IgG consegue ser reconhecida pela célula NK pelo receptor Fc. A NK é uma célula que atua na resposta celular, ela não atua na resposta humoral, NO ENTANTO, PODE ATUAR, desde que ela expresse receptor que se ligue ao anticorpo. Como ela expressa o receptor Fc da IgG, então o Fc da IgG consegue ativar NK e essa fazer citólise. Mais um exemplo para entendermos é o MACRÓFAGO, esse faz opsonização através de anticorpo porque ele tem um receptor que liga a anticorpo. O nome desse receptor é Receptor da Porção Fc, essa, é a porção efetora de todo anticorpo, e, no caso do Macrófago, ele tem receptor para IgM e IgG. Toda vez que essa imunoglobulinas se ligarem ao antígeno, ela deixa o Fc pronto/disponível, o Macrófago tem receptor que pega Fc, quando o Macrófago cruza essa reação, ele endocita anticorpo e antígeno junto. (*”não sabem o quanto isso é importante, se atentem”) O grande problema do indivíduo que faz doença autoimune é o EXCESSO DE IMUNOCOMPLEXOS que ele produz. Isso significa que esse doente tem muito antígeno, e, ele responde a muito antígeno disponível fazendo muito anticorpo contra antígeno. Quando eu misturo anticorpo + antígeno eu tenho imunocomplexos. ANTICORPO + ANTÍGENO: IMUNOCOMPLEXO Quem leva esses imunocomplexos para fora do meu corpo são os Macrófagos, por exemplo, porque ele pega antígeno e anticorpo e põe para dentro dele fagocitando. Dentro dele, ele degrada antígeno + anticorpo, por isso, me livro do imunocomplexo. REPETINDO: Quando eu tenho excesso de imunocomplexos no meu corpo, o Macrófago pega o receptor para Fc, poe anticorpo e antígeno para dentro, fagocita e destrói dentro dele, então eu acabei com o complexo antígeno-anticorpo. Entretanto, quem tem doença autoimune faz muito mais antígeno anticorpo do que o Macrófago consegue destruir, quando tenho mais antígeno-anticorpo do que o Macrófago consegue destruir, o imunocomplexo vai para a membrana do rim, para o néfron. Quando ele prende na membrana do rim, por ser grande demais para passar pelo néfron, se o anticorpo está preso ao antígeno na região do néfron ele está deixando exposto o Fc, e esse é o fragmento que faz a função efetora do anticorpo, ou seja, aquilo que o anticorpo usa para produzir seus efeitos. Quando o antígeno + anticorpo fica preso na membrana do rim, Fc fica disponível no anticorpo, nesse caso, o Macrófago se prende e vai produzir citocina inflamatória, vai começar a degradar o néfron. Quando isso ocorre, o paciente que tem doença autoimune sofre de Doença Renal Crônica. Esse é o problema de ter imunocomplexo não depurado pelos Macrófagos, por exemplo. Macrófagos depuram o complexo imune pela porção Fc (*”essa é a importância que vocês devem levar”). ANTICORPOS MONOCLONAIS IgM Toda IgM é meu primeiro anticorpo produzido pelo linfócito B. Se ele é nosso primeiro anticorpo a ser produzido, obviamente ele é meu primeiro marcador da resposta aguda. Toda infecção aguda resulta primeiramente em uma formação de IgM. TESTE RÁPIDO PARA DENGUE: Se eu pegar um cassete para detecção do Dengue, um pega anticorpos, outro pega antígenos de superfície viral. Se o cara só pegou IgM mas não pegou IgG, significa que ele está em fase aguda. A IgM é nosso principal antígeno neutralizador porque essa trata-se de um pentâmero, portanto, 5 anticorpos formam 10 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY uma molécula, e, cada anticorpo pega 2 antígenos, se eu tenho 2 anticorpos, pego 10 antígenos. Uma mesma molécula pega 10 antígenos, por isso, IgM é o nosso principal anticorpo neutralizador. Todo anticorpo tem seu mecanismo efetor na porção Fc, e, nesse caso, temos 5 porções Fc, o que justifica IgM ser nosso principal ativador da Via Clássica, já que tem 5 Fc para ativar a Via Clássica, enquanto comparado aos outros anticorpos que só tem 1. A vida plasmática da IgM é de 20% do total. Geralmente, minha concentração plasmática é 1,5, o que corresponde a 20% do total de imunoglobulinas que eu tenho no plasma sanguíneo. Isso é bem pouco. A meia-vida da IgM é até 7 dias, portanto, a IgM que eu faço hoje, normalmente, em até 7 dias ela já foi degradada, mais uma razão para eu pensar em IgM apenas em fase aguda. IgD Não preciso me preocupar porque só é expresso na membrana do linfócito B virgem, portanto, só serve para o desenvolvimento linfocitário. Portanto, IgD não é anticorpo de defesa, e, sim, de desenvolvimento, serve para desenvolvimento de linfócito B. Depois que eu faço uma IgM, todo linfócito B também precisa ter uma IgD, só que essa não tem função efetiva, a única função da IgD é fazer com que essa IgM termine o processo de maturação. Para terminar o processo de maturação tem que ser feita uma IgM, obrigatoriamente. Depois que se termina de fazer uma IgM, na penúltima fase, é pedido que ela faça uma IgD também, obrigatoriamente. Se o anticorpo IgM e IgD não estiverem presentes na superfície do linfócito ele é excluído da população. Serve para reconhecer antígenos próprios também. IgG A IgG é o nosso anticorpo plasmático mais abundante. NÃO É O NOSSO PRINCIPAL ANTICORPO, NEM É O MAIS ABUNDANTE DO MEU CORPO, É O !!!PLASMÁTICO!!! MAIS ABUNDANTE. O mais abundante de todos é a (1) IgE, depois é a (2) IgA, e, depois, a (3) IgG em totalidade. A explicação disso é óbvia, IgA está nas minhas mucosas, e, só de mucosa temos 400m2. Entretanto, PLASMÁTICO, ou seja, CIRCULANTE, quem vigora, principalmente, é a minha IgG. A IgG faz “tudo que eu quiser”, (1) opsoniza, (2) neutraliza, apesar do principal neutralizante ser a IgM, funcionalmente, mas, quem está em maior concentração é IgG. Quando IgM tem 20%, IgG tem 75%, portanto, ganha no número, passa a ser neutralizante no número, e, não pelafunção, porque o nosso IgG é monomérica. Faz (3) citotoxicidade dependente de anticorpo, (4) ativa complemento. IgM também faz isso, mas, tenho muito mais IgG nas minhas respostas. Além disso, IgG é nossa resposta secundária, toda vez que eu termino de fazer minha IgM, a próxima imunoglobulina que em predomínio eu faço é IgG, o que se justifica pelo número de IgG que temos, 75%. Essa é nossa resposta secundária. Não tenho só um tipo de IgG, tenho 4 tipos diferentes. Antigamente, falava-se que a IgG-2 não atravessa a placenta, mas, hoje sabemos que todas as IgG atravessam a placenta, aliás, IgG é o único anticorpo que atravessa a placenta. Portanto, é a IgG que dá minha Imunidade Passiva materno- fetal. Sua concentração plasmática é maior porque é mais abundante, e, a meia-vida é de 23 dias, o que faz todo sentido, já que, dessa forma, se eu fizer minha IgG hoje, 3 semanas depois eu ainda posso dosar a mesma IgG produzida no dia 0 (*”pega isso”). Isso significa que já passou 11 DIGITADA POR JÚLIA ROBADEY a fase aguda, já que, fase aguda é de 7 dias. Se já passou a fase aguda, e, ainda tenho anticorpo, significa que ela marca a 2° fase da exposição, a exposição de convalescência. Como ela tem um predomínio nas células de memória, também uso IgG como marcador de resposta secundária. Ela não é só marcadora de convalescência (recuperação), mas marca também minha reativação, resposta secundária. IgA No colostro, é IgA, mas, colostro NÃO É PLASMÁTICO. Colostro é mucoso, portanto, NÃO CONTO COMO ANTICORPO PLASMÁTICO. A IgA é a imunoglobulina dos epitélios, todos os meus epitélios tem IgA. Todas as minhas secreções têm IgA. Tudo que é epitélio mucoso põe IgA para fora (TGI, TGU, Trato respiratório). Tudo que for secreção externa tem IgA, leite tem IgA, fazendo a proteção materno- fetal. Saliva tem IgA. Lágrima tem IgA. ZÉ GOTINHA é IgA, ele não é chamado dessa forma a toa, esse, é para proteger o TGI, sendo assim, tem que ser IgA, para proteger epitélio mucoso. Zé Gotinha é, basicamente, IgA. Protejo passivamente o epitélio do meu TGI. Zé Gotinha protege contra pólio. “Mas tem o Zé Gotinha do Rota”, não é em todos os estados, e pode ser feita na agulha, no Rio de Janeiro o Zé Gotinha ainda é feito da Rota. Tanto para Polio quanto para Rota, a infecção é fecal-oral, essa transmissão justifica eu tomar Zé Gotinha para proteger epitélio, mas a Polio que usa Zé Gotinha são as doses posteriores, as doses iniciais são feitas na agulha, não podemos confiar apenas na imunização de IgA para pólio. Concentração plasmática é baixa, visto que isso aqui está em tecido. Meia-vida é pequena, de 6 dias, mas não me preocupo com meia-vida plasmática, me preocupo com meia-vida tecidual. (*A deficiência de IgA é a mais importante da aula da Juliana”) IgE Trata-se da imunoglobulina das nossas respostas alérgicas, está presente nos Mastócitos, Basófilos e Eosinófilos, uma vez cruzada, ela libera Histamina e degranula. Mastócito com grânulo de Histamina, quando ele cruza antígeno com IgE, ele degranula Histamina. Quando isso acontece, há resposta inflamatória. Caso seja um alérgeno, a resposta é alérgica.
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