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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE PSICOLOGIA INGRID NEVES VALENTIM – F103692 JASSALYN RAIANNE EVARISTO – D9697F4 JENNIFER PIRES SANTANA – F034526 JULIANA KAORI YAMAGUCHI – N4857D3 LEONARDO MACHADO MORRO – N5032E3 LUCAS DE FREITAS GOMES – N458AC0 MARY ELEN FERNANDES FARIA – F035344 TALITA LEITE BECHELI – D934112 VITÓRIA CAROLINE DE OLIVEIRA SILVEIRA – N487356 PSICOLOGIA E SEXUALIDADE: IMPLICAÇÕES ÉTICAS ASSIS – SÃO PAULO 2019 INGRID NEVES VALENTIM – F103692 JASSALYN RAIANNE EVARISTO – D9697F4 JENNIFER PIRES SANTANA – F034526 JULIANA KAORI YAMAGUCHI – N4857D3 LEONARDO MACHADO MORRO – N5032E3 LUCAS DE FREITAS GOMES – N458AC0 MARY ELEN FERNANDES FARIA – F035344 TALITA LEITE BECHELI – D934112 VITÓRIA CAROLINE DE OLIVEIRA SILVEIRA – N487356 PSICOLOGIA E SEXUALIDADE: IMPLICAÇÕES ÉTICAS Trabalho apresentado referente a disciplina de Ética profissional, sob orientação da professora Marisa Silva no 1º ano do Curso Superior de Psicologia na Universidade Paulista “UNIP”. ASSIS – SÃO PAULO 2019 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4 1 PERCURSO HISTÓRICO E SOCIAL DA SEXUALIDADE .......................................... 5 2 CONCEITOS PRINCIPAIS ................................................................................................. 6 2.1 SEXUALIDADE ................................................................................................................ 6 2.2 TRANSEXUALIDADE E TRAVESTILIDADE ............................................................. 7 3 RESOLUÇÕES ...................................................................................................................... 8 3.1 SEXUALIDADE ................................................................................................................ 8 3.2 TRANSEXUAIS E TRAVESTIS ................................................................................... 10 3.3 RESOLUÇÕES GERAIS ............................................................................................... 13 3.3.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ................................................................................ 13 3.3.2 DAS RESPONSABILIDADES DO PSICÓLOGO .................................................... 14 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 16 WEBGRAFIA ........................................................................................................................ 17 4 INTRODUÇÃO Ética profissional é o conjunto de normas éticas que guiam a atuação do profissional e representam atitudes que devem ser seguidas dentro de sua profissão. O código de ética profissional do psicólogo atual teve grande embasamento na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que fora criada no ano de 1948, logo após as tragédias da Segunda Guerra Mundial. Cada profissão possui o seu próprio código de ética, que tem pequenas diferenças entre si, graças a diferentes áreas de atuação. Entretanto, há fundamentos da ética profissional que são universais e, por causa disso, são aplicáveis a qualquer atividade profissional, como a honestidade e responsabilidade. O trabalho a seguir tem como objetivo ampliar a compreensão sobre o fazer psicológico quanto à sexualidade e suas implicações éticas. METODOLOGIA O Trata-se de pesquisa bibliográfica desenvolvida por meio de consultas à literatura disponível sobre o assunto, através de revistas especializadas,artigos científicos e livros específicos, além do banco de dados dos Conselhos Federal e Regionais de Psicologia. Utilizou-se para tanto material disponibilizado pela biblioteca da Universidade Paulista – UNIP/Assis, bem como pelas bibliotecas virtuais como a “ SCIELO/BRASIL. “Também foram consultados os materiais didáticos oferecidos através da disciplina Ética Profissional, do curso de Psicologia da UNIP/Assis. 5 1 – PERCURSO HISTÓRICO E SOCIAL DA SEXUALIDADE As relações heteroafetivas e as relações homoafetivas existem desde os primórdios da idade clássica, ambas naturalizadas e amplamente aceitas pelo povo grego. Desde então, a prática homossexual era vista como algo normal e era também incentivada e motivada. Esta ideia começa a tomar um rumo diferente com o advento da idade média, período em que o poder se concentra nas mãos da Igreja Católica e os atos homoeróticos passam a ser vistos como uma espécie de pecado e podiam ser inclusive passíveis de severa punição. Um padrão de heteronormatividade se instalava na mentalidade da época, onde tudo que fosse contra as normas da igreja era considerado demoníaco e digno do inferno. O termo “homossexual” foi utilizado pela primeira vez por Karl Maria Kertbeny, em meados do século XIX. Até este período, as práticas homossexuais sempre haviam demonstrado o seu caráter na sociedade, porém nunca haviam sido rotuladas como tais. No ano de 1886, o sexólogo Richard von Kraft-Ebing inclui a homossexualidade na lista de doenças, caracterizando a mesma como uma “inversão congênita” inata ou adquirida (SANTOS apud MONTEIRO, et. al, 2018). Um termo que nascia nas mãos da militância tornava-se doença nas mãos de médicos e psiquiatras, que tentavam a todo custo rotular o que seria considerado padrão e o que seria considerado um comportamento desviante. Com a disseminação destas ideias, a homossexualidade já não era mais encarada de forma tão natural quanto na era clássica, banalizava-se inclusive a internação de sujeitos homossexuais, que tinha como objetivo a “normalização” destes sujeitos. O movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) tem início na Europa, no fim do século passado, com o objetivo de lutar contra a repressão e a criminalização da homossexualidade e consiste também na luta pelo reconhecimento dos direitos civis dos homossexuais. Na década de 40, em Amsterdam, foi criado o COC (Center for Culture and Recreation), um grupo que editava uma publicação mensal sobre homossexualidade. Estes grupos tomam força e começam a difundir as suas ideias e estas reuniões passam a ser vistas como uma forma de liberação e acolhimento para os sujeitos homossexuais. No Brasil, movimentos de luta começaram a se popularizar nos anos 70, período em que o país passava por uma forte onda de censura e militarismo. Surgia, por exemplo, o grupo teatral Dzi Croquettes, que misturavam acessórios femininos e masculinos em suas apresentações em turnês pelo Brasil, causando um grande “choque” no país (BEZERRA, et. 6 al, 2013, p. 316). Fundou-se também o primeiro grupo de homossexuais organizados em São Paulo, o Somos de Afirmação Homossexual. Esses movimentos foram de suma importância no que diz respeito a questão de identidade de gênero e orientação sexual, pois apresentavam um caráter de desconstrução e luta frente a ideias impregnadas sobre a função social do homem e da mulher na sociedade. Na década de 80, há uma regressão nas ideias e uma maior associação entre a homossexualidade e a doença devido a epidemia de AIDS que surgia subitamente. Nos anos 90, o Estado e os ativistas desenvolvem uma relação em combate contra a AIDS, fortalecendo principalmente o papel das lésbicas e dos travestis no meio e uma maior inclusão na sigla LGBT. Ainda na década de 90, mais especificamente no ano de 1999, o Conselho Federalde Psicologia passa a considerar, com a resolução nº 001/99, que a homossexualidade não constitui doença ou distúrbio, e que a sexualidade de cada indivíduo e a forma como cada sujeito a vive faz parte de sua própria personalidade (MONTEIRO, et. al, 2018). Percebe-se desta forma, a importância do entendimento da sexualidade ao longo do tempo e o modo como a mesma fora abordada durante todo o seu percurso histórico. Destaca- se também a importância da luta que se iniciara no meio homossexual e expandira-se para outros tipos de militância, fortalecendo movimentos de resistência, que mais tarde germinariam em frutos positivos e otimistas. 2 – CONCEITOS PRINCIPAIS 2.1 – Sexualidade Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1992) a sexualidade é uma parte integrante da vida de cada indivíduo que contribui para a sua identidade ao longo de toda a vida e para o seu equilíbrio físico e psicológico. Sendo assim, a visão que este tem sobre sua sexualidade, com base em seus pensamentos, sentimentos, e suas interações, refletirá no desenvolvimento de sua saúde física e mental. Para que se compreenda a respeito da sexualidade humana é importante sabermos diferenciar alguns conceitos. Primeiramente, o sexo é a parte biológica do indivíduo, que se divide em macho, fêmea e intersexo (características biológicas de macho e fêmea). Os gêneros são características construídas socialmente e culturalmente com base nas diferenças biológicas femininas e masculinas, sendo estas características binárias um fator influente ao comportamento, vestuário, valores de uma sociedade, etc. 7 As diferenças de gênero e de sexualidade que são atribuídas às mulheres ou aos sujeitos homossexuais, sem dúvida, expressam-se materialmente em seus corpos e na concretude de suas vidas, ao mesmo tempo em que são significadas e marcadas discursivamente. As diferenças têm efeitos materiais, evidentes, por exemplo, na impossibilidade ou nas dificuldades legais que homens e mulheres homossexuais têm de constituir família, de assumir a guarda de filhos ou de adotá-los, ou ainda de receber herança após a morte de seus companheiros e companheiras. (LOURO, et. al, 2003, p. 49). A orientação sexual refere-se a que tipo de sujeito sentirá afetividade, atração pelo mesmo sexo é uma orientação homossexual, atração pelo sexo oposto é orientação heterossexual, e a orientação bissexual é a atração por ambos os sexos. Em contra partida existem sujeitos que não sentem-se confortáveis com a orientação homossexual vivenciada, estes podem ser apontados como egodistônicos, que em sua maioria procuram terapias de conversão sexual. A identidade de gênero é a maneira como o indivíduo se enxerga independente do seu sexo biológico, podendo se identificar como transgêneros (se identificam com o gênero oposto que lhe foi atribuído no nascimento), cisgêneros (se identificam com o seu gênero atribuído no nascimento) e os não-binários (se identificam com ambos os gêneros ou nenhum). A Psicologia, considerando os sujeitos como seres biopsicossociais se posiciona na garantia dos direitos da comunidade LGBTQI+, como também, reforça a importância da reflexão pelos profissionais de Psicologia para que sejam superados os preconceitos e os processos discriminatórios que as pessoas não heterossexuais vivenciam. Sendo assim, a sexualidade é vista como um dos fatores determinantes para com a subjetividade de cada um. A Resolução nº 01/1999 formalizada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) conclui que a homossexualidade e as expressões trans não podem ser vistas como doença ou categorizadas como patologia, mas sim serem compreendidas como constituintes da identidade de cada sujeito. 2.2 – Transexualidade e Travestilidade Transexual é o sujeito que não se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu, um exemplo é alguém que “nasceu com cabeça de mulher em um corpo masculino” e, sendo assim, essa pessoa tem a oportunidade de trocar de nome e gênero, utilizar hormônios e 8 realizar uma cirurgia para adequação do gênero (sempre com aconselhamento médico), diferente dos travestis, que optam por não realizar essa cirurgia. No dia 21, de maio, de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) oficializou a retirada da classificação da transexualidade como transtorno mental da 11º versão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde (CID), saindo da categoria de transtornos mentais para integrar o de “condições relacionadas à saúde sexual”, sendo classificada como “incongruência de gênero”. Sendo assim, a transexualidade não pode ser considerada doença, distúrbio ou perversão, e não deve ser tratada como patologia. 3 – RESOLUÇÕES 3.1 – Sexualidade A cada 25 horas um brasileiro (a) é assassinado (a) vítima da “LGBTfobia” (Relatório de 2016 do Grupo Gay da Bahia). Essa realidade violenta, que coloca o Brasil na liderança mundial de crimes contra minorias sexuais, demonstra o quanto o país ainda precisa avançar na defesa da garantia dos direitos de cidadania àqueles que têm orientações sexuais e identidades de gênero fora dos padrões heteronormativos. A Psicologia, enquanto ciência e profissão tem historicamente se posicionado em defesa dos direitos LGBTQI+. Há 18 anos, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) formalizou por meio da Resolução nº 001/99 o entendimento de que para a Psicologia a sexualidade faz parte da identidade de cada sujeito e, por isso, práticas homossexuais não constituem doença, distúrbio ou perversão. Desde então, o CFP tem promovido diversas ações de conscientização nas áreas de comunicação, jurídicas, e, relacionadas especialmente para os profissionais de saúde, frisando o ponto que as homossexualidades e as expressões trans não devem ser tratadas como patologias. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA RESOLUÇÃO Nº 001/99, DE 22 DE MARÇO DE 1999 Estabelece normas de atuação para os psicólogos em ralação à questão da Orientação Sexual. O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais. 9 CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional da saúde; CONSIDERANDO que na prática profissional, independente da área em que esteja atuando, o psicólogo é frequentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade. CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade; CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão; CONSIDERANDO que há, na sociedade, uma inquietação em torno de práticas sexuais desviantes da norma estabelecida sócio-culturalmente; CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações; RESOLVE: Art. 1º - Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem-estar das pessoas e da humanidade. Art. 2º - Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas. Art. 3º - Os psicólogos não exerceram qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados. Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviço que proponham tratamento e cura das homossexualidades. Art. 4º - Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aoshomossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica. Art. 5º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 6º - Revogam-se todas as disposições em contrário. 10 3.2 – Transexuais e travestis Em 21 de maio de 2019 a OMS (Organização Mundial da Saúde) oficializou a retirada da classificação da transexualidade como transtorno mental da 11º versão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde (CID). O CFP já havia publicado anteriormente a resolução n°01/2018 que orienta para profissionais psicólogos o não tratamento da transexualidades e travestilidades, pois não são consideradas patologias. Em busca do respeito a tais identidades, visando manter a dignidade dos indivíduos em questão, e, pela constante luta contra a discriminação, foi formulada a resolução abaixo. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA RESOLUÇÃO Nº 1, DE 29 DE JANEIRO DE 2018 Estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis. O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas pela Lei n.º 5.766, de 20 de dezembro de 1971, e pelo Decreto nº 79.822, de 17 de junho de 1977; CONSIDERANDO os princípios fundamentais previstos no Art. 1º da Constituição Federal de 1988, que estabelece a dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito, e o Art. 5º, que dispõe que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”; CONSIDERANDO o Art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948, o qual enuncia: “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”; 11 CONSIDERANDO os Princípios sobre a aplicação da legislação internacional de direitos humanos em relação à orientação sexual e identidade de gênero presentes na Convenção de Yogyakarta, de novembro de 2006; CONSIDERANDO a Declaração de Durban – Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata –, que reafirma o princípio de igualdade e de não discriminação, adotada em 8 de setembro de 2001; CONSIDERANDO a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, publicada em 2013 pelo Ministério da Saúde; CONSIDERANDO o Código de Ética Profissional das Psicólogas e dos Psicólogos, editado por meio da Resolução CFP nº 10/2005, de 21 de julho de 2005; CONSIDERANDO as expressões e identidades de gênero como possibilidades da existência humana, as quais não devem ser compreendidas como psicopatologias, transtornos mentais, desvios e/ou inadequações; CONSIDERANDO que expressão de gênero refere-se à forma como cada sujeito apresenta- se a partir do que a cultura estabelece como sendo da ordem do feminino, do masculino ou de outros gêneros; CONSIDERANDO que identidade de gênero refere-se à experiência interna e individual do gênero de cada pessoa, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído no nascimento, incluindo o senso pessoal do corpo e outras expressões de gênero; CONSIDERANDO que cisnormatividade refere-se ao regramento social que reduz a divisão das pessoas apenas a homens e mulheres, com papéis sociais estabelecidos como naturais, postula a heterossexualidade como única orientação sexual e considera a conjugalidade apenas entre homens e mulheres cisgêneros; CONSIDERANDO a cisnormatividade como discursos e práticas que excluem, patologizam e violentam pessoas cujas experiências não expressam e/ou não possuem identidade de gênero concordante com aquela designada no nascimento; 12 CONSIDERANDO que a autodeterminação constitui-se em um processo que garante a autonomia de cada sujeito para determinar sua identidade de gênero; CONSIDERANDO que a estrutura das sociedades ocidentais estabelece padrões de sexualidade e gênero que permitem preconceitos, discriminações e vulnerabilidades às pessoas transexuais, travestis e pessoas com outras expressões e identidades de gênero não cisnormativas; RESOLVE: Art. 1º - As psicólogas e os psicólogos, em sua prática profissional, atuarão segundo os princípios éticos da profissão, contribuindo com o seu conhecimento para uma reflexão voltada à eliminação da transfobia e do preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis. Art. 2º - As psicólogas e os psicólogos, no exercício profissional, não exercerão qualquer ação que favoreça a discriminação ou preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis. Art. 3º - As psicólogas e os psicólogos, no exercício profissional, não serão coniventes e nem se omitirão perante a discriminação de pessoas transexuais e travestis. Art. 4º - As psicólogas e os psicólogos, em sua prática profissional, não se utilizarão de instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminações em relação às pessoas transexuais e travestis. Art. 5º - As psicólogas e os psicólogos, no exercício de sua prática profissional, não colaborarão com eventos ou serviços que contribuam para o desenvolvimento de culturas institucionais discriminatórias em relação às transexualidades e travestilidades. Art. 6º - As psicólogas e os psicólogos, no âmbito de sua atuação profissional, não participarão de pronunciamentos, inclusive nos meios de comunicação e internet, que legitimem ou reforcem o preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis. 13 Art. 7º - As psicólogas e os psicólogos, no exercício profissional, não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização das pessoas transexuais e travestis. Parágrafo único: As psicólogas e os psicólogos, na sua prática profissional, reconhecerão e legitimarão a autodeterminação das pessoas transexuais e travestis em relação às suas identidades de gênero. Art. 8º - É vedado às psicólogas e aos psicólogos, na sua prática profissional, propor, realizar ou colaborar, sob uma perspectiva patologizante, com eventos ou serviços privados, públicos, institucionais, comunitários ou promocionais que visem a terapias de conversão, reversão, readequação ou reorientação de identidade de gênero das pessoas transexuais e travestis. Art. 9º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 3.3 – Resoluções Gerais 3.3.1 – Princípios Fundamentais RESOLUÇÃO CFP Nº 010/05: Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Tendo em vista o Código de Ética Profissional do Psicólogo (2005), como sendo um guia ético no exercício profissional dos mesmos, este possui alguns princípios fundamentais, os quais destacam-se: I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos; II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão; IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática. 14 3.3.2 – Das responsabilidades do psicólogo Art. 1° – São deveres fundamentais dos psicólogos: e) Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos do usuário ou beneficiário de serviços da Psicologia. Art. 2° – Ao psicólogo é vedado: a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência,discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão; b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais; c) Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas psicológicas como instrumento de castigo, tortura ou qualquer forma de violência; d) Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que exerçam ou favoreçam o exercício ilegal da profissão de psicólogo ou de qualquer outra atividade profissional; f) Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a serviços de atendimento psicológico cujos procedimentos, técnicas e meios não estejam regulamentados ou reconhecidos pela profissão. Art. 3° – O psicólogo, para ingressar, associar-se ou permaneces em uma organização, considerará a missão, a filosofia, as políticas, as normas e as práticas nela vigentes e sua compatibilidade com os princípios e regras desse código. Parágrafo único: Existindo incopatibilidade, cabe ao psicólogo recusar-se a prestar serviços, e, se pertinente, apresentar denúncia ao órgão competente. 15 CONCLUSÃO Nesse sentido, o Conselho Federal de Psicologia reforça que a homossexualidade, transexualidade e travestilidade não são consideradas patologias ou distúrbios psíquicos pois, a sexualidade faz parte da subjetividade de cada sujeito e constitui o ser humano. Sendo assim, os profissionais de psicologia estão vedados de praticar qualquer ação que favoreça preconceitos como terapias de conversão, reversão, readequação ou reorientação de identidade de gênero. Logo, não é dever da Psicologia instigar mais ódio, sofrimento, violência ou opressão a essa população que sofrera extrema marginalização desde o período da idade média e sim, promover a saúde e garantir a integridade e bem-estar dos sujeitos. 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEZERRA, et. al. Movimento LGBT: Breve Contexto Histórico e o Movimento na Região do Cariri. IV Seminário CETROS: Neodesenvolvimentismo, Trabalho e Questão Social. 29 a 31 de maio de 2013, Fortaleza – CE. MONTEIRO, et al. A Despatologização da Homossexualidade. Anais do XIV Encontro de Iniciação Científica da UNI7. V 8, n. 1, 2018. LOURO, G. L. et al. CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE: Um debate contemporâneo na educação. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes Ltds, 2003. CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA, 3ª região – BA: Psicologia, sexualidades e identidade de gênero: Guia de referências técnicas e teóricas. 1ª ed. Salvador, 2018. 17 WEBGRAFIA GCom/CFP. Transexualidade não é transtorno mental, oficializa OMS. SITE.CFP.ORG.BR. 72º Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra/ Suíça, 22 maio 2019. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/transexualidade-nao-e-transtorno-mental-oficializa- oms/>. Acesso em: 14 out. 2019. SPINILLO, Luana. Transexualidade não é doença mental, oficializa OMS. SITE.CFP.ORG.BR. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 22 maio 2019. Disponível em: https://site.cfp.org.br/transexualidade-nao-e-transtorno-mental-oficializa- oms/>. Acesso em: 10 out. 2019. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. 17 de Maio – Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia. SITE.CFP.ORG.BR. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/17-de- maio-dia-internacional-de-luta-contra-lgbtfobia/>. Acesso em: 10 out. 2019. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. O que é a Resolução 01/99? SITE.CFP.ORG.BR. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/resolucao-01-99/o-que-e/>. Acesso em: 16 out. 2019. https://site.cfp.org.br/transexualidade-nao-e-transtorno-mental-oficializa-oms/ https://site.cfp.org.br/transexualidade-nao-e-transtorno-mental-oficializa-oms/ https://site.cfp.org.br/transexualidade-nao-e-transtorno-mental-oficializa-oms/ https://site.cfp.org.br/transexualidade-nao-e-transtorno-mental-oficializa-oms/ https://site.cfp.org.br/17-de-maio-dia-internacional-de-luta-contra-lgbtfobia/ https://site.cfp.org.br/17-de-maio-dia-internacional-de-luta-contra-lgbtfobia/ https://site.cfp.org.br/resolucao-01-99/o-que-e/