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APS - Cura Gay (ÉTICA)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS 
 
 
 
 
 
 
Adriano Ialongo RA 2660117 
Elaine de Cássia Villalta de Paula RA 1991163 
Giovanna Moreti RA 2097982 
Igor Rocha de Oliveira Silva RA 2063430 
Lais Nogueira RA 2211676 
Pamella Ketlyn Soares Santos RA 2168833 
Rosemary N. S. Dias RA 2658696 
Thamirys de Camargo Robles RA 2089376 
 
 
 
 
 
 
 
APS – ÉTICA 
‘CURA GAY’ NA PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2021 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS 
 
 
 
 
Adriano Ialongo RA 2660117 
Elaine de Cássia Villalta de Paula RA 1991163 
Giovanna Moreti RA 2097982 
Igor Rocha de Oliveira Silva RA 2063430 
Lais Nogueira RA 2211676 
Pamella Ketlyn Soares Santos RA 2168833 
Rosemary N. S. Dias RA 2658696 
Thamirys de Camargo Robles RA 2089376 
 
 
 
 
 
APS – ÉTICA 
‘CURA GAY’ NA PSICOLOGIA 
 
 
Atividade prática supervisionada 
apresentada ao curso de Psicologia 
do Centro Universitário das Faculdades 
Metropolitanas Unidas 
 
 
 
 
Profª Juliana Graciani 
 
 
SÃO PAULO 
2021 
 
INTRODUÇÃO 
As palavras ‘ética’ e ‘moral’ são semelhantes em sua etimologia, mas, de acordo com a 
convenção, consideramos a Ética como estudo teórico e específico de ações orientadas por 
valores morais e das consequências dessas ações; e a Moral para nos referirmos ao 
comportamento de diferentes grupos humanos, incluindo códigos normativos. 
 
Aristóteles é considerado o primeiro a propor um estudo sistemático da moralidade. De acordo 
com seu pensamento, não haveria propósito em conduzir qualquer investigação ética sem afetar 
o estilo de vida de alguém. Todas as propostas teóricas ainda mantêm esse ideal. 
Embora pareçam distantes da complexidade de situações específicas, todas as perspectivas 
teóricas sobre o agir moral visam esclarecer as dificuldades que encontramos na prática e, por 
conseguinte, propor soluções para conflitos, divergências e dilemas morais. 
 
É válido ressaltar que a reflexão filosófica sobre o comportamento moral se baseia nas 
complexidades da prática moral, mas não se esgota em constatações de cunho social ou 
psicológico sobre como ou porque as pessoas decidem o que fazer. Compreender as regras e 
mecanismos que permeiam nossa sociedade é tão importante quanto propor críticas a essas 
práticas: estariam elas nos conduzindo a qual fim? Valorizam o que há de humano em nós? Não 
podemos negar que a Ética aponta para o que pode ser realizável e não apenas para o habitual. 
Embora a complexidade do cotidiano nem sempre permita uma ação livre, consciente e 
autônoma, esses são os fundamentos a partir dos quais construímos nossas perspectivas éticas. 
O tema ‘Cura Gay’ não é novo, mas é recorrente. E diante dos contextos sociais, 
culturais e políticos atualmente vividos, acaba sendo ainda mais árida a sua discussão. Em si, 
seria simples a resposta; se o olhar estivesse apenas centrado na humanidade em seu sentido 
mais amplo, cujos direitos fundamentais decorrentes das normas internas e internacionais 
protegem a todos indistintamente, independentemente de credo, cor ou sexualidade. 
A rediscussão de temas assim nos coloca em cenários aparentemente medievais. Tanto 
assim é que uma conhecida frase ilustra bem o tema: “aqueles que não conhecem a história 
estão condenados a repeti-la”1. 
 
1 A frase exata é levemente diferente, ainda que seu significado seja o mesmo: “Aqueles que não podem lembrar 
o passado estão condenados a repeti-lo”. Ela foi escrita por George Santayana, pseudônimo de de Jorge Agustín 
Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás. Disponível em: https://super.abril.com.br/blog/superblog/frase-da-semana-
8220-aqueles-que-nao-conseguem-lembrar-o-passado-estao-condenados-a-repeti-lo-8221/. Acesso em 
21.05.2021. 
Embora aparentemente se tratar de um país liberal nas vestimentas, alegre e festivo, 
pelo menos ao estigma estereotipado do carnaval, há um movimento conservador muito forte2 
no Brasil, cujas questões sobre sexualidade estão na pauta principal de certas reprimendas. 
Sendo a nossa sociedade formada essencialmente da cultura judaico-cristã, 
inevitavelmente, de uma forma ou de outra, o brasileiro é contagiado por concepções da prática 
religiosa3. E assim a psicologia, composta obviamente por pessoas, não ficou de fora. Há quem 
confunda as bases da ciência com as da religião em suas práticas. 
Muito embora seja uma atividade que pratica a escuta imparcial e livre de 
preconcepções pessoais do profissional ao seu assistido, por vezes, em razão de más práticas, 
há uma interferência indevida. 
Em meados de 2017, o tema sobre a “cura gay” – jargão adotado pela mídia para 
simbolizar a tentativa de enquadramento da homossexualidade como patologia – voltou a ser 
destaque quando um juiz possibilitou que um grupo de psicólogos tratassem pacientes que lhes 
procurassem voluntariamente sobre temáticas especificas ligadas a homossexualidade. 
A questão tomou enormes proporções, principalmente pela má interpretação da 
Resolução número 01 de 19994 do Conselho Federal de Psicologia, inclusive ocorrida pela 
decisão do juiz federal sobre os efeitos dessa norma. Segundo a decisão, a norma do Conselho 
impediria o estudo e a pesquisa do tema, relevantes, ao seu ver, à dignidade humana, o que 
feriria princípios constitucionais. 
Acontece que feita uma cuidadosa leitura sobre a Resolução é possível notar a 
inexistência de limitações à pesquisa ou ao estudo do tema, sendo outra a intenção da norma, 
que é vedar a classificação da homossexualidade como patologia e, principalmente, proibir – 
falando o óbvio – a prática ou a difusão dos profissionais da área em atos preconceituosos: 
Art. 1° - Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da 
 
2ALONSO, Angela. O Brasil é um país muito conservador, que não muda fácil, nem rápido e nem sem reação. 
Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/01/politica/1549050356_520619.html. Acesso em 
21.05.2021. 
3 Não significa dizer que pratique alguma das religiões, mas vivendo em sociedade com traços culturais tão fortes 
às religiões dessa origem, parece inevitável que a pessoa tenda de alguma forma ou maneira a carregar algum 
resquício da prática, como o conservadorismo em falar sobre sexo ou percepções de culpas decorrentes de 
orientações de pecado ou do indevido sobre determinado assunto. Dessa forma, não significa dizer que há na 
pessoa a prática cristã, mas de alguma forma as concepções cristãs podem ter lhe influenciado como percebe o 
mundo a sua volta. 
4 Código de Ética. Conselho Federal de Psicologia. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf. Acesso em 24.05.2021. 
 
 
profissão notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a 
promoção e bem-estar das pessoas e da humanidade. 
Art. 2° - Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para 
uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de 
discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam 
comportamentos ou práticas homoeróticas. 
Art. 3° - os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça 
a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem 
adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para 
tratamentos não solicitados. 
Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e 
serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades. 
Art. 4° - Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de 
pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de 
modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos 
homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica. 
Art. 5° - Esta Resolução entra em vigor na datade sua publicação. 
Art. 6° - Revogam-se todas as disposições em contrário. 
 
Em resposta a decisão, o Conselho Federal entrou com uma medida no Supremo 
Tribunal Federal, pedindo a imediata suspensão da decisão do juiz de 1ª instância, que foi 
concedida5 pela Ministra Carmen Lucia. Na sequência, em julgamento colegiado, o STF 
manteve a suspensão da decisão6 e a validade da Resolução 01 de 99 do CFP. 
 
5 AFFONSO, Julia. Cármem suspende ação e barra ‘cura gay’. Disponível em: 
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/carmen-suspende-acao-da-cura-gay/. Acesso em 21.05.2021: 
“A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu a ação popular na qual o juiz federal 
Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14.ª Vara do Distrito Federal, concedeu liminar que abriu brecha para que 
psicólogos oferecessem terapia de reversão sexual, conhecida como ‘cura gay’, tratamento proibido pelo Conselho 
Federal de Psicologia desde 1999. A decisão de Cármen foi tomada no dia 9 de abril e publicada no Diário de 
Justiça nesta quarta-feira, 24” 
6 POMPEU, Ana. Turma do STF reafirma validade de Resolução do CFP contra a “cura gay”. Disponível 
em: https://www.jota.info/stf/do-supremo/turma-do-stf-reafirma-validade-de-resolucao-do-cfp-contra-a-cura-
gay-26052020. Acesso em 21.05.2021 
Mesmo assim, ainda são noticiadas7-8 práticas irregulares de psicólogos e outros 
terapeutas com o intuito de definir a homossexualidade como uma doença a ser tratada9. 
Atualmente, qualquer intenção de tratamento dessa natureza não é permitida pelo Conselho. 
Pelo menos dois documentos do CFP regulamentam a proibição: a já mencionada Resolução 
N° 1/99, de 22 de março de 1999, que “estabelece normas de atuação para os psicólogos em 
relação à questão da orientação sexual”; e a Resolução Nº 1/2018, de 29 de janeiro 2018, que 
“estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas 
transexuais e travestis”. 
O grupo que intenta o direito de pesquisa e tratamento defende, segundo suas 
perspectivas, a possibilidade de “liberdade de expressão”, como diz sua expoente Rosangela 
Justino, referenciada em artigo que a crítica no site da Humanista, espaço do Jornal da 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul: 
Rosanela é assertiva ao argumentar que “nenhum psicólogo faz ‘cura 
gay’”. O entendimento da psicóloga em meio ao debate é de que se trata 
de uma questão de liberdade de expressão, meramente. Ela chama as 
resoluções do CFP de mordaça, afirmando ainda que o termo foi criado 
pela militância LGBT para fazer terrorismo psicológico e depois acusar 
os profissionais de homofóbicos e preconceituosos; e chama as medidas 
proibitivas de “gaysistas”, recomendando a leitura de 
Homossexualidade Masculina – Escolha ou Destino? de Claudemiro 
Soares, em que a orientação sexual é defendida como uma opção 
pessoal e, por isso, reversível10. 
 
 
7 MOURAIS, Raquel. Cura gay': três psicólogos foram denunciados nos últimos 5 anos por oferecer 
tratamento, diz conselho. Disponível em: https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/tres-psicologos-foram-
denunciados-por-ofertar-cura-gay-nos-ultimos-5-anos-diz-conselho.ghtml. Acesso em 21.05.2021. 
8 ORTIZ, Brenda. Dono da clínica de hipnose que prometia 'cura gay' presta depoimento na Polícia Civil do 
DF. Disponível em: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2020/11/10/dono-da-clinica-de-hipnose-que-
prometia-cura-gay-presta-depoimento-na-policia-civil-do-df.ghtml. Acesso em: 21.05.2021. 
9 LOURENÇO, Beatriz. Psicólogos ainda aplicam práticas corretivas para orientação sexual. Disponível em: 
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Comportamento/noticia/2020/06/psicologos-ainda-aplicam-praticas-
corretivas-para-orientacao-sexual.html. Acesso em 21.05.2021. 
 
 
 
10 CORREIA, Yuri. “Cura gay” polariza eleição do Conselho de Psicologia; entenda a disputa. Disponível em: 
https://www.ufrgs.br/humanista/2019/08/08/cura-gay-polariza-eleicao-do-conselho-de-psicologia-entenda-a-
disputa/ 
A disputa, como menciona o mesmo artigo, foi além do Judiciário, virando uma briga 
política pela concorrência pela presidência do Conselho, com apoio de um grupo conservador 
político11, porém sem lograr o sucesso pretendido. 
Em meio a tantos preconceitos, a história nos traz que a homossexualidade já foi vista 
como uma patologia, contudo, há mais de 30 anos a Organização Mundial da Saúde12 excluiu 
o enquadramento da homossexualidade como distúrbio, sendo que no Brasil desde 1985 o CFP 
retirou a classificação como doença. Ainda assim, é muito pouco, diante do tempo e das muitas 
feridas, principalmente na década de 80 e 90, quando houve a estereotipagem do que se 
denominou absurdamente de “peste gay”, em razão altos números de contágio de HIV13. 
Em meio à polêmica decisão judicial, um livro, relembrando uma famosa carta de 
Freud em resposta a uma mãe que pretendia uma resposta de como lidar com a 
homossexualidade de seu filho, organizado pelo psicanalista e filósofo Gilson Iannini, de título 
“Dr. Freud – Respostas do Século XXI a uma Carta sobre Homossexualidade”, pretendeu 
responder, por meio de 23 autores, muitos dos quais psicanalistas, aquela carta de Freud (que 
já descaracterizava a patologia, mas ainda não trazia uma resposta completa e adequada ao 
tema), como se a cada um deles tivesse sido endereçada, tendo experiências múltiplas, como a 
da psicanalista transexual Letícia Lanz, que narra os efeitos prejudiciais do preconceito ao longo 
de sua vida: 
Um ponto que se destaca em várias das cartas é uma dura crítica 
endereçada à psicanálise e, sobretudo, aos psicanalistas. Na própria 
carta de Freud, a despeito do que disse à mãe aflita, afirma-se que a 
homossexualidade seria fruto de uma “detenção no desenvolvimento 
sexual”, podendo dar a entender que seria um déficit. Vários autores 
lembram que, contrariando Freud, houve muitos psicanalistas que 
consideravam a homossexualidade um desvio ou perversão, utilizando 
a teoria para camuflar (mal) seu preconceito e, com isso, trazendo ainda 
mais dor e repressão àqueles que buscavam alívio para seu sofrimento. 
 
11 Anna Virginia Balloussier. Apoiada por nora de Bolsonaro, chapa de 'cura gay' é derrotada em conselho 
de psicologia. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/08/eleicao-do-conselho-de-
psicologia-derrota-candidata-da-cura-gay.shtml, Acesso em: 21.05.2021. 
12 MAIA, Dhiego. Há 30 anos, OMS tirou homossexualidade de catálogo de distúrbios. Disponível em: 
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/05/ha-30-anos-oms-tirou-homossexualidade-de-catalogo-de-
disturbios.shtml. Acesso em: 21.05.2021. 
13 Idem 
Houve muitos psicanalistas que praticaram a cura gay – ou melhor, 
tentaram curar algo incurável, pois não é uma doença14. 
 
E assim é destacado por Paulo Gleich no artigo da revista Gaúcha: “Pode parecer 
anacrônico, mas essa é ainda uma prática corrente por parte de alguns profissionais e escolas 
psicanalíticas – o que revela o quanto medo e moralismo, quando não têm suas raízes 
inconscientes analisadas, seguem causando graves danos, ocultando-se sob nobres disfarces”. 
Especificamente no Código de Ética, é expressamente vedado ao psicólogo a atuação 
que induza “convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação 
sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais”, 
alínea “b” do artigo 2º; 
Ou ainda, conforme alínea “j” do mesmo artigo a pretensão de “estabelecer com a 
pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo com o atendido, relação que possa 
interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado”. 
O psicólogo será processado e julgado pelo seu respectivo Conselho Regional de 
Psicologia, podendo ser punido com advertência, multa, censurapública, suspensão do 
exercício profissional por até 30 (trinta) dias ou até mesmo cassação do exercício profissional 
(artigo 21 do Código de Ética do CFP - Resolução CFP nº 010/05). 
Em 2020, a Revista Galileu noticiou o caso “H.T”, um jovem que 14 anos que foi 
levado pela família ao psicólogo. Preferindo não se identificar, relata que, por ser muito tímido, 
a intenção de pais era lhe ajudar a se expressar em situações de convivência social: 
"Contei a ele que era homossexual e a resposta foi contrária do que era 
esperado. Ele disse que, na verdade, achava que eu não era gay, apenas 
muito tímido. Logo na próxima sessão minha mãe participou já sabendo 
de tudo e eu me senti completamente exposto", relata o rapaz a 
GALILEU. A partir daí os encontros consistiam em negar (e tentar 
mudar) a essência do jovem. "Havia exercícios para aumentar o tom de 
voz, modificar a postura e não apresentar nenhum trejeito", lembra15. 
 
 
14 GLEICH, Paulo. Freud e a "cura gay": uma carta antiga, mais atual do que nunca. Disponível em: 
https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/livros/noticia/2020/05/freud-e-a-cura-gay-uma-carta-antiga-mais-
atual-do-que-nunca-ckagw30rq00aw015nkfk59yop.html. Acesso em 24.05.2021. 
15 LOURENÇO, Beatriz. Psicólogos ainda aplicam práticas corretivas para orientação sexual. Disponível em: 
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Comportamento/noticia/2020/06/psicologos-ainda-aplicam-praticas-
corretivas-para-orientacao-sexual.html. Acesso em 21.05.2021. 
Em trabalho científico, cuja inspiração foi um outro estudo italiano, Jean Ícaro Pujol 
Vezzosi, Mozer de Miranda Ramos, Damião Soares de Almeida Segundo e Angelo Brandelli 
Costa16 demonstram, por meio de pesquisa analítica, que as atitudes corretivas (AC) ainda são 
reportadas por 58% dos participantes. 
Os autores explicam que “as intervenções que se propõem a corrigir as manifestações 
espontâneas das orientações sexuais não heterossexuais – erroneamente – são denominadas 
atitudes corretivas”, sendo que, “disfarçadas de intervenções terapêuticas supostamente 
próprias de uma determinada abordagem teórica, são interpretações ou prescrições de condutas 
sobre os(as) pacientes”17. 
Partindo de uma premissa, como bem explicam os mesmos autores, “a ciência médica 
e a Psicologia, ao discorrer sobre a sexualidade, teve como ponto de partida a 
heterossexualidade monogâmica como suposto padrão de 
normalidade à medida que desenvolvia um modo de atuação clínica para aquilo que considerava 
perversões, desvios sexuais ou patologias (Herek, 201018)”19. Como informam, “durante grande 
parte do século XX esta foi a perspectiva da Psicologia e da Psiquiatria a respeito da 
homossexualidade, inclusive presente nas primeiras edições do manual diagnóstico de 
Transtornos psiquiátricos da American Psychological Association (APA)”20 
Evidentemente que a decorrência de classificações patológicas associadas à 
homossexualidade ou à bissexualidade vêm do preconceito e uma sequência de limitações do 
indivíduo às concepções socioculturais além do ciclo que habita, como destacam os autores: 
As práticas patologizantes identificadas entre os (as) psicólogos (as) 
foram motivados por crenças em uma natureza biológica, psicológica, 
religiosa ou ético-moral sobre a diversidade sexual. Também foram 
destacadas a reprodução de estereótipos, uso de linguagem inadequada, 
formação clínica via conhecimentos patologizantes (explícitos e 
implícitos), silenciamentos e nenhum ou pouco contato interpessoal 
com pessoas LGBT.21 
 
 
16 Vezzosi, J. I. P., Ramos, M. M., Almeida Segundo, D. S., & Costa, A. B. (2019). Crenças e atitudes corretivas 
de profissionais de psicologia sobre a homossexualidade. Psicologia: Ciência e Profissão, 39(n.esp3), 174-193. 
Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-3703003228539. Acesso em: 24.05.2021. 
17 Idem 
18Herek, G. M. (2010). Sexual orientation differences as deficits: Science and stigma in the history of american 
psychology. Perspectives on Psychological Science, 5(6), 693-699. https://doi.org/10.1177/1745691610388770 
19 Vezzosi. Idem. 
20 Vezzosi. Idem. 
21 Vezzosi. Idem. 
A pesquisa é muito interessante e merece a leitura. Apenas como justificativa do nosso 
estudo, apresenta-se aqui parte do resultado alcançado pelo elaborado estudo: 
No que diz respeito às atitudes corretivas, 29,48% (n = 204) dos (as) 
profissionais da Psicologia concordam em algum nível que, se o (a) 
paciente solicitar, o (a) psicólogo (a) /psicoterapeuta deve ajudar a 
mudar a orientação sexual de homossexual para heterossexual. Além 
disso, 12,43 % (n = 86), dos profissionais de Psicologia concordam com 
a afirmação de que o psicólogo/psicoterapeuta deve ajudar a mudar a 
orientação sexual de homossexual (gay ou lésbica ou bissexual) para 
heterossexual. 
Em relação a alguma mudança de opinião sobre a 
homossexualidade/bissexualidade ao longo da vida, a maior parte das 
psicólogas (64,88%, n = 449) afirmaram que mantêm o posicionamento 
a respeito. Em termos de nível de preparação teórica e técnica para 
atender um (a) paciente LGB, os (as) terapeutas se situaram em grande 
parte como bastante preparados (as) (36,42%, n = 252) e muito 
preparados (as) (28,90%, n = 200). No que diz respeito os (as) 
psicólogos (as) possuírem pacientes que manifestaram a intenção de 
mudar a orientação sexual de homossexual para heterossexual, 17,34% 
dos (as) psicólogos (as) (n = 120) passaram por esta experiência. 
Dentre os cinco grandes grupos de abordagens teóricas, os (as) 
terapeutas cognitivo-comportamentais e familiares/sistêmicos são os 
(as) que apresentaram maiores níveis de AC, caso o (a) paciente solicite, 
em ordem de frequência (34,86%, n = 61; 33,33%, n = 20) (Tabela 2). 
Por outro lado, em nosso estudo, os (as) terapeutas auto identificados 
(as) como sistêmica/familiares (18,33%, n = 11; 14,28%, n = 25) e 
cognitivo-comportamentais são os que apresentaram as maiores 
frequências de AC sem o pedido do (a) paciente. Na verdade, os valores 
de AC estiveram muito próximos entre 4 grandes grupos de abordagens 
teóricas, exceto as terapias psicanalíticas e/ou psicodinâmicas, que 
apresentaram 23,85% (n = 57) 
para AC solicitada pelo (a) paciente e 9,62% (n = 23) 
quando não solicitada. A Tabela 2 destaca a frequência de AC por 
abordagem teórica. 
A Tabela 3 destaca a frequência das crenças a respeito do 
homo/bissexualidade. Quanto às crenças relativas a 
homossexualidade/bissexualidade, constatou-se que: 40,61% da 
amostra (n = 281) acreditam em algum nível que a falha de identificação 
com seu próprio papel de gênero pode levar a uma orientação LGB, 
assim como na pressuposição de que o medo de uma relação com 
pessoas de outro sexo estaria relacionado ao desenvolvimento destas 
orientações (37,43%, n = 259). 
A porcentagem de 96,97% dos (as) psicoterapeutas da amostra 
concordam totalmente com a pressuposição de que a homossexualidade 
é uma variante normal de sexualidade (n = 671) e 51,59% (n = 357) 
acreditam que existe uma causa para o desenvolvimento destas 
orientações sexuais. A parcela de 69,65% dos (as) psicólogos (as) 
pressupõe em algum nível que existe uma teoria explicativa válida 
sobre a origem psicológica da homossexualidade masculina e feminina. 
 
Em artigo publicado na Revista Época, foi noticiada uma pesquisa nacional realizada 
pelo Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual (IBDSEX) em 2018, cuja realização foi feita 
em parceria com outras organizações, exclusivamente com pessoas LGBTI+, trazendo um dado 
alarmante, em que 62% dos ouvidos já pensaram em se suicidar22. 
Isso é um reflexo, segundo a ponta a notícia, da pressão da heteronormativa imposta 
pela sociedade: 
Infelizmente, tudo isso não tem sido suficiente para aplacar quem 
professa a “cura gay”. Em 2011, o Relatório da 4ª Inspeção Nacional de 
DireitosHumanos registrou pelo menos 19 casos de “comunidades 
terapêuticas” religiosas que praticavam tratamento degradante ou 
tentavam “converter” homossexuais para a heterossexualidade23. 
 
Em pesquisa feita nos idos de 2004, João Fernando Rech Wachelke, Alexsandro Luiz 
de Andrade e Jean Carlos Natividade investigaram a percepção da ética do psicólogo com 
relação ao estudante de psicologia. Fazendo um paralelo social com outras profissões, os 
 
22 REIS, Toni. “Cura gay” ou sublimação do desejo? Disponível em: https://epoca.globo.com/cura-gay-ou-
sublimacao-do-desejo-23543736. Acesso em 24.05.2021. 
23 REIS. Idem. 
autores propuseram uma descoberta que pretendia saber o tom crítico do futuro profissional, 
diante dos embasamentos que comedidamente alcançava ao longo da graduação, com o atual 
profissional: 
Em síntese, pode ser dito que os alunos do início do curso apresentam 
tendência a perceber o psicólogo como um profissional que leva a ética 
em consideração enquanto exerce suas atividades. No entanto, isso é mais 
percebido em alguns aspectos que em outros, como o expresso no item 
referente ao princípio II do código de ética, sobre trabalhar para o bem-
estar do indivíduo e da comunidade. A medida da percepção da conduta 
ética profissional do psicólogo sobre estar atualizado quanto ao 
conhecimento psicológico proveniente de pesquisas apresentou-se 
próxima do ponto médio 3, sugerindo uma percepção menos positiva 
quanto ao psicólogo seguir este princípio. Já os alunos do fim do curso 
apresentam visão mais pessimista do psicólogo em sua relação com a 
ética, expressando descrença acerca do psicólogo manter-se atualizado e 
estudar ciências afins da psicologia, o que é indicado pelas médias 
inferiores a 3 nas respostas a esses dois itens.24 
 
A ética profissional do psicólogo é um assunto de suma importância para a sociedade, 
estudantes e aos psicólogos em si, pois, das suas práticas profissionais é que refletirá o ambiente 
sociocultural de procura do cuidado da saúde mental. Eventual estigmatizado de uma conduta 
antiética evidentemente afastará as pessoas na busca por cuidado, ainda mais ao psicólogo que 
necessidade de uma confiança mútua e uma precípua entrega do assistido em extremo grau de 
vulnerabilidade. 
O psicólogo não apenas é um ser individual que trata outro indivíduo. Tanto assim é 
que Código de Ética traz princípios gerais que vão muito além do consultório: 
a. Valorizar os princípios fundamentais como grandes eixos que devem 
orientar a relação do psicólogo com a sociedade, a profissão, as 
entidades profissionais e a ciência, pois esses eixos atravessam todas as 
 
24 Rech Wachelke, João Fernando; Andrade, Alexsandro Luiz de; Natividade, Jean Carlos. Percepção de alunos 
de graduação em psicologia sobre a conduta ética dos psicólogos. Aletheia, núm. 20, julio-diciembre, 2004, 
pp. 37-44. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/1150/115013471004.pdf. Acesso em: 24.05.2021. 
 
práticas e estas demandam uma contínua reflexão sobre o contexto 
social e institucional. 
b. Abrir espaço para a discussão, pelo psicólogo, dos limites e 
interseções relativos aos direitos individuais e coletivos, questão crucial 
para as relações que estabelece com a sociedade, os colegas de profissão 
e os usuários ou beneficiários dos seus serviços. 
c. Contemplar a diversidade que configura o exercício da profissão e a 
crescente inserção do psicólogo em contextos institucionais e em 
equipes multiprofissionais. 
d. Estimular reflexões que considerem a profissão como um todo e não 
em suas práticas particulares, uma vez que os principais dilemas éticos 
não se restringem a práticas específicas e surgem em quaisquer 
contextos de atuação.25 
 
Dessa forma, a análise dessa caracterização da sexualidade como desvio de conduta 
ou patologia não atinge apenas certo indivíduo, grupo ou classe, mas a toda uma sociedade, que 
por si só, já sofre com uma errônea padronização sociocultural advinda da concepção religiosa 
de família, não havendo, portanto, sobre um olhar humanístico, um ideal de mulher, de homem 
ou de composição familiar26. 
Somos seres sociais. Por isso a necessidade de exercício de fala e práticas como um 
todo. Ao “Direito, como um instrumento ideológico de inclusão e exclusão de pessoas no laço 
social, sempre (se) tentou regular a sexualidade, embora isso seja impossível. É assim que o 
casamento foi, por muitos e muitos séculos, o legitimador das relações sexuais”27, ressalta 
Rodrigo da Cunha Pereira. O trecho mencionado vem artigo do Professor que responde o 
infame de Projeto de Lei de número 4.931/2016, de autoria do deputado federal Ezequiel 
Teixeira (PTN-RJ), que pretendia dispor “sobre o direito à modificação da orientação sexual 
em atenção a Dignidade Humana”. O projeto foi arquivado, mas é uma das muitas provas de 
 
25 Código de Ética. Conselho Federal de Psicologia. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf. Acesso em 24.05.2021. 
26 Strücker, Bianca; Canabarro, Ivo dos Santos. Por trás da “cura gay”: o patriarcalismo na família e no estado 
contemporâneo. Disponível em 
https://publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/direitoshumanosedemocracia/article/view/9043. Acesso em 
24.05.2021. 
27 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. "Cura gay" é charlatanismo, e o Direito não pode compactuar com isso. 
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-out-08/processo-familiar-direito-nao-compactuar-
charlatanismo-cura-gay. Acesso em 24.05.2021. 
que a discussão de tempos em tempos é reacendida por uma visão retrograda e em 
desconformidade com os avanços dos estudos psicossociais. 
A discussão da ética caminha com mais propriedade pela filosofia, o que, aliás, é muito 
comum ocorrer no estudo a psicologia, como é o caso da fenomenologia existencial. Sem a 
pretensão de aprofundar a essência do que é a ética, propõe-se uma reflexão, trazia 
principalmente por Déborah Azenha de Castro, em seu artigo intitulado “Psicologia e ética em 
cuidados paliativos”. Diante da complexidade e necessária reflexão, a autora abre um capítulo 
em seu trabalho em que confronta a psicologia e a ética: 
[...] que a psicologia não se limita ao cumprimento da ética profissional, 
pela sua metodologia, amplia o campo da percepção do ser humano. A 
pessoa não nasce ética. O ser ético vai se estruturando juntamente com 
o seu desenvolvimento bio psico social, ou seja, a condição de se vir a 
ser ético passa pelo desenvolvimento pleno da personalidade. A 
personalidade de cada ser humano é temporal, pertence a uma pessoa 
que nasce, vive e morre[...]. Dizemos que uma pessoa é considerada 
ética quando possui uma personalidade bem integrada, ou seja, tenha 
maturidade emocional que permita lidar com situações conflitantes, que 
tenha vida interior equilibrada e um bom grau de adaptação à realidade 
do mundo.28 
 
A ética, obviamente, não é um simples livro com uma sequência de dispositivos em 
que o profissional segue um passo a passo, como se, seguidor de tais regras, pudesse ser 
intitulado como um profissional ético. Com sorte, poderá ser elogiado pela sua disciplina, 
sistematicidade e – com ainda mais sorte – um cumpridor das normas. Mas a ética está 
inteiramente ligada à perspectiva da conduta subjetiva ao objetivo. Do indivíduo enquanto está 
na sua individualidade e, igual e principalmente, quando adentra a coletividade. Não se resume 
ao “não fazer”, mas se estabelece no que faz ou deixa de fazer e o porquê deixou ou se fez. 
Um manual ordeiro jamais responderia cada uma das possibilidades existentes na vida 
social. Nem é a ideia exemplificar condutas que são ou não antiéticas. Uma amostra de que a 
normatização de algo não transforma uma situação absurda em uma conduta ética está na nossa 
história recente enquanto sociedade,no qual o homem que defendesse sua honra em crime 
 
28CASTRO, Déborah Azenha de. Psicologia e ética em cuidados paliativos. Disponível em: 
https://doi.org/10.1590/S1414-98932001000400006. Acesso em 24.05.2021. 
 
violento contra a mulher, sob o pretexto de estar sendo traído ou humilhado, encontraria no 
Judiciário um salvo-conduto, sendo absolvido por isso29. 
Aqui estamos no confronto de duas propostas que não se resumes em respostas simplistas e 
parcas: de um lado a ética e do outro a psicologia. Na verdade, ambas do mesmo lado, em suas 
perspectivas subjetivas. Demonstração dessa dificuldade é trazida hipoteticamente José Célio 
Freire: 
Tomemos, a título de exemplo, a intrincada situação constituída no 
setting psicoterápico quando o cliente, ou paciente (ao gosto de cada 
abordagem), comunica ou mesmo atua perante o profissional uma 
tentativa de suicídio. Segundo o Código de Ética, dá-se a possibilidade 
de o psicólogo, por “imperativo de consciência”, quebrar o sigilo ético 
para que outrem auxilie o indivíduo ou que ele mesmo o socorra de 
alguma forma. Tal atuação do psicoterapeuta, no caso, implicaria um 
erro técnico em algumas abordagens, uma quebra da confiança 
depositada pelo cliente na relação terapêutica, em uma outra 
perspectiva, ou mesmo uma conduta normal para um terceiro grupo de 
práticas. Isso nos mostra como é difícil e arriscado pensar a questão 
ética das psicologias de uma forma unitária e totalizadora.30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29CÂNDIDO, Gabriel Cardoso. Legítima defesa da honra: contornos e questionamentos acerca da ADPF 779. 
Disponível: https://www.conjur.com.br/2021-abr-28/gabriel-candido-legitima-defesa-honra-adpf-
779#:~:text=A%20tese%20da%20leg%C3%ADtima%20defesa,e%20relatos%20de%20viol%C3%AAncia%20d
om%C3%A9stica. Acesso em 24.05.2021. 
30 FREIRE, José 
 Célio. A Psicologia a Serviço do Outro: Ética e Cidadania na Prática Psicológica. Disponível em: 
https://www.scielo.br/pdf/pcp/v23n4/v23n4a03.pdf. Acesso em: 24.05.2021 
 
CONCLUSÃO 
 
Não existem respostas simples, portanto. Mas há alguns avanços sociais que permitem 
objetivamente respostas mais categóricas, como é o caso do tema proposto. Não há mais sentido 
lógico para enquadrar de qualquer forma a homo ou a bissexualidade como patologia, ainda 
mais ao profissional da saúde e, ainda pior, ao profissional responsável pelo cuidado da saúde 
mental. Como disse Déborah Azenha de Castro em seu artigo: “o cuidado em lidar com a pessoa 
é produto de longa vivência, amplo e diversificado estudo e principalmente uma grande e 
profunda compreensão de si mesmo”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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